Você está na página 1de 7

Área do Inscrito Entre em contato

Página Inicial Você está em: Página inicial » Grupo e Vida Comunitária Cigana em São Paulo: Um Estudo Exploratório
Sobre o evento Imprimir      
Comissões
Eixos temáticos Grupo e Vida Comunitária Cigana em São Paulo: Um Estudo Exploratório
Apresentação Oral em GT
Modalidades
Autor(es): Gabriela Ferreira Goya do Carmo (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Altivir João Volpe, Talita
Valores Maciel Lopes da Silva, Aparecida dos Santos Coutinho, Gabriela Ferreira Goya do Carmo, Míriam Felix Silva, Paula
Inscrição Pereira Brito, Leila Rodrigues Alba
Envio de resumos Resumo: Este estudo em curso, como proposta da disciplina de Supervisão de Estágio Básico em Pesquisa II do
curso de Psicologia, busca identificar a rede de vínculos grupais e os aspectos da vida comunitária existentes em
Perguntas frequentes
duas comunidades ciganas distintas, localizadas na Grande São Paulo. Especificamente, o conhecimento de
Programação hábitos, rituais, festas, processos grupais e outras manifestações culturais e coletivas de seu cotidiano e a
Convidados identificação de situações de cooperação, de integração, de impasse ou dificuldades em diferentes interfaces dos
grupos de ciganos e em interfaces com não ciganos. A histórica estigmatização e situações de preconceito em
Notícias
relação aos ciganos destacadas em alguns textos acadêmicos ainda se mantém? Buscou-se apoio teórico e
Eventos anteriores metodológico nas propostas psicanalíticas de Pichon-Rivière e de Abadi: vínculo, processos grupais, vida em
Entre em Contato comunidade e redes sociais. A pesquisa de caráter qualitativo exploratório utiliza encontros em grupos focais, nos
quais se solicita a participação, em cada comunidade, de 4 a 12 membros maiores de 18 anos de idade, formando
.: Busca    uma composição heterogênea (com homens e mulheres, independentemente de sua escolaridade, estado civil ou
ocupação). Na condução dos grupos focais, há uma questão disparadora para o aprofundamento e desdobramento
na sequência: “o que é ser cigano nos dias atuais e qual o significado da vida em comunidade e da cultura cigana
Busca Geral
para os ciganos?”. A partir dos dados levantados é possível estruturar alguns organizadores temáticos em torno dos
quais se fará a análise e discussão sobre a vida comunitária dos dois grupos de ciganos. É possível que a pesquisa
favoreça o compartilhamento de experiências sobre o cotidiano das duas comunidades, destacando aspectos de
seu grupo de pertença e da identidade grupal, além do conhecimento trazido para a comunidade acadêmica, com
desdobramentos na área da Psicologia Social. O estudo está sendo realizado com os cuidados éticos estabelecidos
pela Resolução MS 0196/96, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), pela Resolução 016/2000 do Conselho
Federal de Psicologia e pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde o
projeto foi aprovado. O prazo pretendido para a finalização desta pesquisa é o mês de outubro de 2011.

Texto completo: Grupo e Vida Comunitária Cigana em São Paulo: Um Estudo Exploratório

Altivir João Volpe


Talita Maciel Lopes da Silva
Aparecida dos Santos Coutinho
Gabriela Ferreira Goya do Carmo
Míriam Felix Silva
Paula Pereira Brito
Leila Rodrigues Alba

1. INTRODUÇÃO

Este estudo buscou identificar a rede de vínculos grupais e os aspectos da vida comunitária existentes em duas
comunidades ciganas distintas, localizadas em São Paulo. Especificamente, o conhecimento de hábitos, rituais,
festas, processos grupais e outras manifestações culturais e coletivas de seu cotidiano e a identificação de
situações de cooperação, de integração, de impasse ou dificuldades em diferentes interfaces dos grupos de ciganos
e em interfaces com não ciganos. A histórica estigmatização e situações de preconceito em relação aos ciganos
destacadas em alguns textos acadêmicos ainda se mantém?

