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FORMAS DE

INFERÊNCIA VÁLIDA
Formas de inferência válida

• As proposições são frases declarativas com valor


de verdade.

• Habitualmente, nos argumentos são articuladas


várias proposições, pelo que muitas vezes a sua
validade depende da forma como é feita a
articulação entre as proposições que os integram.

2
Na língua portuguesa há muitas palavras,
ou sequências de palavras, que não
constituem frases; outras, constituindo
frases, não têm necessariamente valor de
verdade.

3
• Estabeleceu-se que apenas as frases declarativas com valor de
verdade podem ser consideradas proposições e analisaram-se
algumas proposições simples (também denominadas atómicas) como:
“Todos os humanos são mortais”.

• As proposições simples são aquelas que não podem ser


decompostas noutras proposições.

4
• Existem ainda as proposições complexas
(também denominadas compostas ou
moleculares) e que, normalmente, se
formam com o recurso a operadores de
formação de frases, tais como: uma
vez que, visto que, se…então, entre
outros.

5
“Pedro é um bom condutor e não
gosta de conduzir em Londres” é
um exemplo de uma proposição
complexa, uma vez que pode
ser decomposta em duas
proposições simples: “Pedro é
um bom condutor” e “Pedro não
gosta de conduzir em Londres”.

6
«Um operador de formação de frases é uma palavra ou sequência de
palavras que não é uma frase, mas que, apropriadamente
concatenado com uma ou mais frases indicativas, gera uma frase
indicativa portuguesa. Outros exemplos de operadores de formação de
frases são os seguintes: não é verdade que, ou, se… então…, é Concatenar
possível que […], porque. Encadear; ligar ideias
Considere-se a frase complexa “Icabod gosta de cabelos compridos e ou argumentos.
Icabod está apaixonado”. Se eu lhe dissesse o valor de verdade das
frases que foram concatenadas com “e” de maneira a dar esta frase
complexa, o leitor poderia facilmente determinar o valor de verdade da
frase complexa. Se ambas as frases forem verdadeiras, a frase
complexa será verdadeira. Se qualquer uma delas for falsa, ou ambas, a
frase complexa será falsa.»

W. H. Newton-Smith; Lógica: um curso introdutório; Gradiva, pp.30-31.


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As proposições complexas (ou compostas) podem ser
decompostas em proposições simples.

Entre os vários tipos de operadores de formação de frases, nem todos


permitem, sabendo o valor de verdade das proposições simples, inferir o
valor de verdade das proposições compostas que delas resultem.

8
• Chamam-se operadores verofuncionais às conectivas em que a
verdade ou falsidade das proposições complexas por elas formadas são
totalmente determinadas pelo valor de verdade das proposições simples.

• No exemplo do texto, a proposição complexa “Icabod gosta de cabelos


compridos e Icabod está apaixonado” só é verdadeira se as duas
proposições simples que a constituem forem verdadeiras.

• Assim, para saber o valor de verdade da proposição complexa


é necessário saber o valor de verdade de cada uma das
proposições simples que a compõem.
9
Os operadores verofuncionais são aqueles que, quaisquer

que sejam as proposições por eles concatenadas, permitem

saber o valor de verdade da proposição complexa resultante,

tendo por base apenas o valor de verdade das proposições

simples.

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«Chamaremos operador verofuncional de formação de frases a qualquer
operador de formação de frases que seja como “e” a este respeito. Isto quer dizer que,
dados os valores de verdade das frases concatenadas com “e” nós podemos determinar,
unicamente com base nessa informação, o valor de verdade da frase complexa resultante.
Um operador não verofuncional de formação de frases é um operador que pode ser usado
para construir frases cujo valor de verdade não pode ser determinado unicamente com base
na informação do valor de verdade das frases constituintes, sendo as frases constituintes as
que estão concatenadas com o operador de maneira a originar a frase complexa.»

W. H. Newton-Smith; Lógica: um curso introdutório; Gradiva, p.30.


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Vejamos alguns exemplos de proposições complexas concatendadas por
operadores verofuncionais:

Ricardo é bombeiro e estudante de Filosofia.


Ahab é capitão do Pequod ou obcecado em matar Moby Dick.
Ou o Afonso sabe ler ou é analfabeto.
A Maria vai vencer a prova se e só se treinar todos os dias.
Se o Lourenço conseguir bilhete, então irá ao concerto.

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Proposições simples Proposições complexas

Ricardo é bombeiro e estudante de


Ricardo é bombeiro. Ricardo é estudante de Filosofia.
Filosofia.

Ahab é obcecado em matar Moby Ahab é capitão do Pequod ou obcecado


Ahab é capitão do Pequod.
Dick. em matar Moby Dick.

O Afonso sabe ler. O Afonso é analfabeto. Ou o Afonso sabe ler ou é analfabeto.

A Maria vai vencer a prova se e só se


A Maria vai vencer a prova. A Maria vai treinar todos os dias.
treinar todos os dias.

O Lourenço consegue o Se o Lourenço conseguir bilhete, então


O Lourenço vai ao concerto.
bilhete. irá ao concerto.

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• Em cada um destes casos, o valor de verdade da proposição complexa pode
ser aferido a partir do valor de verdade das proposições simples que a
constituem.

• Em lógica proposicional, dado que o importante é a formalização dos


argumentos, é comum designar cada proposição por uma letra, à qual se dá
o nome de variável proposicional (P, Q, R, etc.). Por exemplo:

O ARGUMENTO PODE REPRESENTAR-SE

Se Ahab apanhar a baleia, então, sentir-se-á vitorioso. Se P, então Q.


Ahab não se sentiu vitorioso. Não Q.
Logo, não apanhou a baleia. Logo, não P.

