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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Q uero que vós Guias de Patrulha, instruais


as vossas Patrulhas inteiramente por vossa
iniciativa, porque vos é possivel conquistar cada
um dos rapazes da Patrulha e fazer dele um Ho-
mem Bom.

De nada serve terdes um ou dois rapazes excelentes, se o resto não prestar


para nada. Deveis procurar torná-los a todos razoávelmente bons. O meio
mais eficaz para o conseguir é o vosso próprio exemplo, porque o que vós
mesmos fizerdes, os vossos Escuteiros farão também.

Mostrai-lhes que sabeis cumprir ordens, quer vos sejam dadas verbalmente,
quer sejam impressas ou escritas, e que as executais, quer o vosso Chefe
esteja presente ou não.

Mostrai-lhes que podeis alcançar insignias de competência, e os vossos ra-


pazes irão atrás sem precisardes de os convencer. Mas lembrai-vos de que os
haveis de guiar e não empurrar.

Baden-Powell

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Objetivos • O principal objetivo do curso é ajudar cada jovem participante a examinar o


significado de “Liderança”, fornecendo uma variedade de atividades (palestras,
exercícios práticos, discussões em grupo, jogos, discussões em Patrulha, role-
playing, etc.), que podem estar diretamente relacionadas com as experiências
do escuteiro na sua Unidade.
• Como objetivo subsidiário, apoiar o sistema de patrulhas ao nível da Unida-
de, capacitando o escuteiro com as habilidades necessárias para ser capaz de
ajudar, com o planeamento e execução das atividades de uma forma eficaz na
sua Unidade, permitindo que ele/ela consiga gerir os escuteiros da sua patru-
lha.
• Inerente ao curso é o pressuposto de que um líder (neste caso guia ou timo-
neiro) tenha consciência das necessidades dos outros membros da patrulha.
• A participação neste curso pretende também ajudar cada jovem no contínuo
desenvolvimento da auto-consciência, de acordo com os fins e objectivos edu-
cativos da Associação Escutista (“desenvolvimento do: carácter, físico e espiri-
tual, social, afectivo e intelectual).
• Também deve ser uma oportunidade para desenvolver algumas habilidades
pessoais.

Pressupostos Existe um conjunto de pressupostos básicos na conceção deste curso:


1. O curso parte da premissa de que:
“Um líder é alguém que faz com que um grupo de pessoas faça algo”
2. E também que a base de qualquer aprendizagem é que:
“Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudar a
encontrar a resposta dentro dele mesmo” (Galileu)
3. Que as experiências de aprendizagem incluem o ouvir, vêr e fazer sendo o
mais eficaz o fazer.
4. Que a aprendizagem mais eficaz ocorre nos primeiros minutos de qualquer
atividade e que os jovens deste grupo etário preferem os métodos ativos. Por-
tanto,
i. As simples “palestras” devem ser reduzidas ao mínimo;
ii. Apostar no trabalho de grupo em patrulha, promovendo a parti-
cipação/discussão.
iii. As atividades não devem demorar mais do que 15 minutos (exce-
to para alguns jogos mais aliciantes).
iv. Que as discussões/debates devem ser posteriormente seguidas
de uma atividade mais física (por exemplo um jogo movimentado).

Estrutura • As patrulhas devem ser constituídas com base nos escuteiros do seu próprio
do Curso grupo/agrupamento.
• São criadas oportunidades para o convívio e a troca de experiências, nomea-
damente através da realização dos jogos, debates, trabalhos de grupo, o fogo
de conselho, etc.
• A patrulha é “acompanhada” por um “Tutor da Patrulha”, que é fundamental
para o sucesso do curso – ver mais à frente.

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• Cada patrulha tem a respetiva bandeirola com o animal-tótem, grito, lema


e é liderada por um dos jovens que assumirá a condição de guia de patrulha.

O Papel do Tutor A principal missão do Tutor da Patrulha é incentivar a participação ativa


da Patrulha (em todas as atividades e grupos de discussão) dos escuteiros, nas patru-
lhas, orientando e incentivando, sem grandes preocupações em ensinar. A
abordagem do Tutor deve ser em ambiente e em condições de “igualdade”,
de uma forma não diretiva, evitando julgamentos (embora incentivando o
grupo a concentrar-se no objetivo que se pretende alcançar). Deve promover
a discussão e a participação criando condições de sensação de segurança
(considerando que provavelmente a maioria dos jovens participantes no Cur-
so é a primeira vez que enfrentam uma audiência, mesmo que esta seja de
pessoas com a mesma idade) aos escuteiros realçando ainda, que todas as
ideias são importantes, assim como o felicitar os jovens quando estes tiverem
uma contribuição particularmente pertinente.

A elaboração deste Curso de Guias: Treino para a Liderança, utiliza linguagem escu(o)
tista “genérica”, não esquecer de fazer sempre, a respectiva correspondência:

AEP | CNE Terrestes | CNE Marítimos


Guias | Guias | Timoneiros
Sub-guias | Sub-Guias | Sota-Timoneiros
Escoteiros | Exploradores | Moços
Tribo | Expedição | Flotilha
Chefe | Chefe | Patrão
Patrulha | Patrulha | Tripulações
Totem Animal | Totem Animal | Totem Animal Marinho
Lenço de Grupo | Verde debruado a branco | Azul claro debruado branco

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Objetivos CORRESPONDÊNCIA DE OBJETIVOS


Agrupados
3. Significado de Liderança
Na maior parte das sessões, em particular nos Módulos 2, 3, 4, 5, 11,
13, 15
4. Suporte ao Sistema de Patrulhas
4.1. Planeamento Anual da Unidade (Secção)
Módulos 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14
4.2. Planeamento (das atividades da Patrulha e Tribo/Expedição)
Módulos 8, 9, 11, 13
5. Desenvolvimento da consciência das necessidades dos outros
Módulos 4, 6, 7, 9, 11, 13, 15
6. Desenvolvimento Pessoal
6.1. Carácter
6.1.1. Estimulação pela introdução de novas ideias - Módulos 3, 4, 7,
12
6.1.2. Participação nas discussões de grupo
6.1.3. Atividades que exigem uma cuidadosa reflexão - Módulos 5, 11,
13
6.2. Físico
6.2.1. Desafio lançado pelos exercícios práticos - Módulos 5, 13
6.2.2. Jogos, incluindo o Jogo Nocturno
6.3. Espiritual
6.3.1. Reflexão Matinal
6.3.2. Reflexões (orações) das refeições
6.4. Intelectual
6.4.1 Habilidades Pessoais
Módulos 10, 11, 13
6.5. Social e Afectivo
6.5.1. Frequência do curso - conhecimento de outros escuteiros, fora
do Grupo e do Agrupamento
6.5.2. Jantar do Curso, Fogo de Conselho, jogos, pausas e intervalos
6.5.3. Módulo 15

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PROGRAMA

Sexta-Feira,
16 de Janeiro
20:30 1 Chegada - Formação de Grupo - Informações
21:30 2 Exercício de Liderança
22:30 3 O QUE É A LIDERANÇA
23:00 Jogo Nocturno
23:45 Chocolate Quente - cama - luzes apagadas

Sábado,
17 de Janeiro
07:30 Alvorada, higiene, vestir
08:00 Pequeno Almoço
08:45 Içar da Bandeira e Reflexão Matinal
09:00 4 A MISSÃO DO GUIA DE PATRULHA
09:30 5 A LIDERANÇA NA PRÁTICA
10:30 Intervalo (Jogo Activo)
10:45 6 O CONSELHO DE GUIAS
12:00 Jogo
12:15 7 PLANEAMENTO (1)
12:45 Preparação do Almoço
13:30 Almoço
14:30 8 PLANEAMENTO (2)
15:15 Jogo
15:30 9 AJUDAR OS OUTROS A APRENDER - Apresentação
16:15 Jogo
16:30 10 AJUDAR OS OUTROS A APRENDER - Demonstração
17:30 Merenda
17:50 Preparação para a Instrução Técnica
18:10 11a INSTRUÇÃO TÉCNICA
18:55 Jogo
19:10 11b INSTRUÇÃO TÉCNICA
20:00 Jantar do Curso com convidado - Chefe Miguel Lontro
21:30 Fogo de Conselho
23:30 Luzes Desligadas

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Domingo,
18 de Janeiro
07:30 Alvorada
08:00 Pequeno Almoço
08:45 Içar da Bandeira e Reflexão Matinal
09:00 12 PLANEAMENTO ANUAL NA SECÇÃO (1)
09:15 13a TÉCNICAS DE LIDERANÇA (1)
10:15 Jogo
10:30 14 PLANEAMENTO ANUAL NA SECÇÃO (2)
11:30 13b TÉCNICAS DE LIDERANÇA (2)
12:30 Preparação do Almoço
13:15 Almoço
14:15 15 RELACIONAMENTO PESSOAL
15:00 Arrumações e Limpezas
15:30 16 E AGORA?
16:00 Formação de Grupo Final e Entrega de Certificados de Presença
16:30 Partida para casa

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A EQUIPA

Pedro Ferraz
Grupo 10 - Associação dos Escoteiros de Portugal - Figueira da Foz
Ana Fonseca
Agrupamento 116 - Corpo Nacional de Escutas - Seia - Guarda
Paulo Renato
Agrupamento 358 - Corpo Nacional de Escutas - Sé Nova - Coimbra
Cristina Tavares
Agrupamento 972 - Corpo Nacional de Escutas - Midões - Coimbra
... ... ...
Agrupamento 1319 - Corpo Nacional de Escutas - S. Pedro FF - Coimbra
Alice Lopes
Carina Santos
Victor Fernandes
Agrupamento 1360 - Corpo Nacional de Escutas - Souselas - Coimbra

Tutores das Patrulhas


João Lavrador - 0116 CNE
João Francisco - 0116 CNE
Mafalda Clara - 0116 CNE
Ana Filipa Silva - 0358 CNE
Rui Jorge Clara - 0358 CNE
João Pedro Caetano - 0358 CNE
Mª Cristina Pinho - 0358 CNE
Alcides Oliveira - 1319 CNE

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MATERIAL PARA O CURSO

Videoprojetor Cordas de instrução


PC portátil Sisal
Impressora Mini Manual da Técnica Escutista
Furador Manual do Guia de Patrulha
Agrafador Bandeira Nacional
Guilhotina Bandeira do Escutismo Mundial
X Actos Varas de Bandeirola (5)
Ficha tripla Fio norte
Papel cenário (4 m) 3 Copos de plástico (500 ml)
Papel “kraft” Elásticos
Papel A4 (branco) Fita de obra
Flip-Chart “Tesouro” - bombons
Papel para Flip-Chart Maquete Escutista
Rolos de fita-cola (12) Machadinha
Marcadores de papel (grossos) Pedra de afiar
Giz Escalímetro
Tesouras (6) Cartas Topográficas
Extensão eléctrica Bússola
Rolo de fita-cola (larga) Suporte de Bandeirolas
Rolo de fita-cola (dupla-face) larga Certificados de Presença
Projector de 500 W Pedaço de tecido branco
Extensão eléctrica Tenda
Baralhos de cartas (5)
Esquema do mastro portátil
Café e máquina de café
Copos e açucar
Algodão
Alcool
Sacos de lixo
Pacotes de esparguete (3)
1/2 dúzia de ovos
Trado
Maço
Formão

Enxada

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

2 Exercício de Liderança

SUGESTÃO DE Sessão 2
Sexta, 16 de Janeiro
ABORDAGEM: Exercício de Liderança

Tempos: 21:30 - 22:30


Orientado por: Diretor do Curso
Material: Folhas de bloco-gigante, marcadores, papel de lustro, cola, tesouras
Local: Sala do Curso
Objetivo: Demonstrar maus estilos de animação; levando os escuteiros a pensar o PORQUÊ de
serem maus e o que deve ser feito para melhorar os estilos.

Método: “Oficina sobre Estilos de Animação”


O orientador da oficina solicita a colaboração de 3 patrulhas e pede que se dirijam
para o exterior da Sala do Curso, acompanhando-as. Entretanto um outro Dirigente
efetua com as restantes patrulhas que ficaram na Sala uma estratégia de animação,
com o objetivo de “queimar alguns minutos”. Fora da sala, o orientador procede à
Notas: escolha da sequência de entrada na sala para a realização da Oficina. O orientador
faz a escolha da primeira patrulha. Depois ás duas restantes, lança o desafio de uma
delas se voluntariar. A que “avançar”, é a segunda a entrar. Por fim fica, a restante que
será a terceira a entrar na sala.

Quando o orientador e a primeira patrulha entrarem na sala, faz-se de imediato


silêncio para que se dê início à “Oficina sobre Estilos de Animação”. A tarefa a ser
concretizada consta da realização de um “Painel Decorativo/Poster”, cujo tema é o
“Acampamento”. O material disponível, encontra-se em cima de uma mesa e é com-
posto por: folha de papel de bloco-gigante, marcadores (3), algumas folhas papel de
lustro, (1) tubo de cola e (2) tesouras. Dá uma breve explicação sobre o que se pre-
tende realizar e inicia a Oficina. O Estilo de Animação adotado nesta primeira parte
da Oficina é o: ESTILO AUTORITÁRIO. Tempo Limite - 10 minutos.

Após a realização da primeira parte, o Orientador solicita à patrulha que ocupe o


seu lugar na sala. Procede uma pequena arrumação à mesa de trabalho e dá sinal à
segunda patrulha para entrar, com um sinal de apito. Dá uma breve explicação sobre
o que se pretende realizar e inicia a Oficina. O Estilo de Animação adotado nesta
segunda parte da Oficina é o: ESTILO DEMOCRÁTICO. Tempo Limite - 10 minutos.

Após a realização da segunda parte, o Orientador solicita a esta segunda patrulha


que ocupe o seu lugar na sala. Procede uma pequena arrumação à mesa de traba-
lho e dá sinal à terceira patrulha para entrar, com um sinal de apito. Dá uma breve
explicação sobre o que se pretende realizar e inicia a Oficina. O Estilo de Animação
adotado nesta terceira parte da Oficina é o: ESTILO PERMISSIVO. Tempo Limite - 10
minutos.

Para se “desligar” do que foi “vivenciado” anteriormente, um Dirigente efetua com


todos os participantes no Curso uma estratégia de animação, enquanto o Orientador
da Oficina, procede à afixação dos “Painéis Decorativos”. Segue-se depois um pe-
queno plenário.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

“Os líderes autênticos desejam genuinamente servir os outros através


da sua liderança. Estão mais interessados em empoderar as pessoas
que lideram de modo que elas façam a diferença do que em ganhar
poder, dinheiro e prestígio para eles próprios.”
B. George

White e Lippitt (1939) estudaram a liderança em estilos de comportamento do líder, na relação com o colabo-
rador.

O estilo de comportamento do líder refere-se ao que ele faz e como o faz. Estes autores consideram que exis-
tem três estilos de liderança:
- Autoritária
- Democrática
- Permissiva

Características de cada um dos estilos de liderança


1. ESTILO AUTORITÁRIO
- Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.
- O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, uma de cada vez, à medida que
são necessárias para o grupo.
- O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho.
- O líder é dominador e é «pessoal» nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada colaborador.

2. ESTILO DEMOCRÁTICO
- As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, sendo o papel do líder, de assistir e de estimular.
- É o grupo que esboça as providências e as técnicas para atingir os objetivos solicitando aconselhamento
técnico do líder, quando necessário, sugerindo este, duas ou três alternativas para o grupo escolher. As tarefas
ganham uma nova dimensão à medida que se sucedem os debates.
- É o grupo que decide sobre a divisão das tarefas e cada membro do grupo tem a liberdade para escolher o
seu companheiro de trabalho.
- O líder procura ser um membro igual aos outros, não se encarregando muito de tarefas. O líder é objetivo e
quando critica e elogia, limita-se aos factos.

