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© Copyright Capella Editorial 2021 — 1ª edição


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Editor: Daniel Pereira

Capella Editorial
Rua João De Melo 161
Guararema • São Paulo Autor: Miro Palmares
CEP 08900-000 Revisão: José Vaidergorn
www.capella.art.br Diagramação: Capella Editorial

Dados Internacionais de
Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Palmares, Miro
Da ilusão menor que os muros /
Miro Palmares. — Guararema, SP :
Capella Editorial, 2022.

ISBN 978-65-88443-13-2

1. Diáspora africana 2. Negros na


literatura 3. Poesia brasileira I. Título.

22-107661 CDD-B869.1

Índices para catálogo sistemático:


1. Poesia : Literatura brasileira B869.1
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária
CRB-8/7964
D A IL U S Ã O ME N O R QUE OS M UROS

Miro Palmares
MA R IA F IR MIN A D OS REIS
1822-1917

C A R OL IN A MA R IA DE JESUS
1914-1977

À cronologia da per sistê nc ia.


SUMÁRIO

O ENCARGO E O ENGODO

I — 11

PARÁBASE

II — 19

O DIVÓRCIO DA ARTE COM O CONTEMPORÂNEO

III — 29

ORIDES FONTELA MESMO STELA DO PATROCÍNIO

IV — 35

PARADOXO PANORAMA

V — 47

RIO CADÁVER
VI — 53

ERÁRIO

VII — 61

HEMISFÉRIO. ENVELOPE. INSALUBRIDADE.

VIII — 69

DE-HÁ

IX — 77

ANTICORPOS CONTRA O COMPLEXO DE FARAÓ:


UM ENSAIO SOBRE O NÃO-ALÉM DA PHÝSIS E DA PSYKHÉ

X — 91

ABSTINÊNCIA DE MATAR

XI — 97

NDOMBE

XII — 105

SAFÁRI BERIMBAU
O E N C A R GO E O E NGODO

“― Me matan, si no trabajo,
y si trabajo, me matan;”
Guillén.

Eu não tenho o hábito de ler prefácio!


Por tal arbítrio, este lugar de poemas prescindiu de bula.
Primeiro livro ao prelo, sim; no entanto, houve Outros; à míngua.
A volição era publicar um rio – levasse de torrente:
— Os obstáculos, as bizarrices.
Ao processo histórico cabe os desenlaces.
O fluxo almejado?
Fica de registro, pronto.
Não foi aleatória a escolha dos octossílabos acima.
Pois, designadamente, iniciam com pertinácia uma nota.
Poesia não é um fogo que arde sem se ver – caro lusíada.

— Seria:
“Beau comme la face de stupeur d’une dame anglaise qui trouve-
rait dan sa soupière une crâne de Hottentot ?”
Césaire.
— Ou:
“My soul has grown deep like the rivers?”
Hughes.
— Ainda:
“De que foi que Jesus salvar-nos veio?”
T. Barreto.

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A diáspora africana deflagrou sementes diversas, adversas.
Todavia, os versos de Guillén; (em minha arguição); avaliam de
forma impagável a consequência catastrófica da colonização:
― O desequilíbrio dos colonizados!
Outrossim, condicionado em uma sociedade autoritária; racistoide;
eu, mero poeta, optei pelo legado crítico dos artesãos aqui instados.
Não que o patamar da minha poética seja horizontal ao deles.
Ou que eles constituem uma preferência estética.
Sou de clave naturalista –particularmente– nenhum deles o foi.
Não obstante, o rigor poderia ser dirigido ao contexto assemelhado.
Porque os pontos de vista variam, de menos, em outras jurisdições?
Mas a Inópia; diagnosticar-se-ia, não alude apenas à filologia.
Sincrônico, diacrônico, o construto geral das nossas oficinas –
até o presente momento – zero diapasão!
Como andar para frente é voltar à raiz; no decurso da década
inaugural deste milênio – “minha década de vinte” – escrutinei à
esfera; na perspectiva de somar os catetos ‒ verídica reunião;
por enquanto ‒ somente esta de revessos artefatos.
Que – ao menos e desde já – se delibera a qualquer pedestre!

