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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA:
ESTRATÉGIAS E DESAFIOS
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2019
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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 4
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Apresentação da disciplina
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aborda aspectos interessantes para esse contexto de mudanças em
curso. Portanto, instiga reflexões e problematizações pertinentes a
essa situação, bem como à função social da matemática escolar, tais
como a formação integral do sujeito, para a formação cidadã, como
fundamentação para o trabalho, para o acesso ao ensino superior,
dentre outras, que se encontram descritas abaixo nos eixos discutidos
pela disciplina.
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4. abordagem dos tópicos de produtos notáveis e fatoração como
estratégias de cálculo e fundamentos para estratégias de cálculos
e compreensão de diferentes aspectos da álgebra ao longo do
ensino fundamental e de modo relacionado à etapa conseguinte;
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Pensamento geométrico na
relação de continuidade entre
a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
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1. Contextualização
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Algumas delas são: tendo em vista as possíveis exigências do século XXI
sobre seus cidadãos, qual deveria ser o currículo geométrico mínimo
presente na educação? (LORENZATO; VILA, 1993). Qual é a Geometria
necessária e conveniente para nós, brasileiros? Ela deveria ser a mesma
para todo o continente brasileiro? Como aproveitar os recentes e enormes
avanços tecnológicos, psicológicos e didáticos em favor do ensino e
aprendizagem da Geometria? Onde colocar o ponto de equilíbrio dinâmico
entre o intuitivo e o dedutivo, o concreto e o abstrato, o experimental e o
lógico, tendo em vista uma aprendizagem significativa da Geometria?
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O aspecto da visualização toma grande importância para o ato
observatório pelo qual a criança poderá, progressivamente, classificar
figuras, nomeá-las e relacionar formatos e figuras geométricas como
forma de leitura do mundo e de comunicação matemática, o que
significa conhecer, familiarizar-se e fazer uso da linguagem geométrica.
Tanto nos termos que compõem uma figura, tais como faces, arestas,
lados, vértices, diagonais, ângulos internos e termos ligados às
dimensões (comprimento, largura e altura), quanto nos termos que
relacionam conceitos a medidas e posicionamentos de um polígono
ou de um poliedro em relação a outro e ao relacionamento entre
nomenclaturas às composições de polígonos e poliedros, por exemplo,
o que possibilita projetar modos como classificação de polígonos,
conceituações e adoção de critérios para identificação dessas figuras
geométricas e identificando padrões matemáticos contribui para o
desenvolvimento do pensamento geométrico em geral.
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como as aprendizagens dos conteúdos de geometria de modo situadas
e significativo ao desenvolvimento do pensamento geométrico, estando
vinculado às etapas tanto anteriores quanto posteriores àquelas em
que os alunos se encontram. E também considerando as complexidades
dos objetos de aprendizagem de geometria, as quais deverão estar
adequadas para o momento da educação, do nível de compreensão e do
desenvolvimento em que se encontram, de modo a valorizar a construção
de noções básicas e elementares que contribuam para a elaboração de
ideias fundamentais ao raciocínio e à compreensão geométricos.
ASSIMILE
O termo “educação integral” faz referência a uma
perspectiva de desenvolvimento educacional que visa à
formação humana de forma integral, o que quer dizer em
sentido amplo e global. Reconhece a complexidade desse
desenvolvimento de modo a criticar sua fragmentação
nos aspectos físico, afetivo ou cognitivo e a valorizar uma
visão que considera as plurais dimensões constitutivas
do desenvolvimento humano, segundo a visão da
potencialidade de desenvolvimentos plenos e singulares
dos sujeitos envolvidos no processo educativo.
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na escuta, nos diferentes modos de pensar, criar, imaginar e comunicar-se
e, por fim, relações com quantidades, espaços, tempos, transformações
e relações (BRASIL, 2017, p. 51). Por esse estabelecimento, o pensamento
geométrico poderia ter lugar privilegiado no último campo de vivências,
porém, poderá ser desenvolvido perpassando todos os demais, conforme
a perspectiva de formação integral.
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ao pensamento geométrico. Na educação infantil, deverá estar
disperso a práticas de pesquisa, de observação, de manipulação
de objetos em geral, com uso de materiais manipulativos com fins
educativos, de modo disseminado e significativo aos diferentes
campos de vivências, porém vinculado às capacidades de classificar os
polígonos, estabelecer relações de semelhança e diferenças, descrever
determinadas características, descrever os diferentes polígonos
segundo essas características, bem como identificá-los, agrupá-los,
reconhecer diferentes representações de um mesmo polígono, realizar
construções e estabelecer relações com outros tempos, espaços e
transformações.
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de modo que a criança possa compreender aquelas mesmas
propriedades e identificar os elementos constitutivos poligonais até
mesmo na ausência dos modelos físicos, o que significa um grau
determinado de abstração.
Etapa Aprendizagens
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- Localizar objetos e pessoas no espaço, utilizando
diversos pontos de referência e vocabulário apropriado
e indicação de mudanças de direção e sentido.(F)
- Reconhecer e fazer relações com objetos familiares
do mundo físico – figuras geométricas espaciais. (G)
- Reconhecer formatos de faces de figuras geométricas
espaciais – figuras geométricas planas.(H)
- Esboçar roteiros e plantas simples. (I)
- Reconhecer e caracterizar figuras geométricas espaciais
(cubo, bloco retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera). (J)
- Reconhecer e caracterizar figuras geométricas planas
(círculo, quadrado, retângulo e triângulo). (K)
- Reconhecer e analisar características e planificações
de figuras geométricas espaciais (cubo, bloco
retangular, pirâmide, cone, cilindro e esfera). (L)
- Reconhecer e analisar características de
Ensino fundamental –
figuras geométricas planas (triângulo, quadrado,
anos iniciais
retângulo, trapézio e paralelogramo).
- Reconhecer e analisar congruência de figuras
geométricas planas e seus ângulos. (M)
- Analisar situações de paralelismo e de perpendicularismo,
inclusive em deslocamentos e localizações. (N)
- Reconhecer, representar, planificar e caracterizar figuras
geométricas espaciais (prismas e pirâmides). (O)
- Identificar e classificar ângulos retos e não retos:
uso de dobraduras, esquadros e softwares. (P)
- Analisar situações que envolvam simetria de reflexão. (Q)
- Reconhecer o plano cartesiano, suas coordenadas
cartesianas (1º quadrante) e representações
de deslocamentos nesse plano. (R)
- Ampliar e reduzir figuras poligonais em malhas
quadriculadas: reconhecimento da congruência dos ângulos
e da proporcionalidade dos lados correspondentes. (S)
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para o ensino de polígonos, passando por fronteiras mais fluidas e
contínuas em relação às duas primeiras etapas que trabalham esse tema
geométrico na educação básica, processo ilustrado pela imagem abaixo:
Complexidade
Formalização Movimento de ampliação e de
aprofundamento dos aspectos
Educação que deverão ser desenvolvidos
Infantil
com o objeto da aprendizagem
relativa a figuras poligonais
Ensino
Fundamental Desenvolvimento
do pensamento
Conteúdos geométricos em que há expressão direta do objeto de ensino e de geométrico
aprendizagem polígonos
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a saber, de estratégias, metodologias e de aproximações didáticas que
permitam desenvolver por etapas o conteúdo que deverá ser ensinado,
estabelecendo o nível de generalização, abstração e formalização que
se possa alcançar com os alunos, considerando suas identidades de
aprendizagens, estabelecimento de pontos, contextos e práticas de
partida, de investigação e de problematização.
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Figura 2 – Abordagem de situação de aprendizagem
1. A partir de uma definição
3. A partir de uma aplicação, um
formal – polígono convexo
problema, contexto ou situação.
cujos lados e ângulos são
congruentes. 4. A partir de associações entre a
figura a um objeto presente em
2. A partir de uma imagem
contextos de uso cotidiano – faces de
específica ou, ainda, de uma
coletâneas embalagens –, envolvendo
representação geométrica
as dimensões matemáticas didático-
daquela figura – desenho
pedagógicas específica e a instituída.
de um quadrilátero.
Classificação
Estabelecimento Nomenclaturas Quadriláteros
Composição
Situação- Revisão de Ângulos Triângulos
de critérios Decomposição
problema Exploração de Exploração de conteúdos Lados Poliedros
*Instituídos Medidas
Prática social figuras figuras estudados Paralelismo Planificações
*Estabelecidos Área
Contexto anteriormente Perpendicularismo
coletivamente Círculos
Características Simetria
Circunferências
Perímetro
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uso de tecnologias de apoio, as organizações coletivas dos alunos
para compartilhamentos, discussões e argumentações em relação à
linguagem matemática, à sistematização e à abstração progressivas
(BRASIL, 2017).
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articulada a outras áreas da matemática? Como associar essa situação
à aritmética, aos conceitos de área, perímetro e a outras configurações
retangulares semelhantes e diferentes, à classificação e à descrição de
polígonos? E a outras situações-problemas significativas aos alunos?
Como trabalhar conceitos relevantes para o desenvolvimento do
pensamento geométrico e encadeá-los a outros já consolidados e outros
ainda que necessitam ser introduzidos? Como adaptar a abordagem do
problema a determinado estágio de determinada etapa da educação
básica? Como segmentar etapas para o ensino dos conceitos em
questão? Como contribuir para a percepção espacial da criança por
diferentes pontos de vista? Como a situação proposta e o percurso
trilhado contribuem para o desenvolvimento do raciocínio geométrico?
Como pensar ou representar o espaço, uma figura ou um objeto na
ausência do mesmo ou fora do campo sensível? Como as definições de
ponto, de reta e de plano se relacionam com o campo perceptivo da
criança a partir da situação dada?
Essas são questões que podem ser colocadas para todas e quaisquer
situações de ensino, com o objetivo de indicar que tipos de
metodologias e de práticas de ensino precisam ser problematizadas.
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Tal como explicitado na introdução desta leitura, existe uma
cultura de centralidade do ensino da matemática na abordagem do
pensamento numérico e aritmético. Contudo, ser hábil nos conteúdos
e procedimentos aritméticos não é suficiente para que os alunos da
educação básica desenvolvam habilidades específicas do raciocínio
geométrico. Nem mesmo colabora para a formação integral, pois,
partindo de uma situação-exemplo em que poderiam ser questionados
sobre quantos triângulos podem-se visualizar numa imagem tal como
a que se encontra ao lado (Figura 3), os alunos poderão enfrentar
desafios referentes ao fato de não terem sido apresentados números
e nem medidas, exatamente pelo fato de a análise da imagem e uma
possibilidade de devolutiva à questão dentro de um contexto situado
exigir o estabelecimento de relações entre as imagens e um raciocínio
visual que apresenta diferenças em relação ao aritmético, o que envolve
também uma percepção específica, que evoque conceitos, elementos,
características e a linguagem geométrica como fatores relevantes para o
desenvolvimento desse tipo de pensamento, a saber, geométrico.
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e planos, a fim de que os alunos compreendam e distingam, inclusive,
aspectos de figuras bi e tridimensionais, de modo a associarem aqueles
elementos a eixos, direção, plano, sentido, por meio de coordenadas.
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buscar regularidades, terminando por estabelecer generalizações, o que é
progressivamente desenvolvido ao longo da educação básica e de forma
apropriada em cada um de seus ciclos.
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Problematizar a continuação das dobragens, quais seriam as próximas
sequências, as posições ocupadas pelos triângulos ou determinar um
elemento seguinte específico buscando uma regra que determina a
sequência são relações que permitem ao aluno: (a) a identificação
do reconhecimento da regularidade; (b) estabelecer relações entre
a posição do elemento na sequência e a sua forma; (c) verificação
do estabelecimento de uma correspondência entre as ordens e
as figuras presentes no padrão; (d) a identificação do método de
generalização para determinar elementos da sequência que não
podem ser visualizados nas imagens e, por fim, (e) a identificação
de um procedimento de generalização para a regra de formação da
sequência (BRANCO, 2008). Pelo que se tornam competentes em utilizar
modelos matemáticos para produzir representações que expressam
compreensões sobre relações e variações quantitativas e qualitativas
que vêm a ser os aspectos da alternância (variação de um conjunto
ou como relação entre termos sucessivos dentro do próprio padrão
fornecido) presente nos padrões com repetições, componente de
progressões geométrica ou aritmética) e componente do aspecto
simétrico do padrão, ou, ainda, o aspecto linear, nos casos expressos por
an+b, por exemplo, em que se apresenta o estabelecimento de relações
e de representação por meio de expressões. Esses aspectos mostram
que a álgebra pode ter como procedimento de desenvolvimento desse
tipo de raciocínio a exploração e transformação de padrões como
ponto gerador de uso e da compreensão da sintaxe algébrica, o que
pode ocorrer em situações de aprendizagens em que os alunos sejam
incitados a produzir relações funcionais entre os padrões observados
e as suas ordens, o que seria outro aspecto da ampliação e do
aprofundamento relativos aos pensamentos geométrico e algébrico.
