Você está na página 1de 32

01/2022

Vol. 34 – Nº 01

Artigo
Futuro do trabalho e os
desafios para a proteção social

Nota Técnica
Resultado do RGPS: Dez/2021
1
MINISTRO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
José Carlos Oliveira

SECRETÁRIO EXECUTIVO
Bruno Silva Dalcolmo

SECRETÁRIO DE PREVIDÊNCIA
Leonardo José Rolim Guimarães

SUBSECRETÁRIO DE REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL


Rogério Nagamine Costanzi

COORDENADOR-GERAL DE ESTUDOS PREVIDENCIÁRIOS


Otávio José Guerci Sidone

CORPO TÉCNICO
Andrea Velasco Rufato
Eduardo da Silva Pereira
Geraldo Andrade da Silva Filho
Nilton Antônio dos Santos

ELABORAÇÃO
Eduardo da Silva Pereira

REVISÃO
Otávio José Guerci Sidone

O Informe de Previdência Social é uma publicação mensal do Ministério do Trabalho e Previdência - MTP, de
responsabilidade da Subsecretaria de Regime Geral de Previdência Social e elaborada pela Coordenação-Geral de Estudos
Previdenciários.

Também disponível na internet, no endereço: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/noticias-e-


conteudo/publicacoes-previdencia/publicacoes-sobre-previdencia-social/informes/informes-de-previdencia-social

É permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação desde que citada a fonte.

ISSN da versão impressa 2318-5759

Correspondência
Ministério do Trabalho e Previdência - MTP• Subsecretaria de Regime Geral de Previdência Social
Esplanada dos Ministérios Bloco F, 7º andar, Sala 750 • 70059-900 – Brasília-DF
Tel. (061) 2021-5011. Fax (061) 2021-5408
E-mail: cgepmps@previdencia.gov.br

2
SUMÁRIO

FUTURO DO TRABALHO E OS DESAFIOS PARA A PROTEÇÃO SOCIAL ............................................ 4

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5

2. TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO ................................................................ 6

3. OS DESAFIOS PARA OS SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL ............................................. 8

4. RECOMENDAÇÕES PARA OS PAÍSES .................................................................................10

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................14

RECEITAS E DESPESAS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DEZEMBRO/ 2021 .........17

1. RESULTADOS DAS ÁREAS URBANA E RURAL ...................................................................17

2. RESULTADO AGREGADO (CLIENTELAS URBANA E RURAL) ............................................19

3. RECEITAS CORRENTES ........................................................................................................21

4. RECEITAS ORIUNDAS DE MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS ........................23

5. BENEFÍCIOS EMITIDOS E CONCEDIDOS.............................................................................25

3
Futuro do trabalho e
os desafios para a
proteção social

Lima Neta

4
FUTURO DO TRABALHO E OS DESAFIOS PARA A
PROTEÇÃO SOCIAL

Avelina Alves Lima Neta 1

1. INTRODUÇÃO
É fato que o mercado de trabalho está em constante tecnologias e o entrelaçamento dos mundos físico, digital e
mudança. O grande marco da transformação que biológico.
revolucionou o processo produtivo e também a vida dos Inegavelmente, todas essas revoluções
trabalhadores foi a Primeira Revolução Industrial, iniciada no possibilitaram aprimoramento no processo produtivo,
final do século XVIII, que acelerou o desenvolvimento avanço na ciência e, consequentemente, melhoria nas
tecnológico, sobretudo pela adoção do uso de máquinas nas condições gerais de vida e trabalho. No entanto, também
indústrias, e substituiu o trabalho artesanal pelo assalariado. trouxeram problemas e grandes desafios. Na esfera
Desde então, ocorreram outras revoluções que ambiental, a exploração dos recursos naturais,
trouxeram inovações cada vez mais sofisticadas. A principal principalmente não renováveis, a produção e descarte de
característica da Segunda Revolução Industrial, entre os resíduos e demais impactos ambientais preocupam os
séculos XIX e início do século XX, foi a exploração do uso especialistas. Já no campo socioeconômico, a exclusão e
da energia elétrica e de recursos minerais, como o petróleo marginalização das pessoas que são alijadas das
e o aço. Nesse período também houve significativos inovações, por diferentes razões, também é motivo de
avanços nos transportes e meios de comunicação. Já a preocupação.
Terceira Revolução Industrial, entre os séculos XX e início Pela própria natureza dessas revoluções, o mundo do
do século XXI, foi marcada pela chamada informatização, trabalho é um dos mais afetados. Não à toa, os ensaios de
com a invenção da internet, telefone celular e grandes legislações trabalhistas e de proteção contra as
avanços na ciência. adversidades e riscos advindos das formas de trabalho
Já há estudos que falam de uma Quarta Revolução surgiram, primeiramente, após a Primeira Revolução
Industrial pós anos 2011, ou chamada também de indústria Industrial, época em que as condições de trabalho eram
4.0. Se cada revolução produziu inovações, esta última se exaustivas e precárias e, portanto, careciam de
distingue das demais pela dimensão, velocidade e regulamentações. Então, à medida em que o trabalho foi se
intensidade das transformações tecnológicas trazidas, e reconfigurando, também foi sendo regulamentado e
ainda em curso, no que se refere à digitalização não apenas estabelecido um sistema de proteção social que amparasse
da economia, mas das mais diversas esferas da vida. o trabalhador e sua família dos riscos e contingências
Segundo Schwab (2016), a Quarta Revolução Industrial se socioeconômicas. Muito se avançou nesse quesito nos
caracteriza pelo aprofundamento das tecnologias últimos tempos. No entanto, cada mudança, cada inovação,
relacionadas à inteligência artificial, robótica, internet das geram a necessidade de adaptações e aprimoramento na
coisas, veículos autônomos, impressão em 3D, legislação trabalhista e nos sistemas de proteção social.
nanotecnologia, biotecnologia, armazenamento de energia Como a Quarta Revolução Industrial tem sido a mais
e computação quântica. Ainda segundo o autor citado, o que rápida e extensa, em termos de mudanças, as
diferencia essa revolução das demais é a fusão dessas transformações trazidas por ela, sobretudo relacionadas à
economia digital, têm sido motivo de preocupação e de

1Analista Técnica de Políticas Sociais. Mestra em Política Social pela Universidade de Brasília. Atualmente em exercício na Coordenação-Geral
Legislação e Normas da Subsecretaria do Regime Geral de Previdência Social do Ministério do Trabalho e Previdência.
5
estudos que possam elaborar diagnósticos da realidade demográficas no mercado de trabalho, de que modo isso
atual e estimar projeções de cenários futuros. Em virtude afeta os países e como traçar políticas sociais diante desse
disso, importantes organismos internacionais têm se cenário.
debruçado sobre o tema e somado esforços no sentido de A Associação Internacional de Seguridade Social –
sugerir medidas e orientar a formulação de políticas AISS, em razão da realização do Fórum Mundial de
públicas, a serem adotadas pelos países, que façam frente Seguridade Social, realizado na Bélgica, em outubro de
a essa realidade de constantes transições. 2019, elaborou uma edição especial de artigos com diversas
A Organização Internacional do Trabalho – OIT vem pesquisas sobre o tema Seguridade social e Economia
discutindo sobre as transformações no mundo do trabalho digital, com o intuito de subsidiar as discussões do Fórum.
e, em 2017, instituiu a Comissão Global sobre o Futuro do Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é suscitar
Trabalho, composta por 25 especialistas sobre o tema, a discussão sobre o futuro do trabalho e suas implicações
oriundos de todas as regiões do mundo. A referida nos sistemas de seguridade social, tendo como base os
Comissão analisou as discussões levantadas por mais de principais pontos levantados pelos documentos produzidos
100 Estados-membros e consolidou as principais por estes organismos internacionais. Destaca-se que as
conclusões e estudos num relatório chamado Trabalhar para ideias aqui apresentadas, longe de esgotar as perspectivas
um Futuro Melhor2, o qual tem por objetivo fornecer e estudos dessas instituições, também não abarcam toda a
orientações que favoreçam um mundo do trabalho mais complexidade do tema. Portanto, a ideia aqui é levantar
“equitativo, inclusivo e sustentável”, através de políticas a questões gerais sobre o futuro do trabalho e proteção social
serem seguidas por todos os atores envolvidos: governos, com o intuito de despertar discussões e estudos específicos
empregadores e empregados. dentro dessa temática. Este artigo está organizado em 3
De modo semelhante, a Organização para a seções, além desta introdução e das considerações finais.
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE A primeira apresenta as principais transformações no
também vem discutindo sobre o tema e lançou a Iniciativa mundo do trabalho trazidas pela economia digital; a segunda
Futuro do Trabalho da OCDE. O objetivo desta iniciativa é mostra os desafios para os sistemas de proteção social; e,
desenvolver estudos que analisem os impactos da por fim, a terceira traz algumas recomendações para os
globalização, do progresso tecnológico e das mudanças países de como fazer frente a essa nova realidade.

2. TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO

1.1 Automação, digitalização e desemprego

Como já pontuado, as transformações em curso vêm existentes. No âmbito da União Europeia, por exemplo,
modificando o mundo do trabalho drasticamente e numa cerca de 1% a 5% da população adulta participou em algum
velocidade nunca antes vista. A chamada economia digital3 momento de trabalho remunerado em plataforma digital e
criou múltiplas formas de trabalho, a exemplo daqueles aproximadamente 10% utilizaram plataformas online para
operados por plataformas digitais (Uber, Ifood, entre outros), prestar algum serviço (FORD et. al, 2017 apud Behrendt et.
mas também tornou algumas ocupações obsoletas, ou seja, al. 2019). Além disso, na atualidade, robôs industriais já
criou oportunidades de trabalho, mas também transformou substituem mão de obra humana em linhas de montagem
ou mesmo extinguiu outras modalidades tradicionais

2 Disponível em: https://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---europe/--- tecnologia digital no âmbito da produção, distribuição e


ro-geneva/---ilo-lisbon/documents/publication/wcms_677383.pdf comercialização de produtos e serviços que afetam diversas esferas da
3 Em síntese, de modo geral, usa-se o termo economia digital para vida cotidiana.
caracterizar os processos de implementação dos avanços da
6
automotiva, auxiliam cirurgias médicas e fazem uma gama curto prazo, cerca de 30% delas em 60% dessas profissões
de outras funções não imaginadas tempos atrás. (MANYIKA et. al. apud MCKINNON, 2019).
E essa é uma grande preocupação dos especialistas: Bloom, McKenna e Prettner (2019) estimam4 que,
o impacto da automação e da digitalização nas formas de entre 2010 e 2030, os mercados de trabalho globais
trabalho existentes, uma vez que, se a máquina substituiu precisarão criar cerca de 734 milhões de empregos para
muitas formas de trabalho humano, gerando também responder ao aumento na participação na força de trabalho
desemprego, como será esse cenário futuramente com o (crescimento de 21%) e alcançar a meta de desemprego
avanço dessas transformações? Estaríamos caminhando menor ou igual a 4% para adultos (25-64 anos) e 8% ou
para um desemprego estrutural e massivo? menos para jovens (15-24 anos). Regionalmente, mais da
McKinnon (2019), destaca que há vários estudos e metade das projeções de empregos necessários deverão
projeções sobre o percentual de empregos que poderão ser criados na África subsariana e Sul da Ásia, ou seja, em
desaparecer a curto, médio e longo prazo, alguns mais regiões com baixo ou médio Índice de Desenvolvimento
pessimistas, outros menos. Numa pesquisa que estimou a Humano.
possibilidade de automação para mais de 700 ocupações Ainda segundo os autores, no período de 2010 a
diferentes nos Estados Unidos, Frey e Osborne (2017, apud 2030, assim como entre 1990 e 2010, o principal fator para
BLOOM; MCKENNA; PRETTNER, 2019), foi avaliado que a necessidade de criação de empregos será o aumento
47% de todos esses trabalhos possuem alto risco de populacional – ainda que em taxas menores. Em termos
automação nas próximas duas décadas. Além disso, regionais, todas as regiões devem apresentar menores
também foi mensurado que aproximadamente 140 milhões taxas de crescimento populacional comparando os dois
de pessoas poderiam ser substituídas pelo uso de intervalos, com exceção da África subsariana. A maior
algoritmos (FREY; OSBORNE, 2013, apud GREVE, 2019). queda ocorrerá na Ásia Oriental e Pacífico. No entanto, a
Outro levantamento estimou que cerca de 54% dos baixa taxa de crescimento populacional deve ocorrer em
empregos europeus correriam risco de desaparecerem meio ao aumento nas taxas de participação na força de
(BOWLES, 2013, apud GREVE, 2019). Greve (2019) cita trabalho, sobretudo pela participação das mulheres5, e
ainda que uma análise global mais recente mostra que entre concentração nos grupos etários de maior participação.
400 e 800 milhões de trabalhadores terão que buscar novos Logo, embora o crescimento populacional diminua, o
empregos em virtude do avanço da tecnologia. O próprio aumento das taxas de participação fará com que essa
autor, em estudo anterior (2017), aferiu que em torno de 40 redução não seja tão expressiva no grupo populacional
a 50% das funções existentes iriam desaparecer nos economicamente ativo.
próximos 10 a 20 anos, com variações diferentes em cada Apesar das diferenças de estimativas entre os
país. autores citados, o fato é que muitos empregos vão se
Contrapondo essas projeções, McKinnon (2019) transformar, seja parte de sua função ou todo, ou mesmo
destaca que, embora algumas ocupações tendam a desaparecerem, e novas modalidades de trabalho são, e
desaparecer, a tecnologia trará novos empregos e continuarão sendo, criadas pela economia digital. O avanço
profissões. Este cita que há projeções que apontam que da tecnologia e seu uso, seja no mercado de trabalho como
apenas 5% das ocupações atuais podem ser totalmente nas demais esferas da vida, trouxe significativos avanços,
automatizadas, no entanto, acredita-se que em grande parte mas também problemas, como já pontuados, e o mundo do
das profissões apenas certas tarefas podem desaparecer a trabalho é um dos campos mais afetados.

4 A partir de projeções, usando dados oriundos das Perspectivas portanto, cerca de 91 milhões de mulheres que buscarão emprego. Em
Populacionais Mundiais das Nações Unidas: Revisão 2015 (estimativas relação à educação, entre 2010-2039 a média de anos de escolaridade
e projeções populacionais do cenário de fertilidade média para 2015- aumentará em 1,39 para mulheres e 0,94 para homens. E os efeitos
2030), Banco de dados da ILOSTATA da OIT (estimativas e projeções desse aumento são mais significativos para mulheres, aumentando sua
das taxas de participação da força de trabalho), além das Tendências participação na força de trabalho em 2,7 pontos. Já os homens têm
Globais de Emprego da OIT 2014. aumento de apenas 0,2 pontos percentuais (BLOOM; MCKENNA;
5A queda nas taxas de fecundidade ocorre em meio ao aumento da PRETTNER, 2019).
participação feminina na força de trabalho em torno de 28%, sendo,
7
1.2 Impactos da economia digital para o trabalho

Segundo Palier (2019), havia uma concepção muito outro, aqueles com empregos mais frágeis e instáveis
difundida de que os empregos menos qualificados seriam os (outsiders). Para Palier (2019), em que pesem as
mais afetados pelo avanço da tecnologia. Todavia, ele cita oportunidades trazidas pela economia digital para os
um estudo (LEVY et. al., 2003) que analisou as tendências trabalhadores outsiders, tais como: complemento de renda,
de automação e concluiu que, desde os anos 1990, foram flexibilidade, mais liberdade, etc., são trabalhos precários,
os empregos de nível médio que mais foram afetados, ou instáveis, não regulamentados e que não garantem uma
seja, que mais desapareceram, uma vez que são os proteção social adequada.
empregos que desempenham funções mais rotineiras, Corroborando com essa perspectiva, Behrendt et. al.
mecânicas, programáveis – sobretudo na indústria e setor (2019), afirmam que, apesar das plataformas digitais
de serviços –, que podem facilmente ser realizadas por oferecem oportunidade de gerar emprego e renda com um
computadores e robôs, a exemplo da adoção de caixas alto grau de flexibilidade para pessoas com mobilidade
eletrônicos bancários e caixas automáticos de limitada ou com responsabilidade de cuidado, essa
supermercado, como também robôs em linha de produção. modalidade de trabalho geralmente está descoberta pelos
Em contrapartida, os empregos que sofrem um menor sistemas de proteção social tradicionais, geralmente
risco de extinção são os que requerem uma maior vinculados ao trabalho estável, já regulamentado, o que faz
qualificação e habilidades interpessoais. É o que Palier com que esses trabalhadores se tornem mais vulneráveis
(2019) chama de processo de “polarização do trabalho”, aos caprichos do mercado de trabalho, além de possuírem
uma vez que, segundo ele, nos anos 1990 e 2000, os novos rendimentos voláteis e baixos.
empregos criados se concentraram em pontos Como historicamente e culturalmente, as mulheres
extremamente opostos: trabalhos de alta remuneração (em assumem mais responsabilidade de cuidado, tendo como
setores de alta tecnologia, pesquisa e inovação) e empregos consequência disso uma maior dificuldade de conciliação da
de baixa remuneração e/ou muito precários (transporte, vida laboral e familiar, elas são as mais atraídas por essas
entrega, varejo, cuidados pessoais, etc.). Esse fenômeno é formas de trabalho. Em decorrência disso, elas podem ser
o que os especialistas chamam de “dualização do mercado maioria em trabalhos precários, desprotegidos, também no
de trabalho”. âmbito da economia digital, uma vez que nas modalidades
Como consequência dessa dualização, Greve (2019) tradicionais do mercado dito informal, isso já é um fato
afirma que a velocidade das mudanças, trazidas sobretudo constatado. Assim, Behrendt et. al. (2019) sinalizam que
pela tecnologia da informação, comunicação e inteligência essa desproteção social aprofunda a pobreza e a
artificial, trará novas e mais profundas clivagens na desigualdade, impondo desafios aos sistemas existentes
sociedade: de um lado aqueles trabalhadores com que garantem segurança social aos trabalhadores e sua
empregos regulados e mais estáveis (insiders) e, de um família.

