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INFLUÊNCIA DA FUNDAÇÃO E DO SOLO NA FREQUÊNCIA NATURAL DE

TORRES EÓLICAS

FOUNDATION AND SOIL INFLUENCE ON NATURAL FREQUENCY OF WIND


TURBINE

Ferreira, Ynaê Almeida; Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, ynaealmeida@gmail.com
Futai, Marcos Massao; Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, futai@usp.br

RESUMO

O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente no mundo e com isso a busca por geração
de energia a partir de fontes renováveis tem se tornado cada vez mais constante, como ocorre com a
energia eólica. Com o aumento da capacidade da turbina têm-se torres mais elevadas, sendo importante
considerar a interação entre a frequência natural da torre e a frequência de rotação da turbina. As
características da fundação e do solo em que a torre é instalada podem afetar a frequência natural da
estrutura. Desta forma, busca-se a verificação da sua sensibilidade à variação de parâmetros. Neste
contexto, este trabalho consiste na modelagem numérica de uma torre eólica em concreto, com
diferentes diâmetros de uma fundação circular e diferentes valores do módulo de deformabilidade do
solo, para a obtenção da primeira frequência natural da estrutura. Tais análises permitem um
conhecimento da frequência do sistema e garante projetos seguros e com maior vida útil.

ABSTRACT

Sustainable development is a reality in the World, because the use of renewable energy is increasingly
more frequent and wind power is one of these options. The higher the wind turbines capacity, the higher
the tower is, making it important to consider the interaction between the natural frequency of the tower
and the wind turbine frequency. The characteristic of the soils and of the foundations can affect the
natural frequency of the structure. The sensitivity of some parameters was analyzed here. A numerical
modeling of the concrete wind tower turbine was performed with different diameters of circular shallow
foundation and different values of the Young’s modulus of the soil; the natural frequency for each
different condition was defined. The results contribute to knowing the system frequency, ensuring safer
projects and extended service life for the tower.

INTRODUÇÃO

A necessidade de ampliar e diversificar a matriz energética no Brasil ficou mais evidente nos últimos anos
em função da seca. O baixo nível dos reservatórios reduziu a produção de energia decorrente de fonte
hidrelétrica. A demanda tem sido suprida por fonte termoelétrica, que além de ser cara é muito poluente.
Nesse cenário, a energia eólica é uma fonte de energia renovável e promove um desenvolvimento
sustentável.

As torres estão ficando mais altas podendo ultrapassar os 100m. No Brasil os parques eólicos estão
sendo construídos onshore ao longo da costa e concentrados nas regiões Sul e Nordeste. As fundações
mais comuns são sapatas e blocos estaqueados, além de fundações especiais. As dimensões são
diferentes das fundações para obras correntes, pois as sapatas podem, por exemplo, ter entre 10m e
30m de diâmetro.

Nos últimos anos, o tamanho médio das turbinas cresceu significativamente, para se ter uma ideia um
único moderno aerogerador tem capacidade de até 5MW e a tecnologia industrial tem aumentado esse
limite constantemente.

A análise modal trata de um processo de determinação dos chamados parâmetros modais, suficientes
para a formulação de um modelo matemático dinâmico. Estes parâmetros modais são modos de vibração
e correspondentes frequências naturais. A frequência natural refere-se ao limite que um sistema impõe
para as cargas dinâmicas, sendo uma consideração bastante importante para a concepção de projetos de
estruturas, como por exemplo, no projeto de torres eólicas (Küster e Sartorti, 2011).

As torres eólicas são estruturas esbeltas projetadas para resistir às cargas estáticas, sendo também
necessário considerar os efeitos dinâmicos da ação da pressão do vento na estrutura, visto que a
estrutura de uma torre eólica frequentemente está submetida à ação de vibrações provenientes da
pressão que o vento exerce sobre a estrutura da torre. A análise da frequência natural da estrutura na
fase de projeto permite o correto dimensionamento, evitando danos futuros. A fundação e o tipo de solo
no qual está instalada a torre eólica influencia o valor da sua frequência natural.