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Neste caso, a variável proposicional P representa a proposição “Ahab apanha a baleia”

e Q representa “Ahab sente-se vitorioso”.

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OPERADORES VEROFUNCIONAIS

DESIGNAÇÃO SÍMBOLO LEITURA USO USOS ALTERNATIVOS EXEMPLO

Negação  Não P P ~P Não é verdade que os carros são todos iguais.

Conjunção Ʌ PeQ PɅQ P&Q P.Q O Afonso sabe ler e o Ricardo é bombeiro.

Disjunção
V P ou Q PVQ PQ P+Q Kant é um filósofo ou Bolt é um atleta.
inclusiva

Disjunção Ou Nelson Mandela esteve preso ou foi sempre


exclusiva
V Ou P ou Q PVQ PWQ
livre.

Condicional → Se P, então Q P→Q P⇒Q Se estudar, então terá melhores resultados.

Os Aliados venceram a guerra se e só se o Eixo foi


Bicondicional ↔ P se e só se Q P↔Q P⇔Q
derrotado.
16
CONECTIVAS E
TABELAS DEVERDADE

17
• As várias operações lógicas realizadas
com as conectivas do quadro anterior
podem representar-se através de
tabelas às quais se dá o nome de
tabelas de verdade.

• As tabelas de verdade são quadros


onde estão exibidas as formas de
valoração possíveis para as
proposições.
18
• Em lógica proposicional, para cada proposição existem apenas dois
valores de verdade possíveis: a proposição ou é verdadeira ou é falsa.

• Assim, na tabela de verdade são apresentadas todas as


possibilidades de valor de verdade para as proposições.

P Q
Na tabela ao lado são esgotadas as
1) V V possibilidades no que respeita aos valores de
2) V F verdade possíveis entre duas proposições,
3) F V representadas pelas variáveis proposicionais
P e Q.
4) F F
19
• Usa-se um V para o caso de a proposição ser verdadeira e um F para o
caso da proposição ser falsa.

• As possibilidades são:
1) Ambas as proposições são verdadeiras;
2) P é verdadeira e Q é falsa;
3) P é falsa e Q é verdadeira;
4) Ambas as proposições são falsas.

As tabelas de verdade são quadros onde são exibidos os valores de


verdade possíveis para as proposições.
20
• Se se pretender construir uma proposição complexa a partir das duas
proposições simples “No verão chove pouco” e “No inverno os rios
transbordam”, uma das conectivas que se pode utilizar é a conjunção, dando
origem à proposição “No verão chove pouco e no inverno os rios
transbordam”.

• Para representar esta proposição numa tabela de verdade pode-se, por


exemplo, substituir a proposição “No verão chove pouco” pela variável
proposicional P e “No inverno os rios transbordam” pela variável proposicional
Q.
21
• Deste modo, a conjunção “No verão chove pouco e no inverno os rios
transbordam” seria representada por P Ʌ Q (que se lê P e Q).

• Uma vez que na conjunção o valor de verdade da frase complexa depende do


valor de verdade das proposições simples que a constituem, a tabela de
verdade obtida é a seguinte:
P Q PɅQ
V V V
V F F
F V F
F F F
22
• Na tabela de verdade pode constatar-se que a proposição que resulta
de uma conjunção só é verdadeira quando as duas proposições
conectadas são verdadeiras.

• É óbvio que só pode ser verdade que “No verão chove pouco e no
inverno os rios transbordam” se no verão chover pouco e no inverno os
rios transbordarem, ou seja, para que a proposição composta seja
verdadeira, há duas condições que têm obrigatoriamente de se cumprir.

23
REGRA

Uma conjunção só é verdadeira se as duas proposições conectadas


forem verdadeiras. Basta que uma das proposições conectadas seja
falsa para que a frase composta seja falsa.

24
• A expressão “não é verdade que” é um operador verofuncional de formação
de frases.

• Ao negar uma proposição dá-se origem a uma nova proposição com um valor
de verdade diferente.

• Para simbolizar uma negação, usa-se o símbolo ¬ e uma variável


proposicional P (por exemplo).

25
• Assim, a negação da proposição P “Ontem choveu em Portugal” seria “Não é
verdade que ontem choveu em Portugal” e poderia representar-se por ¬P
(que se lê não P).

• O valor de verdade da negação é o oposto do da proposição negada, pois é


óbvio que se for verdade que ontem choveu em Portugal, a proposição “Não é
verdade que ontem choveu em Portugal” terá de ser falsa.

P ¬P
V F
F V
26
REGRA

O valor de verdade de uma negação é sempre oposto ao da proposição


negada. Se a proposição original é verdadeira, a sua negação será falsa
e vice-versa.

27
• A negação de uma negação volta a ser antecedida pelo símbolo ¬,
pelo que a negação da proposição “Não é verdade que ontem choveu
em Portugal” seria representada por ¬¬P e o seu valor de verdade
seria o mesmo de P (já que a dupla negação de P é equivalente a
afirmar P).

• Por outras palavras, dizer “Não é verdade que ontem não choveu em
Portugal” equivale a dizer “Ontem choveu em Portugal”.

28
• A disjunção é uma conectiva bastante usada quer para exprimir alternativas
quer para apontar diferentes hipóteses.

• Muitas vezes usamos “ora” num sentido exclusivo para dizer que das duas
proposições simples apenas uma se pode verificar.

• Por exemplo: se se disser “Ou nasceu no Porto ou em Lisboa” não poderá


assumir-se que existe a hipótese de ter nascido simultaneamente nas duas
cidades.
29
• Na disjunção exclusiva, ao aceitar-se uma das alternativas, exclui-se
automaticamente a outra.

• Assim, para construir a tabela de verdade para o exemplo aqui referido,


podem representar-se as proposições “Nasceu no Porto” pela variável
proposicional P e “Nasceu em Lisboa” pela variável proposicional Q.

