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ilizarov
Resumo: A tíbia é um dos ossos longos que ocorrem fraturas de alta energia, o tratamento
cirúrgico necessita de uma fixação externa e o mais utilizado é o método de Ilizarov, porém
para o tratamento ocorrer sem muitas complicações é importante uma reabilitação
adequada com uma proposta fisioterapêutica diferenciada. O objetivo desse estudo foi
dissertar sobre os aspectos gerais relacionados a este método, discutindo recursos
fisioterapêuticos que podem ser utilizados no processo de reabilitação. Este estudo consistiu
em uma revisão sistemática de literatura realizada de Marco a Setembro de 2015 junto aos
seguintes bancos de dados científicos: SCIELO, GOOGLE ACADÊMICO e LILACS. A
pesquisa foi ampliada a sites de fisioterapia, medicina, livros, trabalhos de conclusão de
curso e revistas científicas, abrangendo trabalhos nos últimos quartoze anos (2000 – 2014).
O resultado consiste em poucos protocolos fisioterapêuticos que estão descritos de forma
detalhada, e dentre os citados estão a crioterapia, cinesioterapia, eletroterapia e
orientações gerais, diminuindo as chances do paciente desenvolver hipotonia, perda de
força muscular, hipotrofia, diminuição da amplitude de movimento, perda da
funcionalidade do membro acometido e demonstrando a eficácia do tratamento
fisioterapêutico. Conclui-se que o tratamento é indispensável para esses pacientes e sendo
realizada da forma correta minimiza os efeitos negativos sobre a qualidade de vida e
aperfeiçoa a funcionalidade do membro inferior ajudando o paciente a habituar-se em suas
condições atuais.
Palavras chaves: Fixador Externo; Ilizarov; Tratamento Fisioterapêutico.
1. Introdução
Na anatomia humana a tíbia é o segundo maior osso, fortemente vinculado à fíbula,
possui uma forma triangular apresentando três bordas: anterior, medial e lateral, podendo ser
palpada na borda anterior e face medial, nela encontram-se inserido os músculos tibiais
anteriores e posteriores que juntos realizam a dorsiflexão, flexão plantar, inversão e eversão
do tornozelo (DREEBEN, 2010).
A tíbia é medial e mais resistente que a fíbula articulando–se com o fêmur pela sua
extremidade proximal. Estes ossos articulam-se distalmente com o talús, sendo que a tíbia é
responsável pela transmissão do peso (DANGELLO e FATINNI, 2005).
Conforme Reis et al (2005), a vascularização da tíbia é diminuída e há pouca
cobertura de tecido, devido a isso são as mais acometidas por traumas. Entre as causas mais
frequentes estão os traumas de alta-energia, os acidentes automobilísticos, motociclísticos e
atropelamentos, além das fraturas em consequência de ferimento por projétil de arma de
fogo. Nesses traumas de alta energia é essencial identificar a classificação das fraturas
diafisárias das tíbias para um tratamento eficaz ao paciente (HUNGRIA e MERCADANTE,
2008).
Estas fraturas são classificadas em abertas, fechadas, estáveis e instáveis. As abertas
ocorrem quando há uma comunicação da fratura com o meio exterior chamada assim de
fraturas expostas e as fechadas não existem essa relação. Logo, as estáveis ocorrem quando
os fragmentos estão de acordo com o posicionamento anatômico da estrutura afetada e nas
fraturas instáveis os fragmentos ósseos estão desviados da posição anatômica (RUARO,
2004).
Atualmente, para cuidar dessas fraturas existem dois tipos de tratamento: o
conservador e o cirúrgico. O conservador ocorre quando não há intervenção cirúrgica
podendo ou não necessitar de redução incruenta. E no tratamento cirúrgico usa-se quando
não é possível utilizar o tratamento conservador dando-se através do método cruentos o qual
se ajustam os fragmentos fraturados, utilizando materiais de síntese interna, como por
exemplo, a utilização do fixador externo (RUARO, 2004).
