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Apostila do Curso Profissão Trader – Mercado Americano

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Este material faz parte do curso Profissão Trader – Mercado americano, realizado por Construtor de Capital.

Autor: Wyllian Capucci

www.construtordecapital.com.br
contato@construtordecapital.com.br
wcapucci@hotmail.com

Data desta edição: Setembro de 2020


Edição: 1ª

COPYRIGHT © 2020 Construtor de Capital

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida, transcrita, arquivada eletronicamente ou transmitida por qualquer maneira ou por quaisquer meios, sejam eletrônicos,
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130.

As ideias aqui apresentadas refletem a opinião do autor, não devendo, portanto, ser confundidas com recomendações de investimento. Cada leitor é responsável por suas próprias
decisões de investimento.

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Resumo do módulo Aula 1 PE: Preço da ação (último fechamento) dividido pelo EPS (ttm).
EPS: Lucro líquido ttm (Income) menos dividendos preferenciais (ttm) dividido pelo número de ações das empresa (Shs Outstand).
de Ações e Índices Aula 2 PEG: P/L dividido pelo EPS 5Y
P/S: Valor de mercado (Market cap) dividido pela receita líquida (Sales/Revenue)
P/B: Preço da ação (último fechamento) dividido pelo Valor Patrimonial por ação (Ou Book value per Share = Book/sh)
Aula 3 Book/sh: Patrimônio Líquido (Total Shareholder Equity – Balanço patrimonial ultimo trimestre - mrq) dividido pelo número total de ações
P/C: Preço da ação dividido pelo Cash per share.
P/FCF: Preço da ação dividido pelo Free Cash Flow últimos 4 trimestres (ttm).
Aula 4 EV/EBITDA: Valor da empresa (Market cap + Dívida de longo e curto prazo – fluxo de caixa e investimentos de curto prazo) dividido
pelo EBITDA (Lucro antes do juros, impostos, depreciação e amortização - ttm).
EV/SALES: Valor da empresa dividido pela Receita (ttm).
Total Debt/EV: Dívida total (Longo e curto prazo – mrq) dividido pelo EV.
Aula 5 Income Statement - Relatório de ganhos
Margem Bruta: É divisão do lucro bruto pela Receita total (Revenue).
Margem Operacional: É a divisão do Lucro Operacional (Lucro bruto menos Despesas operacionais) pela Receita total.
Margem Pretax: É a divisão do Lucro Antes dos Impostos (Lucro Operacional menos Gastos com Juros) pela Receita total.
Margem Líquida: É a divisão do Lucro Líquido (Lucro pretax menos Imposto de Renda) pela Receita total.
Aula 6 - Balance Sheet - Balanço Patrimonial
ROE: Return on Equity – Net Income dividido pela média total dos ativos (ano vigente e anterior)
ROA: Return on Assets – Net Income dividido pela média do Total Shareholder’s Equity
Aula 7 Cash Flow Statement - Relatório de Fluxo de caixa
Fluxo de Caixa Operacional - É o caixa gerado das operações reais do negócio (Core Business)
Fluxo de Caixa de Investimentos - É o caixa gerado com compra ou venda de ativos
Fluxo de Caixa Financeiro: Caixa proveniente de Raising (aumento), Borrowing (empréstimo) e Rapaying Capital (pagamento de capital).
Free Cash Flow: Net Operating Cash + Capital Expenditures
Aula 8 Análise de Solidez
1) Receita; 2) Lucro; 3) Dívida; 4) ROE; 5) Fluxo de Caixa Operacional 6) Margem Líquida

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Resumo do módulo Aula 9 Fluxo de Caixa Descontado - Parte I - Modelo de Valuation baseado no fluxo caixa operacional futuro, trazido a valor presente.
Aula 10 Fluxo de Caixa Descontado - Parte II
de Ações e Índices Aula 11 Composição do S&P500, introdução à correlações e índice Beta.
Aula 12 Composição índice Nasdaq
Aula 13 Composição índice Dow Jones e correlações entre os três principais índices
Aula 14 Ciclos Econômicos - Parte I
Aula 15 Ciclos Econômicos - Parte II
Aula 16 Diferencial de Juros
Aula 17 Montagem e composição de carteira
Aula 18 VIX - O índice do MEDO
Aula 19 Oferta e Demanda
Aula 20 Correlações
Aula 21 Fundamentos do Bitcoin
Aula 22 Ouro
Aula 23 Taxa duros e Política monetária - FED
Aula 24 Petróleo
Aula 25 Contexto macro atual & Análise de Juros
Aula 26 ETF's americanos
Aula 27 Futuros vs Forex e CFD's
Aula 28 Análise de Ganhos
Aula 29 Moedas – Como operar corretamente no mercado FX – Parte I

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Aula 29 – Moedas – Como operar corretamente no mercado FX – Parte I

O mercado Forex (FOREIGN EXCHANGE) é de longe o maior mercado


financeiro do mundo, com volume de transações diários acima de $6
trilhões de dólares, dividido entre os diferentes produtos, como os pares
spot, contratos de swap, opções, forwards, etc.