Miro Palmares.

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I

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PA R Á BA SE

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Esta não é uma época de beleza!

Quanto mais untuosa a galinha –

Mais venderá o anabolizante.

— Marketing.

O cheiro de esterco: ilibado sulfite.

Ensaiássemos sair do ovo.

Asilo de sons.

Não se concretizará
A redenção para a Taba.

Usaria de toda covardia

Para ratificar minha coragem?

É comer o tempo sem fermento.

Mesmo órfão da Frida.

Aleijado da Violeta.

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Respiro com o diafragma no porão

A uma ínvia transgressão –


Do axial para o clímax:

Um fogo outro –

Pois – evaporaria a luxúria.

A osteoporose preventiva pressupõe a perda

De chaves não venais.

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II

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O DI VÓRC IO DA A RT E COM O CON T EM P OR Â N EO

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Dar conselho –
Notório é . . .
Menos complicado
Do que dar exemplo?

Qual pincel liquidaria o fator de:


A Santa da França.
À catarse queimar.
Ao suplicar um rio vertical?

Encontro-me imune aos álibis.


Lograriam?
Outra ilação?
Plausivelmente autêntica?

Não descartem a pró-parábola:


Um extramigrante – extremamente galáctico –
Que – depois de aterrissar com um chiste em riste –
À cidadela de São Torpe Pindorama – crava:

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― Qual?
― Quem seria o Nazareno?
Reciclar a molécula do onírico?
Sendo o virtual – aliás – impositivo?

Não houve um mínimo sublime?


Para abanar as ondas ao invés.
Quando a soda náutica – flagrava-se:
Transitada de naves ancestrais?

Anteriormente –
Inadimplente?
A sincrética
Iemanjá?

Potlatch jus Unheimlich.


Um yankee explanar que o extermínio de K
Foi um lance de Estado?
Ao oráculo de Net?

Entretanto:
Uma bailarina gorda?
Desimprimam
Estas palavras.

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Um barbeiro na palma do mamão do curumim?
Um verde & amarelo
Depor que o grilo é o signo da nação?
O boto que engendrou o mal em uma virgem bíblica?

Resumir-se-ia com
O sofisma insofismável
No bungee jump
Do padrasto da “avis ex machina”?

Entrementes –
Não é que estão roubando sapatos de defunto – à baila!
Obstante –
Uma bailarina gorda!

Considerasse assim –
Um elefante elegante.
Difusa metástase –
Um quase cetim?

Desacompanhando os lícitos deleites –


Gravata de Édipo conjeturou:
“― Mais funcional uma modal amorfa!
Protuberante – diríamos – uma profissional?”.

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Deveras.
Uma bailarina GG!
E as suas redundantes geometrias –
Para o pavio nacional?

Desde o imperial.
A plebe sonha desvelar
A exuberância que inebria de zênite:
Os áulicos atos da sapatilha de talco – tatos e teatros.

Uma bailarina gorda?


Gorda é a gota!
Ela faleceu – não a personagem.
Mas: a imaginação.

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28
III

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OR I DE S FON T E L A M E SMO ST E L A D O PAT RO C Í N IO

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Quanto ao senso comum?

Quando a bebida é da melhor espécie –


Os convivas são da pior qualidade!

Quantas pessoas de lume concentradas aos manicômios?


Quânticas!

Quase a hipérbole leva o eu lírico ao esdrúxulo


De cogitar uma excitação à feira de automóveis?

Siderurgia megalossauro.
― Buscaríamos a licença poética do plâncton?

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IV

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PA R A D OXO PA NOR A M A

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¿Y yo?

¡Con poesías locas!

...

Os pícaros assassinam o seu próprio direito à cifra.

Bis.

Ser de tez preta nesta nau de jagunço é ofender a mãe da morte.

Bis.

Os punhais já estão todos duros para abrir uma boceta em mim.

Bis.

39
Foi osso não ter posse
Para cremar meu pai.
Fosse!
Os bichos do chão
Não descontariam
Os aniversários.
À carne.

Bis.

