Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Secretaria de Educação
5º
ANO ENSINO FUNDAMENTAL
HISTÓRIA
EDUCAR E SABER
Município de Itaipulândia
Secretaria de Educação
HISTÓRIA
EDUCAR E SABER
IMPRESSO NO BRASIL
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Material produzido em 1ª versão, Material reorganizado em 2020, para
digitalizado e repassado aos professores distribuição em 2021, por Eliane Viana,
para trabalho com alunos, em 2011, pela com participação dos professores:
Equipe Pedagógica: Adriana Centenaro
Anderson Sautier Adriane Trentin da Costa
Celso Sidinei Balzan Anderson Rodrigo Da Silva Sauthier
Eunice Maria Boneuer Celso Klehm
Fabiane Moser Janete Soares Gomes Wolmuth
Iria Bohm Bruch Lisete Finken Zacomelli
Juliana Molgaro Marli Esser
Lisete Zacomelli Michele de Jesus Passing
Marli Esser Rosimeri Olekssin Scherback
Marineide Inês Mielke Lunkes Trojack 6
Prefeita
Cleide Inês Griebeler Prates
6
6
Secretária de Educação
Veronica Szerwiski Rui
6
66
Revisão Ortográca
Maria Lourdes Hilgert Kräulich
6
6
Professor Orientador
Amilton Benedito Peletti
6
6
CAPÍTULO 1 67
CAPÍTULO 1 183
CAPÍTULO 2 199
Epígrafe
"A História procura especificamente ver as transformações pelas quais
passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da
História; quem olhar para trás, na história de sua própria vida,
compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é
válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada
permanece igual e é através do tempo que se percebem as mudanças".
BORGES, Vavy Pacheco Broges. O que é história. 14ª ed. São Paulo: editora Brasiliense, 1989. p.47.
O que é História?
Os conhecimentos que temos sobre nossos antepassados, sobre as
comunidades e sociedades, sobre coisas que já aconteceram ao longo do
tempo, são transmitidos e ensinados no percurso histórico e no estudo da
História. Há muitos fatos que são transmitidos através de histórias
contadas pelas pessoas mais velhas e outros aprendemos lendo e
estudando na escola, em livros ou revistas, em bibliotecas, na internet.
5
História é, portanto, o resultado da relação dos seres humanos entre
si e destes com a natureza, em determinada época, em determinadas
condições, em determinada sociedade. Isto significa que as pessoas
fazem história ao buscar a sobrevivência. Nesse processo, transformam a
natureza e a si mesmos.
O objetivo do historiador é registar, descrever e revelar a vida da
sociedade humana, as mudanças que ocorreram no modo de viver,
produzir, as diferentes atividades e ocupações humanas, para que, por
meio do estudo da história, possamos compreender as transformações,
permanências, rupturas que ocorreram ao longo do tempo, ou seja,
entendermos como o mundo passou a ser como é atualmente e por que a
sociedade está organizada dessa forma e não de outra.
O mais importante sobre o passado é aprender e descobrir o que
aconteceu realmente. No entanto, existem algumas dificuldades para
conhecermos as sociedades antigas, por vários motivos, pois, não há
registros e nem fontes suficientes para pesquisar sobre muitas coisas que
aconteceram nessas sociedades, seus costumes, o modo como se
organizavam para trabalhar e viver.
No decorrer do ano, na disciplina de História, estudaremos aspectos
da sociedade humana presentes nos diferentes povos e grupos sociais,
compreender o processo histórico que culminou em fatos/acontecimentos
que marcaram a história do nosso País e do nosso Estado, assim como as
consequências desses fatos/acontecimentos e representações simbólicas
(festividades, ideias, valores, folclore, conhecimentos, monumentos, ...) de
diferentes povos e grupos sociais.
A disciplina de História tem como finalidade explicar por que e como
as sociedades mudam e se transformam, a partir da organização do
trabalho e da produção, além de possibilitar a reflexão sobre as coisas que
precisam mudar na sociedade para que todas as pessoas tenham acesso
6
àquilo que de melhor se conseguiu produzir até o momento, em todas as
áreas e dimensões que compõem a vida. Também contribui para a
compreensão dos processos de mudanças e resistência, explicando os
fatos e acontecimentos como resultados da luta pela sobrevivência, seja
para atender e satisfazer às necessidades vitais ou a outras
necessidades, criadas ao longo do tempo.
Transformações sociais
Cada geração reproduz e “copia” de suas antecessoras os costumes,
tradições, valores, no trabalho e nas relações sociais. Mas, às vezes, o
modo como os antepassados viviam não corresponde mais às
necessidades do momento presente. Por isso, os seres humanos
produzem mudanças, transformações, inovações, novidades,
desenvolvimento, progresso, evolução, modernização, avanços, com o
objetivo de aperfeiçoar e melhorar a vida em sociedade.
O exemplo a seguir ilustra as transformações que ocorreram nos
instrumentos de comunicação:
https://medium.com/@gustavosales086/evolu%C3%A7%C3%A3o-dos-meios-de-
comunica%C3%A7%C3%A3o-79564a2d3f52. Acesso dia 26/03/2020.
7
Através dos novos instrumentos, tecnologias, máquinas e atividades
que são desenvolvidas, os seres humanos procuram organizar o trabalho
e a sociedade de forma que consigam melhor satisfazer suas
necessidades. Assim, o progresso depende do acesso a esses materiais,
conhecimentos, ciência e tecnologias.
No entanto, nem sempre a modernização traz avanços e melhora a
vida de todos. Por isso, muitas inovações e mudanças não são aceitas e
ocorrem movimentos de resistência, conflitos, lutas, rebeliões,
principalmente, quando há mudanças políticas e sociais, porque os grupos
privilegiados perdem espaço e poder e não aceitam derrotas. Às vezes,
ocorrem também conflitos para exigir direitos que alguns grupos sociais
(mulheres, negros, agricultores, etc.) julgam que estão lhes sendo
negados. Isso pode ocasionar transformações sociais.
A organização social atual é resultado de um processo intenso de
transformações e mudanças que aconteceram ao longo da História. Em
muitos aspectos, a sociedade se transforma, e, em outros, permanece
igual por um longo período.
Veja algumas imagens de acontecimentos que fazem parte da
História do nosso município.
8
Fonte: Casa da Memória –Itaipulandia – PR
Água do reservatório de
Itaipu encobrindo uma
estrada e a vegetação.
9
Lembre-se: Transformação é uma alteração/mudança do estado ou da
forma de algo. Tudo que existe está em constante movimento, ou seja,
em constante mudança/transformação. Há transformações geradas pela
natureza e outras produzidas pelos seres humanos. Umas são mais
perceptíveis, instantâneas, visíveis, e outras dependem de uma análise
mais detalhada. Outras, ainda, serão perceptíveis, visíveis, observáveis
somente com o passar do tempo.
10
sociais ou impede que isso aconteça são os próprios seres humanos. Se
na sociedade existem riquezas, desenvolvimento, progresso, tecnologias,
conhecimentos, foi porque os seres humanos atingiram esse patamar,
influenciados por diversos fatores (econômicos, ideológicos, sociais,
ambientais, políticos...). Do mesmo modo, se há pobreza, miséria, fome,
violência, isso não é natural, foram os seres humanos que criaram uma
organização social que exclui a maioria da população daquilo que de
melhor foi produzido até o momento atual.
Por isso, é perigoso entender e achar que tudo é natural. Que a
sociedade foi e é produzida naturalmente. Que não pode ser diferente.
Que sempre foi assim. Que não é possível mudar. Porque essa visão da
História gera comodismo, aceitação, passividade e não apresenta
possibilidades de transformações.
O sentido do passado
O estudo do passado é importante porque o conhecimento das
realizações de nossos antepassados, suas conquistas, avanços,
retrocessos ou problemas podem ajudar a entender melhor nossa
existência e a atual organização social. Esses conhecimentos podem
contribuir também para evitar os erros do passado e lutar por mudanças
nos costumes, na organização do trabalho e na política.
Para entender a sucessão de processos históricos, os historiadores
usam várias fontes de informação como: documentos escritos, gravações,
entrevistas, pesquisas e descobertas arqueológicas. Portanto, é
necessário muito estudo para conhecer a verdade dos acontecimentos,
suas causas e consequências.
11
Fontes históricas é tudo aquilo que, produzido pelo ser humano
ou trazendo vestígios de sua interferência, pode nos proporcionar
acesso à compreensão dos acontecimentos históricos. São, portanto,
instrumentos que possibilitam investigar, comprovar e compreender o
passado.
12
ocorreram entre as várias dimensões da vida em sociedade é a função do
estudo do passado.
O estudo do passado adquire um sentido importante para nós
quando possibilita entender a vida das sociedades que nos precederam,
ajudando a explicar a atual organização social como resultado de um
longo processo de mudanças, avanços, conflitos, desenvolvimento,
acertos, erros e retrocessos.
13
Então, esses espaços públicos são construídos para preservar a
memória do povo e servir como fonte de estudos e pesquisas.
Ainda há muito que resgatar e preservar sobre a História. A visitação
a um museu, por exemplo, pode sugerir ideias sobre algumas coisas que
podem não ter valor para as famílias ou que não estão bem cuidadas e
que poderiam ser doadas para serem preservadas em museus ou arquivos
públicos.
Muitos livros, documentos, instrumentos de trabalho e outras fontes
históricas importantes já se perderam ou foram destruídos por catástrofes
naturais, guerras, conflitos ou simplesmente falta de cuidados. Que tal
visitar o museu do município e fazer uma campanha para identificar
objetos que poderiam ser conservados neste local para preservar nossa
História? PROJETO MEMÓRIA
14
Quando pensamos em História do município, geralmente
imaginamos que ela acontece a partir da emancipação política, mas a
História escrita no livro começa muito tempo antes disso. Estabelece-se
como marco temporal o Tratado de Tordesilhas, assinado no ano de 1494;
conta-se sobre a movimentação indígena no oeste do Paraná, a
exploração estrangeira e o sistema de obrages, a colonização com o
povoamento do território, a partir da metade do século XX, a formação dos
núcleos urbanos e a emancipação do município de Itaipulândia, conteúdos
que estudamos nos anos anteriores.
“O livro é, acima de tudo, uma homenagem a todos os homens,
mulheres e crianças que viveram e ainda vivem em nosso município; que,
com suas trajetórias, ajudaram a escrever a História de Itaipulândia, esta
terra jovem, que ainda escreve sua História, e que, lentamente, cumpre
seu papel na construção de um país feito de gente que acredita num futuro
melhor por vir.”
(Itaipulândia: seu povo, sua origem, sua história, de Rodison Scarpato e Iria Bruch Böhm)
15
Isso ocorre porque a vida humana resulta e depende também da
relação com outros seres humanos e apresenta características próprias
em cada momento da história. Por isso, as pessoas são caracterizadas
como seres sociais e históricos, pois, em cada época e espaço, supriram
suas necessidades e se relacionavam de forma diferente, conforme os
recursos, os interesses e o nível de conhecimento que possuíam. Ao
trabalhar, as pessoas não produzem apenas bens materiais, garantindo a
existência, mas também desenvolvem a si mesmas, produzem
representações, ideias e conhecimentos e, assim, fazem história.
O conjunto de todas as criações humanas, sejam elas materiais ou
imateriais, fazem parte da cultura. Alguns produtos da cultura, pelo seu
valor histórico e social, são caracterizados como um Patrimônio
Cultural.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pa%C3%A7o_da_Liber
dade. Acesso 27/03/2020.
16
ANTIGO COLÉGIO DOS JESUÍTAS – PARANAGUÁ
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=35&evento
=2. Acesso 27/03/2020.
http://www.ipatrimonio.org/cu
ritiba-casa-barao-do-serro-
azul/. Acesso em 27/03/2020.
http://wikimapia.org/8082053/pt
/Esta%C3%A7%C3%A3o-Porto-
Uni%C3%A3o-da-Vit%C3%B3ria.
Acesso 27/03/2020.
17
Além dos patrimônios históricos, temos...
Patrimônio Natural
https://www.comboiguassu.com.br/passeios-em-foz-do-
iguacu/cataratas-do-iguacu-brasil. Acesso 27/03/2020.
18
♦ Vila Velha — Parque estadual em Ponta Grossa (tombado)
https://www.tribunapr.com.br/dicas-de-turismo/parque-vila-velha-
parana-voo-balao/. Acesso dia 27/03/2020.
https://www.gestour.com.br/paranagua/atrativos/detalhes/4
975. Acesso dia 26/03/2020.
https://clube.gazetadopovo.com.br/noticias/passeios/parque-estadual-
guartela-como-visitar. Acesso dia 27/03/2020.
19
♦ Mata de Araucárias, árvore símbolo do Paraná, e Parque Nacional
http://www.justicaeco.com.br/o-que-sao-a-floresta-com-araucaria-e-os-campos-
de-altitude/. Acesso dia 27/03/2020.
Patrimônios Arqueológicos
Em 1961, todos os sítios arqueológicos foram transformados, por lei,
em patrimônio da União, a fim de evitar sua destruição pela exploração
econômica. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) tem registrado aproximadamente 8.562 sítios arqueológicos. Os
sítios arqueológicos incluem:
20
♦ Sambaquis: palavra de origem indígena que deriva de tambá (concha) e
ki (depósito). Possuem formações de pequena elevação, formadas por
restos de alimentos de origem animal, esqueletos humanos, artefatos de
pedra, conchas e cerâmica, vestígios de fogueira e outras evidências
primitivas.
♦ Estearias: jazidas de qualquer natureza que representam testemunhos
da cultura dos povos primitivos brasileiros.
♦ Mounds: monumentos em forma de colinas, que serviam de túmulos,
templos e locais para moradia.
♦ Hipogeus: ambientes subterrâneos, às vezes com pequenas galerias,
nas quais eram sepultados os mortos.
Um dos Centros Arqueológicos do Brasil está na Zona Costeira do
Sul que parte de Santos e São Vicente e chega aos Sambaquis nas
proximidades de Torres, passando por Guaraqueçaba e Paranaguá, no
Paraná. Nos sambaquis do Paraná, Santa Catarina e litoral de São Paulo
são encontrados machados polidos, mãos de pilão, poucos utilitários de
cerâmicas, morteiros zoomorfos etc.
Algumas referências no Paraná:
Pinturas rupestres
- Sítio Arqueológico Morro das Tocas em União da Vitória
- Gravuras pré-históricas em São Mateus do Sul.
Sambaquis
- Ilha do Mel
- Ilha do Superagui
- Rio Guaraguaçu (tombado pelo Estado do Paraná)
- Ruínas de reduções Jesuíticas
- Ciudad del Guairá
- Santo Ignácio
21
SAMBAQUIS
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?con
teudo=58. Acesso 27/03/2020.
Disponível em:
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=26. Acesso dia
27/03/2020.
Patrimônio Documental
Para quem trabalha com história (patrimônio histórico, cultural), o
conceito de documento/fonte é mais abrangente que os populares
documentos pessoais. Para profissionais de outras áreas que trabalham
com patrimônio histórico/cultural, tudo o que uma população humana
registra e testemunha é fonte para a história desta população.
Para os historiadores existe a exigência de que um documento, uma
fonte de pesquisa, seja comparada e confrontada com outras fontes
documentais para que o historiador entenda a verdade dos fatos que os
documentos afirmam como algo acontecido.
22
Quanto mais documentos, indícios, testemunhos e registros
afirmarem que o fato ocorreu, maior a certeza científica da verdade dos
fatos que eles revelam.
Isto significa que, na preservação do patrimônio, é necessário
conservar vários registros da vida de uma população para entender seu
modo de viver, pensar, crer e produzir numa determinada época e lugar.
A vida em sociedade deixa marcas, registros, documentos, fontes de
pesquisa que compõem um leque imenso que vai de desde os hábitos de
consumo à forma de se organizar no trabalho e na política.
Na listagem de fontes e registros realiza-se o trabalho de
conservação e divulgação do patrimônio histórico, cultural, arquitetônico,
religioso.
Algumas referências no Paraná: Museu Paranaense, Museu do
Expedicionário, Museu da Imagem e do Som, Biblioteca Pública do
Paraná, Arquivo Público do Paraná, Casa da Memória, Arquivos de
Instituições Públicas, Arquivo de, Antonina (tombado pelo Estado),
Arquivos de Igrejas, Acervos Fotográficos.
Tombamento histórico
23
Os primeiros bens tombados a partir da vigência da lei estadual
N.º1.211 de 16 de setembro de 1953, basicamente acolheram os
tombamentos já realizados pelo Governo Federal através do Instituto
Histórico e Artístico Nacional — IPHAN. A partir de meados dos anos
1960, houve o desenvolvimento de um reconhecimento próprio sobre a
importância do patrimônio cultural existente no Paraná.
Para um primeiro reconhecimento dos bens tombados, está
organizada uma tabela, reunindo-os em grupos assemelhados de usos ou
características. Dentre os tipos de bens tombados estão: Centro histórico,
residências, edificações religiosas, palácios e palacetes, estações de
passageiros, monumentos, edifícios públicos de uso coletivo, paisagens
urbanas, edifícios escolares, árvores urbanas, parques, pontes, fazendas,
esculturas, pinturas, documentos e objetos, dentre outros.
Disponível em:http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=249. Acesso
23/03/2020.
Acesso 24/03/2020
24
Inscrição Tombo 11-III
Processo Número 04/2011
Data da Inscrição: 25 de março 2015
Localização: Municípios: Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá, Palmas, Paranaguá e Tibagi
Localização: Foz do Iguaçu
Proprietários: Governo Federal, Estado do Paraná, Município de Curitiba e
Município de Maringá
http://www.ipatrimonio.org/toledo-forum-wilsonbalao/#!/map=38329&loc=-24.732877999999996,-
53.74057499999999,17. Acesso 27/03/2020.
ÁRVORE CEBOLEIRA
http://www.ipatrimonio.org/curitiba-arvore-
ceboleira/.Acesso 27/03/20202
25
EDIFÍCIO DO HOTEL BANDEIRANTES – MARINGÁ
Inscrição
Tombo 156 II
Processo
Número 02/2004
Data da
Inscrição: 30 de
maio de 2005
Localização:Município: MARINGÁ
Proprietário: Renato Zwecker
http://www.jornal.uem.br/2011/index.php/edicoes-2006/36-
jornal-32-maio-de-2006/192-maringob-o-prisma-da-arquitetura.
Acesso dia 27/03/2020.
Patrimônio Imaterial
Os aspectos imateriais da cultura são decisivos para a manutenção
da identidade dos povos frente às rápidas mudanças impostas pelo
mundo.
As manifestações que possuem relevância para a memória,
a identidade e a formação da sociedade podem ser registradas como
Patrimônio Cultural Imaterial.
São quatro grandes áreas de registro: em Saberes, os
conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das
comunidades. As Celebrações, que trazem os rituais e festas que marcam
a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de
outras práticas da vida social. Em Formas de Expressão, estão inclusas
as manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas. E por
fim, Lugares, que contemplam mercados, feiras, santuários, praças e
demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais
coletivas.
26
Veja alguns exemplos do Paraná:
CONGADA DA LAPA, DE ORIGEM AFRICANA
(EM HOMENAGEM A SÃO BENEDITO)
https://www.gazetadopovo.com.br/curitiba/festividades-de-nossa-senhora-do-
rocio-ocorrem-ate-19-de-novembro-no-litoral-7bo5cr042bngzc4a7x4jqdh2g/.
Acesso em 27/03/2020.