• A proposição complexa “Ou nasceu no Porto ou em Lisboa” seria


representada por PVQ (que se lê ou P ou Q).

30
P Q PVQ
Pela análise da tabela de verdade, pode constatar-se
V V F
que, para que uma disjunção exclusiva seja
V F V
verdadeira, as duas proposições simples que dela
F V V
fazem parte têm de ter valores de verdade diferentes.
F F F

31
REGRA

Uma disjunção exclusiva é verdadeira quando as proposições disjuntas


(P e Q) têm valores de verdade diferentes e falsa quando estas têm o
mesmo valor de verdade.

32
• Imagine um casting para um espetáculo onde procuram bailarinos.

• No anúncio pode ler-se “Aceitam-se bailarinos de hip-hop ou de dança


contemporânea”.

• Neste caso, a disjunção entre as proposições “Aceitam-se bailarinos de


hip-hop” e “Aceitam-se bailarinos de dança contemporânea” não tem o
mesmo caráter do exemplo visto anteriormente.

33
• Da frase supõe-se que podem responder ao casting bailarinos de hip-hop,
bailarinos de dança contemporânea e ainda bailarinos de hip-hop e dança
contemporânea.

• Na disjunção inclusiva, a aceitação de uma das partes não implica


necessariamente a exclusão da outra, pelo que este tipo de disjunção
apenas é falso quando ambas as disjuntas são falsas.

34
• Neste caso, por exemplo, sabemos que
um bailarino de folclore não poderia
responder ao casting.

P Q PVQ
V V V
V F V
F V V
F F F

35
REGRA

Para que uma disjunção


inclusiva seja falsa é
necessário que ambas as
disjuntas sejam falsas.

36
• Chama-se condicional a uma proposição do género Se P, então Q.

• As proposições condicionais são formadas a partir de duas proposições


simples, em que P se segue a se, e é denominada antecedente, e Q se
segue a então, e se denomina consequente.

37
Considere a proposição:

“Se andar à chuva, então ficarei molhado.”

38
• Esta proposição é falsa apenas na situação
em que o antecedente é verdadeiro e o
consequente falso.

• Aquilo que a proposição afirma é que, caso


o antecedente se verifique, o consequente
verificar-se-á necessariamente, pelo que,
se isto não acontecer, a proposição será
falsa.

39
• Outras situações possíveis são:

1) Se se verificar o antecedente e o
consequente, a proposição será verdadeira,
pois acontecerá exatamente o que é referido.

2) Se o antecedente não se verificar e o consequente se verificar, a


proposição será verdadeira, pois o sucedido não nega a proposição. Se o
sujeito da frase estiver molhado e não tiver andado à chuva, continua a
poder ser verdade que se ele andasse à chuva se molharia.

40
3) Se nem antecedente nem consequente se
verificarem, o valor de verdade da proposição
também não é afetado, já que o facto de o sujeito
da frase não ter andado à chuva e não estar
molhado não prova que este não se molhasse
caso andasse à chuva.

41
P Q P→Q

V V V

V F F

F V V

F F V

42
REGRA

Uma condicional é falsa quando o antecedente é verdadeiro e o


consequente falso. Esta proposição é verdadeira em todas as outras
situações.

43
• As proposições bicondicionais têm a forma P se e só se Q e
expressam a conjunção entre as proposições P → Q e Q → P.

• Por outras palavras, dizer:


P se e só se Q
equivale a dizer
Se P, então Q e se Q, então P.
44
• A bicondicional (também chamada equivalência material) exprime
uma equivalência entre proposições, pelo que só é verdadeira
quando as proposições que a constituem tiverem o mesmo valor
de verdade, ou não seriam equivalentes.

• Recordando um pouco a ética de Kant, atente-se ao seguinte


exemplo:

Uma ação tem valor moral se e só se é feita por dever.

45
• Nesta proposição é expressa uma
equivalência entre o valor moral da ação e P Q P↔Q
o facto de ser praticada por dever.
V V V

V F F
• De facto, a proposição poderia traduzir-se
em “Se uma ação tem valor moral, então é F V F
praticada por dever” e “Se uma ação é F F V
praticada por dever, então tem valor moral”.

46
REGRA

Uma bicondicional é verdadeira quando as duas proposições que a


constituem têm o mesmo valor de verdade, ou seja, quando são
ambas verdadeiras ou ambas falsas.

47
SIMBOLIZAÇÃO DE
PROPOSIÇÕES
COMPLEXAS

48
• As variáveis proposicionais e as conectivas representam proposições
que podem ser utilizadas no dia a dia.

• Contudo, há que saber formalizar as proposições de forma rigorosa


para não trair o significado das proposições originais.

FORMA PADRÃO

Forma estabelecida para apresentar as proposições, de tal modo que


se torna fácil identificar as partes que a compõem.
Muitas vezes é também designada de forma canónica.
49
• A tarefa de formalização de proposições fica facilitada se forem
seguidos alguns passos:
1. Colocar a proposição na forma padrão e identificar os
operadores verofuncionais.

A linguagem usada pelos seres humanos é extremamente rica e


polissémica, o que leva a que existam imensas formas de exprimir as
mesmas ideias.

50
Por esta razão, muitas vezes os operadores verofuncionais não são
explicitados nas frases usadas pelas pessoas. Considere o exemplo
que se segue:
• Do estudo afincado do Pedro resultará uma boa nota.

Esta proposição poderia traduzir-se para a forma padrão da seguinte


maneira:
• Se o Pedro estudar afincadamente, então terá uma
boa nota.

51
Uma vez colocada na forma
padrão, torna-se fácil
identificar os operadores
verofuncionais presentes na
proposição, neste caso
concreto a condicional (→).

