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1ºAno - 2022/2023
Aulas Teórico-Práticas
de
Microbiologia Clínica
Helena Albano
Susana Alarico
Microbiologia Clínica
Uma boa prática num laboratório consiste nas seguintes regras, procedimentos e
comportamentos:
comportamento cumprimento
responsável das medidas de uso correto do
prevenção equipamento de
conhecimento proteção
dos riscos
Aula Teórico-Prática 1
6 - Movimentar a platina com o parafuso macrométrico; observar nas oculares até verificar a
focagem da imagem;
7 - Apenas com o olho direito aberto proceder à focagem da imagem com o parafuso
micrométrico;
8 - Apenas com o olho esquerdo aberto ajustar a imagem a nível da respectiva ocular;
Revolver
I - Colocar em posição a objectiva de
imersão (100x) e verificar que esta Braço
não toca na preparação;
Objetivas
II - Retirando a objectiva do trajeto da
luz, colocar uma gota de óleo de Platina
imersão na preparação. Voltar a P. macrométrico
Condensador
colocar a objectiva de imersão; P. micrométrico
Parafusos de ajuste de focalização
III - Colocar o diafragma na sua
Fonte luminosa
posição máxima. Ajustar a
intensidade da luz com o botão
regulador. Diminuir a posição do
diafragma de modo a obter maior contraste;
IV - Se for necessário ajustar a focagem, usar com muita precaução o parafuso micrométrico.
Nunca utilizar o parafuso e simultaneamente observar na ocular!
Procedimento Experimental:
Objectivo:
Identificação da constituição da Parede Celular de diferentes bactérias através da
coloração de Gram
Procedimento:
1. Identificar a lâmina;
2. Colocar uma gota de água no centro da lâmina;
3. Com uma ansa retirar um pouco de uma cultura pura (grandes quantidades têm efeitos
negativos na visualização) e colocar na gota de água;
4. Com ansa, estender a gota de suspensão sobre a lâmina, obtendo assim um esfregaço
fino;
5. Deixar secar ao ar 30 a 60 segundos;
Violeta de Cristal
Violeta de
Violeta de Cristal
Cristal
Iodo
Descoloração
Safranina
Membrana Externa
Peptidoglicano LPS
Membrana Plasmática
Aula Teórico-Prática 2
Crescimento Bacteriano: aumento do número total de células devido à divisão celular dos
organismos individuais na cultura – FISSÃO/DIVISÃO BINÁRIA
• Crescimento bacteriano num sistema fechado significa que, após inoculação, não se
volta a inocular o meio de cultura, nem se adiciona ou retira meio de cultura,
durante a monitorização do crescimento.
1. Fase “Lag” ou Latência – fase de adaptação das bactérias ao meio de cultura, sem
ocorrer divisão bacteriana
2. Fase “Log” ou Exponencial – elevada atividade metabólica e fisiológica das células
bacterianas. A taxa de crescimento é máxima ( = Max), no entanto, nesta fase algumas
espécies de bactérias são mais sensíveis aos antibacterianos.
Na fase Exponencial: = Max
3. Fase Estacionária – ocorre a paragem do crescimento devido:
- Exaustão dos nutrientes
- Acumulação de produtos tóxicos do metabolismo bacteriano
4. Fase de Lise ou Morte – o número de células viáveis diminui, com perda irreversível da
capacidade de divisão celular.
O meio ambiente exerce uma forte influência sobre as bactérias, tal como sobre outros
microrganismos e outras formas de vida. Esses efeitos podem ser agrupados em:
• Físicos:
- Temperatura
- Pressão osmótica
- pH
- Potencial redox
• Químicos:
- Nutrientes
- Resposta a produtos tóxicos
• Biológicos:
- Influência de espécies coexistentes
1. Efeito da temperatura:
As bactérias não possuem nenhum mecanismo de controlo e regulação da temperatura da
célula, assim a sua temperatura é a temperatura do meio ambiente.
Como resposta a temperaturas adversas ao seu crescimento, as bactérias param a sua
atividade enzimática sem necessariamente ocorrer a sua morte.