FANDANGO PARANAENSE
27
Caderno de atividades – Unidade 1: História como conhecimento.
Você sabia?
Que a Casa da Memória, localizada à Rua Sete de Setembro, 2059,
Centro, Itaipulândia, é o Museu do município, que tem como função
resgatar, preservar e valorizar a História do povo e do município de
Itaipulândia (sua origem e memória) e destina-se à população local,
regional, estudiosos, pesquisadores e turistas, através do acervo em
exposição?
Que o acervo foi formado somente por doações dos primeiros
colonizadores do município, composto por 100 peças restauradas, prontas
para exposição?
Que o museu tem como meta ser referência cultural para a
população local, recebendo visitas de todo o Estado do Paraná, outros
estados da federação e países vizinhos, principalmente do MERCOSUL?
Que o museu foi criado com o objetivo de formar um banco de dados
históricos do município de Itaipulândia?
Que este projeto é de grande valia para todos aqueles que
necessitam de informações históricas, como: estudiosos, pesquisadores e
turistas, como também estudantes de escolas do município e da região?
Que a Casa da Memória pretende enriquecer o conhecimento sobre
a História regional no extremo oeste do Paraná?
Que a Casa da Memória é aberta para visitação pública todos os
dias da semana, com exceção aos sábados e domingos, em horário
comercial?
Informações disponíveis no site:
http://www.museus.gov.br/SBM/cnm_conhecaosmuseus.htm. Acesso em 15/02/2010.
28
Caderno de atividades – Unidade 1: História como conhecimento.
ANEXO 1
29
aquilo que impede ou dificulta o desenvolvimento do ser humano e a
satisfação de suas necessidades básicas.
Uma das possibilidades concretas que temos para interferirmos mais
na história são as organizações sociais que visam a transformar a
sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Por isso, é importante, desde criança, entender a necessidade de
participar dos movimentos sociais que existem na comunidade em que
vivemos, porque, para fazer a história, temos que lutar para que as
grandes necessidades sociais da época em que vivemos estejam no
centro dos debates, discussões, leis e políticas públicas.
O papel dos indivíduos na história consiste em saber se organizar
para defender e conquistar os direitos fundamentais que atendam às
necessidades básicas humanas e socias. Isso faz de nós grandes homens
e grandes mulheres, não porque temos capacidades extraordinárias, mas
porque entendemos a importância e o sentido de servir às grandes
necessidades sociais de nossa época.
30
UNIDADE 2
A FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS POVOADOS
https://sites.google.com/site/lehist09/home/pre-
historia/paleolitico/diferencassociais-paleolitico
https://brainly.com.br/tarefa/21151216 https://pt.thpanorama.com/blog/historia/5-inventos-
de-los-hombres-en-la-edad-de-los-metales.html
31
O que possibilitou a fixação dos grupos humanos em um determinado
local?
Como eram os locais onde os primeiros grupos humanos se fixaram?
Como ocorreu o processo de desenvolvimento da sociedade humana?
O que você sabe sobre os períodos conhecidos como: Paleolítico ou
idade da Pedra Lascada; Neolítico ou idade da Pedra Polida e Idade
dos Metais?
Origem da humanidade
Com base nos estudos e análise de vários vestígios da atividade
humana (fósseis, fragmentos de armas, utensílios, pinturas rupestres, etc.,
encontrados em cavernas ou soterrados), os historiadores concluíram que
os primeiros grupos humanos viveram na África, e que passaram por um
longo processo de transformação.
O fóssil mais “famoso” é conhecido como Lucy, descoberto em Afar,
na Etiópia, nordeste da África, em 1974, com mais de 3 milhões de anos,
pertencente ao grupo dos Australopithecus afarensis.
Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-
saude/2016/08/30/interna_ciencia_saude,546494/famosa-
australopiteco-lucy-morreu-apos-cair-de-uma-altura-de-
12m.shtml. Acesso em 16/03/2020.
32
https://escola.britannica.com.br/artigo/Eti%C3%B3pia/481246
33
Os primeiros grupos humanos
Disponível em:
http://profrodrigomateus.blogspot.com/2011/07/pre-historia-os-
primeiros-trabalhos.html. Acesso em 10/03/2020
34
Pinturas rupestres na caverna da Serra da Capivara (Foto: Pedro
Santiago/G1).
Disponível em: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2016/06/situacao-do-
parque-serra-da-capivara-e-estavel-diz-coordenadora.html. Acesso dia
04/03/2020.
35
Surgiram as primeiras aldeias. Cada povoado desenvolveu seu
próprio modo de vida, criando diferentes formas de cultivo, produção de
seus instrumentos, organização social, língua, comunicação, transporte,
manifestações artísticas, crenças, religiosidade, hábitos e costumes
próprios.
Com o passar do tempo e o desenvolvimento dos instrumentos de
trabalho, a produção foi aumentando, os grupos humanos foram crescendo
e ocupando diferentes lugares do mundo. As aldeias e vilas foram se
transformando em cidades.
36
Com a formação das cidades, antigos líderes tornaram-se reis e, para
garantir o controle da população e organizar a produção, formavam uma
estrutura político-administrativa, dando origem ao Estado. Geralmente, a
forma de governo estava muito relacionada à religiosidade. Cada
governante era responsável por manter a ordem, garantir a segurança de
seu povo e criar regras que pudessem regular a vida em sociedade.
O código de Hamurabi foi um dos primeiros conjuntos de leis da
história. Ele foi organizado por Hamurabi, rei da Babilônia, há cerca de 4
mil anos. Foi escrito em uma estela (coluna ou placa) de rocha, que possui
2,25 metros de altura. Ao todo, são 282 leis.
Representação do rei
Hamurabi recebendo as
leis do deus Shamash, o
deus Sol e o deus da
justiça.
37
Caderno de atividades – Unidade 2: Formação dos primeiros povoados
38
solo). Por isso, as pessoas procuravam agradar aos deuses por acreditarem
que eles eram os responsáveis pelas boas colheitas. Cultuar elementos da
natureza e acreditar na força e proteção deles eram e ainda são
características da religiosidade de muitos povos indígenas até hoje.
As primeiras civilizações
Com o desenvolvimento da agricultura, pecuária e, mais tarde, do
comércio, começaram a se formar sociedades em diversas regiões do
Planeta.
Pesquisadores encontraram vestígios dos primórdios da agricultura no
Oriente Médio e às margens do Mediterrâneo, no chamado “Crescente
Fértil”.
Veja na imagem a seguir:
39
CRESCENTE FÉRTIL
https://www.historiadetudo.com/crescente-fertil
Os mesopotâmicos
Situada entre os rios Tigres e Eufrates, a Mesopotâmia (do grego
meso (entre) e potamus (rios) – “Terra entre rios”) foi uma região muito
disputada por diversos povos, devido à fertilidade do solo. Esse território foi
ocupado pelos grupos humanos conhecidos como sumérios, acádios,
assírios, babilônicos, caldeus, entre outros.
Veja a região ocupada por esses povos.
40
Disponível em: https://www.coladaweb.com/historia/mesopotamia. Com adaptação.
41
relações comerciais com vários povos, pois estavam localizados em uma
região das rotas comerciais entre Oriente e Ocidente. Também exportavam
tecidos e cereais. O Estado controlava o uso das águas do rio, com
construção de diques, canais de irrigação e reservatórios para os períodos
de seca.
Foram os sumérios que criaram a primeira forma de escrita, conhecida
como escrita cuneiforme.
42
https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/44/con
heca-os-principais-zigurates-da-antiga-mesopotamia
Os Persas
43
à pecuária. Assimilaram grande parte da escrita, do conhecimento e da arte
dos povos conquistados, principalmente a cultura dos mesopotâmicos e dos
egípcios. Destacaram-se na arquitetura e desenvolveram alguns
conhecimentos nas áreas da Astronomia, Medicina e Matemática.
No princípio, os persas eram politeístas, mas a partir das pregações
de um profeta conhecido como Zoroastro, por volta de 1200 a.C., passaram
a crer na doutrina baseada no bem (Aura-Mazda) e no mal (Ahrimam),
tornando-se monoteístas. Realizavam cultos religiosos sem templos ou
estátuas, somente com altares em lugares elevados. Aura-Mazda era
homenageado com o fogo perpétuo, aceso em torres colocadas no topo de
montes e colinas. O Zoroastrismo influenciou várias religiões.
44
Essa expansão foi interrompida pelos gregos apenas em 490 a.C.
Os hebreus
Os hebreus (israelitas ou judeus) eram um povo de cultura nômade e
dedicavam-se ao pastoreio. Criavam animais como carneiros e cabritos,
deslocando-se com frequência à procura de pastagens. Com o passar do
tempo, fixaram-se em áreas férteis às margens do rio Jordão, no Crescente
Fértil e passaram a praticar a agricultura. Grande parte da história desse
povo está registrada no antigo Testamento, conjunto de livros que compõem
a Bíblia.
Por volta de 1800 a.C., eles ocupavam a Palestina, vindos da região
da Caldeia, liderados por Abraão. Essa região passou a ser conhecida
desde a antiguidade como “Terra de Canaã”. As terras da Palestina
começaram a sofrer com a seca. Assim, os hebreus, governados por Jacó,
45
foram obrigados a abandoná-las, migrando para o Egito, que estava sob
domínio dos hicsos.
Quando os egípcios conseguiram expulsar os hicsos de suas terras,
passaram a submeter os hebreus a trabalhos forçados (escravidão).
Liderados por Moisés, conseguiram voltar à Terra Prometida. Ali passaram
a criar gado e a desenvolver a agricultura. Nesse período, a terra era
propriedade coletiva. Com essa fixação houve grande desenvolvimento do
comércio devido à localização geográfica da região.
A religião dos hebreus era monoteísta (um só deus: Javé) e ficou
conhecida como Judaísmo. Do Judaísmo originaram-se o Cristianismo e o
Islamismo.
Os cretenses
A sociedade cretense localizava-se na ilha de Creta, situada no
Mediterrâneo Oriental, região da atual Grécia. Essa sociedade influenciou
significativamente a cultura grega posteriormente.
LOCALIZAÇÃO DA ILHA DE CRETA
46
Essa sociedade começou a se formar por volta de 3000 a 2000 a.C.
Seus habitantes cultivavam cereais, vinhas e oliveiras, fabricavam
embarcações de madeira, desenvolveram habilidades com metais e
cerâmica, e comercializavam com o Egito e outras cidades do Mediterrâneo
Oriental. O comércio era feito à base de troca. Vendiam azeite, vinho e
artigos de bronze e compravam minérios, marfim e perfume.
Em 1400 a.C., a cidade de Cnossos (principal cidade cretense) foi
destruída devido às invasões, causando o declínio dessa civilização.
Os fenícios
Os fenícios (por volta de 3000 a.C.) habitavam uma área entre o
Mediterrâneo e as montanhas do atual Líbano. Assim como os cretenses,
desenvolveram atividades predominantemente marítimas, devido às
condições do local onde viviam, que dificultava o desenvolvimento da
agricultura e a criação de animais. Entretanto, outras condições naturais
favoreceram o desenvolvimento do comércio (próximo ao mar Mediterrâneo,
retiravam cedro da floresta e construíam suas embarcações). O comércio
possibilitou o contato com várias civilizações e as trocas culturais.
Não havia um governo centralizado, pois várias cidades-Estados
foram se formando no litoral da Fenícia, cada uma com um governo
47
independente, geralmente exercido por um rei, auxiliado por grandes
proprietários de terras e grandes comerciantes. Eram bons comerciantes,
navegadores e artesãos. Produziam armas de ferro e bronze. Superaram os
egípcios na técnica da vidraria. Fabricavam também tecidos de lã, de cor
púrpura.
O grande legado do povo fenício foi a criação de símbolos — o alfabeto
(1500 a.C.) — 22 letras que correspondiam aos sons da voz humana. O
alfabeto foi aperfeiçoado pelos gregos (transformaram em vogais algumas
consoantes fenícias). Mais tarde, foi adotado pelos romanos, passando por
outras transformações até assumir a forma atual.
Assim como os cretenses, os fenícios cultuavam a Grande Mãe, além
de deuses específicos relacionados a elementos da natureza.
A antiga Fenícia foi ocupada sucessivamente por diversos povos. Esse
território tornou-se independente em 1941 e passou a ser conhecido como
Líbano.
48
Caderno de atividades – Unidade 2: Formação dos primeiros povoados
O antigo Egito
https://istoe.com.br/123555_PIRAMIDES+DO+EGI https://br.pinterest.com/pin/541417186422
TO+SAO+REABERTAS+PARA+VISITACAO/ 714992/
49
LOCALIZAÇÃO DO DESERTO DO SAARA
Disponível em
https://www.guiageo.com/africa.h
tm
IMPÉRIO EGÍPCIO
https://www.coladaweb.com/historia/civilizacao-egipcia
50
O faraó era tratado como uma divindade e governava com poder
absoluto. Era considerado o filho de Amon-Rá, o deus Sol e encarnação de
Hórus, o deus Falcão.
Representação de Rá — deus
Sol. Era representado com um
sol na cabeça.
51
A economia do Antigo Egito girava em torno do Rio Nilo, cujas águas
eram utilizadas para a irrigação. Cultivavam trigo, cevada, legumes, papiro
e uvas. Complementavam a produção com a pesca, a caça e a criação de
animais.
A religiosidade egípcia
Os Egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam na existência de
vários deuses, que apresentavam formas de seres humanos e de animais.
Para homenagear os deuses, os egípcios construíam templos de pedras.
Veja alguns exemplos:
52
https://www.egypttoursportal.com/abu-simbel-sun-festival-
event-october-2020/
Templo de Karnac
https://br.memphistours.com/Egito/Guia-de- https://www.infoescola.com/civilizacao-
Viagem/tudo-sobre-luxor/wiki/Templo-de-karnak egipcia/templo-de-karnak/
53
A entrada do Templo de Luxor
https://maironpelomundo.com/2016/11/18/o-
templo-de-luxor-e-o-templo-de-karnak-visitando-a-
antiga-cidade-de-tebas-no-egito/
54
mumificação dos mortos. Este rito foi a forma encontrada por eles de garantir
que a alma renascesse em um outro mundo.
Mumificação: é o tratamento por meio do qual se evitava a decomposição
do cadáver transformando-o em múmia.
A pintura foi a expressão artística mais importante no Egito Antigo.
Representavam a vida dos deuses, o cotidiano do faraó e cenas da
agricultura. Essas pinturas estavam muito presentes nos sarcófagos.
SARCÓFAGO EGÍPCIO
https://www.pinterest.it/pin/443956
475752289169/
55
A múmia era colocada em um sarcófago e conduzida ao túmulo.
Costumavam deixar vários objetos como joias, armas, alimentos, por
acreditarem que o morto faria uso. A quantidade de objetos dependia da
condição social do morto.
56
HIERÓGLIFOS EM PAREDE DE TEMPLO EGÍPCIO.
A Grécia antiga
LOCALIZAÇÃO
http://sohumanas.blogspot.com/2011/02/modo-de-producao-escravista-grecia.html
57
Homérico: predomínio da vida rural; Arcaico: consolidação da polis,
cidade-Estado grega; e o período Clássico. Durante o período arcaico, as
cidades-Estados gregas tornaram-se a organização política característica
da Grécia antiga, com destaque para Esparta e Atenas. Cada cidade-Estado
possuía características próprias, leis, seu governo, sua economia.
Esparta foi uma das primeiras a ser fundada. Era governada por dois
reis, o Conselho de Anciãos (formado pelos dois reis e por 28 cidadãos com
mandatos vitalícios) e pela Assembleia (formada por cidadãos).
Em Esparta, a propriedade coletiva, aos poucos, deu lugar à
propriedade estatal. Havia um grande controle sobre as atividades culturais.
Os homens passavam por uma rígida educação militar, que durava dos 12
aos 30 anos. Ao atingir essa idade, o soldado se tornava cidadão, podendo
participar da Assembleia e constituir família.
https://www.viajejet.com/civilizaciones-antiguas-del-mundo/ruinas-de-
esparta-antigua-ciudad-griega/
58
como sendo o berço da democracia, que chegou ao auge no século V a.C.,
marcando o início do período clássico.
O termo “Democracia” é formado pelo radical grego “demo” (povo) e de
“kratia” (poder), que significa “poder do povo”. Na Democracia grega, a
participação era direta e restrita aos cidadãos (mulheres e escravos não
tinham o direito à participação), enquanto na democracia atual
(representativa) os cidadãos elegem seus representantes.
A cultura grega resultou da influência de vários povos, dentre eles os
cretenses. Eram politeístas e acreditavam que os deuses habitavam o
Monte Olimpo, exceto Poseidon — deus dos mares, Hades — deus do
mundo dos mortos, e Hefestos — deus do fogo. Seus deuses tinham
aparência, sentimentos e desejos humanos, mas possuíam poderes
extraordinários, além de serem imortais. Sobre eles reinava Zeus — deus
do tempo, casado com Hera, com a qual teve vários filhos (Ares — deus da
guerra; Afrodite — deusa do amor; entre outros). Os deuses também tinham
filhos mortais como Perseu e Hércules, por exemplo. Em sua homenagem
construíam templos, a exemplo de Parthenon, na Acrópole de Atenas,
edificado em homenagem à deusa Atena, considerado um Patrimônio
Mundial da Unesco.
ACRÓPOLE DE ATENAS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acr%C3%B3pole_de_Atenas
59
TEMPLO DE PARTHENON
https://www.oversodoinverso.com.br/o-partenon-de-atenas-um-
monumento-epico-e-o-misterio-das-medidas/
http://clacri.com.br/2016/05/03/da-grecia-para-o-brasil-tocha-olimpica-chega-a-brasilia/
60
coisas, começaram a buscar explicações mais racionais. Nasceu assim a
filosofia (do grego philo ou philia = amor, amizade; sophia = sabedoria).
Dentre os filósofos, os que mais se destacaram foram: Sócrates, Platão e
Aristóteles.
Além de conhecimentos na área da Filosofia, na língua, na política,
nos costumes, deixaram importantes contribuições nas áreas da
Matemática, Geografia, História e na Medicina. Destacaram-se também na
arquitetura, com as construções de templos. Reproduziam com fidelidade o
corpo humano em suas esculturas e desenvolveram a arte da encenação
através do teatro.
A sociedade Romana
Roma está localizada na Península Itálica. Os primeiros habitantes
eram originários da região do Mediterrâneo. No início, a economia romana
era à base da agricultura e da pecuária, dominada por grandes proprietários
de terra, conhecidos como patrícios. A maioria da população era composta
pela plebe — formada pelas pessoas livres e sem posses, conhecidas como
plebeus. Havia também um terceiro grupo formado pelos clientes, composto
por ex-escravos ou filhos de escravos nascidos livres, os quais tinham
obrigações para com os patrícios e, em troca, recebiam proteção e terra
para trabalhar. Na base da organização social estavam os escravos.
61
Grandes monumentos foram construídos no período do Império
Romano, a exemplo do Coliseu, em 79 d. C., atual ponto turístico da Itália,
onde eram realizados vários espetáculos, como a luta de gladiadores.
62
Religiosidade Romana
Grande parte da história dos romanos foi marcada pela mitologia, ou
seja, pela crença em vários deuses, com fortes influências da cultura grega.
Acreditavam que, ao fazerem oferendas aos deuses, estes retribuíam com
proteção. Assim como os gregos, os deuses romanos tinham também
características humanas. Veja alguns exemplos:
O deus supremo (Zeus para os gregos) chamava-se Júpiter; o protetor
do comércio (Hermes na Grécia) chamava-se Mercúrio; Ares, o deus
grego da guerra (Ares na Grécia), chamava-se Marte; Afrodite (deusa do
amor na Grécia) em Roma era Vênus. O conjunto de deuses formava o
Panteão Romano – Templo das divindades.
