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A CATEGORIZAÇÃO RESULTANTE DO MODELO METONÍMICO

Natália Elvira Sperandio

RESUMO

Este artigo possui a finalidade de demonstrar a forma pela qual o modelo cognitivo idealizado
atua na construção do sentido. Para isso, utilizamos como arcabouço teórico a teoria dos
modelos cognitivos idealizados, desenvolvida por Lakoff (1987), em especial seu estudo sobre o
modelo cognitivo metonímico. Como forma de ampliarmos nossa discussão sobre o processo
metonímico recorremos a outras teorias que possuem como foco esse processo, em especial a
abordagem feita por Radden e Kövecses (1999). Como corpus utilizamos três sentenças
retiradas de uma reportagem da revista Veja, uma propaganda e duas charges. Nossa análise
demonstrou que o processo metonímico não se restringe a mera relação de representação, mas
que os sentidos por ele produzidos são frutos de uma inter-relação entre os elementos presentes
em seu dominio, fazendo com que sejamos capazes de produzir sentidos novos e mais
complexos.

Palavras-chave: Categorização. Modelo Cognitivo Idealizado. Metonímia.

ABSTRACT: This article has intended to show how the idealized cognitive model works in the
construction of meaning. For this, we will use as theoretical framework the theory of idealized
cognitive models, developed by Lakoff (1987) in particular his study of the idealized cognitive
model metonymic. As a way to broaden our discussion of the metonymic process will draw on
other theories that have focused on this process, in particular the approach taken by Kövecses
and Radden (1999).We use three sentences corpus, advertising and a two cartoons. Our analysis
showed that the metonymic process is not restricted to mere relation of representation, but the
way it produces are the result of an interplay between the elements present in their domain,
making us able to produce more complex meanings.

Key words: Categorization. Idealized Model Cognitive. Metonymy.

1 INTRODUÇÃO

A categorização é um processo inerente ao ser humano, desde os nossos


primeiros momentos de vida possuímos a capacidade de categorizar as coisas que estão
ao nosso redor. Como advoga Lakoff (1987) não há nada mais básico do que a
categorização para o nosso pensamento, nossa percepção, ação e fala. Todas as vezes
que vemos alguma coisa como um tipo de coisa, ou como parte de alguma coisa, nós
estamos categorizando. A preocupação de como categorizamos as coisas presentes no
mundo é antiga, desde a época de Aristóteles havia o interesse nas práticas de nomear,


Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de
Minas Gerais. E-mail: thaiasperandio@yahoo.com.br
Natália Elvira Sperandio

definir e categorizar. Mas com o surgimento da ciência cognitiva esse processo deixou
de ser visto como individual e passou a ser considerado cultural e social de construção
da nossa percepção de realidade, que possui a função de organizar conceitos do
pensamento, sendo esses parcialmente baseados na psicologia.
A partir dos estudos acerca do processo de categorização, este artigo possui a
proposta de abordar esse processo tendo como base teórica os Modelos Cognitivos
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Idealizados, em especial, o modelo metonímico. Esse modelo tem despertado o
interesse de muitos pesquisadores nos últimos anos, apesar de ainda presenciarmos a
predominância do modelo metafórico quando a construção de sentido é abordada. Para

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o desenvolvimento de nossa proposta dividiremos nosso artigo em três seções: na
primeira faremos a apresentação de algumas propostas dedicadas ao processo de
categorização, iniciando com a abordagem clássica até a teoria dos Modelos Cognitivos
Idealizados; em seguida nos dedicamos ao modelo metonímico, nessa seção
apresentaremos algumas teorias que têm contribuído para o desenvolvimento desse
processo; finalizamos com uma análise tendo como base as teorias expostas, nessa
análise demonstraremos a forma pela qual o modelo metonímico atua na construção das
categorias.