3. ESTILO PERMISSIVO
- Os elementos do grupo têm liberdade completa para tomar as decisões com a participação mínima do líder.
- A participação do líder é limitada, esclarecendo apenas quem pode fornecer informações ao grupo.
- É o grupo que decide sobre a divisão das tarefas e escolhe os seus companheiros. O líder não participa.
- O líder não regula nem avalia o que passa no grupo. O líder apenas faz alguns comentários irregulares sobre
a atividade do grupo, quando é questionado.

Consequências dos três estilos de liderança


1. LIDERANÇA AUTORITÁRIA
- O grupo revela uma grande tensão, fustração, agressividade, ausência de espontaneidade e iniciativa. Não
existe amizade.
- Embora, aparentemente gostem do que fazem, não revelam qualquer satisfação em relação à tarefa.
- O trabalho só se desenvolve na presença física do líder. Quando este se ausenta os grupos produzem pouco
e tendem a expandir os sentimentos recalcados, agredindo-se e tornando-se indisciplinados.

2. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
- Desenvolve-se a amizade entre os vários membros do grupo.
- O líder e os colaboradores desenvolvem comunicações espontâneas, francas e cordiais. O trabalho desen-
volve-se a um ritmo suave e seguro, mesmo que o líder se ausente. Existe um clima de satisfação.

3. LIDERANÇA PERMISSIVA
- Apesar dos membros do grupo terem uma actividade intensa, a produção não é satisfatória.
- As tarefas desenvolvem-se ao acaso com oscilações e perde-se muito tempo com discussões. Fala-se mais de
problemas pessoais do que de assuntos relativos ao trabalho.
- Verifica-se um certo individualismo agressivo e pouco respeito pelo líder.
- O grupo que produz maior quantidade de trabalho é o autoritário, mas é o democrático que apresenta uma
maior qualidade no trabalho.

(adaptado de M. Odete Fachada, (2010), Psicologia das Relações Interpessoais, Lisboa, Edições Sílabo)

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

3 O QUE É LIDERANÇA
(O GUIA DE PATRULHA E A LIDERANÇA?)

Não é possível fazer uma lista das funções de Guia e de regras que estes têm
que seguir para serem bons Guias. Liderança é um processo em que um grupo
de pessoas é orientado por um Líder para a obtenção de um determinado ob-
jetivo. Todos os bons líderes possuem certas qualidades e características, muitas
das quais eles nem se apercebem que utilizam. Nesta primeira sessão deste
curso de Guias iremos falar sobre as obrigações de um Guia, e sobre os prob-
lemas que esses deveres causam.

Vamos agora conversar sobre algumas características necessárias para ser um


bom líder. Não são características pessoais, na medida em que também tu as
poderás desenvolver, mas tornam-se tal, e ser-te-ão úteis pela vida fora.

O Guia preocupa-se com três coisas: a Tarefa, a Patrulha e o Indivíduo. A


responsabilidade do Guia é cumprir a tarefa mantendo a Patrulha unida, usan-
do os talentos específicos de cada Escuteiro. Um bom Guia balança o tempo
gasto na execução da tarefa, na manutenção da união da Patrulha e com cada
jovem da Patrulha. Este balanço entre as três responsabilidades é um ponto de
partida útil para avaliar uma actividade que corra mal.

O Guia que quer assegurar que a Tarefa, a Patrulha e o Indivíduo são levados
em consideração pode usar este “exame de consciência” abaixo, que pode ser
aplicado para qualquer atividade, reunião ou programa.

A Tarefa:
Planeei cuidadosamente o trabalho a fazer com a Patrulha? ... ... ... ... ... ... ...
Acompanhei continuamente a execução do trabalho? ... ... ... ... ... ... ... ... ...

A Patrulha:
A Patrulha envolveu-se na tomada de decisões e na execução do plano? ... ...
Usei os recursos disponíveis dentro da Patrulha? ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Coordenei a Patrulha eficazmente, e trabalhámos em grupo? ... ... ... ... ... ...
Representei os interesses da Patrulha quando se debateu a tarefa com outros?

O Indivíduo:
Contactei com todos os membros da Patrulha? ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Ajudei os outros Escuteiros a aprender coisas e técnicas novas? ... ... ... ... ...
Dei o exemplo? ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

A PATRULHA O INDIVÍDUO

A TAREFA

As características da • Planear
Liderança • Avaliar
• Delegar e partilhar a direção
• Utilizar os recursos da Patrulha
• Coordenar a Patrulha
• Representar a Patrulha
• Comunicar
• Ajudar os outros a aprender
• Dar o exemplo

Planear “A Patrulha Macaco achou que fazer um Acampamento de Patrulha no próxi-


mo fim de semana era boa ideia, mas ninguém se “coçou” para o preparar a
sério. Quando a Patrulha chegou ao local de acampamento, faltavam vários
itens de material e comida, embora todos jurassem que os tinham trazido. À
medida que o fim de semana continuava, a Patrulha ia de aborrecimento em
aborrecimento, pois as coisas continuavam a correr mal. Pensando sobre o
acampamento, todos concordaram e compreenderam que o acampamento
poderia ter sido muito melhor se o tivessem planeado com mais cuidado.“

Um bom Guia prepara um plano para que seja dada a melhor utilização dos
recursos e tempo disponíveis. Quando o fazes, lembra-te:

• o que tem de ser feito?


• qual é o nosso objetivo?
• que equipamento e pessoas temos disponíveis?
• quais as alternativas?

Escreve o plano, e só quando este for compreendido e concordado por todos


é que o podeis por em ação. Estas simples instruções podem ser usadas para
planear qualquer atividade ou reunião – quanto maior for o evento, mais
cuidadoso e detalhado deve ser o plano.

Na Tribo/Expedição, o planeamento das atividades para o ano está a cargo


do Conselho de Guias. A tarefa do Guia de representar a Patrulha tem aqui

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

uma das suas mais importantes vertentes: no Conselho de Guias, não estás lá
para dar a tua opinião, mas sim para representar a tua Patrulha. Discutiremos
este aspeto mais à frente. Por ora, lembra-te que se queres que as atividades
do Tribo/Expedição saiam boas, para bem de todos e de ti, tens que participar
no planeamento.

Avaliar “Na reunião da Patrulha Macaco que se seguiu ao acampamento, o Guia pe-
diu aos elementos da Patrulha que dissessem o que acharam que correu mal e
como poderiam ter feito melhor. O sentimento geral era que o acampamento
não tinha sido bem planeado. Felizmente, eles foram capazes de aprender a
lição, e decidiram começar a planear o próximo acampamento com a devida
antecedência.“

Fazer avaliações de acampamentos, atividades e reuniões a intervalos regulares


permite aos Guias e à Patrulha aprender e melhorar a tempo da próxima ativi-
dade. Quando fizerdes isso, lembrai-vos das perguntas seguintes:

• qual era o nosso objetivo?


• alcançamo-lo?
• se não, porque não?
• que dificuldades encontramos?
• como é que podemos ultrapassar essas dificuldades de futuro?
• podemos repetir a atividade ou fazer algo similar?
• que sugestões e comentários temos para melhorar?
• o que podemos fazer a seguir?

Todos os elementos da Patrulha devem tomar parte do processo de avaliação


e todos devem ser encorajados a dar a sua opinião – duas pessoas diferentes
têm dois pontos de vista diferentes. O processo de avaliação não precisa de ser
complicado nem longo. Bastam alguns minutos na intimidade da Patrulha para
obter críticas construtivas.

Delegar e “Os planos para o acampamento da Patrulha Macaco estavam feitos. As últimas
partilhar reuniões da Patrulha tinham sido usadas para reunir o material, decidir as emen-
a direção tas e selecionar a comida necessária. Todos os Escuteiros da Patrulha tiveram a
hipótese de ajudar a planear. Cada um tinha um trabalho, e todos aparentavam
estar a cumpri-lo a contento. Poucos dias antes do acampamento, o Zé, o Guia,
verificou se todos tinham executado os seus trabalhos – estava tudo feito, menos
o do Manel, que não havia consertado parte do equipamento a seu cargo. Para
tentar salvar a situação, o Zé sugeriu várias maneiras ao Manel como ele po-
deria remendar o material a tempo. Deu-lhe o endereço de um Pai que talvez
pudesse ajudar e pediu ao Manel que lhe telefonasse dentro de poucos dias
caso não conseguisse completar os remendos.“

Embora o Zé fosse o Guia da nossa Patrulha Macaco, ele partilhou a direção


do acampamento com outros membros da Patrulha. Cada Escuteiro foi capaz

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

de participar no planeamento e o Zé aceitou e incorporou as sugestões ao


programa inicial. Ele debateu e discutiu com os outros, mas teve de dar a
última palavra e fazer certas limitações.

Todos os elementos da Patrulha devem sentir que contribuíram para o suces-


so de alguma atividade – todos têm um trabalho a fazer e sentem-se parte
de um grupo especial. Como Guia, coube ao Zé verificar que os vários tra-
balhos atribuídos estavam a ser levados a cabo e tomar providências com
aqueles que precisaram de ajuda.

Um Guia pode partilhar a direção da Patrulha com os restantes membros,


mas é ele o responsável geral. Se algo corre mal, é a ele que os Chefes e os
Pais vão pedir contas. Há ocasiões em que o Guia não tem escolha a tomar
uma decisão sozinho, como por exemplo, em matérias de segurança em que
uma ação imediata é necessária.

Utilizar os recursos “À medida que o acampamento se desenrolava, começaram a aparecer as


da Patrulha queixas em relação à qualidade da comida. Quando a hora das refeições
chegava, todos os membros da Patrulha se “punham ao fresco”: deixando o
Henrique, o pata-tenra, para cozinhar. Durante uma conversa depois de uma
refeição, o Guia pediu ao David que ajudasse na cozinha. Afinal o David era
um perito, e o Afonso ofereceu-se para ajudar a acender e manter o fogo.“

A nossa Patrulha Macaco estava com problemas porque não estavam a uti-
lizar da melhor maneira os talentos individuais dos membros da Patrulha –
não estavam a usar os recursos da Patrulha.

Há dois tipos de recursos disponíveis para a Patrulha:

• humanos – os seus talentos e habilidades (incluindo Chefes, Pais,


Amigos, etc.)
• materiais - que podem ser usados para levar a cabo o programa
(equipamento, transporte, locais, etc.)

Conhecer os recursos disponíveis permite que tudo e todos sejam usados


para vantagem da Patrulha – facilita as tarefas, encurta o tempo de prepara-
ção e diminui o esforço necessário. Assim, Guia, certifica-te que tens escrito
nos teus registos a seguinte informação:

• lista dos membros da Patrulha, completa com detalhes dos seus pas-
satempos, interesses, talentos, etc.;
• lista de contactos - pais, familiares, amigos, e as coisas em que eles te
podem ajudar;
• lista de organizações especializadas em tópicos de interesse para a
Patrulha e respetivos contactos;
• lista de locais que podem ser usados para atividades;

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Coordenar a “Durante o acampamento, a Patrulha Macaco entreteve-se tanto a nadar no Rio


Patrulha Perto e na brincadeira que se esqueceram de cumprir a tarefa que haviam com-
binado com o proprietário – limpar-lhe o terreno de lixo.“

Aqui surgiu um problema porque o Guia e os outros membros da Patrulha


deixaram-se levar nos jogos e acabaram por se esquecer do que haviam pro-
metido. Como já dissemos atrás, um bom Guia tenta manter um equilíbrio entre
a Tarefa, a Patrulha e o Indivíduo. Isto é feito coordenando a Patrulha e as suas
atividades. Ele tem que reter:

• os membros individuais da Patrulha


• a Patrulha como um todo
• a tarefa em mãos

Se se dá ênfase demais a uma destas vertentes, as outras duas sofrem. O Guia


deve tentar completar a tarefa, mas ao mesmo tempo manter a Patrulha a tra-
balhar em grupo e velar pelas necessidades individuais de cada um dos seus
Escuteiros. Um Guia tem que coordenar a Patrulha de modo a que a tarefa seja
cumprida fácil e rapidamente, com todos os Escuteiros da Patrulha a participar
e trabalhar harmoniosamente.

Representar a “O Conselho de Guias discutiu os acertos preliminares para o acampamento


Patrulha de Verão. Quando as datas e o local foram anunciados ao Grupo, a Patrulha
Macaco não se mostrou muito entusiasta. No entanto, o Chefe lembrava-se que
no Conselho de Guias, o Zé estava bastante entusiasmado com a decisão. De-
pressa se tornou claro que o Zé manifestou a sua própria opinião, e não a que
a maioria dos elementos da Macaco tinha.“

Um bom Guia representa a opinião de todos os membros da Patrulha quando


está no Conselho de Guias, que é afinal o órgão executivo do Grupo, e cujas
decisões afetam os Escuteiros na Patrulha. Os assuntos a debater no Conselho
de Guias devem ser conhecidos pelos Guias para que estes possam por sua vez
debatê-los na Patrulha. Após o Conselho, o Guia comunica à sua Patrulha o
que lá teve lugar e as decisões tomadas.

Para fazer isto, um Guia deve ter um plano de ação, como por exemplo este:

Antes da reunião
• discute cada tópico com a Patrulha;
• assegura-te que todos os assuntos são discutidos e que todos têm uma
opinião formada sobre eles;
• escuta atentamente as ideias de cada elemento, mesmo que sejam dife-
rentes;
• resume as opiniões expressas e obtém um consenso para cada tópico
mencionado;
• escreve as ideias consensuais ou da maioria, e outros pontos de vista que

17
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

devem ser referidos no Conselho de Guias .

Durante a reunião
• Apresenta as ideias da Patrulha;
• Ouve e respeita as ideias das outras Patrulhas;
• Faz concessões dentro dos limites das opiniões que trouxeste da tua
Patrulha;
• Toma notas sobre as decisões finais e outra informação que pode ser
útil;
• Se necessário, pede o adiamento da decisão final até que possas con-
sultar a tua Patrulha.

Após a reunião
• A Patrulha deve ser informada das decisões tomadas que lhe sejam
relevantes;
• As decisões devem ser explicadas, com as razões pela sua tomada;
• Informações úteis devem ser comunicadas à Patrulha.

A Patrulha, por sua vez, deve estar pronta a aceitar decisões tomadas pelo
Conselho de Guias ainda que contrárias às suas próprias ideias – decisões
estas em que o Guia da Patrulha participou e representou os seus pontos de
vista.

Comunicar “A partida para o acampamento de Verão foi anunciado na reunião, e o


Grupo estava no sítio combinado à hora certa, com exceção de dois Escu-
teiros da Patrulha Macaco. Chegados com um atraso de meia hora, ambos
chegaram, afirmando que desconheciam o combinado para a partida. Alguns
Escuteiros não trouxeram os seus calções de banho, e ficaram desapontados
quando não puderam ir à piscina com os outros. O Guia tinha a certeza que
lhes tinha dito toda a informação necessária, mas mesmo assim houve tanta
incompreensão.”

Estes são só alguns exemplos de um problema comum demais: falta de co-


municação. Todos os Guias precisam de ser capazes de comunicar eficaz-
mente. Quando tiveres que comunicar algo aos teus Escuteiros, podes guiar-
-te por estes pontos:

• Assegura-te que estão todos a ouvir com atenção enquanto falas;


• Fala claramente, usando termos que sejam percebidos facilmente;
• Reforça a informação com imagens, posters, etc., se disponíveis;
• Faz perguntas para confirmar que a informação foi assimilada;
• Resume a informação de tempo a tempo.

