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LÓGICA PROPOSICIONAL
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LÓGICA PROPOSICONAL
Proposições Simples e Complexas
Na lógica proposicional há cinco conectivas proposicionais: negação (“não”), conjunção (“e”), disjunção (“ou”),
condicional (“se”) e bicondicional (“se e só se”). Cada conectiva tem um símbolo próprio, como indicado no quadro
abaixo. A conetiva “ou” tem duas variações: disjunção inclusiva “∨” e disjunção exclusiva “ ⩒” ou” V”.
Designação Símbolo
Negação ¬P
Conjunção P∧Q
Disjunção inclusiva P∨Q
P⩒Q
Disjunção exclusiva
P∨Q
Condicional P→Q
Bicondicional P↔Q
AiresAlmeida da SPF e APF
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LÓGICA PROPOSICONAL
Formalização de Proposições I: as variáveis proposicionais e o dicionário.
Se prestarmos atenção ao quadro anterior também ficamos a compreender melhor por que razão
se diz que as letras P, Q, etc., são variáveis proposicionais: elas podem representar qualquer
proposição, cabendo-nos a nós estabelecer qual, recorrendo a um dicionário.
Por sua vez, os símbolos ¬, ∧,∨, V, → e ↔ são constantes, representando cada um deles sempre a
mesma conetiva.
P: A arte é bela.
Condicional Se a arte é bela, então tem valor. P→Q
Q: A arte tem valor.
“A Ana estuda e, se estiver com atenção, não terá problemas com o teste.”
1. usam-se as letras P, Q, R, etc., (final do alfabeto),
maiúsculas para representar proposições simples. Estas
letras chamam-se letras ou variáveis proposicionais
P, Q…….. Etc.
3. formaliza-se a totalidade da proposição complexa com R: A Ana tem problemas com o teste.
as variáveis correspondentes às proposições simples
que constituem + a indicação das conetivas
proposicionais + a indicação do âmbito ou alcance das
conectivas utilizando parêntesis (no caso de proposições 3.
com 2 ou mais conectivas proposicionais)
Ex. P ∧ (Q → ¬ R)
P ∧ (Q → ¬ R)
Conjunção, condicional e negação
Na formalização de uma proposição complexa com mais do que uma conectiva é muito importante estarmos atentos ao âmbito de cada conectiva e
conseguir determinar o que cada uma das conectivas está a abarcar. Nos exemplos que seguem surge a vermelho a conetiva com maior âmbito.
Cada conectiva proposicional possui uma regra que permite determinar as circunstâncias em que uma
proposição complexa (com pelo menos uma conetiva) é verdadeira e em que circunstâncias é que a
mesma é falsa.
Negação “¬”
A negação de uma proposição tem o valor de verdade oposto ao da proposição original. Se uma
proposição P é V, a sua negação é F. Se uma proposição P é F a sua negação é V.
P ¬P
Imaginemos a fórmula proposicional ¬P, em que P significa “Portugal é uma monarquia.” Em
V F
que condições a fórmula ¬P é verdadeira e em que condições é falsa? A tabela seguinte
apresenta todas as circunstâncias possíveis na coluna da esquerda e que, neste caso, são
apenas duas: P é verdadeira ou P é falsa. Assim, quando P é verdadeira, a sua negação, ¬P, é
F V falsa; e quando P é falsa, a sua negação, ¬P, é verdadeira, como se verifica na coluna da
direita.
Uma conjunção é verdadeira se, e somente se, as suas proposições simples forem ambas V. Em todas as
outras combinações a conjunção é F.
PQ P∧ Q
VV V
Imaginemos a proposição expressa pela frase “O Mónaco é um estado e uma cidade”.
Neste caso, encontramos duas proposições simples, que podem ser representadas pelas
VF F
variáveis P e Q, respetivamente, as quais estão ligadas por uma conectiva, a conjunção.
Temos também aqui de considerar todas as combinações possíveis de valores de verdade
FV F
de P e Q. Assim, como se vê na coluna da esquerda, podem ser ambas verdadeiras, pode
a primeira ser verdadeira e a segunda falsa, pode a primeira ser falsa e a segunda
FF F verdadeira e podem ambas ser falsas, num total de quatro combinações.