2 O PROCESSO DE CATEGORIZAÇÃO: DA ABORDAGEM CLÁSSICA AOS


MODELOS COGNITIVOS IDEALIZADOS

A abordagem clássica de categorias, que possui como base a lógica aristotélica,


perdurou ao longo de muitos anos. Nesta visão pressupunha-se a existência de
categorias muito bem organizadas com base no tudo ou nada. Nesta perspectiva a
categoria era definida por um conjunto limitado de condições suficientes e necessárias,
sendo essas condições vistas como claras, discretas ou essenciais. Essa abordagem
clássica não era fruto de um estudo empírico, mas de reflexões filosóficas.
Dessa forma, na teoria clássica da categoria, havia o pressuposto de que a
categorização era feita através de características suficientes e necessárias, ou seja, as
coisas eram categorizadas a partir da base daquilo que possuíam em comum. Desde
Aristóteles até um dos últimos trabalhos de Wittgenstein as categorias eram vistas como
recipientes dentro dos quais estariam as coisas, e na parte exterior sua identidade
organizacional no grupo era definida pelas características comuns, de forma que, nessa
A categorização resultante do modelo metonímico

caracterização clássica, nenhum membro da categoria poderia possuir status especial, já


que todos dividiam propriedades em comum.
Esta posição foi colocada como inquestionável e considerada como verdadeira,
mas a partir dos trabalhos desenvolvidos na psicologia cognitiva a categorização tornou-
se um campo maior de estudo. O avanço ocorreu com os estudos desenvolvidos por

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Eleanor Rosch (1973) e seus colaboradores ao proporem a Teoria Prototípica e as
Categorias de nível-básico.
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2.1 A TEORIA PROTOTÍPICA DE CATEGORIZAÇÃO

A teoria prototípica teve inicio em meados dos anos 1970 a partir dos estudos
propostos na pesquisa psicolinguística de Eleanor Rosch (1973). De acordo com Lakoff
(1987) é a partir dos estudos propostos por Brent Berlim e Paul Kay que Rosch inicia
seus achados sobre os protótipos. Neste estudo os autores investigaram, em diferentes
línguas, a categorização das cores e observaram que havia algumas regularidades nos
termos básicos: 1) eram designados por apenas um morfema, 2) não eram restritos a um
número pequeno de objetos e 3) possuíam uso comum e geral. Também foi observado
que os limites entre as cores sofriam variação de uma língua para outra, e que uma
pequena regularidade poderia ser percebida na identificação do foco mais
representativo, o foco central, que foi denominado por Rosch como protótipo.
Diante disso, Rosch passou a investigar se o foco central era enraizado na
linguagem ou na cognição linguística. Para desenvolver seu projeto a autora recorreu a
informantes que tinham pouco conhecimento de nomes de cores, nesse caso, crianças da
pré-escola de Nova Guiné. A pesquisadora tinha como ideia que o status cognitivo
poderia ser afirmado pelas cores focais, dessa forma essas cores possuíam uma saliência
cognitiva perceptual particular que é independente da linguagem. A preocupação da
autora era provar que as categorias são formadas em torno de protótipos, que funcionam
como ponto de referência. A partir de suas pesquisas ela e seus colaboradores
desejavam demonstrar, empiricamente, que há membros ou instâncias no interior de
uma categoria com características especiais.
Prosseguindo suas pesquisas Rosch e Mervis (1975) estudaram as semelhanças
de família entre as categorias e a prototipicalidade de determinados membros. Através
dessas investigações as autoras buscavam demonstrar a posição de semelhança de
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família e apresentar uma avaliação baseada no atributo. Outra questão investigada por
Rosch e Mervis (1975) foi as categorias de nível básico. Segundo as autoras é nesse
nível que os objetos concretos do mundo se dividem em categorias. Assim, teremos:

SUPERORDENADO Animal Mobília


NÍVEL BÁSICO Cachorro Cadeira
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SUBORDENADO Cão de caça Cadeira de Balanço

De acordo com Lakoff (1987) os trabalhos de Rosch podem ser divididos em

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três fases:
FASE 1: a distinção dos protótipos era feita basicamente por: a) saliência perceptual; b)
maior memorabilidade, ou seja, são apreendidos mais facilmente; e c) a generalização
feita através de um estímulo para outro que lhe seja similar fisicamente.
FASE 2: os efeitos prototípicos promovem a caracterização da estrutura interna da
categoria. Assim, os melhores exemplos poderiam refletir a estrutura interna da
categoria.
FASE 3: os efeitos prototípicos teriam fontes não determinadas. Esses efeitos
determinam a possibilidade do que poderia ser uma representação, mas não há
correspondência entre os efeitos e a representação mental.
Lakoff (1987), assumindo a terceira fase da autora, advoga que os efeitos
prototípicos são superficiais, a partir disso, o autor passa a trabalhar as questões
semânticas tendo como ponto de partida o processo de categorização. O pesquisador faz
a ligação da psicologia cognitiva com a linguística, assim, o significado de uma
expressão linguística está associado à natureza da categorização humana, sendo essa
relação compreendida a partir dos estudos da prototipicalidade. Diante disso, passa a
depender de uma teoria dos modelos cognitivos. Dessa forma, pode-se associar a Teoria
Prototípica à Teoria dos Modelos Cognitivos desenvolvida por Lakoff (1987).
Os fenômenos prototípicos são considerados superficiais e suas fontes são os
Modelos Cognitivos Idealizados (MCIs), que são produtos da cognição humana. Os
efeitos prototípicos são considerados subprodutos de estruturas cognitivas complexas,
consequência da forma pela qual nossos conhecimentos e experiências são organizados
em nossa mente. Dessa forma, a Teoria dos Modelos Cognitivos Idealizados (TMCI)
possui como finalidade a identificação das várias fontes desses efeitos.
A categorização resultante do modelo metonímico

