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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – Campus XANXERÊ

ÁREA DE ÁREA DAS CIÊNCIAS DA VIDA E SAÚDE


ÁREA DE ÁREA DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS
COMPONENTE CURRICULAR: QUÍMICA GERAL
Professor: NEY AROLDO AULLER FACHINELLO

Noções de cálculo estequiométrico

Por que estudar estequiometria?

Porque a estequiometria permite planejar e executar reações químicas no laboratório ou fora dele. Nos
trabalhos de laboratório são utilizadas duas relações particularmente importantes entre substâncias que
participam de uma reação química. Uma delas é a razão entre o número de átomos de cada elemento em um
dado composto. Outra é a razão entre as quantidades de cada substância em uma reação, medidas em
unidades adequadas ao ambiente de laboratório.

O que devo saber?

 Fazer uso correto e contextualizado de termos da química;


 Entender e aplicar em cálculos a Lei da Conservação das Massas – Lei de Lavoisier;
 Entender e aplicar em cálculos a Lei das Proporções Constantes – Lei de Proust;
 Calcular fórmula centesimal a partir da fórmula molecular;
 Fazer o acerto de coeficientes, balanceamento, de equações químicas;
 Converter massa de reagentes ou produtos a mol e vice-versa;
 Estabelecer relações entre as quantidades de cada substância em uma reação química.

Onde eu vou aplicar esses saberes na minha formação profissional?

As Leis Ponderais e o cálculo estequiométrico expõem que em uma reação química os reagentes se
transformam em produtos, porém os átomos que os compõem permanecem os mesmos, combinados de
diferentes maneiras e proporções. A Lei da Conservação das Massas diz que a soma das massas dos
reagentes é igual à soma das massas dos produtos. Tal Lei esclarece que os resíduos gerados em laboratório
ou na forma de qualquer tipo de lixo, jogado ao meio ambiente, mantém a mesma massa dos reagentes
utilizados. A diferença é que os átomos das substâncias reagentes estão combinados de maneiras diferentes
em novas substâncias. Logo, os resíduos ou o lixo jogado em um rio, na atmosfera ou em terrenos baldios
não deixam de existir pelo simples fato de não os ver. Outro exemplo, os metais pesados presentes no lixo e
nos resíduos agrícolas são despejados no solo, na água ou jogados na atmosfera em queimadas. No solo eles
permanecem e são absorvidos pelas plantas, se presentes na água podem permanecer na lavoura ou atingir o
abastecimento público e no ar podem atingir todo o ecossistema de maneira mais uniforme. Por outro lado, o
cálculo estequiométrico permite prever, a partir da amostra de reagentes, a quantidade máxima de produtos
obtida e, assim as quantidades de resíduos geradas e as formas possíveis de reaproveitamento ou de descarte
adequado.

Lei da Conservação das massas (Antoine Laurent Lavoisier, 1774)

Em qualquer sistema fechado, físico ou químico, nunca se cria nem se elimina matéria, apenas é
possível transformá-la de uma forma em outra. Portanto, não se pode criar algo do nada nem
transformar algo em nada (Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma). Logo,
tudo que existe provém de matéria preexistente, só que em outra forma, assim como tudo o que
se consome apenas perde a forma original, passando a adotar uma outra. Tudo se realiza com a
matéria que é proveniente do próprio planeta, apenas havendo a retirada de material do solo, do
ar ou da água, o transporte e a utilização desse material para a elaboração do insumo desejado,
sua utilização para a população e, por fim, a disposição, na Terra, em outra forma, podendo
muitas vezes ser reutilizado. Conservação da Massa. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/>. Acesso em:
15 maio de 2020.
ou
A soma das massas dos reagentes é igual a soma das massas dos produtos.
Exemplos:
1. A reação entre 23 g de álcool etílico e 48 g de gás oxigênio produziu 27 g de água, ao lado
de gás carbônico. Qual a massa de gás carbônico obtida?
Resolução:

álcool etílico + gás oxigênio  gás carbônico + água


23g + 48g = x + 27g
71g = x + 27g
x = 71 – 27 = 44g de gás carbônico

2. Com base na reação:

Etano + oxigênio  gás carbônico + água


(5x + 10) g (25x + 12) g (17x + 20) g (16x - 10) g

Calcule a massa de gás oxigênio consumida na reação com quantidade suficiente de etano.
(R: 112 g)

3. Qual a massa de metano que na combustão se combina totalmente com 12,8 g de


oxigênio, produzindo 8,8 g de gás carbônico e 7,2 g de água? (R: 3,2 g)