63
áreas, influenciado a formação da cultura ocidental. Dentre elas destacam-
se:
64
O fim da Antiguidade
65
66
UNIDADE 3
OS POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA
CAPÍTULO 1
67
relacionada à religiosidade. Viviam da agricultura a partir do cultivo de milho,
feijão, abóbora e mandioca. Em 2006, foram encontrados vestígios desse
povo que podem representar um sistema de escrita.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Museo_La_Venta
https://universes.art/es/art-destinations/mexico/tour/teotihuacan
68
Os Toltecas, povo originário da América, ocuparam vastas regiões
Mesoamericanas, onde se fixaram e construíram sua capital, a cidade de
Tula. Sua cultura exerceu forte influência sobre outros povos, sobretudo os
astecas.
Os Sioux: Estavam entre as várias tribos indígenas seminômades
norte-americanas. Dedicavam-se à agricultura e especializaram-se na caça
de grandes animais, búfalos e bisões.
Os Esquimós: também conhecidos como inuits, habitavam as regiões
árticas do continente americano. Apresentavam características culturais
bem distintas dos demais grupos indígenas americanos, e adaptaram-se, de
modo eficiente, ao ambiente hostil em que viviam.
69
Outro sítio arqueológico importante no Brasil é o da Lagoa Santa em
Minas Gerais, onde foi encontrado o fóssil denominado de Luzia (crânio de
uma mulher com cerca de 11500 anos. Ela tinha características negroides
(nariz achatado, queixo saliente, lábios grossos). Outros crânios
encontrados nessa região também possuem traços africanos.
Veja na imagem a seguir:
70
Caderno de atividades – Unidade 3 – Capítulo 1: Os povos
originários da América
Os maias
O povo maia habitava o sul do México, mais especificamente a
península de Yucatán. Constituiu-se de uma diversidade de povos, cada
qual com suas características. Os maias habitaram a região das florestas
tropicais das atuais Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (sul do
atual México). Essa cultura teve muita influência dos povos que viviam
anteriormente na região, dentre eles os olmecas. Desenvolveram-se
através de cidades-Estados, governadas por um rei, que exercia poder em
nome de um deus.
LOCALIZAÇÃO DO POVO MAIA
https://www.coladaweb.com/historia/astecas-incas-e-maias
71
CHICHÉN ITZÁ – EM YUCATÁN, PIRÂMIDE DO ADIVINHO NA CIDADE
MÉXICO. DE UXMAL, NA PENÍNSULA DE
https://mochilerostv.com/chichen-itza-yucatan- IUCATÃ – MÉXICO ATUAL.
mexico-km-19330/
https://giraomundo.wordpress.com/2014/05/20/p
iramide-do-feiticeiro-yucatan-mexico/
RESERVA BIOLÓGICA DE
CALAKMUL
https://www.cuartopoder.mx/nacional/protegera
nreservadelabiosferadecalakmul/198985
72
A sociedade maia era muito rígida e hierárquica, sendo que não havia
a mobilidade social. Era composta pela camada dos nobres: governantes,
sacerdotes, cobradores de impostos e chefes militares. Havia também uma
camada intermediária, composta por escribas, pintores, escultores. A
camada mais baixa era formada por camponeses (atividades agrícolas) e
artesãos (produziam peças de vestuário, utensílios domésticos, armas e
joias).
73
SISTEMA DE NUMERAÇÃO MAIA
Disponível em:
https://www.google.com/search?q=escrita+maia&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi4h6n2hafoAhXFDrk
GHSNYDV4Q_AUoAXoECA8QAw&biw=1366&bih=625
74
Desenvolveram conhecimentos na área da arquitetura com suas pirâmides,
geralmente, edificadas em homenagem aos deuses.
Os maias não acumulavam capital, nem pedras preciosas. Essa
civilização entrou em declínio por razões desconhecidas. Os historiadores
não sabem ainda por que a cidade sede deixou de ser habitada. Quando os
espanhóis chegaram ao local, ela já estava abandonada. Há descendentes
maias até os tempos atuais, entretanto, sua cultura sofreu influência devido
à colonização espanhola.
Os Astecas
O povo asteca foi uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que
se desenvolveu, principalmente, entre os séculos XIV e XVI. Tenochtitlán
(atual Cidade do México), era a cidade asteca mais importante, localizada
na região de pântanos, próxima do lago Texcoco. Em 1450, contavam com
uma população de cerca de 300 mil habitantes.
75
https://www.coladaweb.com/historia/astecas-incas-e-maias
76
A cidade de Teotihuacán era o centro do império. Veja na imagem a
seguir o que restou desse local.
CIDADE DE TEOTIHUACÁN (CENTRO DO IMPÉRIO ASTECA)
ATUAL CIDADE DO MÉXICO
https://www.viagensecaminhos.com/2019/03/piramides-de-teotihuacan.html
77
aos dos maias. Criaram a escrita figurativa. Tinham bibliotecas e
desenvolveram jogos, cantos, danças, poesias e jogos dramáticos.
A imagem a seguir ilustra a Pedra do Sol – um tipo de calendário solar
com 18 meses, com 20 dias cada.
78
TENOCHTITLÁN - A CAPITAL ASTECA
http://astecasgeo.blogspot.com/2013/08/blog-post_4741.html
79
Caderno de atividades – Unidade 3 – Capítulo 1: Os povos
originários da América
Os incas
https://dougnahistoria.blogspot.com/2015/09/
80
A terra era dividida em três partes: terra do deus Sol, reservada aos
sacerdotes; terra do Inca (imperador), destinada à família imperial e a terra
para a população, para garantia do próprio sustento.
O estado inca constituía uma teocracia (forma de governo escolhida
pelos deuses e exercida por um representante na Terra, ou seja, o estado
sofria fortes influências da religiosidade). O Inca e sua família estavam no
topo da sociedade, depois vinham os nobres, os parentes do imperador, os
governadores das províncias, chefes militares, juízes e sacerdotes. Em
seguida, estavam os funcionários públicos. E por fim os agricultores,
marceneiros, artesãos e pedreiros em regime de servidão.
A capital do império era a atual cidade de Cusco (em quíchua, "Umbigo
do Mundo").
Ilustração de chasqui
81
estradas e pontes. O caminho inca Qhapag Ñan foi declarado, em 2014,
Patrimônio Mundial da Humanidade.
https://whc.unesco.org/es/actividades/65/
82
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viracocha
83
Fazendas com terraços no Peru: os terraços permitiram que os agricultores incas
utilizassem o terreno montanhoso e cultivassem cerca de setenta culturas
diferentes.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Terraceamento.
84
decimal conhecido como quipo, que permitia controlar estoques de
alimentos e pagamentos de tributos.
85
Durante o processo de colonização europeia, o território Inca foi
totalmente dominado pelos espanhóis.
A ocupação dos territórios incas pelos espanhóis levou à colonização
daquela região, correspondente ao atual Peru, e ao surgimento do Vice-
Reino do Peru. Os espanhóis dominaram e destruíram as cidades incas e
astecas, pois dispunham de cavalos, armas de fogo e outros instrumentos,
além de doenças que essas civilizações não conheciam. As diferenças
culturais eram enormes, dentre elas, a religiosidade e a relação com o ouro
e a prata.
86
UNIDADE 3
OS POVOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA
87
Os povos indígenas utilizavam conhecimentos e técnicas que
desenvolveram ao longo de milhares de anos e eram transmitidos de
geração em geração. Conheciam e respeitavam a natureza, porque dela
dependiam o sustento e a vida da comunidade. Por isso, conseguiram
sobreviver nas florestas e delas retirar os alimentos e materiais de que
precisavam.
Os indígenas se relacionavam com a natureza de forma diferente.
Muitos grupos classificavam as estrelas em constelações, como, por
exemplo: a do homem velho, da ema, da anta do norte e do veado.
CONSTELAÇÕES INDÍGENAS
https://www.google.com/search?q=constela%C3%A7~es+indigenas&oq=constela%
C3%A7~es+indigenas&aqs=chrome..69i57j0l7.7696j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-
8. Acesso em 27/03/2020.
88
Muitas tribos utilizavam enfeites plumários e faziam pinturas corporais
geométricas com uso de urucum, jenipapo, carvão e calcário.
Os conhecimentos indígenas foram fundamentais para a
sobrevivência dos colonizadores naquela época. O trabalho, geralmente,
era coletivo, e o que obtinham através da agricultura, caça, pesca e coleta
era dividido entre as pessoas da comunidade.
89
parentesco e de alianças. Além de a grande família ser a base da
estrutura social, os povos indígenas nativos também estabeleciam
alianças entre si. O objetivo era compartilhar interesses, espaços
territoriais, recursos naturais ou lutar contra inimigos comuns.
A realização de festas, cerimônias e rituais religiosos também era
característica comum entre os povos indígenas.
90
Mesmo que haja características comuns ou semelhanças entre
alguns aspectos da organização social e do modo de vida dos povos
indígenas (do Paraná, do Brasil e da América como um todo), havia uma
diversidade de etnias, línguas, culturas, conhecimentos, civilizações,
religiões e organizações sociais diversas.
O povo Xetá
O povo Xetá pertencia ao tronco Guarani e foi o único povo
encontrado somente no Paraná. Habitava a região da Serra dos Dourados,
entre os rios Paraná e Ivaí, no Noroeste do Estado. Não permanecia no
mesmo lugar por muito tempo.
91
Fonte: http://www.arara.fr/Indios%20Xetas%20no%20Parana.pdf
92
floresta, em lugares elevados, para se protegerem do frio e do vento. Nas
aldeias eram formados agrupamentos de 3 a 5 tapuy.
Fonte: http://www.arara.fr/Indios%20Xetas%20no%20Parana.pdf.
Acesso 22/11/2019.
93
http://www.arara.fr/Indios%20Xetas%20no%20Parana.pdf
94
O povo Guarani
O povo Guarani compõe a maior etnia em número de população
indígena do Brasil. Anterior à colonização, habitava a região litorânea no
sul do nosso país, o que compreendia a região entre Cananeia, no litoral
sul de São Paulo, e o Rio Grande do Sul, o Estuário do Prata, às margens
do Rio Paraná, parte do Território do Paraguai, Argentina, Uruguai e
Bolívia. A língua falada por essa nação indígena é a Tupi.
95
capivaras, com o uso de lâminas de machado polidas e lascadas.
Plantavam e consumiam milho, mandioca, batata-doce, feijão, banana,
melancia, amendoim, ervas, que utilizavam como medicamentos, e erva-
mate. Por isso eram considerados agricultores. Praticavam a agricultura de
coivara (queima de restos de vegetação em que as cinzas servem de
adubação para o posterior cultivo). Abandonavam, por um determinado
tempo, a área que cultivavam, mudando-se em busca de terra fértil.
Somente depois de um tempo, voltavam a plantar a área anteriormente
abandonada. Dessa forma, eram considerados seminômades.
Suas cabanas eram retangulares e de chão batido, construídas com
folhas de palmeiras e com um tipo de capim na cobertura. Havia, no centro
da aldeia, a casa de rezas, conhecida como Opy. Sepultavam seus mortos
às margens dos rios.
A criança Guarani não recebia nome antes de aprender a engatinhar,
ou até um pouco mais de um ano, sendo todos denominados de
“curumim”.
Utilizavam vários adornos na cabeça e dorso, feitos de sementes,
dentes de animais, penas de aves e pedras polidas. Inseriam, no queixo,
adornos feitos de madeira ou resina.
96
Disponível em: http://ubafibras.blogspot.com/2010/02/indios-
guaranis-comecamos-2010-com-uma.html. Acesso em
22/11/2019.
Disponível em:
http://amora2009portuguesescultura.pbworks.com/w
/page/12648010/guarani. Acesso em 22/11/2019.
97
Caderno de atividades – Unidade 3 – Capítulo 2: A organização
social dos povos indígenas do Brasil e do Paraná
O povo Kaingang
Os Kaingang habitavam vários pontos do Estado do Paraná e foram
perdendo território com o processo de colonização. Eles foram
encontrados no centro sul do Brasil, onde, atualmente, localizam-se os
Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná (região de
Guarapuava, Palmas, sertões do Tibagi e Ivaí) e São Paulo.
Disponível em:
http://culturasindigenas.org/peoplegroups/load_data/101?wh
at=initiatives. Acesso em 22/11/2019.
98
Considerados agricultores, tinham como base alimentar o milho, a
partir do qual era produzida uma bebida fermentada conhecida como kiwi.
Cultivavam também abóbora, feijão e mandioca. O pinhão consistia em
uma importante alimentação, consumido após assado em brasas, ou em
forma de pão e sopa. Tinham preferência por carne de anta, queixada e
aves, ovos, estipe de jerivá ou de palmeira juçara, raiz de bromélia,
gravatá. Consumiam ainda larvas de insetos e mel de abelha.
A moradia Kaingang era conhecida como choça. As choças eram
retangulares ou redondas, construídas com varas fincadas no chão e
cobertas com folhas de taquara e de palmeira. Construíam suas
habitações tanto fixas, como possíveis de serem transportadas nos
períodos de caça e coleta.
Disponível em:
http://1.bp.blogspot.com/_q_ivp6S3sGM/Saiu3OK2s5I/AAAAAAAACfU/
oebNw9Prh10/s1600-h/indio_o1.jpg. Acesso 22/11/2019.
99
Enfeitavam-se com colares feitos de sementes pretas e garras de
animais. Os habitantes da região de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
usavam uma espécie de prego de madeira nos lábios. O cacique usava,
na altura da testa, uma plumagem em forma de leque.
100
erva-mate se originou de hábitos indígenas, era usada como estimulante
para amenizar o cansaço após longas caminhadas pela floresta em busca
de comida durante a caça e a pesca.
Leitura complementar:
101
projeto político dos europeus, que os povos indígenas não conheciam e
não podiam adivinhar qual fosse.
A partir do contato, a cultura dos povos indígenas sofreu profundas
modificações, uma vez que, dentro das etnias ocorreram importantes
processos de mudanças socioculturais.
Viver a memória dos ancestrais significa projetar o futuro, a partir das
riquezas, dos valores, dos conhecimentos e das experiências do passado
e do presente, para garantir uma vida melhor e mais abundante para todos
os povos. Mas essa abundância de vida, buscada por todos os povos do
mundo, para os povos indígenas passa necessariamente pela manutenção
dos seus modos próprios de viver. O que significa formas de organizar
trabalhos, de dividir bens, de educar filhos, de contar histórias de vida, de
praticar rituais e de tomar decisões sobre a vida coletiva.
Dessa maneira, os povos indígenas não são seres ou sociedades do
passado. São povos de hoje, que representam uma parcela significativa da
população brasileira e que, por sua diversidade cultural, territórios,
conhecimentos e valores ajudaram a construir o Brasil.
Texto (com adaptações) extraído da apresentação da obra: O Índio Brasileiro: o que você precisa
saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje de Gersem dos Santos Luciano. Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu
Nacional, 2006, p. 17-18.
102
UNIDADE 4
O MERCANTILISMO E A EXPANSÃO MARÍTIMA
...Um país rico, tal como um homem rico, deve ser um país com muito dinheiro e juntar
ouro e prata num país deve ser a forma mais fácil de enriquecer...
(História da riqueza do Homem. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1972, p. 130)
103
O Mercantilismo
Do século XV ao XVIII, ocorreram grandes transformações na
organização do trabalho, da produção, do comércio, da política, da
sociedade e da vida na Europa. Esse conjunto de transformações é
conhecido como Mercantilismo.
O Mercantilismo foi caracterizado como um conjunto de práticas
econômicas desenvolvidas com o objetivo principal de organizar o
comércio a fim de acumular riquezas para as nações. Foi o que possibilitou
a consolidação da sociedade europeia em Estados Nacionais (ou países).
Isso se deu principalmente pela ocupação de novos territórios por
povos europeus, que se apossaram das matérias-primas mais valiosas e
pela prática do domínio comercial dos países colonizadores sobre suas
colônias. Essas práticas permitiram melhorar a infraestrutura de alguns
países europeus, gerando prosperidade e acúmulo de riquezas,
principalmente de metais preciosos, como o ouro e a prata, retirados das
colônias.
O acúmulo de riquezas possibilitou a esses países desenvolver o
comércio com outros povos e aperfeiçoar os meios de transporte, de modo
especial, o marítimo.
As ideias econômicas mais aceitas, naquela época, ensinavam que o
enriquecimento das nações e o seu desenvolvimento econômico eram
gerados pelo acúmulo de riquezas. Quanto mais ouro e prata uma nação
possuía, maior era a capacidade de comprar e consumir os bens de que
necessitava ou almejava.
Essas ideias motivaram os países a se desenvolver através do
comércio exterior, vendendo os excedentes da produção e comprando
aquilo de que precisavam e, geralmente, não produziam.
104
Portugal e Espanha foram os países europeus que se destacaram nas
práticas mercantilistas, conquistando vários povos, entre eles,
praticamente todo o território atualmente ocupado pela América do Sul,
onde está localizado nosso país. Esses dois países conseguiram acumular
muitas riquezas e se tornaram influentes e desenvolvidos na época.
As práticas mercantilistas foram primordiais para o desenvolvimento
dos Estados Nacionais. No entanto, quem mais se beneficiava diretamente
da riqueza acumulada eram os reis, sua família e a corte.
Foi a necessidade de expandir o comércio mercantil que motivou
alguns países europeus a estabelecer negócios com nações distantes.
Passaram a realizar atividades comerciais com alguns países da Ásia,
como a Índia, por exemplo. Para tanto, precisaram aperfeiçoar e
desenvolver embarcações resistentes a longas viagens, uma vez que o
transporte marítimo foi uma das saídas encontradas para levar e trazer as
mercadorias.
105
Os governos (reis) controlavam todas as práticas comerciais para
proteger e beneficiar a produção interna e evitar a concorrência com
produtos de outros países. Essa prática favoreceu o crescimento da
atividade comercial. A Coroa mantinha com a colônia práticas de
monopólio econômico, não permitindo que a colônia comprasse ou
vendesse produtos de outros países.
Monopólio: 1. Comércio abusivo que consiste em um indivíduo ou grupo
tornar-se único possuidor de determinado produto para, na falta de
competidores, poder vendê-lo por preço exorbitante. 2. Posse exclusiva,
propriedade de um só.
106
Caderno de atividades – Unidade 4: O Mercantilismo e a Expansão
Marítica
A expansão marítima
107
circulação de mercadorias. Era preciso, portanto, procurar novas
fontes de ouro e de prata para a produção de moedas;
domínio das rotas nas cidades italianas no Mediterrâneo, que
contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente;
os mulçumanos passaram a controlar o comércio no Mediterrâneo.
Todos esses fatores impulsionaram a busca de novas rotas para os
mercados tradicionais do Oriente.
Fonte: ARRUDA, J.J. Toda a história- História Geral e história do Brasil. Editora Ática 13ª edição. São
Paulo, 2012.
108
Os principais agentes do desenvolvimento da expansão marítima
nesse processo foram os novos Estados Nacionais e a burguesia
mercantil, apoiados pela igreja Católica. A burguesia mercantil visava a
ampliar seus lucros; a nobreza desejava conquistar novas terras e a igreja
queria expandir o cristianismo. Além dos fatores econômicos, havia
também o desejo de conhecer, o sentimento aventureiro e o empenho
religioso era propagar a fé cristã, convertendo o maior número de pessoas.