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Fazito (2006), a população cigana é discriminada há séculos e isso ainda se faz presente nos dias atuais,
com a disseminação de estigmas aos ciganos. Porém, algumas pessoas tem percepções da figura cigana como
romântica, sendo sinônima de liberdade, aventura e boemia. No pouco que se conhece de sua história, os ciganos
sempre foram alvo de constantes perseguições (FAZITO, 2006).
Os ciganos podem ser considerados um grupo étnico por compartilhar uma mesma ancestralidade biológica e
linguística, uma história, uma cultura e valores, mesmo podendo diferir em sua situação socioeconômica. Assim,
segundo Dias et al. (2006), os agrupamentos étnicos mais vistos no Brasil são os Kalderash (Roman) e os Calon
(Ibéricos).
A identidade grupal cigana é marcada por valores que dão embasamento a sua estrutura social, fundamentando as
relações estabelecidas entre si, no que se refere a gênero, poder, divisão de tarefas, dentre outros (SOUZA et al.,
2009). Nesse sentido, a vida e valores dos grupos ciganos trazem alguns desdobramentos e questões de ordem
teórica e metodológica associados aos conceitos de vínculo, grupo, vida em comunidade e também com relação às
redes sociais, que dão sustentação a esses grupos. Tais aspectos são apresentados na sequência.
Pichon-Rivière (2000) define vínculo como uma estrutura dinâmica que abarca o indivíduo e as pessoas com quem
possui relações ou interações, constituindo uma integração em constante processo dialético, tanto no âmbito
intrapsíquico como no interpsíquico.
A definição de grupo, consiste em uma reunião de pessoas que têm, por consciência, a necessidade de se unir por
meio de uma identificação com o grupo e pelo grupo, o que possibilita uma identidade compartilhada (grupal), que
se dá pelo afeto estabelecido entre os membros. Tal identidade representa uma precondição de inserção no mundo
e de relação com os outros grupos, sem a perda das características do coletivo e sem a sua submissão a esses
outros grupos (ÁVILA, 1999).
Comunidade não se restringe a um lugar antropológico e despolitizado, mas, ao contrário, sua ordem é a saturação
do tempo e do espaço, é um modo de vida, um modo de política (ARENDT, 1998). Para Frúgoli Jr. (2003), a
comunidade é marcada por grupos de pequena escala, que estabelecem relações solidárias, coesas, pessoais,
espontâneas, cotidianas e permanentes.
Grupos, comunidades e redes sociais podem ser colocados como instâncias intermediárias, articulando dentro e
fora; o já e o ainda não; aspectos manifestos e aspectos latentes. O pensamento em rede pode ser definido como
uma forma ampliada de perceber o ambiente, a qual suspende categorias, hierarquias e juízos de valor e pode ser
uma experiência tanto intelectual quanto corporal e emocional (ABADI, 2007).

3. METODOLOGIA

Buscou-se apoio teórico e metodológico nas propostas psicanalíticas de Pichon-Rivière e de Abadi: vínculo,
processos grupais, vida em comunidade e redes sociais. A pesquisa de caráter qualitativo exploratório tinha a
intenção de realizar encontros em grupos focais, nos quais se solicitaria a participação, em cada comunidade, de 4
a 12 membros maiores de 18 anos de idade, formando uma composição heterogênea (com homens e mulheres,
independentemente de sua escolaridade, estado civil ou ocupação). Na condução dos grupos focais, haveria uma
questão disparadora para o aprofundamento e desdobramento na sequência: “o que é ser cigano nos dias atuais e
qual o significado da vida em comunidade e da cultura cigana para os ciganos?”.
É possível que a pesquisa tenha favorecido o compartilhamento de experiências sobre o cotidiano das duas
comunidades, destacando aspectos de seu grupo de pertença e da identidade grupal, além do conhecimento
trazido para a comunidade acadêmica, com desdobramentos na área da Psicologia Social.
O estudo foi realizado com os cuidados éticos estabelecidos pela Resolução MS 0196/96, do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), pela Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia e pela Comissão de Ética em Pesquisa
da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde o projeto foi aprovado. O prazo pretendido para a finalização desta
pesquisa é o mês de outubro de 2011.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A análise dos dados colhidos através do grupo focal foi baseada no enfoque biográfico (CORNEJO, 2006), o qual
privilegia uma investigação da realidade de caráter indutivo e exploratório. Os relatos feitos pelos participantes
foram considerados em sua totalidade, destacando também alguns organizadores temáticos (JOSSO, 1999).
Na visita à comunidade Calon, foram apresentados os objetivos da pesquisa, bem como foi solicitada a assinatura
dos Termos de Consentimento e da Carta de Informação ao Sujeito. No entanto, tais assinaturas não foram obtidas,
pois os entrevistados informaram que não eram alfabetizados. Não foi possível realização do grupo focal devido a
falta de número de participantes, já que quase todos os membros da comunidade estavam fora, trabalhando. Além
disso, formou-se um grupo homogêneo (composto apenas por homens).
O contato com a comunidade Kalderash foi estabelecido, inicialmente, por meio de uma festa cigana Kalderash, em
homenagem a Santa Sara (a santa universal dos ciganos). As impressões gerais que as pesquisadoras tiveram da
festa podem ser traduzidas como: união, tradição bastante entrelaçada com a Modernidade, alegria, forte
intensidade ao dançar, as roupas, os cabelos e as maquiagens eram semelhantes aos que a mídia mostra; porém
as danças tradicionais e a devoção à Santa dos ciganos foram traços marcantes da festa.
A partir da festa, entrou-se em contato com a organizadora a fim de verificar se ela e sua família poderiam participar
de um grupo focal. Esta por sua vez, concordou em participar apenas de uma entrevista individual, a ser realizada
em seu local de trabalho.
Através da observação e das entrevistas realizadas foram organizados alguns eixos temáticos para a análise dos
dados recolhidos: a).Vínculo; b). Grupo e vida comunitária; c). Pensamento em rede; d). Tradição herdada e
transmitida; e). relações de gênero e poder; f). impasses na relação com não ciganos; g). direitos humanos e saúde
coletiva e h). perspectivas com relação ao futuro.