Segundo Ruaro (2004), o fixador externo é o tratamento cirúrgico mais indicado por
ser eficiente na estabilização e minimizar o sangramento o qual é utilizado quando ocorrem
fraturas abertas, fechadas cominutivas e segmentares, com lesões vasculares, em pacientes
com idade avançada, politraumatizados e quando o tratamento conservador não obteve
resultados positivos. De acordo com os estudos, a utilização do fixador externo é
predominante em homens entre 21 a 30 anos, principalmente, por acidentes de transito sendo
eles 35% por motos, 28,50% por derrapagens e 17,32% por automóveis e 5% por trauma
esportivo (PICADO et al, 2000).
Segundo REIS et al (2005), o fixador externo mais utilizado é o de Ilizarov por não
provocar maiores danos ao suprimento vascular da tíbia e por acarretar grande impacto na
qualidade de vida e na funcionalidade dos seus usuários (ANDRADE e SILVESTRE, 2008).
De acordo com Rotbande e Ramos (2000), o sistema de Ilizarov é inovador, pois une
dois semicírculos conectados tornando um anel o qual é fixado um par de fios de Kirschner
que transfixam o osso possibilitando a utilização de fios mais finos transfixados em vários
planos, proporcionando melhor estabilização óssea. Esse tipo de tratamento busca estimular
a consolidação da fratura para devolver a funcionalidade mecânica do osso, capacitando-o
novamente para suportar o peso e proporcionar o movimento fluido das articulações
adjacentes (ALVES et al, 2010).
Após a fratura é colocado o fixador externo onde são aplicadas forças tensionais
através da distração. Na instalação o Ilizarov promove uma regeneração óssea a partir de
dois a sete dias e quando o objetivo é alcançado esta distração é interrompida. A regulagem
do aparelho inicia-se entre o sétimo e o décimo quarto dia de pós-operatório e o
alongamento pode atingir um total de dezesseis a dezoito centímetros do aparelho no
paciente (ALVES et al, 2010).
Há uma extrema necessidade de identificar a classificação da fratura para obter um
bom prognóstico e estabelecer um tratamento eficaz, sendo necessário saber o tempo
aproximado de consolidação de cada tipo de fratura e para compreender os tipos de trauma é
importante entender as patologias, procedimentos cirúrgicos e precauções associadas, além
de identificar os comprometimentos e limitações funcionais e possíveis incapacidades. No
entanto, em todos os casos de fratura a rapidez na consolidação óssea depende do padrão de
fratura e da amplitude das lesões nos tecidos moles (HOPPENFELD, 2001).
A programação de tratamento fisioterapêutico geralmente se inicia após a colocação
do fixador externo devendo ser realizada uma avaliação inicial das condições gerais do
paciente. Caso não haja o tratamento precoce, há consequências deletérias como edema do
membro acometido, inflamação dos orifícios dos fios, rigidez ativa temporária, limitação da
amplitude de movimento das articulações adjacentes, déficit de força muscular,
propriocepção e entre outros (ALVES et al, 2010).
O tratamento fisioterapêutico traz componentes essenciais para aperfeiçoar o
prognóstico e a funcionalidade do paciente, minimizando os efeitos deletérios da
imobilização bem como no próprio trauma. A fisioterapia atua nas complicações vasculares,
mudanças posturais para combater as escaras, mobilização muscular e vascular para impedir
o tromboembolismo, cuidados específicos com a região traumatizada para evitar a perda das
funções e rigidez muscular (MACRI e tal, 2009).
Segundo Ruaro (2004), as fraturas dos ossos da perna trazem dificuldades de
tratamento, seja cirúrgico ou conservador. As possíveis deformidades ósseas consequentes
de consolidação viciosa é a presença de sequelas produzidas pela imobilização que leva a
incapacidade funcional reversível, sendo proporcional a quantidade de energia que gerou o
trauma (RECKERS et al, 2007).
