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MOCELIM, A; AUGUSTO, L.

A Reconquista Cristã: uma missão divina na Península Ibérica (VIII-XV)

The Christian Reconquest: a divine mission in the Iberian Peninsula (VIII-XV)

Adriana Mocelim [a]; Lucas Augusto Tavares [b]

[a] Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora assistente da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR-Brasil. E-mail: adriana.mocelim@pucpr.br.

[b] Graduando do curso de Licenciatura em História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Aluno do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUCPR), Curitiba, PR-Brasil. E-mail: lucasatds.augusto@gmail.com

Resumo

O estudo focaliza a trajetória histórica da Reconquista Cristã na Península Ibérica, desde a invasão
muçulmana no século VIII, até a queda do último reduto islâmico da península: o Reino de Granada,
no século XV. A partir disso, utilizando a metodologia de pesquisa bibliográfica com análise de fontes
primárias, temos como objetivo analisar o movimento da Reconquista dentro do âmbito religioso,
como uma missão divina que guiava as ações dos reis cristãos ibéricos, com vistas a retomar os
territórios que foram perdidos para o Islã, e entregá-los, novamente, à Cristandade, pois, além de um
movimento político de retomada territorial, a Reconquista também teve uma forte motivação religiosa,
que justificava as ações tomadas pelos reis cristãos peninsulares.

Palavras-chave: Reconquista Cristã. Missão Divina. Península Ibérica.

Abstract

The study focuses on the historical trajectory of the Christian Reconquest in the Iberian Peninsula
from the muslim invasion in the eighth century until the fall of the last islamic stronghold of the
peninsula: the Kingdom of Granada in the fifteenth century. From this, using the literature search
methodology with analysis of primary sources, we have the objective of analyze the movement of the
Reconquest inside in the religious scope, as a divine mission that guided the actions of iberian
christian kings, in order to regain the territories that were lost to Islam, and delivers them, again, to
Christianity, because in addition to a political movement of territorial resumed, the Reconquest also
had a strong religious motivation, which justified the actions taken by the peninsular christian kings .

Keywords: Christian Reconquest. Divine Mission. Iberian Península.

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.


Introdução

Julgamos relevante iniciar o presente estudo com uma abordagem conceitual acerca do
próprio termo “Reconquista”, que por sua vez está envolto em uma ampla gama de discussões
historiográficas que giram em torno de questões como: “o que exatamente, fora perdido? O
que havia para ser reconquistado?” (NOGUEIRA, C., 2001, p. 277). Deste modo, conforme
afirma Manuel González Jiménez (2003, p.151):

Dentre as várias questões importantes que afetam a Idade Média peninsular em seu
conjunto, nenhuma é mais debatida que o conceito e significado da Reconquista. O
próprio termo, utilizado desde o século XIX por historiadores espanhóis sem
maiores problemas, acabou convertendo-se em um assunto polêmico que tem feito
correr rios de tinta. (Tradução nossa) 1

Assim, o século XX será o palco de diversos estudos realizados por historiadores que
se debruçaram sobre o conceito e definição do movimento de Reconquista Cristã na Península
Ibérica. Dentre eles, Marcelo Vigil e Abilio Barbeiro defenderam, “a partir do estudo de
textos e evidências arqueológicas [...] o escasso nível de romanização e cristianização dos
povos do norte e a persistência de estruturas sociais muito primitivas [...]” (JIMÉNEZ, 2003,
p. 153, tradução nossa)2. Deste modo,

Se os povos do norte eram autóctones e, portanto, não sofreram influência romana


ou cristã, eles não poderiam reclamar para si terras outrora romanas (Hispânia) ou
cristãs (reino Visigodo). Neste sentido não trataríamos de um movimento de
reconquista, mas sim de conquista da Península Ibérica por povos que antes não a
habitavam (ALMEIDA; CARVALHO, 2014, p. 455).

Em contrapartida a esta teoria, Armamdo Besga em 1983 sustentou a ideia de que a


região das “Astúrias tinha origens tanto hispano como goda” (ALMEIDA; CARVALHO,
2014, p.455). Outros autores, como José Miguel Novo Guísan e Yves Bonnaz, concordaram
com esta posição “[...] afirmando que inúmeros traços culturais e políticos, que estavam