2.2 A TEORIA DOS MODELOS COGNITIVOS IDEALIZADOS

A TMCI sustenta uma semântica conceitual sendo essa fundamentada na


capacidade de conceitualização humana. Lakoff (1987) destaca que a categorização é

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possível apenas via um MCI, sendo ele o responsável pela organização de todo
conhecimento. Os modelos cognitivos são considerados idealizados porque são
estruturados a partir de uma seleção de estímulos (crenças, valores bio-socio-culturais
que orientam o raciocínio e o agir social do indivíduo). O caráter idealizado desses
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modelos permite: a) que eles não se adéquem de forma necessária e perfeita ao mundo,
resultado do fato de que, como são frutos do aparato cognitivo humano e da realidade, o
que consta em um modelo cognitivo é determinado pelas necessidades, crenças, valores,
etc; e b) faz com que se tenha a possibilidade de construção de diferentes modelos para
a compreensão de uma determinada situação, sendo que esses modelos podem ser
contraditórios entre si.
Lakoff (1987) advoga que a TMCI é construída tendo como base quatro fontes:
1) A Semântica de Frame de Fillmore (1982b)
2) A Teoria da Metáfora e da Metonímia de Lakoff e Johnson (1980)
3) A Gramática de Langacker (1986)
4) A Teoria dos Espaços Mentais de Fauconnier (1985)
Essa teoria congrega basicamente os postulados dessas quatro fontes, sendo
essas situadas na linguística cognitiva, sendo a base da Semântica Cognitiva de Lakoff,
que possui cinco tipos de modelos que contribuem para a estruturação de nossas
experiências físicas tanto no plano puramente conceitual quanto no linguístico
conceitual. Os tipos são:
Os Modelos de Esquemas de Imagem são conceitos apreendidos de forma direta
e utilizados, metaforicamente, para estruturar conceitos complexos. Esses modelos
possuem natureza corpórea-cinestésica fazendo com que sejam compostos por imagens
sinestésicas, ou seja, da percepção que possuímos de nosso corpo, do movimento
corporal, do formato dos objetos. Eles impõem estrutura à experiência de espaço e são
projetados para domínios conceituais abstratos através de metáforas e de metonímias,
estruturando modelos cognitivos complexos. Alguns exemplos desses modelos são:
contêiner, parte-todo, ligação, centro-periferia, origem-percurso-meta.
Os Modelos Cognitivos Proposicionais também são apreendidos de forma direta
e constituídos das propriedades dos elementos e as relações obtidas entre eles. Esses
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modelos possuem uma ontologia que é o conjunto de elementos utilizados no MCI,


sendo esses elementos ou conceitos de nível básico – entidades, ações, estados,
propriedades, etc – ou podem ser conceitos caracterizados por modelos cognitivos de
outros tipos. Exemplos desses modelos são: proposição simples, cenário, feixe de
traços, taxonomia e categoria radial.
Os Modelos Cognitivos Metonímicos constroem o sentido pelo fato de serem
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sustentados indiretamente nas experiências concretas. Esses modelos ocorrem em um
único domínio conceitual, onde há dois elementos, A e B, sendo que A pode ser
representado por B. Nesse modelo tomamos um aspecto considerado ou bem-