a) Vínculo
Nos relatos nota-se a freqüente expressão dos vínculos que ligam os grupos observados e seus integrantes entre
si. Por exemplo, “o povo cigano é tudo unido, é um povo alegre e ‘nóis vive’ sempre ‘nas’ cabana, não mora dentro
de casa.”, disse C.; “ ‘nóis’ sempre se reúne nessa barraca pra conversar.”, disse A.; e E., “a gente é unido, tem
respeito.”. Cada resposta é manifestada como um consenso de que todos partilham. A maior parte de suas frases
inicia-se com “a gente” ou “nós”, indicando a condição de pertencimento, citada por Ávila (1999). Tal sentido de
pertencimento também pode ser notado na fala de V., membro dos Kalderash, quando destaca a manutenção da
identidade passada de forma hierárquica e a preservação da cultura, ambas evidenciadas por meio das festas
abertas ao público.
O vínculo estabelecido nas comunidades ciganas, sejam Kalderash ou Calon, remete ao funcionamento de um
organismo vivo, em constante mudança. Há um delineamento da identidade, apesar da perda de rituais e costumes.
Como V. diz “é preciso evoluir”, estabelecendo novas configurações e papéis de acordo com a hierarquia vigente na
comunidade. Por exemplo, nos Kalderash, não só os homens podem exercer funções de liderança ou serem porta-
vozes da comunidade. A mulher também pode exercer a liderança em determinadas situações, preza-se apenas a
questão de ser a mais velha. A criação e fortalecimento dos vínculos vem como um fator de importância para o
desenvolvimento do grupo, de sua inserção e integração na comunidade cigana e da articulação com os não
ciganos.

b) Grupo e vida comunitária


Tanto nas comunidades Calon, quanto na família Kalderash, aparecem aspectos do singular e do coletivo. Nota-se
a necessidade de unir-se por meio de uma identificação com o grupo e pelo grupo, o que possibilita uma identidade
compartilhada (grupal), que se dá pelo afeto estabelecido entre os membros do grupo. Quando falam de si, por
exemplo, se caracterizam como “nós ciganos”, “nossa cultura”, “nosso povo” ou “nossa raça”.
Essa identidade representa uma precondição de inserção no mundo e de relação com outros grupos já que fornece
parâmetros em níveis culturais, de valores, de visão de mundo, sem que haja perda das características do coletivo
e do singular e sem submissão a esses outros grupos. No caso das comunidades Calon entrevistadas, essa
identidade vai sendo construída desde o nascimento, e para os que vão se agregando (através dos casamentos
com não ciganos), essa identidade é construída na vivência dentro da comunidade. Já no caso da família de V., que
se inseriu no mundo não cigano a identidade cigana vai sendo construída por valores hereditários, passados de
geração a geração.
Esse contato grupal faz com que desenvolvam-se regras, normas, códigos, referências e tradições que configuram,
assim, uma totalidade que se faz reconhecida pelos componentes do grupo. É por meio do grupo e com o grupo
que a singularidade de cada indivíduo vai sendo constituída, ou seja, a comunidade proporciona valores que serão
enraizados e incorporados pela mesma, trazendo novas formas de se relacionar consigo, com os outros e com o
mundo.
A família da entrevistada V. organiza eventos e festas, afim de apresentar à população em geral a cultura cigana
(seus valores, costumes, músicas, danças e artes circenses). A família de V., pode ser percebida como uma
comunidade já que, como afirma Arendt (1998), a comunidade não se restringe a um lugar antropológico e
despolitizado, mas, ao contrário, é um modo de vida, um modo de política. Essa família estabelece relações
solidárias, coesas, pessoais, espontâneas, cotidianas e permanentes. Articula-se a determinadas práticas políticas
definidas, de modo a manter e mostrar a cultura cigana ao mundo não cigano. Na comunidade Calon, a vida
comunitária também se articula em torno do trabalho. Este, por mais que seja informal, é até certo ponto feito em
grupo, as mulheres saem juntas para a leitura de mãos. Os homens realizam a venda de carros. No entanto, o
dinheiro obtido pelo trabalho informal, não é dividido em meio a comunidade. O grupo Calon vivendo em um mesmo
espaço físico (terreno cedido pela prefeitura) tem o compartilhamento de experiências, valores, rituais, crenças,
sendo que tal cultura os faz sentirem-se como um grupo, escolher uma vida “mais descompromissada”, “livre” e
“pensando apenas no dia de hoje” , como relatam.