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problematização em contextos de aprendizagem, a leitura
da obra Etnomatemática: cultura, matemática, educação, de
Paulus Gerdes, é indicada. Para acessar a obra, consulte as
referências bibliográficas desta Leitura Fundamental.
4. Considerações finais
• Ao longo do percurso realizado nesta Leitura Fundamental, foi
possível ter contato com discussões normativas, investigações
e contribuições teóricas que apontam para a necessidade
de atenção para os processos de ensino e condições de
aprendizagem atuais da geometria.
TEORIA EM PRÁTICA
Imagine que você trabalha em uma rede de ensino (privada,
filantrópica ou pública) e se deparou com um convite
feito pelo órgão responsável de supervisão e de gestão
educacional dessa rede, solicitando uma ação formativa
a um grupo de professores de matemática que trabalha
com crianças de 4 a 12 anos de idade na educação formal.
Dado seu aceite para ministrar a formação e passado o
contexto de dificuldades de aprendizagem e para o ensino
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de geometria e de álgebra, planeje uma formação para este
público-alvo docente.
Para seu planejamento, retome à seção 2.3 da presente
Leitura Fundamental, considerando a necessidade de
problematizar situações de sala de aula e da prática
cotidiana escolar que contemple os questionamentos
apresentados naquela sessão: como esta situação poderia
ser problematizada do ponto de vista geométrico?
Como seria abordada considerando os conhecimentos
docentes de diferentes naturezas, a partir da perspectiva
da organização de uma prática de ensino específica?
Bons estudos!
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
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c. Os questionamentos sobre qual o lugar da geometria
nos currículos escolares, seus objetivos, as funções
na relação de integração, interdependência é uma
discussão desnecessária, tendo em vista a elevação
dos índices de aprendizagem nos últimos 20 anos.
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3. Sobre a relação entre a etapa da educação infantil e a
etapa do ensino fundamental na educação básica, é
correto afirmar que:
a. É necessário que a educação infantil deixe de
desenvolver fundamentos impreteríveis para
o aumento da complexidade do pensamento
geométrico, sendo esta função especificamente do
ensino fundamental.
28
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Gabarito
Questão 1 – Resposta E
Existem alguns aspectos da história da educação matemática que
explicitam o lugar menor que era atribuído à geometria dentro das
áreas da matemática abordadas nos contextos tanto curricular
quanto escolar. Estudos históricos mostram que práticas de ensino
30
30
que enfatizavam fortemente a abordagem da aritmética ao longo
de todo o período letivo e que abordavam a geometria apenas
quando houvesse tempo disponível pertencem a um passado não
muito distante da atualidade. Portanto, questionar qual o lugar da
geometria nos currículos escolares, seus objetivos, as funções na
relação de integração, interdependência e continuidade entre as
diferentes áreas da matemática e etapas da educação básica e para
a formação humana e cidadã.
Questão 2 – Resposta A
O pensamento geométrico envolve ações fundamentais que
abrangem a percepção em geral, sejam elas a observação, a
percepção e a construção representativa relacionadas às figuras
geométricas, à dimensão, à direção, ao sentido, à localização, à
movimentação no espaço. Essas noções necessitam ser abordadas
nas primeiras experiências da educação básica, problematizando a
dimensão espacial e sua ocupação por objetos, sendo necessário
classificar a partir de critérios criados e estabelecidos e identificar,
nomear, descrever, conhecer e compreender as principais
propriedades desses corpos, o que requer a observação do mundo
em que se vive, distinguindo as características atribuídas a cada uma
das figuras e como se relacionam com aspectos do entorno dos
contextos de vida, atribuindo-lhes significados de diferentes ordens.
Questão 3 – Resposta D
É necessário que a educação infantil desenvolva fundamentos
impreteríveis para o aumento da complexidade do pensamento
geométrico e que o ensino fundamental não rompa com o
desenvolvimento anterior dessas complexidades, porém as retome,
integre e dê continuidade guardando a importância de relacioná-
las aos demais conhecimentos em veiculação e aos objetivos de
cada etapa educacional específica. O caminho da educação infantil
em direção ao ensino fundamental conta com que o aluno realize
percursos de continuidades de sua escolarização.
31
Princípio fundamental da
contagem no Ensino Fundamental
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
32
32
1. Contextualização
33
e adultos, e influenciará suas capacidades de compreensão aritmética
a procederem à resolução de problemas que envolvam as diferentes
áreas da matemática. Dificuldades relativas à contagem poderão
repercutir em dificuldades relativas aos diversos tipos de pensamento
matemático, bem como lógico. A contagem estabelece a necessidade de
compreensão dos seguintes aspectos:
• a noção de ordem;
• a noção de equivalência;
• estimativas;
• cardinalidade;
• ordinalidade;
• contagem um a um;
• agrupamentos e comparações;
• cálculo mental;
34
34
ainda, situações matemáticas e cotidianas em que a contagem se faz
necessária para compreender e atuar naquele determinado contexto.
Para tanto, as noções relativas ao pensamento numérico, incluindo
práticas de contagem, requerem uma noção aprofundada diante de
tarefas que envolvam contagens simples, medições, combinações de
elementos de conjuntos distintos, de problemas geométricos, de forma
que reconheçam diferentes usos dos números com apoio das possíveis
relações de contagem.
35
O PFC está encarregado de estudar habilidades de contagem, sempre
contextualizadas, em uma situação de escolha ou de combinação.
Considerando a seguinte situação: três amigos moram num mesmo
bairro, sendo suas casas próximas. O amigo A deseja ir à casa de C, sendo
que a casa de B se encontra entre as outras duas. Sabendo que não existe
acesso direto e que existem três ruas diferentes que ligam diretamente a
casa de A à casa de B e duas ruas que ligam a casa deste último à de C, de
quantas maneiras diferentes é possível que A cumpra seu objetivo?
1 C (m, 1)
B 2 C (m, 2)
m
1 C (n, 1)
A n B
2
C (n, 2)
o
1
C (o, 1)
B
2
C (o, 2)
36
36
As relações (m, 1), (m, 2), (n, 1), (n, 2), (o, 1) expressam as possibilidades de
tomada de decisão sobre o caminho a seguir em dois momentos distintos:
de A para B e de B para C. A organização das etapas mostra o princípio
que as relaciona entre si ao considerar dois eventos diferentes, sendo
que o primeiro evento pode ser realizado de três maneiras diferentes,
e o segundo, de duas maneiras diferentes, a saber, com o princípio
multiplicativo. Esse princípio relaciona parte da relação entre conjuntos de
possibilidades constituídos por elementos finitos. No diagrama acima, é
possível enumerar os elementos combinados em cada etapa; entretanto,
o princípio multiplicativo permite realizar a contagem das possibilidades
sem que haja necessidade de enumeração de cada elemento, compondo,
assim, um recurso de facilitação da contagem. Solução semelhante
poderia ter sido organizada por meio do recurso de uma tabela de dupla
entrada, expressando que o evento apresenta dois estágios, sendo que na
primeira existem m possibilidades e para cada uma delas, n possibilidades
que compõem a segunda etapa, resultando na relação m x n maneiras
distintas de o evento acontecer. E naquele caso, indica também adição de
parcelas iguais e uma organização espacial que pode ser representada de
forma retangular.
37
situações combinatórias. Também sinaliza o conhecimento comum que
o docente apresenta sobre o princípio, o conhecimento especializado
que deve apresentar sobre o assunto e as relações necessária entre o
princípio multiplicativo e as práticas de ensino, como também entre o
conhecimento matemático e os currículos instituídos. É necessário ao
professor compreender que o desenvolvimento dos conhecimentos, tanto
docentes quanto discentes, partindo de problemas simples, tais como o
dos caminhos, possibilita o alcance da condição superior em relação à
complexidade, ao nível de abstração e à formalidade no ensino médio,
que caracterizarão o campo da combinatória.
ASSIMILE
O trabalho com o PFC ao longo da educação básica deve
ter os processos de generalizações que se apresentam
nas etapas finais da educação, pois possibilitarão o
reconhecimento da natureza multiplicativa de problemas de
contagem e de combinatória. Isso facilitará a compreensão
de situações em que PFC é válido como estratégia de
solução, pois é uma estratégia de resolução de problemas e
a base de fórmulas utilizadas no estudo de combinatória, e
serve de base para a construção de procedimentos formais
da análise combinatória por ser um princípio implícito na
resolução dos problemas desse campo matemático.
38
38
de contagem simples, tal qual o exemplo apresentado na seção 2 e
como o estabelecimento do número de agrupamentos possíveis quando
cada elemento de uma coleção é combinado com todos os elementos de
outra, utilizando estratégias e formas de registros pessoais e analisando
quando essas estratégias se tornam insuficientes para cada situação.
39
favoráveis e o total de resultados possíveis em um espaço amostral,
cálculos de probabilidades por meio de repetições de um experimento
e de cálculos de frequências de ocorrências de um determinado
evento (BRASIL, 2018). Portanto, aparece relacionado à combinatória
e à probabilidade. Isso mostra que o PFC é fundamento para a etapa
do ensino médio, em que aparece de forma centralizada na análise
e cálculos das probabilidades de eventos aleatórios. Esses eventos
podem ser dependentes ou independentes na elaboração e resolução
de problemas de contagem que envolvam agrupamentos ordenáveis
ou não de elementos. O que envolve a análise da necessidade de
usos específicos de estratégias de solução matemática por meio dos
princípios multiplicativo e aditivo na identificação e na descrição de
espaços amostrais de eventos aleatórios, realizando contagem das
possibilidades e cálculos de probabilidades de ocorrências aleatórias
sucessivas (BRASIL, 2018).
40
40
campo, desde que abordado a partir das estratégias informais, servindo
de base para a construção de um percurso crescente de formalização.
Isso, pois, mediante a abordagem de conteúdos relacionados à
combinatória, os alunos podem desenvolver estratégias diversas de
resolução e compreender a natureza multiplicativa. Em relação àqueles
tipos de problemas anteriormente citados, Lima (2015, p. 20-21) afirma
que permitem aos alunos desenvolver, ao longo de toda a educação
básica, capacidades relativas à quantificação de conjuntos de situações
ou de objetos que fazem parte de um determinado conjunto, a partir
de estratégias ou do uso de fórmulas específicas, com o objetivo de
conhecer quantos eventos ou quantos elementos são possíveis ou
prováveis de ocorrência numa dada situação. Acrescenta ainda que cada
condição estabelecedora do tipo de problema combinatório indica uma
forma específica de estratégia de organização dos dados e do raciocínio
combinatório empreendido para analisar e solucionar a questão.
41
2015, p. 26). Situação esta em que o princípio aditivo se apresenta
como mais uma estratégia para solução de problemas de contagem e,
mais especificamente, combinatórios, os quais estão necessariamente
relacionados à aplicação do princípio multiplicativo.
42
42
Tabela 2 – Tipos de relações combinatórias
Tipo de
problema/
Exemplo Representação
situação/ Breve descrição
de problema fazendo uso do PFC
agrupamento
combinatório
Os elementos são
escolhidos a partir de
um conjunto único,
porém nem todos os
elementos constituem as
possibilidades a serem 5 . 4 .3
enumeradas. Neste caso, Na final do
Quantidade de
Arranjos simples
43
12 . 11 . 10 . 9 . 8
5.4.3.2.1
Quantidade de
Um técnico tem escolhas para o 1º
Combinação simples
5.4.3.2.1
Quantidade de
Todos os elementos pessoas que podem
do conjunto dado são ocupar a 1ª posição
Permutação simples
44
44
Conforme as discussões até aqui explicitam e com as informações
relacionadas na tabela acima, fica evidente que o PFC pode ser
instrumento para:
• demonstrar a existência de subconjuntos de elementos de
um conjunto não vazio e finito dado e que satisfaçam certas
circunstâncias;
45
Com isso é possível verificar que, além de constituir fundamento para o
desenvolvimento do raciocínio combinatório e além de ser uma estratégia
para solução de problemas de contagem e combinatórios de diferentes
tipos, é tomado por alguns autores como uma regra para solução dessas
categorias de situações-problemas, denominada regra do produto.
46
46
cada uma delas. É preciso apresentar e explicar ideias matemáticas,
explicitar as razões que originam uma afirmação matemática, fazer uso
de exemplos, relacionar diferentes representações, conectar diferentes
objetos de ensino e campos temáticos da matemática, adaptar as ideias,
as definições e a linguagem matemáticas de acordo com as etapas de
ensino, problematizar questões matemáticas.