Uma disjunção inclusiva é verdadeira se, e somente se, pelo menos uma das proposições disjuntas for V
(não exclui a possibilidade de ambas serem V).
PQ P∨Q
VV V
Imaginemos a proposição expressa pela frase “O Mónaco é um estado ou uma cidade”.
VF V
Verifica-se que a disjunção é verdadeira desde que uma das proposições que a compõem
seja também verdadeira.
FV V
Dito de outro modo uma disjunção inclusiva só é falsa quando as duas proposições
FF F
componentes são falsas.
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LÓGICA PROPOSICONAL
As Conectivas Proposicionais: regras e tabelas de verdade.
Uma disjunção exclusiva é verdadeira se, e somente se, apenas uma das proposições disjuntas for
verdadeira (exclui a possibilidade de ambas serem V ou ambas F).
PQ P⩒Q
VV F
VF V
Imaginemos a proposição “O Ricardo nasceu em junho ou em julho”. Neste exemplo é fácil
FV V de compreender que se trata de uma disjunção exclusiva, uma vez que, exclui a
possibilidade de ambos os pólos da disjunção serem verdadeiras. O Ricardo não pode ter
FF F nascido em dois meses.
AiresAlmeida da SPF e APF
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LÓGICA PROPOSICONAL
As Conectivas Proposicionais: regras e tabelas de verdade.
Condicional “→”
Uma proposição condicional é falsa se, e somente se, a antecedente (condição) for V e a consequente F.
Imaginemos uma condicional, como “Se a Ana tirar onze valores no exame de Filosofia, então
passa de ano”. Numa condicional chama-se antecedente à proposição que está associada ao “se”,
ao passo que se chama consequente à proposição associada ao “então”, mesmo que este esteja
PQ P→Q
subentendido e independentemente de qual surge em primeiro lugar — por exemplo “A Ana passa
de ano, se tirar onze valores no exame de Filosofia” exprime exatamente a mesma proposição,
sendo a antecedente e a consequente exatamente as mesmas.
VV V
Observando a tabela, talvez cause alguma surpresa a condicional ser verdadeira quando a
antecedente (representada por P) é falsa e a consequente (representada por Q, depois da seta) é
VF F verdadeira. Mas, se pensarmos no exemplo acima, vemos que não é pelo facto de a antecedente
ser falsa que a condicional é falsa também. Imaginemos que a Ana não tirou onze valores no
exame de Filosofia, caso em que a antecedente é falsa, mas tirou antes dezassete. Neste caso, a
FV V Ana não tirou onze no exame de Filosofia e, mesmo assim, passou de ano. Portanto, o facto de a
antecedente ser falsa, não implica que a condicional seja falsa também.
Uma proposição bicondicional é verdadeira quando, e só quando, as proposições que a compõem têm o mesmo valor de
verdade.
PQ P↔Q
PQR P (Q ∧ ¬ R)
VVV V F V F F
VVF V V V VV
VFV V F F F F
VFF V F F F V
FVV F V V F F
FVF F F VV V
FFV F V F F F
FFF F V F F V
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LÓGICA PROPOSICONAL
Avaliação / Classificação das Proposições Complexas.
As proposições complexas podem ser avaliadas como: tautologias, contradições ou contingências. Esta classificação resulta da
aplicação do método das tabelas de verdade / inspetor de circunstância a uma dada proposição.
Uma proposição é uma tautologia se for V em todas as possíveis combinações de valores de verdade das suas
Tautologia:
proposições simples.
Uma proposição é uma contradição se for F em todas as possíveis combinações de valores de verdade das
Contradição:
suas proposições simples.
Uma proposição é contingente se poder ser V ou F, consoante as combinações dos diferentes valores de
Contingência:
verdade das suas proposições simples.
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LÓGICA PROPOSICONAL
Tabelas de Verdade / Inspetor de Circunstâncias aplicadas a argumentos dedutivos.
Na lógica proposicional o método da tabela de verdade ou inspetor de circunstâncias permite, a partir das regras das conectivas
proposicionais, determinar se um dado argumento dedutivo é válido ou inválido. Para tal temos de construir uma tabela de verdade
do seguinte modo:
- Na coluna do lado esquerdo colocamos as proposições simples que compõem o argumento dedutivo e todas as cominações de
valor de verdade possíveis das mesmas.