52
2. Construir um dicionário das proposições simples.

Construir um dicionário significa encontrar uma variável proposicional


(P, Q, R, etc.) para cada proposição simples presente na frase. Neste
caso:
P: O Pedro estuda afincadamente.
Q: O Pedro tem uma boa nota.

53
3. Simbolizar a proposição composta.
P→Q
Por vezes, a simbolização pode ser um pouco mais complexa. Imagine-se
que a proposição inicial era negativa.

• Se o Pedro não estudar afincadamente, então não terá


uma boa nota.
Considerando o mesmo dicionário, a formalização desta proposição teria
de ter em conta o caráter negativo das proposições simples, pelo que o
resultado da simbolização seria:
P → Q
54
• A utilização de parêntesis na linguagem proposicional é muito semelhante
à da matemática: serve para indicar a prioridade pela qual devem ser
abordadas as proposições.

• Considere o seguinte exemplo:


Ou vou à biblioteca ou vou ao cinema. E vou ao café.

55
• Uma vez que a proposição já se apresenta muito próxima da forma
padrão, o próximo passo é o da construção do dicionário das proposições
simples:

P: Vou à biblioteca.
Q: Vou ao cinema.
R: Vou ao café.

• Passando à simbolização da proposição composta, deve ter-se em


atenção a prioridade dada às proposições simples, de modo a evitar que a
simbolização transmita uma mensagem diferente da proposição inicial.
56
• Por exemplo:
PVQɅR
P V (Q Ʌ R)

• A primeira proposição traduz a ideia “Ou vou à biblioteca ou ao cinema e ao café”. Neste
caso, exprime-se uma alternativa entre duas opções: ir à biblioteca ou ir ao cinema e ao
café, o que não traduz a ideia da proposição original (em que a ida ao café é
independente da escolha de uma das alternativas anteriores.

• Na segunda proposição está patente a mesma ideia, sendo esta alternativa reforçada
pelo uso de parêntesis que associam a ida ao cinema e a ida ao café.

57
• Em qualquer um destes casos, não é transmitida a mensagem da proposição inicial, pois
a disjunção exclusiva é apenas entre P e Q, sendo depois acrescentado R, ou seja, a
alternativa é ir à biblioteca ou ao cinema, pois qualquer que seja a escolha, o sujeito da
frase irá ao café.

• Deste modo, a forma correta de apresentar a proposição é:

(P V Q) Ʌ R

58
CONSTRUÇÃO DE
TABELAS DEVERDADE

59
• Por representarem todas as condições de verdade, as tabelas
de verdade permitem ver o valor de verdade de cada
proposição nos vários casos possíveis.

• Dito por outras palavras, as tabelas de verdade permitem


ver em que condições determinada proposição é
verdadeira e em que condições é falsa.

60
• Para construir uma tabela de verdade de forma
segura, sugere-se a obediência a alguns passos
que facilitam o seu preenchimento e contribuem
para que nenhum aspeto seja esquecido.

• Em seguida, demonstram-se estes passos


através da construção da tabela de verdade
para a proposição (P V Q).

61
1. Dispor, no cabeçalho da tabela, os vários elementos (as
variáveis proposicionais que representam cada uma das
proposições simples e a proposição composta simbolizada de
acordo com a forma padrão).
P Q (P V Q)

62
2. Inserir todas as combinações de valores de verdade possíveis
entre P e Q.

P Q (P V Q)

V V

V F

F V

F F

63
3. Calcular os valores de verdade possíveis para a proposição
complexa P V Q.

P Q (P V Q)

V V V

V F V

F V V

F F F

64
4. Calcular os valores de verdade possíveis para a negação () da
proposição P V Q.

P Q (P V Q)

V V F V

V F F V

F V F V

F F V F

65
• Constata-se, assim, que a proposição composta (P V Q) só é
verdadeira na situação em que P e Q são ambas falsas.

• Ao elaborar as tabelas de verdade, os cálculos devem processar-se


das proposições mais simples para as mais complexas.

• Analisemos agora um caso mais complexo: a construção da tabela


de verdade para a proposição:
[(P V Q)]→ [P Ʌ(R → Q)]

66
• Independentemente da complexidade das proposições, é
recomendável que se sigam os passos atrás sugeridos, pelo que
deve começar pela colocação dos vários elementos no cabeçalho
da tabela.
P Q R [(P V Q)]→ [P Ʌ(R → Q)]

67
• Esta proposição traz uma novidade relativamente às analisadas

até ao momento: possui três variáveis proposicionais (P, Q e R),

pelo que a construção da tabela de verdade deverá ter em conta

a quantidade de circunstâncias possíveis que a adição de mais

uma proposição simples lhe traz.

68
• Este cálculo pode fazer-se de duas formas:

1) Através da fórmula: 2 elevado ao número de variáveis

proposicionais presentes na proposição. No presente caso são

3, pelo que a fórmula seria:

23 = 8

Ou, de outra forma:

2x2x2=8

69
2) Adicionando todas as situações possíveis à tabela. Neste caso,
se anteriormente a tabela tinha quatro linhas, colocamos o valor
de verdade V em R para cada uma das quatro linhas e
adicionamos outras quatro onde R terá o valor de verdade F. Se
a proposição tivesse mais uma variável proposicional S,
colocar-se-ia o valor de verdade V nas oito linhas e
acrescentar-se-iam outras 8 onde se colocaria o valor de
verdade F.

70
P Q R [(P V Q)] → [P Ʌ ( R → Q)]
V V V
V F V
F V V
F F V
V V F
V F F
F V F
F F F
1 3 2 8 7 6 4 5
71
Em seguida, devem fazer-se os cálculos para as várias partes da
proposição complexa, do mais simples para o mais complexo,
respeitando os parêntesis. Inicia-se por P V Q e, em seguida,
calcula-se a negação () para esta parte da proposição.