Diferentes espécies de bactérias, apresentam diferentes exigências no que diz respeito à
temperatura de crescimento, isto é, existe um valor máximo de temperatura, acima do qual
a bactéria não se desenvolve e um valor mínimo de temperatura abaixo da qual também
não ocorre crescimento. O crescimento ocorre dentro de certos limites e o valor da taxa de
crescimento mais elevado corresponde à temperatura ótima de crescimento.
óptimo
Temperatura
Psicrófilos: 4 -10 C
Mesófilos: 10 - 50 C
Termófilos: 50 - 70 C
Hipertermófilos: 70 – 110ºC
mínimo máximo
Pressão osmótica
halófilos: necessitam de elevada concentração de
sal no meio
3. Efeito do pH:
A maioria dos microrganismos tem uma concentração de iões H+ ótima para o seu
desenvolvimento, embora cresçam numa zona de pH bastante ampla.
A maior parte dos ambientes naturais têm valores de pH entre 5 e 9, o que é favorável ao
crescimento da maioria dos microrganismos.
Relativamente ao fator pH, os microrganismos dividem-se em três grandes grupos:
pH Acidófilos: pH 1.8 - 5
Neutrófilos: pH 5 - 9
Alcalófilos: pH 9 -11
Oxigénio
Aeróbios: crescem apenas na presença de oxigénio
C. MEIOS DE CULTURA
Um meio de cultura pode ser definido como uma preparação líquida ou sólida usada
para o crescimento, transporte e preservação de microrganismos em laboratório. Para ser
efetivo deve conter os nutrientes necessários ao crescimento do microrganismo em
questão, sendo que, meios específicos são bastante importantes para a identificação,
isolamento e estudos acerca de um determinado microrganismo.
O conhecimento do habitat de uma bactéria permite uma aproximação da
reconstituição do meio de cultura.
• Meios sintéticos:
Estes meios são quimicamente definidos, já que todos os seus componentes são conhecidos.
São usados em culturas de microrganismos que conseguem crescer em meios relativamente
simples contendo CO2 como fonte de carbono (sob a forma de Na2CO3 ou HCO3-), nitrato ou
amónia como fonte de azoto, sulfato, fosfato e outros minerais (Tabela 1). Alguns
organismos podem crescer em meios constituídos apenas por glucose como fonte de
carbono e sais de amónia como fonte de azoto.
• Meios complexos:
Ao contrário dos meios sintéticos, estes são constituídos por substâncias acerca das quais
não se conhece a composição química exata, por exemplo: a peptona – frações de proteínas
hidrolisadas contendo, por isso, aminoácidos e péptidos resultantes da digestão proteolítica
de fontes de proteínas; extratos de carne – contêm aminoácidos, nucleótidos, minerais,
vitaminas; e extratos de leveduras – fontes de vitamina B assim como de compostos
carbonados e nitrogenados.
Exemplo de meios complexos mais comuns: o caldo nutritivo (Tabela 2), o caldo de soja
tríptica e o Agar MacConkey (Tabela 3).
• Meios enriquecidos:
Meios aos quais são adicionados, por exemplo, sangue, soro, albumina do ovo ou outras
substâncias nutritivas, cujo objectivo é promoverem o desenvolvimento de bactérias mais
sensíveis ou bactérias de crescimento lento (bactérias fastidiosas).
• Meios seletivos:
Como o próprio nome indica, estes meios promovem o crescimento de uma espécie
específica. Por exemplo, os sais biliares ou corantes como a fucsina e o cristal violeta inibem
o crescimento das bactérias Gram+ não afetando, no entanto o desenvolvimento das Gram-.
• Meios diferenciais:
São meios que permitem a distinção entre diferentes tipos de bactérias, permitindo
identificar determinado microrganismo de acordo com as suas características biológicas,
fenotípicas ou bioquímicas.
• Meios enriquecidos:
Permitem o crescimento, em placas com meio de cultura, de bactérias mais sensíveis ou
bactérias de crescimento lento (bactérias fastidiosas), as quais sem determinados
substâncias no meio de cultura, como por exemplo, sangue, soro, etc. não conseguiriam
crescer.