No final do século XVI, já havia muitos avanços relacionados às
navegações, como, por exemplo, o aprimoramento dos conhecimentos
geográficos, graças ao desenvolvimento da Cartografia; o
desenvolvimento de instrumentos náuticos (bússola, astrolábio, sextante) e
a construção de embarcações capazes de realizar viagens de longa
distância, como as naus e as caravelas. Isso possibilitou aos portugueses
e espanhóis o pionerismo em viagens marítimas longas.
Caravela
Sextame
109
Com essas viagens, espanhóis e portugueses chegaram à América,
alteraram o modo de vida dos nativos, colonizaram a terra e se
apropriaram de muitas riquezas que havia nesse continente, através da
implantação do sistema colonial e do trabalho escravo.
110
Por sua vez, o território que futuramente se constituiria como
Espanha abrangia os reinos de Castela e Aragão. Os dois reinos ainda
estavam sob domínio muçulmano. Em 1469, os reinos se uniram através
do casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, formando a
Espanha Moderna. Com a união dos reinos, a Espanha conseguiu
retomar, em 1492, o território de Granada que estava sob domínio
muçulmano.
Veja no mapa a seguir o reino de Granada.
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_nasrida_de_Granada
111
Disponível em: http://www.invinoviajas.com/2015/05/os-vikings-
cristovao-colombo-e-o/
112
Disponível em: http://invinoviajas.blogspot.com/2015/06/conheca-o-
vinho-que-estava-na-frota-de.html
113
Principais conquistas da expansão Principais conquistas da expansão
marítima portuguesa: marítima espanhola:
1415: Tomada de Ceuta, importante 1492: Chegada de Colombo a um
entreposto comercial no norte da África; novo continente, a América;
1418 – 1419: Ocupação das ilhas do 1513: Vasco de Balboa cruza a
arquipélago da Madeira; América Central, chegando ao oceano
1427 – 1428: Chegada à ilha de Pacífico;
Açores no Atlântico; 1504: Américo Vespúcio afirma que a
1434: Chegada ao Cabo Bojador; terra descoberta por Colombo era um
1445: Chegada a Cabo Verde; novo continente;
1487 – 1488: Bartolomeu Dias e a 1519 – 1522: Fernão de Magalhães
transposição do Cabo das Tormentas iniciou a primeira viagem de circum-
ou Cabo da Boa Esperança; navegação da Terra, sendo concluída
1498: Vasco da Gama chega às Índias; por sua tripulação, após a sua morte.
1500: Viagem de Pedro Álvares Cabral
ao atual território do Brasil.
114
O Tratado de Tordesilhas
115
Disponível em:
https://querobolsa.com.br/enem/historia-
brasil/tratado-de-tordesilhas
116
TRATADO DE TORDESILHAS
Disponível em:
http://penta2.ufrgs.br/rgs/historia/tordesilhas.html
117
recebiam pouco pela atividade que exerciam e, em muitos casos, não
recebiam nada. A prática da escravidão era comum. Além de escravizar os
nativos, milhares de pessoas foram trazidas do continente africano para
trabalhar como escravos nas colônias europeias.
As colônias eram proibidas, pelos monarcas, de comercializar seus
produtos diretamente com outras nações. Também não podiam se dedicar
à indústria e à navegação. Isso as deixava em condição de dependência
de sua Coroa. O comércio com as colônias era exclusividade da burguesia
mercantil, que vendia produtos manufaturados e escravos a preços
elevados e adquiriam as mercadorias coloniais a preço reduzido.
O objetivo de manter grandes regiões sob domínio foi enriquecer as
metrópoles, através da exploração dos produtos coloniais e do trabalho
humano. Isso permitiu sustentar a nobreza, o clero, os soldados e
comerciantes e manter a subsistência do povo.
O Brasil foi colônia de Portugal durante muito tempo, de 1500 a
1822. Foram 322 anos de domínio e submissão. Nesse período, madeiras,
ouro, prata e açúcar foram levados daqui para Portugal. Nossas riquezas
foram apropriadas pela família real, a nobreza e a burguesia portuguesa.
Já grande parte do território ocupado pelo Paraná pertencia à Espanha,
inicialmente. Mas, com o passar do tempo, foi ocupado e colonizado pelos
portugueses.
A expansão marítima portuguesa e o monopólio comercial que
exercia sobre a exploração dos produtos coloniais permitiram à monarquia
de Portugal sustentar o luxo da nobreza, do clero e garantir certo conforto
a uma parte da população ocupada, através do comércio que Portugal
estabelecia com outros países.
No entanto, como este país não desenvolveu manufaturas para
produzir artigos de consumo interno ou para exportação, enfrentou graves
problemas econômicos com o declínio do Mercantilismo, porque grande
118
parte das riquezas que havia apropriado de suas colônias foi utilizada
para a importação de produtos manufaturados de outros países europeus,
para atender às necessidades de consumo da Corte, do exército e da
população das cidades ou das colônias que tinha sob controle e domínio.
LEITURA COMPLEMENTAR
O desafio de se aventurar em alto-mar
O ato de navegar pelos oceanos, atualmente, é algo muito
corriqueiro, no entanto, nos séculos XV e XVI, era uma tarefa muito
incerta, principalmente, quando se tratava de mares desconhecidos. Os
europeus tinham a experiência de navegar pelo Mediterrâneo, utilizando
embarcações mais rudimentares.
O conhecimento mitológico e a teoria Geocêntrica era o que
predominava naquela época. Por isso era muito comum a crença na
existência de monstros marinhos. Além disso, tinham o entendimento de
que a Terra era algo plano e, portanto, ao navegar para o "fim", a
embarcação poderia cair num abismo. A teoria do Geocentrismo era
defendida pela Igreja e os que tinham posições diferentes sofriam sérias
perseguições.
119
Disponível em:
http://outlander-viajandonahistoria.blogspot.com/2013/11/expansao-
maritima-europeia.html
120
UNIDADE 5
OCUPAÇÃO PORTUGUESA
121
as comunidades indígenas estavam organizadas? Como trabalhavam?
Por que os portugueses conseguiram conquistar/ocupar essas terras?
Como se deu o processo de conquista desse espaço? Quais foram os
principais interesses que motivaram a ocupação e colonização desse
espaço pelos europeus? Quais foram as mudanças que ocorreram a
partir da ocupação portuguesa nessa região?
122
Disponível em: http://operariodasletras.blogspot.com/2013/11/a-
historia-de-jataizinho-e-antiquissima.html. Acesso em 21-11-2019
123
TRATADO DE TORDESILHAS
Fonte: BARROS. Darci Alda. Paraná: povo e chão em tranformação: geografia regional, 4. Ou 5. Ano –
3° edição – Curitiba, PR: Base Editorial, 2011. Adaptado do Atlas geográfico escolar, IBGE, 2002. p. 97.
124
Observe a imagem a seguir e discuta com seus colegas sobre as
seguintes questões:
a) O que esse quadro retrata?
b) Em que época isso aconteceu? Onde isso ocorreu? Que elementos
compõem este lugar?
c) Como são as pessoas retratadas na imagem?
d) Como você imagina que foi esse encontro?
e) Se um indígena fizesse um quadro sobre esse acontecimento, como
você acha que seria esse quadro?
f) Como é possível alguém retratar algo que aconteceu antes mesmo
de ter nascido? Em que o artista pode ter se baseado?
Desembaque de Cabral em Porto Seguro – Oscar Pereira da Silva – 1902 (Acervo - Museu Paulista).
125
Pedro Álvares Cabral, composta por cerca de 1500 homens, entre
soldados, tripulantes e religiosos.
Ao chegar em território do atual Brasil, os portugueses, inicialmente,
o chamaram de Ilha de Vera Cruz. Além dessa nomenclatura, a nova terra
foi denominada de Terra de Santa Cruz, Terra dos papagaios, e,
finalmente em 1503, Terra do Brasil.
O primeiro documento que registra a chegada à nova terra é a carta
escrita por Pero Vaz de Caminha (escrivão da armada de Pedro Álvares
Cabral), destinada a El Rei D. Manuel I. Nessa carta, datada de 1º de maio
de 1500, Caminha comunica ao rei de Portugal o encontro da nova terra e
faz uma descrição do povo que a habita, o povo indígena.
126
ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do
homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e
dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com
isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com
quanto trigo e legumes comemos.
E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns
diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-
se então para a outra banda do rio Diogo Dias, o qual é homem gracioso
e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se
a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e
andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali
muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles
espantavam e riam e folgavam muito.
E estiveram um pouco afastados de nós; mas depois pouco a pouco
misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam; mas alguns deles
se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por
alguma carapucinha velha e por qualquer coisa.
A obra: A primeira missa no Brasil, de 1861, de Victor Meireles, mostra uma imagem
idealizada da conquista portuguesa: índios assistem à missa junto com os
portugueses (Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro).
127
A Carta de Caminha retrata o momento em que ocorreu a 2ª missa.
Na sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saiu em terra
com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul
onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista.
E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam de fazer a cova para a fincar.
E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio
abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam,
à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já aí
quantidade deles, uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram
chegar, alguns se foram meter debaixo dela, ajudar-nos. Passamos o rio,
ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de ficar. Andando-se ali
nisto, viriam bem cento cinquenta, ou mais. Plantada a cruz, armaram
altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada
e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de
cinquenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como
nós. E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes
falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque
assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde
pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio
que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande,
que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E
por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar.
Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma mulher,
moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se
cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-se, não se
lembrava de o estender muito para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência
desta gente é tal que a de Adão não seria maior — com respeito ao
pudor.
Ora veja Vossa Alteza quem em tal inocência vive se converterá,
ou não, se lhe ensinarem o que pertence à sua salvação.
Acabado isto, fomos perante eles beijar a cruz. E despedimo-nos e
fomos comer.
128
A exploração do pau-brasil
Nos primeiros tempos após a chegada dos portugueses ao atual
território brasileiro, a Coroa preocupava-se em explorar o litoral, coletar
especiarias e combater traficantes de outros países. Naquele período, o
produto mais valioso era o pau-brasil, madeira da qual se extraía uma tinta
vermelha, muito utilizada na Europa no tingimento de tecidos.
129
O pau-brasil é uma árvore típica do território brasileiro (nome científico
-Caesalpinia Echinata). Sua madeira é considerada nobre. Podendo atingir
30 metros de altura e 1,5 metros de tronco, essa árvore possui um interior
de forte coloração vermelha, num tom que se assemelha a brasas de fogo,
daí o nome dado em Língua Portuguesa.
A madeira do pau-brasil produz uma tinta rubra usada para tingir
tecidos e móveis e chamava muita atenção na Europa, pois os produtos
feitos com essa madeira ou coloridos por sua tintura tinham um alto valor.
130
Caderno de atividades – Unidade 5: Ocupação Portuguesa
131
Quando os portugueses chegaram ao atual território brasileiro, este
já era ocupado há milhares de anos. Os europeus entendiam que os
habitantes daqui tinham uma cultura inferior a sua e, por isso, precisavam
ter os mesmos costumes que eles, ser convertidos ao cristianismo e
respeitar o rei português.
O litoral paranaense foi a primeira região do nosso Estado a ser
ocupada pelos portugueses, porque somente uma pequena parte das
terras próximas ao Oceano Atlântico pertencia a Portugal pelo Tratado de
Tordesilhas e o acesso pela água era o principal meio de transporte nesta
época.
132
posse das novas terras era a colonização, tendo que transferir recursos
econômicos, enviar mão de obra e equipamentos.
Assim, em 1530, uma grande expedição comandada por Martins
Afonso de Souza chegou às novas terras com objetivo de: buscar ouro e
prata, expulsar os franceses, organizar núcleos de colonização e defesa e
expandir o domínio português até o curso do rio da Prata (devido ao fato
de esse local ser o acesso para as minas de prata do Império Inca),
desrespeitando o Tratado de Tordesilhas.
A forma encontrada para garantir a posse das terras foi dividi-las em
capitanias hereditárias.
As Capitanias hereditárias
133
Disponível em: https://escola.britannica.com.br/artigo/capitania/483156. Acesso 05/10/2019.
134
pagos pelos colonos. Definia, ainda, o que pertencia à Coroa e ao
donatário.
Através da Carta de Doação, o donatário recebia a posse da terra,
podendo transmiti-la aos filhos, mas não podia vendê-la. Dividia sua
capitania em sesmarias de dez léguas de costa. Devia fundar vilas,
distribuir terras a quem desejasse cultivá-las, construir engenhos, entre
outras atividades.
O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem
colonizá-las e defendê-las, tornando-se, assim, colonos. A sesmaria
baseava-se na distribuição, pelos donatários, de terras destinadas à
produção.
Havia muitas dificuldades em colonizar essas terras devido à
distância em relação à Coroa e por ser um território desconhecido. Por
isso, muitos donatários fracassaram nesse processo, prosperando
somente Martim Afonso de Souza, em São Vicente, e Duarte Coelho, em
Pernambuco. Apesar de não se desenvolver conforme as expectativas,
esse sistema vigorou até 1759.
O produto escolhido para fixar os colonizadores nas capitanias que
prosperaram foi a cana-de-açúcar, pela sua adaptação ao clima e ao solo
da região tropical e ao valor comercial do açúcar naquela época. A escolha
se deu também pela experiência que os portugueses tiveram com os
produtores de açúcar nas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde).
A produção de açúcar nas referidas capitanias tinha três
características principais: grande propriedade rural, monocultura e
trabalho escravo, inicialmente, dos indígenas, entretanto, os nativos não
se submeteram facilmente às exigências das atividades.
135
O Governo-Geral
136
Nóbrega, encarregados da catequese dos indígenas e de consolidar,
através da fé, o domínio do território pela Coroa portuguesa.
Outros governadores, na sequência, entre eles: Duarte da Costa
(1553 - 1557) e Mem de Sá (1557 - 1572), reforçaram a defesa das
capitanias, fizeram explorações de reconhecimento da terra e tomaram
outras medidas no sentido de reafirmar e garantir a colonização.
A administração das primeiras vilas e cidades passou a ser feita por
Câmaras Municipais, compostas por três ou quatro vereadores, eleitos
pelos homens bons (proprietários de terras — elite local), presididas por
um juiz, o qual era escolhido da mesma maneira. As Câmaras Municipais e
os governos das capitanias não se submetiam facilmente ao Governador-
Geral, o que gerava conflitos, pois os donatários já estavam habituados
com uma forma mais autônoma de administração.
Com o passar dos anos, a maioria das capitanias tornaram-se
províncias.
Província é uma divisão territorial, política e administrativa usada em
certos países. Essa organização foi utilizada no período do Brasil
Imperial.
Os jesuítas
137
fundaram aldeamentos, conhecidos como reduções, para reunir e
catequizar os nativos, e construíram colégios que se tornaram centros de
referências da cultura colonial.
Em 1552, instalaram o primeiro bispado em Salvador, tendo como
seu titular o bispo Pero Fernandes Sardinha, que logo teve divergências
com os jesuítas a respeito dos povos nativos. O bispo defendia que os
indígenas só poderiam ser batizados quando falassem português, se
vestissem e se comportassem como europeus.
Devido aos inúmeros conflitos, inclusive com o Governador-Geral
Duarte da Costa, o referido bispo foi chamado de volta a Portugal. No
entanto, o navio que o levava naufragou e os que sobreviveram foram
devorados pelos índios Caeté. Esse episódio fez com que toda a
população Caeté e seus descendentes fossem condenados à escravidão.
Disponível em:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiado
brasil/jesuitas.htm. Acesso em: 10/10/2019.
138
A catequese, na qual era pregado que a verdade ou autoridade era
proveniente de Deus, buscava a interação dos padres com os nativos.
Essa prática ensinava-os a não ser negligentes, imorais e vagabundos
frente aos representantes do Senhor (sacerdotes, rei), ou seja, respeitar o
homem branco, os bons costumes e valorizar as trocas.
Os padres jesuítas utilizaram diversas estratégias sacras ou
sagradas e profanas para atingirem os objetivos almejados. Iniciaram
utilizando-se das expressões artísticas mais simples para os índios, como
a dança, o canto e o uso de instrumentos musicais, pois eram emotivos e
sensíveis, e os consideravam como atos sagrados. Aos poucos, os
jesuítas foram transformando o que era um ato comum em ofício, em
função honrosa.
Dentre as estratégias sagradas, temos as missas, os sermões e as
procissões.
As missas: Eram preparadas minuciosamente e compostas de coro,
procissão, ação/espetáculo e seguiam o calendário do Ano Litúrgico
Romano. Havia toda uma organização, inclusive na ocupação de lugares
na igreja, onde as pessoas eram classificadas quanto ao sexo e idade.
As procissões: Eram consideradas um grande espetáculo festivo
para impressionar e cativar o índio. Todos os acontecimentos do dia a dia
eram motivos para a sua realização.
Os sermões: Em seus sermões, os padres utilizavam-se da
expressão corporal, gestos e ação dramática, proporcionando momentos
mágicos, de glória e êxtase (Exemplos de Sermões: Inferno, Juízo Final,
Velho Testamento...).
Outras estratégias consideradas profanas eram utilizadas pelos
padres, tais como: a poesia e o teatro.
A poesia entrou no mundo dos nativos, trazendo significados
coloniais. Os primeiros registros poéticos são do padre Anchieta, escritos
139
em tupi, mas com ritmo e significados coloniais. Uma característica dessas
poesias é a despreocupação com o rigor dos acontecimentos dos fatos
históricos, mesclando assim o cristianismo com mitologia, alegorias,
fábulas, mistérios. O mundo mágico exige apenas a emoção do aprendiz.
O teatro, por sua vez, utilizou-se também da emoção e,
principalmente, do humor e da alegria. O conteúdo do enredo era de
formação religiosa e moral, como: Fé, Prudência, Pobreza, Amor, Temor a
Deus, etc. Os atores, para finalizar a apresentação, atraíam o auditório a
participar de desfiles, procissões, finalizando com a bênção do padre. Os
Autos eram escritos em 4 línguas: latim, português, espanhol e tupi.
No teatro, os personagens do “Bem” eram representados por anjos,
santos e virgens. Os personagens do “Mal” tinham característica e
costumes indígenas. Também apresentavam uma aparência assustadora,
pois tinham chifres, garras e eram fedorentos e todos recebiam nomes
indígenas. O teatro apresentava um conteúdo mágico, religioso, lúdico,
oferecendo à plateia sempre um final feliz, facilitando o convencimento dos
índios a absorverem conteúdos sociais que não são seus.
Os indígenas, muitas vezes, rebelavam-se com violência, mas com o
tempo, muitos passaram a temer a morte, o inferno, doenças, armas de
fogo e os castigos, principalmente, por adultério e antropofagia
(canibalismo).
A educação para a obediência era utilizada como alicerce para a
formação do hábito de trabalho e a definitiva eliminação dos antigos
costumes. Ela facilitaria e garantiria a terra para os colonizadores.
Texto elaborado com base na dissertação de Mestrado: Educação Jesuítica no Brasil - Colônia:
a coerência da forma e do conteúdo - NEVES, Fátima Maria.
140
O sistema de capitanias hereditárias e sesmarias como
estratégia de ocupação portuguesa do espaço paranaense
http://conteudosdehistoriadopr.blogspot.com/p/pas.html
141
Nesta região havia também posseiros que ocupavam pequenas
propriedades, localizadas próximas a povoados ou estradas, destinadas
basicamente à subsistência.