72
P Q R [(P V Q)] → [P Ʌ ( R → Q)]
V V V F V
V F V F V
F V V F V
F F V V F
V V F F V
V F F F V
F V F F V
F F F V F
1 3 2 8 7 6 4 5
73
O passo seguinte deverá consistir em inserir os
valores de verdade de R para, em seguida, se
calcularem os valores de verdade para R → Q.

74
P Q R [(P V Q)] → [P Ʌ ( R → Q)]
V V V F V F V
V F V F V F V
F V V F V F V
F F V V F F V
V V F F V V V
V F F F V V F
F V F F V V V
F F F V F V F
1 3 2 8 7 6 4 5
75
Segue-se a negação de R → Q, ou seja,  (R → Q),
e depois o cálculo P Ʌ  (R → Q)

76
P Q R [(P V Q)] → [P Ʌ ( R → Q)]
V V V F V F F F V
V F V F V F F F V
F V V F V F F F V
F F V V F F F F V
V V F F V F F V V
V F F F V V V V F
F V F F V F F V V
F F F V F F V V F
1 3 2 8 7 6 4 5
77
Por último, realiza-se o cálculo que dá o valor de verdade
da proposição condicional [(P V Q)]→ [P Ʌ(R → Q)], a
partir do valor de verdade da negação da disjunção que
representa o antecedente, (P V Q), e do valor de verdade
do consequente, a conjunção P Ʌ(R → Q).

78
P Q R [(P V Q)] → [P Ʌ ( R → Q)]
V V V F V V F F F V
V F V F V V F F F V
F V V F V V F F F V
F F V V F F F F F V
V V F F V V F F V V
V F F F V V V V V F
F V F F V V F F V V
F F F V F F F V V F
1 3 2 8 7 6 4 5
79
Uma vez preenchida a tabela de
verdade, temos acesso a todos os
valores de verdade possíveis para a
proposição condicional analisada.

80
TAUTOLOGIAS,
EQUIVALÊNCIAS,
CONTRADIÇÕES E
CONTINGÊNCIAS

81
• As tautologias são proposições verdadeiras em todos os casos possíveis e
em todos os mundos possíveis, ou seja, o seu valor de verdade em nada
depende deste mundo ou da experiência que dele temos.

• Por outras palavras, uma tautologia é uma proposição verdadeira,


qualquer que seja o valor de verdade das proposições simples que a
constituem.

82
TAUTOLOGIA

Uma tautologia é uma proposição composta que é verdadeira em


todas as circunstâncias possíveis, independentemente do valor de
verdade das proposições simples que a constituem.

• Trata-se de leis lógicas, que se apresentam sob a forma de


implicação ou de equivalência e que são verdades universais e
necessárias.

83
• Na lógica tradicional dava-se às tautologias o nome de “primeiros
princípios”.

• A proposição P V P é um exemplo de tautologia, pois é verdadeira


em todas as circunstâncias possíveis.

• Analise a seguinte tautologia: [(P → Q) V P] → Q

84
P Q [(P → Q) V P] →Q

V V F V V V

V F F F V V

F V F V V V

F F F V V V

1 4 2 3 5

85
• Duas proposições são logicamente equivalentes quando
se implicam mutuamente, ou seja, quando, aplicado o
operador lógico bicondicional, se obtém o mesmo valor
de verdade em todos os casos possíveis, por outras
palavras, se obtém uma tautologia.

86
EQUIVALÊNCIA

Duas proposições são logicamente equivalentes quando, aplicado


o operador bicondicional, se obtém uma tautologia.

• Analise a seguinte tautologia: (P Ʌ Q) ↔ (P V Q)

87
P Q (P Ʌ Q) ↔ (P V Q)

V V F V V F F F

V F V F V F V V

F V V F V V V F

F F V F V V V V

1 3 2 7 4 6 5

88
• Chama-se contradições às proposições complexas que são sempre falsas,
independentemente do valor de verdade das proposições simples que as
compõem.

• A negação de uma tautologia é sempre uma contradição.

• Tal como a tautologia, a contradição não depende da experiência empírica


ou do conteúdo, mas da forma lógica, sendo a sua falsidade universal e
necessária.

89
CONTRADIÇÃO

Uma proposição é contraditória quando é sempre falsa,


independentemente do valor de verdade das proposições simples que
as compõem.

• Veja-se o que acontece com a proposição: [(P → Q) V P]

90
P Q [(P → Q) V P]

V V F V V

V F F F V

F V F V V

F F F V V

1 4 2 3

91
• As contingências são proposições que podem ser verdadeiras ou falsas
dependendo das circunstâncias, ou seja, são proposições cujo valor de
verdade é V em pelo menos uma das circunstâncias possíveis e F em pelo
menos uma das circunstâncias possíveis.

• O valor de verdade de uma proposição contingente depende do valor de


verdade das proposições simples que a compõem, variando de acordo
com este.
92
CONTINGÊNCIA

Uma proposição é contingente quando o seu valor de verdade é V


em pelo menos uma circunstância e F em pelo menos uma
circunstância.

• Veja-se o que acontece com a proposição: [(P → Q) Ʌ Q] → P

93
P Q [(P → Q) Ʌ Q] →P

V V V F F V

V F F F V V

F V V F F V

F F V V V F

1 2 4 3 5

94
INSPETORES DE
CIRCUNSTÂNCIAS

95
• Os inspetores de circunstâncias são uma forma de avaliar os argumentos
proposicionais que se encontram previamente formalizados e cuja validade
depende inteiramente dos operadores verofuncionais.

