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Roteiro de Ação
Roteiro de Ação
Informações básicas
Duração Prevista: 4 a 5 aulas
Área do conhecimento: Ciências da Natureza
Divisão da turma: Grupos de 3 ou 4 alunos
Assunto: Coloração de bactéria pelo método Gram
Objetivos:
Explicar por que bactérias com componentes estruturais diferentes podem ser
diferenciadas quando coradas pelo método de Gram.
Descrever a sequência dos procedimentos da coloração de Gram e os princípios
físico-químicos que regem cada um desses procedimentos.
Apresentar provas da existência de micróbios intimamente associados aos
tecidos de nosso corpo.
Introdução
pelo patologista dinamarquês Hans Christian Joachim Gram. Gram, em 1885, publicou
na revista científica Fortschritte der Medizin, em Berlim, Alemanha, um método de
coloração de bactérias que até hoje vem sendo utilizado para fins de classificação de
micróbios.
Atividade 1:
Materiais necessários:
hastes flexíveis com ponta de algodão hidrófilo (cotonetes);
lâminas de vidro para microscopia;
caneta para escrever em vidro;
solução de cristal violeta constituída por 1g de cristal violeta, 10mL de
álcool a 95º GL, 2g de fenol e 100mL de água destilada;
solução de iodo, conhecida como solução de Lugol *
álcool a 95º GL;
solução de fucsina constituída por 30mg de fucsina básica, 10mL de álcool a
95º GL, 500mg de fenol e 90mL de água destilada;
pia com torneira;
recipiente ou suporte descartável para recolher os resíduos
de corante (lata de leite em pó ou equivalente);
frasco com água;
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Procedimentos:
O material biológico para ser utilizado nesta aula prática pode ser coletado de você
mesmo. Uma das regiões do corpo mais povoadas por micróbios é a boca,
principalmente os sulcos gengivais. Portanto, esfregue firmemente a ponta de
algodão de uma haste flexível na gengiva e, com este material, faça um esfregaço
no centro de uma lâmina de vidro, previamente desengordurada e marcada na face
contrária àquela onde o esfregaço será feito, conforme as Figuras 2.a e 2.b. Deixe-
a exposta ao ar, até o esfregaço secar.
Figura 2: (a) Passando a haste algodonosa na gengiva; (b) fazendo o esfregaço na lâmina, no lado
contrário à marcação (o nome Cris aparece invertido, você notou?).
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Esta fase deve ser executada passando a lâmina pela face oposta ao esfregaço
sobre uma chama, tendo o cuidado de não torrar o esfregaço. Passe a lâmina três
vezes pela ponta da chama, rapidamente, para que a lâmina fique levemente
aquecida. Atente para não tostar os micróbios.
* CRISTAL VIOLETA: Também conhecido como violeta de genciana, corante roxo do grupo das
anilinas.
• Esta etapa do processo tem por finalidade corar as células que ficaram
descoradas na fase anterior. Usa-se um corante de cor diferente para
possibilitar o contraste entre as células. Dentre os mais utilizados, destaca-se a
FUCSINA BÁSICA, que tem cor avermelhada. A solução contrastante deve ser
gotejada sobre a lâmina nivelada e escorrida após 30 segundos. Em seguida, o
esfregaço deve ser lavado com água e deixado secar ao ar. Neste momento, a
lâmina está pronta para ser levada ao microscópio no qual você poderá
observar as estruturas coradas.
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a b
* CARÁTER HIDROFÓBICO: (Hidro = água + fobus = repulsa). Propriedade das moléculas orgânicas de serem
insolúveis em soluções aquosas (que têm um caráter iônico ou polar). As moléculahidrofóbicas são dissolvidas em
componentes orgânicos apolares (semelhante dissolve semelhante).
Discussões:
Olhando ao microscópio, você vai perceber que, além das células do epitélio,
também existem muitos micróbios na sua cavidade bucal. Diante deste fato, você deve
ter passado a entender por que é importante escovar os dentes e outros hábitos de
higiene corporal, uma vez que, por meio deles, você consegue evitar a proliferação
exagerada dos seus micróbios, mantendo-os sob controle.