O veredicto era o pó.

Bis.

Manifestaria medo?
De “eternidade”?
― Um conceito?!

Bis.

Não esqueça que Soledad é nome.

Bis.

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Os tais cromossomos –
Não transpassavam na jugular?

Bis.

Tão incógnito qualquer número?


Para revelar a contrassanguinidade da poesia?

Bis.

A ética é rifa de maKumba!

Bis.

Casa + carro + pizza = paulista!

Bis.

Bago bigorna?
Até a beterraba resolver-se pólvora?

41
Bis.

O Kósmos nasce nu.


Pesquei em um adágio o porquê de escondido.

Bis.

Destarte –
O menos engonço improvisa para-raios como estandarte.

Bis.

O emplastro – inextricavelmente – já emplastro.

Bis.

O homem sendo uma fruta – sem veto – a jaca!

Bis

42
Feio e grave de testículos.

Bis.

Uma mulher –
Uma que concordou com o descabido fator vetor.
No macho sapiens?
Se há na bola mais miolo do que no jogador.

Bis.

As fábricas ditam idiomas eólicos.

Bis.

Respondeu o futuro em pessoa ao profissional de educação.


Barbárie:
― O feminino de barbeiro?!

Bis.

43
A utopia é um quadrúpede de pedra correndo atrás do vento.

Bis.

Como se estivéssemos sem CPF para o Holocausto.

Bis.

O desfibrilador
Não amamentará o avô:
Com volts.
Antropoide localizado
No ínterim da polarização.
A diagnose:
― Périplos e lesos arrazoamentos.

Bis.

Só o feliz júri da injúria


Concederia à lei –
Análoga egrégora:
Delação premiada?

44
Bis.

Há quem dialogue com relâmpago –


Lâmina sacra.

Bis.

A metafísica:
Um reservatório apinhado de piranhas.

Bis.

A Metáfora Múndi – reles esfera?


No football – momento godo?

Bis.

Ainda exonero minha amálgama e fico sem glúten.

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V

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R IO CA DÁV E R

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― Rio cadáver –

Sua baba –
Seu odor –
Sua horizontalidade defunta –
Seu estatuto de veia ao braço bandeirante –
Sua condição de fígado de muitas vias –
Nu do intestino –
Zero de pulmão –
Língua do diacho –
Espelho de um único um –
Fluem assassinas as colorações –
Os itinerários –
Qualquer calendário.

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VI

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E R Á R IO

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56
Bruzundanga!
― A barbárie ainda nina o teu berço.
Vende-se sodomia para o mero estrangeiro.
Compra-se óbito higiênico de nativo patife?
Todos os hinos são marchas fúnebres.
A tua boca é um curral.
Segundo os suínos –
Itifálicas joias.
O cume do estrume –
O Fundamental?
Uma impassível plúmbea
De infanticida
Alega ter por contrato
O Degênesis.
Da história.
Novamente

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A asséptica Nêmesis –

Em déficit?

Ó!

O tributário –

O microcéfalo espectador –

Na data ocidental do comércio –

Em tenra natividade:

Desoculta o amor?

Mais apocalipse do que fotossíntese!

Cadê o decantado graal?

Um povo que masturba os seus (governantes)

Possui gabarito para ser pacífico e civilizado?

Nem ouses preencher os argumentos

Com circunstâncias!

O teu acerto tão efêmero.

O teu erro tão inexorável.

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VII

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H EM I SF É R IO. E N V E L OPE . I NSA LU BR I DA DE .

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À paisagem de assovio.
Às altaneiras que albergaram os atilamentos.
Ao caju que manchou a gula.
Aos rugidos escamados recalcando aos pés.
― BA!
África recolonizada.
Não caminhei por um imóvel fenomenológico
Como por seu chão de paralelepípedo.
Dada a profusão de uma partitura cínica.
Que pousou do incongruente.
Sugeriu-me o fusível fíctil da volta.
Ao homem:
Esta efeméride pensante.
Calcular-se-ia tão caduco o cuco.
Inclusive já operado da penhora.
Referentemente de outro Atlântico –
E com o tórax no estaleiro –

E com a espinha sem pedestal –

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Eu deploraria o destemor

De não se climatizar

Com os comensais?