• Por outras palavras, o inspetor de circunstâncias permite


determinar se a forma lógica de um agrupamento
proposicional verofuncional é ou não válida.

96
INSPETOR DE CIRCUNSTÂNCIAS

Um inspetor de circunstância é uma forma de determinar se a


forma lógica de um agrupamento proposicional verofuncional é ou não
válida.

• Até aqui analisámos proposições e as suas condições de verdade.

• As tabelas de verdade são uma forma de levar a cabo a tarefa de


verificar os valores de verdade possíveis para cada proposição.

97
• Um inspetor de circunstâncias é como uma sequência encadeada de
tabelas de verdade, onde se procura aferir até que ponto as
premissas sustentam a conclusão, ou seja, até que ponto, sendo as
premissas verdadeiras, a conclusão também é necessariamente
verdadeira.

• Para levar a cabo esta tarefa, são analisadas todas as combinações


possíveis de valores de verdade das premissas e da conclusão.

98
• De acordo com o inspetor de circunstâncias:

• Se se verificar um caso em que todas as premissas


são verdadeiras e a conclusão é falsa, o argumento é
inválido.
• Se em todas as circunstâncias em que as premissas
forem verdadeiras a conclusão também for
verdadeira, o argumento é válido.

99
PREMISSA 1 O clube A venceu ou o clube B venceu.

PREMISSA 2 O clube A não venceu.

CONCLUSÃO Logo, o clube B venceu.

• Considerando que P é “O clube A venceu” e que Q é “O clube B venceu”


simbolicamente o argumento poderia ser representado da seguinte forma.

PREMISSA 1 PVQ

PREMISSA 2 P

CONCLUSÃO Q
100
• Uma vez que o objetivo é colocar o argumento num inspetor de
circunstâncias, proceder-se-á à forma de simbolização que se segue:

FORMAS ALTERNATIVAS DE SIMBOLIZAÇÃO

P V Q, P ∴Q P V Q, ~P ⊨Q P V Q, P ⊢Q

• Como pode verificar as premissas foram separadas por vírgulas e a


conclusão é precedida do símbolo ∴, cuja leitura é logo, ou seja,
exatamente a mesma que teria o argumento lido em português.
101
• Analisemos agora o inspetor de circunstâncias:

P1 P2 CONCLUSÃO

P Q PVQ P ∴Q

V V V F V

V F V F F

F V V V V

F F F V F

102
• Como pode verificar, neste argumento não existe qualquer situação
em que todas as premissas sejam verdadeiras e a conclusão seja
falsa, pois na única situação em que a premissas são ambas
verdadeiras a conclusão também o é.

• O argumento é, pois, válido.

103
• Analise agora outro argumento:
Se ando à chuva, então fico molhado.
Fico molhado.
Logo, ando à chuva.

• Considerando que P é “Andar à chuva” e que Q “Fico molhado”, o


argumento pode simbolizar-se da seguinte forma:

P → Q, Q ∴P

104
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q Q ∴P

V V V V V

V F F F V

F V V V F

F F V F F

105
• Existem duas situações em que ambas as premissas são verdadeiras
(a primeira e a terceira linhas).

• Na primeira linha a conclusão é verdadeira, o que não traz qualquer


problema de validade ao argumento.

• Na terceira linha, contudo, as premissas são verdadeiras e a


conclusão falsa, pelo que o argumento é inválido.

106
FORMAS DE
INFERÊNCIA VÁLIDA

107
• As formas de inferência válida são estruturas
formais válidas independentemente do
conteúdo, pelo que qualquer argumento que
obedeça a qualquer estrutura formal será
válido.

• Começaremos por analisar as formas de


inferência válida para o silogismo
condicional.

108
• O silogismo condicional é uma forma de argumento dedutivo onde a
primeira premissa é apresentada sob a forma de uma condição:

Se andar à chuva, então vou ficar molhado.

109
• Apresentado sob a forma Se… então…, a primeira premissa do
silogismo condicional é composta por duas partes: o antecedente
(condição) e o consequente (condicionado).

• O antecedente é a primeira parte da proposição e representa a situação


que (no caso da premissa ser verdadeira e de se tratar de um argumento
válido) tornaria necessário o consequente.

110
• Assim, ao referir a proposição “Se andar à chuva, então vou ficar molhado”,
a mensagem que se transmite é que, a menos que a proposição seja falsa,
não há hipótese de andar à chuva e não ficar molhado, ou seja, de se
verificar o antecedente sem que se verifique o consequente.

111
• A segunda premissa de um silogismo
condicional válido afirma o antecedente ou
nega o consequente, dando origem às duas
formas válidas possíveis para este silogismo.

112
• O modus ponens (cujo nome vem do latim e significa modo que afirma) é
uma forma de inferência válida em que na segunda premissa se afirma o
antecedente e na conclusão se afirma o consequente.

Se o antecedente se verificar, o consequente verificar-se-á.


O antecedente verificou-se.
Logo, o consequente irá verificar-se.

113
• Qualquer silogismo condicional
que obedeça a esta estrutura
lógica é sempre válido.

• Tome atenção ao argumento que


se segue.

Se sou feliz, canto.


Sou feliz.
Logo, canto.
114
• Considerando que P é “Sou feliz” e
Q é “Canto”, o argumento pode
simbolizar-se da seguinte forma:

P → Q, P ∴ Q

115
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q P ∴Q

V V V V V

V F F V F

F V V F V

F F V F F

116
• Pela análise do inspetor de circunstâncias constatamos que na única
situação em que todas as premissas são verdadeiras a conclusão também
o é, pelo que o argumento é válido.

• De facto, qualquer argumento que siga esta forma lógica é


necessariamente válido.