47
• produzir e usar materiais e instrumentos manipulativos para
ensino, inclusive juntamente aos alunos, tais como caixas de
sorteios, fichas, dados, etc., que contribuam com a investigação
sobre o conhecimento específico e a mobilização do PFC em
diferentes contextos;
48
48
processo de aprendizagem mais significativo, em que a comunicação
matemática está integrada a diferentes formas de discursos: para
argumentar, questionar, representar e informar; o que influencia
os processos de ensino e de aprendizagem, pois, ao expressar-se,
elaboram argumentos e atribuem significados, potencializando, assim,
emancipação e autonomia ao longo dos citados processos, de modo a
partilhar e apropriar conceitos matemáticos.
49
PARA SABER MAIS
Aprofunde os estudos relativos às diferenças e influências
da comunicação matemática por meio da leitura da tese de
doutorado de Maria Helena Silva de Sousa Martinho. Nesse
trabalho, o desenvolvimento de um projeto colaborativo
entre comunidades de aprendizagem é apresentado de
forma que explicita como a abordagem metodológica
comunicativa favorece a aprendizagem. Consulte a
referência desse material e atente para a diversidade das
atividades desenvolvidas pela autora.
5. Considerações finais
50
50
disso, foi destacada a necessidade de garantia de espaços para
a comunicação matemática e nas aulas de matemática, o que
favorece a aprendizagem, a interação discente-discente e a
interação discente-docente, além de privilegiar a negociação
de significados e tornar esse aspecto fonte de construção de
conhecimentos compartilhados.
TEORIA EM PRÁTICA
Considere-se mediante a missão de realizar uma proposta
de atividade para saber como seus alunos mobilizam
conceitos e procedimentos relativos ao PFC. Utilize a
questão elaborada pela OBMEP1:
As equipes de alunos
Alguns alunos de uma escola foram divididos em equipes
satisfazendo as seguintes condições:
i. Quaisquer 2 equipes diferentes possuem exatamente 2
membros em comum.
ii. Toda equipe possui exatamente 4 elementos.
iii. Para quaisquer 2 alunos, existe uma equipe da qual ambos
não fazem parte.
a. Explique por que um par qualquer de estudantes pode
participar de no máximo 3 equipes.
b. Qual o número máximo de equipes? (INPA, 2018, p. 165).
1
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) foi criada em 2005, com o objetivo de estimular o
estudo da matemática. Projeto nacional realizado pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada – IMPA, com o
apoio da Sociedade Brasileira de Matemática – SBM, direcionado às escolas brasileiras. A ação é promovida com apoio do
Ministério da Educação e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTIC.
51
como se poderiam relacionar as estratégias apresentadas
com o uso de fórmulas combinatórias no curso da educação
básica e como envolver a dimensão lúdica nessa proposta2.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
2
Para ilustrar experiências envolvendo a dimensão lúdica nas aulas de matemática, indicamos a leitura de um artigo
que relata uma experiência de ensino e de aprendizagem do PFC no ensino médio. Referência: CEDRO, W. L.; ARAÚJO, F.
M. de A.; RIBEIRO, H. I. C. Brincando com a matemática e aprendendo o princípio fundamental da contagem. Educação
Matemática Em Revista, Rio Grande do Sul, ano 16, v. 2, n. 16, 2015, p. 82-90.
52
52
a. Reconhecer figura geométricas, seus conceitos e
quantificação de lados, vértices, arestas e outros
atributos.
53
Referências bibliográficas
54
54
Gabarito
Questão 1 – Resposta A
O princípio fundamental da contagem está relacionado a situações
que envolvam possibilidades de um evento determinado ocorrer e
que podem ser organizados de formas diferentes (pessoas numa
fila, objetos em recipientes, categorias distintas), combinações
(peças de roupas, sabores de sorvete, placas de automóveis,
modelos de produtos, etc.), sendo a estrutura elementar
para atividades de combinações possíveis, em que se tornam
impreteríveis a análise e o desenvolvimento de técnicas de
contagem e de organização dessas contagens.
Questão 2 – Resposta B
Diante de situações-problemas e de diferentes tarefas, os alunos
deverão reconhecer que tipos de contagem são necessárias
e como organizá-las, sendo os procedimentos combinatórios
uma dessas possibilidades, a fim de determinar as combinações
possíveis dentro da situação que estabelece uma referida tarefa e
as quantidades de combinações possíveis ao contexto, respeitando
os critérios que se apresentem logicamente como necessários. Um
desses critérios é a análise da situação proposta de modo a verificar
o tipo de relevância da ordem, as etapas, os agrupamentos ou fatos
apresentados pela situação e modos de combiná-los.
Questão 3 – Resposta D
A relação entre o PFC e a análise combinatória está no fato de
aquele constituir um recurso que pode ser aplicado a diferentes
situações combinatórias, servindo de apoio para a construção
de procedimentos e compreensões mais formais daquele campo
de conhecimento, entendido como “um princípio implícito na
resolução de todos os tipos de problemas combinatórios” (LIMA,
2015, p. 26). Partindo desse modo de compreender o princípio
multiplicativo, é possível entender que o PFC é um fundamento das
fórmulas empregadas em análise combinatória no ensino médio.
55
Grandezas direta e indiretamente
proporcionais
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
56
56
1. Contextualização
57
como pontos de abordagem os conceitos fundamentais relacionados a
esses conteúdos como objetos matemáticos, instrumentos para ensino e
para aprendizagem e aspectos que influenciam esses processos.
2. Aprendizagem significativa
58
58
Moreira (2011, p. 26) explicita que a aprendizagem significativa é o
processo por meio do qual:
[...] uma nova informação (um novo conhecimento) se relaciona de
maneira não arbitrária e substantiva (não literal) à estrutura cognitiva do
aprendiz. É no curso da aprendizagem significativa que o significado lógico
do material de aprendizagem se transforma em significado psicológico
para o sujeito. Para Ausubel (1963, p. 58), a aprendizagem significativa é
o mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta
quantidade de ideias e informações representadas em qualquer campo de
conhecimento.
59
significativos (ou seja, suficientemente não arbitrários e relacionáveis de
maneira não arbitrária e substantiva a sua estrutura cognitiva). É também
nesta interação que o conhecimento prévio se modifica pela aquisição de
novos significados. (MOREIRA, 2011, p. 26-27).
60
60
apresenta curso crescente em relação à complexidade, sendo
a ampliação e o aprofundamento conceituais possibilidades de
organização do conhecimento a ser ensinado, o que se aplica ao
conhecimento matemático.
61
C2 – Propor ou participar de ações
para investigar desafios do mundo - Medições e cálculos de perímetro, de área,
contemporâneo e tomar decisões de volume, de capacidade ou de massa.
éticas e socialmente responsáveis, - Coleta de dados e comunicação
com base na análise de problemas de resultados.
sociais, como os voltados a situações - Interpretação de medidas
de saúde, sustentabilidade, das centrais e de dispersão.
implicações da tecnologia no mundo do - Cálculos e representações
trabalho, entre outros, mobilizando e gráficos e em planilhas.
articulando conceitos, procedimentos e - Cálculo de juros simples e composto.
linguagens próprios da matemática
- Equações lineares.
- Uso de técnicas algébricas.
- Uso de técnicas gráficas.
- Construção de modelos empregando as
funções polinomiais de 1º ou 2º graus.
C3 – Utilizar estratégias, conceitos,
- Funções exponenciais.
definições e procedimentos matemáticos
- Funções logarítmicas.
para interpretar, construir modelos
- Funções seno e cosseno relacionadas
e resolver problemas em diversos
à álgebra e à geometria.
contextos, analisando a plausibilidade
- Congruência.
dos resultados e a adequação das
- Semelhança.
soluções propostas, de modo a
- Relações métricas.
construir argumentação consistente.
- Cálculos de áreas e de volumes de
prismas, pirâmides e corpos redondos
em situações reais (totais e parciais).
- Problemas de contagem.
- Probabilidade.
- Funções polinomiais.
C4 – Compreender e utilizar, com - Representações de funções
flexibilidade e precisão, diferentes registros exponencial e logarítmica expressas
de representação matemáticos (algébrico, em tabelas e em plano cartesiano.
geométrico, estatístico, computacional, - Conversão de representações.
etc.), na busca de solução e comunicação - Interpretar e comparar conjuntos
de resultados de problemas. de dados estatísticos por meio de
diferentes diagramas e gráficos.
- Investigar relações entre números.
C5 – Investigar e estabelecer conjecturas - Relações entre tabelas gráficos e funções.
a respeito de diferentes conceitos e - Elementos de funções.
propriedades matemáticas, empregando - Obtenção de fórmulas para cálculos.
estratégias e recursos, como observação - Ladrilhamentos do plano.
de padrões, experimentações e - Variação de áreas e de perímetros.
diferentes tecnologias, identificando - Ângulos.
a necessidade, ou não, de uma - Progressões.
demonstração cada vez mais formal na - Comportamentos de variáveis.
validação das referidas conjecturas. - Estudos de padrões.
- Generalizações.
Fonte: BRASIL, 2018, p. 532-546.
62
62
As competências expressadas no quadro acima mostram os objetivos
finais de aprendizagens dos alunos após terem passado por todo o
ensino fundamental e aquelas que devem atingir ao final da última
etapa da educação formal. Isso expressa pelo menos duas preocupações
e natureza da docência:
63
Essa dimensão da aprendizagem significativa deverá envolver situações
políticas, sociais e econômicas – fatos, taxas de juros, impostos, inflação,
produção de mercadorias, índices, orçamento familiar, matemática
financeira, etc. –, relativas a fenômenos da natureza, às ciências da
natureza, às tecnologias digitais – usos de aplicativos e de diferentes
aparelhos, capacidade de armazenamento de dados, programação,
velocidade de transferências de dados, simuladores, etc. –, às
divulgações empreendidas pelos diferentes meios de comunicação,
a textos científicos, produções humanas – arte, construções, croquis,
etc. –, pesquisas, usos de planilhas, medições, estimativas e cálculos.
Envolvem, portanto, a necessidade de resolver problemas que
abrangem grandezas determinadas pela razão entre outras grandezas,
análise de situações e/ou representações em que é necessário distinguir
comportamentos proporcionais de outros que não o são e, em casos
de proporcionalidade, distinguir entre o tipo direto ou inverso e em que
medida, tal como em casos de funções polinomiais em que uma variável
possa ser diretamente proporcional ao quadrado da outra, por exemplo.
64
64
tecnológicos disponíveis poderão fazer parte desse processo? E quais
outros recursos serão utilizados? Como os diferentes saberes docentes
contribuem para o planejamento desse processo? Que passos didático-
metodológicos serão dados previsivelmente do início ao fim do recorte
do conteúdo que será abordado com os alunos em determinado nível
de desenvolvimento escolar? Quais problemáticas serão levantadas?
Quais serão as atividades investigativas? E que tarefas para atingir os
objetivos de ensino? Como avaliar os alunos ao longo desse processo?
Que melhorias empreender ao processo? Esse percurso possibilita que
o trabalho docente também apresente uma dimensão investigativa
que vá além da apresentação dos conceitos seguidos de cálculos,
apresentando as formas organizativas das situações de aprendizagem
como um fator que influencia na aprendizagem de cunho significativo
para os alunos. Isso envolve buscar recursos didáticos que favoreçam o
desenvolvimento dos conceitos envolvidos.
65
são determinadas por uma relação entre as variações das grandezas de
espaço ou distância e de tempo, expressando que há diferentes relações
possíveis entre os atributos daquilo que possa ser medido.
66
66
Gráfico 1 – Relação entre grandezas diretamente proporcionais
Espaço X 200 2 10 1
67
A relação entre as grandezas é denominada proporcionalidade e a
taxa dessa proporção é dada pela razão entre unidades de medidas
atribuídas às grandezas, o que estabelece a propriedade fundamental
das proporções e possibilita encontrar o valor de determinada unidade
de medida desconhecida. Já o tipo de proporcionalidade ou relação
entre as grandezas se dá de acordo com a natureza das grandezas
envolvidas na situação e no recorte observado da mesma.
68
68
Esses conceitos são requeridos desde o início e até o encerramento da
educação básica, em cada etapa específica. Conceituar as noções de
razão e de proporção acarreta a necessidade de compreender que cada
uma das proporções é formada pela igualdade entre razões dos valores
de unidades de medidas de grandezas de naturezas iguais ou distintas,
envolvendo a necessidade de que realizem observações sistemáticas de
aspectos quantitativos e qualitativos necessárias a essas conceituações,
as quais, por inter-relações, vão se tornando cada vez mais complexas.