É possível comunicar de muitas maneiras: um poster, um jornal, um anúncio


televisivo, etc. Um livro de Patrulha e um quadro no vosso Canto comunica-
rão informação importante, não só aos membros atuais da Patrulha, como

18
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

vindouros.

Mas lembra-te que comunicação não é só escrever e ler, ou falar. E também


emoções, maneirismos, jogos, canções. A maneira como um aspirante é rece-
bido na Patrulha comunicar-lhe-á algo sobre essa Patrulha – para o melhor e
para o pior!

Ajudar os outros “O Zé estava sentado no Canto de Patrulha da Macaco, a tentar ensinar aos
a aprender seus Escuteiros como usar a machada. A Patrulha não parava quieta, e poucos
demonstravam algum interesse no que o Zé estava a dizer.”

Um caso típico? Seria muito mais fácil instruir a Patrulha no uso da machada
numa atividade ao ar livre. Aí haveria facilidades para todos usarem a machada
e experimentarem, ao invés de só olhar e ouvir.

Um Guia tem que ensinar os Escuteiros na sua Patrulha, em particular os mais


novos. Claro que não podes ensinar o que não sabes, e aqui entram os Chefes
para te ajudarem ensinando-te novos truques ou dando instrução a todo o
Grupo. Um Guia terá óbvias vantagens conhecendo modos como as pessoas
podem ser levadas a aprender algo.

Há três maneiras principais de aprender, e se calhar já as usaste na escola ou


em outras alturas – aprende-se ouvindo, vendo e fazendo. Lembra-te do ditado:

“O que ouço, esqueço;


o que vejo, lembro;
o que faço, sei”

Isto aplica-se em quase tudo na vida. Desde os nós que aprendes nos Escuteiros
aos exercícios de matemática (se não os praticares, não os aprendes, não é?).
Infelizmente, nem sempre é possível por cada Escuteiro de cada vez a aprender
um nó ou dar atenção a todos na reunião de Grupo. Na maior parte das vezes,
o Chefe demonstrará um nó à frente de todos ou dos Guias, e encarregar-vos-á
de por vossa vez o ensinardes aos vossos Escuteiros.

Dar o “O Zé, Guia da Patrulha Macaco, veio à Reunião de Piedade de calças de gan-
exemplo ga, uma t-shirt, e o lenço de Escuteiro. Na semana seguinte, vários membros da
Macaco vieram a uma atividade apenas parcialmente uniformizados, e o Chefe
passou-lhes uma descompostura. Os rapazes ressentiram-se porque o Zé não
levou “raspanete” na semana anterior por fazer o mesmo, e eles sim, por lhe
seguirem o exemplo.”

A nossa Patrulha realmente tinha razão para se queixar! Como escreveu B.-P.:
“o que vós mesmos fizerdes, os vossos Escuteiros farão também”. Os exemplos
do Chefe e do Guia são muito importantes; o seu comportamento, a sua ma-
neira de estar na vida, etc., imprimem-se nos seus respetivos Escuteiros. O teu

19
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

cargo é uma espécie de recompensa pelas tuas qualidades e esforço, mas


é também uma responsabilização. Tal como uma pessoa que se torna uma
figura pública, também tu, Guia, serás responsabilizado pelo que fazem os
que estão à tua guarda.

O bom Guia tem consciência das suas limitações e está sempre alerta para
se melhorar, e com o seu exemplo, melhorar os seus Escuteiros!

O que é então liderar?

As características da liderança resumem-se a:

o que uma pessoa é


e
o que uma pessoa faz

Olha para um “líder” que conheças e admires. Compara o que ele faz com
a lista que te damos e vê se algumas das suas características se encontram
aqui. Claro que poderás lembrar-te de muitas outras características que não
estão aqui, mas também nós não somos perfeitos...

SUGESTÃO DE Sessão 3
Sexta, 16 de Janeiro
ABORDAGEM: O QUE É A LIDERANÇA? (O GUIA DE PATRULHA E A LIDERANÇA)

Tempos: 22:30 - 23:00


Orientado por: Diretor do Curso
Material: Folhas de bloco-gigante, marcadores, acetatos, retroprojetor
Local: Sala do Curso
Objectivo: Introduzir as 3 áreas da Liderança (modelo Adair), adaptado ao Escutismo,
dando ênfase à Tarefa, à Patrulha e por fim ao Indivíduo.
Método: Discussão dirigida com todo o Curso, anotando as respostas em 3 colunas num
acetato ou folha de bloco-gigante. Jogo com cartões, em que se procura fazer
a identificação e correspondência entre o texto e cada uma das “Características
da Liderança”, no texto de apoio encontram-se em “itálico”.

Notas:

20
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

4 A MISSÃO DO GUIA DE PATRULHA

Vamos iniciar este tema abordando “o que é o Guia” e “o que ele faz”.

O que é o Guia? Ele é:


• o melhor Escuteiro da Patrulha;
• o irmão mais velho dos seus Escuteiros ;
• o responsável pela Patrulha e pelos seus Escuteiros;

O que ele faz? • dá o exemplo;


• ajuda os seus Escuteiros a tirarem insígnias;
• planeia e organiza as atividades da Patrulha, com os restantes Escuteiros;
• planeia as atividades na Tribo/Expedição, no Conselho de Guias;
• ajuda a manter a disciplina;
• ajuda o Chefe na realização do programa da Tribo/Expedição;
• encoraja e anima o espírito de Patrulha;
• põe a Patrulha acima de si;

Do Escutismo para Rapazes de Baden-Powell:


“Quero que vós, Guias de Patrulha, instruais as vossas Patrulhas inteiramente
por vossa iniciativa, porque vos é possível conquistar cada um dos rapazes da
Patrulha e fazer dele um homem bom. De nada serve terdes um ou dois rapazes
excelentes, se o resto não prestar para nada. Deveis procurar torná-los a todos
razoavelmente bons. O meio mais eficaz para o conseguir é o vosso próprio
exemplo, porque o que vós mesmos fizerdes, os vossos Escuteiros farão também.
Mostrai-lhes que sabeis cumprir ordens, quer vos sejam dadas verbalmente,
quer sejam impressas ou escritas, e que as executais, quer o vosso Chefe esteja
presente ou não. Mostrai-lhes que podeis alcançar distintivos de especialidades,
e os vossos rapazes irão atrás de vós sem precisardes de os convencer. Mas
lembrai-vos que os haveis de guiar e não empurrar” (E.p.R. PB4)

De Roland E. Phillips:
“O Guia não deve ser nem a ama-seca, nem o sargento berrão, nem o domador
de feras, mas apenas um irmão mais velho que conduz porque sabe, e a quem
se segue porque se gosta”

O melhor valor técnico – de nada te serve possuíres um distintivo se a tua conduta não
Escuteiro da corresponde à insígnia que usas na camisa do uniforme. Não são as insígnias
Patrulha que fazem o Escuteiro e menos ainda o Guia de Patrulha. A técnica Escutista
mais não é que o conhecimento inteligente das mil e uma maneiras de sair-se
bem e ser capaz de ajudar os outros.

valor físico – procura desenvolver as tuas forças corporais ao mesmo tempo
que a tua capacidade intelectual; o ideal da “mente sã em corpo são” não é de
outrora, e um corpo ágil e saudável é uma grande preciosidade.

valor intelectual – o 11º artigo (não oficial, mas reconhecido por todos) da

21
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Lei do Escuteiro diz que “O Escuta não é parvo”. Embora a inteligência seja
independente do estudo, qualquer pessoa com dois dedos de testa tenta
desenvolver os seus conhecimentos, pois para dar mais na vida, é preciso
também ter mais.

valor moral – o teu carácter não deixará de se refletir em cada um dos teus
Escuteiros. Tens a Lei do Escuteiro como a base da tua vida, segue-a e serás
o melhor dos “homens”.

valor religioso – beatices não te levam nem ao Céu nem a lado nenhum.
Fé vivida com simplicidade e convicção, traduzida numa piedade simples e
espontânea e acompanhada por confiança em Deus terá muito mais influên-
cia e relevância para a vida dos teus Escuteiros e para a tua.

“Não se apanham moscas com vinagre”


A Fraternidade Escutista assenta sobre dois fundamentos principais: a con-
fiança mútua e a mútua estima. Estima os teus Escuteiros pelas suas quali-
dades, e eles admirarão e estimarão as tuas. Estima todos, sem exceção,
apesar dos seus defeitos. Dedica-te a criar na Patrulha um espírito de frater-
nidade e confiança, de tal modo que todos os teus Escuteiros saibam que em
qualquer momento podem contar contigo, e tu com eles.

Treina os teus Escuteiros, entusiasma-os e estima-os, e eles seguir-te-ão até


ao fim. Nas atividades de Patrulha, não permitas a inação, e evita o aborre-
cimento dos teus Escuteiros. Toma parte nas iniciativas da Patrulha, pois não
se pode ser bom treinador se não se toma parte no treino.

Por vezes poderás ter certos assuntos a tratar com os teus Escuteiros que
não lhes interessam muito (e talvez nem a ti) mas que tenham mesmo de ser
discutidos. Nesses casos, tenta “dourar a pílula”, e torna o assunto menos
aborrecido. Pode ser que os teus Escuteiros não percebam para que serve
falar disto ou daquilo mas se lhes explicares o porquê poderás despertar-
-lhes o interesse. Falaremos mais disto quando abordarmos as atividades da
Patrulha .

Um Guia é um modelador. A chave do Método Escutista é a educação pela


pessoa: cada rapaz forma-se a si mesmo porque quer! O Guia ou o Chefe
estão presentes para criar o ambiente favorável e dar a ajuda conveniente. Tu
não podes fazer com que o carácter de um rapaz mude, mas podes ajudá-
-lo a mudar as suas atitudes. Com o teu exemplo, ou algumas palavrinhas
em privado na hora certa, podes fazer ver a um moço mais irrequieto que
certas coisas não serão toleradas. Se ele perceber porque lhe falas assim e o
aceitar, terás uma pequena grande vitória: mudaste a vida de alguém para
melhor!

Toma cuidado com o que dizes. É vital que um Escuteiro criticado perceba
que o fazes apenas pela tua amizade por ele. Nunca descomponhas um

22
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Escuteiro em frente de outros, nem tenhas discussões “animadas” em público.


Para tudo isto contribui o teu conhecimento dos Escuteiros – se desde a sua en-
trada te interessaste por eles, e descobriste os seus gostos, qualidades, defeitos,
problemas, etc., estarás numa posição para realmente fazer algo por eles e ter
bons amigos. Aqui como em muitas outras situações, tu e o Chefe de Tribo/
Expedição devem trabalhar em conjunto: tu podes conhecer o teu Escuteiro a
nível pessoal melhor do que o Chefe que tem outras 31 almas à sua guarda, e
ele pode saber mais a nível familiar ou escolar.

Em resumo do que dissemos acima:

Condições da tua atitude:


• ser um exemplo,
• ser o irmão mais velho,
• ser um treinador

Condições da tua ação:


• conhecer,
• animar

O teu fim:
• formar os teus Escuteiros, fazendo deles “homens” completos, cristãos
verdadeiros e cidadãos perfeitos

SUGESTÃO DE Sessão 4
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: A MISSÃO DO GUIA DE PATRULHA

Tempos: 09:00 - 09:30


Orientado por: Ana Fonseca e os Tutores das Patrulhas
Local: Sala do Curso
Objectivo: Clarificar as ideias sobre a Liderança na Patrulha
Método: Introduzido por Ana Fonseca; cada Guia de Patrulha deve aprender com a expe-
riência e as atitudes dos outros; diferentes Tribos/Expedições têm diferentes (mas
válidas) formas de fazer as coisas. O Sistema de Patrulhas é sempre o ponto de
partida do Escutismo.

As Patrulhas na sua constituição “original”, discutem as suas atitudes e ideias, orien-


tadas pelo Tutor da Patrulha.

Notas:
Com o auxílio do quadro negro, tentar obter no final um “quadro-resumo” idêntico (o mais aproximado
possível) com as seguintes conclusões:

Conselho de Guias Atitude Patrulha


Planeia o Programa Dá o exemplo Organiza as reuniões de Patrulha
Executa o Programa Coloca a Patrulha acima de si próprio Organiza os acampamentos de Patrulha
Organiza as reuniões e atividades da Patrulha Aceita a responsabilidade para: Dá atenção aos novos Escuteiros
Organiza os acampamentos de Patrulha 1. Consigo próprio Ajuda a “treinar” os Escuteiros mais novos
Participa nos Conselhos de Guias com regulari- 2. Para com os outros Mantém os registos do Conselho de Guias
dade Respeita-se a si próprio Encontra-se com os Pais dos seus Escuteiros
Trabalha como membro do Conselho de Guias Respeita os outros Acolhe os novos Escuteiros
Ajuda o Grupo/Expedição a funcionar Aceita os pontos de vista dos outros e as suas
Dá apoio ao SubGuia atitudes
Aceita as suas forças e limitações

23
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

24
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

5 A LIDERANÇA NA PRÁTICA
(Exercício Inicial)

SUGESTÃO DE Sessão 5
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: A LIDERANÇA NA PRÁTICA

Tempos: 09:30 - 10:30


Orientado por: Victor Fernandes e os Tutores das Patrulhas
Material: O necessário para a construção de um “mastro portátil” (ver esquema). Fornecer es-
quema e um exemplar do MMTE, cinco varas de escuteiro, rolo de sisal e pedaço de
pano e... a caixa de primeiros socorros!
Local: Início na Sala do Curso e depois no “recreio” da Escola.
Objectivo: Mostrar como o trabalho de equipa e a liderança trabalham (ou não!), quando a
equipa é confrontada com um problema, e como resolvê-lo com um líder específico.
Método: O responsável pelo Módulo, “convida” uma Patrulha a resolver uma tarefa como
“equipa”. Não é designado nenhum líder...

Notas: O cenário é apresentado verbalmente e o grupo e a Patrulha são incentivados a respei-


tarem as regras. Os Tutores das Patrulhas e os restantes membros das outras Patrulhas,
observam e fazem anotações sobre o trabalho em equipa da Patrulha envolvida na
execução da tarefa e os estilos de liderança que surgiram nos membros da Patrulha.
Em particular centrar a atenção:
1. nas personalidades dominantes que foram surgindo (não necessariamente nega-
tivos) e nos estilos de liderança que surgiram.
2. habilidades - quem as tem, como foram usadas (ou, se não foram mostradas),
dar ênfase na discussão da importância da aquisição dessas habilidades através
da formação escutista.
3. discussão! cooperação “versus” argumentação/tensão.

No final do exercício, estimular a Patrulha a discutir com a sua realização e posterior-


mente levar o grupo a reconhecer os pontos fortes e fracos dos estilos de liderança que
surgiram (eventualmente o permissivo, o democrático e o autoritário).

Tarefa:
Uma embarcação de recreio, com seis tripulantes, naufragou durante uma enorme
tempestade em pleno Oceano Pacífico. Após várias horas à deriva, num bote salva-
-vidas, deram à costa numa ilha deserta.
No “kit” de material de socorro do salva-
-vidas, além da caixa de primeiros socor-
ros, encontrava-se uma catana, um rolo
de fio de sisal e um pedaço de pano bran-
co. Alguns deles tinham sido escuteiros
nos BSA - Boys Scouts of América, quando
ainda eram adolescentes. Tinham tam-
bém, aprendido na escola que naquela
zona era frequente a passagem de muitos
navios mercantes. Era contudo, necessá-
rio, e no mais curto espaço de tempo dar
sinal da sua presença com o material que
tinham disponível. Não tinham fósforos, a
madeira estava molhada... a única solu-
ção era içar uma bandeira, num mastro
improvisado, com a palavra SOS!