1
“De entre las varias cuestiones importantes que afectan a la Edad Media peninsular em su cojunto, ninguna hay
más debatida que la del concepto y significado de la reconquista. El proprio término, utilizado desde el siglo
XIX por historiadores españoles se mayores problemas, há acabado conviertiéndose em um asunto polémico que
há hecho correr ríos de tinta” (JIMÉNEZ, 2003. p. 151).
2
“[...] a partir del estúdio de los textos y de las evidencias arqueológicas[...] el escaso nível de romanización y de
cristianización de los pueblos del norte y la persistencia de estructuras sociales muy primitivas[...]” (JIMÉNEZ,
2003, p. 153).
Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.
presentes desde a sublevação de Pelágio, tinham estruturas visigóticas” (ALMEIDA;
CARVALHO, 2014, p.455).
Em meio a este mosaico de debates historiográficos sobre o movimento de
Reconquista na Península Ibérica, tomamos o posicionamento de seguir a abordagem de
Manuel Gonzáles Jiménes, segundo a qual:

A reconquista em mãos de uns e de outros se havia convertido em um tópico


retoricamente exaltado e objeto de culto ou em um desses conceitos que haviam de
extirpar e combater. Creio que ambas posturas são igualmente errôneas, porque
ambas adoecem do mesmo defeito: É o de reduzir a enorme complexidade do fato
histórico da Reconquista, ou como queira chamá-la, a uma só de suas múltiplas
facetas, a espiritual e religiosa no caso dos tradicionalistas, a material e econômica
no caso dos historiadores marxistas. (JIMÉNEZ, 2003. p. 155, tradução nossa)3

Deste modo, apesar de no presente estudo nos atermos à dimensão religiosa do


movimento de Reconquista na Península Ibérica, que se fez cada vez mais presente a partir do
século XI com a difusão do ideal de “Cruzada” pelo Ocidente Medieval, entendemos que “a
Reconquista não poderia ser compreendida como um movimento homogêneo, abraçado por
todos os cristãos da Península Ibérica, e seu desenrolar foi consequência de diversos fatores”
(ALMEIDA; CARVALHO, 2014, p.456).

Contextualização

No ano de 711, um exército composto por árabes e berberes do norte da África cruzou
o Estreito de Gibraltar e desembarcou na Península Ibérica com objetivos de conquista num
momento em que o Reino Cristão Visigótico estava mergulhado em uma crise dinástica entre
os partidários do falecido rei Vitiza4 e do recém-eleito rei Rodrigo5. A este respeito, Ruy
Andrade Filho (1989, p.15) cita que:

3
“La reconquista en manos de unos y de otros se había convertido en un tópico retóricamente exaltado y objeto
de culto o en uno de esos conceptos que había que extirpar y combatir. Creo que ambas posturas son igualmente
errôneas, porque ambas adolecen del mismodefecto: El de reducirla enorme complejidade lhecho histórico de la
Reconquista, o como quiera llamársela, a una sola de sus múltiples facetas, la espiritual y religiosa en el caso de
los tradicionalistas, la material y econômica, en el caso de los historiadores marxistas”. (JIMÉNEZ, 2003. p.
155).
4
Penúltimo rei visigodo, que ocupou o trono entre os anos de 702 e 710, e cuja morte iria gerar uma crise de
sucessão entre os seus partidários e aqueles que desejavam a ascensão ao trono do rei Rodrigo. Com a eleição
deste último, “um membro da clientela do rei Vitiza, o comes Julião, governador de Ceuta e do estreito, tomou
contacto com os muçulmanos e garantiu-lhes a ajuda da facção do antigo soberano. Na noite de 27 para 28 de
Abril de 711, Tárique, governador de Tanger, desembarcou em Espanha com cerca de sete mil homens”
(RUCQUOI, 1995, p. 62).
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Em meio ao clima de arbitrariedades e impotências da Hispânia visigótica, a morte
do rei Vitiza em 710 acelera os acontecimentos. Seus herdeiros eram menores de
idade, o que possibilitou a eleição de Rodrigo como o novo rei. Esta eleição
provocou dissidências na já dividida aristocracia goda. Os partidários dos filhos de
Vitiza, em clima de guerra civil, recorrem ao auxílio dos muçulmanos. Tal
expediente já havia sido utilizado em ocasiões anteriores, mas nunca com tão
funestos resultados para o reino.