Metano + oxigênio  gás carbônico + água

Lei das proporções constantes (Joseph Louis Proust, 1799)

A Lei de Proust ou a Lei das Proporções Definidas foi elaborada no ano de 1797 pelo químico
francês Joseph Louis Proust. Ele verificou que as massas dos reagentes e as massas dos
produtos que participam da reação obedecem sempre a uma proporção constante. Essa
proporção é característica de cada reação, isto é, independe da quantidade de reagentes
utilizados.
Assim, para a reação entre, por exemplo, gás hidrogênio e gás oxigênio formando água, os
seguintes valores experimentais podem ser obtidos:
2 H2 + O2 → 2 H2O
Gás Hidrogênio
Gás Oxigênio (g) Água (g)
(g)
4 32 36
8 64 72
1 8 9
Observe que, para cada reação, a massa do produto é igual à soma da massa dos reagentes, o
que concorda com a Lei de Lavoisier. As massas dos reagentes e dos produtos que participam de
uma reação podem ser diferentes, mas as relações entre elas são sempre constantes . Lei de
Proust. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Proust>. Acesso em: 15 maio de 2020.

Exemplos:

1. Sabemos que 7 g de gás nitrogênio reagem totalmente com 1,5 g de gás hidrogênio,
produzindo gás amoníaco. Qual é a massa de gás amoníaco que obtemos nessa reação
quando misturamos 2,1 de gás nitrogênio com uma quantidade suficiente de gás
hidrogênio? (R: 2,55g)
Resolução:

1ª etapa: Aplique a Lei da Conservação das Massas

Gás nitrogênio + gás hidrogênio  gás amoníaco


7g + 1,5 g = x
x = 8,5g

2ª etapa: Aplique a Lei das Proporções Constantes

Gás nitrogênio + gás hidrogênio  gás amoníaco


7g ---------------------------------------- 8,5g
2,1g ---------------------------------------- x ∴ x = 2,55g

2. 8 g de hidróxido de sódio reagem com quantidade suficiente de ácido sulfúrico produzindo


14,2 g de sulfato de sódio e certa quantidade de água. Que massa de hidróxido de sódio é
necessária para, em reação com ácido sulfúrico, produzir 35,5 g de sulfato de sódio? (R:
20g)

3. 6 g de carbono reagem totalmente com 2 g de hidrogênio, produzindo metano. Determine a


composição centesimal do metano. (R: 25g H2; 75g C)

4. Sabemos que 12 g de carbono se combinam totalmente com 32 g de oxigênio, produzindo


gás carbônico. Qual a massa de oxigênio necessária para combinar-se totalmente com 7,2
g de carbono? (R: 19,2g)

Cálculo da Fórmula Centesimal a partir da Fórmula Molecular


1º passo: Calcule a Massa Molar (M) da substância:

CO2
C1 = 12 x 1 = 12g +
O2 = 16 x 2 = 32g
M = 44 g/mol corresponde a 100%
2º passo: Calcule a Fórmula Centesimal
Para cada elemento químico faça uma regra de três.

CO2 CO2
C = 12 g -------- x O2 = 32 g ---------- y
44 g -------- 100% 44 g ---------- 100%
x = 12 x 100 = 27,3% y = 32 x 100 = 72,7%
44 44

Logo, a fórmula centésima do CO2 é C27,3%O72,7%. Significado: em 100 g de CO2 há 27,3g de


carbono e 72,7g de oxigênio.

5. Calcule as fórmulas percentuais das seguintes substâncias:

a) H2O b) C6H12O6 c) NH4NO3 d) CaSO4

Balanceamento de equações químicas

Para balancear uma equação química, proceda sempre em duas etapas.

Etapa 1. Escreva a “equação” não balanceada.

Al(s) + O2(g)  Al2O3(s)

Etapa 2. Ajuste os coeficientes de modo a termos quantidades iguais de cada espécie de átomo
em ambos os lados da seta.

Enquanto você faz o balanceamento não faça alterações nas fórmulas, seja nos símbolos dos
átomos ou nos subscritos (índices). Se você fizer uma destas alterações, as substâncias
representadas passarão a ser diferentes daquelas dadas inicialmente.