Em alternativa, pode ser também desen-


volvida a seguinte “estratégia”: CONS-
TRUA UMA TORRE, CONSTRUA UMA

25
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

EQUIPA.

Trata-se de uma atividade simples aplicada mundialmente no treino em ações de formação dirigidas
a profissionais de diversas áreas e até para crianças e adolescentes: construir uma torre de espaguete
com um ovo no topo, em 18 minutos.

Ao realizar a tarefa, fica evidente a importância de se testarem várias possibilidades e de se encontrar


o melhor caminho para atingir o objetivo. Com materiais limitados – meio pacote de esparguete, dois
rolos de fita-cola, uma tesoura e um ovo – os participantes têm de criar a estrutura de uma torre com
um mínimo de 1 metro de altura e que sustente o ovo no topo. A melhor “imagem” de torre é a do
tipo “Torre Eiffel”.

Exercícios simples como este podem estimular a criatividade e mostrar quantas vezes o nosso instinto
nos leva ao fracasso, principalmente quando somos adultos e temos medo de errar. Este desafio tra-
balha, principalmente as características do comportamento e pode ajudar os participantes a detetar
os seus pontos fortes e fracos.

A capacidade de colaboração é um aspeto importante. Os participantes que conseguem superar o


desafio têm grande capacidade de colaboração e adaptam-se uns aos outros mais facilmente. Os
que por outro lado fracassam, em vez de usarem a colaboração mútua em seu favor, gastam o tempo
disponível na disputa pelo poder. Interessante, o clima relacional criado na equipa de trabalho que
assume a concretização da tarefa, nomeadamente nas ligações estabelecidas entre os seus membros
e o aparecimento dos estilos de liderança.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

6 O CONSELHO DE GUIAS

O Conselho de Guias é tão antigo corno o próprio Escutismo, sendo urna parte
integral do Sistema de Patrulhas. Foi Baden-Powell quem o inventou:

“O Conselho de Guias é formado pelo Chefe do Grupo e pelos Guias de Pa-


trulha, ou, se o Grupo for pequeno, dos Guias e Sub-Guias. (...) O Conselho
de Guias trata de prémios, castigos, programas de trabalho, acampamentos, e
outros problemas relacionados com a administração do Grupo”

Baden-Powell, Escutismo para Rapazes

O que faz o • Reúne-se regularmente;


Conselho de • Faz o planeamento das atividades do Tribo/Expedição;
Guias? • Interessa-se pelo recrutamento e receção de novos elementos;
• Assegura que o Sistema de Patrulhas funciona devidamente;
• Trabalha com os Dirigentes de modo a que os elementos do Tribo/Expe-
dição usem o Sistema de Progresso eficazmente;
• Mantém a honra e o nível da Tribo/Expedição.

Nota explicativa: o que é o Sistema de Patrulhas?

O Sistema de Patrulhas é o método utilizado pelo Movimento Escutista para for-


mar física, mental e espiritualmente jovens, através da participação em ativida-
des formativas no seio de um pequeno grupo de amigos. Em poucas palavras,
é isto. Em muitas, é tudo aquilo que tu, Guia, e os Escuteiros de todo o Mundo
vivem, dia após dia, a vossa amizade, as vossas experiências e tudo aquilo que
tanto prezas no Escutismo. “O Sistema de Patrulhas não é um método de fazer
Escutismo. É O método para o fazer!” (Roland E. Phillips)

Os Guias de Patrulha assistem ao Conselho de Guias por direito próprio, para


participarem na manutenção da honra da Tribo/Expedição e nas deliberações e
projetos da mesma Tribo/Expedição, mas estão lá também como representantes
das respetivas Patrulhas.

Esta última parte é muitas vezes a parte mais difícil de bem cumprir. Deixemos
pois urna coisa bem clara: tu és o delegado da tua Patrulha! Estás lá para fazer
valer os interesses, projetos e realizações dela; como responsável da Patrulha,
tens que pôr os Chefes ao corrente dos progressos e dificuldades de cada Escu-
teiro. Do mesmo modo, o que se decidir no Conselho de Guias e disser respeito
à Patrulha (tudo o resto é privado, e não deve ser falado com ninguém que não
seja membro do Conselho), deves relatá-lo à tua Patrulha.

Assim como tu tens que estar pronto para aceitar que a opinião dos teus ele-
mentos da Patrulha sobre qualquer assunto pode não ser a mesma que tu tens
– mas que no entanto é a escolha da maioria que terás que apresentar no Con-
selho – também tu e/ou a tua Patrulha terão que aceitar se o Conselho decidir

27
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

contrariamente aos vossos desejos.

É assim a democracia – a maioria vence! Não encares estes episódios corno


derrotas, só porque não partilhas da ideia que foi selecionada, ou irás ter
muitas tristezas na vida. Vê isto corno uma lição – uma lição sobre liberdade,
democracia, consenso e alternância. Se incorporares estes conceitos na tua
vida, poderás ir longe...

Falamos acima em consenso. Isto significa que, ao contrário do que muitas


vezes se vê por aí, os Guias cujas ideias foram postas de parte não vão con-
tar a todo os outros Escuteiros “que bando de palermas que eles são, olhem
só o que eles querem fazer... “. Consenso significa decidir respeitando as
opiniões de todos, e executar respeitando as opiniões de todos! Se o Con-
selho de Guias decidiu, então a decisão foi de todos os seus membros, e não
de alguns “palermas”!

A questão do sigilo também merece ser relembrada. Não é porque tenhamos


a mania da “sociedade secreta”, ou tenhamos medo da “conspiração uni-
versal”! E somente uma maneira simples de dar surpresas aos Escuteiros. Se
todos souberem exatamente o que se vai fazer em matéria de programa, não
tem muita graça, enquanto que se souberem as linhas gerais, mas em vez da
conversa do costume, lhes sair uma atividade com o mesmo tema mas de um
modo original, verás que os Escuteiros se vão divertir.

Além disso, por vezes no Conselho de Guias pode-se falar de algum assunto
mais delicado, ou respeitante à vida pessoal de um Escuteiro, e esses assun-
tos devem-se limitar às pessoas que tem necessidade de saber disso. Como
conselho geral nas tuas conversas sobre alguém, lembra-te das seguintes
perguntas:

• O que vou dizer é necessário?


• O que vou dizer é correto (próprio)?
• O que vou dizer vai beneficiar a pessoa em questão?

Se a resposta a alguma destas perguntas for não, acho que deves pensar
muito bem, e talvez não dizer nada, afinal...

A honra e o nível Parece-te uma função estranha para um Conselho de Guias? Pois podes
do Grupo acreditar quando te dizemos que é a sua função mais importante, porque é
a que mais pessoas veem. Podem não saber que é o Conselho de Guias que
toma as decisões sobre esses assuntos, mas todos os notam. Referimo-nos
aos comportamentos dos Escuteiros da Tribo/Expedição.

O Conselho de Guias tem autoridade e o dever de fixar os níveis mais eleva-


dos quanto à conduta, apresentação, procedimento em público, linguagem.
Uma vez que o Conselho de Guias aceite tal responsabilidade, será muito
mais fácil incutir nos Escuteiros o verdadeiro espírito Escutista do que seria

28
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

qualquer soma de recomendações e práticas feitas pelos Chefes.

O orgulho associativo (desde que em quantidades saudáveis e não em dema-


sia) é essencial no Escutismo em geral e em cada elemento da Patrulha.

Como exemplo conhecido de todos vós, Guias, a apresentação dos Escuteiros.


O Conselho pode decidir que calças de ganga (ou como hoje, está muito em
voga, nas raparigas - escuteiras, o uso das “leggings”) são aceitáveis para ati-
vidades em campo, onde seja previsível que se sujem, mas que vergonha é ver
jovens que se dizem Escuteiros numa atividade de Regional ou de Núcleo, ou
numa Missa, com calças azuis claras! E que humilhação para qualquer Guia
ouvir Escuteiros a praguejar em público!

Os Seria ideal se todos os Guias pudessem receber a agenda, ou “ordem do dia”,


procedimentos de cada Conselho de Guias previamente, de modo a poderem discutir algum
assunto aí levantado com as suas Patrulhas. No entanto, se isso é possível por
vezes, não o é sempre, e o modo mais simples de remediar esta situação é ter
reuniões do Conselho frequentes.

Enquanto que é vital que os Guias venham preparados para uma reunião que
só acontece uma vez por mês, à qual, obviamente, nenhum pode faltar, num
Grupo que reúna o Conselho uma vez por semana, ou quinzenalmente, pode
delegar nos Guias a tarefa de sondarem a opinião da Patrulha sobre determi-
nado assunto e de comunicarem a opinião geral na próxima reunião.

Todas as reuniões devem ter um programa, e isso não é menos verdade no caso
do Conselho de Guias. Um programa assegura que tudo que é preciso debater,
é-o de facto, e a função de quem preside a qualquer reunião é garantir que
assim se passa. Quem quer que seja a presidir ao Conselho de Guias, tem as
obrigações de:

• Fazer com que o programa acordado se cumpra;


• Se houver um horário estabelecido que também este seja obedecido;
• Que ninguém abuse do direito à palavra, e todos tenham a oportunidade
de exprimir a sua opinião

O Conselho deve também nomear um Secretário, que vá tomando notas dos


principais assuntos, argumentos e decisões tomadas no Conselho de Guias.
Este procedimento pode, muitas vezes, parecer perfeitamente dispensável, mas
sucede que um registo do que se falou e decidiu é muitas vezes precioso, quan-
to mais não seja para a história da Tribo/Expedição. Fazei este cargo rotativo, à
semelhança da presidência do Conselho.

O Guia de Em muitos grupos há a tradição, ou a necessidade, de nomear um Guia de


Grupo/ Tribo/Expedição, cuja função principal é presidir ao Conselho de Guias. Em
Expedição muitos casos, a presidência é exercida pelo Chefe da Tribo/Expedição, embora
não tenha que o ser – qualquer Guia pode presidir ao Conselho de Guias, ou

29
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

podeis experimentar rodar o cargo de reunião para reunião.

O Guia da Tribo/Expedição pode também assumir as funções de Guia da


Patrulha formada pelos outros Guias, para atividades e formação exclusiva
para estes. Do mesmo modo, esta tarefa pode ser alternada por todos os
Guias.

O Parlamento O Conselho de Guias é o equivalente ao Parlamento.

Temos uma Constituição no nosso Regulamento Geral, condensada na forma


da Lei do Escuta. Os Guias, verdadeiros deputados, representam os seus Es-
cuteiros e decidem sobre a “legislação” que a Tribo/Expedição deve cumprir.

A Chefia da Tribo/Expedição, à semelhança do Governo, tem a obrigação


de levar a cabo as determinações do Conselho de Guias e de velar pela
gestão no dia a dia da Tribo/Expedição. Tem assento no Conselho de Guias,
mas não vota, simplesmente expondo e explicando pontos em questão.

O Guia da Tribo/Expedição funciona como o Presidente da Assembleia da


República, cumprindo-lhe assegurar a correção dos processos no Conselho
de Guias.

O Chefe da Tribo/Expedição ou do Agrupamento, qual Presidente da Repú-


blica, tem a obrigação de velar pela integridade física, moral e psicológica
dos Escuteiros, bem como a de representar o Movimento Escutista, e pode,
portanto, vetar decisões do Conselho de Guias.

SUGESTÃO DE Sessão 6
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: O CONSELHO DE GUIAS

Tempos: 10:45 - 12:00


Orientado por: Cristina Tavares
Material: Guião de “Uma sessão do Conselho de Guias”
Local: Sala do Curso e “Cantos de Patrulha”
Objectivo: Apresentar o Conselho de Guias como sendo o organismo que faz com que a
Unidade funcione, e mostrar como pode concretizado.
Método: 1ª parte - pequena introdução teórica sobre a importância do Conselho de
Guias, como “motor” do funcionamento da Unidade Escutista.
2ª parte - excertos da dramatização - “Uma sessão do Conselho de Guias”.
Solicitar aos participantes, que em plenário, destaquem aspetos relevantes do
Conselho de Guias, “observados” na dramatização.
3ª parte - com o “apoio” das observações dos participantes, fazer a síntese
final, reforçando a importância do Conselho de Guias.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

7 PLANEAMENTO (1) & (2)

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Sessões 7 e 8
Sábado, 17 de Janeiro
PLANEAMENTO (1) E PLANEAMENTO (2)

Tempos: 12:15 - 12:45 | 14:30 - 15:15


Orientado por: Pedro Ferraz e os Tutores das Patrulhas
Material: Papel de bloco-gigante, marcadores grossos de papel.
Local: Sala do Curso, “cantos de patrulha”.
Objectivo: Como planear uma actividade escu(o)tista, envolvendo os jovens (na Patrulha), o Con-
selho de Unidade e o Conselho de Guias.
SUGESTÃO DE Método: Tentar o planeamento detalhado para uma possível atividade “real”. As conclusões
das Patrulhas podem ser apresentadas em folhas de bloco-gigante (uma por Patrulha).
ABORDAGEM:
Em Plenário, registar, no quadro-negro, os aspectos de relevo que merecer ser retidos.

Notas: 1. Com o apoio da “ficha de apoio” - Planeamento Detalhado - ANEXO 3. Apresentar


ou “despoletar” a discussão entre as Patrulhas de algumas “ideias” sobre actividades
escutistas. A sugestão, aqui apresentada, reporta-se a um acampamento de Patrulha,
com quatro características diferentes:
a. Acampamento Lacustre;
b. Acampamento Volante (abrigos naturais e equipamento para um fim de
semana);
c. Acampamento de Preparação para uma grande actividade (por ex. “Nacio-
nal”);
d. Acampamento Conservacionista.

2. Recomendar ou relembrar aos participantes no Curso, a importância das habilida-


des (técnicas) escu(o)tistas, nomeadamente as que irão ser apresentadas no Módulo
11 (das 18:10 até 20:00 H).

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

9 AJUDAR OS OUTROS A APRENDER

Para que aconteça a efetiva aplicação do Escutismo, ou seja, para que os jovens
façam coisas e se aproveitem as imensas possibilidades das atividades ao ar

10
livre, eles devem ser ensinados e capacitados tecnicamente para isso.

Compete aos Dirigentes (com o apoio do Conselho de Guias) a tarefa de ofe-


recer estes ensinamentos – conhecimentos e habilidades aos seus escuteiros,
para que eles possam chegar ás atividades com um mínimo que lhes permita
desfrutar das experiências educativas.

Na maioria das vezes os Chefes ensinam aos Guias de Patrulha, para que estes
transmitam os conhecimentos ou habilidades aos membros das suas patrulhas.
Outras vezes, o conhecimento é repassado a todos os membros da Tribo/Expe-
dição, num “sistema de bases”, em forma de “rodízio”, onde cada patrulha fica
durante um período de tempo numa “estação” e lá um Dirigente ensina alguma
coisa.

Não importa qual seja o sistema, existem várias formas diferentes para ajudar
neste processo de ensino-aprendizagem.

Vamos ver os mais comuns.