A ocupação do litoral paranaense se deu, primeiramente, por
iniciativa oficial. Mas foram os aventureiros, bandeirantes e colonos que
ampliaram o domínio português para além do Tratado de Tordesilhas, se
apropriando de grandes ou pequenas áreas da região de Curitiba e dos
Campos Gerais.
142
Os Bandeirantes - Foto: Domínio Público
Essa aventura foi efetuada também por muitas pessoas que tinham a
ambição de encontrar pedras e metais preciosos no sul do Brasil.
A ocupação do litoral paranaense pelos portugueses foi motivada,
inicialmente, pelo garimpo do ouro. Em 1578, já existiam garimpos
instalados e funcionando na região.
O garimpo no litoral paranaense se deu basicamente através da
exploração do leito dos rios da região, para explorar o chamado ouro de
aluvião, que recebeu esse nome por ser encontrado misturado ao barro e
outros sedimentos depositados no canal dos rios.
Esse tipo de garimpo se estendeu ao longo de vários anos para a
região da Serra do Mar, Curitiba e outros rios localizados no primeiro
planalto paranaense. Por isso, a região litorânea e a do primeiro planalto
foram ocupadas pelos mineradores, que organizaram alguns povoados,
como Paranaguá, Iguape e Curitiba.
Como os garimpeiros precisavam se locomover muito atrás de novas
áreas para serem exploradas, uma vez que o ouro do leito dos rios era
pouco, o transporte dos equipamentos e do ouro encontrado pelos
mineradores, geralmente, era feito pelos índios que viviam na região.
143
Em torno da atividade mineradora, gradativamente, comunidades
iam se formando. Várias atividades foram organizadas com a preocupação
principal de manter a subsistência destes povoados, como o cultivo de
lavouras para a produção dos alimentos e criação de animais. Também
foram iniciadas atividades comerciais.
144
UNIDADE 6
OCUPAÇÃO ESPANHOLA
Quadro de 1892 retrata a chegada dos espanhóis na
A m
Quadro de 1892 retrata a chegada dos espanhóis na
América, em 1492.
Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-
moderna/conquista-da-america-espanhola.htm. Acesso em 22/11/2019.
145
começou com a chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, a serviço da
Espanha, quando procurava um novo caminho para as Índias.
Nesse período, essas terras, mesmo sendo desconhecidas pelos
europeus, foram disputadas entre Portugal e Espanha. Para controlar a
disputa entre esses países, houve a intervenção da igreja Católica, que
sugeriu a divisão das terras descobertas e as que seriam ainda
encontradas. Por isso, Portugal e Espanha firmaram alguns acordos,
dentre eles, o Tratado de Tordesilhas.
A conquista da América pela Espanha aconteceu de forma
exploratória, isto é, os espanhóis não vinham para a América em busca de
terras para povoar, mas ocupavam o espaço, apropriando-se de suas
riquezas. Eles também dizimaram as populações indígenas, impondo sua
cultura, língua e religião.
Os espanhóis, da mesma forma que os portugueses, realizaram
várias expedições para descobrir novas terras que pudessem ser
exploradas. Os textos, na sequência, abordam de que forma ocorreu o
processo de ocupação desse território pelos espanhóis.
146
seguiram para o interior, percorrendo os caminhos utilizados pelas
comunidades nativas para seu deslocamento, como o Peabiru.
Como detentora de toda essa área, a Coroa Espanhola empreendeu
suas primeiras expedições exploratórias, já nos primeiros anos de sua
posse.
Entre elas destacamos:
A expedição do Navegador Juan Dias de Solis, em janeiro de 1516,
aportou na foz de um imenso rio, que, mais tarde, ficaria conhecido como o
rio do Prata. Essa expedição foi atacada e grande parte dos integrantes foi
morta pelos índios. Os que sobreviveram retornaram à Espanha, porém,
enfrentaram uma tempestade, que ocasionou o naufrágio de uma das
caravelas, levando os sobreviventes a viverem por muitos anos entre os
índios, o que desempenhou um importante papel na exploração do rio do
Prata e na colonização do sul do Brasil.
Em 1524, Aleixo Garcia, com mais alguns náufragos da expedição
de Solis e aproximadamente dois mil índios, partiu do litoral de Santa
Catarina rumo ao Peru, e às fabulosas riquezas do Império Inca. A
expedição de Aleixo Garcia, conduzida pelos nativos, venceu a Serra do
Mar e chegou a uma trilha indígena. Esse caminho era chamado de
Peabiru pelos índios, e não era apenas uma picada em meio à mata, era
praticamente uma estrada que cortava todo o território paranaense de
leste a oeste.
Depois dessa imensa jornada, que levou cerca de quatro meses para
ser concluída, Aleixo Garcia chegou ao seu objetivo, e, com um exército
formado por dois mil flecheiros, comandou o ataque a alguns vilarejos do
Império Inca.
147
Disponível em: http://claudiohistoria.blogspot.com/2012/01/o-
caminho-de-peabiru.html. Acesso em 22/11/2019.
148
MAPA DO PARANÁ MOSTRANDO O CAMINHO DO PEABIRU
Disponível em:
http://www.giamendesgoncalves.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?co
nteudo=9. Acesso em:22/11/2019.
149
Outra expedição, realizada por volta dos anos de 1543-1544, foi a do
Adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, que, após a fundação de
Buenos Aires e de outros núcleos urbanos, foi designado para comandar o
governo de Assuncion. Iniciou o movimento da fundação de povoados,
pois a Coroa Espanhola acreditava ser mais uma forma de garantir a
posse desses territórios.
Os adelantados, geralmente, eram pessoas influentes, que possuíam
muitos bens e capacidade suficiente para conquistarem terras ocupadas
pelos índios. Eram escolhidos pelas autoridades espanholas para governar
e administrar as terras da Coroa aqui na América.
150
Caderno de atividades – Unidade 6: Ocupação Espanhola
151
Dois anos depois, o capitão Ruy Dias Melgarejo, por determinação
do próprio Irala, fundou outra vila espanhola na região, nas proximidades
da foz do rio Piquiri. Esse novo local passou a ser chamado de Ciudad
Real Del Guairá e sua população era composta por dezenas de espanhóis
que haviam sido deslocados de Assuncion até a nova localidade.
Visto que o interesse da maioria dos espanhóis em explorar a região
era puramente econômico, e seus principais objetivos eram o
enriquecimento rápido e fácil, a Coroa Espanhola continuou suas
investidas em busca de metais preciosos pelo atual território paranaense.
Foi na procura por esses metais preciosos que, por volta de 1579,
estruturou-se um novo povoado, que foi denominado pelos espanhóis de
Vila Rica do Espírito Santo (atual município de Fênix), localizado às
margens do Rio Ivaí.
Essa denominação de Vila Rica deve-se ao fato de que foi
encontrado, na localidade, um grande número de cristais de rochas,
cristais estes que os espanhóis julgavam serem pedras preciosas de alto
valor. Após esse período, Vila Rica tornou-se um importante centro de
escravização de índios.
Texto adaptado do Livro Itaipulândia: Seu povo, sua origem, sua história, p. 16-20. Autores:
Rodison Scarpato e Iria Bruch Böhm .
Encomiendas
152
sistema, que ficou conhecido como encomiendas, originou uma condição
de escravidão dos indígenas.
Os primeiros povoados fundados pelos espanhóis eram organizados
em forma de encomiendas.
Encomienda era um sistema de trabalho obrigatório, realizado pelos
índios, sob a guarda de um fazendeiro, que era encarregado de protegê-
los e os usava como mão de obra. Era também o encarregado de pagar
os impostos à Coroa.
As reduções/missões jesuíticas
153
Observe no mapa a seguir:
154
MISSÕES/REDUÇÕES JESUÍTICAS EM TERRAS DO ATUAL
TERRITÓRIO BRASILEIRO
155
Veja a seguir o mapa da Província Espanhola Del Guairá (atual
Paraná) – séculos XVI e XVII e o nome das reduções:
Nossa Senhora
do Loreto;
Santo Inácio
Mini;
São Francisco
Xavier;
Anunciación;
São José;
São Miguel;
Santo Antônio;
São Pedro;
São Tomé;
Los Angeles; http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/ca
Concepción ou Santa Maria; dernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_unioe
ste_gestao_escolar_md_nestor_luiz_morgan.pdf
São Pedro e
Jesus Maria.
156
Os índios que se estabeleciam nessas reduções tinham direito a
habitações para as suas famílias. Os missionários também fixavam
residência no local.
No início das reduções, as casas e as demais construções não eram
de pedra, mas, no decorrer do tempo, passou-se a utilizar esse tipo de
material, e por isso as ruínas permanecem até os dias atuais. Nessas
comunidades, a infraestrutura era bem diferente das aldeias indígenas. Ao
redor da igreja, havia uma cidade bem organizada, com ruas, casas,
escolas, hospitais, asilos para os velhos, casas para as viúvas, alojamento
para os padres, oficinas e pequenas indústrias.
Veja na imagem a seguir como era a estrutura de uma redução
jesuítica:
157
Além da produção de alimentos, os indígenas tinham várias
ocupações, como a construção das casas, da igreja e das cidades.
158
Pode ser que as reduções localizadas no território paranaense não
fossem tão desenvolvidas como as de outras localidades que tiveram
maior tempo de existência. No entanto, essas comunidades possibilitavam
a satisfação das necessidades biológicas e culturais humanas. O trabalho
e a produção eram realizados coletivamente e distribuídos com o objetivo
de prover as necessidades de todos.
159
pois foi “original” em todos os seus aspectos, e único na dimensão que
atingiu. Em poucos anos, os missionários conseguiram aldear mais de cem
mil índios nas reduções, além de despertar nos “nativos” a disciplina e o
trabalho organizado.
O vasto território das reduções no Paraná abrigou grande quantidade
de aldeamentos, que chegou ao número de treze às margens dos rios.
No Oeste do Paraná, todos os anos, os índios desciam o Rio Paraná
em direção a Santa Fé ou Buenos Aires em suas canoas abarrotadas de
mercadorias para serem trocadas e comercializadas. Isso fazia do território
que hoje é conhecido como Itaipulândia um local de forte movimentação
indígena.
O grande sucesso e o rápido crescimento das reduções jesuíticas
fizeram com que aumentassem as preocupações por parte dos espanhóis
que moravam na região, e dos bandeirantes que estavam do lado
português.
160
Esses bandeirantes tinham o firme propósito de impedir, de uma vez
por todas, a expansão espanhola, que vinha aumentando dia após dia,
através do grande número de reduções que surgiam. Foi então que, em
1628, organizaram uma Bandeira, chefiada por Antônio Raposo Tavares e
Paulo do Amaral.
Para atingir o objetivo, os bandeirantes, depois de longa jornada,
acamparam próximo a algumas reduções jesuíticas e deram início à
captura dos índios e destruíram grande parte das aldeias e reduções
existentes na região.
Onze das treze reduções do Paraná foram destruídas, restando
somente duas: Santo Inácio Mini e Nossa Senhora de Loreto, isso porque
quando lá chegaram, encontraram-nas desertas. Os jesuítas que
sobreviveram abandonaram as reduções após os ataques e dirigiram-se
com os índios que lhes restaram para o atual Estado do Rio Grande do
Sul, através do Rio Paraná. Para isso, enfrentaram todos os tipos de
problemas, como a forte descida da correnteza, a fome, as doenças e todo
o tipo de imprevistos que foram surgindo durante a fuga.
Alguns padres, numa atitude de desespero, abandonaram inúmeras
reduções e dispersaram os índios, para que estes também não fossem
aprisionados ou mortos pelos bandeirantes.
Tudo indica que os espanhóis foram favoráveis aos ataques das
bandeiras paulistas, pois nada fizeram para socorrer ou ajudar os jesuítas
das Reduções. O motivo pelo qual isso provavelmente tenha ocorrido foi a
grandiosidade e a rapidez com que estavam se desenvolvendo as
reduções.
Além do mais, a situação nos centros espanhóis de Vila Rica e
Guairá tornou-se tão grave pela falta de mão de obra, e pela concorrência
comercial praticada pelos jesuítas, que as duas povoações entraram numa
fase de nítida decadência.
161
BANDEIRANTES E PADRES JESUÍTAS
Texto adaptado do Livro Itaipulândia: seu povo, sua origem, sua história, p. 21-27. Autores: Rodison
Scarpato e Iria Bruch Böhm.
162
Leitura Complementar
O índio e o europeu
163
— Na verdade — continuou o velho, que como vereis não era
nenhum tolo — agora vejo que vós outros maíres sois grandes loucos,
pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando
aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos
ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu
suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem
amamos; mas estamos certos de que, depois de nossa morte, a terra que
nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores
cuidados.
Jean de Léry. Viagem à terra do Brasil. Disponhttp://blogs.abril.com.br/trblog/2010/10/indio-
europeu.html
164
UNIDADE 7
A ESCRAVIDÃO DO AFRICANO NO BRASIL E NO PARANÁ
165
Os poemas de Castro Alves são marcados pelo combate à
escravidão, motivo pelo qual é conhecido como “poeta dos escravos”. A
Canção do Africano, um dos poemas por ele produzidos, retrata um pouco
sobre a vida do escravo negro no Brasil e suas dores por ter deixado a
terra de origem – a África, bem como a forma como passou a ser tratado.
Após a leitura do poema, discuta com seus colegas sobre o que fala cada
uma das estrofes.
Apresentação
166
principais embarcadouros do país no contrabando de escravos no período
em que ocorreu a proibição do seu tráfico.
A escravidão dos africanos no Brasil estendeu-se até o ano de 1888,
portanto, os africanos foram escravizados por mais de 300 anos.
167
Nigéria e Moçambique. Os traficantes trocavam seres humanos por
produtos como fumo, armas e aguardente. Após serem comprados, eram
transportados nos chamados navios negreiros e desembarcavam,
principalmente, nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís
para trabalhar na produção de açúcar.
Veja na imagem a seguir as principais rotas de tráfico de escravos
(das etnias dos sudaneses e bantos) da África para o Brasil:
168
Nas fazendas açucareiras com maior poder aquisitivo, passaram a
dar preferência à mão de obra africana.
A partir do trabalho educativo realizado pelos padres jesuítas da
Companhia de Jesus, estes passaram a ser defensores dos povos
indígenas. Isso porque entendiam que os nativos deveriam ser iniciados
na fé cristã. Porém, concebiam os africanos como “infiéis” por eles
associarem-se ao Islamismo.
Pressionada pela Igreja, a coroa Portuguesa chegou a proibir o
trabalho escravo indígena, mas este continuou em regiões mais pobres,
pois o preço do nativo era menor que o do escravo africano.
A partir de meados do século XV, o comércio de escravos africanos
foi uma das atividades econômicas mais lucrativas para os europeus.
Juntamente com a compra e venda de homens e mulheres, houve o
avanço da indústria naval e o cultivo de fumo.
Estima-se que, cerca de 4 milhões de escravos, entre os séculos XVI
e XIX, foram trazidos à América portuguesa.
169
Nas fazendas, os escravos negros ficavam confinados em lugares
conhecidos como senzalas. Trabalhavam nos canaviais, nas moendas,
caldeiras, etc. e tinham poucas horas de descanso. Aos domingos, ainda
cultivavam a roça para seu próprio sustento, tendo a mandioca como base
alimentar. A expectativa de vida de um escravo era baixíssima, tendo em
vista as condições de trabalho e de alimentação a que eram submetidos.
Inúmeras técnicas e instrumentos de tortura foram criados e
utilizados para castigar os escravos, tais como: o chicote, o tronco, a
máscara de ferro, o pelourinho, entre outros, que eram usados pelos
senhores para a manutenção da disciplina e da obediência de seus
escravos.
170
O bolo era um castigo que consistia em bater na mão do escravo com uma espécie de palmatória de
madeira.
171
locais cultivavam as crenças, tradições e costumes africanos. Seus
habitantes preferiam morrer a voltar à condição de escravos.
Palmares é o quilombo mais conhecido e teve origem na virada do
século XVI, no atual estado de Alagoas. Tinha como líder mais famoso —
Zumbi dos Palmares. Esse quilombo é símbolo da resistência
afrodescendente, pois derrotou mais de trinta expedições, comandadas
por chefes militares de renome, vindo a ser destruído somente em 1695.
Zumbi tornou-se símbolo da luta dos africanos e de seus descendentes.
Ele foi morto em 20 de novembro de 1695. Esse dia, atualmente, é
considerado o Dia Nacional da Consciência Negra, escolhido em sua
homenagem.
Apesar da resistência dos escravos, a escravidão no Brasil foi
abolida somente em 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea,
pela princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II. Desde então, os
negros e seus descendentes vêm lutando para garantir a sobrevivência e
contra as diversas formas de preconceito e discriminação.
172
A abolição da escravatura no Brasil
Por mais de 300 anos, a economia brasileira foi movida pelo trabalho
escravo, enquanto na Europa, com o desenvolvimento do capitalismo,
predominava o trabalho assalariado.
O processo de lutas que conduziu à abolição da escravatura durou
um longo período até consolidar-se em 1888.
Dentre os fatores que resultaram na abolição, destacaram-se:
luta dos próprios escravizados por liberdade;
a pressão da Inglaterra pelo fim do comércio de escravos;
o movimento abolicionista.
A luta dos escravizados
Os escravos resistiam à escravidão das mais variadas formas.
Dentre elas destacavam-se: a desobediência a seus senhores, jogar
capoeira, promover revoltas, fugir e formar quilombos. Duas revoltas que
se destacaram foram a Revolta Escrava de 1835, em Salvador, na Bahia e
a Revolta de Manuel Congo, em Pati de Alferes, no Rio de Janeiro, em
1838. Em ambas, os rebeldes foram vencidos. Apesar disso, essas
revoltas contribuíram para o enfraquecimento da escravidão.
A Inglaterra contra o comércio de escravos
Durante muito tempo, a Inglaterra lucrou com a venda de escravos.
Mas, no início do século XIX, esse país passou a combater o comércio de
escravos para o Brasil, pois queria ampliar a venda de suas mercadorias e,
para isso, precisava de trabalhadores assalariados, uma vez que os
escravizados não possuíam dinheiro; além disso, parte dos políticos da
Inglaterra era contrária à prática da escravidão por considerá-la
desumana.
173
Em 1845, a Inglaterra declarou guerra ao tráfico negreiro, dando a
sua Marinha o direito de perseguir, prender e bombardear os navios que
transportassem africanos escravizados. Por isso, em 1850, o Imperador do
Brasil, Dom Pedro II, aprovou a Lei Eusébio de Queirós, proibindo a
entrada de escravos no Brasil.
O Movimento abolicionista
O movimento abolicionista era liderado por pessoas livres que não se
conformavam com a existência da escravidão. Era formado por jornalistas,
engenheiros, advogados, escritores e políticos. Vários deles haviam sido
vítimas de preconceito racial por serem de origem negra ou por terem
amigos negros. Pediam o fim da escravidão através de panfletos, jornais,
comícios, passeatas.
Esse conjunto de fatores possibilitou a assinatura da Lei Áurea. O
projeto avançou e, no dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel, enquanto
princesa regente do Brasil, assinou o documento que garantiu a abolição
da escravatura. Cerca de 700 mil escravos ganharam a sua liberdade, mas
sem haver nenhuma medida de integração social e econômica. O governo
não criou leis nem ofereceu condições para os libertos terem chances de
se integrarem à sociedade. Isso fez com que o negro continuasse
extremamente marginalizado na sociedade brasileira.