c) Pensamento em rede
O pensamento em rede proposto por Abadi (2007), diz respeito a uma capacidade de perceber e processar um
universo aberto, interconectado e em constante fruição, que acontece em um espaço transicional entre um
pensamento e outro. Sendo assim, o pensamento em rede é uma forma ampliada de perceber o ambiente, havendo
uma suspensão de categorias, juízos de valores e hierarquias, podendo ser uma experiência sentida tanto
intelectual, quanto corporal e emocionalmente. A partir de um contato mais próximo com as comunidades ciganas,
foi percebido modos diversos de saberes, experiências e pensamentos, que formam subjetividades diferentes na
relação com o mundo externo.
O primeiro aspecto a ser considerado é a maneira semelhante que as duas comunidades (Calon e Kalderash)
percebem e sentem a união e o respeito, por meio das falas, gestos, tradições, danças, etc. Um exemplo, é a
maneira que foram tratadas as pesquisadoras em ambas as comunidades: os participantes as respeitaram, mesmo
que, a princípio, a entrevista parecesse a eles uma invasão à comunidade (pessoas diferentes da realidade deles
adentraram em seu “mundo particular”). Nas comunidades Calon, esse respeito também foi percebido entre os
membros, no sentido em que respeitam tanto a fala do chefe, que só expõem suas idéias na presença do mesmo,
tendo um cuidado especial com o conteúdo do que é dito, demonstra-se assim uma espécie de controle implícito do
chefe sobre a divulgação da cultura de tais comunidades ciganas. Esse discurso de cada membro remete às regras
introjetadas socialmente, o que acaba dificultando associações livres e impossibilitando a liberdade de combinações
infinitas para se ter um pensamento criativo e original (em rede). Assim, pode ser visto como uma conexão de
pensamentos que são expressos pelas ações, da fala e da transmissão da cultura. Os entrevistados, alegaram a
união cigana, porém, isso só é percebido através das festas (na organização e na participação). Essa instância é
percebida na fala da entrevistada Kalderash, que cita a união que se dá no planejamento das festas, no qual todos
os ciganos da família se ajudam e organizam-se para mostrarem sua cultura, objetivando a diminuição do
preconceito e do estereótipo à etnia cigana. O que foi dito por V. (Kalderash) remete a um pensamento com valor
linear, em um plano único de pensar. Ela teve que adaptar-se à vida não cigana para ter uma boa e ampla
convivência social, o que, por conseguinte, cindiu sua vida em dois papéis distintos: o de ser cigana e o de não ser
cigana. Nesse sentido, de acordo com Abadi (2007), suas associações livres e sua liberdade de pensamento
ficaram restritas, pois em sua vida não cigana vê-se obrigada a interpretar e a “mascarar” o que verdadeiramente é
(cigana), permitindo-se ao pensamento em rede somente na presença da sua família e comunidade cigana. Tal
atitude cindida evita a exposição do preconceito e da discriminação frente a sua cultura cigana. Seu único modo de
enfrentamento, é quando exerce o papel de cigana e organiza as festas para disseminar a cultura.
Vale inferir que a alegria demonstrada nas festas e nas danças permite também o pensamento em rede, ou seja,
permite aos ciganos ser eles mesmos. Talvez seja o único modo de expressar a liberdade e a tradição da etnia,
aprendidas e repassadas inconscientemente, de geração a geração – mesmo em contato direto com o mundo não
cigano.

d) Tradição herdada e transmitida


A tradição da cultura cigana é notável nas visitas e nas falas dos entrevistados Calon e da entrevistada Kalderash,
evidenciou-se algumas características interessantes, mais especificamente uma percepção das próprias
pesquisadoras, do qual se pôde destacar alguns aspectos a seguir.
Na primeira comunidade cigana Calon visitada, logo que o grupo de pesquisadoras se acomodou para a realização
da entrevista, um dos integrantes da comunidade em questão, ressaltou como resposta a pergunta disparadora: O
que é ser cigano? – que as mulheres ciganas servem para cuidar da casa, das crianças e fazer leitura de mão,
enquanto os homens vivem a base do comércio, trocas de carro. Notou-se no local, uma cigana cuidando dos
afazeres domésticos, mais especificamente ariando as panelas, mulher esta, com dentes de ouro e um vestido
rodado e de cores fortes confirmando a tradição cigana. A segunda comunidade Calon visitada também ressaltou a
importância da sua tradição na fala do líder da comunidade, na qual expõe que o povo cigano é unido, é alegre, vive
em cabanas e gostam de viajar. Isso evidencia, o nomadismo remanescente da tradição para alguns membros das
comunidades visitadas, mas sempre retornam ao mesmo local tempos depois. O dialeto mais comum para os Calon
é o “shibi”, no entanto, só se mantém entre os membros mais velhos do grupo cigano.
De acordo com a entrevistada Kalderash, sua família já viajou pelo Brasil mostrando a cultura cigana, mas por
escolha da vida de ciganos sedentários, tiveram que se adaptar ao mundo vigente, mas afirma conciliar a vida
sendentária, sem perder as origens, a essência e a arte cigana. A mesma, afirma ainda que tem uma vida ativa no
mundo não cigano, o que a faz crer na divisão de sua vida em duas, uma no mundo cigano e outro entre os não
ciganos. Para V. ser cigano em sua família pauta-se em manter os princípios de seu povo, que seria comprometer-
se com sua família, respeitar os idosos, respeitar à cultura e a fé em Santa Sara e em Nossa Senhora Aparecida.
Para a entrevistada citada, o cigano tem que manter sua cultura, passando-a de pai para filho, de filho para neto,
deixando para eles, a identidade cigana, e mais particularmente no caso de sua família, a arte do circo. Todavia,
alega também que muitos rituais se perderam ao longo do tempo, e que muitos deles tinham de fato que se perder,
já que é preciso evoluir, comenta que o fato de não poder casar com não ciganos, de homem poder ter várias
mulheres em sua família já foi superado. Segundo V., ser cigano nos dias atuais é viver a alegria do seu povo, o
respeito ao próximo, à cultura e ter uma vida normal (não cigana).
Nos contextos festivos, a tradição se mantém nas comunidades Calon, homens e mulheres ficam separados nas
festas e só se unem na dança, na qual os homens convidam as mulheres para dançar e estas devem aceitar como
sinal de respeito independente de quem as estiver convidando. Outra questão que vale ressaltar, é a tradição do
casamento, a festa ocorre durante cinco dias, e quem custeia a festa é a família da noiva. Segundo V. as festas
ciganas incitam-lhe a autenticidade, a perca das máscaras que só existem no mundo não cigano, ao sentimento
completude. Afirma que um aspecto importante da cultura cigana, como um todo é o fato de o cigano não usar
máscaras, ele se expressa sendo o que é, com respeito e mantendo sua essência.
Em se tratando da constituição familiar, os homens conforme a tradição da comunidade Calon podem ter até três
mulheres, sendo que uma sabe da outra, hoje é possível casamento com mulheres não-ciganas (se convertidas a
cultura), visto que é muito comum entre os jovens das comunidades visitadas, se relacionarem afetivamente com
meninas não-ciganas. Retratou-se também que casais quando separados não podem mais se falar, e se houver
traição da mulher com outro membro da comunidade, entre os homens permanece um diálogo. Segundo os relatos
da comunidade Calon, é muito comum casar-se diversas vezes, por exemplo, um dos entrevistados diz ter sido
casado por treze vezes. Isso reforça o que foi dito por Souza et al. (2009), exceto pela parte de desonra da mulher
que poderia levá-la a morte. No entanto, para os Kalderash a relação de poder na família cigana, a distribuição de
papéis, em relação a sua própria família, não existe, o que prevalece é um respeito mútuo, entre homens e
mulheres, idosos e crianças, e que independe se a família é composta por ciganos casados com não ciganos, o
fruto de tal união é considerado como cigano, recebe os valores familiares ciganos, é uma criança que será
adaptada ao mundo de hoje sem perder os valores da tradição cigana. Logo, terá acesso as duas culturas.
Quando questionado sobre o grupo Kalderash, a tradição mais uma vez se afirma nas palavras das comunidades
Calon, que acreditam em sua autenticidade cigana, por manter a cultura, através da forma de se vestir, da vivência
em barracas, o que faz-se importante lembrar acerca do que foi dito por Williams (1989 apud MOONEN, 2008),
sobre saber lidar com as diferenças, afinal cada grupo cigano, possui visões, valores, ações diferenciadas, as
semelhanças ocorrem pelo seu histórico desde o seu surgimento. No entanto, a entrevistada V. (Kalderash)
comentou apenas que a diferença está na maneira de viver a cultura cigana.
As crenças foram uma das maiores tradições presenciadas e partilhadas por todos os grupos ciganos pesquisados,
a devoção a Santa Sara (Santa Universal protetora dos ciganos) e a Nossa Senhora Aparecida, (Santa dos ciganos
brasileiros), tal devoção faz com que realizem-se festas nos meses de maio e outubro. Segundo a entrevistada V., o
objetivo da festa organizada por sua família, é levar ao conhecimento dos não ciganos, a desmistificação de sua
cultura, mostrando sua dança, seu artesanato, sua música, o circo e a parte mística desenvolvida pelos oraculistas.
Por fim, V. diz que devido ao histórico de perseguição, fez com que o povo cigano aprendesse a ser forte. E é esse
histórico de preconceito, que faz com que sua família organize-se e dissemine sua cultura cigana em meio as festas
e eventos.