3. OS DESAFIOS PARA OS SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL

Os sistemas de proteção social, identificados também e programas de bem-estar social constituíram uma forma de
como Welfare State ou Estados de Bem-estar Social, o Estado prover proteção social frente às consequências
tiveram sua emergência no contexto do pós-Segunda sociais e econômicas do mercado nesse período (MENY;
Guerra Mundial, com o surgimento dos Estados-nação na THOENING, 1989).
Europa ocidental em finais do século XVIII e início do século Desde então, os sistemas de proteção social
XIX. Além disso, também foram frutos das reivindicações possuem uma forte associação ao trabalho, ou seja, tiveram
dos movimentos de massa socialdemocratas desse período como razão de existência a proteção dos trabalhadores
(PIERSON, 1991). Todo o conjunto de legislações, serviços
8
contra os riscos advindos do mundo laboral, por isso a Num contexto de expansão de empregos com
grande maioria foi estruturada com base no sistema de vínculos precários, não regulamentados e rendimentos
seguro social de influência bismarckiana6. Assim, os instáveis, garantir um mínimo de proteção social torna-se
sistemas de proteção social são diretamente atingidos por um desafio imenso. Mesmo quando os trabalhadores de
mudanças pelas quais passa o mundo do trabalho. Desse plataformas digitais são classificados como autônomos em
modo, abandonar o modelo econômico tradicional significa algum sistema, sua cobertura pode ser limitada, ou seja, nas
perder a proteção social associada ao emprego (PALIER, palavras de Palier (2019), há um “novo proletariado da
2019). No entanto, há também sistemas de natureza economia de serviços”, que possui rendimentos instáveis e
universal, ou de influência beveridgiana, sem baixa ou inexistente proteção social. Para Behrendt et. al.
necessariamente vincular a proteção ao trabalho7. Ao longo (2019), a verificação de maior exposição ao risco por parte
do tempo, há riscos sociais que permanecem (desemprego, dos trabalhadores de plataformas digitais exige uma maior
velhice, doença, acidente, morte) e outros novos surgem. demanda por proteção social e assistência médica9. Citando
Como já dito anteriormente, as novas formas de um levantamento de Berg et. al. (2018), os autores trazem
emprego trazem oportunidades e desafios para o mercado que apenas 3 em cada 10 desses trabalhadores estão
de trabalho, mas também para os sistemas de proteção cobertos por alguma forma de seguro social e, nesse grupo,
social. Segundo Behrendt et. al. (2019), citando um mulheres têm menos acesso. Aproximadamente 1/3 dos
levantamento da OIT8, 55% da população mundial é trabalhadores de plataformas digitais têm outra fonte de
completamente desprotegida socialmente e os sistemas de renda proveniente de empregos convencionais (seu ou do
proteção social não estão preparados para os desafios da cônjuge ou de outro membro da família) e sua proteção
automação e digitalização. Contudo, em que pesem as social, quando há, geralmente está relacionada a esses
transformações ocorridas ao longo dos tempos, esses empregos.
sistemas continuam desempenhando papel importante para Segundo De Stefano (2016, apud Behrendt et. al.,
manter a demanda econômica, enfrentar as desigualdades 2019), como o trabalho através de plataformas digitais poder
e a pobreza, mantendo, assim, a coesão social ser supervisionado e caracterizado por uma dependência de
(MCKINNON, 2019). Corroborando com essa perspectiva, a mediação da empresa entre demanda-trabalhador, esse
OCDE (2019) afirma que os sistemas de proteção social vínculo com a plataforma pode, na prática, se assemelhar a
possuem um papel estabilizador essencial no contexto atual uma relação de emprego. No entanto, esses trabalhadores
de incertezas crescentes sobre o ritmo e a extensão das geralmente são classificados como autônomos. Então,
mudanças no mercado de trabalho. quando há alguma iniciativa no sentido de incluí-los em
Os desafios de manter padrões mínimos de cobertura algum sistema de seguro social, recai sobre eles todo o
de algum mecanismo ou política de proteção social são esforço da inscrição e da contribuição, isentando os
imensos, sobretudo nos países que já possuem um alto grau empregadores de eventuais encargos. Com essa
de informalidade, uma vez que neles já existe um percentual responsabilidade e diante da baixa renda dessas atividades
considerável de empregos que possuem baixa cobertura de é esperado que os trabalhadores não contribuam e não
proteção social, entre os quais, das mulheres em geral, consigam ter proteção previdenciária.
temporários, autônomos e intermitentes (PALIER, 2019). Nesse sentido, para Mckinnon (2019), a crescente
Dessa forma, aos trabalhadores de empregos menos tendência de diminuição de “empregos-padrão” implica
estáveis, o acesso à proteção social pode ser insuficiente ou consequências em espiral para a seguridade social: salários
mesmo inexistente. mais baixos levam a uma menor contribuição, que levam,
portanto, a uma menor arrecadação. Esse contexto favorece
a acentuação de lacunas de cobertura e de desigualdade na

6 Em referência a Otton Von Bismarck, chanceler alemão que instituiu o 8 ILO. Synthesis report of the national dialogues on the future of work.
primeiro seguro-saúde nacional obrigatório, em 1883, na Alemanha. Geneva, International Labour Office, 2017.
7 Para aprofundamento sobre os modelos de Estado de bem-estar 9 Behrendt et. al. (2019) cita, como fonte de dados empíricos sobre o

social, conferir o clássico Esping-Andersen, 1991. tema, os estudos de Berg, 2016; Berg et al., 2018; De Stefano, 2016;
Eurofound, 2018; e Pesole et al., 2018.
9
adequação e cobertura contributiva, assim como iniquidades públicas. Para ele, a adoção de novas tecnologias sem
de gênero, uma vez que, conforme já apontado por outros redistribuição de renda poderá fazer cair a demanda
estudiosos, as mulheres tendem a ser as mais afetadas por agregada, o que será ruim para o crescimento econômico.
essa realidade. Em síntese, os sistemas de proteção social Além disso, a concorrência fiscal entre países pode reduzir
enfrentarão um paradoxo – e muitos já estão vivenciando a renda fiscal disponível para políticas de bem-estar. E isso,
isso: serão mais demandados para ampliar e garantir num contexto de constantes e rápidas transformações no
proteção, sobretudo aos “proletariados da economia de mundo do trabalho, pode levar a um cenário preocupante
serviços”, em um contexto de menor arrecadação e em termos de proteção social.
compressão fiscal. Diante desse cenário, o que pode ser feito para
De outro modo, esse delicado cenário fiscal não deve minimizar os riscos das transformações no mundo do
servir de pretexto para restrição ou mesmo enfraquecimento trabalho? Behrendt et. al. (2019) alertam que não existe um
do seguro social em detrimento do seguro privado e da fórmula mágica ou uma receita única para isso. Os autores
poupança individual (BEHRENDT, et. al., 2019). Não se citam ainda que existe uma discussão sobre a necessidade
trata de desconsiderar esses mecanismos, que são de desvincular a proteção social do emprego, limitando essa
importantes de serem fomentados, mas de considerá-los proteção aos pobres ou o estabelecimento de uma renda
como complementares a um sistema público, uma vez que mensal universal, mas lembra que tais propostas devem ser
a promoção de estratégias privadas por si só não é eficaz avaliadas conforme cada realidade. Não basta
para o enfrentamento da pobreza e da desigualdade – simplesmente copiar um desenho de proteção social de um
função, dentre outras, dos sistemas de seguridade social –, dado país e implementá-lo em outro que possui
principalmente em países em desenvolvimento, nos quais características e indicadores socioeconômicos distintos.
há altas taxas de informalidade no mercado de trabalho. Todavia, em que pese não haver solução única, a
Para além disso, dentre os principais desafios para os formulação de políticas de proteção social deve prezar pela
sistemas de proteção social estão o envelhecimento adaptabilidade em novos contextos sociais e deverá ter
demográfico e o financiamento desses sistemas. Segundo como eixo um conjunto de princípios políticos amplos que
Greve (2019), o envelhecimento acarretará menor garantam uma cobertura universal, abrangente, adequada e
crescimento econômico e maiores gastos com políticas que atenda às novas exigências do mundo do trabalho.

4. RECOMENDAÇÕES PARA OS PAÍSES

Como pontuado na seção anterior, não existe uma potencial das mudanças digitais e tecnológicas. E, caso
única e correta forma de lidar com as transformações no optem por valer-se desse potencial, os países precisam criar
mundo do trabalho e seus impactos nos sistemas de urgentemente uma agenda de transição que aproveite ao
seguridade social, já que isso vai depender muito de cada máximo as oportunidades para gerar empregos adequados
realidade. No entanto, os desafios são os mesmos. Greve e políticas públicas eficazes. Ainda que esse processo
(2019) lista três principais: ofertar opções de emprego; dependa das características específicas de cada país, de
garantir segurança de renda e poder de compra para os que sua configuração institucional, social, econômica, do
estão excluídos do mercado de trabalho; e, por fim, financiar direcionamento político, da capacidade administrativa e do
os sistemas de proteção social. Por essa razão, os capital social disponível, essa agenda precisa abarcar
especialistas no tema elaboraram diretrizes e estratégias estratégias em várias áreas que incluam: regulação do
que podem guiar a formulação de políticas pública de mercado de trabalho, relações trabalhistas, diálogo social e
emprego e de seguridade social, listadas no quadro a seguir. negociação coletiva, educação e proteção social (OCDE,
Para a OCDE, o futuro do trabalho vai depender das 2019). Para cada uma dessas esferas, a OCDE elaborou
decisões políticas a serem tomadas e do uso ou não do diversas diretrizes específicas, porém, o quadro a seguir
apresenta o resumo delas de forma genérica.

10
OCDE
• Combater o falso trabalho autônomo, garantindo que os empregadores e os trabalhadores estejam cientes e
compreendam os regulamentos existentes, tornando mais fácil e menos oneroso para os trabalhadores contestar
sua situação de emprego, reforçando as inspeções e penalidades a empresas para detectar violações;
• Tornar mais claras as definições entre o emprego autônomo e dependente a fim de reduzir incerteza tanto para
trabalhadores quanto para empregadores;
• Estender direitos e proteções para os trabalhadores que se encontram em situação de emprego ambígua;
• A nível internacional, basear-se no recente compromisso do G20 de promover o trabalho decente na economia de
plataforma e melhorar as condições de trabalho desses trabalhadores;
• Combater o conluio no mercado de trabalho, fornecendo orientação explícita sobre comportamentos ilícitos,
definição de prioridades para agências de fiscalização e garantia de proteção adequada aos denunciantes;
• Limitar o escopo de cláusulas de não concorrência, inclusive em contratos de serviços, além de reduzir os
incentivos para acordos amplos ou ilegais de não concorrência;
• Favorecer o desenvolvimento de novas ferramentas e instrumentos para melhor analisar os efeitos das fusões e
condutas anti-competitivas no mercado de trabalho;
• Corrigir as desigualdades nas informações disponíveis para empregadores e trabalhadores, garantindo que os
trabalhadores estejam plenamente cientes de seus direitos e responsabilidades;
• Promover consultas e discussões nacionais sobre o futuro do trabalho com ambos os parceiros sociais e outras
organizações que representam trabalhadores e empregadores;
• Deixar espaço para negociação coletiva e incentivar a autorregulação entre os atores nessas questões, fazendo
um uso limitado, mas estratégico, de intervenções legislativas;
• Garantir um amplo acesso à formação e aprendizagem ao longo da vida;
• Ampliar a definição de “empregado” na legislação trabalhista;
• Acompanhar os esforços de sindicatos e organizações de empregadores para expandir seu quadro de associados
a formas não padronizadas de trabalho e novas formas de negócios sem desencorajar o surgimento de outras
formas de organização;
• Introdução de mecanismos de proibição de negociação coletiva para grupos específicos de trabalhadores ou
ocupações, nos casos em que os desequilíbrios de poder são explícitos;
• Promover uma mentalidade de aprendizagem entre empresas e indivíduos, reduzindo as barreiras ao treinamento;
• Incentivar os empregadores a treinar grupos de risco, direcionando políticas de aprendizagem de trabalhadores,
como subsídios financeiros e serviços de orientação de carreira;
• Lidar com o acesso desigual ao treinamento com base na situação de emprego, tornando os direitos de treinamento
portáteis entre os status de emprego;
• Garantir uma formação de boa qualidade e alinhada com as necessidades do mercado de trabalho;
• Revisar critérios de direito à proteção social para formas de emprego não-padronizadas;
• Tornar as disposições de proteção social menos rígidas, garantindo que os direitos sejam portáteis entre empregos
formais e outras formas de emprego;
• Manter ou fortalecer a partilha de riscos em todo o mercado de trabalho para combater os incentivos financeiros
que favorecem o trabalho atípico, como redução de impostos, contribuições, encargos ou adesão voluntária;
• Fortalecer formas universais e incondicionais de proteção, como benefícios universais para crianças;
• Reavaliar o escopo das responsabilidades dos requerentes, como a busca ativa de emprego, como uma condição
para a extensão dos direitos aos benefícios;
• Melhorar as tecnologias de fiscalização e arrecadação sobre as rendas do trabalho, e das bases tributárias não
trabalhistas;
11
• Garantir que os sistemas de proteção social permaneçam sustentáveis do ponto de vista fiscal;
• Os governos também devem avaliar se os mecanismos de financiamento dos sistemas de proteção social
existentes possuem um equilíbrio justo de encargos entre os diferentes empregadores;
• Ampliar as fontes de receita através de mudanças nos sistemas tributários.