Demonstração Nesse processo os Dirigentes demonstram como se faz alguma coisa, passo a
passo. Por exemplo: para ensinar a montar uma tenda o Dirigente alcança me-
lhor resultados se usar este processo. Para isso deve conduzir a demonstração
seguindo algumas etapas:
• Em primeiro lugar o Dirigente informa exatamente o que vai ser ensinado;
• Depois executa a montagem, passo a passo, com uma ordem lógica;
• Repete a demonstração, reforçando os pontos chave;
• Orienta os jovens para que eles reproduzam a montagem, destacando
cuidados especiais;
• Reforça com uma segunda montagem feita pelos jovens, preferencialmente
sem interferência do Dirigente.

Este processo de demonstração pode ser usado para ensinar nós e ligações, uso
de ferramentas, técnicas de acender fogueiras, receitas para cozinha, etc. Mas,
deve merecer alguns cuidados:
• Só é indicado para grupos pequenos – uma patrulha, no máximo – pois é
necessário uma constante preocupação com o envolvimento dos jovens;
• Tudo aquilo que merecer um gesto específico, como por exemplo: “pegar o
cabo com a mão direita e cruzar sobre a esquerda”, deve ser ensinado com
o jovem olhando do mesmo ângulo do Dirigente, ou seja, por detrás de seu
ombro ou ao seu lado. Se o jovem estiver em posição invertida o risco de
erro é muito maior.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Instrução É um processo em que os jovens são levados a fazer alguma coisa seguindo
Dirigida as instruções escritas, e aprendem com isso.

Normalmente é muito útil quando existem várias etapas complexas, que se


memorizam mais facilmente quando se executam operações. A ficha sobre
o “Escalímetro” é um exemplo de Instrução Dirigida para ensinar a tirar Co-
ordenadas UTM, em que os jovens são levados passo a passo, a cumprir as
etapas necessárias para a conclusão final. Deve merecer alguns cuidados,
como por exemplo o fornecimento da Ficha, um escalímetro e um extrato da
carta topográfica de preferência colorida, para que os jovens se comecem a
aperceber das cores e dos sinais convencionais.

Este mesmo processo de instrução dirigida pode ser usado para montagem
de códigos e mensagens, preparação de refeições, etc.. Contudo, deve me-
recer alguns cuidados:
• As regras devem ser bem claras, para evitar que os jovens ignorem ou
substituam os passos, adquirindo, assim, um conhecimento errado;
• É importante, neste tipo de instrução, que todos os adultos envolvidos
tenham graus de conhecimento similares da técnica apresentada, para
evitar informações distorcidas.

Montagem Maquete, maqueta ou modelo é uma representação em escala reduzida de


de Maquetes grandes estruturas de arquitetura ou engenharia, ou então o esboço em barro
ou cera de uma estátua ou escultura.

Ou seja, é qualquer representação realista, podendo ser funcional ou não,

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

dependendo do interesse do estudo. Podem também ser representações virtuais,


como nos desenhos assistidos por computador (vulgo CAD, Computer Assisted
Design), neste caso, recebem contudo, a denominação específica de maquete
eletrónica.

As maquetes são, geralmente, utilizadas em projetos de planeamento urbano


mostrando o visual de novas construções no contexto da área existente.

As maquetes podem ser feitas com uma grande diversidade de materiais, in-
cluindo plásticos, metais, madeira e um material próprio chamado cartão de
maquete. No Escutismo utilizam-se sobretudo, pauzinhos das “espetadas”, cola
e “fio norte” e tecidos para simular as tendas.

No nosso Movimento é amplamente utilizada para o planeamento de uma


construção ou acampamento, com todos os detalhes, o que permite que o
Chefe explique aos jovens como montar um “canto de patrulha”. Uma maquete
com as várias etapas da realização de um nó ou de uma amarração vai ajudar
os jovens na aprendizagem desta técnica geralmente utilizada para auxiliar no
projeto de grandes construções de pioneirismo e acampamentos modelo.

Deve contudo merecer alguns cuidados:


• É dificil avaliar se um nó ou amarração estão a ser corretamente aplica-
dos;
• Os jovens cansam-se rapidamente deste tipo de montagens precisando
contudo de serem constantemente motivados para a sua conclusão.

O Jogo Os jogos servem também para ensinar, reforçar conhecimentos e avaliar a


Escutista aprendizagem. Em diversas oportunidades o jogo pode ser usado para introdu-
zir conhecimentos, como por exemplo, para ensinar o ALFABETO MORSE.

Em grupos de grande dimensão, pode acontecer que alguns jovens não enten-
dam de imediato a matéria abordada, deve contudo estimular-se aqueles que
sabem, a “apoiar” aqueles com maiores dificuldades para que assim mante-
nham o interesse pelo jogo.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

OS AUTÓMATOS
Número de jogadores: uma ou várias Patrulhas.
Material: quatro cartões grandes.
Preparar quatro cartões contendo de um dos lados, um ponto e no verso,
um traço. Escolher quatro jogadores entregando a cada um deles um dos
cartões. Alinhar os jogadores colocando-os em frente do restante grupo a
uma distância considerável. Ao sinal do Chefe cada um mostra o seu cartão,
quer seja do lado do ponto ou do lado do traço ou coloca as mãos atrás
das costas. Um jogador escolhido pelo chefe deve dizer qual a letra forma-
da pela junção dos pontos e traços. Se errar perde dois pontos. Se acertar
ganha um ponto.

O jogo também serve para reforçar a aprendizagem, como, por exemplo,


fazendo um jogo de “estafetas”, em que cada jovem deve correr com um
pequeno cabo (corda) até um determinado ponto e atá-lo com um nó espe-
cífico no cabo que já está lá.

Este mesmo processo pode ser usado para ensinar Sinais de Pista, Alfabeto
Homográfico, Código Morse, etc.. Mas, deve merecer alguns cuidados:

• No caso de haver muitas pessoas a jogar, aqueles que não entenderam


correctamente a técnica podem ter a tendência de se “apoiar” naqueles
que a compreenderam e abster-se de a aprender;
• Os jovens podem “pular etapas” necessárias para a aprendizagem ape-
nas para acabar antes da Patrulha X”, principalmente se o jogo for com-
petitivo.

Carta de Prego Recurso muito utilizado no Movimento Escutista é formado por uma sequên-
cia de instruções lacradas, abertas uma por uma, que levam os jovens a
tomar contacto com diferentes situações e a cumprir diferentes tarefas.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA
As instruções também ensinam como fazer determinadas coisas. Por exemplo,
um conjunto de cartas utilizadas num bivaque, em determinado momento pode
ensinar como fazer um curativo ou uma maca. Ou numa carta de um grande
jogo, ensinar como transmitir uma mensagem curta com lanterna e Código
Morse.

O importante nas Cartas de Prego é que uma dá sempre a orientação, quando


a próxima deve ser aberta, mantendo um “clima” de mistério na actividade.

Este processo é comumente usado em atividades ao ar livre, bivaques e acam-


pamentos. Mas, devem merecer alguns cuidados:

• As cartas devem ser muito bem construídas, de modo a não gerarem


ambiguidades nas interpretações quando forem abertas;
• Antes de escrever as cartas, estas devem ser planeadas cuidadosamente,
assegurando-se que o que está escrito pode ser comprovado em campo
(por exemplo, uma carta a citar como referência uma placa informativa
que foi retirada á mais de um mês do local).

Exemplo de uma “Carta de Prego”

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

SUGESTÃO DE Sessões 9 e 10
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: AJUDAR OS OUTROS A APRENDER

Tempos: 15:30 - 16:15 e 16:30 - 17:30


Orientado por: Paulo Renato Silva e os Tutores das Patrulhas
Local: Sala do Curso
Objectivo: Ajudar os Guias de Patrulha na compreensão de que para ajudar os outros a apren-
der inclui: 1. Ver; 2. Ouvir; 3. Fazer; 4. Preocupação com os outros
Método: O grupo assiste a 4 acontecimentos separados, com um mínimo de instruções

Notas: À “plateia” deve ser dito para não falar ou gritar sugestões.

a. Instrução da execução de um nó sem falar


Dois escuteiros (voluntários?) em lados opostos da sala – são instruídos no sentido
de não dialogarem. Um deles explica ao outro como executar um nó (por exemplo:
lais de guia). Uma boa sugestão certificar-se de que o “instrutor” sabe efetivamente
executar o nó... Alguns apontamentos que podem surgir desta observação: a) exe-

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

cutar a tarefa com pequenos passos; b) observar a “vítima” e ver quais os erros que faz.

b. Executar uma tarefa sem ver


Dois escuteiros (voluntários): um com os olhos vendados sentado à mesa. Ao outro é
dado as instruções para direcionar a “vitima” para montar um quebra-cabeças que será
colocado em cima da mesa. Alguns apontamentos que podem surgir desta observação:
a) o sucesso pode surgir da explicação correta da tarefa; b) executar a tarefa com pe-
quenos passos; c) preocupação com a “vitima” e ver quais os erros que se cometem.

c. Instrução da execução de um nó sem a mínima preocupação com o


“aprendiz”
Dramatização de uma cena que se passa na Sede – um aspirante (interpretado
por______) precisa de ser preparado no sentido de fazer as “provas” para a Promessa.
Tem como auxílio um simples esquema da execução do nó, que não está a entender.
O seu Guia de Patrulha entra na sala e exclama alto “Ainda não sabes fazer o nó, não
vais fazer a “prova” e o Chefe não te deixa fazer a Promessa!” e entretanto sai da sala.
Passados alguns segundos, entra o SubGuia da Patrulha Lobo, simpático e prestável,
que mostra ao aspirante como executar o nó... até que o aspirante o consegue execu-
tar. Prova superada!

d. Boa Instrução – Usar a machada


Dramatização de uma cena que se passa na Sede – um Escuteiro experiente (interpre-
tado por______), explica a um Escuteiro que recentemente fez a sua Promessa, como
utilizar o machado. a) divide a tarefa em pequenos passos, fácilmente percetíveis; b) dá
atenção ao “aprendiz” e observa o seu progresso e faz as necessárias correções; c) o
“aprendiz” executa a tarefa corretamente!

RESUMO
O que ouço, esqueço;
O que vejo, lembro;
o que faço, sei.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

11 INSTRUÇÃO TÉCNICA

SUGESTÃO DE Sessão 11
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: INSTRUÇÃO TÉCNICA

Tempos: 18:10 - 18:55 (a) | 18:55 - 19:10 | 19:10 - 20:00 (b)


Orientado por: Carina Santos com a ajuda “técnica” dos “Instrutores” e os Tutores das Patrulhas
Local: Área da Escola Primária
Objectivo: Permitir que cada Guia de Patrulha pratique a ajuda aos outros na aprendizagem

Método: (a) Montar um sistema de “bases”. Cada “Instrutor”/Tutor “oferece” uma técnica (por
exemplo, com executar “seis nós básicos”) e mostra aos Escuteiros como se pode en-
sinar esta técnica. Cada técnica “oferecida” tem o mesmo tempo pré-definido, o que
significa que ao soar um sinal sonoro, a “Patrulha” deve passar de imediato à base
seguinte.
Intervalo para o Jogo (ou animação).
(b) Na segunda fase, deste Módulo, Patrulha por Patrulha, recebe “instrução” de uma
das técnicas abordadas, por parte de um Guia que não, o da sua Patrulha. O tempo
de instrução é igual ao utilizado na fase anterior. Pode ser acompanhado pelo “instru-
tor” adulto, de cada uma das técnicas.

Notas: Deve ser dada ênfase ás técnicas PRÁTICAS;

Técnicas em “oferta”:

Instrutor ou Tutor Técnica

_______________ Executar uma ligação em cruz ou esquadria

_______________ Noções básicas de Topografia/Orientação - orientação


da carta com a Bússola
_______________ Executar Ligaduras Triangulares ou fazer um penso

_______________ Hastear e dobrar a Bandeira Nacional

_______________ Fazer a Mochila

_______________ Determinar uma Coordenada UTM

_______________ Afiar o machado e cortar um tronco

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

12 PLANEAMENTO ANUAL DA SECÇÃO (1) E (2)

Antes de chegar ao final do ano a Chefia da Tribo/Expedição deve reunir o


Conselho de Guias, para dar inicio à montagem do calendário anual da Tribo/

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Expedição para o ano seguinte. Para isso deve ter em sem poder o Programa de
Atividades do Agrupamento, o Programa de Atividades da Região e o Programa
de Atividades da Associação.

Obviamente que, o objetivo é que, com antecedência se tenha contacto com


as datas mais importantes do ano, pois o calendário final será fruto dos vários
Projetos da Unidade – e seus respetivos Conselhos de Patrulha, Conselhos de
Unidade, Conselhos de Guias que ocorrerão durante o ano.
As datas que devem ser destacadas são:
• Aniversário do Agrupamento/Grupo Escutista;
• Festas e campanhas financeiras do Agrupamento/Grupo;
• Conselho de Agrupamento/Grupo;
• Acampamentos de Agrupamento/Grupo;
• Atividades de Núcleo, Regionais e Nacionais que a Expedição/Tribo tenha
interesse; e
• Ações de Formação destinadas aos Chefes (e que terão impacto nas ativi-
dades da secção).

As Atividades “Como regra geral, quando faltarem ideias, não queira impor nas atividades
Escutistas escutistas aquilo que pessoalmente você julgue que deve ser apreciado. Procure,
ao contrário, descobrir (ouvindo ou perguntando) quais as atividades que eles
mais gostam. Em seguida procure o modo de aproveitá-las, tornando-as eficien-
tes, úteis e benéficas aos jovens.”
(Baden-Powell, no Auxiliar do Chefe-Escuta)

Objetivos, Atividades e Experiências


Os jovens vêm para o Escutismo para realizar atividades. Ao mesmo tempo,
para que eles conquistem os comportamentos previstas nos Objetivos Educati-
vos, nós realizamos atividades. São objetivos convergentes com motivações di-
ferentes. E, assim se expressa o “Aprender Fazendo”, pois quer, seja na Patrulha
ou na Tribo/Expedição, os jovens são os protagonistas. Eles propõem, escolhem
entre si, preparam, desenvolvem e avaliam as suas atividades com o apoio dos
Dirigentes.

As atividades permitem que os jovens tenham experiências pessoais que contri-


buam para incorporar no seu comportamento as condutas desejáveis propostas
pelos Objetivos Educacionais do Movimento Escutista.

Executar uma grande construção num acampamento é uma boa forma de en-
tender algumas leis da física; plantar uma árvore e ajudá-la a crescer é a melhor
forma de valorizar a natureza; compartilhar o que se faz, ensina a vivenciar a
solidariedade; cozinhar os próprios alimentos e limpar as panelas incorpora na
personalidade habilidades elementares de uso quotidiano.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Os jovens aprendem através das experiências que obtêm nas atividades. Isso
significa que:
• O programa de cada uma das patrulhas e da Expedição/Tribo devem
compreender uma grande variedade de atividades, de maneira a propor-
cionar aos jovens diversas oportunidades de aprendizagem.
• As atividades não podem ser improvisadas. Elas devem ser seleciona-
das, preparadas, desenvolvidas e avaliadas adequadamente.
• Não basta realizar atividades, só para que elas tenham êxito. É necessá-
rio também estar atento às experiências pessoais que cada jovem obtém,
o que se realiza através do acompanhamento do seu progresso pessoal.

As atividades podem ser classificadas em FIXAS e VARIÁVEIS.