Durante o período de imobilização com o fixador externo, a fisioterapia estará
voltada para as articulações do joelho, tornozelo e pés que terão suas amplitudes de
movimentos restauradas ou mantidas, realizando exercícios de mobilização passiva e ativa,
que também influenciarão na circulação sanguínea (LARA et al, 2009).
Para Lara et al (2009), nos casos de fraturas e métodos de fixação a sustentação do
peso será tardia, sendo observado um calo nas radiografias e se houver um bom contato
cortical, o paciente pode sustentar o peso pelo contato dos dedos do pé com muletas ou
andador. O atendimento é aplicado aos pacientes portadores do fixador de Ilizarov e irá atuar
com grande coadjuvante, tendo como objetivo a manutenção dos seus sistemas orgânicos, a
reeducação e recuperação de suas funções motoras (ALVES et al, 2010).
O protocolo fisioterapêutico consta crioterapia, alongamento, cinesioterapia ativa,
mobilização do membro acometido, propiocepção, treino de marcha, eletroterapia,
orientações gerais e em movimentar as articulações adjacentes. E este tratamento é dividido
em etapas o qual será discutido ao decorrer do trabalho (ANDRADE e SILVESTRE, 2008).
O objetivo desse estudo foi dissertar sobre os aspectos gerais relacionados ao método
de Ilizarov, discutindo recursos fisioterapêuticos que podem ser utilizados no processo de
reabilitação.
2. Metodologia
Este estudo consistiu em uma revisão sistemática de literatura. A busca por este tema
foi realizado com base aos seguintes bancos de dados científicos: SCIELO, GOOGLE
ACADÊMICO e LILACS. A pesquisa foi ampliada a sites de fisioterapia, medicina, livros,
trabalhos de conclusão de curso e revistas científicas, abrangendo trabalhos nos últimos onze
anos (2000 – 2011).
Foram encontrados 42 artigos científicos e 6 livros. Para a busca foram utilizadas
seguintes palavras chaves: Fixador Externo, Ilizarov, Técnicas Fisioterapêuticas e Fratura da
Tíbia. No critério de inclusão foram utilizados os artigos que continham o tratamento
fisioterapêutico e excluídos os que faziam a utilização de Ilizarov em animais, artigos que
não possuíam ano e os anteriores ao ano de 2000. Após a leitura do material selecionado,
foram analisados resultados obtidos e os critérios metodológicos dos estudos envolvendo o
tema abordado.
3. Resultados
Neste estudo de revisão de literatura foram encontrados 42 artigos científicos, sendo
utilizados 22 artigos e foram 20 excluídos. As pesquisas excluídas foram os textos que
faziam a utilização de Ilizarov em animais, atendimento á domicílio e artigos que não
possuíam ano. Posteriormente a leitura do material selecionado, o qual é citado no quadro
abaixo, foram analisados os resultados obtidos e os critérios metodológicos dos estudos
envolvendo o tema abordado.
5. Conclusão
O fixador externo é frequentemente encontrado na prática clínica por proporcionar
menos danos aos tecidos lesados e por apresentar uma resposta significativa aos
alongamentos dos ossos e tecidos adjacentes. Sendo assim, o presente estudo realizou uma
revisão bibliográfica, sobre o tratamento fisioterapêutico realizado em pacientes com
fraturas tibiais que fazem uso de fixador externo de Ilizarov.
A reabilitação é indispensável para esses pacientes e quando realizada da forma
correta devolve a funcionalidade do membro acometido, maior rapidez na recuperação dos
pacientes, prevenindo limitações da amplitude de movimento e ajudando o paciente
habituar-se em suas condições atuais.
No entanto, sugerem-se novas pesquisas com elaboração de protocolos relacionando
ao tratamento fisioterapêutico com uso de fixação externa pelo método de Ilizarov.
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