Na mesma linha que a OCDE, a OIT, através da investimento na capacidade das pessoas; 2. Aumentar o
Comissão para o futuro do trabalho, também pontuou a investimento nas instituições do trabalho; 3. Aumentar o
necessidade de os países aproveitarem as oportunidades investimento no trabalho digno e sustentável; e 4.
das transformações digitais e tecnológicas para garantirem Estabelecer estratégias nacionais sobre o futuro do trabalho
segurança econômica, igualdade de oportunidades e justiça através do diálogo social entre os governos e as
social, além de, consequentemente, reforçar o tecido social. organizações de trabalhadores e empregadores. A seguir, o
No relatório de trabalho desta Comissão, as recomendações resumo das recomendações.
feitas estão organizadas em 4 grandes eixos: 1. Aumentar o

OIT
• Assegurar o direito universal à aprendizagem e estabelecer um sistema eficaz que favoreça a aquisição,
melhoramento e adaptação das competências profissionais durante todo o ciclo de vida;
• Fortalecer os investimentos nas instituições, nas políticas públicas e nas estratégias que apoiarão as pessoas
durante as transições do futuro do trabalho, considerando a inclusão e permanência de jovens nos mercados de
trabalho, bem como estimulando os trabalhadores mais velhos a se manterem por mais tempo economicamente
ativos;
• Instituir uma agenda para a igualdade de gênero, que seja mensurável, incluindo tornar a responsabilidade do
cuidado igualitária entre homens e mulheres, reforçar a representação coletiva das mulheres, acabar com a
discriminação de gênero e eliminar todas as formas de violência e assédio nos locais de trabalho;
• Robustecer os sistemas de proteção social para garantir cobertura universal em todas as fases do ciclo de vida e
em todas as formas de trabalho, incluindo o trabalho independente;
• Buscar financiamento sustentável dos sistemas de proteção social, com base nos princípios de solidariedade e
partilha de riscos;
• Garantir direitos fundamentais dos trabalhadores (salário digno que garanta condições adequadas de subsistência,
limite de horas e locais de trabalho seguros e saudáveis), ou seja, estabelecer uma espécie de “Garantia Laboral
Universal”;
• Aumentar a flexibilidade de horários e horas de trabalho por parte das empresas, para que os trabalhadores possam
melhor conciliar a vida profissional e pessoal, garantindo um número mínimo de horas para quem trabalha por
demanda (intermitentes, “zero-hora”), além de uma remuneração adicional pelo tempo de espera;
• Fortalecer o diálogo social através de políticas públicas e promover a representação coletiva dos trabalhadores e
dos empregadores;
• Aproveitar a tecnologia disponível para possibilitar o trabalho digno e adotar uma abordagem que promova o
controle humano sobre a tecnologia;
• Promover trabalho digno e sustentável, através de incentivos para investimentos em áreas-chave;
• Reestruturar políticas de incentivos a investimentos de longo prazo na economia e desenvolver indicadores
adicionais para mensuração do bem-estar, da sustentabilidade ambiental e da igualdade.

12
Por sua vez, para a AISS, em que pese as promover políticas de mercado de trabalho para enfrentar o
transformações no mundo do trabalho, este continuará período de transição entre perder o emprego e encontrar
sendo fundamental na sociedade: importante para o outro, os Estados precisam desenhar políticas de proteção
sustento das pessoas e para o bem-estar pessoal e coletivo. social que façam frente a essa realidade, orientadas por
E, para quaisquer estratégias de mitigação das princípios, como: universalidade de proteção, cobertura e
consequências nefastas dessas transformações traçadas acesso efetivo; adequação; transferência/portabilidade;
pelos países, segundo AISS (2019), é necessário transparência; partilha de riscos; igualdade de gênero e boa
estabelecer um diálogo social efetivo envolvendo parceiros governança. A seguir, seguem algumas das recomendações
e garantindo a representação de todos os atores implicados: publicadas pela Associação.
governo, iniciativa privada e trabalhadores. Além de

AISS10
• Estabelecimento de acordos fiscais internacionais, inclusive para tributação de atividades relacionadas a
plataformas digitais;
• É necessário o reconhecimento e a classificação do trabalho em plataformas digitais transfonteiriças e aplicação
de regulamentos que permitam identificar o trabalhador, empregador e a jurisdição tributária nacional do
empregador para definir as respectivas funções administrativas dos diferentes sistemas nacionais de seguridade
social;
• Estabelecer mecanismos de coordenação para garantir uma cobertura adequada no caso de acordos
transfronteiriços;
• Maior controle fiscal nacional para evitar a transferência de rendas para paraísos fiscais. Para isso, são necessárias
não apenas medidas nacionais mas também cooperação internacional ampla;
• É preciso manter a demanda por bens e serviços e, para isso, é necessária uma melhor redistribuição de renda,
não apenas crescimento econômico, garantindo níveis mínimos de coesão social;
• Promover políticas eficazes de mercado de trabalho para enfrentar o período de transição entre perder, adaptar ou
encontrar outro emprego;
• Num cenário de menos empregos, pode-se reduzir e flexibilizar o número de horas de trabalho, através da redução
do número médio de horas trabalhadas, manutenção de um sistema de seguro social estável, com seguro-
desemprego;
• Definir/elucidar a natureza da relação de emprego e adaptar marcos legais e normativos;
• Desenvolver mecanismos para lidar com situações de relações de emprego complexas ou poucos explícitas, por
exemplo, através de arranjos alternativos de contribuição;
• Reforçar o papel das organizações de trabalhadores;
• É importante adaptar os mecanismo de seguro social para cobrir trabalhadores em todos os tipos de emprego,
considerando suas necessidades e condições específicas;
• Assegurar cobertura universal através de mecanismos adaptados a garantir a conformidade, aproveitando o
potencial da tecnologia digital;
• Os sistemas não-contributivos ou universais podem ser buscados e/ou ser fortalecidos por fornecerem mecanismos
de proteção social não diretamente vinculados ao emprego;
• É preciso fortalecer a proteção social e isso inclui uma combinação de mecanismos contributivos (seguros,
principalmente) e não-contributivos, que garantam um piso de proteção social;

10 A partir dos estudos de Greve (2019), Behrendt et. al. (2019) e McKinnon (2019).
13
• Simplificar e adaptar os procedimentos administrativos e modalidades de financiamento dos sistemas de proteção
social;
• Os sistemas de arrecadação de impostos precisam ser mais eficientes e a receita para despesas públicas
reforçada;
• Adaptar esquemas aos trabalhadores com múltiplos empregadores e desenvolver mecanismos eficazes que
facilitem as transições no mercado de trabalho e assegurem a portabilidade;
• Ampliar mecanismos de proteção social não-contributivos para garantirem um nível básico de proteção; e
contributivos, financiados através de contribuições e impostos;
• Fortalecer os sistemas públicos de seguridade social, que têm maior potencial para garantir proteção social;
• Fomentar e ampliar o diálogo social envolvendo parceiros e garantindo a representação dos atores implicados;
• Investir em desenvolvimento de capital humano, através de investimento social em educação ao longo de todo ciclo
de vida;
• Para além de tudo isso, deve ser dada maior atenção à ameaça existencial à ordem econômica global em virtude
da degradação ambiental, esgotamento de recursos e mudança climática.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os desafios colocados pela transição tecnológica Como visto, os relatórios e estudos da OCDE, da OIT
estão na ordem do dia e deverão pautar a agenda pública e da AISS, em que pesem algumas especificidades,
de todos os países com maior celeridade possível. De modo convergem para recomendações e diretrizes comuns. Todos
geral, como abordado ao longo do texto, as mudanças no enfatizam a necessidade de uma agenda sobre o tema não
mercado de trabalho decorrentes da economia digital têm apenas nacional, mas também internacional de cooperação.
trazido (e o ritmo disso vai se intensificando cada vez mais), Também apontam a necessidade de garantir formas de
oportunidades e muitas adversidades. Os autores citados trabalho dignas, flexíveis e mecanismos de proteção social
apontam para uma maior precariedade de formas de para os trabalhadores da economia digital. Além disso,
trabalho e uma dualização cada vez mais acentuada do destacam o imprescindível investimento em capital humano,
mercado de trabalho, dividido entre trabalhadores mais bem através da educação e qualificação profissional, e a
qualificados e remunerados, em um extremo e, no outro, os importância do diálogo social entre todos os atores
mais precarizados, com menos qualificação, baixa envolvidos.
remuneração e sem proteção social. Observou-se o empenho das instituições citadas em
Nesse cenário, os sistemas de seguridade social elaborar diretrizes gerais e recomendações que possam
sofrerão uma maior pressão para manter sua contribuir para a construção de uma agenda nacional nos
sustentabilidade financeira e, ao mesmo tempo, ampliar países que contemple economia digital, mercado de
seus mecanismos de proteção social. Por seu próprio trabalho e proteção social, frisando a importância de se
caráter e objetivos, eles terão papel decisivo em prevenir e considerar as especificidades institucionais, políticas,
aliviar os riscos do ciclo de vida e do mercado de trabalho sociais e econômicas de cada realidade. Tendo como norte
num contexto de rápidas mutações. Os autores abordados esses princípios e diretrizes, talvez um próximo passo seria
enfatizaram a necessidade de complementariedade de buscar experiências exitosas sobre o tema, que já vem
mecanismos não-contributivos e seguros contributivos, além acontecendo em alguns países, a fim de ampliar o escopo
de destacarem uma maior eficácia dos sistemas de proteção de possibilidades, trocas de experiência e aprendizado, para
social universais nesse contexto de crescente retração de formulação de estratégias a serem traçadas por cada país.
formas de trabalho-padrão e subempregos.