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entendido, ou de fácil percepção, “que é utilizado para representar a coisa como um
todo ou algum outro aspecto ou parte dela”. (LAKOFF, 1987, p.77), dessa forma, temos
um conceito A que deve ser compreendido em, uma estrutura conceitual que contem
tanto A quanto outro conceito B, sendo esse ou parte de A, ou associado a ele na
estrutura. A escolha de B determinará A nessa estrutura, sendo que comparado a A, B
ou é de fácil compreensão, ou mais fácil de ser lembrado, reconhecido ou
imediatamente útil para a proposta em um dado contexto, e assim, o modelo
metonímico é um modelo que exemplifica como A e B são relatados em uma estrutura
conceitual, sendo a relação especificada pela função de B para A. A estrutura desses
modelos é produzida em termos dos esquemas contêiner e origen-percurso-meta.
Lakoff (1987) destaca que esse modelo é uma das fontes mais ricas de efeitos
prototípicos, isso ocorre pelo fato de sua essência ser estruturada a partir de um membro
de uma determinada categoria, subcategoria ou submodelo que é visto como
representativo da categoria ou do modelo como um todo.
Os Modelos Cognitivos Metafóricos, da mesma forma que os metonímicos, são
indiretamente significativos, já que consistem da projeção de domínios concretos da
experiência para domínios abstratos. Esses modelos caracterizam-se pela existência de
um domínio fonte A, considerado bem estruturado; domínio alvo B, que precisa ser
estruturado para a sua compreensão; o mapeamento, responsável pela ligação do
domínio fonte ao domínio alvo; e do mapeamento ou projeção metafórica, sendo essa
naturalmente motivada através da correlação estrutural existente entre esses domínios.
Esses modelos, da mesma forma que os metonímicos, são estruturados em termos dos
esquemas contêiner e origem-percurso-meta.
Os Modelos Cognitivos Simbólicos, diferente dos acima que são considerados
puramente conceituais, são produzidos a partir da associação dos elementos linguísticos
A categorização resultante do modelo metonímico

com os elementos conceituais em um MCI. Exemplos desses modelos seriam os itens


lexicais, categorias gramaticais e construções gramaticais.
Diante disso, devemos considerar que os MCIS são estruturas conceituais
complexas que organizam todo o nosso conhecimento, sendo que eles não podem ser
considerados como representação interna de uma realidade externa, pois são construtos

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resultantes da interação do indivíduo com o seu ambiente, e muitas vezes são
construídos com o auxilio de mecanismos imaginativos, via corporalidade, como a
metáfora e a metonímia.
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3 EXPANDINDO O ESTUDO DO MODELO COGNITIVO METONÍMICO

Transcorridos mais de trinta anos do trabalho seminal realizado por Lakoff e


Johnson (1980) sobre metáfora conceptual, estudo que teve um grande impacto na
linguística cognitiva, tem tornado-se cada vez mais aparente a importância do processo
metonímico como fenômeno cognitivo que subjaz nosso pensamento ordinário e que é
considerado por muitos autores como sendo mais básico que o processo metafórico.
Porém, mesmo com o aumento significativo de estudos dedicados à metonímia, a
metáfora ainda encontra-se no centro dos estudos voltados à produção de sentido. Como
advoga Al-Sharafi (2004) os estudos metonímicos apresentam dois tipos de
reducionismos: o teórico, já que sua natureza é reduzida a mera substituição,
negligenciando suas dimensões cognitivas e pragmáticas; e o prático, que a reduz ao
nível da substituição lexical, negligenciando seu potencial ao nível do texto.
De acordo com Al-Sharafi (2004) a falta de interesse, por parte dos filósofos e
retóricos, no estudo da metonímia na retórica ocidental decorre do fato de que, como
eles estavam voltados para o uso poético da linguagem, consideravam a metáfora como
processo primário para o domínio figurativo e negligenciavam a metonímia, já que esta
não envolvia simbolismo e unidade dupla de significação. Diante disso, a metáfora
passou a ser colocada no centro dos estudos, deixando a metonímia à margem. Por outro
lado, de acordo com o autor, quando havia alguma discussão sobre a metonímia essa era
fragmentada e limitada.
A metonímia foi tratada dessa forma até 1950, quando Jakobson promoveu um
estudo no qual metáfora e metonímia são abordadas como duas figuras distintas,
baseadas em diferentes tipos de relações. De acordo com o autor, o discurso se
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desenvolve ao longo de duas linhas semânticas, sendo que um tópico nos conduz a
outro ou por similaridade, ou por contiguidade. Sendo a metáfora apropriada ao
primeiro e a metonímia ao segundo. O autor constrói seus estudos tendo como base os
polos sintagmáticos e paradigmáticos do signo linguístico de Saussure. Para ele a
seleção está relacionada ao pólo paradigmático e a combinação ao sintagmático. De
acordo com Dirven (2003) Jakobson vee os polos metafóricos e metonímicos como
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duas possibilidades fundamentais de estruturar a conceitualização humana, sendo que
esse duplo caráter da linguagem aplica-se a qualquer signo linguístico que possua dois
modos de arranjo: seleção que seria a possibilidade de substituição de um pelo outro; e