Numa tentativa de conter a ocupação muçulmana, o rei Rodrigo trava uma batalha
contra os inimigos às margens do rio Guadalete em Julho de 711, porém, “traído pelos
contingentes que se tinham mantido fiéis aos partidários dos descendentes de Vitiza, o rei
visigodo, completamente derrotado, morre durante a luta” (CONRAD, 2003, p. 13). Após esta
batalha, liderado por Tarik bin Ziyad, o exército muçulmano marcha em direção à capital
visigótica Toledo, que cai sem oferecer resistência, daí em diante, a conquista se alastra por
outras regiões, sendo que, “[...] em 716, concluía-se de forma oficial a tomada de posse da
Península pelos muçulmanos” (ANDRADE FILHO, 1989, p.16).
A população ibérica, diante da invasão, seguiu dois caminhos distintos: os partidários
do rei Vitiza “[...] preocuparam-se sobretudo em salvaguardar os seus domínios, que a sua
interessante aliança com os vencedores lhes permitiu aumentar, em detrimento dos clãs
vencidos” (CONRAD, 2003 ,p.15); aqueles que não aceitaram se submeter aos invasores se
refugiaram nas Astúrias, uma região montanhosa no Norte da Península, onde “[...] tentavam
recriar uma monarquia de tipo visigótico num meio profundamente rural e fizeram da guerra
contra os infiéis o seu primeiro dever” (RUCQUOI, 1995, p.66).
Dada esta contextualização inicial e utilizando a metodologia de pesquisa bibliográfica
com análise de fontes primárias, o presente estudo tem por objetivo analisar o movimento da
Reconquista Cristã na Península Ibérica, especificamente dentro da esfera religiosa, como
uma missão divina que guiava as ações dos reis cristãos ibéricos, com vistas à “tirar das
mãos” dos muçulmanos as terras por eles conquistadas e entregar, novamente, à Cristandade.
Deste modo, será exposto um panorama geral da presença muçulmana na Península
Ibérica, desde a invasão do século VIII até a queda do último reduto islâmico da Península: o

5
Último rei visigodo que sucedeu o falecido Vitiza em 710, e cuja eleição suscitará a oposição dos partidários do
antigo soberano, que firmaram um acordo com os muçulmanos instalados na África do Norte com vistas à
ocupação da Península em 711. Assim, “ao saber do desembarque de Tárique, Rodrigo abandonou a campanha
militar setentrional e foi ao encontro dos muçulmanos. A batalha teve lugar no fim do mês de julho de 711 nas
margens do Guadalete e, graças à traição dos filhos de Vitiza, que passaram para o inimigo com a sua clientela e
o seu exército de escravos, os muçulmanos ficaram senhores do terreno. O rei Rodrigo desapareceu sem que seu
corpo fosse encontrado [...].” (RUCQUOI, 1995, p.63).

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Reino de Granada, que servirá de base para compreendermos a origem do movimento da
Reconquista Cristã, assim como o seu ideal religioso.

A ocupação muçulmana

O Reino Visigótico, instalado na Península Ibérica desde o século V, torna-se cristão


católico a partir da conversão do rei Recáredo6 em 587. A este respeito, Rucquoi (1995, p,
38), afirma que:

A conversão do rei Recáredo ao catolicismo, em 587, um ano depois da morte de


seu pai, pôs fim à tentativa de unificação ariana levada a acabo nove anos antes por
Leovigildo. Dois anos depois, em Maio de 589, um grande concílio reunia em
Toledo, sob a égide do rei e do bispo Leandro de Sevilha, os bispos totius Spaniae
vel Galliae: a crença na Trindade e na consubstancialidade do Filho foi ali afirmada,
os Godos renunciaram ao arianismo e os bispos convertidos foram confirmados nos
seus bispados.

Este ato, encabeçado por Recáredo, não só “[...] concluía a unificação da Hispania sob
o poder dos Visigodos na medida em que, a partir daí, governantes e governados participavam
da mesma fé [...]” (RUCQUOI, 1995, p.38), como também lançou das bases de um dos
princípios do futuro movimento de Reconquista na Península: retomar os territórios
conquistados pelos muçulmanos, e devolve-los à Cristandade.
Assim, o então Reino Cristão Visigótico começa a apresentar fraquezas preocupantes
no final do século VII e início do século VIII, pois:

A ausência de um modo de sucessão dinástica, as rivalidades que opõe os diversos


clãs aristocráticos, uma série continuada de más colheitas associadas a uma seca
persistente, epidemias de peste mortíferas, a situação miserável da grande maioria
[...] contribui para fragilizar perigosamente o reino visigótico na altura em que, nos
primeiros anos do século VIII, a conquista muçulmana chega às margens
marroquinas do Atlântico (CONRAD, 2003, p. 11).

Esta situação caótica atinge o ponto nevrálgico com a eleição, e posterior subida ao
trono visigótico do rei Rodrigo, que causará a insatisfação e forte oposição dos partidários do
falecido rei Vitiza, que defendiam a ocupação do trono pelos descendentes daquele.

