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PARNASIANISMO A tendência literária importada pelos parnasianos vinha acompanhada de outro ideal

importante para o entendimento do Brasil do final do século XIX: o positivismo. Escola


O parnasianismo nasceu na França, em 1866, com a publicação “Parnaso Contemporâneo” e filosófica de Auguste Comte, considerado o pai da Sociologia, preconizava o progresso
teve como prioridades o culto à forma, a “arte pela arte”, a objetividade temática e o científico como o principal horizonte da humanidade, que, por sua vez, também seria regida
distanciamento de questões de cunho social. Assim como o realismo, foi um movimento de por leis naturais e positivas, como as leis da Física.
oposição ao romantismo, que já estava em franco declínio.
O positivismo foi muito popular entre os intelectuais da época e, principalmente, entre os
Contexto histórico militares que integravam o movimento republicano. Os dizeres “Ordem e progresso”, que
compõem a Bandeira Nacional, são inspirados em uma citação de Comte: “O amor por princípio,
O nome do movimento remete ao monte Parnaso, na Grécia Antiga, a ordem por base e o progresso por fim”.
morada de Apolo, o deus inspirador dos artistas e dos poetas, patrono
da beleza ideal. Foi, portanto, uma tendência literária que valorizava Os poetas parnasianos, em sua maioria, também eram republicanos. A partir de 1889,
e retomava elementos da Antiguidade Clássica. o parnasianismo tornou-se um método de composição “oficial” no Brasil: o Hino Nacional
Brasileiro, o Hino da Proclamação da República e o Hino à Bandeira do Brasil são
Recorte do afresco “Parnaso”, de Rafael Sanzio, no Palácio do Vaticano composições parnasianas.
(1511).
Principais obras e autores
Características do parnasianismo
A chamada trindade ou tríade parnasiana brasileira é composta pelos três autores mais célebres
• Rigor formal: descartaram os versos livres do romantismo e substituíram-nos por do movimento: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
métrica e rima regulares, especialmente versos alexandrinos (doze sílabas métricas) ou
decassílabos (dez sílabas métricas); Olavo Bilac (Rio de Janeiro, 1865-1918)
• “A arte pela arte”: a produção artística não deve ser útil, mas pura, alheia e erudita,
um culto ao belo, à perfeição, sem se ocupar dos problemas da realidade; Olavo Bilac foi o grande nome do parnasianismo brasileiro.
• Valorização e enobrecimento do artista: o poeta é comparado a um artífice da
palavra, um ourives, responsável por lapidar o texto tal como se lapida uma pedra em O mais conhecido dos poetas parnasianos brasileiros e um dos
estado bruto para que se torne uma joia; fundadores da Academia Brasileira de Letras, Olavo Brás Martins
• Distanciamento da linguagem oral: buscando as formas clássicas (como o verso dos Guimarães Bilac foi também jornalista e orador ativo na
alexandrino e a presença de deuses da mitologia greco-romana); política brasileira. Defensor dos ideais republicanos, participou de
• Inversão sintática: (como “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / de um povo campanhas com alcance nacional, sendo perseguido e preso
heroico um brado retumbante” em lugar de “As margens plácidas do Ipiranga ouviram durante a Revolta da Armada, que ocorreu entre os anos de 1893
um brado retumbante de um povo heroico”); e 1894.
• Vocabulário acurado e complexo: palavras pouco populares, elitização da linguagem,
poesia como aristocratização espiritual; Teve notória estreia literária com a publicação Poesias , em 1888. Em seus diversos livros, Bilac
• Afastamento das questões reais do presente: preferência por temáticas reflexivas e contemplou as temáticas do amor – platônico, espiritual, sensual –, da mitologia greco-
universais, descrições de objetos e de cenas da natureza; romana e de cunho filosófico, criando atmosferas de reflexão sobre o sentido da vida. Escreveu
• Impessoalidade: em oposição à subjetividade acentuada do romantismo. também poesias didáticas e patrióticas, além de ser o autor do Hino à Bandeira do Brasil.

Parnasianismo no Brasil O soneto XIII do livro Via Láctea (1888) é um exemplo de sua lírica amorosa e uma de suas
obras mais conhecidas.
O Brasil dos anos 1800 foi marcado por intensa influência da cultura francesa. O abandono
do estilo romântico preconizado pelos parnasianos tencionava equiparar a produção artística
brasileira àquela feita em Paris.

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