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a combinação ou contextura. No entanto, mesmo com a proposta desenvolvida por
Jakobson, a metonímia ainda permaneceu à margem, como Dirven (2003) argumenta o
polo sintagmático tem sido tradicionalmente negligenciado.
Mesmo ainda tendo um grande interesse voltado para o estudo da metáfora
podemos observar no campo da Linguística Cognitiva um aumento significativo de
trabalhos dedicados à metonímia.
Lakoff e Johnson (1980) advogam que enquanto a metáfora é uma forma de
conceber uma coisa em termos de outra, tendo como função primária o
entendimento/compreensão; a metonímia possui uma função referencial, ou seja, ela
nos permite utilizar uma entidade para representar outra. Para Al-Sharafi (2004) ao
colocarem o processo metafórico desta forma, os autores produzem uma visão
reducionista desse processo, fazendo com que ela tenha um papel marginal nos
processos cognitivos, já que não contribuiria na estruturação conceptual de nossa
experiência. Porém Al-Sharafi (2004) afirma que os autores reconhecem que a
metonímia não possui apenas uma função referencial, mas que ela contribui em nossa
compreensão destacando aspectos importantes para a nossa comunicação. Assim,
Lakoff e Johnson (1980) passam a abordar tanto metáfora quanto metonímia como
processos cognitivos, sendo que a diferença entre esses dois processos estaria no
número de domínios, já que na metáfora teríamos a presença de dois domínios distintos,
enquanto que a metonímia trabalha com apenas um único domínio.
Outro autor que vem se dedicando ao estudo metonímico é Croft (2003). Para
isso, ele utiliza como base o conhecimento enciclopédico reivindicado pela semântica
cognitiva, assim grande parte do conhecimento sobre um determinado conceito estará
presente em seu significado. Tendo como base esta pressuposição Croft (2003) advoga
que um conceito pode pressupor vários domínios como, por exemplo, o conceito de ser
humano que é definido em relação aos domínios de objeto físico, coisas vivas, agentes,
A categorização resultante do modelo metonímico

dentre outros domínios, sendo a combinação simultânea desses domínios denominada


de domínio matriz. De acordo com o autor a noção de domínio é crucial para
diferenciarmos metáfora da metonímia, já que a metáfora envolve o que ele denomina
de mapeamento de domínios e a metonímia de destacamento. Assim, metáfora é
definida como o mapeamento entre dois domínios que não fazem parte da mesma matriz

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e a metonímia, por outro lado, seria o mapeamento ocorrido em um único domínio
matriz.
Seguindo esta linha cognitiva para os estudos metonímicos temos Panther e
Radden (1999). Para esses autores a metonímia é um fenômeno cognitivo que pode ser
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considerado mais fundamental que a metáfora, sendo aquela um fenômeno cognitivo


que subjaz muito de nosso pensamento ordinário e o seu uso na linguagem um reflexo
de sua condição conceptual. Os autores afirmam que ao abordar a estrutura conceptual,
com a qual a metonímia é compreendida, a partir de frames, cenários, domínios (como
Croft acima apresentado) e Modelos Cognitivos Idealizados (como Radden e Kövecses,
como será demonstrado abaixo) a ligação metonímica é estabilizada em um sentido
mais amplo, fazendo com que sua visão tradicional de função referencial seja suspensa.
Para os autores a metonímia não pode ser reduzida a uma mera substituição de
expressões linguísticas, mas deve ser vista como processo cognitivo que evoca um
frame conceptual (Modelos Cognitivos Idealizados, domínios, cenários, frames,
scripts).
Prosseguindo com esta linha de raciocínio temos Radden e Kövecses (1999) que
propõem um estudo conceptual da metonímia como processo cognitivo. De acordo com
os autores a metonímia é um fenômeno conceptual, um processo cognitivo que opera
em um Modelo Cognitivo Idealizado. Como fenômeno conceptual eles advogam que a
metonímia não pode ser considerada apenas como substituição do nome de uma coisa
por outra, mas um fenômeno conceptual, como a metáfora, que faz parte de nossa forma
diária de pensamento, fundamentada em nossa experiência, estruturando nossos
pensamentos e ações. Como forma de exemplificar esta questão os autores recorrem aos
estudos de Lakoff (1987) sobre modelos cognitivos idealizados.
Como processo cognitivo os autores propõem que, diferente de algumas
propostas em que a metonímia é vista em uma relação de substituição refletida na
notação X representa Y, a metonímia não é vista como apenas uma entidade sendo
substituída por outra, mas como uma inter-relação que produz um novo significado,
sendo esse complexo. Sendo assim, a notação, segundo eles, poderia ser X mais Y.
Tomando como base a proposta de Langacker (1993), que aborda a metonímia como
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ponto de referência, os autores desenvolvem seu conceito de metonímia, sendo essa um