Não existe nenhum conjunto simples de regras para ajustar os coeficientes. A experiência
mostrou que podemos seguir algumas diretrizes para balancear equações:
1. Balanceie primeiro os elementos diferentes de H e O.
2. Equilibre separadamente os elementos que aparecem isolados em qualquer localização,
no exemplo, o alumínio.
3. Balanceie em grupo os íons poliatômicos que aparecem inalterados em ambos os lados da
seta.
4. De modo geral é seguro balancear os elementos na seguinte ordem: Metais (M), Ametais
(A), Carbono (C), Hidrogênio (H) e Oxigênio (O). Usando as iniciais temos: MACHO.
5. Em alguns casos, o balanceamento pode ser iniciado pelo O.

Neste exemplo, podemos iniciar o balanceamento pelo O. Nos reagentes temos o coeficiente 1 na
molécula de O2. Então, multiplicamos o coeficiente 1 pelo índice 2 (1 x 2 = 2 átomos de O no O 2).
Dessa forma, obtemos 2 átomos de O na molécula O2. Nos produtos, multiplicamos o coeficiente
1do Al2O3 pelo índice 3 do O (1 x 3 = 3 átomos de O no Al 2O3). Assim temos 2 átomos de O nos
reagentes e 3 átomos de O nos produtos. No caso, basta escrever o índice 2 da molécula O 2 no
coeficiente da fórmula Al2O3 e o índice 3 da fórmula Al2O3 no coeficiente da molécula O2.

Al(s) + 3 O2(g)  2 Al2O3(s)

Assim, nos reagentes, para o O, temos 3 (coeficiente) x 2 (índice) = 6 átomos de O. Nos


produtos, para o O, temos 2 (coeficiente) x 3 (índice) = 6 átomos de O.

Para balancear o alumínio, iniciamos com o maior coeficiente. No caso, o coeficiente do Al 2O3.
Então multiplicamos: 2 (coeficiente) x 2 (índice) = 4 átomos de Al nos produtos. Nos reagentes,
escrevemos o coeficiente 4 no Al. Assim, 4 (coeficiente) x 1 (índice) = 4 átomos de Al.

4 Al(s) + 3 O2(g)  2 Al2O3(s)

Após o balanceamento podemos ler os coeficientes da seguinte forma

4 Al(s) + 3 O2(g)  2 Al2O3(s)

4 átomos de Al reagem com 3 moléculas de O2 formando 2 fórmulas de Al2O3.


4 mols de Al reagem com 3 mols de O2 formando 2 mols de Al2O3.

Outro método de balanceamento de equações químicas por tentativas

Siga os passos:
 Identifique o elemento que aparece uma única vez em cada um dos membros da equação;
 Escolha a substância que possui o elemento com maior quantidade de átomos (maior
índice);
 Acerte os coeficientes da substância que possui o elemento escolhido, de forma que o
elemento fique com a mesma quantidade de átomos nos dois membros da equação.
Normalmente, isso pode ser feito pela inversão dos índices do elemento, de um membro
para outro, utilizando-os como coeficientes estequiométricos;
 Encontre o coeficiente das demais substâncias as quais contêm os outros elementos, até a
equação se encontrar devidamente balanceada.

Balanceie as equações abaixo:

a) Zn(s) + HCl(aq)  ZnCl2(aq) + H2(g)

b) NaOH(aq) + H3PO4(aq)  Na3PO4(aq) + H 2O


c) MnCO3 + H2SO4(aq)  MnSO4 + H2O + CO2

d) Na2C2O4(aq) + 2 HNO3(aq)  NaNO3(aq) + H2C2O4

e) Fe2+(aq) + OH−(aq)  Fe(OH)2(s)


f) Pb(NO3)2(aq) + NaCl(aq)  PbCl2(s) + NaNO3(aq)

g) Na2CO3(aq) + HNO3(aq)  NaNO3(aq) + CO2(g) + H2O


h) H3PO4(aq) + Ca(OH)2(aq)  Ca3(PO4)2 (s) + H2O

Estequiometria

A estequiometria é a parte da química em que se investigam as proporções dos reagentes que


reagem bem como dos produtos obtidos em reações químicas.

Cálculo estequiométrico

Cálculo estequiométrico

 mol x mol.

De acordo com a equação Fe + O2  Fe2O3 , calcule:

a) O número de mols de moléculas de gás oxigênio necessário para reagir com 5 mols de
átomos de ferro.

Resolução:
Faça o balanceamento da equação
4 Fe + 3 O2  2 Fe2O3

Após o balanceamento da equação resolva o problema


Lembre-se que os coeficientes indicam a quantidade, em mol, de cada substância.