É um meio seletivo e diferencial! Como contém lactose, as colónias que fermentam a lactose
surgem rosadas (durante a fermentação de lactose há produção de ácido láctico o que,
consequentemente, altera o pH do meio resultando na observação de colónias rosa
choque/vermelhas). As bactérias que não fermentam a lactose utilizam a peptona levando à
formação de amónia, que eleva o pH do meio (surgem colónias brancas/sem cor e observa-
se mudança de cor do meio). A presença de sais biliares e do cristal de violeta confere-lhe
características de meio seletivo, pois apenas crescem neste meio bactérias Gram-.
Figura1: Meio Agar MacConkey. Cultura de uma bactéria que fermenta a lactose
(esquerda) e cultura de uma bactéria que não fermenta a lactose (direita).
Streptococcus pyogenes
Haemophilus influenzae
Aula Teórico-Prática 3
Procedimento Experimental:
Objectivo
Extração de DNA Genómico bacteriano
Material
Culturas puras de bactérias
SDS 10% (dodecil sulfato de sódio)
Tampão TE (Tris-EDTA, Tris-HCl 10 mM, pH 8,0; EDTA 1 mM)
Etanol absoluto
Tubos de microcentrífuga Eppendorf (Epp)
Ansas estéreis
2 - Adicionar 75 μL de SDS. Inverter como no passo anterior e deixar incubar durante cerca
de 20 minutos, com agitação ocasional do tubo.
3 - Adicionar 1.25 mL de etanol (adicionar etanol no dobro do volume do tampão TE), agitar
suavemente invertendo o tubo suavemente algumas vezes.
Nota: Imediatamente será possível ver o DNA precipitado, de cor branca e aspecto viscoso.
4 - Retirar o DNA precipitado no tubo com uma ansa estéril para um novo tubo Epp.
Aula Teórico-Prática 4
Um Antibiótico (do grego αντί - anti + βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo"/ “anti-vida”) é
qualquer substância capaz de combater uma infeção causada por uma bactéria e que,
portanto, elimine a bactéria ou iniba a multiplicação da mesma, facilitando o trabalho do
sistema imunitário no controle da infeção.
Um antibiótico pode ser preparado, em laboratório, por síntese química ou ser produzido
por microrganismos [por ex: Penicillium chrysogenum (fungo filamentoso produtor da
penicilina) ou Streptomyces (bactéria produtora da estreptomicina)]. Assim, quando um
antibiótico é adicionado a uma cultura bacteriana em crescimento exponencial, podem
observar-se dois tipos de efeito:
Efeito bactericida - quando há morte das células e se a morte for causada por lise celular é
designado por Efeito bacteriolítico (ex: penicilina, vancomicina).
Quanto à natureza
Espectro amplo – quando o antibiótico tem efeito sobre um número elevado de grupos de
bactérias.
Espectro restrito - quando o antibiótico tem efeito sobre um grupo restrito de bactérias ou
sobre uma bactéria específica.
ANTIBIOGRAMA
Teste de sensibilidade aos antibióticos
Antibiogramas são bio-ensaios conduzidos “in vitro” que visam testar a sensibilidade de
bactérias aos antibióticos.
A suscetibilidade aos antibióticos pode ser classificada qualitativamente como sensível,
intermediário ou resistente; ou quantitativamente em termos de MIC (minimun inhibitory
OBS:
O Método Kirby-Bauer não é só aplicado a antibióticos, pode também ser usado para medir
a sensibilidade de um microrganismo a outros agentes químicos – desinfetantes ou
antissépticos.
Antibiogramas
Procedimento Experimental:
Objetivo
Determinar a suscetibilidade de algumas bactérias a diferentes antibacterianos, usando o
método de Kirby-Bauer
Material
• Discos de antibióticos • Culturas puras de microrganismos
• Zaragatoas • Placas de meio de cultura TSA
• Pinças (Triptona Soja Agar)
Procedimento (Antibiograma)
1. Introduzir uma zaragatoa no tubo com a cultura pura e espalhar em toda a superfície da
placa (com TSA). Deixar secar aproximadamente 15 minutos.