fenômeno cognitivo no qual a entidade conceptual, o veículo, promove acesso mental a
outra entidade conceptual, o alvo, em um mesmo Modelo Cognitivo Idealizado (MCI).
Os autores optam pelo MCI pelo fato de que além de abarcarem o conhecimento
enciclopédico temos os modelos culturais, que são aqueles específicos de uma
determinada cultura. Outro fator é que os MCIs não se restringem ao mundo real, de
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conceitualização, ou da linguagem; mas eles cruzam esses diferentes reinos
ontológicos.
Dessa forma, a metonímia é considerada, pelos escritores, como não estando

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restrita à referência, pois ocorre em um nível puramente conceptual (categorização,
raciocínio linguístico); ela está presente em diferentes níveis da linguagem (léxico,
morfologia, sintaxe e discurso); em diferentes funções linguísticas (referência,
predicação, atos de fala); e funciona como um linkage inter-relacionando diferentes
realismos ontológicos (conceitos, formas e coisas/eventos).
Compartilhando o raciocínio exposto nesta seção temos Gibbs (1999). Para este
autor faz parte de nosso raciocínio diário falarmos e pensarmos com o auxílio da
metonímia, sendo essa a base para muitas comparações simbólicas na arte e literatura.
De acordo com o autor, uma das descobertas mais importantes nos estudos dedicados a
ela é sua sistematicidade na linguagem convencional, sendo este estudo produzido no
campo da Linguística Cognitiva. Assim, os exemplos metonímicos, encontrados em
nossa linguagem, refletem o princípio cognitivo geral da metonímia, onde as pessoas
recorrem a um aspecto bem-conhecido de alguma coisa para representá-la como um
todo, ou algum aspecto dela.
Um interessante aspecto ressaltado por Gibbs (1999) é a importância da
metonímia nas implicaturas conversacionais, ou seja, a habilidade que possuímos de
produzir implicaturas requer que sejamos capazes de ver como uma declaração
metonímica do falante se refere a uma sequência total organizada de atividades. Assim,
nós recorremos aos esquemas metonímicos de pensamento para que possamos
raciocinar apropriadamente sobre o que é significativo. Perante isso, para o autor há a
necessidade de distinguirmos entre: linguagem processada metonimicamente, que
ocorre em sentenças como “Comprei um Fiat”, onde temos a marca pelo produto; e o
processamento metonímico da linguagem, que é quando uma determinada narrativa é
compreendida a partir da inferência de uma rica fonte de informação, como o script,
feita pela simples menção de uma parte saliente do conhecimento.
A categorização resultante do modelo metonímico

Finalizaremos nossa seção com a proposta de Fauconnier e Turner (1999) em


relacionar metonímia e integração conceptual. A teoria da integração conceptual,
também conhecida como mescla, é uma operação mental básica e penetrante, onde
temos a mescla de dois espaços mentais, denominados de inputs, na criação de um
terceiro, sendo que esse possui uma estrutura emergente própria. O interessante é que,

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segundo os autores, será nesse espaço mescla que teremos a presença do processo
metonímico. Seguindo este raciocínio podemos utilizar como exemplo a frase “Ele tinha
fumaça saindo de seus ouvidos”, onde há a presença de uma metonímia, sendo essa
apresentada no espaço mescla. Assim, temos dois inputs: a fonte, que seria o contêiner;
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e o alvo, a fisiologia da pessoa. Mas não há nada em um contêiner que se assemelhe a


uma orelha e na fisiologia humana que inclua combustão interna. O que ocorre nesta
situação é uma projeção seletiva de ambos os inputs que nos conduz a um novo frame
na mescla. Passemos agora para a nossa análise.