A frequência e os modos de vibração da estrutura podem ser obtidos por meios numéricos, como o
Método dos Elementos Finitos. Ferramentas de análise, como a simulação computacional, têm sido cada
vez mais utilizadas na engenharia. Diversos programas computacionais simulam o comportamento
estrutural. O software Abaqus® é um destes programas que tem grande aplicação nas diversas áreas da
engenharia e permitem a modelagem numérica de vários problemas.

1- ANÁLISE MODAL

A análise modal trata de um processo de determinação dos chamados parâmetros modais, sendo eles os
modos de vibração e correspondentes frequências naturais. As frequências naturais e os modos de
vibração de uma estrutura são calculados a partir dos autovalores e autovetores obtidos através de uma
representação da estrutura pelo Método de Elementos Finitos.

A determinação da frequência natural e seus modos, apresentada por Brasil e Silva (2013), é realizada
resolvendo o sistema de equações algébricas homogêneas:

 K   2 M  uˆ  0 [1]

onde K é a matriz de rigidez, M é a matriz de massa, ω é a frequência natural do sistema e soluções na


forma û chamadas modos de vibração. Este sistema de equações representa um problema de autovalor,
cujos autovalores são as frequências naturais, ao quadrado, do sistema e os autovetores correspondentes
são os modos de vibração do sistema.

Para que este sistema tenha solução não trivial, o determinante da matriz entre os colchetes deve ser
nulo (Equação 2), resultando em uma equação polinomial de grau n na variável ω2, conhecida como
equação de frequência. As n soluções ωi são reais e positivas e correspondem as frequências naturais do
sistema.

det  K   2 M   0 [2]

Substituindo cada um destes valores de frequência, uma de cada vez, na Equação 1, e fazendo unitária a
primeira componente dos vetores modais correspondentes, obtém-se a matriz modal. Assim, são
determinados os n modos de vibração em uma matriz modal n x n, cujas colunas são modos de vibração
normalizados:
11 12 1n 
  2 n 
  1 2 n    21 22 [3]
 
 
n1 n 2 nn 

As coordenadas modais não têm unidades, sendo apenas proporções de referência à coordenada
arbitrada (Brasil e Silva, 2013).

A frequência do primeiro modo é denominada frequência fundamental da estrutura, correspondendo a


frequência mais baixa, e o período correspondente é denominado de período fundamental. Os modos
seguintes são denominados de segundo modo, terceiro modo e assim por diante. Os modos mais altos
são os últimos, os quais correspondem às frequências mais altas.

De acordo com Soriano (2014), as primeiras frequências naturais são úteis em previsão do
comportamento do modelo estrutural sob determinada ação externa. Tal fato ocorre porque as
amplitudes de deslocamento aumentam à medida que aquelas frequências se aproximam da frequência
preponderante da excitação e, desta forma, a correspondente oscilação pode danificar a estrutura.

Em engenharia de estruturas, na análise modal é utilizada toda a massa da estrutura, bem como a
rigidez dos elementos estruturais, com a finalidade de encontrar as várias frequências naturais de
vibração e respectivos períodos em que pode naturalmente entrar em ressonância. É de extrema
importância analisar esses resultados com vista a evitar que a frequência esperada das ações dinâmicas
passíveis de atuar na estrutura não coincida com as frequências próprias da estrutura (Oliveira, 2012).
2- FREQUÊNCIA NATURAL DE TORRES EÓLICAS

Torres mais elevadas estão sendo requeridas devido à crescente fabricação de turbinas com maior
capacidade de geração de energia. Tal fato torna os projetos mais complexos em termos de
carregamento, análise estrutural, verificação e responsabilidade pela integridade e funcionamento do
sistema. Para aumentar a produção de energia e limitar o peso da estrutura, as torre eólicas têm se
tornando estruturalmente mais flexíveis. Uma forma de prever seu comportamento é a análise dinâmica.