e) Relações de gênero e poder


Souza et al. (2009) dizem que a estrutura social da cultura cigana Calon, no Brasil, é demarcada pela
hierarquização de gênero. Pode-se perceber, por meio dos discursos e das atitudes dos entrevistados, que o
homem Calon detém certo poder sobre a mulher, já que pode casar-se com mulheres não ciganas (desde que
aceitem a cultura cigana) e pode ter mais de uma esposa (mesmo que escondido) – conjectura-se que tais
condutas sejam reflexos de mudanças adaptativas pelo contato estreito com a sociedade não cigana. Entretanto, a
mulher cigana Calon, aparentemente, não pode casar-se com mais de um homem, muito menos um não cigano. Ao
contrário do que parece ser na família Kalderash, pelo menos no que tange ao casamento de uma cigana com um
não cigano (que é permitido, mesmo que o homem não se converta) e no que tange ao número de esposas por
homem cigano (se restringe a uma única). Os Kalderash consideram isso como uma evolução da cultura cigana,
aceitando os filhos de ciganos com não ciganos também como ciganos.
Esse poder do homem é mostrado inclusive no modo de funcionamento das festas, em que os homens ficam
separados espacialmente das mulheres e estas devem aceitar todos os convites para dançar, vindos de todo e
qualquer homem. Essa é uma tradição cigana Calon, transformada em definição de respeito masculino. Esse
respeito cultural também é expresso no costume de deixar de falar com a esposa e separando-se dela, quando esta
trai o marido com outro homem, porém, sem cortar nenhum vínculo com esse homem cigano envolvido na traição.
Isso contradiz o que é dito por Souza et al. (2009), que a desgraça da traição necessariamente remete à morte da
esposa infiel.
Por mais que o chefe da comunidade Calon II tivesse chamado as mulheres ciganas para participar da entrevista,
elas não foram, permanecendo em suas barracas. Tal atitude pode evidenciar, mais uma vez, a submissão da
vontade feminina ao poder implícito do homem. A única mulher que se aproximou das pesquisadoras foi uma de
idade mais avançada, porém, somente insistiu para ler suas mãos. Vale ressaltar que, momentos antes da
entrevista, os homens entrevistados faziam uma reunião, na qual nenhuma mulher e nenhuma criança
participavam, em frente à barraca pertencente ao chefe (que era a maior e melhor equipada); e que, durante a
entrevista Calon, os ciganos apenas falavam após o chefe, reafirmando o que ele dizia: “A gente tá de acordo com o
que o chefe falou” (R.), “É, a gente concorda com o que chefe tá falando” (A. J.). Tanto que alegaram não precisar
assinar os Termos de Consentimento porque o chefe deles já havia autorizado a participação de todos
(demostrando que a palavra e a ordem do chefe valiam mais do que um documento). E ainda, a entrevista na
comunidade Calon terminou porque o chefe se levantou e entrou em sua barraca, com esse sinal, todos os demais
ciganos também afastaram-se das pesquisadoras. Assim, infere-se que além da hierarquia de gênero, há uma
hierarquia masculina de poder social muito marcada. No entanto, não ficou claro se essa pirâmide social também
depende de um poder econômico (já que C. disse: “Uns tem mais e outros menos, depende do seu trabalho”), ou se
depende de escolha comunitária ou de tradição familiar de repasse de poder.
Pode-se dizer ainda que, nas comunidades Calon, o modo como os participantes falaram mostrou que não se
consideram trabalhadores: “Ah, mulher cigana serve para cuidar da casa, limpar, cuidar das crianças (...)”, “As
mulheres saem para ler mãos, e os homens ficam aqui, alguns trabalham, a gente vive a base de troca de carro. Só
que sempre precisa ficar alguém aqui na comunidade para cuidar. Então, a gente fica, mas a gente trabalha
também (risos).” (E.). Chegaram até a dizer, de forma talvez natural, que cigano não faz nada mesmo. Infere-se que
tais colocações, entre outras, mostram um homem cigano que detém o poder político e administrativo (da
comunidade e do dinheiro de sua família), mas que talvez considerem trabalhadoras mesmo só as mulheres, que
saem do acampamento e trazem dinheiro. Isso vai contra o que Souza et al. (2009) explanaram acerca da
impossibilidade da mulher cigana trabalhar para além de sua barraca, mas de encontro ao que diz respeito ao
gênero, que é o direcionador das tarefas comunitárias.
A diferença do modo de vida Calon com o Kalderash está também evidente nesses modos de trabalho, pois a
família Kalderash parece considerar que todos os membros devem ter uma função, tanto cigana (no caso dessa
família, uma função circense), como uma função não cigana (todos têm um curso superior e um emprego).
Além do trabalho, um indício de poder feminino pode ser, talvez, o religioso e o místico. Por exemplo, na leitura das
mãos, que é tida pelos ciganos como uma qualidade feminina, de “encantamento”. Outro exemplo está nas festas
observadas da família Kalderash, pois nelas são as ciganas que guiam as procissões, e que organizam e presidem
todos os eventos (mesmo negando relações de poder, contudo, é o pai da entrevistada V., aparentemente o chefe
da família, quem dá a resposta final nas decisões). Vale ressaltar que as figuras religiosas que protegem o povo
cigano (para as três comunidades) são femininas: Santa Sara e Nossa Senhora Aparecida – talvez vistas também
como figuras que exercem a função materna do cuidado. Ainda cabe inferir que nas três comunidades, a mulher
cigana idosa detém maior respeito e, com isso, maior liberdade de ação: uma foi a única figura feminina a ajudar a
apartar a briga entre um casal cigano, durante a realização da entrevista na comunidade Calon II, impedindo que o
homem machucasse sua esposa, por ela ter reclamado dele ter bebido; inclusive a entrevistada V. (Kalderash)
ressaltou o respeito ao idoso, independentemente de seu grau de instrução.

f) Impasses com não ciganos


As comunidades Calon não demonstraram dificuldades relevantes nas relações com não ciganos. Ao contrário,
relataram não haver problemas ao se envolver com as pessoas da comunidade local, pois realizam negócios,
conversam nos bares e os recebem em festas. Segundo eles, o respeito é mútuo, sendo, inclusive, permitido o
casamento entre ciganos e não ciganos. Ao mesmo tempo, há um engajamento com os dirigentes da região que
propicia a manutenção do terreno em que residem e uma constante proteção policial. No entanto, há impasses
entre ambas as etnias, pois demonstraram uma rixa histórica quanto à verdadeira cultura cigana. Os Calon dizem
ser os “verdadeiros” por estarem constantemente trajados com roupas típicas ciganas e por viverem de forma
“livre”, em cabanas, sem se prender a nada. Os Kalderash acreditam que não precisam estar constantemente
trajados para serem verdadeiros ciganos. Reconhecem que os Calon são outra forma de viver a cultura cigana.
Contudo, a entrevistada da família Kalderash afirma não ter impasses com os não ciganos, pois para ela:
“respeitamos toda e qualquer cultura desde que sejamos respeitados. Um povo que já sofreu tantos preconceitos
não dá para ter preconceito, mas exigimos respeito à nossa cultura. Hoje, não somos mais desrespeitados e
respeitamos todas as diferenças.”