Esses conhecimentos oportunizam que os alunos:
Resolvam problemas que envolvam variação de proporcionalidade direta
entre duas grandezas, para associar a quantidade de um produto ao valor a
pagar, alterar as quantidades de ingredientes de receitas, ampliar ou reduzir
escala em mapas. Resolvam problemas que envolvam porcentagens, com
base na ideia de proporcionalidade. Resolvam problemas envolvendo a
partilha de uma quantidade em duas partes desiguais, tais como dividir
uma quantidade em duas partes, de modo que uma seja o dobro da
outra, com compreensão da ideia de razão entre as partes e delas com o
todo. Ampliem e reduzam de figuras poligonais em malhas quadriculadas:
reconhecimento da congruência dos ângulos e da proporcionalidade
dos lados correspondentes. Reconheçam a congruência dos ângulos e a
proporcionalidade entre os lados correspondentes de figuras poligonais.
Resolvam e elaborar, sem fazer uso da “regra de três”, utilizando estratégias
pessoais, cálculo mental e calculadora, em contextos de educação
financeira, entre outros. Utilizem sentenças algébricas para solução de
problemas envolvendo a ideia de proporcionalidade, partes proporcionais.
Façam relações envolvendo teoremas de proporcionalidade, verificações
experimentais e demonstrações de relações. (BRASIL, 2018, p. 278-319).
69
realidade e perspectivas, em que discute o ensino
de proporcionalidade a partir da perspectiva da
engenharia didática e do uso recursos tecnológicos
para estabelecimento de relações com a geometria,
probabilidade e estatística e experimentos práticos.
Vide a referência completa na bibliografia desta Leitura
Fundamental.
70
70
que, sob diferentes exercícios de observações, poderiam ser feitos
processos de transformações diversas, tais como a conservação de
quantidades, por exemplo, envolvendo mais o caráter ativo do processo
educativo e menos o caráter contemplativo e passivo da aprendizagem.
Por essas vias entende-se que a aprendizagem dos conceitos envolvidos
nos conteúdos de razão e proporcionalidade entre grandezas envolve
situações em que os alunos possam realizar experimentos, tocar, ver,
medir, comparar e observar situações, estados e condições como fontes
e método de aprendizagem.
71
Nesse método, o contato com objetos se faz essencial, sendo um
suporte para a didática da matemática. Desse modo, os objetos se
apresentam como pontos de partida e, por meio da educação dos
sentidos, o estatuto do conhecimento ascende às ideias abstratas,
passando, assim, da intuição sensível à intuição intelectiva. Nesse
método, os materiais (para desenho, instrumentos de medida, livros
didáticos, materiais para ensino de números, de geometria, álgebra,
probabilidade, softwares, imagens, etc.) são considerados instrumentos
para o ensino e para a aprendizagem dos alunos, devendo haver
espaço no planejamento das aulas, da organização das etapas de
uma sequência didática e de abordagem de cada conteúdo para essas
relações. O método intuitivo utiliza, portanto, objetos como suporte
didático e os sentidos como veículos da produção de ideias, iniciando
do concreto e ascendendo à abstração. Assim, os sentidos devem
ser educados para obter o conhecimento, passando da intuição dos
sentidos para a intuição intelectual.
72
72
e relações entre grandezas, conhecimentos necessariamente abstratos,
o método intuitivo propõe uma via natural de alcance construtivo de
seus significados matemáticos, de seus diferentes usos e aplicações, por
meio da intuição.
ASSIMILE
O método de ensino intuitivo significou, no contexto
educacional brasileiro do início do século XX, um processo
de reorientação das práticas de ensino que culminaram
em reformas educacionais, como a reforma Rui Barbosa,
por exemplo. Essas reformas foram influenciadas pelas
produções de Norman Alisson Calkins e Johann Heinrich
Pestalozzi. A aplicação do método para conteúdos
matemáticos é indicada pela atribuição dos saberes
elementares como pontos de partida em situações de
experiências concretas e sensíveis, seguindo em direção ao
progressivo alcance de conhecimentos abstratos.
4. Considerações finais
73
geométricas, grandezas derivadas e determinadas por expressões
de cálculo de áreas e relacionadas a outras demandas da
sociedade atual. São muitas as relações possíveis, entre razões,
grandezas e proporcionalidades, tanto de modo intrínseco às
diferentes áreas da matemática, das relações entre elas e com
outras áreas, tais como química, história, geografia e as ciências
em geral, o que fornece ferramentas que permitem ao ser
humano agir sobre a sua realidade em diferentes práticas, pelo
desenvolvimento de capacidades imaginativas, meios pelos quais
se poderão explorar de modo significativo os procedimentos e os
conceitos matemáticos.
TEORIA EM PRÁTICA
Crie uma situação didática com o objetivo geral de ensinar
o conteúdo de razão e proporção. Determine o público-alvo
para o trabalho didático considerando as perspectivas da
aprendizagem significativa e do método de ensino intuitivo.
Em seguida, estabeleça os objetivos específicos, o tempo
estimado para a introdução, dos conceitos centrais. Determine
74
74
as etapas a serem seguidas para a abordagem dos conteúdos,
cada uma das atividades que farão parte do processo de
ensino, as estratégias e os recursos utilizados, de modo a
abordar o método intuitivo de algum modo. Faça uma lista
das hipóteses iniciais antes do ensino e, por fim, uma lista das
expectativas de resultados ao final da situação planejada.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
75
d. Ao planejar a abordagem didática de um objeto
de estudos, deverá levar em consideração os
conhecimentos prévios dos alunos, tendo em vista
que produzem sentidos e relações que ressignificam
os conhecimentos anteriores, os quais apoiam
processos de construção de novos, construindo novos
conhecimentos.
b. Arbitrariedade e sensibilidade.
e. Intuição e substancialidade.
76
76
c. Influenciou a renovação pedagógica da educação
brasileira.
Referências bibliográficas
77
MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa: um conceito subjacente. Aprendizagem
Significativa em Revista/ Meaningful Learning Review, v. 1, n. 3, p. 25-46, 2011.
. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro, 2010.
NASCIMENTO, J. L. S. do. Uma caracterização sobre a apropriação do método
intuitivo de Calkins para saberes aritméticos do ensino primário em revistas
pedagógicas brasileiras (1891-1931). 2018. 116 f. Dissertação (Mestrado em Ensino
de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018.
PONTES, M. G. de O. Medidas e proporcionalidade na escola e no mundo do
trabalho. 223 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1996. Disponível em: http://www.
repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/253739. Acesso em: 20 fev. 2019.
SAVIANI, D. O legado educacional do longo século XX brasileiro. In: SAVIANI, D. et. al.
O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2004.
SILVA, D. M. L. Uma análise do ensino de proporcionalidade no ensino fundamental:
realidade e perspectivas. 2015. 109 f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências
Exatas e de Tecnologia, Departamento de Matemática – Programa de Pós-
Graduação Profissional em Ensino de Matemática –PROFMAT, Universidade Federal
de São Carlos, São Carlos, 2015.
VALDEMARIN, V. T. Os sentidos e a experiência: professores, alunos e métodos
de ensino. In: SAVIANI, D. et. al. O legado educacional do século XX no Brasil.
Campinas: Autores Associados, 2004.
Gabarito
Questão 1 – Resposta D
78
78
Questão 2 – Resposta C
A susbtantividade e a não arbitrariedade são características
essenciais da aprendizagem significativa. Os conhecimentos
incorporados à estrutura cognitiva fazem parte do caráter
substantivo do conhecimento aprendido, expressando a
centralidade, a essência dos conceitos aprendidos, juntamente ao
caráter não arbitrário.
Questão 3 – Resposta D
O método intuitivo utilizava os objetos como suporte didático e os
sentidos possibilitavam a produção de ideias, iniciando do concreto
e ascendendo à abstração. Os sentidos deveriam ser educados
para obter o conhecimento, passando da intuição dos sentidos
para a intuição intelectual. O método de ensino intuitivo tem
como princípio central o fato de a intuição ser o ponto de partida
da metodologia racional-dedutiva de conhecimento, de modo
que o conhecimento seja construído a partir da organização da
experiência, cuja entrada inicial são os sentidos.
79
Produtos notáveis e fatoração
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
80
80
1. Contextualização
81
com probabilidade e estatística, por exemplo, tanto a fim de que esse
estudo não seja fragmentado com o campo de uso e de aplicação
em apenas uma área quanto para ampliar as possibilidades de
representação e de compreensão desses procedimentos de forma
intrínseca a diferentes contextos de significação, ainda que esse
contexto seja explicitamente matemático.
82
82
2. Casos de produtos notáveis mais recorrentes
na educação básica
83
Esses casos brevemente descritos de a a e apresentam os casos
mais recorrentes de produtos notáveis, bem como suas regras,
seus significados aritméticos e formas gerais, necessitando serem
demonstrados, exemplificados, observados, identificados e classificados,
além de aplicados em diferentes contextos matemáticos e, quando
possível, a problemas situados, ao longo do processo de ensino.
A soma dos quadrados será dada por: (a + b)² = a² + 2ab + b². Desse
quadrado é possível concluir que a² + b² = (a + b)² – 2 ab.
84
84
Assim, retomando a soma dos quadrados, temos que a² + b² =
2 (a + b)3 – (a3 + b3)
(a + b)² –
3 (a + b)
E retomando os dados de que a + b = 3 e a³ + b³ = 25, segue que a² + b² =
2 (3)3 – (25) 77
(3)² – = .
3 (3) 9
A resolução de uma situação-problema como a do exemplo acima
requer diversas habilidades, e traz a fatoração como um recurso de
cálculo. Quanto às habilidades citadas, estão designadas pela Base
Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018), iniciando no final do terceiro
ciclo e sendo retomada no início do quarto ciclo e ampliada ao final
deste último ciclo, conforme as seguintes descrições: necessidade de
desenvolver a compreensão de processos de fatoração de expressões
algébricas, com base em suas relações com os produtos notáveis, para
resolver e elaborar problemas que possam ser representados por
equações polinomiais do 2º grau, relacionada às seguintes habilidades:
(a) compreensão das funções como relações de dependência unívoca
entre duas variáveis e suas representações numérica, algébrica e
gráfica e utilização desse conceito para analisar situações que envolvam
relações funcionais entre duas variáveis; (b) resolução e elaboração de
problemas sejam representados por equações polinomiais de 1º grau,
redutíveis à forma ax + b = c, fazendo uso das propriedades da igualdade
e (c) compreensão dos processos de fatoração de expressões algébricas,
com base em suas relações com os produtos notáveis, para resolver
e elaborar problemas que possam ser representados por equações
polinomiais do 2º grau (BRASIL, 2018, p. 306-311).
85
no plano cartesiano, e (g) resolver e elaborar problemas relacionados
ao seu contexto próximo, que possam ser representados por sistemas
de equações de 1º grau com duas incógnitas e interpretá-los, utilizando,
inclusive, o plano cartesiano como recurso (BRASIL, 2018, p. 316-318).
86
86
de acordo com as etapas de escolarização, investigando oportunidades
para apresentar progressivamente os aspectos da formalidade, da
sistematização e da abstração que esses conteúdos carregam, não os
apresentando de uma vez por todas, porém, com a ênfase que destaca
a importância da linguagem simbólica como modo comunicativo,
sobretudo para produzir representações e argumentações. Isso significa
ampliar a capacidade do pensamento matemático do aluno.
87
A área do segundo quadrado é expressada por: (a + b)², contando
com as áreas que o compõem, sendo as áreas dos quadrados a² e b²
e as áreas dos retângulos, 2(ab)². Dessa situação decorre que a área
total do segundo quadrado, composto pelas áreas alaranjadas e azuis,
corresponde ao seguinte: (a + b)² = a² + b² + 2(ab)².
88
88
(x + 1)³ = x³ + 3 (x²) 1 + 3 x (1)² + 1³ (x + 1)³ = x³ + 3 x² + 3 x + 1.
89
[...] as dificuldades apresentadas nas resoluções das questões foram as
mesmas nas séries citadas. Estas estavam mais relacionadas a cálculos
algébricos e não ao processo de resolução de produtos notáveis. As
perguntas mais frequentes dos alunos foram: cálculos com frações; se
(a + b)² é diferente de (m + n)² e cálculos envolvendo potência. (ROSA e
CARVALHO, 2012, p. 8).
90
90
Esse tipo de abordagem permite ligações entre álgebra e geometria, pelo
que se observa a viabilidade do viés didático-metodológico geométrico-
algébrico que possibilita a construção de conceitos de ambos os
campos, tomando elaborações matemáticas para sua aprendizagem.