174
considerados livres, mas seriam obrigados a trabalhar por um tempo como
compensação. Estipulava que o filho até os 8 anos ficava sob a autoridade
do senhor de sua mãe. Aí o fazendeiro escolhia: ou recebia do governo
uma indenização de 600 mil-réis e entregava a criança ao governo ou
continuava usando os seus serviços até os 21 anos.
Outra lei criada foi a Lei do Sexagenário de 1885, que declarava
livres as pessoas com 60 anos ou mais. Mas, como indenização, deveriam
trabalhar gratuitamente mais três meses. Ou então só seriam livres aos 65
anos.
Texto, com adaptações, extraído do livro: Júnior, Alfredo Boulos. Conectados História – 4º ano
São Paulo, 2018.
175
No entanto, por volta de 1750, o número de escravos africanos no
Paraná superou o dos indígenas. Os africanos eram trazidos ao Estado,
geralmente, pelo Porto de Paranaguá. Contudo, havia a aquisição de
escravos negros nos principais centros de comércio de gado, por onde
passavam os tropeiros dos Campos Gerais e dos Campos de Curitiba.
Era muito comum a existência de escravos índios e africanos
convivendo e dividindo as tarefas nas propriedades, apesar das diferenças
linguísticas, culturais, sociais e religiosas, que existiam entre eles.
Foi durante o ciclo do gado ou tropeirismo que a mão de obra
escrava africana foi mais utilizada. Porém, não havia muitos escravos nas
propriedades, porque poucos trabalhadores cuidavam de muitos animais.
Havia alguns fazendeiros que possuíam até 30 escravos, mas, na maioria
das propriedades, o trabalho era realizado por um número menor.
Durante o final do século XVIII e ao longo do século XIX, a
população escrava negra no Paraná era pequena, se comparada a alguns
estados brasileiros. Em 1772 havia aproximadamente 1.700 escravos no
Estado. Cerca de cem anos mais tarde, o número de escravos africanos
era de aproximadamente 11.000 pessoas. Mesmo assim, esse número
expressa que o trabalho escravo ocupava cerca de 9% da população da
época.
A ocupação do território paranaense e a escravidão indígena
acabaram por destruir as sociedades nativas desta região.
A substituição do trabalho escravo pelo assalariado só foi possível
com a chegada dos imigrantes europeus, possibilitando a expansão da
colonização e ocupação do território paranaense.
O trabalho escravo permaneceu oficialmente ainda em algumas
propriedades até 1888, ano em que foi publicada a lei Áurea, que abolia
este tipo de trabalho no Brasil.
176
Caderno de atividades – Unidade 7: A escravidão do africano no
Brasil e no Parana
177
Com a finalidade de conhecer, respeitar e valorizar a cultura,
costumes, tradições, valores e o modo como as pessoas vivem,
trabalham e produzem nas comunidades quilombolas, leia os textos a
seguir, que descrevem a organização de algumas que ainda existem no
Paraná, pois a imigração africana também foi uma forma de ocupação
desse território.
178
passado escravo interferiu na organização social, nos costumes e
tradições destes locais.
179
Comunidade Quilombola Manoel Ciríaco dos Santos – Guaíra
180
Aparecida, Santo Antônio, São Pedro e São Benedito. Uma das tradições
mais antigas cultivadas por eles é a Folia de Reis e o batuque.
Além dessas duas comunidades quilombolas, temos ainda, em
nosso Estado outras, conforme apresenta o mapa:
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS NO
ESTADO DO PARANÁ
Disponível em:
http://www.gtclovismoura.pr.gov.br/modules/conte
udo/conteudo.php?conteudo=62. Acesso em
25/11/2019.
181
Caderno de atividades – Unidade 7: A escravidão do africano no
Brasil e no Parana
Você sabia?
Que o negro deixou marcas profundas na própria composição física
do povo brasileiro?
Que o negro trouxe importantes contribuições para a cultura e para a
formação do povo brasileiro, podendo citar:
– diversos vocábulos falados no idioma, como: angu, batuque,
banguela, cachaça, cachimbo, camundongo, chuchu, dengo,
fubá, moleque, muamba, entre tantos outros?
– hábitos alimentares, principalmente da culinária baiana?
– instrumentos musicais, como tambores, atabaques, flautas,
marimbas, cuícas e berimbaus;
– ritmo musical das canções populares brasileiras, como o
samba;
– danças, como o cateretê, o jongo, etc.?
182
UNIDADE 8
CAPÍTULO 1
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa_do_Brasil_com_a_Bandeira_Nacional.png. Acesso
em 27/11/2019.
183
Converse com seus colegas e professor(a) sobre o que você ouviu
falar a respeito dos fatos históricos que marcaram esse período: a
Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a vinda da
Família Real para o Rio de Janeiro (1808). Sobre esses acontecimentos
estudaremos nessa unidade. Além disso, estudaremos sobre questões da
economia nacional e estadual que se configuraram nesse período.
184
com as altas taxas de impostos que deveria pagar à Coroa. Havia a prática
da cobrança do “Quinto” que consistia no pagamento à Coroa de 20% do
ouro extraído, principalmente da Capitania de Minas Gerais.
No final do século XVIII, houve o esgotamento das minas e os
proprietários não tinham mais como pagar os tributos exigidos pela Coroa,
acumulando dívidas.
185
criação de gado em terras do atual Paraná, devido à necessidade de
alimento. A criação, transporte e comercialização do gado originou o ciclo
econômico do Tropeirismo, que possibilitou o surgimento de muitas
cidades em torno dos caminhos das tropas que saíam do Rio Grande do
Sul, Uruguai e Argentina com destino a Sorocaba–SP, depois seguiam
para Minas Gerais.
Disponível em>https://www.portaldorancho.com.br/portal/tropeirismo-patrimonio-da-
humanidade. Acesso 27/11/2019.
186
Caderno de atividades – Unidade 8: Do Império à República
Como nada dura para sempre, as minas de ouro estavam se esgotando.
No entanto, as pressões e cobranças de impostos pela Coroa Portuguesa
só se intensificavam. Alimentados por ideias que afloravam na Europa,
emergiram importantes revoltas locais contra a Coroa Portuguesa, que
ficaram conhecidas como “Inconfidência Mineira”, “Conjuração Baiana” e
“Revolução Pernambucana”. Todas essas revoluções tiveram inspiração
nos acontecimentos ocorridos, principalmente na França, que se tornou
República, com as ideias de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, as
então chamadas ideias iluministas, base da Revolução Francesa. Essas
revoluções ocorridas no Brasil também foram influenciadas pela
independência dos Estados Unidos em 1776.
A Inconfidência Mineira
187
a capitania de Minas Gerais um estado independente. Também tinham
como objetivos implantar um sistema de governo republicano, fundar
fábricas e criar uma universidade em Vila Rica (atual município de Ouro
Preto), mas não pensavam no fim da escravidão. Chegaram a criar,
inclusive, uma nova bandeira, que mais tarde foi adotada pelo estado de
Minas Gerais.
Veja a imagem a seguir:
188
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2019/06/a-
republica-constitucional-imaginada-e-perdida-pelos-insurgentes-
mineiros.shtml. Acesso em 27/11/2019.
189
Conjuração Baiana
190
BANDEIRA QUE SIMBOLIZA A CONJURAÇÃO BAIANA
191
Veja na imagem alguns líderes que foram mortos:
Situação da Europa
192
A economia de Portugal e Espanha estava sob a base do monopólio
comercial, ou seja, das práticas mercantilistas através da exploração das
colônias. Cada colônia complementava a economia da Coroa e não
competia com ela. Deveria cultivar produtos tropicais exportáveis ou
explorar minerais preciosos como ouro e prata. No entanto, a
industrialização estava se tornando a base econômica de outros países,
principalmente da Inglaterra.
Uma situação que causava instabilidade na Europa eram os conflitos
entre Inglaterra e França. A Inglaterra investia fortemente no
desenvolvimento industrial e a França ficava conhecida pelas conquistas
territoriais. Durante o governo de Napoleão Bonaparte, a França
conquistou vasto território, pois seu objetivo principal era tornar a França
uma grande potência mundial. Para isso pretendia conquistar o território
da Inglaterra, que estava em pleno desenvolvimento industrial e possuía a
maior e mais desenvolvida frota marítima da Europa.
193
BLOQUEIO CONTINENTAL
194
Vinda da família real para o Brasil
195
A fuga da Família Real de Lisboa para o Brasil alterou
significativamente a situação da Colônia. O tempo de permanência da
família real ficou conhecido como Período Joanino. A Corte real se instalou
no Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, local onde atualmente é o
Museu Nacional (Museu que pegou fogo no dia 02/08/2018).
196
Em 1815, a Colônia foi elevada à categoria de Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves.
Houve mudança da bandeira, como mostra a imagem a seguir:
Disponível em:
https://www.zazzle.com.br/poster_mapa_antigo_de_brasil_em_18
21-228141923566068628. Acesso em 27/11/2019.
MAPA DO BRASIL EM 1822
197
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Brasil#/medi
a/Ficheiro:Brazil_(1822).svg. Acesso 27/11/2019.
Para saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo: A Família real vem
morar no Brasil – Histórias do Brasil. Disponível no site:
https://www.youtube.com/watch?v=ptUthglDhbM
198
UNIDADE 8
CAPÍTULO 2
199
Os acontecimentos na Europa e outras regiões da América
influenciaram significativamente no processo da proclamação da
independência do Brasil, com destaque para a emancipação das Treze
colônias inglesas em 1776, formando os Estados Unidos da América e,
posteriormente, a emancipação das Colônias espanholas, a exemplo do
Haiti (1804), Paraguai (1811), Chile (1818) Argentina (1816), Colômbia e
Venezuela (1819) e México (1821). Esses fatos, associados ao
descontentamento da elite local resultaram nos acontecimentos que
estudaremos neste capítulo.
Independência do Brasil
200
O Dia do Fico
201
A Coroa não viu com bons olhos a desobediência de Dom Pedro I, e
isso gerou muitos conflitos entre Brasil e Portugal. A Inglaterra interferiu,
mediando um acordo entre ambos. Nesse acordo, Portugal reconheceria a
Independência, mediante o pagamento de 2 milhões de libras pela Colônia.
O empréstimo para o pagamento seria fornecido pela Inglaterra. Esse fato
marcou a independência político-administrativa do Brasil, mas a total
dependência econômica da Inglaterra.
O dia simbólico que faz referência à Proclamação da Independência
do Brasil é o dia 07 de setembro de 1822, em que, supostamente, o então
príncipe regente, à beira do Rio Ipiranga — São Paulo, local hoje conhecido
como Praça da Independência, proclamou a Independência do Brasil.
As imagens a seguir retratam a Praça da Independência, com
monumento histórico referente ao ato de Dom Pedro I.
MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA
202
O Parque da Independência, inaugurado em 1989, nas margens do
córrego do bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, faz parte do
patrimônio histórico cultural brasileiro devido ao Grito da
Independência do país, ali proclamada por D. Pedro I. Surgiu da
preocupação em unir a região do Ipiranga enquanto um espaço de
memória nacional e patriotismo, além de ser uma forma de preservação e
demarcação do espaço e uma forma também de tornar comum uma
memória coletiva. A área de 161.300 metros quadrados, abriga o Museu
do Ipiranga, o Monumento à Independência e a Casa do Grito, além de um
denso bosque e um grande trabalho de paisagismo no caminho entre o
Monumento e o Museu. Também há os jardins franceses que foram
recentemente criados.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_da_Independ%C3%AAncia
203
Brasil Império – Primeiro Reinado
DOM PEDRO I
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_I_do_Brasi
l. Acesso 28/11/2019.
204
das Garrafadas”, complicando mais a situação de Dom Pedro I. Com isso,
o Imperador resolveu voltar a Portugal, deixando como sucessor seu filho
Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos de idade, marcando o fim do Primeiro
Reinado.
O período entre 1831 e 1840 ficou conhecido como “Período
Regencial”, pois um grupo de políticos assumiu o poder. Até que, em 1840,
devido às disputas entre grupos, ocorreu o “Golpe da Maioridade”. A
constituição previa que Pedro de Alcântara assumisse o poder aos 21 anos,
mas ele acabou se tornando Imperador com apenas 14 anos de idade.
Nesse período, também ocorreram inúmeras rebeliões, nas diversas
regiões que visavam à separação do império, gerando muita instabilidade.
Em sua maioria, as revoltas originavam-se dos conflitos entre liberais
(queriam maior participação política das províncias na tomada de decisões)
e conservadores (defendiam maior centralidade do poder). Esses conflitos
pelo poder também serviam de estímulos para os movimentos populares.
Destacam-se as seguintes rebeliões/revoltas: A Cabanagem — Pará (1835-
1840); Guerra dos Farrapos — Rio Grande do Sul (1835-1845); A Sabinada
— Bahia (1837-1838); A Balaiada —Maranhão (1838).
205
Bandeira Imperial do Brasil
206
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=__AFcjNMdbE
Segundo Reinado
Dom Pedro II
Disponível em:
https://www.infoescola.com/biografias/dom-
pedro-ii/ . Acesso em 28/11/2019.
207
grande desenvolvimento do país e que também ficou marcado por inúmeros
conflitos, principalmente a Guerra do Paraguai. Dom Pedro II tinha como
objetivo a formação de uma cultura brasileira. Nesse sentido, o índio foi
transformado em símbolo do Império, mas o negro ainda era mantido como
escravo.
Nesse período, outro produto ganhou espaço na economia do país: o
café — transferindo o polo econômico para o Centro-Sul (Vale do
Paraíba (RJ/SP), Oeste Paulista (SP) e Zona da Mata (MG) estendendo-
se para o Norte do Paraná na metade do século XX.
O café impulsionou a economia, possibilitou a construção de ferrovias
e indústrias, aparelhamento dos portos e aperfeiçoamento dos meios de
transporte. Houve também aplicações de capitais ingleses na economia
brasileira, aumentando a dependência externa, que se intensificou com a
Guerra do Paraguai.
208
Após o fim da Guerra do Paraguai, Dom Pedro II viajou para o exterior,
deixando o comando do Império para a sua filha Princesa Isabel. Em meio
ao movimento abolicionista, a falta de apoio dos militares devido às
questões da guerra, o movimento republicano e a pressão da Inglaterra, a
princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 1888, marcando o fim da escravidão
no Brasil.
Com o fim da escravidão, em 1888, os cafeicultores reorganizaram a
atividade produtiva através do trabalho assalariado, realizado pelos
imigrantes europeus, principalmente italianos e alemães.
209
Política da Província do Paraná em 1853, desmembrando-se da Província
de São Paulo.
A emancipação política do Paraná foi oficializada em 19 de dezembro
de 1853. Através do Decreto nº 704, de 29 de agosto de 1853, a área de
terras da então chamada Comarca de Curitiba foi desmembrada da
província de São Paulo. O nome, Paraná, veio do maior rio que banha o
seu território.
PROVÍNCIA DO PARANÁ
210
Zacarias Goes de Vasconcellos foi nomeado primeiro presidente da
província. Em nome do progresso e do bem-estar de todos, as elites
paranaenses reivindicaram do governo atenção especial em atender a suas
necessidades, entre elas, a emancipação financeira, a criação de um
sistema de estradas, instrução (escola) pública e a transferência da feira de
Sorocaba — São Paulo, para a cidade de Castro. Essas reivindicações
visavam, principalmente, a ampliar o mercado da erva-mate e da madeira.
211
Proclamação da República
212
Disponível em: http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/galeria/imagens/index.aspx?d=geografia&a=5&u=2&t=mapa
213
Bandeira do Brasil República
214
Além da bandeira, o Brasil possui outros símbolos como:
As Armas Nacionais ou Brasão:
Selo Nacional:
215
O Hino Nacional:
216
A escolha dos representantes do poder executivo e legislativo passou
a ser realizada através do voto. A partir dessa forma de organização político-
administrativa, os governadores e deputados são eleitos pela população
para um mandato de quatro anos.
Atualmente, o Paraná está dividido em 399 municípios e tem como
capital, Curitiba.
Símbolos paranaenses
A bandeira
A bandeira é um dos principais símbolos do Estado do Paraná. Ela foi
instituída pelo decreto nº8, de 09 de janeiro de 1892. Criada, originalmente,
pelo artista Paulo Assunção, passou por modificações em março de 1905,
março de 1923, março de 1947, e novamente em setembro de 1990.
A atual bandeira compõe-se de um quadrilátero verde que representa
a mata do Estado, atravessado no ângulo superior direito para o inferior
esquerdo por uma larga faixa branca, que simboliza a paz, contendo a
representação da esfera celeste em azul, simbolizando o céu, e as cinco
estrelas da Constelação do Cruzeiro do Sul em branco. A esfera é
atravessada, abaixo da estrela superior do Cruzeiro, por uma faixa branca
com a inscrição Paraná, em verde. Circunda a esfera um ramo de pinheiro
à direita e outro de erva-mate à esquerda.
217
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Paran%C3%A1
218
Brasão das armas
219
O hino do Estado do Paraná
220
UNIDADE 9
Sonho imigrante
221
Ouça a música: Inclassificáveis – de Arnaldo Antunes, disponível
em:
https://www.youtube.com/watch?v=rFA0egUuMjw.
Em seguida, discuta com seus colegas sobre suas conclusões referente ao
conteúdo da música.
a) Qual é o tema da música?
b) Há termos desconhecidos na letra da música? Quais? Qual é o
significado desses termos?
c) Quem são os inclassificáveis? Por que o autor utilizou esse termo?
d) O que significa afirmar que:
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não há sol a sós
222
Como foi o processo de organização e ocupação do espaço pelos
imigrantes? Que medidas o Governo Brasileiro utilizou para fomentar a
imigração e as migrações internas?
223
e as mudanças que vinham ocorrendo, fez-se necessário encontrar novas
alternativas econômicas.
Por isso, a imigração também veio para substituir a mão de obra
escrava pelo trabalho livre e assalariado nas lavouras de café. Havia
também certo preconceito em relação aos escravos e nativos. Os
imigrantes europeus de origem camponesa eram bem-vindos no Brasil,
porque se estabeleciam em pequenas propriedades e viviam do trabalho
familiar.
Além disso, a vinda de europeus também foi estimulada para ocupar
e povoar o Sul do Brasil porque havia o medo de perder a região de
fronteira do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para a Argentina.
A imigração europeia foi estimulada por um projeto financiado pelo
Governo Brasileiro com o objetivo de implantação de povoados (colônias)
em várias regiões. Essa iniciativa do Governo Brasileiro marcou a segunda
fase da imigração europeia (1850-1930). Nesse período, a imigração para
o território brasileiro recebeu impulso. A proibição do tráfico de escravos
com a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, a iniciativa do Governo Imperial
de prover as despesas de transporte do imigrante, o crescimento da
cafeicultura e a abolição da escravatura, através da Lei Áurea, em 1888,
foram os principais fatores que impulsionaram a imigração nesse período.
A terceira fase, que compreende a partir de 1930 até o presente —
foi um período em que houve uma significativa diminuição da imigração
para o Brasil. Nos anos 1980, muitas pessoas deixaram o país em direção
aos Estados Unidos, à Europa e a outros países da América Latina.
224
Processo de imigração: Fatores internos e externos
225
A chegada de estrangeiros ao Brasil também forçou o Governo a
buscar formas de regulamentar e fiscalizar a posse da terra, pois estes se
tornariam proprietários, concorrendo com os grandes latifundiários. Ficou
estabelecido, a partir da criação da Lei de Terras, que só poderiam adquirir
terras por compra e venda ou por doação do Estado. Assim, as maiores e
melhores terras continuaram pertencendo aos fazendeiros e latifundiários.