14
REFERÊNCIAS

BEHRENDT, Christina; NGUYEN, Quynh Anh; RANI, Uma. Social protection systems and the future of work: Ensuring social
security for digital platform workers. In: International Social Security Review - Social security and the digital
economy, vol. 72, 3/2019, ISSA, Geneva, Switzerland, 2019.

GREVE, Bent. The digital economy and the future of European welfare states. In: International Social Security Review -
Social security and the digital economy, vol. 72, 3/2019, ISSA, Geneva, Switzerland, 2019.

BLOOM, David E; MCKENNA, Mathew J.; PRETTNER, Klaus. Global employment and decent jobs, 2010–2030: The forces
of demography and automation. In: International Social Security Review - Social security and the digital economy,
vol. 72, 3/2019, ISSA, Geneva, Switzerland, 2019.

ESPING-ANDERSEN, G; As três economias políticas do Welfare State. Lua Nova, nº 24. São Paulo: Marco Zero/Cedec,
Set. 1991.

MCKINNON, Roddy. Introduction: Social security and the digital economy – Managing transformation. In: International
Social Security Review - Social security and the digital economy, vol. 72, 3/2019, ISSA, Geneva, Switzerland, 2019.

MENY, Y.; THOENING, J. Politiques publiques. Paris: PUF, 1989.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Trabalhar para um Futuro Melhor – Comissão Mundial sobre
o Futuro do Trabalho. Organização Internacional do Trabalho. Tradução: OIT-Brasília (revista). Lisboa: OIT, 2019.

_______. Futuro do Trabalho no Brasil: Perspectivas e Diálogos Tripartites. 2018. Disponível em


https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_626908/lang--pt/index.htm.

ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). OECD Employment Outlook 2019:
The Future of Work, OECD Publishing, Paris, 2019.

PALIER, Bruno. Work, social protection and the middle classes: What future in the digital age? In: International Social
Security Review - Social security and the digital economy, vol. 72, 3/2019, ISSA, Geneva, Switzerland, 2019.

PIERSON, C. Beyond the Welfare State? Cambridge: Polity Press, 1991.

SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. Trad. Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016.

15
Receitas e Despesas do
Regime Geral de
Previdência Social

Dezembro de 2021
16
RECEITAS E DESPESAS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
DEZEMBRO/ 2021

Necessidade de Financiamento
(em R$ bilhões reais de dez/2021 - INPC)
Acumulado no mês (dez/21) -8,0
Acumulado no Ano (2021) 262,1
Acumulado em 12 meses (jan/21-dez/21) 262,1

1. RESULTADOS DAS ÁREAS URBANA E RURAL


Dadas as significativas diferenças estruturais entre os Em dezembro de 2021, as clientelas urbana e rural
setores urbano e rural é necessário que o resultado apresentaram necessidade de financiamento da ordem de -
previdenciário seja considerado segundo esses setores. Na R$ 18,4 bilhões e R$ 10,4 bilhões, respectivamente.
análise aqui efetuada, todos os valores são reais, De janeiro a dezembro de 2021, a arrecadação
atualizados para dezembro de 2021 pelo Índice Nacional de líquida total urbana (incluída a arrecadação associada à
Preços ao Consumidor – INPC. Comprev) totalizou R$ 472,8 bilhões, registrando aumento
Em dezembro de 2021, a arrecadação líquida total de 4,7% (+R$ 21,2 bilhões) em relação ao mesmo período
urbana totalizou R$ 62,7 bilhões, registrando um expressivo de 2020. Já a arrecadação rural atingiu cerca de R$ 10,9
crescimento de 58,9% (+R$ 23,6 bilhões) em relação ao bilhões, refletindo um crescimento de 10,7% (+R$ 1,0
mês anterior (nov/21) e de 1,6% (+R$ 1,0 bilhão) na bilhão) na mesma comparação. Já a despesa com o
comparação com dezembro de 2020. Já a arrecadação pagamento de benefícios previdenciários urbanos e rurais
líquida total rural foi de R$ 842,6 milhões, evidenciando um (incluídas as sentenças judiciais e Comprev) foram de R$
aumento de 7,4% (+R$ 58,1 milhões), em relação ao mês 592,8 bilhões e R$ 153,0 bilhões, nessa ordem, ou seja,
anterior (nov/21), no entanto, registrou uma diminuição de diminuiu 2,2% (-R$ 13,4 bilhões) no meio urbano e 0,9% (-
23,8% (-R$ 263,0 milhões) quando comparada a dezembro R$ 1,3 bilhão) no meio rural.
de 2020. No acumulado de 2021 (até dezembro), a clientela
A despesa com pagamento de benefícios urbanos, urbana registrou uma necessidade de financiamento da
incluídas as despesas com sentenças judiciais urbanas e ordem de R$ 120,0 bilhões. Já para a clientela rural, a
Comprev, foi da ordem de R$ 44,3 bilhões em dezembro de necessidade de financiamento foi de R$ 142,1 bilhões, cerca
2021, registrando um aumento de 3,0% (+R$ 1,3 bilhão) em de 1,6% (R$ 2,37 bilhões) a menos que o valor registrado
relação ao mês anterior (nov/21) e uma queda de 3,9% (-R$ no mesmo período de 2020.
1,8 bilhão) em comparação a dezembro de 2020. Já a De maneira semelhante ao ano de 2020, observa-se
despesa rural, incluídas as sentenças judiciais rurais, atingiu que a dinâmica fiscal do RGPS em 2021 seguiu atípica,
R$ 11,2 bilhões em dezembro de 2021, evidenciando uma principalmente em virtude da pandemia de Covid-19.
redução de cerca de 0,5% (-R$ 60,5 milhões) em relação ao Por um lado, há um expressivo crescimento real da
mês anterior (nov/21) e de 3,6% (-R$ 424,1 milhões), arrecadação, quando comparada ao mesmo mês do ano
quando comparada ao mês correspondente de 2020, anterior, decorrente da retomada das atividades econômica,
conforme se pode observar na Tabela 1. do recolhimento de contribuições que no início da pandemia
foram postergadas e também do emprego. Por outro,
diversas medidas integrantes do esforço do governo de
17
compensação dos efeitos econômicos e sociais das outras também afetaram a evolução da despesa de maneira
medidas de combate à pandemia continuaram em 2021, determinante em 2021: (i) aplicação das novas regras
afetando diretamente a Previdência Social: (i) antecipação previdenciárias estabelecidas pela Emenda Constitucional
do abono anual (13º) dos benefícios previdenciários (EC) 103/2019; (ii) desrepresamento de benefícios
(prevista para maio e junho); (ii) antecipação de auxílio- requeridos; (iii) execução do Programa Especial para
doença; (iii) reabertura gradual das Agências da Previdência Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade e o
Social; (iii) suspensão de contratos ou redução de jornada. Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade,
Além dessas medidas diretamente associadas à pandemia, ambos instituídos pela Lei 13.846/2019.

TABELA 1: Evolução da Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios Previdenciários e Resultado Previdenciário,
segundo a clientela urbana e rural (2020 e 2021) – Resultado de dez/21 em R$ milhões de dez/21 – INPC
Acumulado no Ano
dez/20 nov/21 dez/21 Var. % Var. %
Item jan / dez Var. %
(A) (B) (C) (C/B) (C/A) 2020 2021
1. Arrecadação Líquida Total (1.1 + 1.2 ) 62.828,3 40.253,8 63.579,1 57,9 1,2 461.448,9 483.676,2 4,8
1.1 Arrecadação Líquida Total - Urbana 61.722,6 39.469,3 62.736,5 58,9 1,6 451.631,7 472.809,2 4,7
1.1.1 Arrecadação Líquida Urbana 60.748,7 38.967,1 62.259,7 59,8 2,5 440.553,1 465.000,4 5,5
1.1.2 Compensação Desoneração da Folha de Pagamento 717,8 489,4 476,8 (2,6) (33,6) 10.788,7 7.667,4 (28,9)
1.1.3 Comprev 256,2 12,9 - (100,0) (100,0) 289,9 141,3 (51,2)
1.2 Arrecadação Líquida Total - Rural 1.105,6 784,5 842,6 7,4 (23,8) 9.817,2 10.867,0 10,7
2. Despesa com Benefícios (2.1 + 2.2) 57.778,1 54.303,4 55.550,4 2,3 (3,9) 760.580,3 745.822,1 (1,9)
2.1 Despesa com Benefícios - Urbano 46.134,5 43.023,4 44.330,8 3,0 (3,9) 606.245,7 592.814,3 (2,2)
2.1.1 Benefícios Previdenciários Urbanos 44.706,5 41.761,4 42.813,8 2,5 (4,2) 584.356,5 569.807,2 (2,5)
2.1.2 Passivo Judicial - Urbano 901,3 1.064,0 1.130,2 6,2 25,4 18.323,1 20.614,2 12,5
2.1.3 Comprev 526,7 197,9 386,8 95,5 (26,6) 3.566,1 2.392,8 (32,9)
2.2 Despesa com Benefícios - Rural 11.643,6 11.280,1 11.219,5 (0,5) (3,6) 154.334,5 153.007,8 (0,9)
2.2.1 Benefícios Previdenciários Rurais 11.413,5 10.999,8 10.931,0 (0,6) (4,2) 149.831,3 147.670,2 (1,4)
2.2.2 Passivo Judicial - Rural 230,1 280,3 288,6 3,0 25,4 4.503,3 5.337,6 18,5
3. Resultado Previdenciário (1 - 2) 5.050,2 (14.049,6) 8.028,7 (157,1) 59,0 (299.131,4) (262.145,9) (12,4)
3.1 Urbano (1.1 - 2.1) 15.588,1 (3.554,0) 18.405,6 (617,9) 18,1 (154.614,0) (120.005,1) (22,4)
3.2 Rural (1.2 - 2.2) (10.538,0) (10.495,5) (10.376,9) (1,1) (1,5) (144.517,4) (142.140,8) (1,6)

Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar) Elaboração: SPREV/MTP

18
GRÁFICO 1: Arrecadação Líquida, Despesa com Benefícios Previdenciários e Resultado Previdenciário, segundo a clientela
urbana e rural - Acumulado até dezembro - R$ bilhões de dezembro/2021 – INPC
700,0