Qualquer argumento que obedeça à estrutura formal do modus


ponens é sempre válido.
P → Q, P ∴ Q
117
• O modus tollens (cujo nome vem do latim e significa modo que nega) é
uma forma de inferência válida em que na segunda premissa se nega o
consequente e na conclusão se nega o antecedente.

Se o antecedente se verificar, o consequente verificar-se-á.


O consequente não se verificou.
Logo, o antecedente não se verificou.

118
• Qualquer silogismo condicional
que obedeça a esta estrutura
lógica é sempre válido.

• Veja o argumento que se segue.

Se sou feliz, canto.


Não canto.
Logo, não sou feliz.

119
• Considerando que P é “Sou feliz” e
Q é “Canto”, o argumento pode
simbolizar-se da seguinte forma:

P → Q, Q ∴ P

120
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q Q ∴P

V V V F F

V F F V F

F V V F V

F F V V V

121
• Pela análise do inspetor de circunstâncias constatamos que na única
situação em que todas as premissas são verdadeiras (última linha) a
conclusão também o é, pelo que o argumento é válido.

• Qualquer argumento que siga esta forma lógica é necessariamente válido.

Qualquer argumento que obedeça à estrutura formal do modus tollens


é sempre válido.
P → Q, Q ∴ P

122
• A contraposição é uma forma de inferência válida que, neste momento,
podia ser testada intuitivamente, uma vez que segue uma lógica
semelhante a do modus tollens.

Se o antecedente se verificar, o consequente verificar-se-á.


Logo, se o consequente não se verificou, o antecedente não se
verificou.

123
• Qualquer silogismo condicional que obedeça a esta estrutura
lógica é sempre válido.

• Veja o argumento que se segue.

Se sou feliz, canto.


Logo, se não canto, não sou feliz.

124
• Considerando que P é “Sou feliz” e
Q é “Canto”, o argumento pode
simbolizar-se da seguinte forma:

P → Q ∴ Q → P

125
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q ∴Q → P

V V V F V F

V F F V F F

F V V F V V

F F V V V V

126
• Como pode verificar-se no inspetor de circunstâncias, em todas as
situações em que a premissa é verdadeira a conclusão também o é, pelo
que o argumento é válido.

• Qualquer argumento que siga esta forma lógica é necessariamente válido.

Qualquer argumento que obedeça à estrutura formal da contraposição


é sempre válido.
P → Q ∴ Q → P

127
• O silogismo disjuntivo também é uma forma válida de silogismo dedutivo.

• Neste caso a primeira premissa apresenta dois termos de uma alternativa.

• Assim, a primeira premissa de um silogismo disjuntivo é uma proposição


disjuntiva, identificada pela partícula ou, que separa as partes da
alternativa.

128
• Para que o silogismo seja válido, se na segunda premissa
se afirmar uma das partes da alternativa, na conclusão
negar-se-á a outra parte; caso na segunda premissa se
negue uma das partes da alternativa, na conclusão
afirmar-se-á a outra parte.

129
As formas válidas do silogismo disjuntivo obedecem à estrutura formal que
se segue:

ARGUMENTO 1 ARGUMENTO 2

Canto ou sou feliz. Canto ou sou feliz.

Não canto. Não sou feliz.

Logo, sou feliz. Logo, canto.

130
Considerando que P é “Sou feliz” e Q é “Canto”, os argumentos podem
simbolizar-se das seguintes formas:

ARGUMENTO 1 ARGUMENTO 2
P V Q, P ∴ Q P V Q, Q ∴ P

131
• Nos inspetores de circunstâncias verificar-se-á:

ARGUMENTO 1
P Q PVQ P ∴Q

V V V F V

V F V F F

F V V V V

F F F V F
132
ARGUMENTO 2
P Q PVQ Q ∴P

V V V F V

V F V V V

F V V F F

F F F V F

133
• Pela análise do inspetor de circunstâncias constatamos que nas únicas
situações em que todas as premissas são verdadeiras (terceira linha no
primeiro argumento e segunda linha no segundo argumento) a conclusão
também o é, pelo que os argumentos são válidos.

• Qualquer argumento que siga uma destas formas lógicas é


necessariamente válido.

134
Qualquer argumento que obedeça às estruturas formais válidas para
o silogismo disjuntivo é sempre válido.
P V Q, P ∴ Q
P V Q, Q ∴ P

135
• O silogismo hipotético pode ser representado da seguinte forma:

Se estudo, então aprendo mais.


Se aprendo mais, então torno-me melhor aluno.
Logo, se estudo, então torno-me melhor aluno.

136
• Considerando que P é “Estudo”, Q é
“Aprendo mais” e R é “Torno-me
melhor aluno”, o argumento pode
simbolizar-se da seguinte forma:

P → Q, Q → R ∴ P → R

137
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q R P→Q Q→R ∴P→R


V V V V V V
V F V F V V
F V V V V V
F F V V V V
V V F V F F
V F F F V F
F V F V F V
F F F V V V
138
• Pela análise do inspetor de circunstâncias constata-se que nas únicas
situações em que todas as premissas são verdadeiras (primeira, terceira,
quarta e oitava linhas) a conclusão também o é, pelo que o argumento
é válido.

• Qualquer argumento que siga esta estrutura formal é necessariamente


válido.

139
Qualquer argumento que obedeça à estrutura formal válida do
silogismo hipotético é sempre válido.

P → Q, Q → R ∴ P → R

140
• As leis de De Morgan estipulam duas
equivalências:

ESQUEMAS 1ª LEI DE DE MORGAN


Augustus De Morgan [1806 – 1871]
(PɅQ) ∴ (PVQ) Matemático e lógico britânico.
(PɅQ) ↔ (PVQ) Formulou as leis de De Morgan e
(PVQ) ∴ (PɅQ) introduziu o conceito de indução
matemática.