Todas as terras que não tinham escrituras eram chamadas de
“Terras Devolutas” e a Lei de Terras determinava que fossem vendidas
para imigrantes a um preço elevado. Além disso, obrigava-os a trabalhar
ao menos três anos para poderem adquirir sua própria terra.
226
A premiada tela "Café" (1935)
(Foto: Projeto Portinari/Divulgação)
227
A mudança do ciclo econômico do Brasil gerou impactos em vários
aspectos, pois boa parte do lucro do café foi investido na indústria. No final
do século XIX e início do século XX, o número de fábricas cresceu muito.
Um terço delas ficava no Rio de Janeiro, outro terço se dividia entre São
Paulo e Rio Grande do Sul. O setor têxtil ocupava o primeiro lugar,
seguido pelo setor alimentício. Na década de 1920, impulsionado pela
riqueza da cafeicultura, São Paulo se tornaria o maior centro industrial do
país, colocando também mão de obra de imigrante, principalmente de
italianos. Nesse período, também houve investimentos na construção de
ferrovias, até o litoral, para escoamento da produção.
A produção cafeeira no Brasil foi estimulada por fatores externos
como o crescimento do comércio e da população mundial, principalmente
norte americana, grande consumidora de café. Isso contribuiu
significativamente para o desenvolvimento dos meios de transporte e das
vias de acesso. Alguns fatores internos como o fim da escravidão e a vinda
de imigrantes foram fundamentais para o desenvolvimento do ciclo do
café, que passou a ser o principal produto de exportação e a base da
economia brasileira. Entretanto, a economia cafeeira ficou dependente da
exportação. Quando o preço do produto caía, o Governo Brasileiro
comprava estoques e os queimava para aumentar o preço. O café deixou
de ser a base da economia brasileira após 1930.
228
Situação do imigrante no Brasil
Operários do Cotonifício
Crespi, maior tecelagem
da cidade de São Paulo,
na Mooca, durante a
greve geral de 1917. O
movimento grevista
obrigou os patrões a
negociar com seus
operários.
http://www.stavale.com/acervo/tecelagem.htm. Acesso
03/06/2020.
229
No campo, o domínio dos coronéis era quase absoluto, mas não o
suficiente para impedir que muitos trabalhadores rurais seguissem líderes
que acenavam com a promessa de uma vida mais justa e fraterna. No
Nordeste do país a situação era mais grave, pois calamidades naturais, a
exemplo da seca, agravavam a miséria decorrente da excessiva
concentração de terras. Nessa região uma das formas de expressão das
insatisfações foi o cangaço.
Os cangaceiros eram encarados como criminosos pelo Estado e,
geralmente, como justiceiros pela população local. O mais famoso foi
Virgulino Ferreira da Silva (Lampião). As ações de Lampião e seu bando
duraram até seu assassinato em 1938.
Além de todas as dificuldades anteriormente mencionadas, os
imigrantes (principalmente de algumas regiões e/ou países) também
sofreram e ainda sofrem preconceitos devido à crença de que trazem
doenças, pegam as vagas de empregos, entre outros.
Imigrantes europeus
230
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/imigracao-no-brasil/ Acesso em
04/11/2020.
231
PORTAL DA CIDADE DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PARANÁ
232
MUSEU AMBIÊNCIA CASA DE PEDRA – CAXIAS DO SUL – RIO
GRANDE DO SUL
233
MUNICÍPIO DE ASSAÍ – PARANÁ
234
MESQUITA OMAR IBN AL-KHATTAB, EM FOZ DO IGUAÇU, PARANÁ
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3_no_Brasil#/media/Ficheiro:MesquitaFozD
oIgua%C3%A7uParanaBrasil.JPG. Acesso em 04/11/2020.
Disponível em:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Centro_Isl%C3%A2mico_de_C
ampinas.JPG . Acesso em 04/11/2020.
235
Leia a letra da música a seguir:
Da Itália nós partimos
Partimos levando apenas a nossa honra
Trinta e seis dias de máquina a vapor
E na América iremos desembarcar
América, América, América!
Como será essa América?
América, América, América!
Ela é um buquê de flores.
236
Após a leitura da música anterior, discuta com seus colegas sobre as
questões a seguir:
a) A que se refere a letra da música?
b) De onde as pessoas retratadas na música estão saíndo? Para onde
irão?
c) Quanto tempo demorarão para chegar?
d) Elas conhecem o lugar para onde vão?
e) Como essas pessoas descrevem o local onde chegaram?
f) O que pretendiam fazer nesse local?
237
Norte Novo, região de Londrina, Cambé, Apucarana, Rolândia, Ivaiporã,
Primeiro de Maio, Sertanópolis, Maringá, dentre outras, e, por final, o Norte
Novíssimo, formando os municípios de Paranavaí, Cianorte e Umuarama.
Este processo ocorreu através de algumas companhias
colonizadoras, tendo como destaque a Companhia de Terras Norte do
Paraná (CTNP). Essas companhias faziam loteamentos e vendiam para
paulistas, mineiros e estrangeiros.
Nesse período, milhares de imigrantes europeus chegaram ao
Estado. A população aumentou significativamente. O café passou a ser o
principal produto de exportação paranaense durante várias décadas.
Muitos municípios foram fundados por causa das atividades relacionadas
ao cultivo, colheita, beneficiamento e transporte do café.
O trabalho nas propriedades pequenas, geralmente, era realizado
pelas famílias. Nas propriedades maiores e fazendas, a mão de obra era
realizada por imigrantes europeus, principalmente italianos.
238
Em 1920, o Paraná se tornava o sétimo maior produtor de café no
país, atraindo cada vez mais pessoas, tornando-se uma riqueza estadual,
trazendo desenvolvimento e crescimento para o Estado.
O Estado passou por três fases de produção do café: a primeira
ocorreu no “Norte Velho”, a partir do século XIX e início do século XX,
terminando com a crise de 1929. No início da segunda metade do século
XX, o café presenciou a estabilidade, por isso, novos plantios foram
incentivados. A segunda fase ocorreu no Norte Novo a partir de 1930, e,
por fim, a terceira fase que ocorreu entre as décadas de 1940 e 1960,
quando se encerrou a expansão cafeeira paranaense.
Observe o mapa a seguir:
239
principalmente pela qualidade do solo e clima propício para o
desenvolvimento da lavoura cafeeira. Atraiu pessoas de dentro e fora do
país, fosse para investir em terras no Estado ou à procura de trabalho e
melhores condições de vida. O café trouxe povoamento, modernização e
melhores condições de vida, modernização e dinamização dos meios de
transporte e comunicação. Era conhecido como o “Ouro Negro”.
A partir de 1960, iniciaram-se políticas governamentais para a
racionalização do plantio do café e estímulos à diversificação do uso da
terra, incentivando o plantio de novas culturas, como a soja, o milho e o
trigo. Com a geada negra de 1975, que atingiu o Estado, houve um
declínio de grandes proporções na produção cafeeira. Os cafeicultores
optaram em utilizar incentivos do Governo para a diversificação da
produção, substituindo o café por soja e milho. Mas o café não sumiu
definitivamente.
Atualmente o Brasil é o maior produtor e responde por 30% do
mercado internacional do produto. É também o segundo consumidor,
ficando somente atrás dos Estados Unidos, por isso, o café continua
sendo uma das riquezas do Brasil. As áreas produtoras se concentram no
Centro-Sul, destacando-se os estados de Minas Gerais, São Paulo,
Espírito Santo e Paraná.
Para onde foram as pessoas que trabalhavam nas lavouras de café com a
mecanização agrícola para o cultivo de outros produtos?
Quais as causas do fim do ciclo do café no Paraná, embora o cultivo não
tenha desaparecido?
Por que o café era conhecido como “Ouro negro”?
240
Caderno de atividades – Unidade 9: A imigração europeia e as
migrações internas
241
Também havia no Paraná uma mentalidade de povoar o território
com imigrantes brancos porque os governantes entendiam que os
indígenas e os escravos negros não eram laboriosos, esforçados ou
capazes de realizar trabalhos mais dignos ou conquistar o espaço
paranaense. Os imigrantes europeus contribuíram com a gradativa
substituição do sistema escravista colonial pelo trabalho livre em
propriedades.
A maioria das colônias de imigrantes se instalou na região de
Curitiba e no Litoral. Muitas colônias prosperaram e deram origem a alguns
municípios do Estado, tais como: Cerro Azul, Teófilo Otoni, Araucária,
Piraquara, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Rio
Negro, Prudentópolis, Ipiranga, Irati, Castro, Rolândia, Cambé, Missal e
Marechal Cândido Rondon.
No entanto, o projeto de ocupação e colonização do interior do
território paranaense, motivado pela imigração oficial, não alcançou o êxito
pretendido nesse período. Por isso, grandes áreas do Estado, localizadas
no Sudoeste e Oeste, principalmente, só foram ocupadas e povoadas mais
tarde, a partir da migração interna, principalmente, dos Estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Disponível em:
http://wikipedia.mobi/thumb/
7ef4502/pt/fixed/470/313/M
useuWitmarsumPR2.JPG?f
ormat=jpg. Acesso em
04/11/2020.
242
COLÔNIA CECÍLIA EM PALMEIRA
243
COLÔNIA JAPONESA CACATU, CRIADA EM 1917, ENTRE
MORRETES E ANTONINA
244
Disponivel em: https://www.melevaviajar.com.br/prudentopolis-pequena-ucrania/ Acesso em
04/11/2020.
245
uma cultura camponesa entre os imigrantes alemães e italianos instalados,
originalmente, no Rio Grande do Sul, principalmente, sobre o cultivo
agrícola em pequenas propriedades, os filhos precisavam migrar e
conquistar espaço para sustentar as novas famílias que formavam.
Os pais tinham a prática de comprar lotes para manter seus filhos na
agricultura. Geralmente, procuravam terras mais baratas, localizadas
distantes de sua propriedade. Isso os levou a ultrapassar os limites do
Estado gaúcho, passando por Santa Catarina e chegando ao Sudoeste e
Oeste paranaense. Assim, de geração em geração, expandia-se a
colonização.
Um fato que atraiu migrantes do Sul para essas regiões do Paraná
foi a comercialização de grandes quantidades de terras por companhias
particulares que receberam do Governo o direito de vendê-las, para que
essa área fosse colonizada. Essas companhias colonizadoras retiravam
madeira e comercializavam pequenos lotes de terra, que seriam
explorados pela mão de obra familiar.
Como não havia muitas estradas, meios de comunicação e centros
urbanos na região, os povos que chegaram ao Sudoeste e Oeste do
Estado conseguiram manter os costumes, tradições e técnicas de trabalho
de seus ancestrais.
Inúmeros povoados foram formados pelos colonos. Várias
comunidades prosperaram e originaram os municípios que compõem
essas regiões.
246
Travessia do rio Iguaçu, em 1940, para
Migrantes gaúchos trabalhando nas matas do chegar ao Oeste do Estado.
Sudoeste paranaense.
247
italianos, japoneses, povos que ajudaram a construir o Paraná de hoje. As
28 etnias que colonizaram o Estado trouxeram na bagagem sua cultura,
costumes e tradições. Os imigrantes chegaram com a promessa de
encontrar a paz numa terra desconhecida, mas que prometia trabalho,
terra, produção e tranquilidade. Entre 1853 e 1886, o Estado recebeu
cerca de 20 mil imigrantes. Cada um dos povos que colonizaram o Paraná
formaram colônias nas regiões do Estado.
Alemães — chegaram ao Paraná, em 1829, fixando-se em Rio
Negro. Mas o maior número de imigrantes vindos da Alemanha chegou
ao Estado no período entre guerras mundiais, fugindo dos horrores dos
conflitos. Esse povo trouxe ao Paraná todas as atividades a que se
dedicava, entre elas a olaria, agricultura, marcenaria, carpintaria, etc.. E,
à medida que as cidades prosperavam, os imigrantes passaram a exercer
também atividades comerciais e industriais. Hoje, a maior colônia de
alemães do Paraná está no município de Marechal Cândido Rondon, que
guarda na fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes
a marca da colonização. Os alemães estão concentrados também em
Rolândia, Cambé e Rio Negro. A maioria deles chegou ao Paraná vindo
de Santa Catarina.
Árabes — O primeiro lugar onde os árabes se instalaram no
Paraná foi Paranaguá. Mais tarde, eles foram para Curitiba, Araucária,
Lapa, Ponta Grossa, Guarapuava, Cerro Azul, Londrina, Maringá e Foz
do Iguaçu, que hoje tem a maior colônia árabe do Estado. Em Curitiba,
apareceram em maior número após a Segunda Guerra Mundial, quando
chegaram a constituir cerca de 10% da população. Uma das maiores
influências dos árabes no Estado está na gastronomia, passando os
temperos e condimentos a ser incorporados à culinária de modo geral,
além dos kibes e sfihas, que até hoje estão presentes na mesa dos
248
paranaenses. Os imigrantes árabes se dedicaram, principalmente, à
produção literária, arquitetura, música e dança.
Espanhóis — Os primeiros imigrantes espanhóis que chegaram
ao Paraná formaram colônias nos municípios de Jacarezinho, Santo
Antônio da Platina e Wenceslau Brás. Entre 1942 e 1952, a imigração
espanhola se tornou mais intensa. Novos municípios, principalmente na
região de Londrina, foram formados por esses imigrantes. Eles
desenvolveram atividades comerciais, artesanais e relacionadas à
indústria moveleira.
Holandeses — Os primeiros holandeses chegaram ao Paraná em
1909, instalaram-se em uma comunidade próxima a Irati. Algumas
famílias acabaram voltando para a Holanda, outras foram para a região
dos Campos Gerais, onde fundaram a Cooperativa Holandesa de
Laticínios, em 1925. A Cooperativa trouxe a consolidação da colônia de
Carambeí. Castrolanda é a povoação mais recente de holandeses na
região.
Indígenas — No início da colonização, em 1500, o Brasil era
habitado por tribos indígenas, que viviam por todo o território nacional. No
Paraná, os habitantes nativos também eram os indígenas que formavam
grandes grupos ou tribos, os Jê ou Tapuia e a grande família dos Tupi-
Guarani. Os Carijó e Tupiniquim habitavam o Litoral; os Tingui, a região
onde hoje é Curitiba; os Camé, a região onde hoje é o município de
Palmas; os Caingangue e Botocudo habitavam o interior do Paraná. Os
primeiros caminhos do Paraná foram feitos pelos indígenas e usados
pelos bandeirantes para penetrar no território: Caminho de Peabiru,
Caminho da Graciosa, Caminho de Itupava e Estrada da Mata.
Italianos — Sem dúvida, os italianos foram os que ocuparam o
primeiro lugar nas imigrações brasileiras. No Paraná, eles contribuíram
muito trabalhando nas lavouras de café e, mais tarde, em outras culturas.
249
A principal concentração desses imigrantes no Estado está na capital,
Curitiba, em Morretes, no Litoral, e nas cidades de Palmeira e Lapa, onde
existiu a colônia de Santa Cecília. Os italianos contribuíram também na
indústria e na formação de associações trabalhistas e culturais.
Japoneses — Os imigrantes japoneses se fixaram no Norte
Pioneiro, trazendo a tradição da lavoura. Como, porém, desconheciam
técnicas agrícolas relativas às culturas tropicais, se dedicaram à
piscicultura, horticultura e fruticultura na economia regional. Alguns dos
produtos introduzidos no Estado pelos japoneses foram o caqui e o bicho-
da-seda. Maringá e Londrina são as cidades paranaenses que concentram
o maior número de japoneses. Os municípios de Uraí e Assaí se
originaram a partir de colônias japonesas.
Afrodescendentes — A população do Paraná tradicional, isto é, do
Paraná da mineração, da pecuária, das indústrias extrativas do mate e da
madeira, e da lavoura de subsistência, era heterogênea e nela estavam
presentes os mesmos elementos que compunham a população das outras
regiões brasileiras: o indígena, o europeu, o negro e seus mestiços.
Portanto, uma sociedade também marcada pela escravidão e na qual foi
significativa a participação econômica e social dos escravos negros. Na
primeira metade do século XIX, o número relativo de representantes dessa
etnia chegou a 40% do total da população da Província. Em Curitiba, o
escravo estava presente no trabalho doméstico, mas também tinha lugar
importante no cenário cultural da cidade. Eles mostravam seu talento
musical participando de "cantos" no largo do mercado municipal.
Poloneses — Os poloneses chegaram ao Paraná por volta de 1871
e se fixaram em São Mateus do Sul, Rio Claro, Mallet, Cruz Machado, Ivaí,
Reserva e Irati. Em Curitiba, fundaram várias colônias, que hoje são os
bairros de Santa Cândida e Abranches. Esse povo ajudou a difundir o uso
250
do arado e da carroça de cabeçalho móvel, puxada a cavalo. Dedicados à
agricultura, ajudaram a aumentar a produção do Estado.
Portugueses — No Paraná, a partir de meados do século XIX,
destacam-se as grandes levas de portugueses atraídos pela explosão
cafeeira do Norte Novo do Paraná, no eixo compreendido entre Londrina,
Maringá, Campo Mourão até Umuarama. A grande maioria veio das Beiras
(Alta e Baixa), Minho, Trás-os-Montes. A cidade de Paranaguá foi, e
continua sendo até hoje, a cidade do Paraná que tem mais traços da
cultura e herança lusitana. Foi a porta de entrada dos portugueses e
manteve alguns traços característicos desse legado.
Ucranianos — Os ucranianos chegaram ao Paraná entre 1895 a
1897. Mais de 20 mil imigrantes chegaram ao Estado e formaram suas
principais colônias em Prudentópolis e Mallet. Estão presentes também
nos municípios de União da Vitória, Roncador e Pato Branco. Hoje, o
Paraná abriga a grande maioria de ucranianos que vivem no Brasil: 350
mil dos 400 mil imigrantes e descendentes.
Texto, com adaptações. Disponível em: http://turismoinformativo.blogspot.com/2008/02/etnias-no-
paran.html
Leitura complementar
251
cavalo, manguá, até que veio a trilhadeira, uma inovação tecnológica para
aquela época. A carne vinha da caça e da pesca, a luz era à base de
lampião de querosene, a casa de chão batido, a madeira era serrada no
estaleiro e, às vezes, os trabalhos eram executados em forma de mutirão
entre vizinhos. Também existiam os bailes que eram feitos em algum
galpão. O enfermo sem médico. A professora que somente tinha o terceiro
ano primário. Canjica feita no pilão. Transporte feito por carros de boi.
Viagem a cavalo ou a pé. Fazer e conservar estradas e construir bueiros.
(...)
Ao entrevistar antigos pioneiros de Jardinópolis, eles narraram o que
lembravam. Por volta de 1957, agricultores que não tinham como comprar
uma área de terra, recorreram a algumas autoridades da região Oeste do
Paraná, para se inteirar da situação da Gleba Silva Jardim. Foram
informados de que eram terras à disposição de agricultores pobres. Com
esta informação, alguns trabalhadores penetraram na área, abrindo
picadas. A notícia se espalhou na região Oeste e Sudoeste e logo chegou
a Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Gleba Silva Jardim, em pouco
tempo, um ano e meio aproximadamente, já possuía em torno de 20
famílias. Sempre que possível, cada morador mandava notícias a
parentes do Sul, contando sua vida e como iam as coisas nas novas
terras. As notícias eram enviadas por carta, nas mãos de pessoas que,
por ventura, vinham ou iam para o Sul. O assunto era quase repetitivo,
mais ou menos assim: “Nós vamos bem de saúde, graças a Deus, a terra
é boa. A caça e alguns peixes ajudam a gente a viver, além dos palmitos,
o miolo de uma palmeira que é muito bom pra gente comer”.