A frequência fundamental de uma estrutura é muito importante para evitar a ressonância. A ressonância
ocorre quando uma força dinâmica externa é aplicada a uma estrutura com a mesma frequência da
frequência natural da estrutura. Isto faz com que a estrutura sofra grandes deslocamentos e pode causar
falha imediata ou falha por fadiga ao longo do tempo (Van Zyl e Van Zijl, 2015).

Para garantir que a estrutura é dinamicamente segura é necessário assegurar que a frequência natural da
estrutura não coincida com nenhuma frequência de vibração externa que a estrutura possa estar sujeita
durante a sua vida útil. Sendo assim, o primeiro e mais importante requisito para manter sob controle o
comportamento de vibração das torres eólicas é prevenindo que as forças de excitação do rotor entrem
em ressonância com as frequências naturais de flexão da torre (Hau,2013). Em projetos de torres, o
critério decisivo para o comportamento de vibração é a posição da primeira frequência natural da torre
em relação às frequências de excitação do rotor, sendo classificadas em forças de excitação que ocorrem
com a frequência de rotação do rotor (1P) e forças de excitação que ocorrem com a frequência de
rotação do rotor multiplicada pelo número de pás do rotor (3P, para turbinas de três pás), sendo esta
última a força de excitação mais crítica.

O projeto de uma turbina em relação ao seu comportamento de vibração depende do número de pás do
rotor. No caso em questão, para turbinas de três pás, essa frequência de excitação aerodinâmica ocorre
em três vezes a frequência de rotação do rotor (3P). Quando a primeira frequência natural estiver acima
de 3P, então se trata de uma torre rígida. No entanto, quando a primeira frequência estiver no intervalo
abaixo de P trata-se de uma torre extremamente flexível. Estando a frequência natural entre 1P e 3P
trata-se de uma estrutura flexível e mais comumente considerada nos projetos atualmente (Van Zyl e
Van Zijl, 2015). Experiência de torres existentes indica que o melhor projeto é realizado ao considerar a
frequência natural do sistema 10% maior do que a frequência 1P, permitindo uma mudança de frequência
até 10% próximo ao limite de ressonância na frequência 3P, sendo esta a faixa de frequência de trabalho
(Bhattacharya et al., 2013). A Figura 1 ilustra este conceito.

Figura 1 – Frequência de Vibração.


Fonte: Modificada de Van Zyl e Van Zijl (2015).

De acordo com Bhattacharya (2014), a solução mais segura seria colocar a frequência natural da
estrutura bem acima da faixa de 3P. No entanto, modelos mais rígidos e com maior frequência natural
exigem torres e fundações com custos elevados. Desta forma, do ponto de vista econômico, as estruturas
flexíveis são mais desejáveis.

Muitas análises estruturais da frequência natural do sistema são realizadas considerando a torre
engastada na base. Outras desconsideram o volume de solo, tomando apenas a sua rigidez. No entanto,
esta concepção, apesar de aceita em análises estáticas, têm gerado dúvidas em relação às análises
dinâmicas. A massa do solo ao ser considerada na análise faz com que a frequência do sistema diminua.
Desta forma, torna-se importante a consideração do sistema torre – fundação – solo para este tipo de
análise.

3- MODELAGEM NUMÉRICA DA TORRE EÓLICA 3D

A frequência natural de torres eólicas é importante para a concepção, ainda em projeto, do correto
dimensionamento da torre e da fundação. As análises são realizadas utilizando a etapa frequency do
Abaqus®. A formulação presente no Abaqus® para a obtenção das frequências da estrutura é a mesma
apresentada na seção 2. São realizados estudos para verificar a influência da dimensão da fundação e
dos parâmetros do solo na frequência natural. Estas análises permitem a aquisição de um conhecimento
prévio em relação à primeira frequência da estrutura para diferentes condições apresentadas.

3.1 - Considerações do modelo

A análise da frequência natural da torre eólica foi realizada para uma torre construída em concreto com
altura de 100m e que suporta uma turbina eólica de 5MW. Os dados da torre foram baseados em LaNier
(2005). A torre possui um diâmetro externo com variação tronco de cone ao longo da altura. A espessura
varia linearmente de duas formas diferentes, uma para cada metade da torre. Os valores para os
diâmetros e espessuras da base, do meio e do topo estão apresentados na Figura 2.

A Figura 2 também apresenta a massa da turbina eólica que é considerada concentrada no topo da torre
eólica e seu valor é de 480076kg. O concreto utilizado possui uma resistência à compressão dada pela
norma americana ACI 318 por fc' = 48MPa. O módulo de elasticidade secante calculado utilizando a NBR
6118 é igual a 33658MPa e massa específica igual a 2403kg/m³.

Figura 2 - Torre eólica em concreto de 100m de altura com turbina eólica com potência de 5,0MW.
Fonte: Modificada de LaNier (2005).

A fundação superficial circular é modelada com diferentes diâmetros da fundação, mantendo a altura
constante de 3,5m. São utilizados os seguintes diâmetros: 15, 20, 25 e 30 metros. A fundação em
concreto armado apresenta um módulo de elasticidade igual a 26436MPa e coeficiente de Poisson igual a
0,15.

O solo é representado por diferentes valores de módulo de deformação, simulando 5 condições distintas
para representação do solo, com o módulo variando de 20MPa, considerando uma situação de areia fofa,
até 20000MPa, como a presença de uma rocha sã. Os parâmetros utilizados para o solo estão resumidos
no Quadro 1.
Quadro 1- Parâmetros elásticos utilizados para os diferentes tipos de solo.
Massa Específica Coeficiente de
Solo E (MPa)
(kg/m³) Poisson
1 1700 20 0.35
2 1800 35 0.35
3 1900 60 0.35
4 1900 200 0.35
5 2400 20000 0.2

Para a análise da frequência natural da estrutura, foi necessário definir o volume de solo ideal para esta
modelagem. Para isto, fez-se o estudo de diferentes dimensões do solo e foi verificado o valor da
frequência até que o mesmo convergisse. Neste estudo foi utilizado o solo com módulo de
deformabilidade de 20MPa e a fundação com 15m de diâmetro. Foi definido o solo com as seguintes
dimensões: 75m x 75m x 40m. A mesma análise foi realizada utilizando as fundações com 20, 25 e 30
metros de diâmetro, confirmando as dimensões adotadas para o solo.

O modelo da torre eólica 3D é composto por 16000 elementos do tipo C3DR8 (C - Elemento Contínuo
(Sólido), 3D - Elemento em 3 Dimensões, 8 - Número de nós por elemento, R - Elementos com
integração reduzida). O conjunto formado pelo volume do solo e fundação apresenta uma variação de
99403 elementos para o conjunto com fundação de menor diâmetro até 116552 elementos para o
conjunto com fundação de maior dimensão. Para o solo e fundação foram utilizados elementos do tipo
C3D10 (elementos contínuos tetraédricos com 10 nós).

Nas condições de contorno do modelo estão presentes apoios do primeiro gênero nas laterais do solo, de
modo a impedir os deslocamentos na direção horizontal. A base do modelo tem seu deslocamento
impedido na direção vertical.

3.2 - Resultados e discussões da frequência natural da torre eólica

A definição das dimensões para a representação do solo foi realizada por meio da verificação da primeira
frequência do sistema para os diferentes volumes de solo adotado. O valor da frequência natural
convergiu à medida que o volume de solo dimunuiu e foi adotado o solo com 75m x 75m x 40m.

Foram realizadas simulações no Abaqus para os diferentes diâmetros da fundação superficial circular,
sendo a altura de 3,5m mantida constante para todas as análises. A simulação consistiu em apenas uma
etapa, na qual são determinadas as frequências naturais e seus modos de vibração. A Figura 3 apresenta
o primeiro modo de vibração para cada fundação, considerando o solo com módulo de deformabilidade
igual a 20MPa.