Tipos de
AS ATIVIDADES FIXAS AS ATIVIDADES VARIÁVEIS
Atividades

Usam formas variadas e


Usam uma mesma forma
referem-se a conteúdos muito
e geralmente estão relaciona-
diferentes, segundo a inquietu-
das com um mesmo objetivo
des expressadas pelos jovens

Não se repetem continuamente,


Devem ser realizadas continua-
salvo se os jovens as desejarem
mente para criar um ambiente
realizar e depois de se passar
desejado pelo método escutista
algum tempo

Contribuem para a obtenção de


Contribuem de maneira geral
determinados objetivos
para atingir os objetivos
educativos claramente
educativos
individualizados

EXEMPLOS DE EXEMPLOS DE
ATIVIDADES FIXAS ATIVIDADES VARIÁVEIS
Reuniões de Patrulha Especialidades
Reuniões de Expedição/Tribo Meio Ambiente
Actividades da Patrulha de Guias Reflexões, conhecimento de si mesmo e
Acampamentos e outras atividades de ar dos outros
livre Desportos
Fogos de Conselho Técnicas e Habilidades Manuais
Cerimónias Expressão Artísticas nas mais diversas
Jogos formas
Canções Serviços à Comunidade
A Aventura (curta, média ou grande, con- Vida Familiar
forme a duração) - ver no final Compreensão Intercultural
Direitos Humanos e Democracia
Educação para a Paz e Desenvolvimento

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Para que uma atividade possa ser incorporada no programa das patrulhas ou
da Expedição/Tribo, basta que ela seja:

Deve conter um desafio proporcional às capacidades dos


jovens, que os estimule a se superarem. Pressupõe um grau
Desafiante de dificuldade maior que o alcançado - ou seja “nivelar por
cima”

Implica colocar em ênfase que as atividades devem gerar


experiências que deêm lugar a uma aprendizagem efetiva e
Útil que se possam replicar em outras situações da vida quotidia-
na com significado na economia de esforços e de recursos

Devem produzir nos jovens a perceção de que obteram al-


Recompensante guma coisa ao realizá-las, obtendo satisfação ao alcançar
os objetivos da sua realização

Cada atividade deve despertar nos jovens o desejo da sua


realização, quer ser seja porque são do seu agrado, ou pelo
Atrativa seu conteúdo de originalidade de forma a que se sintam
vinculados a ela

A segurança é uma variável que não podemos deixar de


Segura lado em todos os aspetos: psíquica, física, emocional e
espiritual, tanto da parte dos jovens como do Dirigente.

Toda a possibilidade de ação que se constitua em um desafio, que seja útil


para o crescimento pessoal dos jovens, os atraia e tenha para eles o sentido de
obtenção de uma conquista, é uma atividade educativa e, portanto, entra no
campo de interesse das patrulhas e da Expedição/Tribo.

Conselho: um bom programa de atividades é variado e equilibrado


entre actividades fixas e variáveis!

A Reunião A reunião de toda a Expedição/Tribo realiza-se, geralmente, aos fins de sema-


de Expedição/ na, durante um tempo aproximado de 3 horas. Use o espaço na sede do Agru-
Tribo pamento/Grupo, mas no caso de não dispor de Sede adequada e com espaço
procure um local próximo, com a colaboração de algumas das instituições da
comunidade.

Inicia-se, pontualmente, com uma parte mais solene, e recomenda-se:


• Hasteamento da Bandeira (Nacional, do Escutismo Mundial ou do Agru-
pamento/Grupo), feita pela “Patrulha de Serviço” e coordenada pelo Chefe
de Expedição/Tribo.
• Oração, proferida por um jovem da “Patrulha de Serviço”.
• Gritos de saudação das Patrulhas e Grito de Expedição/Tribo.
• Avisos importantes

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Durante a maior parte do tempo disponível preparam-se, realizam-se ou


avaliam-se algumas das atividades fixas ou variáveis previstas no calendário
de atividades.

Na reunião podem-se ainda alternar atividades de patrulha e atividades da


Expedição/Tribo, dando-se também tempo para as atividades ou reuniões de
patrulha, conforme estabelecido no calendário. No tempo destinado a reu-
niões ou atividades de patrulha, os Dirigentes devem estar disponíveis para
o apoio e acompanhamento pessoal e coletivo dos jovens. Em alguns casos
participando nas atividades em conjunto com eles.

Como as patrulhas são diferentes na sua experiência, desenvolvimento, nú-


mero de elementos que as integram, idades e provavelmente sexo, as suas
atividades podem ser diversas e terem também diferentes tempos e ritmos.
Deve contudo procurar compreender estas especificidades e ajustar o pro-
grama da reunião com alguma flexibilidade.

Os Dirigentes devem resistir a tentação de uniformizar excessivamente a es-


trutura destes encontros, lembrando sempre que a Expedição/Tribo é essen-
cialmente uma organização de aplicação do Sistema de Patrulhas. O estilo
de animação apropriado para uma Expedição/Tribo é longe de ser um en-
contro em que os pequenos grupos agem todos controladamente, sob a
supervisão de um Dirigente com um apito na mão.

Isto não significa que nestas reuniões cada um faz o que quer, nem que os
Dirigentes se abstenham de supervisionar, dar seu apoio estimulante ou zelar
pela segurança. Mas, deve ser uma estrutura flexível e que se adapte ao ca-
lendário de atividades aprovado pelo Conselho de Unidade.

Terminadas as atividades e antes do encerramento, destina-se algum tempo


ao cumprimento das tarefas de rotina e de cariz administrativo, tais como
limpar o local, atualizar o quadro inter-patrulhas e de assiduidade ou colocar
em dia os registos e cotas. O encerramento do encontro pode adotar uma
forma similar à sua abertura.

Para que as reuniões da Expedição/Tribo mantenham seu sentido, recomen-


damos que se tenha presente as seguintes orientações:
• A reunião de Expedição/Tribo nem sempre dura 3 horas. Por vezes pode
durar o dia todo, coincidindo com uma atividade variável que requer mais
tempo (por exemplo integrada num Bivaque);
• Em algumas ocasiões – por exemplo, quando se realiza uma actividade
variável de longa duração ou um projeto – ocupar-se-á quase todo o
tempo disponível com o avançar dessa atividade. Mais que uma reunião,
será um dia de trabalho;
• Nas reuniões habituais de Expedição/Tribo é conveniente mesclar ativi-
dades e tarefas administrativas, evitando separá-las em dois blocos, o que
dividirá a reunião em uma parte interessante e uma outra “chata”.

46
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

• Em qualquer caso, as reuniões de Tribo/Expedição devem ser ativas, evi-


tando longos intervalos ou reuniões passivas que chegam a eliminar o inte-
resse dos participantes.
• A Expedição/Tribo não se reúne só aos fins de semana, pode também
aproveitar a existência de feriados.

Os principais ingredientes de uma reunião de Expedição/Tribo são as: ceri-


mónias, ensino e avaliação de conhecimentos das técnicas, jogos, canções e
danças, histórias, representações, pequenos projetos, actividades manuais e ar-
tísticas, actividades criativas, boas-ações, etc.

Uma forma de estimular o Sistema de Patrulhas numa reunião de Expedição/


Tribo faz-se com um Dirigente treinando os Guias, para que estes treinem a
sua Patrulha. O Dirigente pode ensinar aos Guias uma técnica num momento
da reunião, enquanto os outros membros da Patrulha fazem outra atividade
sob coordenação do SubGuia. Depois os Guias ensinam esta técnica a toda
a Patrulha, que depois será posteriormente “testada” num jogo. Também pode
acontecer que o Dirigente ensine aos Guias numa reunião convocada para o
efeito, e o conhecimento será transmitido aos membros da Patrulha, numa reu-
nião de patrulha, antes da próxima reunião Expedição/Tribo.

Atividades É para fazer atividades ao ar livre que os jovens procuram o Movimento Es-
ao Ar Livre cutista. Desde o início, mesmo que os jovens ainda não estejam muito bem
preparados, a Expedição/Tribo deve realizar atividades ao ar livre, que não
sejam muito complexas nem exijam muita capacidade. Aos poucos, conforme
os jovens vão ganhando experiência, nas reuniões e nas próprias atividades ao
ar livre, aumentará a possibilidade de se realizarem atividades mais ricas e mais
complexas.

As atividades ao ar livre:
• realizam-se num ambiente natural que renova a vivência da mística e sim-
bologia e exploração de novos territórios com um grupo de amigos; os jo-
vens vivem aventuras que os põem em contacto com dimensões que até ali
eles desconheciam;
• contribuem para que os jovens desenvolvam a sua autonomia pessoal,
exercendo responsabilidades e superando dificuldades em um ambiente di-
ferente do existente no seio da família ou no seu ambiente habitual;
• fortalecem a coesão interna das patrulhas;
• criam um ambiente especial que facilita a conquista dos objetivos pessoais
de cada jovem, em todas as áreas de desenvolvimento.

Acampamentos O acampamento é a atividade fixa mais importante da programação de ativida-


e outras des, pois o Método Escutista não é compreensível sem a vida ao ar livre. Os es-
atividades cuteiros devem acampar, no mínimo, 3 a 6 vezes por ano, procurando alcançar
ao Ar Livre um total de pelo menos 15 dias de acampamento. Dependendo da temporada,
a duração de um acampamento pode variar entre 2 e 5 dias. Mas, há grupos
que promovem atividades com quase 8 dias nas férias escolares dos jovens.

47
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

É preciso recordar que um acampamento não é a ampliação de uma reunião


de fim de semana. Também não deve ser sobrecarregado com uma progra-
mação muito apertada. Deve oferecer oportunidade para o silêncio interior
e para o contacto com a natureza, com tempo suficiente para observar, des-
cansar e, até, ficar sem fazer nada. É uma oportunidade para realmente, se
viver.

Para se desenvolver um acampamento, é necessário tomar os seguintes cui-


dados:
• Ter um local adequado para acampar com segurança e que conte com
a autorização do proprietário;
• Ter uma programação, com tempo para atividades, tempo para apre-
ciar a natureza e tempo de descanso;
• Ter uma equipa Dirigente, com responsabilidades previamente defini-
das;
• Definir as ementas que deverão ser executados pelas patrulhas;
• Organizar todo o material e equipamento necessário;
• Definir o transporte de ida e volta;
• Ter definido estratégias de comunicação e atendimentos de urgência;
• Ter autorização expressa dos pais, por escrito.

As “outras” atividades de ar livre, são saídas de curta duração - 1 ou 2


dias - que, no “léxico escutista”, não chegam a ser consideradas como um
“acampamento” propriamente dito. Incluem-se, por exemplo, o Bivaque, ou
o Hyke. Geralmente, são realizadas pelas patrulhas ou pela Expedição/Tribo
em qualquer altura do ano, conforme o calendário de atividades.

O Jogo O jogo faz parte da natureza do ser humano. É uma atitude natural nos
jovens e o escutismo está concebido como um grande jogo. Esta “atitude
de jogo” leva o jovem a mostrar-se sem temores, permitindo aos Dirigentes
conhecê-lo melhor e identificar a forma de o apoiar.

Por outro lado o jogo pode ser visto como uma atividade, um meio espon-
tâneo de exploração de si próprio, dos outros e do mundo. Jogar implica
experimentar, provar até onde se pode chegar, aventurar-se, esforçar-se, co-
memorar. Jogar com os outros inclui compartilhar, ajudar uns aos outros,
organizar-se, a saber ganhar e a saber perder. Visto assim, o jogo é um fator
de introdução à vida social pois, como na vida quotidiana, existem regras
que todos devem respeitar.

Nos jogos organizados cada participante desempenha uma função, trans-


portando a inteligência e destreza; cada um deve-se concentrar no que faz,
pois uma distração pode prejudicar sua equipa.

Pelo jogo os jovens aprendem que não se pode ganhar sempre, que é neces-
sário colocar-se no lugar do outro, governar os seus impulsos físicos, conter-
-se e dominar a tendência da interpretação das regras em proveito próprio.

48
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Os mais hábeis compartilham com os que têm menos habilidade e estes apren-
dem com aqueles. O jogo permite que até os menos hábeis se destaquem num
qualquer aspeto particular.

Para aumentar o seu resultado educativo, o jogo deve munir-se do necessário


para que exista alternadamente a sensação de êxito e de insucesso, razão pela
qual a variedade de estilos e de exigências dos jogos assegurará a todos a
oportunidade de experimentar a emoção de triunfar.

Para que os jogos tenham sucesso é necessário:


• Conhecer jogos variados ou dispor de material de consulta;
• Assegurar a continuidade do jogo, que não deve ser interrompido sem um
motivo válido;
• Escolher bem o jogo, de acordo com a ocasião;
• Terminar o jogo antes que o interesse comece a decair;
• Preparar com antecedência todo o material necessário;
• Fazer respeitar o perdedor e reconhecer o mérito do vencedor;
• Estabelecer regras simples e explicá-las com clareza no momento oportu-
no;
• Não repetir um jogo com demasiada frequência;
• Animar o jogo constantemente, sem que os Dirigentes se convertam em
jogadores;
• Avaliar o jogo, o desempenho dos participantes e o cumprimento das ta-
refas atribuídas aos que o conduziram;
• Não deixar ninguém fora do jogo ou sem função.

O Fogo de O Fogo de Conselho consiste basicamente num encontro artístico ao redor da


Conselho fogueira, com duração aproximada de uma hora a uma hora e meia. Uma
“diversão planeada”, em que se misturam canções, pequenas encenações, his-
tórias breves, danças e outras atividades artísticas apresentadas pelos jovens.

Sobre o conteúdo de um Fogo de Conselho recomendamos:


• A programação deve ser preparada previamente, com a participação de
todos os jovens e das patrulhas, seguindo as orientações definidas pela Con-
selho de Guias;
• Os números artísticos das patrulhas devem ser curtos, variados e de bom
gosto;
• Para convocar os participantes, acender a fogueira e dar início ao Fogo de
Conselho, cada Expedição/Tribo costuma adotar um ritual próprio, o que faz
aumentar o sabor, a tradição e o sentido de pertencer à cerimónia.
• Como o ritmo do dia, que se inicia cheio de alegria e movimento para
chegar ao repouso da noite, o ritmo do Fogo de Conselho vai da alegria
expansiva ao recolhimento. Por isso, as atividades mais expansivas aparecem
no início e as mais tranquilas no final, até que se encerre com um momento
de reflexão e de oração;
• No acampamento, o final do Fogo de Conselho coincide com o momento
em que os jovens se retiram para seu campo de patrulha e vão dormir, a

49
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

menos que se inclua um breve intervalo num momento de partilha junto às


brasas, enquanto se desfruta uma bebida quente ou um pequeno lanche.

Atividades Para desenvolver nos jovens o gosto em ajudar os outros, a Expedição/Tri-


Comunitárias bo pode planear diferentes atividades comunitárias. Um ponto importante é
olhar ao redor da Sede, na comunidade que é próxima, e fazer um levanta-
mento, como os escuteiros a podem ajudar.

Como ponto importante deve-se realçar, que os jovens não devem ser usados
apenas como “mão de obra barata” para instituições que promovem eventos,
e que existem sempre há riscos quando se colocam jovens em contacto com
o trabalho e com público.

Outras A Expedição/Tribo pode ainda fazer inúmeras atividades, como, por exemplo:
Atividades
Ar livre
• Acampamentos, bivaques, hykes, pistas e outras atividades ao ar livre
(com sua patrulha ou com toda a Expedição/Tribo);
• Acantonamentos;
• “Passeios” em bicicletas, em barcos, ou a pé;
• Actividades no campo, na cidade, no mar, na montanha;
• Construções de campo, de porte médio (mesas, pórticos, bancos, etc.) e
de grande porte (pontes, torres, catapultas, etc.);
• Orientação com bússsola ou somente pela natureza;
• Construção de jangadas para navegação em rios, riachos, lagoas;
• Cálculo de alturas e distâncias;
• Cozinha Selvagem;
• Acampamentos suspensos;
• Abrigos naturais;
• Jogos de Cidade.