4 Fe + 3 O2  2 Fe2O3

4 mol ------ 3 mol


5 mol ------ n

n = 5.3 / 4 = 3,75 mol de O2

 massa x massa

b) A massa, em gramas, de óxido de ferro III que se forma a partir de 112 g de ferro.
(R: 160,0 g)
1º passo: faça o balanceamento da equação química;
2º passo: Calcule a massa molar das substâncias envolvidas no cálculo estequiométrico:
Massa molar da substância Fe = 55,85g/mol
Massa molar da substância Fe2O3 = (55,85g/mol x 2mol) + (16,0g/mol x 3mol) = 159,7g/mol

3º passo: na linha abaixo da equação química escreva os coeficientes das substâncias, por
exemplo, do reagente e do produto necessários ao cálculo e escreva as respectivas
massas molares

4 Fe + 3 O2  2 Fe2O3

4 mol(55,85g/mol) --------------- 2 mol (159,7g/mol)


112 g ---------------------------------- m

m = 112g . 2 mol x (159,7g/mol) = 160,13 g de Fe2O3


4 mol(55,85g/mol)

 mol x massa

Calcule a massa, em gramas, de óxido de ferro III que se forma a partir de 2 mol de ferro. (R:
160,0 g)

4 Fe + 3 O2  2 Fe2O3
4 mol --------------- 2 mol (159,7g/mol)
2 mol ---------------------------------- m

m = 2 mol . 2 mol (159,7g/mol) = 160,13 g de Fe2O3


4 mol
Verificação da Lei da Conservação das Massas

Aplicando a Lei da Conservação das Massas na equação química abaixo podemos observar que
a soma das massas dos reagentes é igual a soma da(s) massa(s) dos produtos.

4 Fe + 3 O2  2 Fe2O3

4 mol(55,85g/mol) + 3 mol(32g/mol) = 2 mol (159,7g/mol)


223,4g + 96g = 319,4g
319,4g de reagente(s) = 319,4g de produto(s)

Exercícios

1. Em uma reação química 50,0g carbonato de cálcio reage com quantidade suficiente de
ácido clorídrico conforme a equação

CaCO3 + HCl  CaCl2 + H2O + CO2

Calcule:
a) A massa de água, em gramas, que se forma na reação. (R: 9,0 g)

b) A quantidade de água, em mols, que se forma na reação. (R: 0,5 mol)

c) A massa de cloreto de cálcio, em gramas, que se forma na reação. (R: 55,5 g)


d) A massa de gás carbônico, em gramas, que se forma na reação. (R: 22,0 g)

2. 200 g de gás hidrogênio foi obtida de acordo com a equação


Ca + H2O  Ca(OH)2 + H2 , calcule:
a) A massa de cálcio, em gramas, consumida na reação. (R: 4000 g)
b) A massa de hidróxido de cálcio, em gramas, obtida na reação. (R: 7400 g)
c) O número de mols de água consumido na reação. (R: 200 mol)

3. Considere a equação química:


HCl + Ca(OH)2  CaCl2 + H2O
Utilizando 22,2 g de hidróxido de cálcio, calcule:
a) A massa de ácido clorídrico, em gramas, consumida na reação. (R: 21,9 g)
b) A massa de cloreto de cálcio, em gramas, que se forma. (R: 33,3 g)
c) A quantidade de ácido clorídrico, em mols, que reage. (R: 0,6 mol)

4. Considere a equação química:


HCl + CaCO3  CaCl2 + H2O + CO2
Utilizando 20 toneladas de carbonato de cálcio, calcule:
a) A massa de ácido clorídrico, em gramas, que reage com o sal. (R: 14,6 . 10 6 g)
b) A massa, em gramas, de cloreto de cálcio que se forma. (R: 22,2 . 10 6 g)
c) A quantidade, em mols, de ácido clorídrico que reage. (R: 4 . 10 5 mol)
d) A massa, em gramas, de gás carbônico que se forma. (R: 8,8 . 10 6 g)

5. Considere a equação química:


H2O + CaO  Ca(OH)2
Utilizando 2 kg de óxido de cálcio, calcule:
a) A massa, em gramas, de água que reage com óxido de cálcio. (R: 642,8 g)
b) A massa, em gramas, de hidróxido de cálcio que se forma. (R: 2642,8 g)
c) A quantidade, em mols, de água consumida na reação. (R: 35,7 mol)

6. Considere a equação química:


CH4 + O2  CO2 + H2O
Utilizando 10 toneladas de metano (CH4), calcule:
a) A massa, em gramas, de gás oxigênio que reage com gás metano. (R: 40 . 106 g)
b) A massa, em gramas, de dióxido de carbono que se forma. (R: 27,5 . 106 g)
c) A quantidade, em mols, de gás oxigênio que reage. (R: 1,25 . 106 mol)
d) A massa, em gramas, de água que se forma na reação. (R: 22,5 . 106 g)

Cálculos envolvendo reagentes limitantes

Algumas vezes, as quantidades de reagentes estão em quantidades cuja razão molar não
concorda com os coeficientes da equação. Algumas reações são favorecidas quando um dos
reagentes está em excesso estequiométrico, por exemplo.