2. Colocar os discos dos antibióticos, com a ajuda de uma pinça (passada por álcool e
flamejada), sobre a superfície da placa já com bactéria.
Tetracyclina 30 Tet 30 ≤ 14 15 - 18 ≥ 19
Gentamicina 10 Gent 10 ≤ 12 13 - 14 ≥ 15
Imipenem 10 IMP 10 ≤ 13 14 - 15 ≥ 16
Oxacilina OX 1 ≤ 10 11 – 12 ≥ 13
≤ 17** - ≥ 18
*Para verificação da sensibilidade do S. aureus à vancomicina, os resultados não são fiáveis pelo método de difusão em
disco para valores ≤ 17-21 µg/mL
** para Staphylococcus não produtores de coagulase
Aula Teórico-Prática 5
Procedimento Experimental 1:
Objetivo:
Testar a eficácia do uso antisséticos na desinfeção das mãos
1 - Dividir uma placa de Petri contendo meio de cultura em 4 partes iguais, utilizando uma
caneta de acetato (Atenção: a marcação com a caneta é feita na parte de baixo da placa);
• Controle (C),
• Mão Suja (MS),
• Detergente (Det), C MS
• Álcool Etílico (A).
Det A
Deve ser preparada 1 placa por grupo
seguindo o esquema ao lado
3 - No quadrante identificado como “MS” deve encostar o dedo (sem lavar) no agar, durante
1 minuto;
4 - A seguir, deve lavar as mãos com detergente, secá-las ao ar e encostar o mesmo dedo no
quadrante do agar identificado como “Det”, durante 1 minuto;
5 – Por último deve lavar as mãos com álcool, secá-las ao ar e encostar o mesmo dedo no
quadrante do agar identificado como “A”, durante 1 minuto;
7- Ao fim de 24h, caso apareçam colónias nos quadrantes, proceder à sua contagem e
registo;
Procedimento Experimental 2:
Objetivo:
Procedimento
3. Introduza a zaragatoa no nariz o mais profundo que conseguir, e rode-a nos dois sentidos;
4. Retire a zaragatoa do nariz e perto da chama, toque com ela no canto de uma placa de
Petri com meio Manitol Salt Agar (MSA);
Procedimento Experimental 3:
Aula Teórico-Prática 6
Fungos e Parasitas
FUNGOS
Os fungos são microrganismos eucariotas, quimio-organo-heterotróficos, encontram-se em
grande número na natureza e desempenham um papel fundamental como decompositores
da matéria orgânica. Podem ainda associar-se por simbiose com algas e formar os líquenes e
com plantas do solo formando micorrizas.
Os fungos podem ser benéficos para o homem através da produção de antibióticos como a
penicilina e na fermentação e maturação de alguns alimentos como o queijo. Os fungos são
também responsáveis pela deterioração de materiais como os têxteis e madeira; produzem
toxinas, como a aflatoxina entre outras e, podem ser ainda patogénicos para o homem,
plantas e animais.
Fungos leveduriformes - leveduras - unicelulares
Fungos filamentosos – pluricelulares
Fungos dimorfos (espécies patogénicas)
ex: À temperatura ambiente, desenvolvem-se como um bolor/fungo filamentoso
À temperatura corporal, desenvolve-se como uma levedura.
PARASITAS
A Parasitologia é uma área importante dentro das infeções que afetam o Homem. O
conhecimento dos parasitas patogénicos, dos síndromes clínicos que causam é fundamental
no tratamento e manipulação dos doentes. O diagnóstico laboratorial neste âmbito
tem particular ênfase dadas as particularidades destes agentes patogénicos.
Para diagnosticar uma parasitose podemos empregar métodos diretos (identificação e
isolamento do parasita) e métodos indiretos (exames serológicos para pesquisa de
anticorpos e eosinofilia).
Existem parasitoses intestinais, vasculares e musculares, utilizando-se para o seu diagnóstico
os seguintes métodos diretos, com exames macroscópicos e microscópicos:
Procedimento Experimental: