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1- Referência bibliográfica
2- O autor
3- Objeto de estudo/tema
4- Problemática
É possível criar uma epistemologia do Sul global sem reproduzir a lógica das
linhas abissais estabelecidas pelo Norte?
5- Objetivo(s)
7- Metodologia
Assim, a linha visível que separa a ciência dos seus “outros” modernos está
assente na linha abissal invisível que separa, de um lado, ciência, filosofia e
teologia e, do outro, conhecimentos tornados incomensuráveis e
incompreensíveis por não obedecerem, nem aos critérios científicos de
verdade, nem aos dos conhecimentos, reconhecidos como alternativos, da
filosofia e da teologia. (pp. 05-06);
Nos últimos sessenta anos, as linhas globais sofreram dois abalos tectónicos.
O primeiro teve lugar com as lutas anticoloniais e os processos de
independência das antigas colônias. O outro lado da linha sublevou-se contra a
exclusão radical à medida que os povos que haviam sido sujeitos ao paradigma
da apropriação/violência se organizaram e reclamaram o direito à inclusão no
paradigma da regulação/emancipação. (p. 11);
Neste texto, faço incidir a minha atenção sobre o segundo abalo tectônico das
linhas abissais. Este tem vindo a decorrer desde os anos de 1970 e 1980 e
segue na direção oposta. Desta feita, as linhas globais estão de novo em
movimento, mas de uma forma tal que o outro lado da linha parece estar a
expandir-se, enquanto este lado da linha parece estar a encolher. (p. 12);
Em suma, o pensamento abissal moderno, que, deste lado da linha, tem vindo
a ser chamado para regular as relações entre cidadãos e entre estes e o
Estado, é agora chamado, nos domínios sociais sujeitos uma maior pressão
por parte da lógica da apropriação/violência, a lidar com os cidadãos como se
fossem não-cidadãos, e com não-cidadãos como se se tratasse de perigosos
selvagens coloniais. (p. 19);
Cosmopolitismo subalterno
Saberes e ignorâncias
Conclusão
9- Paragrafo síntese
A minha tese é que esta realidade é tão verdadeira hoje como era no período
colonial. O pensamento moderno ocidental continua a operar mediante linhas
abissais que dividem o mundo humano do sub-humano, de tal forma que
princípios de humanidade não são postos em causa por práticas desumanas.
As colónias representam um modelo de exclusão radical que permanece
atualmente no pensamento e práticas modernas ocidentais tal como aconteceu
no ciclo colonial. Hoje, como então, a criação e ao mesmo tempo a negação do
outro lado da linha fazem parte integrante de princípios e práticas
hegemônicos. (p. 10)