As perguntas se repetiam, e, uma das principais era:
- Por que vieram pra cá?
A resposta entoava:
- Em busca de terra, pois a gente não tinha como comprar.
252
- Do que viviam?
- De alguma provisão que a gente trouxe. Melado, banha, arroz,
linguiça, às vezes, e do que tinha por aqui. Alguns trocados, até que logo
mais a gente começou a colher milho, arroz, feijão, criava galinhas,
porcos, etc.
- Quais as maiores dificuldades?
- A gente não podia vender o produto, pois não tinha comprador.
Muita saudade dos parentes e amigos, e um lugar onde tudo estava por
fazer.
- Qual esperança que tinham?
- A terra era boa, fértil, que gera um futuro.
- O que alegrava vocês?
- A gente começou a sair mais. Nos fins de semana, quando o padre
chegava para rezar a missa, a gente soltava foguetes.
- Como resolviam os problemas?
- Um ajudava o outro. O Senhor Zaguerski tinha uma carroça de
cavalo. Ele reunia o milho e levava no moinho em Medianeira, trazia
farinha, além de outras mercadorias que por lá tinha. Fora disto, a gente
deveria ir a pé a Medianeira, em alguns casos até São Miguel do Iguaçu,
que naquele tempo era conhecido por Gaúcha.
Segundo os pioneiros, devido à fertilidade da terra, os Sem-Terra de
diversos municípios do Rio Grande do Sul e do Sudoeste paranaense
começaram a habitar a Gleba Silva Jardim. Entre os posseiros, também
existiam os especuladores. Alguns posseiros tomavam posse de muita
terra para depois vender a outros que aqui vinham. O negócio era feito na
base de troca. Na maioria dos casos, por exemplo, alguém que no Sul
vivia em cinco hectares vendia a propriedade e, com o dinheiro, pagava o
transporte da mudança, além dos utensílios domésticos, ferramentas, junta
de boi, vaca de leite, novilha, cavalo, etc. Ora! Uma novilha podia ser
253
trocada por vinte ou trinta hectares de terra. É bom lembrar que muitos
posseiros negociantes de terras acabaram sem terras e desapareceram.
Em 1960, a Gleba tinha uma porção de habitantes, tudo corria bem.
Em 1961, a Gleba estava, em sua maior parte, habitada, o povo era
animado, trabalhava cortando a mata, fazendo lavoura, construindo
estradas e bueiros. Já havia uma escolinha e já se pensava em construir
uma igreja. As dificuldades, sempre ao lado dos trabalhadores, porém as
plantações reanimavam a vinda de outros migrantes.
Em maio de 1961, uma notícia preocupou os posseiros: foram
avisados de que a terra tinha dono. Os habitantes da Gleba deveriam
pagar a terra à vista ou seriam despejados.
Texto, com adaptações, extraído da obra Memória: documentos sobre a revolta de, 61 de Leonir
Olderico Colombo, (2001) p. 23-26.
Curiosidade
Qual é a diferença entre refugiados e imigrantes?
Refugiados têm temor de perseguição por várias razões. Buscam
proteção, integridade, liberdade em outro país.
Imigrantes querem ir para outro lugar em busca de uma vida melhor.
254
UNIDADE 10
Apresentação
255
Argentina e os estados do Paraná e Santa Catarina. No entanto, os
confrontos mais sangrentos ocorreram entre os camponeses posseiros que
conquistaram suas propriedades em várias regiões do Estado e as
empresas colonizadoras oficias.
Nos últimos tempos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-
Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e as
Comunidades Quilombolas são grupos que lutam para conquistar seus
objetivos relacionados a questões agrárias.
A questão da posse da terra esteve sempre presente nos principais
conflitos, lutas e processos de resistência que ocorreram durante a
ocupação do território paranaense, o que significa que para superar esse
problema foi necessário organização e enfrentamento, seja para defender
direitos ou conquistar áreas de terras, ações essenciais para melhorar as
condições de vida dos trabalhadores.
Índios, escravos, negros, camponeses, sem-terra, pessoas que
perderam suas terras para empresas colonizadoras ou barragens, tiveram
a consciência de que, caso não se rebelassem e lutassem por seus
objetivos, a situação de injustiça, pobreza, miséria e fome aumentariam,
devido à concentração de grandes áreas de terra nas mãos de poucas
pessoas.
256
Converse com seu (sua) professor (a):
O que uma cerca representa?
Qual o significado do uso dessa cerca, no contexto desse conteúdo?
Que relação essa imagem tem com o assunto: questão da luta pela
terra?
A resistência indígena
257
As poucas aldeias que estão instaladas atualmente no Estado são
exemplos de resistência, diante de tudo o que os índios passaram desde a
chegada dos portugueses em território paranaense. Para muitos, até hoje,
as áreas indígenas representam um obstáculo ao desenvolvimento e ao
progresso do Estado.
No entanto, embora lutassem para defender o solo onde viviam, na
maioria dos casos, os índios foram vencidos, escravizados, mortos ou
expulsos. A conquista dos europeus exterminou grande parte da civilização
indígena.
Uma das lutas aconteceu entre os anos de 1578 e 1579. O movimento
foi liderado pelo cacique Oberá e envolveu indígenas que viviam em
praticamente toda a área ocupada atualmente pelo Oeste do Paraná. Essa
revolta iniciou em solo paraguaio e se estendeu até aqui.
O objetivo era libertar o povo Guarani da opressão espanhola. Como
Oberá tinha conhecimento sobre a dificuldade de vencer os europeus que
possuíam armas de fogo, foi deflagrada uma “greve” geral entre os índios,
que se recusaram a continuar trabalhando para os espanhóis, dedicando-
se exclusivamente a dançar e cantar durante muito tempo.
As autoridades espanholas, sediadas em Assunção, no Paraguai,
procuraram acabar com a rebelião. As tropas iam às aldeias para trazer os
índios de volta ao trabalho. Mas o cacique Oberá nunca foi encontrado.
Resistência
indígena. Tela
de Jean
Baptiste
Debret, 1834.
258
Comunidades Remanescentes de Quilombos e Comunidades
Tradicionais Negras
259
Por isso, há uma grande preocupação nas comunidades em relatar
aos mais jovens e crianças as histórias dos antepassados. Assim, os
valores, a cultura, os conhecimentos, a religiosidade, o trabalho, a
organização da sociedade, o passado de sofrimento, resistência, luta e
afirmação, podem garantir a continuidade dessas comunidades no território
paranaense.
Comunidade Cerro
Azul
http://quilombospr.blogspot.com/
Questão de Palmas
260
A Argentina reivindicava a atual região do Oeste de Santa Catarina e
Sudoeste do Paraná, sendo que as fronteiras entre esses dois países foram
definidas em 1777, no Tratado de Santo Ildefonso, entre Portugal e
Espanha, que seria entre os rios Peperi-Guaçu e Santo Antônio.
Em 1881, a Argentina começou a questionar esse Tratado dizendo
que sua fronteira a leste iria até os rios Chapecó e Chopim, denominando-
os de Peperi-Guaçu e Santo Antônio; ao norte, a fronteira seria o rio Iguaçu
e ao sul o rio Uruguai, compreendendo aproximadamente 30.000 km² de
área.
261
Porém, nenhum dos dois países via no conflito armado a solução para o
impasse. Foi então que adotaram a solução do arbitramento. Como árbitro,
foi escolhido o presidente dos Estados Unidos Grover Cleveland. A questão
em julgamento deveria ser favorável a um dos países, sem, no entanto,
dividir o território.
Para defender o Brasil, foi escolhido o Barão do Rio Branco. Para a
defesa brasileira, ele utilizou:
_ a alegação de que dos 5.673 habitantes dessa região em conflitos,
30 eram estrangeiros e os demais eram brasileiros;
_ que dos 30 estrangeiros, não havia um único argentino;
_ uma cópia do mapa do Tratado de Madrid de 1750, que os
portugueses e espanhóis haviam utilizado para traçar suas fronteiras. Nesse
mapa, os rios Peperi-Guaçu e Santo Antônio reforçavam os interesses
brasileiros.
O árbitro norte-americano Grover Cleveland deu a sentença, em
1895, favorável ao Brasil, mantendo os limites estabelecidos no Tratado de
Santo Ildefonso.
Por isso, a comunidade de Boa Vista de Palmas, próxima a Palmas,
localizada na área em disputa pela Argentina e Brasil, passou a denominar-
se Clevelândia, em homenagem ao presidente norte-americano Grover
Cleveland, árbitro do conflito que decidiu o impasse a favor do Brasil.
Autoras: Lisete Zacomelli, Sandra Marcon e Iria Bruch Böhm
A Guerra do Contestado
262
Os primeiros anos da República foram conturbados no Paraná. Em um
ano houve sete governadores. Os atritos, desavenças, conflitos e lutas pelo
poder político mostravam que a elite paranaense estava dividida em torno
de interesses particulares que poderiam ser alcançados pelo acesso ao
poder. Geralmente, os representantes políticos estavam ligados aos grupos
poderosos da erva-mate e do gado.
Nesse período, ocorreram também lutas, revoltas e revoluções com o
objetivo de questionar o poder político, reivindicar o acesso às terras ou
demarcar as divisas entre Paraná e Santa Catarina.
http://www.viageiro.com/guerra-do-contestado/mapa.jpg
263
Empresa ferroviária que
concluiu o trecho catarinense da
Estrada de Ferro São Paulo- Rio
Grande.
http://2.bp.blogspot.com/_kdeDKUQPDl0/TNkjcNohTMI/AAAAAAAAbvA/7Iv.OQbK2TjA/s1600/Brazil_RW100a.jpg .
264
mortos e as casas queimadas. Isso provocou uma grande revolta entre os
camponeses, que se organizaram e formaram inúmeros redutos em Santa
Catarina e no Paraná, conquistando o território localizado entre os rios
Uruguai e Iguaçu. Essa região era habitada por cerca de 20.000
camponeses e foi chamada de Ibituruna ou Bituruna. Em algumas
comunidades viviam até 5.000 pessoas.
Caboclos preparados
para a Guerra do
Contestado.
http://static.panoramio.com/photos/original/644526.jpg
Em 1914, uma tropa com 7.000 soldados foi designada para acabar
com as comunidades que se organizaram na região do Contestado. A
Guerra durou 4 anos. Houve muitos confrontos e os colonos foram vencidos
pelas tropas oficiais.
A revolta de Porecatu
265
http://www.territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=Porecatu.
Essa revolta foi motivada pelo acesso à terra, porque várias pessoas
e empresas receberam concessões para vendê-las aos colonos. No
entanto, muitos posseiros já haviam se instalado em propriedades
localizadas nessa região, porque consideravam essas terras devolutas, ou
seja, terras que eram públicas e nunca haviam tido proprietário.
Esses camponeses tentavam legalizar suas propriedades, mas não
conseguiam. Fundaram então uma Liga Camponesa para organizar uma
luta pela legalização de suas terras.
Quando os colonos fizeram um protesto na estrada que liga
Presidente Prudente a Londrina, em 1947, para chamar a atenção do
governo sobre o problema da legalização das terras, grileiros e jagunços,
com o apoio da polícia, os enfrentaram, com o objetivo de acabar com a
manifestação. E, além de expulsá-los, cometeram algumas atrocidades
contra os camponeses, incendiando algumas casas, matando animais,
roubando algumas propriedades, prendendo, torturando e matando um dos
líderes da Liga Camponesa, o senhor Francisco Bernardo.
Essa atitude gerou muita revolta entre os agricultores, que decidiram
organizar uma resistência armada, enquanto negociavam com o governo a
legalização das propriedades.
266
Os jagunços e a polícia voltaram para tentar desocupar as
propriedades. Mas houve troca de tiros e mortes. Então, o governo mandou
reforço e, em 17 de junho de 1951, foram presos vários líderes políticos do
movimento. Em seguida, centenas de soldados ocuparam a região. Alguns
moradores se entregaram, outros fugiram e muitos desistiram da luta
armada. Poucos foram presos.
Com o fim da revolta, a maioria dos agricultores recebeu do governo
o título de propriedade da terra e legalizaram sua situação nos municípios
de Centenário, Campo Mourão e Paranavaí. Já em Porecatu, Jaguapitã e
Arapongas, as propriedades foram desapropriadas e as terras foram
declaradas de utilidade pública, sendo vendidas posteriormente.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000001753/0000020758.jpg
267
Revolta dos posseiros no Sudoeste do Paraná
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/300-2.pdf.
268
que atuavam na região, com o apoio do então governador do Estado,
Moisés Lupion.
As empresas grileiras queriam forçar os camponeses a comprar as
propriedades nas quais já viviam. Pagavam jagunços e pistoleiros para
amedrontar e intimidar os colonos, matando e espancando alguns líderes
do movimento e seus familiares, inclusive, mulheres e crianças. Também
saqueavam muitas propriedades, levando os mantimentos e utensílios de
valor e, em seguida, queimavam as casas.
Então, a partir de 1957, os posseiros se organizaram e decidiram lutar
por seus interesses, principalmente porque estavam horrorizados com a
crueldade dos jagunços. Atacaram alguns escritórios das companhias
colonizadoras e se armaram para enfrentar os jagunços e pistoleiros,
principalmente em Capanema e Santo Antônio do Sudoeste.
269
prefeitura e fecharam os escritórios das companhias. O prefeito, o delegado,
funcionários das empresas e os jagunços fugiram da cidade.
Então, o governo enviou representantes para a região com o objetivo
de negociar com os trabalhadores e garantir-lhes a permanência nas
propriedades.
Um fator importante que ajudou os camponeses do Sudoeste do
Paraná na defesa de seus direitos foi a chegada de soldados do Exército
para essa região de fronteira. Os militares apoiaram os colonos e suas
reivindicações, forçando o governador do Estado a retirar seu apoio às
empresas colonizadoras, acabando finalmente com o conflito armado.
Dessa forma, o movimento dos posseiros atingiu seus objetivos: a
expulsão das companhias colonizadoras e a legalização das propriedades.
http://www.arquivopublico.pr.gov.br/arquivos/Image/fotlupion/IC054A.jpg
270
conflitos de grandes proporções aconteceu em Jardinópolis, interior do
município de Medianeira, às 13 horas do dia 2 de junho de 1961.
O dia 2 de junho de 1961 é, ao mesmo tempo, uma das principais
datas históricas e um dos temas proibidos dos atuais doze mil habitantes
dos distritos de Jardinópolis e Flor da Serra, pertencentes ao município de
Medianeira, no Oeste paranaense. Foi ali que 150 posseiros enfrentaram
cerca de 200 jagunços e homens fardados como policiais militares numa
batalha campal que resultou em mais de 100 mortes e tem como único
registro os inacessíveis arquivos históricos oficiais e a lembrança de alguns
poucos e arredios sobreviventes do combate. Eles simplesmente se negam
a falar sobre o assunto, temendo até hoje, uma eventual represália policial.
[...]
Os pioneiros eram famílias de agricultores oriundas do Oeste
catarinense, do Rio Grande do Sul e até mesmo de outras regiões do
Paraná, que chegavam à chamada Gleba Jardinópolis, localizada nas
divisas do Parque Nacional do Iguaçu, formada por milhares de alqueires
de mata virgem e tida como terra devoluta. No ano de 1960, já eram dezenas
os agricultores instalados na área em que chegavam com algumas
ferramentas na mochila, mais algumas provisões de melado de cana, banha
de porco, linguiça, arroz e muita esperança no futuro. A maioria dessas
pessoas eram trabalhadores rurais e agricultores pobres, que buscavam um
pedaço de terra para cultivar e, assim, oferecer uma vida melhor para sua
família. Entre os pioneiros que tomaram posse das terras, estavam
agricultores mais espertos que, prevendo lucros futuros, ocuparam grandes
extensões da mata e depois passaram a vender lotes menores aos colonos
que continuavam a chegar à região.
[...]
No início de 1961, a comunidade cresceu com a chegada de posseiros
que haviam sido expulsos por jagunços e policiais de uma Gleba localizada
271
no interior de Matelândia, sob a ameaça de incêndio das moradias e até de
morte aos que resistissem. [...] Então correu a notícia de que a terra ocupada
pelos posseiros tinha dono e eles iam exigir ou o pagamento à vista ou a
desocupação da área. A posição dos pretensos proprietários chegou
oficialmente: pagamento à vista ou o despejo imediato. Os posseiros
reuniram-se para debater o que fazer, porque reunir o dinheiro para pagar a
terra era uma tarefa literalmente impossível e ninguém estava disposto a
deixar suas propriedades construídas com tanto sacrifício, até porque não
havia para onde ir. Todos estavam amedrontados, lembrando o que
ocorrera a poucos anos no Sudoeste paranaense, onde mulheres de
posseiros haviam sido estupradas por jagunços na presença dos maridos,
e a pressão exercida sobre os agricultores acabou originando um conflito
armado de grandes proporções.
A batalha
272
reuniram-se na moradia de um posseiro, a dois quilômetros de Jardinópolis,
para rezar e esperar. Às 13 horas, chegaram a Flor da Serra ônibus e
caminhões carregados de jagunços e policiais fardados. Quando se
aproximaram da barricada armada pelos posseiros foram surpreendidos por
um tiroteio cerrado de fogo e chumbo. A batalha começou com a
participação de todos os 150 posseiros, que se concentraram para deter os
invasores. Quatro horas depois, o silêncio voltou a reinar em Flor da Serra.
Quando a fumaça se dissipou na mata, havia mais de uma centena de
mortos espalhados pelo chão e dezenas de feridos. Entre as vítimas fatais,
apenas um posseiro. Entre os jagunços e policiais fardados, os que não
estavam mortos ou gravemente feridos haviam desaparecido na floresta.
Pouco depois das 17 horas, chegou ao local um destacamento do batalhão
do exército sediado em Foz do Iguaçu, comandado por um coronel que se
apressou em defender a paz dos posseiros que permaneciam no local. Os
mortos foram recolhidos pelos militares e três posseiros, todos feridos,
foram levados presos. Com os mortos, foi sepultada a lembrança do conflito,
pois seus participantes não admitem comentá-lo em público até os dias de
hoje.
Para pagar a hospitalidade e os advogados para defender os colegas
detidos e responsabilizados pela batalha campal, os posseiros trabalharam
como peões durante muitos meses. No ano seguinte, Jardinópolis já dava
mostras de retomar o progresso, com a instalação de pequenas indústrias
como moinhos e serrarias. Em 1963, toda a Gleba estava ocupada e em
1967, o então Instituto Brasileiro de Reforma Agrária- IBRA realizou
medições de lotes, a partir das divisas acertadas pelos próprios agricultores,
e regularizou toda a área, entregando títulos definitivos aos antigos
posseiros. Hoje, todos são proprietários regulares. Poucos se lembram do
dia 2 de junho de 1961 e quem recorda, não fala.
Texto extraído da obra Memória: documentos sobre a revolta de, 61 de Leonir Olderico Colombo, (2001)
p. 32-37.
273
Caderno de atividades – Unidade 10: Conflitos internos no Paraná
Você sabia?
274
Hino de Itaipulândia - PR
Aparecidinha D'Oeste
Embalada num sonho abstrato
De Itaipu herdeira do lago
Novo sonho, novo retrato.
Município de Itaipulândia
Secretaria de Educação