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Férias inolvidáveis

Era agosto, pleno verão! A temperatura estava


altíssima, não corria uma única brisa e o céu estava tão
azul que parecia um oceano de águas límpidas e
tranquilas. Contudo, Joana não estava tranquila. Naquele
momento, encontrava-se muito inquieta, ansiosa e
aborrecida, pois a escola já tinha terminado há algum
tempo e ela não sabia o que mais poderia fazer para
ocupar os seus dias. Precisava distrair-se, mas não sabia
como.
A Joana era uma jovem bonita, alta e elegante. Tinha
uns longos cabelos negros e sedosos. Os olhos eram
bastante expressivos, de um verde esmeralda, iguais aos
de sua irmã Alícia. As suas faces suaves estavam
completamente salpicadas com pequenas sardas que a
tornavam ainda mais engraçada.
6º E

Após alguns dias a refletir sobre a sua vida,


inesperadamente, chegou uma carta dos seus avós a
convidá-las a ir passar as férias de verão na quinta de que
eram proprietários. Sem pensar duas vezes, ambas
aceitaram o convite e decidiram, então, começar a preparar
as suas malas.
Chegadas à quinta, no dia combinado, Joana e Alícia
foram recebidas com muito entusiasmo por parte dos seus
avós. Contudo, a alegria que as mesmas sentiam durou
pouco, assim que se aperceberam de que não havia rede
wifi. As redes sociais eram indissociáveis das suas vidas
pessoais!
Assim, os dias eram monótonos e aborrecidos,
fazendo com que elas estivessem cada vez menos bem-
dispostas. Logo que o seu avô se apercebeu dessa
situação, decidiu preparar uma viagem surpresa ao
Algarve.
– Meninas, tenho uma surpresa fantástica para vocês!
– propôs o avô.
– A sério, avô? Qual!? – questionou a Joana,
entusiasmada.
– Sim, meninas. Eu e a vossa avó tivemos a brilhante
ideia de vos levar a passear ao sul de Portugal. Como
vocês tiraram boas notas na escola, resolvemos preparar
uma sequência de atividades: ir à praia, ao Zoomarine, ao
shopping, entre outras.
– Obrigada, avô! – disseram em uníssono.
Na manhã seguinte, partiram eles em rumo ao
Algarve. No entanto, enquanto circulavam na autoestrada,
faltando poucos kilómetros para chegarem ao destino, foi
detetado um problema mecânico, o que os obrigou a uma
paragem forçada. Sem saberem o que fazer, tentaram
obter ajuda. Eis que parou um carro, cujo condutor os
auxiliou, tentando imediatamente sinalizar a avaria da
viatura.
Após estar tudo resolvido, seguiram a viagem. Por
volta das 17 horas, chegaram ao hotel que os ia albergar
durante a sua estadia, tendo sido recebidos de uma forma
simpática pelos responsáveis do hotel.