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Polissacarídeo 0
Lipídeo A Purina
Polissacarídeo
interno
Ácido
teicóico Membrana Exterior
Proteína Ácido
associada externa
lipoteicóico Lipopolissacarídeo
à parede
(LPS)
Peptídeoglicano nm
Membrana
citoplasmática
Periplasma Fosfolipídeos
Lipoproteína
Membrana Peptídeoglicano
citoplasmática
Interior
Como você já viu nos textos base, as células de origem animal, como as que
fazem parte do epitélio da sua gengiva, têm a membrana plasmática exposta ao
ambiente, da mesma forma como se apresenta a membrana externa das bactérias
Gram-negativas. De ambas as células, as membranas são dissolvidas quando
tratadas pelo álcool, fazendo com que estas células fiquem descoradas e passíveis de
adquirirem a cor do corante contrastante. Na Figura 5, estão apre- sentadas, de forma
ilustrativa, as diferenças tintoriais que as bactérias vão apresentando, à medida que a
técnica de coloração de Gram vai sendo executada. Para ter uma visão em cores,
você deve acessar o site http://protocolos.tioale.pro.br/gram.php.
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Fixação
Cristal violeta
Tratamento
com iodo
b
a
Descoloração
Contraste
com
fucsina
Figura 5: (a) Fases do processo da coloração de Gram. (b) Resultado da reação de Gram em tubo (notar
o caráter hidrofóbico da iodopararosanilina).
Para você ter uma idéia mais concreta do que acabamos de explicar, vamos
fazer agora uma prática que tem por finalidade mimetizar, dentro de um tubo de
ensaio, o fenômeno que acontece com as células durante a primeira etapa da
coloração de Gram.
Para executar esta atividade, você vai precisar de alguns daqueles materiais
listados na Atividade 1 e mais um tubo de ensaio com tampa ou com rolha de
borracha.
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Procedimentos:
no tubo de ensaio de vidro, coloque água até formar uma coluna de três
centímetros;
adicione óleo até formar uma camada de um centímetro sobre a camada de água;
coloque duas gotas da solução de cristal violeta e observe até o corante atingir a
fase aquosa;
feche o tubo usando a tampa ou a rolha de borracha, de forma a vedar a saída dos
líquidos;
com vista nesses resultados, diga se as moléculas do cristal violeta têm CARÁTER
HIDROFÍLICO OU HIDROFÓBICO;
adicione duas gotas de lugol, feche o tubo e observe essas gotas de iodo até
atingirem a fase aquosa;
Vi Violeta 1 min
Lu lu Lugol 1min
Al i Álcool Lavar rapidamente
A Água Lavar exaustivamente
Fu mar Fucsina 0,5 min e lavar com água
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* CARÁTER HIDROFÍLICO OU HIDROFÓBICO: Hidros = água Filos = atração Fobus = repulsão. Propriedade das
moléculas orgânicas de serem solúveis em solução aquosa (polares) ou insolúveis nessa solução
(apolares).
CONCLUSÃO
Se ao final desta aula prática você não ficou com o jaleco ou com os dedos
coloridos, parabéns! Se não conseguiu essa proeza, que tal executá-la mais uma vez, para
fazer bonito junto aos seus futuros alunos? Para você guardar no seu arquivo, a Tabela 1
contém alguns exemplos de espécies bacterianas e suas respectivas reações à coloração de
Gram.
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RESUMO
Nesta aula prática, foi explicado por que bactérias com componentes estruturais
diferentes podem ser diferenciadas quando coradas pelo método de Gram. O
método de coloração de Gram diferencia células que apresentam a parede de
mureína coberta ou não por uma membrana externa. A seqüência dos
procedimentos da coloração de Gram e os princípios físico-químicos que regem
cada um deles podem ser memorizados pela frase: “Vi Lulu ali a fumar.”
A microscopia de esfregaço do material de gengiva mostrou de maneira cabal a
existência de micróbios intimamente associados aos tecidos de nosso corpo. A
propriedade dos corantes de se fixarem em estruturas hidrofílicas ou hidrofóbicas
também pode ser evidenciada, de maneira direta e indireta, pela realização do
método de Gram.
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