141
• Esta lei é normalmente denominada negação da conjunção e
estipula que a negação de uma conjunção é equivalente à negação de
cada uma das partes da disjunção.

• Suponha-se que:
P: Canto.
Q: Sou feliz.

DIZER: EQUIVALE A DIZER


Não é verdade que canto e sou feliz. Não canto ou não sou feliz.

Não canto ou não sou feliz. Não é verdade que canto e sou feliz.
142
Negar a conjunção equivale a negar cada uma das partes da
disjunção.

143
ESQUEMAS 2ª LEI DE DE MORGAN
(PVQ) ∴ (PɅQ)
(PVQ) ↔ (PɅQ)
(PɅQ) ∴ (PVQ)

• Esta lei é normalmente denominada negação da disjunção e


estipula que a negação de uma disjunção é equivalente à negação de
cada uma das partes da conjunção.

DIZER: EQUIVALE A DIZER


Não é verdade que canto ou sou feliz. Não canto e não sou feliz.

Não canto e não sou feliz. Não é verdade que canto ou sou feliz.
144
Negar a disjunção equivale a negar cada uma das partes da
conjunção.

Se se realizar um inspetor de circunstâncias para cada uma destas


formas, concluir-se-á que todas são válidas.

145
PRINCIPAIS FALÁCIAS

146
• Uma falácia é um argumento inválido mas que pode parecer válido.

• No caso das falácias formais, a não validade do argumento deve-se ao


facto de ter uma forma lógica inválida.

147
• A falácia da afirmação do consequente é
um erro de raciocínio comum.

• Tal como o nome indica, trata-se de um


raciocínio inválido em que na segunda
premissa é afirmado o consequente de
uma proposição condicional e na
conclusão é afirmado o antecedente.
148
• Considere o exemplo:

Se sou feliz, canto.


Canto.
Logo, sou feliz.

• Um argumento que siga esta forma


lógica não pode ser considerado
válido.

149
• Intuitivamente, pode extrair-se esta
conclusão através de uma simples análise
do argumento.

• A proposição composta “Se sou feliz,


canto” aponta uma relação de necessidade
entre a proposição simples que surge no
lugar do antecedente (“Sou feliz”) e a
proposição simples que surge no lugar do
consequente (“Canto”).
150
• Por outras palavras, a proposição composta afirma que
se se verificar “Sou feliz” terá necessariamente de
verificar-se “Canto”, mas nada diz no sentido daquilo
que sucederá caso se verifique o consequente, ou
seja, nada diz no que respeita à obrigação de ser feliz.

• O argumento não sustenta que só canto se for feliz,


pelo que, a partir da proposição inicial, o sujeito da
frase podia, por exemplo, cantar a sua tristeza.

151
• Pode ainda fazer-se uma análise formal do argumento
através do inspetor de circunstâncias.

• Considerando que:
P: Sou feliz.
Q: Canto.

• O argumento pode simbolizar-se da seguinte forma:


P → Q, Q ∴ P

152
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q Q ∴P
V V V V V
V F F F V
F V V V F
F F V F F

153
Uma vez que existe uma situação em que todas as premissas são
verdadeiras e a conclusão é falsa, o argumento é inválido.

Quando na segunda premissa de um argumento condicional se afirma o


consequente e na conclusão se afirma o antecedente, comete-se a
falácia da afirmação do consequente e o argumento é inválido.

154
• A falácia da negação do antecedente é um
raciocínio formalmente inválido em que na
segunda premissa de um argumento
condicional se nega o antecedente de uma
proposição condicional e na conclusão é
negado o consequente.

155
• Considere o exemplo:

Se sou feliz, canto.


Não sou feliz.
Logo, não canto.

• Um argumento que siga esta forma


lógica não pode ser considerado
válido.

156
• De facto, a proposição composta “Se
sou feliz, canto” não diz que o sujeito
da frase apenas pode cantar se for
feliz, diz antes que, se for feliz, com
certeza cantará.

157
• Fazendo uma análise formal do argumento, considere-se
que:
P: Sou feliz.
Q: Canto.

• O argumento pode simbolizar-se da seguinte forma:


P → Q, P ∴ Q

158
• No inspetor de circunstâncias verificar-se-á:

P Q P→Q P ∴ Q
V V V F F
V F F F V
F V V V F
F F V V V

159
Uma vez que existe uma situação em que todas as premissas são
verdadeiras e a conclusão é falsa, o argumento é inválido.

Quando na segunda premissa de um argumento condicional se nega o


antecedente e na conclusão se nega o consequente, comete-se a
falácia da negação do antecedente e o argumento é inválido.

160
DESIGNAÇÃO SÍMBOLO LEITURA USO

Negação  Não P P

Conjunção Ʌ PeQ PɅQ

Disjunção inclusiva V P ou Q PVQ

Disjunção exclusiva V Ou P ou Q PVQ

Condicional → Se P, então Q P→Q

Bicondicional ↔ P se e só se Q P↔Q

161
CONECTIVAS
NEGAÇÃO CONJUNÇÃO DISJUNÇÃO DISJUNÇÃO CONDICIONAL BICONDICIONAL

P Q P Q PɅQ PVQ PVQ P→Q P↔Q


V V F F V V F V V
V F F V F V V F F
F V V F F V V V F
F F V V F F F V V

162
FORMAS DE INFERÊNCIA VÁLIDA PRINCIPAIS FALÁCIAS
MODUS PONENS Afirmação do consequente
SILOGISMO
CONDICIONAL Modus Tollens Negação do antecedente

CONTRAPOSIÇÃO

SILOGISMO
DISJUNTIVO

SILOGISMO
HIPOTÉTICO

Negação da conjunção
LEIS DE DE MORGAN
Negação da disjunção 163

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