6
Rei visigodo, cujo período de governo se estendeu de 586 a 601, que se dedicou a empreender “[...] a
unificação territorial e religiosa da península [...] e que ficou quase inteiramente concluída em vinte anos”
(RUCQUOI, 1995, p.35).
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Em meio a este contexto de crise, a Península Ibérica começa a se apresentar como
uma conquista fácil para os muçulmanos, instalados no Norte da África desde 707. Deste
modo, conforme afirma Conrad (2003, p.12):

Se dermos crédito à tradição <clássica> que dá conta da conquista da Espanha, a


subida ao trono do rei Rodrigo suscitou a oposição dos herdeiros de Vitiza, o
soberano defunto, e teriam sido eles a chamar os Muçulmanos. O conde Julião,
governador bizantino de Ceuta, teria desempenhado um papel determinante neste
assunto, ao vingar-se de Rodrigo, acusado de ter ofendido a sua filha ou a sua
esposa... O governador muçulmano do Norte da África, Muça bin Nusayr, e seu
adjunto, Tariq bin Ziyad, não podiam deixar de tirar partido de uma tal situação.

Após uma incursão de reconhecimento em 710, Tariq bin Ziyad lidera uma nova
campanha em 711 com o objetivo de conquistar a Península Ibérica. Numa tentativa falha de
conter a invasão, o rei visigodo Rodrigo morre em uma batalha contra o exército de Tariq às
margens do rio Guadalete em Julho de 711, sendo que, com a conquista da capital Toledo, o
exército muçulmano marcha então para outros territórios da Península. Com ordens para
retornar à Damasco, capital do Califado Omíada7, Muça bin Nusayr deixa seu filho, Adb al -
Aziz, para continuar a manter a conquista dos demais territórios ibéricos.
Aqueles que não se submeteram a pagar tributos aos invasores muçulmanos se
refugiaram no Norte da Península, na região montanhosa das Astúrias, núcleo do posterior
movimento de Reconquista, que iria oferecer resistência à dominação islâmica.

O domínio islâmico

Após a conquista, o poder islâmico na Península Ibérica passou a ser exercido pelos
wali8 (governadores), que representavam o califa Omíada de Damasco nas terras recém
conquistadas, que ficaram conhecidas como Andaluzia. Contudo, com a ascensão do Califado
Abássida em 750, inicia-se uma “caça” aos representantes da família dos Omíadas. O último
remanescente, Abd ar-Rahman, fugindo da perseguição, chega à Península Ibérica em 756,

7
“Logo após a morte de Maomé, seus sucessores, chamados califas perfeitos (632-660), após pacificarem a
Arábia iniciam os avanços do Islã. Logo a palavra do Profeta chegava à Síria, Pérsia, Palestina e Egito.
Constantinopla foi cercada e quase o Império Bizantino tem sua história abreviada. O caráter mais pastoral dos
primeiros califas é substituído por uma monarquia árabe. A dinastia Omíada (660-750) confere ao poder uma
característica mais política. A capital do império é instalada na cidade de Damasco, na Síria. Completa-se a
ocupação da Palestina e da Pérsia. No Oriente, o Islã progride sobre o Turquestão e o vale do rio Indo; para o
Ocidente, é a vez do norte da África e da Península Ibérica” (ANDRADE FILHO, 1989, p.14).
8
Após a instalação dos muçulmanos na Península Ibérica, “a nova sociedade nascida da conquista aparece
claramente hierarquizada. No topo, os conquistadores árabes, pouco numerosos nos primeiros anos, mas a partir
daí reforçados com novos contingentes. Escolhido de entre eles, o wali (vali) ou governador exerce o poder em
nome do califa de Damasco” (CONRAD, 2003, p.20).
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onde com o apoio dos clãs árabes e berberes, funda o Emirado de Córdova9, independente do
Califado Abássida10. Em suma:
Em 756, último príncipe omíada, Abd ar-Rahman, chegou à Espanha e consolidou
seu poder sobre os clãs beligerantes árabes e berberes. Isso criou o emirado de
Córdoba, um Estado centrado na cidade de Córdoba e independente do restante do
império muçulmano, que se tinha sido tomado pelos abássidas (CUMMINS, 2012,
p.56).

A independência com relação aos Abássidas viria se tornar plena com a substituição
do Emirado pelo Califado de Córdova11, proclamado em 929 pelo emir Abdl ar-Rahman III, e
que representaria um grande avanço do poder e da cultura islâmica na Península Ibérica,
conforme afirma Ruy Andrade Filho (1989, p.18):

A época do califado de Córdova (926-1031) corresponde ao mais estável período da


civilização hispano-muçulmana. A prosperidade econômica retomada e a adoção do
despotismo militar alicerçam o aparelho estatal. O exército e a administração vão se
destribalizando. Tropas mercenárias e escravas servem ao califa, cristãos, berberes,
convertidos, clientes, escravos vão ocupando postos no governo, esvaziando a
supremacia árabe (nobreza de sangue) e compondo uma “nobreza de serviços”. A
península ganha grandes obras de arte: a grande mesquita de Córdova recebe um
imponente minarete; constrói-se a “cidade real” de Medina al-Zahra.