Segundo Neto (2001, p. 104), essa perspectiva constitui uma alternativa
didática, inclusive para a aprendizagem de equações. O mesmo autor
desenvolveu um processo investigativo em que uniu a essa perspectiva
processos geométricos da história da matemática, tais como o diagrama
grego para o quadrado da soma de dois termos, o que expressou que a
abordagem geométrica possibilita a interpretação dessa relação notável
por meio de retângulos, sendo que a construção algébrica da relação a
respeito do quadrado da soma de números positivos é possível a partir
dos casos particulares de retângulos, até alcançar um modelo genérico
que se aplique a quaisquer dois termos constituídos por números reais,
a saber, uma expressão algébrica que generaliza esse caso.
91
também a história da matemática como recurso didático para análise e
contextualização da álgebra na Antiguidade e o uso do diagrama grego
para realizar uma interpretação de cunho geométrico do quadrado da
soma de dois termos e das equações de segundo grau, sendo este último
recurso representado pela soma de quadrados e de retângulos, pelo que
é possível resolver problemas algébricos:
92
92
O autor ainda conclui que esses movimentos contribuem com a
aprendizagem matemática, de modo que o “ensino de álgebra via
geometria seja um facilitador da aprendizagem dessa matéria e que
o aluno aprenda a resolver problemas através da interpretação e da
manipulação algébrica dos dados” (NETO, 2001, p. 122).
ASSIMILE
93
o ensino desses conteúdos com o uso de materiais manipulativos.
Entretanto, tais recursos podem ser definidos como úteis aos processos
de ensino e de aprendizagem (LORENZATO, 2006), acrescentada a
necessidade de ser um fato presente em situações de aprendizagem
para os alunos terem oportunidades de pensar e planejar soluções de
problemas fazendo uso de alguns desses materiais, de modo a apoiar
sua argumentação, demonstrações de percepção e seu raciocínio.
Com o uso desse tipo de material, a partir de um plano de ensino
bem fundamentado, os alunos poderão organizar formas de pensar e
interiorizá-las, de modo que isso signifique construção de conhecimentos.
94
94
Para apoiar o ensino de produtos notáveis, materiais tais como palitos,
elásticos, geoplano, massa de modelar, argila, materiais modeláveis,
materiais de montagem e/ou encaixe, materiais que permitem
transformações dinâmicas, materiais que permitem dobragens
(papiroflexia) e registros de desenhos, modelos fixos, modelos a partir
de objetos reais, dentre outros, que permitam representações em duas
ou três dimensões podem ser inseridos nas atividades matemáticas para
a produção de representações geométricas seguidas da identificação
do padrão ou da regularidade algebricamente representado quando
a atividade propuser, por mobilização de conhecimentos anteriores,
a determinação de áreas, perímetros ou volumes das construções
mobilizadas para estudo.
95
Ventura e Laudares (2016) propõem que as sequências didáticas
que estejam preocupadas em articular geometria e álgebra devam
considerar usos de materiais manipulativos para conduzir o aluno
a retomar conhecimentos prévios e a estabelecer pontes entre
conhecimentos geométricos, conhecimento algébrico como conteúdo de
produtos notáveis, valorizando algumas etapas relevantes (p. 41-43):
• Etapa de reconhecimento: momento designado para o
reconhecimento do material e para construções das primeiras
representações algébricas de fenômenos geométricos. Esta
etapa também proporciona percepções dinâmicas da atividade
matemática proposta em que o uso do material se faz necessário.
• Etapa de ação: momento em que é realizada a utilização da
representação geométrica para estabelecer relação com a
representação algébrica de área ou volume, por exemplo.
Momento em que o aluno é estimulado a construir procedimentos
que levam à obtenção das fórmulas para chegar ao conceito do
produto notável em questão.
• Etapa de consolidação do conhecimento: momento de
socialização do conhecimento construído, tanto coletiva quando
individualmente, durante as atividades matemáticas propostas
para investigação.
96
96
Neste ambiente se encontram materiais manipulativos, instrumentos de
medida, cálculo, observações, experiências, jogos, suportes tecnológicos,
seguindo os objetivos de alcançar aspectos relevantes para:
a. o ambiente escolar: um espaço propulsor de recursos adequados
ao ensino e à aprendizagem da matemática ao promover aulas
de acordo com as novas tendências educacionais; possibilitar
atividades individuais e em grupos; promover o intercâmbio entre
diferentes níveis de ensino; promover a criação de um espaço
para reflexão;
b. os alunos: promover a aprendizagem ativa e significativa, usar
diferentes materiais, instrumentos e equipamentos para a
aprendizagem matemática, desenvolver práticas interdisciplinares,
integração entre ensino e tecnologia, uso e compreensão de
representações matemáticas e realização de construções diversas;
c. o professor: intercambiar experiências de materiais,
atividades, programas e conhecimentos diversos; promover a
interdisciplinaridade entre a matemática e as outras disciplinas e
a articulação entre as diversas áreas da matemática; fazer uso de
recursos tecnológicos para ensino; acesso a acervo de recursos
didáticos, divulgação de investigações e estudos realizados na
prática docente, dentre outros (SILVA, 2004, p. 2-5).
97
PARA SABER MAIS
5. Considerações finais
98
98
TEORIA EM PRÁTICA
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
99
b. É uma estratégia didática que permite a aproximação
entre diferentes aspectos do conhecimento algébrico
e do conhecimento geométrico.
100
100
a. Constituir uma abordagem didática de renovação do
ensino da matemática.
Referências bibliográficas
101
Interamericana de Educação Matemática - CIAEM/IACME, Recife: UFPE
Universidade 2011.
NACARATO, A. M. Eu trabalho primeiro no concreto. SBEM: Revista da Educação
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Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino,
Ciência e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa:
UTFPR, 2014.
Gabarito
Questão 1 – Resposta B
A abordagem geométrica dos produtos notáveis permite ligações
que estabelecem relações entre álgebra e geometria, pelo que se
expressa a viabilidade do viés didático-metodológico geométrico-
algébrico que possibilita a construção de conceitos de ambos os
campos, tomando elaborações matemáticas para sua aprendizagem.
Essa perspectiva constitui uma alternativa didática, inclusive para a
aprendizagem de equações, sendo que permite a visualização, a qual
constitui uma estratégia didática para o ensino de produtos notáveis.
Questão 2 – Resposta D
102
102
Materiais manipulativos são definidos como recursos úteis aos
processos de ensino e de aprendizagem (LORENZATO, 2006), além
da necessidade de compor situações de aprendizagem em que
os alunos tenham oportunidades de pensar e planejar soluções
de problemas fazendo uso de alguns desses materiais, de modo
a apoiar sua argumentação, demonstrações de percepção e
seu raciocínio. Esse tipo de material também pode despertar o
interesse dos alunos pelos estudos em matemática, porém seus
usos não devem ser encerrados na simples manipulação por parte
dos alunos, porém, fazer parte de uma proposta didática que
estabeleça relações entre os objetivos de ensino, os conteúdos
matemáticos e os materiais que foram escolhidos para apoiar,
ou, ainda, ilustrar esse ensino, como parte de uma proposta
pedagógica maior do ensino da matemática para um ano, para um
ciclo, para a educação básica como um todo.
Questão 3 – Resposta E
São objetivos da implantação de um laboratório de matemática:
constituir uma abordagem didática de renovação do ensino da
matemática por meio do desenvolvimento de metodologias ativas,
permitir que a aprendizagem e o ensino da matemática sejam
observados de modo investigativo, compor ambientes pedagógicos
para construção de conhecimentos, em que são disponibilizados
recursos pedagógicos que auxiliem aqueles processos, tendo em
vista a melhoria da qualidade, o desenvolvimento de atividades
diversas, resolução de problemas, construção de conceitos,
habilidades e de procedimentos; alcançar aspectos relevantes
para o ambiente escolar, para os alunos e para o professor,
dentre outros.
103
Desenvolvimento do pensamento
algébrico no Ensino Fundamental II
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
104
104
1. Contextualização
105
à matemática segundo os aspectos da abstração e do desenvolvimento
do conhecimento algébrico moderno; e (c) os modos de segmentação
das áreas da matemática, tornando-a um conhecimento único. Na área
da educação, portanto, a atualização se deu por vias da modernização
dos conteúdos, cuja importância apresentou reflexos de cunho social,
tendo em vista que as estruturas da matemática em discussão e em
processo de renovação passaram a estar relacionadas à quantidade de
matemática que era ensinada na escola, bem como à ideia de progresso e
de desenvolvimento nacionais (ARAÚJO, 2009). Processo por meio do qual
a matemática foi se tornando historicamente a estrutura básica da ordem
social, cuja força está atrelada ao tipo e à quantidade de matemática
ensinada na escola secundária (BROWN apud ARAÚJO, 2009, p. 67).
106
106
Entretanto, diversas pesquisas, tais como a realizada por Katia Henn
Gil, que expressa as dificuldades que os alunos apresentam para
aprendizagens de contextos algébricos (GIL, 2008), e dados públicos, tais
como os presentes no relatório da evolução da aprendizagem escolar
ao longo da década entre 2005 e 2015 (BRASIL, 2018), revelam que
as reformas educacionais, as renovações curriculares e os conteúdos
matemáticos presentes na escola não expressam maiores facilidades
de aprendizagem por parte dos alunos, nem mesmo para o ensino da
álgebra, sendo este um grande desafio educacional na educação básica.
107
e relações com contextos de práticas humanas, por exemplo (BRASIL,
1997), em contrapartida à agenda de recomendações do National
Council of Teachers of Mathematics (NCTM) dos Estados Unidos, que
indicavam a resolução de problemas como um ponto de partida e a
necessidade de consideração de aspectos sociais, linguísticos e culturais
para o ensino da matemática, para o que os PCNs produziram uma
resposta indicando:
108
108
O documento considera, ainda, que nos anos iniciais do ensino
fundamental, há possibilidades para o desenvolvimento de um
conhecimento pré-algébrico por parte dos alunos, o que significa
uma abordagem com menor grau de rigor e formalidade, desde que
articulado ao campo da aritmética. Assim, o lugar específico da álgebra
no ensino fundamental estaria a cargo dos anos finais.
109
aritméticas e estabelecimento de relações, fazendo uso da linguagem
algébrica, estudos de equações, sistemas, inequações e investigações
de técnicas de soluções, estudos de significados de expressões,
interpretações geométricas e gráficas, a partir de situações-problemas
mobilizadas em diversos contextos (BRASIL, 1998).
110
110
Nesse sentido, pode-se considerar que a noção de rompimento entre
as noções elementares, as “noções pré-álgebra” (BRASIL, 1997, p. 7) e
os conteúdos algébricos em si passam por uma revisão, sendo que o
primeiro segmento seria responsável por essas noções ditas prévias e o
segundo pela inter-relação de atividades que veiculam diferentes noções
algébricas escolares, tal como expressa o seguinte quadro:
Álgebra no Ensino
Fundamental
Aritmética
Funcional Equações Estrutural
generalizada
Propriedade das
• Cálculo algébrico
operações Variação Resolução
de grandezas de equações • Obtenção de
generalizações de
expressões equivalentes
padrões aritméticos
111
propriedades das operações aritméticas na condição de generalização,
variação de grandeza, resolução de equações e cálculo algébrico, como
a reunião de conceitos e de procedimentos para obter expressões
algébricas, ou, ainda, para transformá-las em expressões equivalentes.
112
112
No segundo segmento, os conteúdos algébricos estão designados da
seguinte forma:
113
Resolver e elaborar problemas que envolvam cálculo do valor
numérico de expressões algébricas, utilizando as propriedades
das operações. Associação de uma equação linear de 1º
grau a uma reta no plano cartesiano; associar uma equação
linear de 1º grau com duas incógnitas a uma reta no plano
cartesiano sistema de equações polinomiais de 1º grau:
resolução algébrica e representação no plano cartesiano;
resolver e elaborar problemas relacionados ao seu contexto
próximo, que possam ser representados por sistemas de
equações de 1º grau com duas incógnitas e interpretá-los,
utilizando, inclusive, o plano cartesiano como recurso. Equação
polinomial de 2º grau do tipo ax2 = b; resolver e elaborar,
com e sem uso de tecnologias, problemas que possam ser
Valor numérico
representados por equações polinomiais de 2º grau do tipo
8º ano de expressões
ax2 = b; sequências recursivas e não recursivas; identificar
algébricas
a regularidade de uma sequência numérica ou figural não
recursiva e construir um algoritmo por meio de um fluxograma
que permita indicar os números ou as figuras seguintes;
identificar a regularidade de uma sequência numérica recursiva
e construir um algoritmo por meio de um fluxograma que
permita indicar os números seguintes; variação de grandezas:
diretamente proporcionais, inversamente proporcionais ou
não proporcionais; identificar a natureza da variação de duas
grandezas, diretamente, inversamente proporcionais ou não
proporcionais, expressando a relação existente por meio de
sentença algébrica e representá-la no plano cartesiano; resolver
e elaborar problemas que envolvam grandezas diretamente ou
inversamente proporcionais, por meio de estratégias variadas.