(a) (b) (c) (d)


Figura 3 – Primeiro modo de vibração, considerando modelagem da fundação circular com diâmetro igual a: (a) 15m;
(b) 20m; (c) 25m; e (d) 30m.

A Figura 4 apresenta a comparação entre os valores obtidos para a frequência natural correspondente ao
primeiro modo de vibração mostrado na Figura 3.
Figura 4 – Frequência natural da estrutura, considerando modelagem da fundação circular com diâmetro igual a 15m,
20m, 25m e 30m, e solo com módulo de deformabilidade igual a 20MPa.

Pode-se perceber que a frequência natural do sistema torre-fundação-solo é sensível à variação do


tamanho da fundação, em que para fundações de igual altura, quanto maior o diâmetro, maiores as
frequência obtidas.

Como visto anteriormente, o projeto deve selecionar uma frequência do sistema de forma a evitar a
ressonância. No caso em questão, para turbinas de três pás, essa frequência de excitação aerodinâmica
ocorre em três vezes à frequência de rotação do rotor. Torres com turbina de 5MW apresenta uma
frequência de rotação de 0,187Hz e, desta forma, a frequência de excitação aerodinâmica é de 0,561Hz
(LaNier, 2005).

Considerando o que foi explanado na seção 2, é importante que a frequência natural esteja entre 1P e 3P
para tratar-se de uma estrutura flexível, considerando também a faixa de frequência de trabalho, que
corresponde à frequência natural do sistema 10% maior do que a frequência 1P até 10% próximo ao
limite de ressonância na frequência 3P. A Figura 5 ilustra esta consideração para as diferentes dimensões
da fundação em questão, quando o solo apresenta um módulo de deformabilidade igual a 60MPa.
Conforme observado na imagem, para as diferentes dimensões da fundação, a estrutura é flexível.

Figura 5 – Frequência operacional da turbina com 5MW e frequência natural das diferentes fundações.

Comparações foram realizadas considerando um aumento no módulo de deformabilidade do solo e ainda,


considerando aumento no diâmetro das fundações. O Quadro 2 apresenta os valores da frequência
natural para a fundação com diâmetro de 20m para os diferentes valores do módulo de deformação do
solo.

Quadro 2- Frequência natural para os diferentes módulo de deformabilidade do solo, fundação circular com 20m de
diâmetro.
Módulo de deformabilidade
1ª Frequência natural (Hz)
do solo (MPa)
20 0,255
35 0,294
60 0,325
200 0,365
20000 0,392
Percebe-se que ao modificar o valor do módulo de deformabilidade do solo, ocorreu uma variação no
valor da frequência natural.

A Figura 6 apresenta os resultados obtidos para as análises com as diferentes dimensões da fundação.
Ainda, estão presentes duas linhas tracejadas que representam os limites da faixa de frequência de
trabalho para esta torre analisada. Observa-se que quando o módulo de deformação do solo aumenta a
frequência natural também aumenta. Aumentando o diâmetro da fundação, ocorre um aumento na
frequência. Para a condição em que é representada uma rocha sã com módulo de deformabilidade igual a
20GPa, foi encontrada uma frequência igual a 0,392Hz, independentemente da dimensão da fundação
adotada.

A condição da torre com a base engastada foi considerada e a frequência natural obtida foi igual a
0,398Hz. Verifica-se, portanto, que a frequência natural tende a ser maior quando não é levado em
consideração o sistema torre-fundação-solo. Tal fato reforça a necessidade da verificação da frequência
natural do sistema completo para o correto conhecimento da estrutura.

Figura 6 – Aumento da frequência natural considerando diferentes fundações, quando o módulo de deformabilidade do
solo é aumentado.