Jogos e Desportos
• Jogos:
• tradicionais;
• internacionais ou da antiguidade;
• de orientação, de emboscada;
• noturnos;
• de observação;
• grandes jogos: inspirados em histórias, banda desenhada, filmes,
lendas e outros;
• Desportos:
• Fora do comum;
• Inventados;
• Olimpíadas e torneios desportivos;
• Artes marciais;
• Corrida de Orientação;
• Grandes Jogos (inspirados em histórias, banda desenhada, filmes,

50
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

lendas...)

Meio ambiente
• Acampamentos ecológicos;
• Campanhas sobre o lixo;
• Projeto ambiental de patrulha ou de Expedição/Tribo;
• Safáris fotográficos;
• Recolha de medicamentos fora de prazo;
• Observação da flora e fauna;
• Construção de caminhos ecológicos;
• Excursão para exploração das fontes de água;
• Auxílio aos guardas-florestais da região;
• Prevenção de incêndios;
• Realização de feiras de projetos ambientais;
• Cultivo de hortas orgânicas, hortas urbanas.

Atividades artísticas
• Criação de sketches humorísticos;
• Concurso de canções escutistas;
• Cantar as “Janeiras”;
• Filmes, vídeos ou documentários (sobre histórias inventadas, história do
Agrupamento/Grupo, etc.);
• Exposições fotográficas;
• Confeção de:
o instrumentos musicais
o máscaras
• Teatro de Rua;
• Mímica;
• Circo da Tribo/Expedição;
• Artesanato, esculturas em madeira, cerâmica, têxteis, etc.;
• Feiras de artesanato;
• Grupos de dança, coreografia;
• Visita a teatros ou centros culturais;
• Folclore, as tradições da sua região, do país;
• Fanfarras.

Comunidade
• Simulações de acidentes e desastres;
• Cursos de Primeiros Socorros;
• Serviços e boas ações de patrulha e da Tribo/Expedição;
• Campanhas pelos direitos humanos, direitos das crianças e adolescentes;
• Comemoração de datas especiais: das mulheres, da criança, dos direitos
humanos, etc.;
• Campanhas de recolha e conserto de brinquedos;
• Debates;
• Passeios e excursões a centros comunitários, serviços públicos;
• Feiras de trocas.

51
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Ciências
• Observação de estrelas ou visitas a planetários;
• Construção de uma estação meteorológica;
• Construção de foguetes;
• Debates sobre o aquecimento global.

Tecnologia
• Comunicações (Morse, semafórico, rádio, Internet, etc);
• Aeromodelismo, automodelismo, etc.;
• Feira de invenções;
• Invenções para melhorar a vida no acampamento;
• Utilização de fontes de energia “limpa” (sol, ventos, etc.);
• Manutenção e reparação do equipamento da patrulha;
• Construção e manutenção do canto de patrulha;
• Uso de ferramentas.

Fraternidade
• Participação nos eventos regionais, nacionais, mundiais;
• Participação no JOTA-JOTI;
• Coleção de insígnias, distintivos, selos, lenços...;
• Geminação com “patrulhas amigas” (de outros Agrupamentos/Grupos, de
outras Regiões ou de outros Países);
• Atividades com jovens que não são escuteiros, de outras religiões ou cul-
turas;
• Visitas a patrulhas e Tribos/Expedições de outros Agrupamentos/Grupos.

Cabe aqui, na parte final uma referência especial ao Método do Projecto e


concretamente à dinâmica da AVENTURA, quer na AEP, quer no CNE, idên-
ticas na sua concretização. É um método sistemático capaz de recolher as
ideias de atividades que pairam nas Patrulhas, executá-las na prática e saber
avaliar como correram as atividades.

A Aventura como Projecto deve ter, pelo menos, uma grande actividade que
será o ponto mais alto. Esta deverá envolver toda a Unidade e nela irão pôr
em prática todas as técnicas aprendidas ao longo da sua preparação. Não
iremos desenvolver com profundidade esta temática, não porque não seja
importante, mas porque necessita de um tratamento exaustivo e que foge
ao âmbito deste Curso. Contudo apresentamos em seguida dois “Quadros
Comparativos” sobre a abordagem da AVENTURA em cada uma das duas
Associações Escu(o)tistas irmãs.

52
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

A Aventura
A Aventura é o nome que se dá à Grande Atividade da Tribo de Escoteiros.

A Aventura é a grande atividade da Tribo de Escoteiros, e tem sempre um tema


que foi escolhido por todos. Todas as Patrulhas trabalham e contribuem para
que a Aventura seja realizada e seja magnífica, com muitos jogos e desafios
interessantes.

Em cada período de férias escolares procura-se realizar uma Aventura, com a


participação de todos os membros da Tribo. A Aventura é preparada ao longo
de todo o trimestre e inclui várias fases:

Idealizar: Nesta fase cada Patrulha concebe uma ideia da Atividade (Aventu-
ra) a propor em Conselho de Tribo de Escoteiros. É preciso não esquecer que
a proposta das Patrulhas tem de incluir o tema, o tipo de actividade (se é um
acampamento ou outro tipo de actividade) e o local para a actividade. Se for
necessário podem pedir ajuda à Chefia de Tribo.

Eleger: Considerando as ideias apresentadas por cada Patrulha para o tema,


o tipo de atividade e o local, a Tribo escolhe, no Conselho de Tribo, a Aventura
do trimestre, através de votação individual dos membros presentes, podendo
juntar propostas de várias Patrulhas para criar uma Aventura mais apelativa
para todos.

Preparar: A preparação de uma Aventura é feita através das Patrulhas e gerida


pelo Conselho de Guias. Cada Patrulha ficará responsável por uma tarefa ou
conjunto de tarefas (tratar dos transportes, preparar listas do material necessá-
rio, organizar jogos e passeios, organizará animações e o Fogo de Conselho,
etc.). O Conselho de Guias, ao longo do trimestre, verifica se tudo está a ser
bem feito e coordena o TRABALHO das Patrulhas. As Patrulhas e o Conselho
de Guias contam com o apoio e ajuda da Chefia de Divisão para fazer esse
TRABALHO.

Realizar: Todos os membros da Tribo de Escoteiros participam na Aventura,


que é o culminar de todo o trabalho conjunto e o momento em que todos estão
juntos para viver a grande actividade dos Escoteiros.

Avaliar: A avaliação é feita num Conselho de Tribo de Escoteiros de forma


individual, e também pelas Patrulhas e pelo Conselho de Guias.

53
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

A Aventura
É a atividade típica da Secção, uma grande atividade que pela necessidade de planeamento, or-
ganização e valor educativo necessita de ser explorada com mais detalhe. Falamos do Projeto/A
Aventura.

O que é um Projeto?
É um conjunto determinado de ações inter-relacionadas que se planeiam e implementam com
vista a atingir um objetivo específico num determinado prazo. No Escutismo, é a principal “ferra-
menta” utilizada para organizar diferentes atividades visando um objetivo comum.

No início de cada Aventura, o Conselho de Guias define as datas de início e fim dessa mes-
ma Aventura e algumas ideias comuns, que devem estar presentes nos projetos de Aventura
das Patrulhas. Também define a data do Conselho de Expedição para a Escolha da Aventura.
Nesta altura, a Patrulha irá planear uma proposta de Aventura para apresentar ao Conselho
de Expedição. Este Conselho é uma reunião onde todos os Exploradores debatem e tomam
decisões sobre um assunto que seja importante para todos. No caso da Escolha da Aventura,
o Conselho de Expedição reúne para que sejam apresentadas as propostas das Patrulhas e para
que seja eleito, por votação individual de todos os Exploradores, o melhor Plano de Aventura
apresentado.
Após a Escolha da Aventura, as Patrulhas devem reunir para que os Guias ouçam dos elemen-
tos da sua Patrulha as sugestões de enriquecimento a levar ao Conselho de Guias e também,
muito importante, que funções gostariam de assumir por forma a cumprirem o seu progresso.
Assim o Guia irá bem preparado com sugestões de enriquecimento e com a proposta de pro-
gresso da sua Patrulha.

O Enriquecimento do Projeto eleito é feito pelo Conselho de Guias.

Este poderá optar por alterar algumas atividades ou datas, aproveitar boas ideias de outros
projectos e definir as funções específicas que cada elemento deverá ter na Preparação da
Aventura.

O primeiro passo da Preparação da Aventura é a apresentação do Plano da Aventura a todos


em Conselho de Expedição.

Neste momento começa o trabalho de todos os elementos, na preparação das Grandes Ativi-
dades: oficinas, angariações de fundos, jogos e dinâmicas... Preparação e vivência de tudo
quanto tenha sido definido no Plano de Aventura.

A Realização das Grandes Atividades são sempre os momentos mais aguardados, pois foi para
viver esses momentos que todos os elementos trabalharam e desempenharam as suas funções.

No final da Aventura, é feita a sua Avaliação, primeiro em Patrulha e depois em Conselho de


Guias, para que não hajam os mesmo erros nas próximas Aventuras e para que estas sejam
sempre melhor preparadas que as anteriores.

Para a avaliação em Conselho de Guias os Guias devem, depois da Avaliação em Patrulha,


levar o seu Caderno de Descobertas completo que servirá de base para o relatório da atividade,
bem como o progresso cumprido pelos elementos da sua Patrulha. No final da avaliação cada
Patrulha deverá acrescentar um resumo da avaliação ao seu Caderno de Descobertas.

Para dar como terminada a Aventura é vivido um momento de Expedição de celebração, cujo
principal objectivo é marcar o Encerramento da mesma e fazer a entrega das insígnias conquis-
tadas.

É muito importante que exista um Painel bem visível na Base para que todos percebam como
está a Aventura.

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

SUGESTÃO DE Sessão 12 e 14
Domingo, 18 de Janeiro
ABORDAGEM: PLANEAMENTO ANUAL DA SECÇÃO (1) E (2)

Tempos: 09:00 - 09:15 | 10:30 - 11:30


Orientado por: Victor Fernandes e os Tutores das Patrulhas
Material: Papel bloco-gigante e marcadores grossos
Local: Sala do Curso e depois “Cantos de Patrulha”
Objectivo: Como envolver os jovens na elaboração do Plano Anual de Actividades da Secção
(Unidade).

Método: Introdução Geral


Constrangimentos que são necessários considerar na elaboração do Plano de Activi-
dades da Secção Unidade):
- Ano - estações do ano / condições atmosféricas
- Tempo disponível
- Outras actividades (nacionais, regionais, de grupo/agrupamento, da comunidade,
da paróquia, etc.)
- Avaliações escolares
- ... ... ...

Notas: Programas adequados para as patrulhas incluirem:


a. Grande Acampamento de Verão da Unidade
b. Participação no Nacional em Agosto
c. Grande Encontro Regional de Escoteiros/Exploradores/Moços (Férias da Páscoa)
d. Viagem do Grupo/Agrupamento a Gilwell (Férias do Natal)
e. Realização de 2 “Aventuras” (uma no Inverno e outra na Primavera)

Cada patrulha pode escolher um dos programas sugeridos.

Sessão 12 e 14
Domingo, 18 de Janeiro
PLANEAMENTO ANUAL DA SECÇÃO (1) E (2)

Tempos: 09:00 - 09:15 | 10:30 - 11:30


Orientado por: Victor Fernandes e os Tutores das Patrulhas
Material: Papel bloco-gigante e marcadores grossos e Calendário do Ano 2015
Local: Sala do Curso e depois “Cantos de Patrulha”
Objectivo: Como envolver os jovens na elaboração do Plano Anual de Actividades da Secção
(Unidade).

Método: Introdução Geral


Como os Escuteiros podem ser consultados para a elaboração do Plano Anual da
Secção (Unidade)

Cada Patrulha no seu “Canto” “desenha” o programa, abramgendo um determinado


período de tempo (ver abaixo) e apresenta-o em plenário.

Notas: Programas adequados para as patrulhas incluirem:


a. Grande Acampamento de Verão da Unidade
b. Participação no Nacional em Agosto
c. Grande Encontro Regional de Escoteiros/Exploradores/Moços (Férias da Páscoa)
d. Viagem do Grupo/Agrupamento a Gilwell (Férias do Natal)
e. Realização de 2 “Aventuras” (uma no Inverno e outra na Primavera)

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

13 TÉCNICAS DE LIDERANÇA

SUGESTÃO DE Sessão 13
Sábado, 17 de Janeiro
ABORDAGEM: TÉCNICAS DE LIDERANÇA

Tempos: 09:15 - 10:15 (a) | 10:15 - 10:30 | 11:30 - 12:30 (b)


Orientado por: Victor Fernandes e os Tutores das Patrulhas
Material: O material necessário encontra-se mencionado a itálico, na “Listagem das Tarefas
Possíveis”.
Local: No início, na Sala do Curso, depois na restante área da Escola Primária
Objectivo: Praticar as habilidades de liderança, dentro das restrições temporais e com uma
variedade de tarefas.
Método:

Notas: 1. Ao “Guia” da Patrulha de Guias é dada a oportunidade de escolher de entre


um leque variado de tarefas, aquela que pretende executar com a sua Patrulha;
o tempo total de execução é de 20 minutos, que inclui a instrução sobre o que é
necessário executar para cumprir a tarefa e a discussão final.

2. Todos os outros participantes no curso observam a Patrulha em ação.

3. Só o “Guia” da Patrulha é que recebe ou lê as instruções sobre a tarefa a exe-


cutar. No caso das instruções serem entregues por via escrita, devem ser depois
recolhidas.

4. A Patrulha tem exactamente 12 minutos para executar a sua tarefa. Os outros


particpantes no curso podem tirar notas (recomendado).

5. Depois de terminaram as tarefas, os observadorws e a Patrulha discutem de-


sempenho do Guia de Patrulha, sendo este processo orientado pelo responsável
do Módulo.

6. Restam 3 minutos para que a Patrulha e o grupo se dirigirem para o local da


nova tarefa a executar por uma outra Patrulha diferente.