Exemplo:
Suponha que um químico misturou 1,0 mol de N2 com 5,0 mol de H2. Qual o maior número
possível de mols do produto que podem ser formados pela reação? A equação da reação entre
os reagentes é

1 N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)

1 mol --------- 3 mol

Primeiramente observamos que os coeficientes indicam que 1 mol de N 2 consome 3 mols de H2.
No entanto, foram utilizados 5 mols de H2. Logo, sobra 2 mol de H2. Sendo assim, o reagente que
é completamente consumido na reação limita a quantidade do produto formado na reação e
assim é denominado reagente limitante.

Devemos sempre basear o cálculo da quantidade máxima de produto da reação na equivalência


estequiométrica entre este produto e o reagente limitante.

Exemplo:

Inicialmente, suponha que tenhamos uma mistura de 2,00 mols de N 2 e 5,00 mols de H2.
a) Qual o reagente limitante? Qual o reagente em excesso?

1 N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)

1 mol --------- 3 mol


n --------- 5 mol  n = 1,67 mol de N2 consumido na reação.
Logo:
Reagente em excesso: N2
Quantidade em excesso: 2,00 mol – 1,67 mol = 0,33 mol de N 2
Reagente limitante: H2

b) Qual a massa de amônia obtida na reação.

Nesse caso, no cálculo utilize:


 Reagente limitante;
 Reagente em excesso menos a quantidade em excesso.

1 N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)

3 mol ------ 2 mol [1(14,01g/mol)+3(1,01g/mol)]


5 mol ------ mNH3
mNH3 = 5 mol . 2 mol[1(14,01g/mol)+3(1,01g/mol)] = 56,8 g de NH3
3 mol
Rendimento teórico e rendimento percentual

Em muitos experimentos para a síntese de alguma substância, a quantidade de produto obtida


em uma reação real é menor que a quantidade máxima calculada. Há várias razões para perda,
tais como:
 Aderência de materiais a vidraria;
 Em algumas reações ocorrem perdas pela evaporação de um produto volátil;
 O produto é um sólido que precipita à medida que é formado sendo removido por filtração.
A quantidade que permanece em solução, embora relativamente pequena, contribui para
alguma perda do produto;
 Produto que permanece aderido ao papel filtro após filtração;
 Equipamentos quebrados e/ou descalibrados;
 Negligência, imperícia ou desatenção do técnico...
 Ocorrência de reação competidora.

Uma reação competidora é frequentemente denominada reação colateral. Ela produz um


produto secundário, uma substância gerada por uma reação que compete com a reação
principal. Por exemplo: a síntese do tricloreto de fósforo nos fornece também traços de
pentacloreto de fósforo, pois o PCl3 pode reagir posteriormente como Cl2.

Reação principal: 2 P(s) + 3 Cl2(g)  2 PCl3(l)


Reação competidora: PCl3(l) + Cl2(g)  PCl5(s)

Neste caso, a competição pelo cloro que ainda não reagiu é entre o PCl 3 recém formado e o
fósforo que ainda não reagiu.
O rendimento real de um produto desejado é simplesmente a quantidade obtida no final da
reação, medida em gramas ou mols. O rendimento teórico de um produto é o que deveríamos
obter caso não corressem perdas.

O rendimento teórico é uma quantidade calculada. O rendimento real é uma quantidade medida;
em geral, não pode ser calculado.

Quando obtemos uma quantidade menor do produto do que aquela calculada teoricamente, os
químicos utilizam, geralmente, o rendimento percentual do produto para avaliar o desempenho da
preparação. O rendimento percentual é o rendimento expresso como percentagem do
rendimento teórico.
Rendimento percentual = rendimento real x 100%
rendimento teórico

Exemplo resolvido: Um químico efetua a síntese do tricloreto de fósforo misturando 12,0 g de P


com 35,0 g de Cl2 obtendo 42,4 g de PCl3. Calcule o rendimento percentual para este composto.
A equação que descreve a reação é,

2 P(s) + 3 Cl2(g)  2 PCl3(l)

Análise: observe que foram fornecidas as massas de ambos os reagentes, de modo que sabemos
de início que nosso problema envolve um reagente limitante. Devemos então descobrir primeiro
qual deles, P ou Cl2 , é o reagente limitante, pois este é o dado básico para a obtenção do
rendimento teórico de PCl3.