4 UMA PROPOSTA DE ANÁLISE

Em nossa análise utilizaremos como arcabouço teórico o postulado de Lakoff


(1987), em especial o Modelo Cognitivo Idealizado metonímico, em conjunto com a
proposta de Radden e Kövecses (1999). Dessa forma, iremos considerar que a
categorização humana resulta de MCIs, sendo esse responsável pela organização de
todo o nosso conhecimento. Como estamos trabalhando em especial com o modelo
metonímico consideraremos que esse modelo ocorre em apenas um único dominio
conceitual, onde temos a presença de dois elementos A e B, porém, diferente do que
advoga Lakoff (1987), não teremos apenas a representação de um pelo outro; mas um
fenômeno conceptual que faz parte de nossa forma diária de pensamento, fundamentada
em nossa experiência, estruturando nossos pensamentos e ações.
Em relação ao nosso corpus esse será composto por três sentenças retiradas da
reportagem “Sem Terra e Sem Lei” produzida pela revista Veja, n 19, maio de 2000;
uma propaganda retirada da revista Época, n 417, maio de 2006; e duas charges sendo
uma da folha online (www1.folha.uol.com.br) e outra do Jornal da Tarde-SP
(blogs.estadao.com.br). Começaremos nossa análise a partir das sentenças abaixo
retiradas da reportagem “Sem Terra e Sem Lei”:
Natália Elvira Sperandio

“Em sua maior ofensiva, o Movimento dos trabalhadores rurais Sem-Terra invade prédios
públicos em quinze capitais e um militante é morto pela polícia.”
“O movimento dos trabalhadores rurais Sem-Terra concretizou na semana passada sua ação
mais espetacular desde que foi criado, há quinze anos.”

Tendo como base o MCI metonímico iremos considerar na análise das sentenças 12

acima a presença do MCI MST (movimento dos trabalhadores rurais Sem-Terra), sendo
que nesse modelo teremos o agrupamento de todo o nosso conhecimento, crenças e

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valores por nós apreendidos socialmente e culturalmente a respeito desse movimento.
Como observamos acima, Lakoff (1987) advoga que esse modelo ocorre em um único
domínio conceptual, onde há a presença de dois elementos A e B, sendo que há uma
relação de representação entre eles. Diante disso, consideraremos que MST representa o
dominio conceptual como um todo, sendo esse constituído por diversas partes, como,
por exemplo, as pessoas que o integram, organização social política, luta pelo direito a
terra, dentre outras. Assim, podemos considerar que nas expressões acima encontramos
a presença da metonímia TODO PELA PARTE, ou seja, temos a expressão Movimento
dos trabalhadores rurais Sem-Terra, TODO, representando uma das partes que o
compõem, nesse caso, as pessoas que fazem parte desse movimento. Diante disso,
temos como veículo, MST, que nos faz ativar mentalmente nosso alvo, os integrantes
desse movimento.
No entanto, compartilhamos com Radden e Kövecses (1999) a ideia de que o
processo metonímico não se restringe a noção de representação, sendo representado
pela notação X representa Y, mas que esse processo envolve uma inter-relação entre os
elementos que o compõem, produzindo um novo significado, mais complexo. Portanto,
podemos inferir que acima não teremos apenas a substituição de MST pelos seus
integrantes, mas sim uma junção desses elementos fazendo com que possamos produzir
o sentido de que as pessoas que integram esse movimento são pessoas agressivas, que
invadem patrimônios públicos, que planejam ações espetaculares. Na sentença abaixo,
também retirada da reportagem supracitada, verificamos a presença de outra metonímia
na construção de seu sentido:

“De certa forma, o país se libertou quando tornou livre os escravos. Quando não precisar mais
discutir a propriedade da terra, terá alcançado nova libertação”.
A categorização resultante do modelo metonímico

Mais uma vez a sentença acima é construída a partir da metonímia TODO PELA
PARTE, tendo como TODO país, Brasil; e PARTE os brasileiros. Assim, país, veículo,
nos faz ativar mentalmente seu alvo, os brasileiros. A partir disso, podemos implicar
que os brasileiros se libertaram ao libertar os escravos e uma nova libertação será
alcançada quando a questão da propriedade da terra já não precisar mais ser discutida.