592,8
600,0

500,0 472,8

400,0
R$ bilhões

300,0

200,0
153,0

100,0
10,9
-
Arrecadação Líquida Despesa com Benefícios Arrecadação Líquida Despesa com Benefícios
URBANA RURAL

Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar) Elaboração: SPREV/MTP

2. RESULTADO AGREGADO (CLIENTELAS URBANA E RURAL)

A arrecadação líquida total da Previdência Social foi, financiamento total, em dezembro de 2021, da ordem de -
em dezembro de 2021, de cerca de R$ 63,6 bilhões, R$ 8,0 bilhões, conforme se pode ver na Tabela 2.
evidenciando um expressivo crescimento de 57,9% (+R$ No acumulado de 2021 (até dezembro), a
23,3 bilhões) frente ao mês anterior (nov/21) e de 1,2% (+R$ arrecadação líquida e as despesas com benefícios
750,8 milhões), em relação a dezembro de 2020. As previdenciários chegaram, respectivamente, a R$ 483,7
despesas com benefícios previdenciários atingiram R$ 55,6 bilhões e R$ 745,8 bilhões, resultando numa necessidade
bilhões em dezembro de 2021, registrando aumento de de financiamento da ordem de R$ 262,1 bilhões.
2,3% (+R$ 1,2 bilhões) em relação ao mês anterior (nov/21) Comparando com o mesmo período de 2020, a arrecadação
e queda de 3,9% (-R$ 2,2 bilhões), na comparação com líquida cresceu 4,8% (+R$ 22,2 bilhões), as despesas com
dezembro de 2020, o que resultou numa necessidade de benefícios previdenciários caíram 1,9% (-R$ 14,8 bilhões) e
o déficit reduziu 12,4% (-R$ 37 bilhões).

19
TABELA 2: Arrecadação Líquida, Benefícios Previdenciários e Saldo Previdenciário – dez/20, nov/21 e dez/21– Valores em
R$ milhões de dez/21 – INPC
Acumulado no ano
dez/20 nov/21 dez/21 Var. % Var. %
Item jan / dez Var. %
(A) (B) (C) (C/B) (C/A) 2020 2021
1. Arrecadação Líquida (1.1 + 1.2 + 1.3 + 1.4 + 1.5) 62.828,3 40.253,8 63.579,1 57,9 1,2 461.448,9 483.676,2 4,8
1.1. Receitas Correntes 63.261,4 41.029,6 63.654,0 55,1 0,6 464.809,9 492.196,0 5,9
Pessoa Física 1.109,4 1.053,0 1.070,8 1,7 (3,5) 12.264,8 12.612,4 2,8
SIMPLES - Recolhimento em GPS 2.917,6 245,9 200,8 (18,4) (93,1) 21.075,6 18.249,2 (13,4)
SIMPLES - Repasse STN 5.708,9 6.641,2 5.860,7 (11,8) 2,7 50.402,7 59.702,7 18,5
Empresas em Geral 42.459,8 26.962,0 45.785,9 69,8 7,8 298.348,3 317.750,9 6,5
Setores Desonerados - DARF 1.084,3 1.007,2 1.061,7 5,4 (2,1) 10.680,7 11.804,1 10,5
Entidades Filantrópicas 762,7 53,0 72,5 36,7 (90,5) 4.774,9 3.927,4 (17,7)
Órgãos do Poder Público - Recolhimento em GPS 6.465,9 3.764,4 7.948,4 111,2 22,9 44.498,5 47.013,7 5,7
Órgãos do Poder Público - Retenção FPM/FPE 605,2 156,0 169,8 8,9 (71,9) 4.338,4 3.235,9 (25,4)
Clubes de Futebol 3,5 2,4 3,3 36,6 (3,5) 46,7 42,3 (9,4)
Comercialização da Produção Rural 119,5 57,1 50,1 (12,3) (58,1) 1.213,1 1.381,0 13,8
Retenção (11%) 1.255,9 645,1 932,0 44,5 (25,8) 11.925,6 11.207,7 (6,0)
Fundo de Incentivo ao Ensino Superior - FIES - - - - - - - -
Reclamatória Trabalhista 473,7 426,1 477,3 12,0 0,8 4.829,5 5.053,1 4,6
Outras Receitas 294,8 16,2 20,7 27,7 (93,0) 411,2 215,6 (47,6)
1.2. Recuperação de Créditos 1.024,7 918,6 1.283,3 39,7 25,2 11.006,5 10.967,4 (0,4)
Arrecadação / Comprev / Dec.6.900/09 256,2 12,9 - (100,0) (100,0) 289,9 141,3 (51,2)
Arrecadação / Lei 11.941/09 68,3 74,7 103,7 38,7 51,7 567,9 705,6 24,2
Programa de Recuperação Fiscal - REFIS 13,5 11,1 11,4 3,1 (15,4) 133,4 118,2 (11,4)
Depósitos Judiciais - Recolhimentos em GPS 0,1 0,1 0,1 74,9 64,8 5,9 1,6 (73,4)
Depósitos Judiciais - Repasse STN 143,0 144,8 420,7 190,4 194,3 1.081,2 1.095,7 1,3
Débitos 38,1 35,6 53,4 49,8 40,0 525,4 417,2 (20,6)
Parcelamentos Convencionais 505,6 639,3 694,0 8,6 37,3 8.402,7 8.487,9 1,0
1.3. Restituições de Contribuições (22,9) (15,5) (8,6) (44,7) (62,5) (116,7) (88,1) (24,5)
1.4. Transferências a Terceiros (2.152,8) (2.168,2) (1.826,4) (15,8) (15,2) (25.039,5) (27.066,5) 8,1
1.5. Compensação da Desoneração - STN 717,8 489,4 476,8 (2,6) (33,6) 10.788,7 7.667,4 (28,9)
2. Despesas com Benefícios Previdenciários 57.778,1 54.303,4 55.550,4 2,3 (3,9) 760.580,3 745.822,1 (1,9)
Pagos pelo INSS 56.646,7 52.959,1 54.131,6 2,2 (4,4) 737.753,9 719.870,3 (2,4)
Sentenças Judiciais - TRF 1.131,4 1.344,3 1.418,8 5,5 25,4 22.826,4 25.951,8 13,7
3. Resultado Previdenciário (1 – 2) 5.050,2 (14.049,6) 8.028,7 (157,1) 59,0 (299.131,4) (262.145,9) (12,4)

Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar)


Elaboração: SPREV/MTP

20
3. RECEITAS CORRENTES

As receitas correntes somaram R$ 63,7 bilhões em 27,3 bilhões) a mais do que o registrado no mesmo período
dezembro de 2021, registrando um crescimento de 55,1% de 2020. A rubrica “Empresas em Geral” registrou aumento
(+R$ 22,6 bilhões), frente ao mês anterior (nov/21) e de 6,5% (+R$ 19,4 bilhões), porém as rubricas “Órgãos do
apresentando aumento de 0,6% (+R$ 392,6 milhões) em Poder Público – Retenção FPM/FPE” e “SIMPLES –
relação ao valor de dezembro de 2020. Em relação a Recolhimento em GPS”, registraram recuo de 25,4% (-R$
novembro de 2021, a maioria das rubricas apresentou 1,1 bilhão) e de 13,4% (-R$ 2,8 bilhões), respectivamente,
crescimento: a rubrica “Empresas em Geral” teve conforme se pode observar no Gráfico 3.
importante crescimento de 69,8% (+R$ 18,8 bilhões), a No mês de dezembro a arrecadação foi
“Órgãos do Poder Público – Recolhimento GPS” cresceu positivamente impactada pelo recolhimento das
111,2% (+R$ 4,2 bilhões) e “Retenção 11%” registrou contribuições previdenciárias relativas ao décimo-terceiro
crescimento de 44,5% (+R$ 287,0 milhões). Já a rubrica salário. Além disso também foi influenciada pela dinâmica
“SIMPLES – Recolhimento em GPS” caiu 18,4% (-R$ 45,1 do mercado de trabalho formal ao qual está diretamente
milhões), como mostra o Gráfico 2. vinculada, na medida em que aumentos e reduções no nível
No acumulado de 2021 (até dezembro), as receitas de emprego formal do país refletem um resultado positivo
correntes somaram R$ 492,2 bilhões, cerca de 5,9% (+R$ ou negativo na arrecadação previdenciária.

GRÁFICO 2: Variação das Receitas Correntes de dezembro de 2021 em relação ao mês anterior: em R$ milhões de dez/21
(INPC)

Pessoa Física 17,8


SIMPLES - GPS (45,1)
SIMPLES - STN (780,5)
Setores Desonerados - DARF 54,5
Empresas em Geral 18.823,9
Entidades Filantrópicas 19,5
Órgãos do Poder Público - GPS 4.184,1
Órgãos do Poder Público - FPM/FPE 13,8
Clubes de Futebol 0,9
Comercialização da Produção Rural (7,0)
Retenção (11%) 286,9
FIES -
Reclamatória Trabalhista 51,1
Outras Receitas 4,5

-1.000 3.000 7.000 11.000 15.000 19.000


Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar). Elaboração: SPREV/MTP

21
GRÁFICO 3: Variação das Receitas Correntes (janeiro a dezembro) de 2021 em relação a 2020: em R$ milhões de dez/21
(INPC)
Pessoa Física 347,7
SIMPLES - GPS (2.826,4)
SIMPLES - STN 9.300,0
Setores Desonerados - DARF 1.123,4
Empresas em Geral 19.402,6
Entidades Filantrópicas (847,4)
Órgãos do Poder Público - GPS 2.515,2
Órgãos do Poder Público - FPM/FPE (1.102,5)
Clubes de Futebol (4,4)
Comercialização da Produção Rural 167,9
Retenção (11%) (717,8)
FIES -
Reclamatória Trabalhista 223,6
Outras Receitas (195,6)

-4.000 1.000 6.000 11.000 16.000

Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar). Elaboração: SPREV/MTP

22
4. RECEITAS ORIUNDAS DE MEDIDAS DE RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS

Em dezembro de 2021, as receitas provenientes de No acumulado de 2021 as receitas originadas de


medidas de recuperação de créditos foram de R$ 1,9 recuperação de créditos registraram o montante de R$ 11,0
bilhão, registrando crescimento de 39,7% (+R$ 364,7 bilhões, evidenciando uma queda de 0,4% (-R$ 39,1
milhões) em relação a novembro de 2021, e aumento de milhões) em relação ao ano de 2020. Essa queda ocorreu
25,2% (+R$ 258,5 milhões) comparado a dezembro de principalmente pelo resultado negativo na
2020. Exceto “Arrecadação/COMPREV/ Dec. 6.900/09” “Arrecadação/COMPREV/ Dec. 6.900/09” e na rubrica
todas as demais rubricas apresentaram crescimento. A “Débitos”, que registraram uma redução de R$ 148,6 e R$
rubrica “Depósitos Judiciais – Repasse STN” registrou 108,2 milhões, respectivamente, no acumulado do ano,
expressivo aumento de 190,4% (+R$ 275,8 milhões) em conforme pode ser visto no Gráfico 5.
relação ao mês anterior. Já a rubrica “Parcelamentos
Convencionais” teve elevação de 8,6% (+R$ 54,7 milhões),
conforme mostra o Gráfico 4.