Espumantes que institucionalizaram a algazarra?

Do supercilioso –

Aéreo como uma âncora –

Autotélico como um bonsai –

Requerer-se-ia um distinto exemplo

Senão a convicção

De sua necessidade?

E–

Proporcionalmente –

Ao ouvir sobre toponímia –

Bahia:

Das minhas caveiras

Medito

As suas estrelas –

Lupanares.

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VIII

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DE - H Á

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Espelho –
Espelho meu:

Haverá persona mais barroca do que eu?


Preto – em contingente racista.
Pobre – em capitania capitalista.
Para o pódio de todas as cruzadas – ateu!

Espelho –
Espelho meu:

O filósofo não me descredenciou da República.


Porém – foi categórico com os massagistas de testículos.
Os que besuntavam os deuses com prosa quadrada.
Provavelmente com a epistemologia abaixo do almoço.

73
Espelho –
Espelho meu:

A subjetividade é tão fecal quanto o empírico.


Quando ferrenho – o trabalho – equitativamente alienador.
Voltamos na espécie – nada especificados.
Os superlativos são os melhores ímãs das mais horrendas
amizades.

Espelho –
Espelho meu:

Não sei se corto a orelha.


Se rasgo indelevelmente o meu sorriso.
Ou se durmo com Paul Verlaine
Em cima do colchão.

74
Espelho –
Espelho meu:

Apenas não parto a sua cara –


Haja vista –
A Química
Não lhe reservará menos timbre – menos breu.

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IX

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ANTICORPOS CONTRA O COMPLEXO DE FARAÓ:
UM ENSAIO SOBRE O NÃO-ALÉM DA PHÝSIS E DA PSYKHÉ

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A

Dos melhores momentos?

Contamos minutos.

Dos piores?

― Fazemos os anos!

O elixir da juventude?

A botulínica primitiva!

— E não cuido canino intitulado Quincas.

81
B

Budas rebrotariam?

Se em vez do lótus

Fosse o cactus?

Meu eu –

Um búzio em que

O nirvana incide quão

Gratuita entranha.

É praxe.

82
C

Deste milênio terceiro enxertarão o quarto?

Para outrem efetuará socorro esta outonal mamografia?

No terminal da palavra desembainhar-se-á a mímica de


um mudrá?

― Bingo!

A vendetta de um oligoceno.

83
D

Ao itinerário – à plataforma – voltstrem.

O cronológico age obtuso –

Obstante – objetar?

Não persuadiria.

Uma combustão que acasala com a febre das

Ultras freguesias?

Enquizilado.

Acautelar algumas hecatombes em garrafas?

84
E

Ah!

Esses dominicais inturgescidos.

Eis que farejo à rua do Valter.

E vou ao meu desterro sublimar.

Em desventura –

O desenlace sem lápide.

Avulso – zero vulto.

Servir-me-ia?

Um gole de labareda – rente á cloaca: ou golfo.

85
F

— A covardia é erudita.

O escravo:

― Ortodoxo.

Consistiria de fato – um fado?

Aquele preto paleolítico.

Em seu cachimbo –

Recíprocas cinzas?

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G

A propósito –

O consentimento de nulidade

Condensa sem prefácio e sem parâmetro.

E nós –

Os ovos do concomitante –

Do intermitente.

Entropicamente –

Proclamamo-nos

Os Césares das bactérias.

87
H

O interregno defecando na ideosfera.

Anencéfalo.

Inalienável!

Há tantas escolas.

Não menos cemitérios.

Confundo-os!

Em tal arrocho acarretará

Em saldo maior –

Financeiras ou loterias?

― Drogarias!

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X

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A B ST I N Ê NC I A DE M ATA R

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Vi nos olhos do peixe morto:

. . . Ancestrais: vi!

. . . Patrões : vi!

― O cheiro de Deus: vi!

― A órbita da bússola: vi!

― O umbigo da Fescênia: vi!

― O ócio belicoso: vi!

― As águas tão águas: vi!