Solução:

2 P(s) + 3 Cl2(g)  2 PCl3(l)


2 mol (30,97g/mol) ------- 3 mol [2 mol(35,45g/mol)]
mP ------- 35,0 g

mP = 2 mol (30,97g/mol) . 35,0 g__ = 10,19 g de P reagiu com 35,0 g de Cl 2


3 mol [2 mol(35,45g/mol)]

mP em excesso = 12,0 g – 10,19 g = 1,81 g P não reagiu, portanto, está sobrando no sistema. O
Cl2 é o reagente limitante.

Agora, para obter o rendimento teórico de PCl 3 , vamos calcular quantos gramas de PCl3
poderiam ter sido obtidos a partir de 35,0 g de Cl 2 se tudo acontecesse exatamente de acordo
com a equação dada. Para isso, aplicamos a lei da Conservação das Massas (Lei de Lavoisier)

2 P(s) + 3 Cl2(g)  2 PCl3(l)


10,19 g + 35,0 g = mPCl3  mPCl3 = 45,19 g (Rendimento teórico)

Rendimento percentual (T%)

45,19 g ------------ 100%


42,4 g -------------- T%  T% = 42,4 g . 100% = 93,8%
45,19 g

Exercícios
1. A obtenção do sulfato de bário, BaSO4, é representada pela equação abaixo

Ba(NO3)2(aq) + Na2SO4(aq)  BaSO4(s) + 2 NaNO3(aq)

Em uma experiência, tínhamos inicialmente 75,0 g de Ba(NO 3)2 e um excesso de Na2SO4. Após
recolher e secar o produto, ficamos com 63,45 g de BaSO 4. Calcule o rendimento teórico e
percentual do BaSO4. (R: Rendimento teórico = 66,97g; T% ≅ 94,75%)

2. O processo de Solvay para a obtenção do carbonato de sódio é iniciado passando-se


amônia e dióxido de carbono através de uma solução de cloreto de sódio para obter
bicarbonato de sódio e cloreto de amônio. A equação completa para esta reação é

H2O + NaCl + NH3 + CO2  NH4Cl + NaHCO3

Na etapa seguinte, o bicarbonato de sódio é aquecido, originando carbonato de sódio, dióxido de


carbono e vapor d’água.

2 NaHCO3  Na2CO3 + CO2(g) + H2O(v)

Qual o rendimento teórico do carbonato de sódio, em gramas, se 120 g de NaCl foram usados na
primeira reação? Se foram obtidos 85,4 g de Na 2CO3 , qual o rendimento percentual? (R: T% ≅
79,00%)

Grau de pureza

O grau de pureza é a porcentagem de um reagente, de interesse em uma reação química, em


certa amostra (mistura). As demais substâncias são consideradas impurezas.

Exemplo resolvido: Considere 40 g de uma amostra do minério blenda com 90% de pureza de
sulfeto de zinco. Determine a massa de sulfeto nessa amostra.
Análise: Em 100 g da amostra há 90 g de ZnS. Logo, basta calcular a massa de sulfeto de zinco
em 40 g da amostra.

Solução

90 g de ZnS ------------- 100 g de amostra


mZnS ------------- 40 g de amostra

mZnS = 40 g . 100 = 36 g de ZnS


90 g

Exercícios:
1. Um químico provocou a reação entre 80,0 g de calcário e excesso de ácido clorídrico,
representada na equação,

CaCO3(s) + HCl(aq)  CaCl2 + H2O + CO2

Calcule a massa de gás carbônico obtida, sabendo que o grau de pureza do calcário é de
95% em CaCO3. (R: mCO2 = 33,44g)
2. Determine a massa de carbonato de cálcio (CaCO 3) presente em 60 g de uma amostra de
calcário com 85% de pureza em CaCO3. (R: m = 51,0g)
3. Considere 145 g de uma amostra de pirita com 75% de pureza em dissulfeto de ferro
(FeS2). Calcule a massa de FeS2 presente nessa amostra. (R: m = 108,75g)
4. Uma amostra de galena apresenta 80% de pureza em sulfeto de chumbo (PbS). Ache a
massa de PbS contida em 320 g dessa amostra. (R: m = 256,0g)
5. Um químico dispõe de 242,5 g de amostra de blenda com 80% de pureza em sulfeto de
zinco. Calcule a massa de óxido de zinco (ZnO) obtida na reação representada na
equação, (R: mZnO ≅ 162,2 g)
ZnS + O2  ZnO + SO2