g) Direitos humanos e saúde coletiva


Neste eixo temático, considerou-se alguns aspectos dos direitos humanos: educação, habitação, trabalho e saúde
coletiva. Para Dias et al. (2006), a escola é uma das áreas em que o confronto entre culturas majoritárias e
minoritárias são mais evidentes, pois a educação pressupõe um processo de socialização que não se dá de forma
neutra e flexível. Nas duas comunidades Calon, a maioria dos membros são analfabetos, pois o nomadismo e a
falta de regras não favoreciam a freqüência das crianças na escola. Atualmente, os líderes passaram a reconhecer
a importância de ser alfabetizado, para poder retirar a habilitação, por exemplo. Ou seja, parecem perceber a
necessidade de ler e escrever para exercer alguns direitos que ficam restritos no mundo fora da comunidade. No
entanto, o costume de ser itinerantes – ou semi-itinerantes, porque mantém a comunidade fixa mesmo quando
viajam - e de não ter compromisso, dificultaria a permanência e/ou o desempenho das crianças na escola e no
cumprimento de datas e regras. Da mesma forma acontece na relação com o trabalho. Dias et al. (2006) apontam
que há uma tradição de trabalho independente e itinerante que estruturou um padrão de atividades econômicas que
tradicionalmente exclui o estabelecimento de vínculos contratuais, mas que em contrapartida fez com que
desenvolvessem competências empreendedoras que lhe permitem encontrar soluções para a obtenção de
rendimentos. Sobre esse tema, durante a entrevista, os entrevistados da comunidade Calon disseram que os
homens trabalham com compra e venda de carros e que as mulheres contribuem com a leitura de mãos. Também
há quem possua algum tipo de imóvel que utiliza para locação, como mais uma fonte de renda. Todavia,
atualmente, a população cigana não é completamente itinerante, pode-se dizer que muitas famílias estão
sedentárias, ou ainda, semi-itinerantes, o que se leva a pensar na questão habitacional (DIAS et. al, 2006). A
comunidade pesquisada contou haver um revezamento entre os subgrupos para se ausentar em viagens, pois
sempre deve permanecer parte da comunidade para garantir a manutenção do terreno cedido pela prefeitura. Além
disso, os líderes se articulam com vereadores que os apóiam e o ajudam na manutenção e no policiamento do
território. O acesso à saúde coletiva é o que se torna mais deficitária nos acampamentos da comunidade Calon,
uma vez que estas não parecem ter as condições de higiene adequadas, nem planejamento familiar, recorrendo a
um serviço de saúde apenas em casos emergenciais. Os membros da comunidade Calon I contaram receber
agentes de saúde periodicamente, enquanto que os da comunidade Calon II costumam pagar por atendimento
quando necessitam de cuidados médicos. De maneira oposta as comunidades Calon, os Kalderash estão
integralmente inseridos no campo da educação, da moradia, do trabalho e da saúde, pois segundo a entrevistada,
trata-se de uma escolha de vida e os seus pais escolheram deixar de ser nômades para promover educação aos
filhos. Dessa forma, todos os membros de sua família, possuem nível superior e atuam em suas profissões, o que
possibilita fonte de renda e a garantia de acesso a moradia e saúde.
h) Perspectivas com relação ao futuro
Na entrevista em grupo com a comunidade Calon II, reconheceu-se que a cultura sofreu grandes modificações,
conforme mencionou o líder: “Hoje é tudo misturado, a maioria nem é cigano” - referindo-se ao casamento de
ciganos com não ciganos que foram agregados a comunidade. O mesmo foi observado na cultura Kalderash, pois
segundo V.: “óbvio que muitos rituais se perderam ao longo do tempo e que muitos deles tinham mesmo que se
perder, pois é preciso evoluir”. Nesse sentido, ambas as comunidades reconhecem a importância da coexistência
da cultura cigana com a não cigana.
Com isso, o contato e as influências de não ciganos se tornam inevitáveis, o que pôde ser observado no uso de
aparelhos tecnológicos (celular) e a substituição dos cavalos por automóveis de última geração.
Ávila (1999) diz que a construção da identidade grupal potencializa a participação por uma luta em conjunto que
vise à transformação das condições existentes na vida social, e que isso proporciona um projeto coletivo para o
futuro. Os Kalderash, embora do ponto de vista geográfico, não vivam em comunidade, eles constituem uma
identidade grupal na medida em que se organizam para a divulgação e manutenção da cultura, levando em conta a
necessidade de estar inserido numa vida social não cigana, conforme a fala da entrevistada: “Essa criança [neto da
entrevistada] vai fazer tudo da vida não cigana, mas sem perder de vista os valores de sua família paterna, pois
filhos de ciganos com não ciganos também são ciganos”.
Assim, frente a possibilidade de coexistência entre as culturas, principalmente em um país tão diversificado como o
Brasil, pode-se imaginar que, com o passar do tempo, a cultura cigana seja cada vez mais desmistificada e inserida
no âmbito social (não cigano) e de direitos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada trouxe novas impressões e informações sobre o cotidiano de duas comunidades ciganas
distintas, tema pouco estudado pela Psicologia. Nota-se que cada um dos grupos estudados busca diferentes
formas de se integrar ao modo de ser e de viver não cigano e, ao mesmo tempo, busca preservar e fortalecer sua
cultura e a tradição herdada. Há diferenças entre os dois grupos estudados, Kalderash e Calon, na organização de
seu cotidiano, na vinculação com o trabalho, na designação e atribuição de poder e prestígio predominantemente
aos homens e a mulheres mais velhas.
Pode-se dizer que os membros da comunidade Kalderash se viram obrigados a integrar-se à sociedade não cigana,
talvez visando a sobrevivência da cultura e da própria população, em modos demográficos: por meio de
casamentos permitidos entre ciganos com não ciganos, pela transmissão cultural aos filhos desses novos casais.
Contudo, percebe-se que apesar da tentativa de preservação da identidade original (costumes, ritos, danças,
Língua) de ambas as comunidades Kalderash e Calon, tal identidade não se sutenta por si só, afinal algumas
perdas são vistas como partes do processo de inserção ao mundo não cigano, levando-se a aderir a um modo de
vida cigano bastante entrelaçado a cultura Capitalista moderna não cigana (deixou-se de falar a Língua mãe,
aderiu-se aos novos aparatos tecnológicos, etc.). Para os Calon, a constante preocupação em manter sua
identidade cigana, gera certas limitações nas condições de vida da comunidade como um todo, afinal percebe-se a
falta de saneamento básico, alfabetização e a educação se volta aos poucos que tem interesse, mesmo porque não
há uma fomentação de tais necessidades, pode ser uma escolha de vida, assim como os Kalderash resolveram se
tornar sedentários, mas até que ponto tal escolha, pode acarretar em malefícios a essa cultura, que pensando a
longo prazo pode sofrer uma estagnação. Sendo assim, ficam-se questionamentos para estudos futuros: Será que
um Psicólogo pode auxiliar tal comunidade a refletir e buscar garantir seus direitos, de modo a preservar sua
cultura? Até que ponto a adaptação a cultura não cigana tem beneficiado tais comunidades? E quais são seus
malefícios?
Será que realmente as comunidades menos abastadas não se importam com a sua forma de vida?