Depois de certos valores de módulo de deformação do solo, percebe-se que um novo aumento dos seus
valores não muda a frequência natural. Isto ocorre pelo fato da fundação poder ser considerada como
fixa e qualquer aumento na rigidez do solo não terá efeito no valor da frequência natural. Para
demonstrar este fato foi realizada a simulação considerando apenas a torre e a fundação engastada e
verificou-se que a sua frequencia natural é igual quando considerado a modelagem com a rocha sã. A
Figura 7 apresenta o modo de vibração para o modelo apenas com torre e fundação com diâmetro de
25m, considerada fixa. O mesmo valor de frequência é obtido para as demais fundações analisadas.

Figura 7 – Análise da frequência natural considerando a torre com a fundação fixa, com a representação do modo de
vibração com frequência natural igual a 0,392Hz.
Considerando a faixa de frequência de trabalho, representada na Figura 6 pelas linhas tracejadas em
laranja e cinza, pode-se verificar que apenas uma das condições analisadas não está dentro desta faixa.
Desta forma, essa condição de solo com módulo de deformabilidade igual a 20MPa e fundação com 15m
de diâmetro, apesar de apresentar uma frequência natural dentro do intervalo 1P e 3P, sendo portanto
flexível, deve ser evitada em comparação com as demais possibilidades apresentadas quando utilizada
outras fundações no mesmo solo, ou em solos diferentes.

4- CONCLUSÕES

Com o aumento da capacidade da turbina as torres precisam ser capazes de resistir ao aumento das
cargas e momentos, e com isso as torres têm apresentado elevadas alturas. Outro fato importante é
levar em consideração a interação entre a frequência natural da torre e a frequência de rotação da
turbina, para que a mesma não sofra ressonância. A ressonância ocorre quando as vibrações externas
atuam com a mesma frequência natural da estrutura.

A fundação de torres eólicas garante a estabilidade da turbina ao longo de sua vida útil, transmitindo as
cargas da estrutura construída para o solo. Suas características podem afetar no valor da frequência
natural da estrutura, bem como o solo no qual a torre é instalada. Com o aumento do diâmetro da
fundação, mantendo a altura constante, percebe-se que a frequência natural é elevada. O mesmo
ocorreu ao variar o módulo de deformabilidade do solo. Em relação a faixa de frequência de trabalho,
percebe-se que apenas a configuração de fundação com 15m de diâmetro e solo com módulo de
deformabilidade igual a 20MPa deve ser evitada, mesmo a configuração apresentando frequência natural
que garante a estrutura como flexível. Esta decisão pode ser tomada mediante as demais configurações
analisadas, as quais podem ser adotadas para a torre em questão, sem risco de ocorrer problema de
ressonância. Ainda, foi verificada a importância da consideração do solo e da fundação neste tipo de
análise, ao confrontar a frequência natural do sistema com a frequência quando a torre é considerada
engastada na base.

Com todas as análises discutidas, conclui-se que o comportamento da estrutura em relação à sua
frequência natural é sensível à variação dos parâmetros de rigidez e dimensão. Assim, o projeto de uma
torre eólica deve ser bem definido para que se tenha um projeto seguro e garantindo que a estrutura não
sofra grandes deslocamentos e nem apresente falha por fadiga ao longo do tempo.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP, CAPES e ao CNPq pelo apoio finaceiro.

REFERÊNCIAS

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Küster, L.D., Sartorti, A.L. (2011). Análise dinâmica de estruturas de concreto: Avaliação de três sistemas construtivos
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LaNier, M.P. (2005). LWST Phase I Project Conceptual Design Study: Evaluation of Design and Construction
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Oliveira, L.F.M.P. (2012). Análise do Comportamento Dinâmico de Torres de Geradores Eólicos. Mestrado Integrado em
Engenharia Civil - Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
Portugal.

Soriano, H. L. (2014). Introdução à dinâmica das estruturas, Rio de Janeiro: Elsevier, 1st ed.

Van Zyl, W.S., Van Zijl, G.P.A.G. (2015). Dynamic behaviour of normally reinforced concrete wind turbine support
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