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A questão da cientificidade da psicanálise vem sendo levantada, nos últimos tempos, no

contexto de uma crítica generalizada à nossa disciplina. Nós, psicanalistas tendemos a nos
fazer alheios a tais críticas por não concordarmos que isso é de todo, uma crítica e um
comportamento ruim. A lógica positivista de que se algo não for ciência não é bom, mesma
lógica que coloca sobre um imperativo de utilitarismo as práticas psicológicas é uma posição
que a psicanálise se recusa a ocupar. Porém, por ser alheia as críticas fervorosas de evocar um
lugar nas ciências positivistas e desqualificar seu posicionamento enquanto campo próprio,
não significa que a psicanálise é alheia a ciência como campo, inclusive Lacan aponta para a
impossibilidade da descoberta do inconsciente e a prática da psicanálise se não fosse a ciência
advinda no século XVII (Lacan, 1966ª/1998).

A questão principal de se a psicanálise é ou não é ciência, passa por uma problemática


epistemológica de quem está em condições de responder o que é A psicanálise, num todo. A
maneira como se define a psicanálise define os critérios de cientificidade que serão analisados,
porém tal definição não é unificada nem mesmo dentro das mesmas escolas, imagine uma
unificação de todo o campo.

Tem aqueles que permanecem no âmbito da epistemologia freudiana e que tentam então
mostrar que ela pode ser colocada como um ramo da biologia. Há aqueles que negam, e que
localizam a psicanálise dentro das ciências humana e que de tal forma defendem a
necessidade de buscar sua fundamentação por esse mesmo. Há ainda um terceiro grupo que
entende que a psicanálise não é nem exatamente uma ciência humana, já que não compartilha
com essas as questões do seu universo metapsicologico e também não é uma ciência
biológica, mas como diz o Lacan “Uma ciência da linguagem habitada pelo sujeito”, a
psicanálise tem uma fundamentação que vai remeter primeiramente a linguagem e se
fundamentar diante dela.

De forma geral, a psicanálise dialoga positivamente com alguns requisitos do fazer cientifico:
Possui um tipo de discurso que historicamente pode se fazer uma autocritica; Uma própria
teoria do saber e um método capaz de repetição e reafirmação. Mas a problemática de
localizar a psicanálise dentro do discurso cientista positivista é justamente a especificidade do
seu objeto. O inconsciente é um constructo não mensurável e inalcançável, impossibilitando a
psicanálise se constituir enquanto ciência porque simplesmente não atende aos critérios
lógicos estabelecidos como necessários a toda teoria cientifica: O critério de ser falseável. Essa
é uma possibilidade implícita à estrutura lógica de uma teoria científica que possibilitaria o
progresso da ciência, pois, no momento em que uma hipótese for falsificada, outra hipótese
mais capaz surgirá. Como o objeto fundamental da psicanálise é inalcançável, não pode ser
refutada e consequentemente, não é falseada, sendo incapaz de ser efetivada enquanto
ciência no campo positivista, na medida que a não ser pelos seus efeitos, ‘o inconsciente não
existe”.

A problemática maior, é que começaram a interpretar a dificuldade de mensuração e as


questões epistemológicas da psicanálise como a ausência de efetividade do seu método e
justificando a partir disso sua pseudo-cientificidade. A verdade é que a psicanálise é um caso
de paradoxalidade dentro do próprio discurso cientifico.
A eficácia da psicanálise foi demonstrada, cientificamente e de forma repetida por meio de
vários autores-pesquisadores não psicanalistas (para não enviesar a pesquisa). Os efeitos da
psicanálise, enquanto método de tratamento é colocado em cheque desde a sua fundação
partindo desse local obscuro da impossibilidade de localização e demarcação do campo
psicanalítico nas ciências positivistas. Partindo dessa critica leiga de “Psicanálise não é ciência”
para desmerecer e desqualificar todo o campo e seus efeitos de “cura”, os críticos dão se a ver
com um espelho pois estão a discutir consigo mesmos e com seus pares. A psicanálise
enquanto um campo não dentro da ciência positivista só incomoda os cientistas, não é de todo
uma questão prática que influencie a possibilidade ou não de uma análise acontecer. E os
efeitos da psicanálise enquanto método de tratamento é nítido e, digno da ironia, comprovado
cientificamente.

Por esse motivo, há ainda de entender-se que a psicanálise, para além de ser ou não
cientifizada, se preocupa com questões maiores do que esses meras criticas limitadas
epistemologicamente que não agregam em nada o campo do saber que nos interessa: o saber
inconsciente.

psicanálise surgiu com o Freud, que queria que ela se apresentasse como uma ciência da
natureza. O que é psicanálise? O que é ciência? Qual ciência? Qual psicanálise?

O começo da definição de psicanálise pelo Freud é: Um método de tratamento de afecções


mentais. A psicanálise é um método de investigação do inconsciente. Uma teoria.

A cientificidade da psicanálise – A psicanálise é ou não é uma ciência? E quem está em


condição de responder o que é A psicanálise? Num todo?

É uma questão epistemológica.

A maneira como a gente define a psicanálise define quais são os critérios de cientificidade,
aqui há discórdia, há diferença.
Tem aqueles que permanecem no âmbito da epistemologia freudiana e que tentam então
mostrar que ela pode ser colocada como um ramo da biologia. Há aqueles que negam, e que
localizam na ciência humana e tem que procurar sua fundamentação de tal forma. Há ainda
um terceiro grupo que entende que a psicanálise não é nem exatamente uma ciência humana,
não compartilha com essas as questões do seu universo metapsicologico e também não é uma
ciência biológica, mas como diz o Lacan “Uma ciência da linguagem habitada pelo sujeito”, a
psicanálise tem uma fundamentação que vai remeter primeiramente a linguagem.

Tipo de discurso que historicamente pode se fazer uma autocritica

Tem uma teoria do saber

Ela se apresenta como método capaz de repetição

Mas a problemática de localizar a psicanálise dentro do discurso cientista positivista é


justamente o objeto. O inconsciente é um constructo não mensurável e inalcançável, e os
críticos começaram a confundir a dificuldade de mensuração com a asuência de efetividade e
inferia-se disso sua pseudo-cientificidade. a não ser pelos seus efeitos. “O inconsciente não
existe”.

A psicanálise é um caso de paradoxalidade dentro do discurso cientifico.

A eficácia da psicanálise foi demonstrada, cientificamente e de forma repetida por meio de


vários autores-pesquisadores não psicanalistas (para não enviesar a pesquisa). Os efeitos da
psicanálise, enquanto método de tratamento é colocado em cheque desde a sua fundação
partindo desse local obscuro da impossibilidade de localização e demarcação do campo
psicanalítico nas ciências positivistas. Partindo dessa critica leiga de “Psicanálise não é ciência”
para desmerecer e desqualificar todo o campo e seus efeitos de “cura”, os críticos dão se a ver
com um espelho pois estão a discutir consigo mesmos e com seus pares. A psicanálise
enquanto um campo não dentro da ciência positivista só incomoda os cientistas, não é de todo
uma questão prática que influencie a possibilidade ou não de uma análise acontecer. E os
efeitos da psicanálise enquanto método de tratamento é nítido e, digno da ironia, comprovado
cientificamente.

A psicanálise apontada como pseudociência

 Falk Leichsenring, DSc; Sven Rabung. Effectiveness of Long-term Psychodynamic


Psychotherapy A Meta-analysis. JAMA. 2008;300(13):1551-1565

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