114
114
Esse percurso mostra que as mudanças dos modos como a álgebra
é abordada curricularmente dos PCNs à BNCC expressam, por
um lado, poucas alterações em relação aos conteúdos que são
designados para o ensino da álgebra no ensino fundamental II. Por
outro lado, praticam determinada mudança em relação às formas
de organização da aprendizagem, a saber, os temas da matemática,
a análise, a investigação e a resolução de problemas como formas
da atividade matemática que potencializam “o desenvolvimento de
competências fundamentais para o letramento matemático (raciocínio,
representação, comunicação e argumentação) e para o desenvolvimento
do pensamento computacional” (BRASIL, 2017, p. 264). Estes são,
inclusive, os objetivos do ensino de álgebra que compõem o processo de
desenvolvimento do pensamento algébrico.
115
uso da representação, da linguagem simbólica e da argumentação como
resultados de um processo de aprendizagem iniciado na fase anterior de
ensino, como continuidade dos processos de compreensão e análise das
relações quantitativas.
116
116
conhecimento algébrico de modo mais amplo, articulando relações com a
aritmética, representações simbólicas, raciocínio algébrico e a concepção
da álgebra que envolva seus aspectos elementares e mais abstratos.
ASSIMILE
O termo “álgebra” faz referência às equações, e os usos mais
atuais do termo exigem uma compreensão mais ampla, que
considera pelo menos duas fases do desenvolvimento dessa
ciência: a álgebra tradicional, mais antiga, que elenca os
conteúdos elementares do pensamento algébrico centrado
nos estudos de equações e procedimentos de solução, e a
álgebra moderna, de caráter mais abstrato, preocupada com
o estudo das estruturas matemáticas.
117
quantidades, por exemplo. Isso acontece em função de uma possível
não usual exploração de problemas em diferentes contextos, que
exigem a solução de equações, o que limita a variedade de aplicações e
contribui para propagar a tendência da inflexibilidade do conteúdo e de
seu ensino e da compreensão de que “as relações entre as raízes e os
valores destas raízes estão preservadas dentro de uma mesma equação,
seja em x, n”, por exemplo (SILVA, 2013, p. 12).
118
118
4. Mudanças necessárias ao ensino da álgebra
119
as ideias apresentadas pelos alunos, para sistematizar os passos e
estratégias apresentados pelos alunos, estabelecer vínculos articulados
às aprendizagens anteriores e diferentes áreas da matemática, como a
geometria. Explicitar procedimentos diversificados e, progressivamente,
produzir a sistematização das aprendizagens, conceitos, linguagem e
estratégias apresentadas ao longo da resolução dos problemas e das
atividades de partida, que incluam aspectos adequados da formalização
e etapas de generalização são outras estratégias necessárias.
120
120
Nesse sentido, a resolução de problemas constitui uma metodologia
de ensino que orienta tanto o ensino quanto a aprendizagem, por
proporcionar relações que, a partir de uma sequência de ações
para mudar a condição de uma determinada situação inicial, após
analisada, precisa ser validada. Essa sequência de ações necessita
ser construída por parte dos alunos mediante situações desafiadoras
que careçam de verificação para validação dos processos de solução,
de modo a provocar a elaboração de procedimentos de solução e
atribuam significados aos procedimentos, à linguagem e aos conceitos e
procedimentos tanto dos contextos mobilizados ao longo da resolução
de problemas específicos quanto à álgebra e ao seu aspecto sintático.
Permite a compreensão da natureza do pensamento algébrico, além
dos aspectos lógico-históricos (LANNER DE MOURA; SOUSA, 2002), por
meio do qual seja possível a compreensão histórica das coerências
conceituais do pensamento algébrico, tais como as noções de fluência,
de movimentos, de mutabilidade, de variável, de campo de variação,
dos aspectos simbólicos e nãovsimbólicos, de comportamentos
fenomenológicos, parametrização de fenômenos e a prática da
modelagem de situações-problemas.
121
estudantes em problemas que para eles fazem sentido, o que inclui os
problemas reais do meio social em que estão inseridos, sendo essa uma
vertente que valoriza a leitura e a intervenção no mundo em que vive,
portanto, para a dimensão crítica de sua formação, tais como ilustram os
estudos de Silva (2013), Vlassis (2011) e Leal (2013).
5. Considerações finais
122
122
TEORIA EM PRÁTICA
Realize a leitura da Base Nacional Comum Curricular
segmentando as partes que compreendem as unidades
temáticas e as habilidades do campo algébrico, designadas
para o ensino fundamental II. Escolha um ano dentro de um
dos ciclos e crie uma lista de situações-problemas dentro de
um contexto matemático, também de sua escolha, para ser
o ponto de partida para um processo de problematização
de um tema da álgebra.
Em seguida, defina as etapas da metodologia de ensino
baseada na resolução do problema proposto para
alcançar um nível de sistematização em relação ao
conteúdo escolhido, imaginando a aplicação real desse
percurso. Faça o registro dessa atividade prática como
modo de reflexão sobre uma das funções docentes que
possibilitam problematizar o ensino da álgebra e práticas
de enfrentamento às dificuldades apresentadas ao longo
dos processos de aprendizagem da álgebra. Tente prever
conflitos cognitivos que os alunos possam apresentar e as
mediações que poderão ser feitas por você na condição de
docente do ano escolhido. Bons estudos!
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
123
propostos por reformas educacionais, tais como a
Reforma Capanema, por exemplo.
124
124
b. Por estudos relacionados à generalização da
aritmética, às estruturas das arquiteturas escolares
e pela noção orgânica entre os campos da
probabilidade, da álgebra e da geometria.
do ensino da álgebra
quando passa pelo olhar que
compreende o ensino por meio dos conteúdos escolares
constituintes das disciplinas também escolares, inclui a
álgebra segundo a necessidade de
da trajetória do aluno ao longo dos segmentos do
ensino fundamental I e II e médio, bem como dos
conteúdos escolares em geral e da ,
especificamente.
125
a. A noção integrada; é colocada em prova; reforço do
aspecto de segmentação; álgebra.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, R. S. Movimento da Matemática Moderna: o reconhecimento de seus
resquícios na educação atual. 2009. 116 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
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2008. 120 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Física - Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.
126
126
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Teixeira-Silva_-Vin%C3%ADcius-Silveira.pdf. Acesso em: 6 fev. 2019.
Gabarito
Questão 1 – Resposta B
O Movimento da Matemática Moderna impulsionou diversas
reformas ao longo da história da educação brasileira, sobretudo
em relação ao ensino da matemática, o que fortaleceu a presença
127
curricular da álgebra como um dos aspectos de modernização dos
conteúdos e das preocupações com novos métodos de ensino e
novas didáticas.
Questão 2 – Resposta D
A parcela da matemática descrita pelo estudo de leis, estruturas,
relações quantidades pela generalização da aritmética, incluindo os
estudos das propriedades das operações matemáticas, expressões,
funções e equações atrelados ao rigor, ao formalismo e à abstração
constituiu parte da renovação da matemática, bem como de seus
modos de ensino, questionando a matemática atrelada ao ensino
clássico centrado em processos verbais, processos de repetição, de
memorização e de mecanização de procedimentos e atrelando-a
a uma visão de corpo de estruturas cujas complexidades são
crescentes.
Questão 3 – Resposta E
A noção segmentada do ensino da álgebra é colocada em xeque
quando passa pelo olhar que compreende o ensino por meio
dos conteúdos escolares constituintes das disciplinas também
escolares, inclui a álgebra segundo a necessidade de ênfase no
aspecto articular da trajetória do aluno ao longo dos segmentos
do ensino fundamental I e II e médio, bem como dos conteúdos
escolares em geral e da matemática, especificamente.
128
128
O Enem e as condições atuais do
Ensino Médio
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
129
1. Contextualização
1
BRASIL. Planalto. Lei Nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília: Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/
L13415.htm. Acesso em: 11 mar. 2019.
2
(MTPE) “Uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, plural e suprapartidária. Fundado em 6 de setembro de
2006 no Museu do Ipiranga, [...] apresentamos nosso marco histórico: a carta Compromisso Todos Pela Educação. Porque
um País independente se constrói com Educação de qualidade para todos” (Disponível em: https://www.todospelaeducacao.
org.br. Acesso em: 11 mar. 2019). Esse movimento estabeleceu cinco metas para a educação atingir até o ano de 2022:
1 – Inserir toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola; 2 – Alfabetizar plenamente todas as crianças até os 8 anos de
idade; 3 – Adequação da aprendizagem ao ano que o aluno está cursando (desempenho estudantil); 4 – Correção da
idade de conclusão do ensino médio (todo jovem de 19 anos deverá ter concluído o ensino médio) e 5 – Execução de
melhorias na gestão e ampliação dos investimentos em educação. Para saber mais sobre as referidas metas, consulte:
Todos Pela Educação. De Olho nas Metas: Primeiro relatório de acompanhamento das 5 Metas do movimento Todos Pela
Educação. 2008. Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br//arquivos/biblioteca/1a60588b-054d-4422-9a4f-
0f009d7b2039.pdf> Acesso em: 10 mar. 2019.
130
130
• integralização curricular incluindo temas transversais,
componentes da parte diversificada do currículo e de modo
obrigatoriamente articulado aos contextos histórico, econômico,
social, ambiental e cultural (art. 26);
131
qualidade da educação, apontando uma condição de crise do sistema
público. Segundo Freitas (2014), esse discurso da crise foi produzido e
fundamentado pelos reformistas com base na valorização das avaliações
em larga escala, as quais expressam os conceitos de evasão e de
fracasso escolares, da não conclusão e do abandono, das defasagem
idade-ano e das defasagens de conteúdos, utilizados como instrumentos
políticos para, ao mesmo tempo, valorizar soluções trazidas pelas
iniciativas de privatização e de gerenciamento privado do ensino público,
quando publicações e estudos diversos de entidades como o MTPE,
por exemplo, ganharam forças, sob a perspectiva da redução daqueles
indicadores (MTPE, 2018). Para tanto, propuseram a ampliação do
tempo de permanência dos alunos do ensino médio na escola, formas
distintas de integração da formação técnica à última etapa da educação
básica, ensino centrado nos componentes que informam a maior parte
dos dados apresentados das avaliações em larga escala, tais como o
PISA e o Saeb, por exemplo, usados para justificar a situação de falência
do modelo anterior e a necessidade de diversificação e flexibilização do
currículo designado para esta etapa.
132
132
O ensino médio está legalmente caracterizado por ser um direito
público subjetivo assegurado pela continuidade da educação básica e
que fornece a certificação de nível médio atestadora da conclusão da
educação necessária para um cidadão adulto, para um trabalhador e/
ou estudante que prosseguirá os estudos em nível técnico, tecnológico,
ou, ainda, no ensino superior. Assim, a última etapa da educação básica
é uma instância certificatória, bem como pré-requisitória fundamental
para continuidade dos estudos em diferentes níveis. A realidade
atual atesta a existência de jogos múltiplos de forças para designar as
funções da formação para a juventude brasileira, considerando suas
diversidades sociais, identitárias, culturais, econômicas, dentre outras.
São questões que precisam ser tratadas em médio e longo prazo, como
políticas públicas estruturais que visem à formação integral, à formação
humana e a um projeto de sociedade com demandas históricas presentes
e vindouras, considerando um grande contingente de adolescentes e
jovens que necessitam ser incluídos socialmente; muitos necessitam já
trabalhar, mas ao mesmo tempo urgem ter as condições de inclusão
social e no mercado de trabalho formal pelo acesso aos conhecimentos
científico, tecnológico e culturais no momento em que estão cursando o
ensino médio, de modo que não atenda tão somente à formação de mão
de obra para áreas específicas estabelecidas pelo capital.
133
E mais, que garanta aos estudantes ser protagonistas de seu próprio
processo de escolarização, reconhecendo-os como interlocutores legítimos
sobre currículo, ensino e aprendizagem. Significa, nesse sentido, assegurar-
lhes uma formação [...] garanta as aprendizagens necessárias para a leitura
da realidade, o enfrentamento dos novos desafios da contemporaneidade
(sociais, econômicos e ambientais) e a tomada de decisões éticas e
fundamentadas. O mundo deve lhes ser apresentado como campo aberto
para investigação e intervenção quanto a seus aspectos políticos, sociais,
produtivos, ambientais e culturais [...]. (BRASIL, 2018, p. 463).
3
Para saber mais sobre o observatório, acesse: http://observatoriodajuventude.ufmg.br/sobre/breve-historico.
Acesso em: 12 mar. 2019.
