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A obra Terapia Analítico Comportamental Infantil, em seu capítulo

terceiro tece informações acerca do Desenvolvimento Infantil, tal sessão do


livro foi elaborada pelas estudiosas Tauane Gehm e Adriana Rossi, elas trazem
que os ambientes em que há necessidade de cuidado infantil, geralmente são
permeados pelas normas etárias, ou seja, as expectativas de repertório das
crianças de acordo com cada fase de maturação.

Gehm e Rossi (2020) descrevem que para a análise do comportamento,


o desenvolvimento infantil é entendido pelas mudanças que acontecem de
maneira progressiva a partir da interação do indivíduo com o ambiente e o
comportamento. Para fins de elucidação, o termo progressivo não traduz
melhoria, mas se relaciona à mudança observável ideia de etapas. (apud Bijou
& Baer, 1961; Rosales-Ruiz & Baer, 1996).

Dessa forma, Gehm e Rossi (2020) revelam a importância de atentar-se


aos marcos do desenvolvimento, que são uma maneira de classificar os
padrões comportamentais esperados para cada momento da infância,
elucidando as regularidades etárias. Assim, é possível identificar quando
ocorrem atrasos na aquisição das competências e habilidades já esperadas
para a fase que a criança se encontra. (GEHM; ROSSI, 2020).

Em contrapartida ao neurodesenvolvimento típico, o Transtorno do


Espectro Autista – TEA, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta as
áreas do encéfalo relacionadas à socialização, comunicação e comportamento.
(VALE; MONTEIRO; LIRA, 2018 apud DSM-5, 2013).

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais –


DSM-5, apresenta os critérios que devem estar presentes no
diagnóstico. As características essenciais do transtorno do espectro
autista são prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na
interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento,
interesses ou atividades. Esses sintomas estão presentes desde o
início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário.
(DSM-5, 2013).

Os casos de transtorno do espectro autista requerem atenção específica


e buscam tratamentos baseados em evidências, com isso, a Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) apresenta os melhores resultados em relação
às técnicas e prognósticos. Seguindo essa perspectiva, Análise do
Comportamento pode ser compreendida como um campo de estudo, uma
disciplina e uma prática. Como campo de estudo, engloba “a disciplina e a
prática, ambas denominadas análises do comportamento”. (SELLA;
MENDONÇA, 2018 apud MORRIS et al., 2013, p. 73).

Inicialmente, a análise do comportamento aplicada pode ser definida


como um sistema teórico para a explicação e modificação do comportamento
humano baseado em evidência empírica (CAMARGO; RISPOLI, 2013 apud
HEFLIN; ALAIMO, 2007).

Características gerais de uma intervenção baseada na ABA


tipicamente envolvem identificação de comportamentos e habilidades
que precisam ser melhorados (por exemplo, comunicação com pais e
professores, interação social com pares, etc.), seguido por métodos
sistemáticos de selecionar e escrever objetivos para, explicitamente,
delinear uma intervenção envolvendo estratégias comportamentais
exaustivamente estudadas e comprovadamente efetivas.
(CAMARGO; RISPOLI, 2013).

Para além do caráter interventivo, a ABA é considera uma ciência por


trabalhar com a coleta de dados antes, durante e depois da intervenção com a
finalidade de analisar o progresso individual da criança, sendo possível tomar
decisões de maneira clara em relação ao programa de intervenção e às
estratégias levam a aquisição das habilidades necessárias subjetivas de cada
caso. (CAMARGO; RISPOLI, 2013 apud BAER et al, 1968, 1987; HUNDERT,
2009).

No final do ano de 2019, surgiu uma nova cepa de coronavírus que


havia sido previamente identificada em humanos. Conhecido como 2019-nCoV
ou COVID-19, ele foi detectado após a notificação de um surto em Wuhan,
China. (PAHO, 2020). A doença tem como característica o alto risco de
transmissão, assim, com disseminação em nível global, fez com que a World
Health Organization – WHO, a considerasse uma pandemia (SCHMIDT et al,
2020).

Com o objetivo de reduzir os impactos da pandemia,


diminuindo o pico de incidência e o número de mortes, alguns países
têm adotado medidas tais quais isolamento de casos suspeitos,
fechamento de escolas e universidades, distanciamento social de
idosos e outros grupos de risco, bem como quarentena de toda a
população (SCHMIDT apud Brooks et al., 2020; Ferguson et al.,
2020).

As medidas tomadas afim de reduzir o índice de transmissão –


isolamento social – afetaram diretamente na prestação de serviços
assistenciais, incluindo os de atendimento à crianças com transtorno do
espectro autista. Dessa forma, os profissionais que se munem da análise do
comportamento aplicada para realizar intervenções intensivas neste público,
necessitaram se adaptar ao contexto que estavam inseridos, modificando a
forma de aplicar as técnicas utilizadas. O presente estudo visa investigar de
que maneira essas mudanças afetaram o trabalho desses profissionais e quais
estratégias foram utilizadas para atender as crianças com TEA ao longo dos
primeiros anos de pandemia.

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