- Na coluna(s) do lado esquerdo colocamos, por ordem, cada uma das premissas do argumento, separadas por colunas ou por
vírgula.
PQ P →Q P ∴Q
VV V V V
VF F V F
FV V F V
FF V F F
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LÓGICA PROPOSICONAL
Validade ou invalidade de um argumento dedutivo a partir do método das Tabelas de Verdade / Inspetor de Circunstâncias
Na lógica proposicional o método da tabela de verdade ou inspetor de circunstâncias é possível determinar, a partir
da forma do argumento e das regras das conectivas proposicionais, se um dado argumento é válido ou inválido
(i.e. se a conclusão se segue com necessidade lógica das premissas ou não) sendo que:
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LÓGICA PROPOSICONAL
Validade ou invalidade de um argumento dedutivo a partir do método das Tabelas de Verdade / Inspetor de Circunstâncias.
PQ P →Q P ∴Q
Justificação:
VV V V V
O argumento dedutivo A é válido, uma vez que, não existe qualquer
VF F V F
circunstância (linha da tabela de verdade) em que as premissas sejam todas
FV V F V Verdadeiras e a conclusão Falsa. Como veremos mais à frente este argumento
FF V F F tem a forma válida conhecido por modus ponens.
Argumento Dedutivo B: “P → Q, P, Q”
Justificação:
PQ P→Q ¬P Q O argumento dedutivo B é inválido, uma vez que, há uma
VV V F V circunstância (4ª linha da tabela de verdade) em que as premissas
VF F V F
são todas Verdadeiras e a conclusão Falsa. Neste caso, a conclusão
não se segue com necessidade lógica das premissas. Como
FV V F V
veremos mais à frente este argumento incorre na falácia da
FF V V F negação do antecedente.
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LÓGICA PROPOSICONAL
Formas Válidas / Regras de Inferência na Lógica Proposicional.
Na lógica proposicional existem algumas formas lógicas válidas que são usadas como regras de inferência válida. Algumas têm uma
designação em latim (modus ponens, modus tollens) e outras o nome do lógico que as descobriu (Leis de De Morgan).
Designação Forma Lógica Exemplo
P
Negação dupla Não é verdade que o conhecimento não vem da experiência. Logo, o conhecimento vem da experiência.
∴P
P→Q
Modus ponens Se Deus existir, a vida tem sentido. Ora, Deus existe. Logo, a vida tem sentido.
P
∴Q
P→Q
Modus tollens ¬Q Se Deus existir, a vida tem sentido. Dado que a vida não tem sentido, segue-se que Deus não existe.
∴¬P
P→Q
Contraposição Se Deus existir, a vida tem sentido. Portanto, se a vida não tiver sentido, Deus não existe.
∴ ¬Q→¬P
P∨ Q
Silogismo
¬P Deus existe ou a vida é absurda. Ora, Deus não existe. Daí que a vida seja absurda.
disjuntivo
∴Q
P→Q
Silogismo hipotético Q → R Se a arte agrada, então é bela. Se é bela, tem valor. Logo, se a arte agrada, tem valor
P →R
¬ (P ∨ Q) Não é verdade que a arte é bela ou provocatória. Logo, a arte não é bela nem é provocatória.
∴ ¬P∧ ¬Q
Leis de De Morgan
. ¬(P ∧ Q) Não é verdade que a democracia e a ditadura sejam boas. Assim, ou a democracia não é boa ou a ditadura não é
∴ ¬P ∨ ¬Q boa
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LÓGICA PROPOSICONAL
Principais Falácias Formais.
Uma falácia formal é um erro de raciocínio que parece ter uma forma válida mas de facto não tem. Na lógica formal
as principais falácias formais são a falácia da afirmação do consequente (que parece obedecer ao modus
ponens) e a falácia da negação do antecedente (que aparentemente obedece à forma válida modus tollens).
Repara:
P→ Q
Se Deus existir, a vida tem sentido. Dado
Q
Falácia da afirmação da consequente que a vida tem sentido, segue-se que
P
Deus existe.
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