134
134
2008 e 2015, o que significa diminuição das taxas de retenção
de alunos nesta etapa da educação básica, o que pode também
significar um maior aproveitamento dos conteúdos ensinados e,
portanto, aprendidos.
135
de dez por cento de desistência e/ou de reprovação dessa população.
É importante retomar o fato de que o ápice da relação citada está
concentrado no momento de ingresso no ensino médio, apontando
para reflexões sobre as razões que levam os índices de abandono e de
retenção a serem maiores no primeiro ano, o que passa pelas hipóteses
relacionadas ao ingresso no mercado de trabalho, situações relativas à
sexualidade (como nos casos de gravidez na adolescência), metodologias
de ensino ineficientes, funcionamento e organização muito diferentes
da etapa anterior, aumento dos níveis de abstração e de rigor dos
componentes curriculares, falta de fundamentos conceituais, etc.
136
136
percentuais maiores na etapa do ensino médio, abarcando uma
percentagem que varia entre quase 34% da população atendida e
28% dessa mesma população no intervalo entre os anos de 2008 e
2016. Esse dado é importante pelo fato de apresentar decréscimo
nesse intervalo de tempo, o que indica que esta é uma questão
que as políticas empreendidas nesse intervalo estão produzindo
efeitos positivos.
4
Conforme descreve a Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Disponível na íntegra em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11892.htm. Acesso em: 13 mar. 2019.
137
Tabela 5 – Número de matrículas do ensino médio, segundo ano
DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA
Ano
Total Pública Federal Estadual Municipal Privada
138
138
Todas essas informações descrevem as condições atuais do oferecimento
do ensino médio e abrem espaço para questionar quais são as suas
funções. A sua finalidade pode ser encontrada no texto da LDB (Art. 35)5
como sendo para a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de
estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando,
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual
e do pensamento crítico e para a compreensão dos fundamentos
científicos e tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria
com a prática, no ensino de cada disciplina, sendo que as instituições que
acolhem as juventudes com esses intuitos deverá, segundo os objetivos
estabelecidos pela BNCC (BRAIL, 2018), atribuir sentido às aprendizagens,
por sua relação próxima aos desafios da realidade e aos dos contextos de
produção e de circulação dos conhecimentos.
5
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial
da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/544283/
lei_de_diretrizes_e_bases_2ed.pdf. Acesso em: 12 mar. 2019.
139
Contudo, as seguintes questões se colocam: como essa diversidade
de itinerários garante a continuidade dos estudos a esses jovens? Se o
ensino médio é uma etapa necessária para o acesso ao ensino superior
e o Enem, por sua vez, é uma via para esse acesso, como os itinerários
formativos possibilitariam bons desempenhos no exame e garantiriam
o acesso ao ensino superior? Se o ensino médio não possui o objetivo
preparatório para esse exame e nem para o ensino superior – pelo fato de
esses objetivos não estarem citados nas legislações reformistas –, quais
seriam as relações entre a formação de nível médio e de nível terciário?
140
140
denso e eficiente, tendo em vista que eles irão aprofundar e ampliar as
habilidades propostas para o Ensino Fundamental e terão mais ferramentas
para compreender a realidade e propor as ações de intervenção
especificadas para essa etapa. (BRASIL, 2018, p. 528).
ASSIMILE
Raciocinar, argumentar, representar e comunicar são ações
que envolvem grupos de competências inter-relacionadas
no campo da matemática. Devem ser consolidadas na etapa
do ensino médio. Estão relacionadas aos processos de
investigação, resolução de problemas, de experimentações
e construções de modelos com ênfase na expressão de
generalizações, no uso da linguagem matemática, na
modelagem, na produção de registros e na compreensão.
6
Para realizar a leitura publicada pelo Inep, cujo título expressa que nesta edição o Enem teve mais de 6,7 milhões de
inscritos, as estatísticas sobre isenção de pagamento, formas de atendimento para realização do exame e inscrições por
estado brasileiro, acesse: http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/enem-2018-tem-6-7-
milhoes-de-inscritos/21206. Acesso em: 14 mar. 2019.
7
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 468. Diário Oficial da União, Brasília, 3 de abril de 2017.
141
O exame também pode ser utilizado como mecanismo seletivo
ao ensino superior conforme diferentes programas públicos de
financiamento de cursos superiores8. No caso do Prouni, por exemplo,
a participação na edição do Enem do ano anterior é obrigatória, tendo
obtido o mínimo de 450 pontos na média das notas das provas, além
de nota maior que zero na redação. É preciso, ainda, ter obtido nota
diferente de zero na redação9.
142
142
reforma iniciada em 2009. A nova versão concedeu características
mais próximas da estrutura de exames vestibulares, requerendo
conhecimentos de habilidades das áreas das linguagens, das ciências
humanas, das ciências da natureza e matemática, segundo a teoria de
resposta ao item (TRI)10.
10
Teoria que avalia habilidades. Constitui uma metodologia de avaliação que não contabiliza apenas o número total de
acertos no Enem, sendo que o item é a unidade básica de análise. “O desempenho em um teste pode ser explicado pela
habilidade do avaliado e pelas características das questões (itens). A TRI qualifica o item de acordo com três parâmetros:
- Poder de discriminação, que é a capacidade de um item distinguir os estudantes que têm a proficiência requisitada
daqueles quem não a têm; - Grau de dificuldade; - Possibilidade de acerto ao acaso. Essas características permitem estimar
a habilidade de um candidato avaliado e de garantir que essas habilidades, medidas a partir de um conjunto de itens
sejam comparadas com outro conjunto na mesma escala, ainda que eles não sejam os mesmos e que haja quantidades
diferentes de itens usados para o cálculo. Com a TRI, não é possível comparar o número de acertos em uma área do
conhecimento com o de outra. Pela teoria, o número de questões por nível de dificuldade em cada prova e as demais
características dessas questões afetam o resultado (...)”. Para uma leitura mais aprofundada sobre a metodologia TRI,
acesse: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/389-ensino-medio-2092297298/17319-teoria-de-resposta-ao-item-avalia-
habilidade-e-minimiza-o-chute. Acesso em: 14 mar. 2019.
143
I – Dominar a H15 – Identificar H19 – Identificar H22 – Identificar
norma culta leis matemáticas representações informações
da Língua que expressem algébricas que apresentadas
Portuguesa e a relação de expressem em tabelas ou
fazer uso das dependência a relação de gráficos (de
linguagens entre duas interdependência coluna, de setores
matemática, grandezas. entre duas e de linha).
artística e grandezas.
científica
144
144
V – Recorrer H18 – Avaliar H26 – Avaliar H30 – Avaliar
aos propostas de propostas de propostas de
conhecimentos intervenção intervenção intervenção
desenvolvidos na realidade, na realidade, na realidade
utilizando cálculos utilizando utilizando
para
de porcentagem informações probabilidade e/
elaboração de
e/ou juros. expressas ou conhecimentos
propostas de em gráficos estatísticos
intervenção ou tabelas. (porcentagem,
solidária na gráficos, médias).
realidade,
respeitando
os valores
humanos e
considerando
a diversidade
sociocultural
11
Informações disponíveis em: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_
enem.pdf. Acesso em: 11 mar. 2019.
Para acessar matrizes por ano, acesse a fonte dos quadros: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/encceja/matrizes-de-
referencia. Acesso em: 11 mar. 2019. Já para acessar as descrições das matrizes por área de conhecimento, acesse: http://
download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019.
145
Também é necessário considerar que:
Por meio da visão que expressa a base sobre a qual o Enem está
organizado, é possível verificar que tipos de conteúdo são cobrados
nas provas, a fim de atestar a formação dos alunos e que tipos de
conhecimentos matemáticos atestam suas habilitações para ingressar
no ensino superior. No caso da matemática, conforme os programas
em vigência que fazem uso dos resultados obtidos no exame para
acesso ao nível seguinte de ensino, apresenta peso maior para os
cursos superiores da área de ciências exatas. Assim o exame é usado
para requerer que a continuidade da formação, de acordo com a área,
apresente melhores desempenhos em matemática, fazendo com que
conhecimentos consolidados pelos alunos ao longo de toda a educação
básica sejam pré-requisitos para o núcleo comum de conhecimentos
de nível superior para o desenvolvimento formativo em carreiras que
envolvam métodos científicos sistemáticos e lidam com procedimentos
reprodutíveis, expressões quantitativas, tomando conhecimentos das
áreas da química, da física e da matemática que, embora tenham suas
áreas específicas de estudos no ensino superior, são fundamentos para
outros cursos, tais como os das engenharias.
146
146
Nessas condições, é importante destacar o papel que a matemática
desempenha para o acesso e para a permanência no ensino superior,
sendo um dos requisitos para essas áreas de formação. Ao questionar
que matemática seria esta, é possível elencar os conteúdos presentes
na matriz do Enem, como expectativa das aprendizagens ao final da
educação básica; contudo, segundo o levantamento realizado por
Ademar Celedônio (PALMA, 2017), professor de matemática desse nível
educacional, 75% dos temas cobrados pelas questões das provas de
matemática são referentes ao ensino fundamental.
147
As considerações feitas brevemente nesta seção expressam as relações
de interdependência entre os objetos de aprendizagens do ensino
fundamental, do ensino médio e do ensino superior, sendo necessário
o desenvolvimento do pensamento lógico-matemático no curso da
matemática básica para uma mais avançada, conforme a perspectiva
de aumento de complexidade dentro da disciplina e suas diferentes
áreas. Exemplos seriam os conceitos de número e algébricos, que estão
presentes desde o primeiro ano do ensino fundamental, em que são
abordadas relações de igualdade, perpassam o segundo segmento
alcançando diferentes tipos de equações, passam pelo ensino médio
como funções e alcançam o ensino superior como sendo objetos
básicos para a aprendizagem de cálculo, a qual envolve a revisão e o
aprofundamento dos conteúdos algébricos necessários às funções
polinomiais, às funções trigonométricas, às funções logarítmicas, ao
cálculo diferencial e ao cálculo integral.
5. Considerações finais
148
148
TEORIA EM PRÁTICA
Considere-se um dos integrantes que compõem o Grupo de
Trabalho de redação da proposta de reformulação do Novo
Enem para o Novo Enem 2.0 (nome fictício), sob a tarefa
de criar uma nova matriz de referência para o Enem, cuja
edição deverá ocorrer no ano de 2021, de acordo com a Lei
nº 13.415/2017 e com a Base Nacional Comum Curricular.
Agora imagine-se tendo em sua agenda de propositor(a)
uma reunião com o referido grupo, com data marcada
para o presente mês, com a missão de apresentar aos
seus colegas de grupo uma proposta combinatória entre
diferentes eixos cognitivos e competências de matemática
(campo matemática e suas tecnologias). Considere,
para todo efeito, que as provas da edição de 2021 serão
desenvolvidas segundo a metodologia TRI, fundamentadas
na matriz que você está ajudando a construir. Retome as
seções desta Leitura Fundamental e organize sua matriz-
proposta numa tabela à semelhança da matriz apresentada
pelo Inep no ano de 2017.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
149
b. Promoveu a suplementação da Lei nº 9.131/95, que
estabeleceu a Base Nacional Comum Curricular para
o ensino médio como ampliação dos Parâmetros
Nacionais Curriculares.
150
150
a. anquear bianualmente as escolas e os sistemas
que oferecem a etapa do ensino médio a fim
do oferecimento de repasses diferenciados
de financiamentos provenientes de fundos da
administração federal.
Referências Bibliográficas
151
. Notas estatísticas – Censo Escolar 2016. Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Estatística Anísio Teixeira, 2017. Disponível em: http://download.inep.
gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatisticas_
censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf. Acesso em: 11 mar. 2019.
. Notas estatísticas – Censo Escolar 2017. Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Estatística Anísio Teixeira, 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_docman&view=download&alias=81861-divulgacao-censo-
2017-vi-pdf&category_slug=janeiro-2018-pdf&Itemid=30192.
Acesso em: 13 mar. 2019.
. Notas estatísticas – Censo Escolar 2018. Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Estatística Anísio Teixeira, 2019. Disponível em: http://download.inep.
gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2018/notas_estatisticas_
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(Org.) Por uma pedagogia das juventudes: experiências educativas do
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para a educação básica brasileira e prioridades para 2019-2022. Novembro de 2018.
Disponível em: https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/58.pdf.
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TRAVITZKI, R. Enem: limites e possibilidades do Exame Nacional do Ensino Médio
enquanto indicador de qualidade escolar. 2013. 322 f. Tese (Doutorado em
Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo: São Paulo, 2013.
152
152
Gabarito
Questão 1 – Resposta D
A Lei nº 13.415/2017 alterou a leis de número 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional e a necessidade de criação de uma Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que contemple a etapa do
ensino médio. Além disso, indica integralização curricular incluindo
projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais, abarcando
a parte diversificada do currículo para o ensino médio, de acordo
com BNCC e de modo obrigatoriamente articulada com os
contextos histórico, econômico, social, ambiental e cultural, dentre
outras providências.