5.1 Considere que o químico obteve um rendimento de 90% em óxido de zinco. Qual a massa de
óxido obtida? (R: mZnO ≅ 145,80 g)

5.2 Considere que o químico obteve 145,80 g de óxido de zinco. Calcule o rendimento da reação.
(R: T% ≅ 90%)

Calculando a concentração de íons em soluções de eletrólitos

Suponha que estamos trabalhando com uma solução 0,10 mol/L de CaCl 2. Em 1 L desta solução,
temos 0,10 mol de CaCl2 dissolvido, que se dissocia completamente nos íons Ca 2+ e Cl-.

CaCl2  Ca2+ + 2Cl1−

A solução não contém nenhum CaCl2, embora este tenha sido o soluto utilizado para
preparar a solução, que contém agora os íons Ca 2+ e Cl1-.

A partir da estequiometria da dissociação observamos que

CaCl2  Ca2+ + 2 Cl1-

1 mol CaCl2 ---- 1 mol Ca2+---- 2 mol Cl1-


0,10 mol/L ------ [Ca2+] ----- [Cl1-]
[Ca2+] = 0,10 mol/L
[Cl1-] = 0,20 mol/L
1 mol de CaCl2 produz 1 mol de Ca2+ e 2 mol de Cl1-. Desta forma, 0,10 mol de CaCl2 irá produzir
0,10 mol de Ca2+ e 0,20 mol de Cl1-. No CaCl2, então, a concentração de Ca2+ é 0,10 mol e a
concentração de Cl1- é 0,20 mol/L.
Note que a concentração de um íon é igual a concentração do sal, multiplicando pelo número de
íons daquele tipo em uma unidade formal (concentração) do sal.

Resolva:

Calcule as concentrações em mol/L dos íons em 0,20 mol/L de Al 2(SO4)3?

Al2(SO4)3  Al3+(aq) + SO42-(aq)

Calculando a concentração de um sal a partir da concentração de um íon

Um estudante descobriu que a concentração do íon sulfato em uma solução de Al 2(SO4)3 era de
0,90 mol/L. Qual a concentração de Al2(SO4)3 na solução?

Al2(SO4)3  2 Al3+(aq) + 3 SO42-(aq)

1 mol Al2(SO4)3 ----- 2 mol Al3+ ---- 3 mol SO42-


[Al2(SO4)3] ------------------------------- 0,90 mol/L

[Al2(SO4)3] = 1 mol . 0,90 mol/L = 0,30 mol/L de Al2(SO4)3


3 mol

Cálculo estequiométrico utilizando uma equação iônica essencial

Quantos mililitros de uma solução de 0,100 mol/L de AgNO 3 são necessários para reagir
completamente com 25,0 mL de uma solução 0,400 mol/L de CaCl 2? A equação iônica essencial
para a reação é

1 Ag+(aq) + 1 Cl−(aq)  AgCl(s)

Análise: A primeira coisa a fazer é calcular as concentrações dos íons nas soluções da mistura.
Então, utilizando o volume e a molaridade da solução de Cl - , iremos calcular os mols de Cl-
disponíveis. Este valor tem que ser igual ao valor de mols de Ag + que reagem, pois Ag+ e Cl- se
combinam em uma razão de 1 x 1 mol. Uma vez que tenhamos descoberto o número de mols de
Ag+ que reagem, utilizaremos a concentração, mol/L, da solução de Ag + para determinar o volume
necessário da solução 0,100 mol/L de AgNO3.

Resolução: Em 0,100 mol/L de AgNO3, a concentração de Ag+ é 0,100 mol/L.


Em 0,400 mol/L de CaCl2, a concentração de Cl− é 0,800 mol/L.
Agora, vamos calcular quantos mililitros de uma solução 0,100 mol/L de Ag + são necessários para
reagir, completamente, com 25,0 mL (0,025L) de uma solução 0,800 mol/L de Cl −?

0,800 mol Cl− ---------------------- 1 L


[Cl−] -------------------- 0,025L [Cl−] = 0,020 mol de Cl-

Agora, com o auxílio da equação química vamos calcular a quantidade de Ag + que reage com
0,020 mol de Cl-.