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Analisaremos agora uma propaganda veiculada à revista Época, nessa temos a
apresentação de um produto, nesse caso, um carro. Podemos observar que sua finalidade
é apresentar aos consumidores as qualidades desse produto, em especial a sua força.
Para isso, recorre-se ao MCI pessoa, especificamente, a uma de suas partes que é o
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músculo, que pode ser observado pela expressão “músculos de aço” e pela imagem de
um punho cerrado, fazendo com que tenhamos a metonímia PARTE PELO TODO,
sendo PARTE músculo representando o TODO, pessoa. Além disso, podemos inferir
que há a utilização da metonímia PARTE POR FUNÇÃO, já que temos o músculo,
parte do corpo humano, representando uma de suas funções, que é a força. Tendo como
base Radden e Kövecses (1999) acreditamos que as metonímias acima não se
restringem a mera relação de substituição, mas em uma inter-relação que unirá esses
dois elementos na construção do sentido resultante desse processo. Dessa forma,
uniremos ambas as partes e construiremos um novo sentido fazendo com que o produto
abaixo seja visto como resistente e forte, como uma pessoa que possui músculos de aço.

Figura 1
Fonte: Revista Época, n 417, maio de 2006.

Passemos agora para a análise de duas charges. Na primeira temos a presença de


duas metonímias: LOCAL POR INSTITUIÇÃO, que é construída pela imagem do
congresso nacional representando a instituição que ali se localiza, neste caso a política;
Natália Elvira Sperandio

e a metonímia SIMBOLO PELO CONTEÚDO, já que o símbolo $ representa dinheiro,


no nosso caso, o real. A partir dessas metonímias podemos produzir um novo sentido,
mais complexo do que a simples substituição de um elemento por outro, fazendo com
que sejamos capazes de implicar que os políticos, localizados no congresso nacional,
estão desviando dinheiro público, praticando a arte da corrupção.

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Figura 2
Fonte: Folha Online (www1.folha.uol.com.br)

Finalizamos com a charge abaixo, nessa temos a presença de duas metonímias:


LUGAR POR INSTITUIÇÃO, a imagem do congresso nacional representando a
instituição política; e temos a imagem da tartaruga que nos faz ativar mentalmente
nosso alvo que é a lentidão, uma de suas características, assim temos a metonímia
TODO PELA PARTE. O sentido metonímico resultante dessa charge é que nossa
política é lenta, já que nossos governantes caminham a passos de tartaruga.

Figura 3
Fonte: Jornal da Tarde (blogs.estadao.com.br)

5 CONCLUSÃO
A categorização resultante do modelo metonímico

Pretendeu-se neste artigo demonstrar a forma pela qual a metonímia atua no


processo de categorização. Para isso, recorremos a Teoria dos Modelos Cognitivos
Idealizados, em especial ao modelo metonímico. Como forma de ampliarmos esse
campo de estudo também utilizamos em nossa análise a proposta de Radden e
Kövecses, já que esses autores abordam a metonímia não como uma mera substituição

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de um elemento por outro. A partir de nossas análises verificamos que o processo
metonímico vai além da notação proposta por muitos autores de X representando Y,
fazendo com que esse processo, como proposto por Radden e Kövecses (1999), passe a
ser visto pela notação X mais Y, já que com a junção dos elementos que o compõem
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somos capazes de produzir sentidos mais complexos, novos significados. Questão que
demonstramos acima a partir de nossas análises, já que nas primeiras sentenças não
temos apenas MST por INTEGRANTES, mas podemos inferir como essas pessoas são
a partir das ações desenvolvidas pelo movimento; no exemplo da propaganda temos a
presença das metonímias PARTE PELO TODO e PARTE POR FUNÇÃO fazendo com
que o produto anunciado tenha a qualidade de força e resistência; na primeira charge
temos as metonímias LOCAL POR INSTITUIÇÃO E SIMBOLO POR PRODUTO,
que nos faz inferir que nossos governantes estão desviando nosso dinheiro e, por último,
as metonímias LUGAR POR INSTITUIÇÃO E TODO PELA PARTE, que constroem o
sentido de que nossos governantes caminham a passos lentos, como as tartarugas.
Portanto, acreditamos que, mesmo que de forma sucinta, conseguimos
demonstrar não apenas a forma pela qual o processo metonímico atua na construção do
sentido, mas também que esse processo não se restringe apenas a substituição de um
elemento por outro, sendo que sua atuação na categorização demonstra-se mais
complexa do que a forma pela qual muitos autores a tem abordado.

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