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TEXTO RESENHADO

“2º Momento da Historiografia Brasileira”

DISCIPLINA

HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA

Jéssica Ramos da Silva Dantas

Rio de Janeiro

2.2017
 Qual a perspectiva e análises feitas pelo autor, no que se refere à
migração da primeira fase para a segunda fase da Historiografia
Brasileira?
 Mesmo com a autonomia do país sendo estabelecida a partir de uma
independência, em quais aspectos o Brasil continua ligado a Portugal na
segunda fase, ao que se refere as características de discurso e
produção literária?
 A fundação do IHGB em 1838 foi marcada por quais características e
quais aspectos principais que compunham o trabalho que objetivava o
instituto?

O segundo momento da Historiografia Brasileira dar-se início em 1838


e o marco histórico em uma perspectiva cronológica vai até 1931. Francisco
Iglesias faz uma análise deste período, a qual compara entre o inglês Robert
Southey que segundo Iglesias sua escrita sobre a História do Brasil foi de
grande importância, por seu profissionalismo analítico e um estilo diferenciado.
Bem antes de qualquer historiador brasileiro produzir, logo retrata que o
trabalho foi produzido por Varnhangen teve profundidade no assunto, ou seja,
conhecimento, porém seu planejamento e modelo eram inferiores ao de
Southey. Iglesias destaca outro inglês que produziu escritas dignas de atenção,
o jovem John Armitage, que era influente e tinha como amigos figuras
importantes, viveu no Rio de Janeiro desde 1828, como comerciante, sua
participação em círculos de pessoas de alto padrão era frequente.
Iglesias trata sobre as mudanças a partir da Revolução Industrial, as
transformações sociais e por conseguinte o reflexo no Brasil a partir dessas
transformações, o que com este alvoroço, saída do Brasil colonial para o
império, consequentemente se instaura uma nova realidade e visão de nação.
Porém, mesmo nesta recém-adquirida independência, as características da
gestão do Brasil colonial persistiam sendo herdadas pelo atual governo
imperial. Ou seja, as influências de Portugal permanecem com o mesmo
discurso do romantismo da Europa, onde portas e ficcionistas do Brasil refletem
o mesmo formato das expressões europeias, onde a corrente literária e
reflexão, exaltam a nova nação.
Na primeira fase teve a dificuldade com a periodização, porém na
segunda fase e principalmente por ser marcada pela criação do IHGB (Instituto
Histórico Geográfico do Brasil) em 1838 é dado início a periodização na
História da historiografia brasileira. O império no Brasil testemunha a primeira
ação importante para a historiografia brasileira, o qual foi a construção do
IHGB, ocupando um papel relevante na vida intelectual, ou seja, um marco
cronológico. O IHGB é marcado por aspectos notáveis, sendo a preocupação
com a doutrinação filosófica da história e a pesquisa, onde o principal intuito
era fazer uma história voltada para o ensinamento e doutrinação ao
patriotismo, sendo baseado no paradigma dos antepassados.
O IHGB segue um modelo da Historiografia europeia com característica
notoriamente alemã que pregava o uso das fontes e documentos para a
pesquisa da história e principalmente a característica predominante era o
conservadorismo, porém foi criado a partir de uma instituição já existente, o
institut Historiq de Paris. O IHGB tinha total apoio e a simpatia de D. Pedro II,
foi uma escola com cursos, palestras, porém não estava em primeiro lugar em
relação em outras instituições de ensino e pesquisa, não chegou a ser um
modelo de instituição, mas o seu pioneirismo na faculdade de filosofia e letras
mesmo não sendo das melhores, valeu pela experiência. A promoção de
cursos, congressos e palestras propiciou muitas publicações e trabalhos
acadêmicos de altíssimo nível, sendo de grande importância e contribuição
para historiografia brasileira, no qual a pesquisa histórica no Brasil eclode da
fundação do IHGB. Todos os trabalhos anteriores eram produções individuais,
de episódios que não tinham uma sequência. A preocupação que o instituto