Sendo assim “[...] com a transformação do emirado em califado, em 929, o domínio


omíada duraria até 1031, e na maior parte desse tempo predominaram a paz e a estabilidade”
(CUMMINS, 2012, p.56).
Esta estabilidade duraria até o início do século XI, quando os novos reinos cristãos do
Norte da Península, como Castela, Leão, Aragão e Navarra, se uniram para infligir uma
grande derrota ao exército muçulmano. Com isso, o Califado de Córdova fragmentou-se em
diversos reinos independentes entre si: os Reinos das Taifas. A fragilidade do novo mosaico

9 “Em 756, Abderramã I, fugindo da perseguição dos abássidas, consegue o controle de Al-Andaluz (vocábulo
com diversas interpretações e aqui utilizado como a península sob domínio muçulmano) e proclama-se emir
(comandante). Tinha início a época do emirado de Córdova (756-929). Seus primeiros anos são caraterizados
pela obra de consolidação do novo poder. Conspirações de árabes e berberes são sufocadas. Incentiva-se a
migração de parentes e clientes (indivíduos vinculados às tribos que os protegiam) dos omíadas. O exército é
reorganizado, recrutando-se mercenários berberes escravos de diversas origens”. (ANDRADE FILHO, 1989,
p.18).
10
Uma revolta depõe os líderes da Dinastia dos Omíadas e “os novos donos do poder, os Abássidas (750-1258),
transferem a capital para Bagdá e perseguem os remanescentes da dinastia anterior. Um destes perseguidos
achará refúgio na península ibérica e lá dará continuidade ao poder dos omíadas” (ANDRADE FILHO, 1989,
p.15).
11
Durante o Emirado de Córdova (756-929), vão estourar diversas revoltas, em grande parte encabeçadas por
muçulmanos convertidos, que não gozavam dos mesmos privilégios daqueles que já nasceram sob a fé islâmica.
Porém, “[...] a situação muda radicalmente com a chegada ao poder de Abd al-Rahman III, que reinará em
Córdova de 912 a 961. Restaura por toda a parte a autoridade do Estado, contém os pequenos reinos cristãos do
Norte na linha do Douro e proclama-se finalmente califa, comandante dos crentes em 929” (CONRAD, 2003,
p.23).
Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.
político islâmico, possibilitou aos reinos cristãos darem avanços significativos no movimento
de Reconquista.

A resistência asturiana e o movimento de Reconquista


Desde o início da ocupação muçulmana, a parcela da população que não aceitou se
submeter ao domínio islâmico buscou refúgio nas regiões montanhosas do Norte da Península
Ibérica, chamadas Astúrias. Ali, começaram a se reorganizar política, econômica e
socialmente, sendo que:

[...] Um estudo mais atento revela de fato um desejo de continuidade que se


manifestou ao mesmo tempo pela recriação de uma corte e de uma administração
copiadas das da época visigótica, pela manutenção das formas arquiteturais e
ornamentais, e códigos de leis do século VII, e pela fundação de panteões reais [...]
(RUCQUOI, 1995, p.133).

Sob a liderança de Pelágio12, possível herdeiro dos reis visigodos, os refugiados


cristãos empreenderam uma primeira derrota aos muçulmanos em 722 na Batalha de
Covadonga, que ficaria conhecida como marco inicial da Reconquista Cristã na Península
Ibérica, segundo a tradição historiográfica tradicional. Sendo assim “Na primeira metade do
século VIII, depois da simbólica vitória de Covadonga (em 722), constitui-se um sólido
estado cristão nas montanhas das Astúrias, da Cantábria e da Galiza” (VILAR, 1992, p.20).
A partir deste reduto cristão asturiano, vão surgir diversos reinos independentes, que
levarão a cabo a missão de reconquistar os territórios perdidos para os muçulmanos. Dentre
eles, destacam-se: Castela, Leão, Aragão e Navarra e o Reino de Portugal.

12
“[...] nobre visigótico filho de uma vítima do clã de Vitiza [...]” (CONRAD, 2003, p.36), que, com a morte do
rei Rodrigo em 711, se retirou para as regiões do Norte da Península e empreendeu uma primeira campanha
vitoriosa contra os muçulmanos no ano 722, que ficou conhecida como Batalha de Covadonga.
Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.
Reinos Cristãos Ibéricos. Fonte da imagem: criada pelos autores através da ferramenta eletrônica “Geacron”,
disponível em <http://geacron.com/home-en/?&sid=GeaCron916862 >. Acesso em 30 out. 2015.