6. REFERÊNCIAS

ABADI, S. Psicoanálisis y su Relación con Otras Ciencias. Transicionalidad y Nuevos Paradigmas. (online). Jun
2007.

ARENDT, R. J. J. Psicologia social, comunidade e contemporaneidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 11 (1), 1998.

ÁVILA, L. O grupo como método. Psicologia Revista. (online). São Paulo, 1999; 9, PUC-SP, pp. 61-74.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS Sobre Diretrizes e
Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. (online). Diário Oficial da União, 10 out
1996.

BRASIL, CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP 016/2000 Sobre a Realização de Pesquisa em
Psicologia com Seres Humanos. (online). 20 dez 2000.

CORNEJO, M. El enfoque biográfico: trayectorias, desarollos teóricos y perspectivas. PSYKHE, V. 15, n. 1, Santiago
do Chile, 2006, p. 95-106.

DIAS, E. C.; ALVES, I.; VALENTE, N.; AIRES, S. Comunidades ciganas: representações e dinâmicas de exclusão-
integração. Lisboa: ACIME, 2006.

FAZITO, D. A identidade e o efeito de “nomeação”: deslocamento das representações numa teia de discursos
mitológico-científicos e práticas sociais. Revista de Antropologia. (online). São Paulo, 2006, USP, 49 (2), pp. 689-
729.

FRÚGOLI JR., H. A dissolução e a reinvenção do sentido de comunidade em Beuningen, Holanda. Revista


Brasileira de Ciências Sociais, 18 (52), 2003.

GONDIM, S. M. G. Grupos focais como técnica de investigação qualitativa: desafios metodológicos. Revista Paidéia
Cadernos de Psicologia e Educação. (online). Ribeirão Preto, 2002, 12 (24), pp. 149-162.

JOSSO, M. C. Histórias de vida e projeto: a história de vida como projeto e as “histórias de vida” a serviços de
projetos. Educação e Pesquisa. (online). São Paulo, 1999, 25 (2), pp. 11-23.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

MOONEN, F. Anticiganismo: os ciganos na Europa e no Brasil. (online). 2008, Juiz de Fora, Centro de Cultura
Cigana.
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

SOUZA, L.; BONOMO, M.; LIVRAMENTO, A. M.; BRASIL, J. A.; CANAL, F. D. Processos identitários entre ciganos:
da exclusão a uma cultura de liberdade. Liberabit (online), 2009, 15 (1), pp. 29-37, Lima, Peru.

Compartilhe |

Apoio

Página Inicial | Sobre o evento | Comissões | Eixos temáticos | Modalidades | Valores | Inscrição | Envio de resumos
Perguntas frequentes | Programação | Convidados | Notícias | Eventos anteriores | Entre em Contato

Desenvolvido por Dype Soluções

Você também pode gostar