8E – Prof. Sílvio

Mal entraram no seu quarto, verificaram que existia


uma estante cheia de livros. A Joana, como gostava muito
de ler, procurou, de imediato, o seu livro preferido. E
encontrou-o. Só que, mal lhe tocou, ouviu um barulho
estranho e a estante abriu-se.
Nisto, foi à procura da sua irmã Alícia. Passaram,
então, pela entrada secreta da estante e desceram umas
escadas em espiral. Ao chegar a meio, mais ou menos, o
ranger da madeira de um degrau chamou-as à atenção de
uma brecha corroída já pelo tempo. Espreitaram e viram
um velho livro. Como qualquer jovem curioso, pegaram no
achado e sacudiram-no do pó entranhado. Era um
momento único. O coração de Alícia batia apressado e os
olhitos castanhos mais pareciam dois faróis, não de carro,
mas faróis daqueles altos que avisam os navios que se
aproximam da costa. Era, de facto, um diário e começaram
a lê-lo. A caligrafia era bonita, porém notava-se que as
últimas páginas tinham sido escritas à pressa, o que
causou nas meninas uma enorme curiosidade para
perceberem este mistério. Palavra a palavra, frase a frase,
perceberam que pertencia a uma menina que tinha sido
raptada e encontrava-se presa numa gruta perto da praia
da Foz.
– Gruta? – questionou Alicia, preocupada.
– Sim, a gruta da praia da Foz. Aquela praia junto às
rochas do barco abandonado! – respondeu a Joana,
assertivamente.
As miúdas conheciam a praia, desde o tempo em que
o seu avô as levava para observar o pôr do sol, ao
entardecer. Mas da gruta, nada sabiam, aliás nunca
imaginaram a existência de grutas nas redondezas.
Decididas, deslocaram-se a toda a velocidade até
àquela praia, à procura da tal gruta. Procuraram,
procuraram, mas nada encontraram.
Regressaram ao hotel e perguntaram ao rececionista
se havia alguma gruta perto da praia, ao que este,
prontamente, lhes explicou onde ficava a suposta gruta do
Conde. Era assim o nome pela qual era conhecida.
– Do Conde? – perguntaram, em coro, as duas
raparigas, estupefactas.
O homem lá lhes explicou a lenda daquela gruta, de
facto muito pouco acolhedora e envolvida em piratarias e
contrabandos.
Depois de o rececionista pôr ao corrente do que se
estava a passar, foram aconselhadas a denunciar o caso
às autoridades locais, pois seria demasiado arriscado
aventurarem-se sozinhas numa zona perigosa como
aquela. Mais a mais, a maré estava a subir e as nuvens
cinzentas ameaçavam a proximidade de uma tempestade.
– Então o melhor é ligar à polícia! – sugeriu a Joana,
muito preocupada.
– É e tem de ser, já. A menina corre perigo! – afirmou
Alícia, determinada.
Assim, depois de contactada, no espaço de dez
minutos, compareceram a polícia e as meninas no areal da
Praia da Foz.
O vento soprava com alguma força, o que fazia saltar
para o rosto das meninas algumas areias. O mar, esse,
chegava já quase ao barco carcomido pelas marés e
encalhado nas rochas. A Joana parou e olhou, como que
imaginando o dia da primeira viagem daquele que, outrora,
fora um navio de luxo a transportar pessoas importantes e
senhoras bem vestidas e perfumadas, com as suas sacolas
pretas e muito brilhantes ao ombro, quando foi
interrompida:
– Menina, saia daí, é perigoso, as ondas são
traiçoeiras! – era o sargento Emanuel da esquadra da vila.
Na encosta escarpada que dava à praia, a vegetação
dançava raspando os ramos uns nos outros. E as gaivotas,
agitadas, esvoaçavam as suas asas a raspar a água na
esperança de pegarem algum peixe para seu sustento.
Armados com paus, os polícias desbastavam a
folhagem densa, na esperança de encontrarem a tal gruta
do Conde, quando, de repente, ouviram gritos vindos de
dentro do monte.
– Vêm dali os gritos, junto àqueles arbustos! – avisou
o agente Emanuel.
E assim, com agilidade e força, foram cortando o
mato que, aos poucos, ia dando visibilidade às rochas
pontiagudas, algumas, outras mais arredondadas e com
fissuras da escarpa da praia. A certa altura, rompeu por
detrás de uns ramos, secos e cheios de espetos, uma
cobra acastanhada a assobiar para os homens. As
meninas deram um grito, arrepiando de medo, pois o caso
não era para menos. Logo o réptil fugiu, rastejando por
entre a verdura. Com isto, aquele ramo seco descaiu e
viram um buraco para dentro da parede. Aos poucos,
retiraram pedra por pedra, até a abertura ficar maior e mais
larga. Fez-se um silêncio ensurdecedor, quando
começaram a ver a gruta do Conde. Repleta de estalactites
e estalagmites, onde gotas de água desciam, se calhar há
centenas ou até há milhares de anos. Foram caminhando e
um pouco mais à frente, já de lanternas ligadas, repararam
que o teto estava infestado de morcegos que
descansavam, recuperando forças para mais uma noite de
trabalho. Bem num cantinho, junto à parede, uma menina
cor de pele castanha, nariz arredondado, cabelos longos e
lindamente cacheados, levantou-se e abraçou
apertadamente Alícia e Joana.
– Estou tão feliz! Obrigado por me salvarem…
Rapidamente, com a ajuda da polícia, conseguiram
retirá-la daquela gruta fria e húmida.
Anita, como se chamava, estava aterrorizada,
esfomeada, cheia de frio e com a roupa rasgada. Contou
que andava a passear e, vendo a gruta, tentou explorá-la,
mas perdera-se. Não tendo iluminação, decidiu pedir
socorro.
Já segura e mais tranquila, a polícia levou-a a sua
casa, não antes de combinarem ir ao Zoomarine, no dia
seguinte com a família e os avós.

R1 4.º ano – Emília Pimentel

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