Com a fragmentação do Califado de Córdova e o surgimento dos Reinos das Taifas,


no início do século XI, progressos significativos foram realizados no movimento da
Reconquista, culminando com a retomada da antiga capital visigótica de Toledo, em 1085,
pelo rei de Castela e Leão, Afonso VI. Essa conquista, além de um caráter político, também
adquiriu uma faceta simbólica, que culminaria com uma nova invasão na Península, desta vez
empreendida pelos Almorávidas. Com relação à reconquista de Toledo, Cummins (2012,
p.57), cita que:

Isso provocou uma resposta – não na Espanha, mas na África do Norte, onde uma
nova seita islâmica havia surgido. Os almorávidas, rigidamente puritanos em sua
interpretação do islã, emergiram das montanhas Atlas e suas fileiras eram formadas
predominantemente por árabes e berberes. Em 1088 e 1093, eles avançaram sobre a
Espanha com grandes exércitos para combater numa guerra religiosa contra os
cristãos. Derrotaram Afonso VI na Batalha de Sagrajas, em 1086, e reclamaram toda
a Andaluzia, com exceção de Valência, que permaneceu sob o comando do lendário
cavaleiro espanhol conhecido como El Cid.

O período de domínio dos Amorávidas (1090-1145) na Península Ibérica será marcado


por crises e uma série de disputas internas, pois:

[...] Ortodoxos e intransigentes, os novos senhores promovem a fuga e/ou


deportação de moçárabes (cristãos sob o domínio muçulmano). Seus chefes,
entretanto, logo se deixam seduzir pela civilização andaluza. Ortodoxia e corrupção
se contrapõe e a antiga aristocracia se rebela (ANDRADE FILHO, 1989, p.20)

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.


Deste modo, novamente a estrutura política da Andaluzia se divide em taifas,
permitindo, mais uma vez, o avanço cristão e a invasão dos Almôadas que “apesar de algumas
incursões anteriores [...] só intervêm em fins do século XI. O avanço cristão é mais uma vez
detido, mas o Islã não recuperaria mais a sua força ofensiva na península” (ANDRADE
FILHO, 1989, p.20).
Assim, em 1212, na Batalha de Las Navas de Tolosa, “[...] franceses e reinos cristãos
unidos, apoiados pelo papa, impõe uma fragorosa derrota aos muçulmanos [...]” (ANDRADE
FILHO, 1989, p.20), e iniciam o repovoamento dos territórios reconquistados. Aos poucos, o
domínio islâmico na Península Ibérica começou a regredir, até o momento em que restou
apenas um último território: o Reino de Granada, porém, logo todas as terras ibéricas estariam
sob domínio cristão.
Deste modo, a Reconquista estava quase completa, “Só estava faltando uma liderança,
e esta foi fornecida pelos Reis Católicos: Isabel, que subiu ao trono de Castela em 1474, e seu
marido Fernando, rei de Aragão desde 1479” (LOYN, 1987, p.289), que iriam empreender a
expulsão definitiva dos muçulmanos da Península Ibérica com a queda do Reino de Granada,
em 1492.

O ideal religioso da Reconquista Cristã

Como já citado anteriormente, o termo “Reconquista” está cercado de debates


historiográficos que tentam explicar quando este movimento teve início e se realmente havia
algo para ser reconquistado. Se considerarmos a Reconquista apenas como uma ação política,
com vistas à retomada territorial, esta teve início já no século VIII com a Batalha de
Covadonga (722) empreendida por Pelágio, que conseguiu impor uma primeira derrota aos
muçulmanos. Contudo, como nos atentamos, no presente estudo, analisar o movimento da
Reconquista Cristã dentro do âmbito religioso, podemos conjecturar que esta adquire o caráter
de missão divina somente no século XI, quando foi imbuída do ideal cruzadístico que já
começava a florescer no Ocidente Medieval.
De fato, quando o Papa Urbano II, no Concílio de Clermont em 1095, convocou a
Cristandade para combater os muçulmanos em uma Cruzada, o ideal de reconquistar os
territórios perdidos para o Islã começa a se difundir por toda a Europa, até chegar à Península
Ibérica, onde a presença muçulmana já estava enraizada desde século VIII. Como

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recompensa, aqueles que combatessem nesta “Guerra Santa” teriam a remissão dos seus
pecados e a entrada no Paraíso garantida, segundo o discurso de Urbano II:

[...] No passado vocês não lutaram em perdição? Não levantaram aço contra iguais?
Orgulho, avareza e ganância não foram suas diretivas? Por isso vocês merecem a
danação, o fogo e a morte perpétua. Nosso Senhor em sua infinita sabedoria e
bondade oferece aos seus bravos, porém desvirtuados filhos, a chance de redenção.
A recompensa do sagrado martírio. Ó Francos ouçam! Deixem a chama sagrada
queimar em seus corações! Levem justiça em nome do Supremo! Francos! A
Palestina é lugar de leite e mel fluindo, território precioso aos olhos de Deus. Um
lugar a ser conquistado e ser mantido somente pela fé. Pois chamamos por suas
espadas! Lutem contra a amaldiçoada raça que avilta a terra sagrada, Jerusalém,
fértil acima de todas as outras [...] Marchem certos da expiação de seus pecados, na
certeza da glória imortal. Deixem as horas do Cristo Rei se atracar com o inimigo!
[...] Que agora o exército do Deus único grite em glória sobre os Seus inimigos!
Louvado seja o Senhor meu Deus! Gritaram as centenas de cavaleiros Francos
reunidos no campo de Clermont (GESTA Francorum et aliorum Hierosolimitanum
apud HISTOIRE Anonyme de la Première Crisade, 1964, p. 9).

Sendo assim, percebemos que o século XI trouxe o ideal cruzadístico para a Península
Ibérica, imbuindo a Reconquista de um caráter religioso, passando a ser “[...] entendida como
a recuperação dos territórios cristãos ‘usurpados’ pelos muçulmanos” (PAIVA, 2008, p.03), e
tornando-se uma missão divina que guiaria as ações dos reis cristãos ibéricos na luta contra os
muçulmanos. Deste modo, conforme afirma Rucquoi (1995, p.215):

[...] O poder dos príncipes hispânicos vinha-lhes, sobretudo de uma missão divina, a
da reconquista da península aos infiéis para entregar à cristandade. Fosse em
Aragão, em Castela ou em Portugal e, indiretamente em Navarra, os reis eram
justificados por essa tarefa, e a extensão do seu território ás terras retomadas aos
Muçulmanos constituía apenas a prova da sua submissão a Deus e aos seus
mandamentos.

A partir disso, podemos notar a presença do espírito cruzadístico em diversas


campanhas empreendidas pelos reinos cristãos peninsulares contra os muçulmanos, como por
exemplo, durante a Batalha de Las Navas de Tolosa (1212), considerada por muitos como a
mais importante de todo o movimento da Reconquista Cristã. A este respeito, conforme cita
Cummins (2012, p.58):

Alguns cronistas contam que, no auge da luta, no momento mais vigoroso da


batalha, uma cruz deslumbrante apareceu no céu; outros dizem que são Tiago foi
visto pairando sobre o campo de batalha. Quer isso tenha sido verdade ou não, os
soldados cristãos em Las Navas de Tolosa, no dia 16 de julho de 1212, foram vistos
combatendo com fervor elevado, como se estivessem tomados por algum tipo de
força inspiradora. Afonso VIII, seu líder, ficou no meio da refrega, movendo a
espada com tal ímpeto “que uma luz parecia clarear os arbustos” ao redor. Era como

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se o exército cristão soubesse que tudo dependia dessa luta: suas vidas, sem dúvida,
mas também o futuro de seus reinos e a sobrevivências de sua religião na Espanha.

Esta batalha assumiu um caráter simbólico muito importante, pois “essa foi a primeira
vez na Reconquista que os cristãos travaram aquilo que poderia ser chamado de guerra santa,
e não uma guerra pela conquista do território” (CUMMINS, 2012, p.59)

Representação da Batalha de Las Navas de Tolosa, com autoria de Francisco de Paula Van Halen. Imagem
disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Battle_of_Las_Navas_de_Tolosa.jpg >.
Acessada em 04 dez. de 2014.

Outro exemplo da presença do ideal cruzadístico foi durante a investida do rei de


Aragão Jaime I, o Conquistador, contra a ilha de Maiorca (1229), que se encontrava sob
domínio islâmico. Durante esta campanha, podemos dizer que o ideal de Cruzada se faz
presente no Sermão feito pelo Bispo de Barcelona:

“Este feito em que nosso senhor rei e vós estais, é obra de Deus, não nossa. Logo,
deveis fazer esta conta: aqueles que neste feito receberem a morte, a receberão de
Nosso Senhor, e terão o Paraíso, onde terão a glória perdurável por todos os tempos;
aqueles que viverem terão honra e valor em suas vidas e bom fim em suas mortes.
Assim, barões, confortai-vos com Deus, porque o rei, vosso senhor, nós e vós,
desejamos destruir aqueles que renegam o nome de Jesus Cristo. Todos os homens
devem pensar, e podem, que Deus e Sua Mãe não se separarão de nós hoje, pelo
contrário, nos darão a vitória. Portanto, deveis ter bom coração, pois assim vencerão
tudo, já que a batalha deve ser hoje. Confortai-vos e alegrai-vos bem, pois vamos
com um senhor bom e natural, e Deus, que está acima dele e de nós, ajudar-nos-á”
(ARAGÃO, 2010, p.113)