começa a ter em recuperar fontes e edições de documentos básicos são
propostos por Januário da Cunha Barbosa, um concurso de monografias, para
a apresentação de formas de escrever a História do Brasil. Foi aí que o
botânico alemão Von Martius se candidata ao concurso, Martius veio ao Brasil
com alguns outros estudiosos, no período em que D. Leopoldina, então
prometida a casar-se com D. Pedro I, vem ao encontro do príncipe para a
constituição do matrimônio. Porém, Martius tem uma missão ainda mais
específica que era em virtude de uma pesquisa científica nas terras da então
colônia, onde permanece até 1820. Nesta perspectiva Martius consegue reunir
fontes de pesquisas, da flora brasileira e juntamente com Von Spix escrevem o
quanto viveram e ouviram no Brasil. Publicando então um livro singular em
Monique que lhes rendeu 3 volumes, em 1823 – 31 e que fora editado no Brasil
em 1938 pelo IHGB em 4 volumes.
Martius e seu trabalho foram de grande importância para a
historiografia brasileira, mesmo não ficando por muito tempo no Brasil, ele
produziu pesquisas que enriqueceram as ciências e os estudos a partir de seu
trabalho minucioso. A pragmática de Martius não foi perfeita, porém, esteve em
uma perspectiva enriquecedora para o país e principalmente para a
historiografia, inovando e conseguindo estar em um nível altíssimo para o seu
tempo. Foi um escritor crítico, o que é notável a importância deste aspecto para
a construção e eficácia da historiografia. Em seu discurso é notório que deixa
de lado a fala sobre as questões políticas, trazendo para a sua manifestação a
figura da população e das diferenças étnicas. Martius então coloca uma visão
antropológica na monografia, onde o historiador tem o dever de pesquisar a
sociedade em todos os aspectos, sendo em suas formas e de como vive.
No fim da monografia é falado como deve ser feita a História do
Brasil, sendo acusada a forma errada de se produzir história a partir de
crônicas. Martius enfatiza que a composição deve ser feita começando por uma
história geral, contendo principalmente as relações entre o Brasil com Portugal
e as demais partes do mundo.
Segundo as novas perspectivas do segundo momento, Varganhen que
impôs as características da colocação de uma história nacional a partir da
História geral, com a manutenção do conservadorismo, preocupação com a
documentação, ou seja, obras baseadas em fontes e um alto conhecimento em
seu discurso.
Já Capistrano de Abreu, outro nome muito importante na historiografia
brasileira, que segundo Iglesias poucos brasileiros fizeram pela história como
ele, sua história e percurso de vida é bem interessante. Autodidata, com uma
leitura intensa, teve sua passagem pelo positivismo, era um homem voltado
totalmente para interdisciplinaridade, que valoriza a documentação, sendo um
dos primeiros a se preocupar coma história dos cotidianos, o que era incomum
entre os especialistas. Foi alvo de críticas por não deixar grandes obras, porém
teve participação ativa como comentarista, e em notas em obras
historiográficas, o que lhe caracterizou, porém, como um homem solidário por
dar seu tempo em prol de pesquisas e esclarecer obras de companheiros.
Sendo assim, o segundo momento da historiografia brasileira foi
marcado primeiramente pela construção do IHGB, contudo, em especial pelo
concurso de monografia, promovido pelo IHGB, que teve como monografia
premiada a do botânico Martius, onde tem por preocupação responder à
pergunta de como se deve escrever a História do Brasil? Daí muitos outros
nomes marcantes nesta segunda fase como: Varnhagen, Capistrano, Joaquim
Nabuco, Oliveira Lima, Manuel Bonfin, entre outros, porém, os aspectos que
foram o conservadorismo, nativismo, pragmatismo e o gosto pela pesquisa,
tendo como características na escrita e no discurso como senso crítico,
pesquisar, interdisciplinaridade, uso de fontes via documentos como: cartas e
escritos, e a história cientifica e não mais a positivista, tendo ainda por base a
história popular.

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