― A morte revelada.

― Sim!

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XI

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N D OM BE

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Entornar-me-ei.
Entrementes –
O chapéu como tigela.
Distribuir o órgão fracionado.
O corpo robô faz do contratador:
O Nhanderuvuçu.
Ante você – dolo primevo:
Explodem batalhões de centavos –
Chavões como pavões de matizes.
Não motivos?
Ê vida!
Fanfarronices.
O velho não morre
Porque decidira morrer moço.
Poros são foros de gordura.

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Aprazeria dar como fonte
O aqueduto do sangue?
Narrar com a hodierna caligrafia
De grifo ao escrotal?
Ou dispor o meu chip à rosa?
Ela.
De tal modo na fossa –
Mastigaria os filhos espinhos.
Necessários seriam quantos catetos.
― Hein?
O hipotético de um ósculo ao cotovelo.

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XII

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SA FÁ R I BE R I M BAU

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João da Cruz e Sousa
1861 – 1898
Emparedado.
A última prosa poética da obra Evocações.
1898

...

Eu trazia, como cadáveres que me andassem


funambulescamente ornados às costas, num inquietante
e interminável apodrecimento, todos os empirismos
preconceituosos e não sei quanta camada morta, quanta
raça d’África curiosa e desolada que a Fisiologia
nulificara para sempre com o riso haeckeliano e papal!

...

109
Recito o desejo azul
De os meus pulmões soprarem
As igrejas construídas
Com o sangue dos escravos.

Até pela obrigação


Nas pirâmides católicas –
Os negros e o seu suplício.
O oratório e o seu contrário.

Se o Mártir nem foi luz que se pariu!


Mas – herdaram os pobres os pregos?
Como forjar qualquer arroubo?
― A poesia não é a célula-Mater de Deus!

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“. . . As rosas despertaram!”
E o sol será a mó sobre as mesmas?
Autóctones – Africanos – e os Cabotinos.
Este feudo – talvez um feto eclodindo em nove séculos?

Haverá um verdadeiro calendário


Para que a América Latina
Desista
Dos jardins invisíveis? Do pastiche apimentado?

Aqueles que opinavam –


O maior eufemismo: classificar o álcool de: água-ardente.
Imaturidade – infortunadamente! Se eles aprofundassem. . .
Os cristãos têm antecedentes iguais aos da primaveril borboleta.

Esquecer significa inventar outro passado?


Por que erigir pálpebras para a História?
Todos os nenéns não nascem em Belém?
Nenhuma incomensurabilidade é paralela ao discernimento
de Luís Gama.

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Rechaçar as diretrizes tutelares?
Aqui – o mote é – cadáver na brasa e fogos céu!
O pré-presente – o pós-presente rearranjado.
A diversidade de carregar o fardo de mil luas.

Celan / Césaire — ao dissídio da língua o polo austero.


O lúdico resigna-se desmaterializado.
As engenhosidades degringolaram em tautologismo
ventriloquismo?
Os europeus veem o mundo do núcleo para a membrana.

Não existe cultura ocidental – atribuam a pátria à razão


instrumental.
Pantera velha não se candidata à vaga no círculo.
Vamos vitriolados por vis verbosidades.
O marfm pelo meu teor de elefante.

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AGR A DEC I M E N TO S:

— Escola Livre de Teatro.


— Taba de Corumbê.
— Projeto Meninos e Meninas de Rua.
— Família Alpharrabio.
— Amigos SOS Paranapiacaba.
— Geração Casa da Palavra.
— Quilombhoje.
— Revista A Cigarra.
— Juliana de Castro e Cia.
— Lilian Pestre de Almeida.
— George Elliott Clarke.
— Celina Lerner.
— Maristela Campos.
— Nilza Visconde.
— Emanoel Araujo.

115
Nascido em Santo André (SP),
na infinitesimal década de 80,
Miro Palmares faz com este
livro uma estreia. Maior estreia
– entretanto – fará o leitor ao
folhear o grau de elaboração
na atividade de manuscrito já
longínquo – portanto:
— A experiência sedimentada –
impressa às impressões.

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