7. No final em sessão plenária, cada Patrulha pode comentar a tarefa que lhe
calhou.

LISTAGEM DAS TAREFAS POSSÍVEIS


(o equipamento sugerido encontra-se em itálico)

N.B. Os Tutores das Patrulhas têm uma grande importância no sucesso destas tarefas, através
do apoio dado ao responsável pelo Módulo e às Patrulhas.

a. FAZER A “FOTO” DA PATRULHA EM SILHUETA


É necessário uma fonte de luz potente, grandes folhas de papel, marcadores
para traçar/pintar ou cortar e colar (eventualmente jornais e tesouras).

b. RESÍDUOS RADIOACTIVOS (fio norte, elástico, copo de plástico, sisal e


um “tesouro” - rebuçados, bonbons...)
Eis, um conhecido exercício. Uma área com aproximadamente 2 metros qua-
drados é a chamada “zona interdita” que representa uma “área radioativa”
que provoca a morte imediata a qualquer ser humano. Deve ser marcada,

57
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

souro (concentrado dentro de um copo de plástico de cerveja de 500 ml). Fio


norte (um pedaço para cada participante) e um elástico é o único material
disponível...

c. MAPA DA ILHA (papel, lápis, vendas para os olhos, mesas, cadeiras, lona)
Uma sala pequena é uma “ilha”, composta por mesas e cadeiras e coberta
com uma lona. A patrulha está fora da sala; só podem estar na sala pessoas
com os olhos vendados. Ao Guia de Patrulha (GP), NÃO é permitido entrar
na sala e é a única pessoa que pode desenhar o mapa da ilha. Ele tem que
orientar a patrulha para entrar na sala, dar a volta à ilha e sair para lhe da-
rem uma descrição da ilha, para que este possa desenhar um mapa.

d. PINTAR UM MURAL (tintas, pincéis, jornais, copos de plástico, fita adesiva)


Fornecer algumas folhas de papel branco e muita tinta para papel e peça
para pintar um mural. Definir um tempo de execução.

e. PISTA DE OBSTÁCULOS (corda comprida, escada e pranchas de madeira,


etc.) Construir uma pista de obstáculos que tem que ser contornada passan-
do um objeto de mão em mão sem o deixar cair e cada vez que cair começa
tudo de novo. Existem muitas variações para esta tarefa, como por exemplo:
o percurso com os olhos vendados, excepto o GP, todos amarrados (amarrar
as pernas, ou uma versão multi-pernas de três)...

f. AS CARTAS (5 baralhos usados de cartas de jogar)


Cinco baralhos usados de cartas de jogar, embaralhados, são espalhados
aleatóriamente no chão da sala. A patrulha tem que os recuperar e separá-
-los correctamente.

g. DECRIFRAR UM CÓDIGO (papel, lápis e uma mensagem codificada)

h. MONTAR UMA TENDA DE OLHOS VENDADOS (OU COM BRAÇO AM-


MARRADO NAS COSTAS), tenda, vendas e sisal.

i. AVALIAR A ALTURA DE UM EDIFÍCIO OU DE UMA ÁRVORE

j. O HOMEM-ARANHA (corda, dois pontos de amarração opostos e fita de


sinalização)
Criar uma “teia de aranha” com a corda. Os buracos devem ser o suficiente-
mente largos para que os participantes possam passar por eles. Devem existir
tantos buracos quantos os membros da patrulha. O objetivo desta tarefa é:
todos os membros da patrulha devem passar de um lado para o outro da teia
utilizando um buraco diferente. Após a passagem para o lado contrário, já
não podem regressar
ao ponto de partida.
O buraco utilizado é
“marcado” com fita
de sinalização.

58
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

15 RELACIONAMENTO PESSOAL

10 “dicas” para lidar com os Escuteiros da tua Patrulha

1. Não faças comentários que possam humilhar ou envergonhar algum dos


teus elementos.

2. Se precisares de chamar à atenção algum deles, fá-lo a sós, sem os outros


ouvirem.

3. Não deixes de fora os elementos mais tímidos ou novatos, fala para eles,
dá-lhes atenção, mostra que estás sempre a contar com a ajuda deles e que
são importantes para a Patrulha. Dá-lhes um elogio para os motivares e
perceberem que estão a ser úteis.

4. Muitas vezes, consegues modificar o comportamento e as atitudes dos


outros recorrendo à boa disposição e a algumas piadas, desde que não
humilhes ninguém.

5. Não leves muito a sério um elemento que seja muito resmungão. Respon-
de-lhe com bom humor.

6. Não fales nas costas uns dos outros. Os elementos vão imitar-te e irão
acabar por falar de ti nas tuas costas. Dá um bom exemplo.

7. Mostra-te paciente para com todos. A paciência é uma grande virtude e


os teus elementos saberão reconhecer-te essa característica, mesmo que não
o digam abertamente.

8. Se algum dos elementos for incorreto com outro, explica-lhe de que modo
foi incorreto e sugere-lhe que peça desculpa.

9. Não grites com os teus elementos. Se gritares, o mais provável é perderes


autoridade.

10. Não mostres ressentimentos para com alguém que tenha feito algo de
errado ou tenha prejudicado a Patrulha. A capacidade de perdoar é uma
virtude.

http://inkwebane.cne-escutismo.pt/Escutismo/OGuiadePatrulhaEquipa/10DicasparaoGuiadePatrulha/tabid/665/
Default.aspx

59
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

61
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

SUGESTÃO DE Sessão 15
Domingo, 18 de Janeiro
ABORDAGEM: RELACIONAMENTO PESSOAL

Tempos: 14:15 - 15:00


Orientado por: Maria Alice Lopes e Tutores das Patrulhas
Local: Sala do Curso
Objectivo: Como enfrentar situações do dia-a-dia, da Unidade Escutista, nomeadamente a
indisciplina, conflitos entre jovens, etc.
Método: São distruibuídos aleatóriamente 6 “Estudo de Caso” dos 9 propostos. Um Estudo
de Caso por Patrulha. É solicitado a cada Patrulha, que após leitura atenta, identifi-
quem a “situação” em análise e procurem apresentar “soluções” e como Guias de
Patrulha, poderiam contribuir para ajudar na sua resolução.

Notas: Registar no Quadro Negro as opiniões que forem surgindo e que irão servir de
reforço e síntese final.

62
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

E AGORA?
- uma proposta de continuidade -
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA AO AR LIVRE

Sexta-Feira,
XX de XXXXXXXXXX
18:00 - 19:00 Chegada - Formação de Grupo - Informações
19:15 - 19:45 Apresentação pessoal
Explicação do funcionamento do Curso
Cerimónia de Abertura com içar da Bandeira Nacional
Revisão como içar, arriar e dobrar a Bandeira Nacional
19:45 - 21:00 SELEÇÃO DE LOCAIS DE ACAMPAMENTO
21:00 - 21:45 Jantar (frio)
21:45 - 22:15 “LEAVE NO TRACE”
22:15 - 23:00 Ao Redor da Fogueira (conversa informal)

Sábado,
XX de XXXXXXXXXX
07:00 - 08:00 Alvorada, higiene, vestir e pequeno almoço
08:00 - 09:30 CORDAS
09:30 - 10:30 FERRAMENTAS
10:30 - 11:30 LOCAL DE FOGO
11:30 - 12:30 COZINHA
12:30 - 13:00 Almoço
13:00 - 15:00 PRIMEIROS SOCORROS
15:00 - 16:00 IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS
16:00 - 17:00 IDENTIFICAÇÃO DE ANIMAIS
17:00 - 19:00 Jogos Técnicos
19:00 - 20:00 Preparação do Jantar
20:00 - 21:00 Jantar
21:00 - 21:30 Preparação do Fogo de Conselho
21:30 - 23:00 Fogo de Conselho
23:00 - 23:00 Chocolate Quente

63
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Domingo,
XX de XXXXXXXXXX
07:30 - 08:30 Alvorada, higiene, vestir e pequeno almoço
08:30 - 09:30 Celebração Eucarística
09:30 - 10:30 MOCHILA E TÉCNICAS DE MARCHA
10:30 - 12:00 ORIENTAÇÃO
12:00 - 13:30 Cozinha Selvagem
13:30 - 14:00 Desmontagem de Campo
14:00 - 14:30 Cerimónia de Encerramento

64
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

ANEXO

1 QUESTIONÁRIO Nº 1 - LIDERANÇA

Este questionário é para tu responderes em casa (ou onde quiseres) e diz res-
peito ao que iremos falar no início do nosso Curso de Guias. Não tens que o
levar para o Curso, nem que dizer a mais ninguém os resultados - é apenas
para tua própria informação.

1) Quando estás com os teus amigos:

a) falas tu?
b) falais todos?
c) nunca tens muito para dizer

2) Quando algo se parte em tua casa, os teus pais:

a) acusam-te?
b) perguntam o que se passou?
c) limpam os cacos e não falam no assunto

3) Achas a vida:

a) difícil?
b) interessante?
c) chata?

4) Quando precisas de um favor, os teus amigos:

a) oferecem-se?
b) desaparecem?
c) hesitam?

5) Quando precisas de um aumento na semanada/mesada, tu:

a) pedes e apresentas razões?


b) pedes e re-pedes até te aumentarem?
c) desistes se a resposta for negativa?

6) Crianças com menos de 12 anos:

a) gostam de brincar contigo?


b) evitam-te?
c) chateiam-te?

7) Se te castigam na escola, é porque:

a) pegam sempre contigo?


b) fizeste algo de errado?
c) foste o que foi apanhado?
65
CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

8) Quando estás aborrecido, tu:

a) não fazes nada?


b) arranjas algo para fazer?
c) arranjas alguém sem nada para fazer?

9) Se fizeste algo errado, tu:

a) deitas a culpa para outro?


b) admites?
c) pedes desculpa?

10) Se te pedem para ensinar um nó que não sabes, tu:

a) pedes ao Chefe?
b) fazes de conta que sabes, mas escusas-te?
c) pegas num livro e aprende-lo com o teu aprendiz?

11) Se a tua Patrulha não faz o que tu mandas, tu:

a) dizes a um Chefe?
b) desistes?
c) tentas outra táctica?

12) Os Escuteiros na tua Patrulha são:

a) abaixo da média?
b) medianos?
c) acima da média?

13) Na tua opinião, a reunião de Tribo/Expedição é:

a) muito curta?
b) duração adequada?
c) muito longa?

14) Tu gostas de fazer:

a) coisas novas?
b) coisas que tu e a tua Patrulha já experimentaram?
c) um bocado de ambas?

15) Alguma vez foste delegado de turma?

a) Sim
b) Não

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

Pontuação

Pergunta Resposta
a) b) c)
1 1 2 0
2 1 2 0
3 1 2 0
4 2 0 1
5 2 1 0
6 2 0 1
7 0 2 1
8 1 2 3
9 0 1 2
10 1 0 2
11 1 0 2
12 2 2 0
13 2 1 0
14 1 2 3
15 3 0 -

Que tal?

< 10 - precisas de toda a ajuda que o Curso te puder dar

10 - 20 - tens muito que aprender

20 - 30 - precisas de treino e prática

> 30 - foste mesmo honesto(a)? Então parabéns

A conclusão a tirar daqui é que estes testes são muito falhos. Servem para te
dar uma indicação do teu estado, mas não deixes que te tornem arrogante
ou desesperado(a). Queres um exemplo? Vê a pergunta 1. Pode ser que sejas
calado(a), e escolhas a alínea c), mas se calhar, na hora do “vamos ver”, é para
ti que todos se viram!

A elaboração deste Questionário, utiliza linguagem escu(o)tista “genérica”, mas não te esque-
ças de fazer sempre, a respectiva correspondência:

AEP | CNE Terrestes | CNE Marítimos


Guias | Guias | Timoneiros
Sub-guias | Sub-Guias | Sota-Timoneiros
Escoteiros | Exploradores | Moços
Tribo | Expedição | Flotilha
Chefe | Chefe | Patrão
Patrulha | Patrulha | Tripulações
Totem Animal | Totem Animal | Totem Animal Marinho
Lenço de Grupo | Verde debruado a branco | Azul claro debruado branco
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ANEXO

2 FICHA DE INSCRIÇÃO

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70
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ANEXO

3 PLANEAMENTO DE ACTIVIDADES
- orientações para um Planeamento com Sucesso -

Fase 1 - Tenha em consideração o que vai ser feito


O que estamos a tentar alcançar?
Qual é o objetivo da atividade?
O que deve ser feito?
Por quem?
Como?
Quando?

Fase 2 - Tenha em consideração a ajuda disponível


Temos tempo para o organizar? (ver mais abaixo)
Temos tempo para o fazer?
Temos o equipamento?
Temos as pessoas com as habilidades certas?
Onde podemos obter esses recursos?

Fase 3 - Considere abordagens alternativas


Quantas ideias temos nós para escolher?
O que pode afetar o plano (por exemplo o tempo)?
O que podemos fazer se as coisas correrem mal?

Fase 4 - Chegar a uma decisão


Com quem devemos discutir os planos?
Tudo o que temos foi acordado?

Fase 5 - Anotar o plano final


Quem irá receber as cópias?
Como saberemos se todos entenderam o que precisam de fazer?

Fase 6 - Colocar o plano em prática


Como se certificar que todos receberam as informações, e as entendem
O plano financeiro está organizado?

Etapa 7 - Avaliação da ação


Como fazer para descobrir o quanto bem sucedido era o plano?

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ANEXO

4 PARTICIPANTES

Patrulha Raposa - 10 AEP - Figueira da Foz Patrulha Coelho - 116 CNE - Seia
NOME IDADE NOME IDADE
Daila Alexandra 13 Matilde Escada 13
Ian Chande 12 Bruna Marcelino 12
Carolina Silva 13 Catarina Silva 13
Bernardo Freitas 13 Joana Pires 13
Francisco Silva 11 Margarida Gonçalves 10
Natacha Neves 13 Daniela Carvalho 10
Gonçalo Esteves 11

Patrulha Tigre - 358 CNE - Sé Nova Patrulha Ornintorrinco - 972 CNE - Midões
NOME IDADE NOME IDADE
Afonso Silva 13 João Artur 13
Guilherme Rodrigues 13 Sara Jorge 13
Guilherme Pereira 12 Inês Campos 13
Emanuel Saraiva 13 Joana Martins 11
Mª Matilde Marques 13 Eva Costa 12
Gaspar Mendes 11
Luís Carvalho 12
Carolina Moço 12

Tripulação Caranguejo - 1319 CNE - SP - F. F. Patrulha Cisne - 1360 CNE - Souselas


NOME IDADE NOME IDADE
Rui Maia 13 Daniela Tenreiro 13
Flávio Brazão 14 Mariana Silva 13
Rita Valls 13 Alexandra Macedo 13
Érica Ferreira 12 Bárbara Morais 13
Marta Afonso 12

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CURSO DE GUIAS: TREINO PARA A LIDERANÇA

ALIMENTAÇÃO

Dia 16 de Janeiro
Chocolate Quente (noite)
Dia 17 de Janeiro
Pequeno Almoço - Leite com chocolate e pão com manteiga
Almoço - Arruz de Atum
Merenda - Sumo de laranja, croissants e queques
Jantar do Curso - Strogonoff de Perú
Dia 18 de Janeiro
Pequeno Almoço - Leite com chocolate e pão com manteiga
Almoço - Bacalhau à Brás
Nota: dois participantes do Grupo 10 AEP, são intolerantes à carne de porco.

AS TAREFAS DAS PATRULHAS

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ANEXO

5 LISTA DE EQUIPAMENTO - FIM-DE-SEMANA DE ACANTONAMENTO


Os Escuteiros devem ser encorajados a empacotar o material na sua Mochila.

EQUIPAMENTO INDIVIDUAL PARA ACANTONAMENTO


COM PERNOITA

• MMTE - Mini Manual da Técnica Escutista


EQUIPAMENTO ESSENCIAL
• Uniforme (para usar na actividade)
• Muda de roupa
• Cantil
• Lanterna (+ pilhas)
• Faca de Mato
• Bússola
• Saco-cama
• Colchonete
• Agasalho para a noite (eventualmente poncho)
UTENSÍLIOS PARA AS REFEIÇÕES
• Marmita Escutista (prato ladeiro, caneca para bebidas e talheres)
PRODUTOS PARA A HIGIENE PESSOAL
• Toalha de rosto
• Pasta de dentes
• Escova de dentes
• Sabonete/sabão
ARTIGOS PESSOAIS OPCIONAIS
• Bloco de notas e caneta
• Papel higiénico
• Chinelos de plástico

EQUIPAMENTO DE PATRULHA PARA ACANTONAMENTO


COM PERNOITA

• Bandeirola da Patrulha de Guias


MATERIAL DE COZINHA (*)
• Cantina escutista completa (panela, frigideira, colher de sopa e escumadeira)
• Facas de cozinha
• Panos de cozinha
MATERIAL DE LIMPEZA
• 2 bacias de plástico para lavar a louça
• Detergente e esfregão
ARTIGOS ADICIONAIS
• Machado
• Serra
• Caixa de primeiros socorrros

(*) fornecemos Fogão “Modelo Palheirão”

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OS PROTAGONISTAS

raposa coelho

tigre ornintorrinco

caranguejo cisne

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ANEXO

6 O CERTIFICADO

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