23
GRÁFICO 4: Variação das Receitas de Recuperação de Créditos (dez/21) em relação ao mês anterior - Em R$ milhões
de dez/21 (INPC)

Parcelamentos Convencionais 54,7

Débitos 17,7

Depósitos Judiciais - STN 275,8

Depósitos Judiciais - GPS 0,1

Programa de Recuperação Fiscal - REFIS 0,3

Arrecadação / Lei 11.941/09 28,9

Arrecadação / Comprev / Dec.6.900/09 (12,9)

-50 0 50 100 150 200 250 300


Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar). Elaboração: SPREV/MTP

GRÁFICO 5: Variação das Receitas de Recuperação de Créditos (janeiro a dezembro) de 2021 em relação a 2020 - Em
R$ milhões de dez/21 (INPC))

Parcelamentos Convencionais 85,1

Débitos (108,2)

Depósitos Judiciais - STN 14,5

Depósitos Judiciais - GPS (4,3)

REFIS (15,3)

Arrecadação / Lei 11.941/09 137,7

Arrecadação / Comprev / Dec.6.900/09 (148,6)

-200 -100 0 100 200


Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar). Elaboração: SPREV/MTP

24
5. BENEFÍCIOS EMITIDOS E CONCEDIDOS

Em dezembro de 2021 foram emitidos 36,4 milhões mesmo período de 2020. Quando comparados o período
de benefícios, registrando um aumento de 0,6% (+230,1 mil acumulado de janeiro a dezembro de 2021 e o período
benefícios) frente ao mesmo mês de 2020. Nessa mesma correspondente de 2014, observa-se que o valor médio real
comparação, os “Benefícios Previdenciários” cresceram dos benefícios emitidos cresceu 3,2% (Gráfico 8).
0,9% (+287,6 mil benefícios), os “Benefícios Acidentários” Em dezembro de 2021, foram concedidos 359,0 mil
tiveram uma diminuição de 0,6% (-4,8 mil benefícios) e os novos benefícios, evidenciando uma diminuição de 3,4% (-
“Benefícios Assistenciais” tiveram uma diminuição de 1,1% 12,8 mil benefícios) em relação ao mês anterior e elevação
(-51,6 mil benefícios), conforme pode ser visto na Tabela 3. de 12,7% (+40,5 mil benefícios) em relação a dezembro de
Na comparação de dezembro de 2021 com dezembro 2020. Em relação ao mês anterior (nov/21), a concessão de
de 2020, observa-se que as aposentadorias por tempo de Benefícios Previdenciários diminuiu 2,9% (-9,4 mil
contribuição cresceram 0,5% (+34,7 mil aposentadorias); as benefícios), a de Acidentários teve uma diminuição de 8,8%
aposentadorias por idade aumentaram 2,2% (+245,7 mil (-1,3 mil benefícios) e a de Assistenciais registrou redução
aposentadorias); as pensões por morte subiram 2,0% de 6,4% (-2,1 mil benefícios), conforme pode ser visto na
(+160,6 mil benefícios); porém, o auxílio-doença teve uma Tabela 4.
redução de 11,4% (-112,5 mil benefícios) e as No ano de 2021 (até dezembro), a quantidade de
aposentadorias por invalidez caíram 2,3% (-75,6 mil benefícios concedidos foi de 4,73 milhões de benefícios, o
benefícios). que mostra uma redução de 2,4% (-114,5 mil benefícios) em
Da quantidade média de 36,1 milhões de emissões relação ao ano 2020. Nessa comparação, os “Benefícios
verificadas no período de janeiro a dezembro de 2021, cerca Previdenciários” diminuíram 2,3% (-98,4 mil benefícios), os
de 60,1% (21,7 milhões) foram destinados a beneficiários da Benefícios Acidentários cresceram 61,2% (+67,6 mil
clientela urbana, cerca de 26,6% (9,6 milhões) a benefícios) e os Assistenciais recuaram 17,3% (-83,8 mil
beneficiários da clientela rural e cerca de 13,3% (4,8 benefícios). Vale observar que em dezembro de 2021 foram
milhões) aos assistenciais (Gráfico 6). De 2013 a 2021, a concedidos os primeiros benefícios de Auxílio-inclusão à
quantidade de benefícios emitidos apresentou incremento pessoa portadora de deficiência. Esse benefício assistencial
de 22,6% no meio urbano, de 8,9% no meio rural e de 17,3% foi instituído pela Lei 13.146/2015 e regulamentado pela Lei
nos assistenciais. 14.176/2021. Os benefícios concedidos dessa espécie
O valor médio dos benefícios emitidos entre janeiro e estão incluídos no item “Outros benefícios assistenciais”
dezembro de 2021 foi de R$ 1.677,8, o que representa uma juntamente com a Antecipação do BPC, cuja concessão
redução, em termos reais, de cerca de 4,15% em relação ao residual ainda persiste em números residuais.

25
TABELA 3: Evolução da Quantidade de Benefícios Emitidos pela Previdência Social (dez/20, nov/21 e dez/21)
dez/20 nov/21 dez/21 Var. % Var. %
Item
(A) (B) (C) (C/B) (C/A)
TOTAL 36.126.514 36.308.501 36.356.594 0,1 0,6
PREVIDENCIÁRIOS 30.474.857 30.723.166 30.762.418 0,1 0,9
Aposentadorias 21.408.965 21.546.781 21.613.852 0,3 1,0
Idade 11.402.943 11.599.651 11.648.687 0,4 2,2
Invalidez 3.316.780 3.239.741 3.241.223 0,0 (2,3)
Tempo de Contribuição 6.689.242 6.707.389 6.723.942 0,2 0,5
Pensão por Morte 7.890.937 8.027.827 8.051.497 0,3 2,0
Auxílio-Doença 988.356 927.994 875.884 (5,6) (11,4)
Salário-Maternidade 52.137 66.951 66.052 (1,3) 26,7
Outros 134.462 153.613 155.133 1,0 15,4
ACIDENTÁRIOS 765.051 764.448 760.269 (0,5) (0,6)
Aposentadorias 208.512 205.271 205.360 0,0 (1,5)
Pensão por Morte 103.906 100.561 100.501 (0,1) (3,3)
Auxílio-Doença 75.726 82.000 76.698 (6,5) 1,3
Auxílio-Acidente 346.884 350.108 351.327 0,3 1,3
Auxílio-Suplementar 30.023 26.508 26.383 (0,5) (12,1)
ASSISTENCIAIS 4.886.606 4.820.887 4.833.907 0,3 (1,1)
Benefício de Prestação Continuada/BPC - LOAS 4.783.615 4.729.047 4.742.638 0,3 (0,9)
Pessoa idosa 2.111.238 2.157.651 2.164.291 0,3 2,5
Pessoa com deficiência 2.559.866 2.571.330 2.578.296 0,3 0,7
Outros benefícios assistenciais 112.511 66 51 (22,7) (100,0)
Rendas Mensais Vitalícias 85.816 75.708 75.192 (0,7) (12,4)
Idade 7.961 6.037 5.946 (1,5) (25,3)
Invalidez 77.855 69.671 69.246 (0,6) (11,1)
BENEFÍCIOS DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (BLE) 17.175 16.132 16.077 (0,3) (6,4)

Fonte: INSS (fluxo de caixa ajustado pelo Sistema Informar) Elaboração: SPREV/MTP

26
GRÁFICO 6: Evolução da Quantidade de Benefícios Emitidos pela Previdência Social, segundo a clientela (2013 a 2021)
- Em milhões de benefícios - Média de janeiro a dezembro.
40
34,8 35,3 35,8 36,1
35 33,4 34,1
31,6 32,5 4,8 4,8
30,6 4,6 4,7 4,7
30 4,4 4,5
4,1 4,2
9,5 9,5 9,6 9,6
25 9,4 9,5
9,1 9,2
8,8
20
15
10 19,5 20,0 20,5 21,0 21,4 21,7
17,7 18,3 18,9
5
0
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Urbano Rural Assistencial Total


Fontes: Anuário Estatístico da Previdência Social - AEPS; Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS. Elaboração: SPREV/MTP

GRÁFICO 7: Valor Médio dos Benefícios Emitidos do RGPS (média de janeiro a dezembro de cada ano) – 2014 a 2021:
em R$ de dez/21 (INPC)

1.800
1.750,48
1.713,87 1.716,56

1.700
1.704,63
1.677,77
1.617,03
1.604,59
1.645,09
1.600 1.625,84

1.500

1.400
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Fontes: Anuário Estatístico da Previdência Social - AEPS; Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS. Elaboração: SPREV/MTP

27
TABELA 4: Evolução da Quantidade de Benefícios Concedidos pela Previdência Social (dez/20, nov/21 e dez/21) e
acumulado de janeiro a dezembro (2020 e 2021)