Questão 2 – Resposta A
O ensino médio é um direito público subjetivo assegurado pela
continuidade da educação básica e fornece a certificação de nível
médio que atesta a conclusão da educação necessária para um
cidadão, para um trabalhador e/ou estudante que prosseguirá os
estudos, tanto ainda em nível técnico, tecnológico, ou, ainda, para
ingresso no ensino superior. Assim, a última etapa da educação
básica é uma instância certificatória, bem como pré-requisito para
continuidade dos estudos em diferentes níveis.
Questão 3 – Resposta C
O Exame Nacional do Ensino Médio ocorre anualmente, tendo
completado sua vigésima edição no ano de 2018. São objetivos
centrais do exame “aferir se seus participantes demonstram, ao
final do ensino médio, individualmente, domínio dos princípios
científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna e se
detêm conhecimento das formas contemporâneas de linguagem”.
Desse modo, realizar o exame possibilita uma avaliação da condição
do encerramento de educação básica ou a continuidade do processo
formativo, sendo que, em algumas situações, constitui um instrumento
(alternativo, complementar ou único) de acesso ao ensino superior.
153
Estratégias e desafios para
o ensino da matemática na
atualidade
Autora: Francis Roberta de Jesus
Objetivos
154
154
1. Contextualização
155
assegurar acesso, compreensão e ensino cotidiano dos conhecimentos
dessa área na educação básica. Os estudos que compõem o documento
como um todo apontam para diversos aspectos que são desafios atuais
especificamente para o ensino da matemática, dentre eles:
156
156
• enfrentamento da matemática seletiva e aumento das práticas
inclusivas de modo geral, enfrentando a contradição de oferta
de educação matemática de qualidade x educação matemática
para todos;
157
3. Estratégias relativas à dimensão curricular
158
158
esses conteúdos aparecem nos planejamentos das aulas e como
são mobilizados na sala, como acontecimento construído (GERALDI,
2015). Nesses acontecimentos, há necessidade de ter espaço para
comunicação, perguntas, interlocução, participação e interação entre
sujeitos ativos, professores e alunos, num contexto que se faça
dinâmico e que se associe às práticas de rompimento com a educação
empreendida de modo contemplativo e que constrói uma matemática
impostamente rígida, mecânica e fundamentada em exposições
seguidas de sequências de exercícios e que, por consequência,
reproduz relações de poder expressas nas dificuldades e desgosto pela
matemática, além daqueles que não a aprendem.
159
conhecer a matemática histórica e cientificamente construída para orientar
os alunos e, com eles, caminhar na busca de respostas e apontamentos
para questionamentos e problemas de que alguma forma aparecem
presentes no contexto da sala de aula, mobilizando experiências diversas
e constituindo outras novas, mesmo na e a partir da sala de aula, o que
abarca múltiplas formas de ensinar, de aprender, de se relacionar, de
produzir sentidos e de construir conhecimentos matemáticos.
160
160
O currículo integrado também se contrapõe à formação essencialmente
disciplinar fundamentada na formação humana integral. Sendo assim,
compõe uma alternativa para a segmentação curricular (SACRISTÁN,
1998) que articula dimensões, conceitos e áreas de conhecimentos
envolvendo teorias e práticas relacionadas ao ensino e à aprendizagem
(MARIN, 2000) e que buscam desfazer hierarquias das relações entre
os sujeitos envolvidos nesse processo, bem como das disciplinas
mobilizadas. Isso pode ser expresso por meio do tipo de relação
disciplinar eleito para compor o currículo, o que pode ser empreendido
não por práticas “multi, pluri, trans, inter”, etc., mas numa relação
equitativa indisciplinar, que não nega a existência das disciplinas e dos
campos de conhecimento, mas os articula em redes e teias constituídas
conforme os percursos de construção de conhecimento de cada aluno,
de cada turma, de cada experiência didática (JESUS, 2015).
161
o procedimento de adaptação curricular. Uma vez mais, é importante
considerar o fato de que essa não é uma tarefa docente isolada, mas
que envolve todo o contexto em que o aluno, a turma, a escola estão
inseridos, considerando a comunidade escolar como uma unidade
social, a saber, uma composição coletiva estabelecida por uma realidade
necessariamente humana. Assim, os esforços dessa coletividade em
relação às condições e aos contextos específicos levam os homens a
produzirem a si mesmos, sendo que essa condição pode ser tornada
objeto de metodologia de ensino, por ser um possível ponto de partida
para ações educativas que busquem tanto auxiliar a compreensão dessa
realidade quanto produzir intervenções naquela mesma realidade.
ASSIMILE
A escola pode ser vista como unidade social. E ver a
instituição escolar como unidade social requer considerar as
condições objetivas em que está inserida e conhecer essas
condições e considerar, no processo educativo, o ensino
da matemática, suas tecnologias e outros conhecimentos
científicos que se constituam na efetivação de uma
educação integral, crítica, consciente, problematizadora
e cidadã. Essa visão da escola pode ser apoiada pela
perspectiva das teorias histórico-culturais, considerando
as relações dialéticas entre funções teórico-práticas,
individuais-coletivas da escola.
162
162
superiores e que promove atividades interdependentes que contribuem
para a constituição do devir institucional escolar. Envolvem crenças,
valores, hierarquias, relações de poder, regulamentações, sanções
relacionadas a comportamentos e ações que empreendem divisão de
trabalho, dentre outros aspectos que afetam a ação docente, a qual está
relacionada com estruturas organizacionais, políticas, culturas em geral.
163
o nível de aprendizagem em que o aluno se encontra, com objetivo da
aprendizagem dos conteúdos e o desenvolvimento das habilidades
previstas para o ciclo em que o estudante se encontra.
164
164
A adaptação, portanto, deve ser interpretada e praticada como modos
diferentes de ensinar a mesma matemática para diferentes sujeitos,
pertencentes a diferentes contextos e realidades sociais, que partem de
diferentes grupos de saberes, porém expectativas de pontos mínimos de
chegada aproximados, que podem alcançar por caminhos diferentes e
também em tempos diferentes. Por esse motivo, Lopes (2017) qualifica a
adaptação curricular como um ato antropológico para atingir o distinto e
o diverso (p. 14). A mesma autora descreve categorias adaptativas:
165
Essas adaptações são instrumentos de cunho didático-metodológicos,
podendo ser realizadas em nível dos planos de ensino, ao nível
dos planejamentos das aulas, do encadeamento dos conteúdos,
de organização física das salas de aulas, de composição de grupos
produtivos permanentes entre os alunos, de grupos produtivos
para a realização de atividades específicas. Portanto, as adaptações
possibilitam um tipo de atuação docente que pressupõe a diversificação
das aulas, das explicações e das atividades para diferentes grupos
de alunos, muitas vezes ensinando um mesmo conteúdo, de modo
contextualizado, relacionado à trajetória do desenvolvimento intelectual
do aluno, às necessidades relativas ao percurso intrínseco à etapa
de ensino em que se encontra e às etapas conseguintes, bem como
estabelecendo relações com outras áreas da matemática e com outros
componentes curriculares.
4. Metodologias ativas
166
166
sucessivas de realização de exercícios que promovem a memorização
de procedimentos e fórmulas. Esse modo de empreender o ensino e
motivar a aprendizagem incentiva o protagonismo em que assumem
a responsabilidade de apresentar ações em direção ao processo
educativo em que estão inseridos, tal como a realização de pesquisas,
composição de esquemas de aprendizagens, estabelecimento de
hipóteses e reflexão sobre a situação em questão. Prevê a escolha de
problemas que os estudantes devem resolver em diferentes instâncias:
individualmente, coletivamente e em diferentes tipos de grupos, de uso
de conhecimentos científicos, lidar com diferentes opiniões e saberes,
argumentar com base em fatos, fazer uso de recursos tecnológicos,
testar hipóteses, analisar e investigar causas como formas de resolver
problemas criativa, crítica e reflexivamente, interferindo em suas
realidades sociocultural e de aprendizagem.
167
de resolução de problemas e de desenvolvimento de projetos,
apresentações, produções, soluções, contraposições, percursos que
permitam aos alunos fazerem investigações e estudos de casos de modo
negociado, pelo que aprendem uns com os outros, fazendo da interação
uma necessidade da aprendizagem.
168
168
Figura 01 – Aspectos envolvidos em metodologias ativas de ensino
Criatividade
Tempos e espaços
diferenciados Participação
Reflexão
Criticidade
Imaginação Pesquisas
Aprendizagem
Colaboratividade Problematização
Corresponsabilidade
Autonomia
Resolução de
Análise
problemas
169
escala cuisenaire, tabela pitagórica, massa de modelar,
ábacos, escala Montessori, soroban, discos de frações, fichas,
instrumentos de medida, instrumentos para cálculos, palitos,
geoplanos, geomatics, ciclos trigonométricos, dados, prismas,
blocos, discos, tangran, tabuleiros, malhas, dobragens, planilhas,
materiais construídos pelos próprios alunos, uso de objetos
presentes na realidade cotidiana, etc.
1
Educação Matemática e Tecnologia Informática. Disponível em: http://www2.mat.ufrgs.br/edumatec/softwares/softwares_
index.php. Acesso em: 20 mar. 2019.
170
170
d. A produção de agrupamentos coletivos permite que os
alunos sejam aproximados segundo diferentes critérios: por
distanciamento de saberes, por proximidades de saberes, de
acordo com os objetivos de ensino, para introduzir novo tópico do
conteúdo, alterar uma situação-problema, criar novas situações-
problemas, criar fóruns de discussão, seminários de resoluções,
criar situações semelhantes, dentre outras organizações coletivas
que permitam conflitos de ideias e trocas entre os alunos
envolvidos e a criação compartilhada de soluções inovadoras
para problemas reais, ou, ainda, que tenham sentido para o
corpo discente.
171
orientações individuais e coletivas, composição de diferentes estações
práticas nas salas de aula, criação de protocolos e de práticas avaliativas
fazem parte de princípios de inserção dos alunos em um contexto que eles
mesmos passam a construir, de modo significativo.
172
172
5. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Acesse o ambiente de publicação de conteúdos de
cobertura jornalística da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e busque a entrevista em formato podcast
intitulada: Matemática pode contribuir para a justiça social,
uma das ações reflexivas sobre a 69ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ocorrida
no ano de 2017.
Ao longo da audição, componha um mapa conceitual
dos principais conceitos discutidos. Em seguida, escolha
um conteúdo pressente no currículo de matemática para
a educação básica e planeje como introduzi-lo a uma
turma também de sua escolha. O planejamento deverá
conter organizações de tempos e de espaços e fazer uso
de pelo menos duas estratégias que fazem parte das
metodologias ativas.
173
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
174
174
a. O currículo integrado compõe uma estratégica
didática que possibilita a construção de
conhecimentos como aprendizagem do aluno.
175
d. Afirma que as diferentes realidades dos alunos em
contextos de infâncias e de juventudes do século XXI
devem ser padronizadas por meio das práticas de
ensino e do desenvolvimento do raciocínio lógico-
matemático.
Referências Bibliográficas
176
176
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Gabarito
Questão 1 – Resposta A
Relacionar necessidades de aprendizagens dos conhecimentos
matemáticos a necessidades de contextos reais de vida,
apresentando o conhecimento matemático como uma necessidade
humana para o desempenho de práticas diversas constitui um dos
desafios para o ensino da matemática na atualidade.
Questão 2 – Resposta B
O currículo integrado compõe uma estratégica didática que
possibilita a construção de conhecimentos como aprendizagem do
aluno, tendo em vista que proporcionam a qualidade significativa
do ensino e da aprendizagem. A ação de integração do currículo
para a educação básica pode apresentar como resultado diferentes
conexões entre as diferentes áreas da matemática, bem como entre
o campo da matemática e os demais componentes curriculares
previstos para fazer parte das diferentes etapas e modalidades
educacionais em que o ensino da matemática aparece como uma
dimensão presente.
Questão 3 – Resposta E
Considerando essas afetações, é necessário ter em mente que as
práticas de ensino não devem ser padronizadas, inclusive pelo fato
de as salas de aula não serem homogêneas. A visão que considera
que os diferentes agrupamentos de alunos aprendem os mesmos
conteúdos ao mesmo tempo é equivocada, sobretudo no que
diz respeito às diferentes realidades dos alunos em contextos de
infâncias e de juventudes do século XXI. Sendo assim, é necessário
considerar a heterogeneidade que o público-alvo da educação
básica constitui, bem como a heterogeneidade dos modos de
aprendizagem desses sujeitos.
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