1 Ag+(aq) + 1 Cl-(aq)  AgCl(s)


1 mol Ag+ ------- 1 mol Cl-
[Ag+] ------ 0,020 mol Cl-  [Ag+] = 0,020 mol de Ag+

Por último, vamos calcular o volume da solução de AgNO 3 que conte, 0,020 mol de Ag+:

0,100 mol ----------------------- 1 L


0,020 mol de Ag+ --------------- V  V = 0,200 L ou 200 mL de solução de AgNO3

A resposta é razoável pois a concentração do íon Ag + é 1/8 da concentração do íon Cl-. Como os
íons reagem um-para-um, precisaremos oito vezes mais íons Ag + e oito vezes mais íons Cl- nas
soluções. Oito vezes a quantidade da solução de Cl −, 25 mL, são 200 mL, que é justamente a
resposta do problema.

Resolva:

Quantos mililitros de uma solução de 0,500 mol/L de KOH são necessários para reagir
completamente com 60,0 mL de uma solução 0,250 mol/L de FeCl 2, tendo como produto o
precipitado Fe(OH)2? (Resposta: 60,0 mL de KOH)

Estequiometria de reações iônicas

1. Calcule o número de mols de cada um dos íons nas seguintes soluções:


a) 35 mL de 1,25 mol/L de KOH
b) 32,3 mL de 0,45 mol/L de CaCl2
c) 50,0 mL de 0,40 mol/L de AlCl3
d) 18,5 mL de 0,40 mol/L de (NH4)2CO3
e) 30,0 mL de 0,35 mol/L de Al2(SO4)3
f) 60,0 mL de 0,12 mol/L de Zn(C2H3O2)2

2. Calcule as concentrações de cada um dos íons em:


a) 0,060 mol/L Ca(OH)2
b) 0,15 mol/L de FeCl3
c) 0,22 mol/L de Cr2(SO4)3
d) 0,60 mol/L de (NH4)2SO4

3. Uma solução contém somente o soluto Na3PO4. Qual a concentração, em mol/L, deste sal se a
concentração de sódio é 0,21 mol/L? (Resposta: 0,070 mol/L)

4. Uma solução contém Fe2(SO4)3 como único soluto. A concentração, em mol/L, de Fe3+ na solução
é 0,48 mol/L. Qual a concentração, em mol/L, do íon sulfato?

5. A concentração de Cl- em uma solução de NiCl2 é 0,55 mol/L. Quantos gramas de NiCl2 há em 250
mL desta solução?

6. Em uma solução de Al2(SO4)3, a concentração de Al3+ é 0,120 mol/L. Quantos gramas de Al2(SO4)3
há em 50,0 mL desta solução? (Resposta: m = 1,0 g)

Estequiometria

1. Qual a concentração, mol/L, de uma solução aquosa de Ba(OH)2 se são necessários 20,78 mL de
HCl 0,116 mol/L para neutralizar 21,34 mL desta solução? (Resposta: 0,0565 mol/L)

2. Qual a concentração, mol/L, de uma solução aquosa de ácido sulfúrico se 12,88 mL desta solução
ficam completamente neutralizados por 26,04 mL de NaOH 0,1024 mol/L?
3. O leite de magnésia é uma suspensão de Mg(OH)2 em água. Ele pode ser produzido adicionando-
se uma base a uma solução contendo Mg2+. Suponha que adicionamos 40,0 mL de uma solução
0,200 mol/L de NaOH a 25 mL de uma solução 0,300 mol/L de MgCl2. Que massa de Mg(OH)2 será
formada e quais serão as concentrações dos íons na solução, após a reação estar completa? A
equação iônica essencial para a reação é,
(Respostas: mMg(OH)2 = 0,233 g; [Mg2+] = 0,0538 mol/L; [Na+] = 0,123 mol/L; [Cl-] = 0,231 mol/L; [OH-]
= 0,00 mol/L)
Mg2+(aq) + 2 OH-(aq)  Mg(OH)2(s)

Bibliografia básica

KOTZ, J. C.; TREICHEL Jr, P. Química & reações químicas. 3 ed. LTC Editora: Rio de
Janeiro, 1998. 458 p. v.1
BRADY, J. E.; RUSSEL, J. W; HOLUM, J. R. Química: a matéria e suas transformações. 3
ed. LTC Editora: Rio de Janeiro, 2002. 474 p. v.1

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