Acumulado no Ano
dez/20 nov/21 dez/21 Var. % Var. % Var. %
Item jan-dez
(A) (B) (C) (C/B) (C/A) 2020 2021
TOTAL 318.485 371.722 358.958 (3,4) 12,7 4.844.210 4.729.741 (2,4)
PREVIDENCIÁRIOS 281.591 324.046 314.671 (2,9) 11,7 4.247.874 4.149.470 (2,3)
Aposentadorias 68.414 99.370 102.928 3,6 50,4 1.061.255 1.122.217 5,7
Idade 44.972 68.284 69.241 1,4 54,0 630.843 750.487 19,0
Invalidez 6.323 8.604 8.780 2,0 38,9 105.161 108.463 3,1
Tempo de Contribuição 17.119 22.482 24.907 10,8 45,5 325.251 263.267 (19,1)
Pensão por Morte 33.930 38.043 36.481 (4,1) 7,5 427.133 565.658 32,4
Auxílio-Doença 144.811 140.924 129.483 (8,1) (10,6) 2.178.854 1.830.423 (16,0)
Salário-Maternidade 33.021 43.579 43.785 0,5 32,6 558.506 607.886 8,8
Outros 1.415 2.130 1.994 (6,4) 40,9 22.126 23.286 5,2
ACIDENTÁRIOS 13.012 14.866 13.560 (8,8) 4,2 110.505 178.158 61,2
Aposentadorias 269 321 315 (1,9) 17,1 3.881 3.805 (2,0)
Pensão por Morte 22 22 44 100,0 100,0 172 275 59,9
Auxílio-Doença 11.280 12.621 11.070 (12,3) (1,9) 83.830 152.999 82,5
Auxílio-Acidente 1.436 1.898 2.121 11,7 47,7 22.515 21.001 (6,7)
Auxílio-Suplementar 5 4 10 150,0 100,0 107 78 (27,1)
ASSISTENCIAIS 23.882 32.784 30.692 (6,4) 28,5 485.509 401.749 (17,3)
Benefício de Prestação Continuada/BPC - LOAS 23.880 32.784 30.692 (6,4) 28,5 485.507 401.749 (17,3)
Pessoa idosa 12.390 16.281 15.222 (6,5) 22,9 195.952 219.347 11,9
Pessoa com deficiência 10.301 16.496 15.441 (6,4) 49,9 94.081 179.919 91,2
Outros benefícios assistenciais 1.189 7 29 314,3 (97,6) 195.474 2.483 (98,7)
BENEFÍCIOS DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA (BLE) - 26 35 34,6 - 322 364 13,0

Fontes: Anuário Estatístico da Previdência Social - AEPS; Boletim Estatístico da Previdência Social – BEPS. Elaboração: SPREV/MTP

28
ANEXO I
I.I Relação entre a Arrecadação Líquida e a Despesa com Benefícios (R$ milhões de dez/21 - INPC)
Arrecadação Transferências Arrecadação Benefícios
Relação % Saldo
Período Bruta (1) a Terceiros Líquida Previdenciários
(A) (B) C = (A - B) (D) E=(D/C) F= (C - D)
Valores referentes ao acumulado até o mês de Dezembro, a preços de Dez/2021 INPC

2011 500.938 46.353 454.585 520.711 114,5 (66.126)


2012 533.633 50.171 483.463 555.532 114,9 (72.069)
2013 559.618 53.181 506.437 589.181 116,3 (82.744)
2014 580.174 55.316 524.858 613.134 116,8 (88.276)
2015 551.037 52.945 498.092 619.965 124,5 (121.873)
2016 515.647 49.264 466.383 660.972 141,7 (194.589)
2017 522.920 48.864 474.055 704.942 148,7 (230.887)
2018 526.732 45.912 480.820 720.866 149,9 (240.047)
2019 520.079 30.530 489.550 742.289 151,6 (252.740)
2020 486.488 25.040 461.449 760.580 164,8 (299.131)
2021 510.743 27.066 483.676 745.822 154,2 (262.146)
dez/19 65.358 2.185 63.173 77.249 122,3 (14.076)
jan/20 42.002 3.695 38.306 56.156 146,6 (17.850)
fev/20 40.022 2.214 37.807 58.955 155,9 (21.148)
mar/20 38.664 2.177 36.487 58.348 159,9 (21.861)
abr/20 28.543 2.125 26.418 65.074 246,3 (38.656)
mai/20 25.798 2.029 23.769 86.833 365,3 (63.064)
jun/20 26.727 1.521 25.206 89.041 353,3 (63.836)
jul/20 36.870 1.372 35.498 58.401 164,5 (22.904)
ago/20 47.298 1.449 45.848 57.554 125,5 (11.706)
set/20 40.044 2.040 38.004 57.614 151,6 (19.610)
out/20 48.904 2.089 46.815 57.689 123,2 (10.874)
nov/20 46.636 2.174 44.462 57.136 128,5 (12.673)
dez/20 64.981 2.153 62.828 57.778 92,0 5.050
jan/21 39.404 3.519 35.885 56.179 156,6 (20.294)
fev/21 40.201 2.108 38.093 58.363 153,2 (20.270)
mar/21 39.421 2.161 37.260 58.919 158,1 (21.659)
abr/21 40.070 2.104 37.966 58.095 153,0 (20.129)
mai/21 38.122 2.205 35.918 65.145 181,4 (29.228)
jun/21 38.350 2.220 36.130 94.565 261,7 (58.435)
jul/21 41.744 2.188 39.556 77.566 196,1 (38.010)
ago/21 41.640 2.164 39.476 55.922 141,7 (16.446)
set/21 42.802 2.214 40.588 55.874 137,7 (15.286)
out/21 41.160 2.188 38.972 55.340 142,0 (16.368)
nov/21 42.422 2.168 40.254 54.303 134,9 (14.050)
dez/21 65.406 1.826 63.579 55.550 87,4 8.029

30
I.II Arrecadação Líquida X Despesa com Benefícios (acumulado até o mês de outubro de cada ano, em R$ milhões de dez/21
–INPC

860.000
760.580 745.822
742.289
760.000 720.866
704.942
660.972
660.000 613.134 619.965
589.181
555.532
560.000 520.711

524.858
460.000 506.437 498.092
483.463 474.055 480.820 489.550 483.676
454.585 466.383 461.449
360.000

260.000

160.000

60.000
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Arrecadação líquida Benefícios Previdenciários

Fonte: CGF/INSS. Elaboração: SPREV/MTP

31
ANEXO II

Rubricas de arrecadação previdenciária

1. Pessoa Física: Contribuinte Individual, Empregado Doméstico, Segurado Especial e Facultativo.


2. SIMPLES - Recolhimento em Guia da Previdência Social – GPS: recolhimento relativo à contribuição do segurado empregado de
empresas optantes pelo SIMPLES.
3. SIMPLES – repasse STN: Repasse, pela Secretaria do Tesouro Nacional, dos valores recolhidos relativos à cota patronal de
empresas optantes pelo SIMPLES.
4. Empresas em Geral: empresas sujeitas às regras gerais de contribuição, incluídos os recolhimentos referentes à cota patronal,
dos empregados e do seguro acidente.
5. Setores Desonerados: arrecadação em DARF relativas à desoneração da folha de pagamento, conforme a Lei 12.546 de
14/12/2011.
6. Entidades Filantrópicas: recolhimento relativo à contribuição do segurado empregado de Entidades Filantrópicas das áreas de
saúde, educação e assistência social, que têm isenção da cota patronal.
7. Órgãos do Poder Público - Recolhimento em GPS: Recolhimento em Guia da Previdência Social - GPS - em relação aos servidores
da administração direta, autarquias e fundações, da União, Estados e Municípios, vinculados ao RGPS.
8. Órgãos do Poder Público - Retenção FPM/FPE: Valores retidos do Fundo de Participação dos Estados - FPE - ou do Fundo de
Participação dos Municípios - FPM - para pagamento das contribuições correntes de Estados e Municípios.
9. Clubes de Futebol: receita auferida a qualquer título nos espetáculos desportivos de que os clubes de futebol participem.
10. Comercialização da Produção Rural: Valores recolhidos por Produtores Rurais Pessoa Física e Jurídica, quando da
comercialização de sua produção.
11. Retenção (11%): valor retido pela contratante de serviços prestados mediante cessão de mão-de-obra no valor de 11% da nota
fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços.
12. Fundo de Incentivo ao Ensino Superior – FIES: Dívida das universidades junto à Previdência repassada ao INSS através do
Fundo de Incentivo ao Ensino Superior - FIES.
13. Reclamatória Trabalhista: recolhimento sobre verbas remuneratórias decorrentes de decisões proferidas pela Justiça.
14. Arrecadação / Comprev / Dec.6.900/09: compensação financeira entre os regimes próprios de previdência e o RGPS
15. Arrecadação / Lei 11.941/09: refinanciamento de débitos previdenciários.
16. Programa de Recuperação Fiscal – REFIS: Arrecadação proveniente do Programa de Recuperação Fiscal, que promove a
regularização de créditos da União, decorrentes de débitos de pessoas jurídicas, relativos a tributos e contribuições administrados
pela SRF e pelo INSS.
17. Depósitos Judiciais - Recolhimentos em GPS: Recolhimento em Guia da Previdência Social - GPS - de parcelas de créditos
previdenciários das pessoas jurídicas que ingressam com ações contra a Previdência.
16. Depósitos Judiciais - Repasse STN: Valor repassado pela Secretaria do Tesouro Nacional referente à parcela do crédito
previdenciário das pessoas jurídicas que ingressam com ações contra a Previdência (Lei nº 9.709/98).
18. Débitos: Débitos quitados através de Guia da Previdência Social - GPS - ou recebidos em decorrência de Contrato de Assunção,
Confissão e Compensação de Créditos.
19. Parcelamentos Convencionais: Pagamento de parcelamentos não incluídos em programa específico de recuperação de crédito.
20. Sentenças Judiciais – TRF: Pagamento de precatórios de benefícios e de requisições de pequeno valor resultantes de execuções
judiciais. A Lei nº 10.524, de 25.07.2002, no seu art. 28, determinou que as dotações orçamentárias para pagamento destes valores
seriam descentralizadas aos Tribunais, não mais sendo pagas pelo INSS.
21. Restituição de Arrecadação – Procedimento administrativo pelo qual o sujeito é ressarcido pelo INSS, de importâncias pagas
indevidamente à Previdência Social, ou de importâncias relativas ao salário-família e ao salário-maternidade, que não tenham sido
objeto de compensação ou de reembolso.
22. Transferências a Terceiros – Valor das contribuições sociais recolhidas pelo INSS e depois repassadas às respectivas entidades,
tais como: SENAI, SENAR, SESC, SESI, etc. O valor é negativo porque, apesar de ser arrecadado pelo INSS, depois é repassado
e não faz parte do Fundo do Regime Geral de Previdência Social.

32

Você também pode gostar