Sendo assim, quando os Reis Católicos Fernando de Aragão (1479 – 1516) e Isabel de
Castela (1474 – 1504) uniram as coroas dos dois reinos por meio do matrimônio,
empreenderam a última campanha militar contra os muçulmanos do Reino de Granada, com a
autorização e apoio da Bula Ortodoxe Fidei, promulgada pelo Papa Sixto IV (1471-1484):

“Nós [o Papado], com autoridade de Deus todo-poderoso, [...] exortamos,


solicitamos [...] a todos os fiéis cristãos, principalmente da ‘Nação espanhola’, para
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que ajudem corajosamente e de modo permanente com seus recursos e pessoas [...]
os mesmos Rei e Rainha a combaterem os ditos sarracenos e a reconquistarem o dito
reino de Granada, e a manterem o entusiasmo da dita fé. [...] Pela glória do seu
nome e pela derrota dos mesmos sarracenos, não temam expor-se aos perigos da
morte, obedecendo as ordens dos mesmos Rei e Rainha, merecendo receber por isso
os prêmios da vida eterna” (SIXTO IV. Bula Ortodoxe Fidei. 10 de agosto de 1483)

Deste modo, com o apoio do papado, os Reis Católicos conquistam Granada, o último
reino islâmico remanescente na Península Ibérica em 1492, pondo fim a quase oito séculos de
domínio muçulmano, e também ao movimento de Reconquista.

Considerações finais

A Reconquista Cristã ficou marcada na história da Península Ibérica como um conflito


que lançou as bases de afirmação das monarquias peninsulares, assim como a sua união em
busca de um objetivo comum: voltar a fazer da Península uma terra cristã.
Além de um movimento político de retomada territorial, a Reconquista foi imbuída do
ideal cruzadístico que se espalhou pela Europa durante o século XI, a partir da convocação
das Cruzadas por Urbano II no Concílio de Clermont em 1095, tornando-se uma missão
divina que passaria a guiar e justificar as ações dos reis cristãos ibéricos em suas campanhas
dirigidas contra os muçulmanos, pois “longe de ser um simples empreendimento de conquista,
ela deve aparecer como uma guerra justa” (BASCHET, 2006, p.92).
Desempenhando um papel crucial na unificação dos reinos ibéricos, a Reconquista só
teria fim no século XV após o casamento dos Reis Católicos Fernando de Aragão (1479 –
1516) e Isabel de Castela (1474 – 1504), que desferiram um golpe final no domínio
muçulmano sobre a Península Ibérica com a conquista do seu último remanescente: o Reino
de Granada em 1492. Além disso, a união das coroas de Castela e Aragão também culminou
no nascimento de um dos maiores Impérios Ultramarinos da Época Moderna, o Império
Espanhol.

Fontes primárias

ARAGÃO, Jaume de. Livro dos Feitos. Tradução de Luciano José Vianna e Ricardo da
Costa. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon
Llull), 2010.

HISTOIRE Anonyme de la Première Crisade (Gesta Francorum et aliorum Hierosolimitanum,


c. 1099), Editée et Traduite par L. Bréhier, «Les Classiques de l’Histoire de France au Moyen
Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.
Age», Les Belles Lettres, 1964, Paris (Versión bilíngüe latín-francés), p. 3-205. Trad. del
francés por José Marín R.

SIXTO IV. Bula Ortodoxe Fidei. 10 de agosto de 1483. In: SUESS, Paulo. (org.). A
Conquista Espiritual da América Espanhola: 200 documentos, século XVI. Petrópolis: Vozes,
1992.

Referências

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segundo a Primera Crónica General de España. Interações: Cultura e Comunidade
(Uberlândia. Online), v. 9, p. 453-468, 2014. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/7121/7658 >. Acesso em: 12
mai. 2015.

ANDRADE FILHO, Ruy. Os muçulmanos na península ibérica. São Paulo: Contexto,


1989.

BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. Tradução


Marcelo Rede, São Paulo: Globo, 2006.

CONRAD, Philippe. História da Reconquista. Lisboa: Europa-América, 2003.

CUMMINS, Joseph. As maiores guerras da história. Tradução Vânia Cury. Rio de Janeiro:
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Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.
VILAR, Pierre. História de Espanha. Lisboa: Livros Horizonte, 1992.

Data de recebimento e aprovação

Recebido: 31/08/2015
Received: 31/08/2015
Aprovado: 29/10/2015
Approved: 29/10/2015

Rev. História Helikon, Curitiba, v.2, n.4, p.123-137, 2º semestre/2015.

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