Cada participante do mercado possui uma maneira diferente de definir o


preço justo de uma moeda e cada participante atua de maneira
diferente, de acordo com as suas necessidades e objetivos.

Vamos falar aqui nesta aula sobre os principais motivos e participantes


que atuam em FX e quais são os critérios utilizados por eles para entrar
comprado ou vendido em uma paridade.

Esse entendimento vai te fazer entender muito melhor esse mercado e


te ajudar a pegar timing. No final das contas, queremos saber quando
uma moeda irá se valorizar e quando ela irá se depreciar.

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Para quê serve o mercado FX?

Em primeiro lugar temos que entender por que esse mercado existe e o
que os participantes estão fazendo quando compram ou vendem uma ou
mais moedas.

A primeira ideia que vem à cabeça é a mais simples, ganhar com a


valorização ou desvalorização de uma moeda (especulação). Porém,
aqui temos uma complicação, como vamos medir o preço de uma
moeda sem usar alguma base monetária? Não tem como, por isso as
moedas são negociadas em pares.

EUR / USD
Moeda de base Moeda de cotação

Isso traz alguns desafios na hora de especular, pois, como é bem simples
de entender, a paridade irá se desenvolver de acordo com a força ou
fraqueza de ambos os “lados da moeda”, e não apenas um.

Por isso, alguns modelos de precificação são utilizados. Qualquer setup


ou operacional que você utilize e que não leve em consideração o
fundamento das moedas, estará fadado ao fracasso.

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Para quê serve o mercado FX?

A especulação em moedas é uma das atuações-chave que definem o


preço, mas não é a maior e nem a mais importante do porquê e como o
mercado Forex é utilizado.

O maior motivador que traz fluxo para o mercado FX é devido à


NECESSIDADE dos participantes do mercado de fazerem HEDGE nas
moedas, ou seja, se travarem, se protegerem com relação à volatilidade,
o risco cambial e a mudanças nas taxas de juros.

Para esse propósito específico (hedge), existem vários tipos de


derivativos diferentes que atendem a diferentes tipos de necessidades
de bancos, empresas, instituições, etc.

Na aula de hoje nós vamos falar especificamente sobre o mercado Spot


e vamos abordar alguns modelos utilizados pelas instituições para
precificar (encontrar o preço justo) de um par de moedas.

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O Valor de uma Moeda

Primeiro de tudo, o que dá valor a uma moeda?

Uma moeda tem que servir principalmente como um meio de troca


eficaz e como um depósito de valor. Quando pensamos no dólar
americano por exemplo, sabemos que ele tem essas duas principais
características.

Globalmente, o dólar americano representa 62% das reservas de câmbio


estrangeiro, 62% da dívida internacional, 57% do faturamento global de
importação, 43% do faturamento total do mercado de câmbio e 39% do
volume de pagamentos globais.

O euro está próximo ao dólar com relação ao volume de pagamentos,


mas o dólar é de longe a moeda mais usada no mundo. Geralmente, o
país com a maior renda e PIB do mundo, é o que possui a moeda de
reserva global, pois o valor está principalmente relacionado com a
confiança sobre a estabilidade financeira do país. De 1400 em diante, vimos a moeda de reserva mundial mudar de Portugal
para a Espanha, para a Holanda, para a França, para a Grã-Bretanha e enfim
para o dólar dos EUA. Os impérios e, portanto, o status da moeda de reserva
mundial, não duram eternamente.

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O Valor de uma Moeda

Uma moeda de reserva ou ativo de reserva é definido como uma grande


quantidade de moeda - normalmente de propriedade por meio de dívida
soberana denominada nessa moeda - que é mantida por bancos centrais
e outros grandes investidores institucionais, como bancos comerciais e
instituições não bancárias, como fundos de hedge.

Os bancos centrais as usarão principalmente como reservas, o que pode


ajudar a influenciar sua própria taxa de câmbio doméstica.

Por exemplo: vender reservas para comprar sua própria moeda, ajudará
a se valorizar em relação à moeda que está sendo vendida (como o BCB
faz para segurar o câmbio).

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Ciclos das Moedas

Diferentes moedas se valorizam em diferentes ambientes econômicos. Por exemplo, a economia da Austrália ainda depende materialmente das exportações
de commodities, que aumentam na demanda quando a economia mundial está em expansão.

Portanto, o dólar australiano (AUD) é uma moeda pró-cíclica. Quando a economia vai bem, o AUD geralmente sobe. Quando há episódios de “risco” ou queda
da atividade econômica global, o AUD normalmente cai.

Por outro lado, uma moeda como o iene japonês (JPY) se sai bem em períodos de “risk-off” (aversão ao risco). O Japão é um país credor. Em outras palavras,
possui o que é chamado de posição de investimento internacional líquida positiva (NIIP – Net International Investiment Position), ou ativos externos líquidos
superiores aos passivos externos líquidos. O Japão também empresta mais para o resto do mundo do que toma emprestado.

Durante os períodos de risk-off no mercado, os japoneses tendem a retirar seus ativos do exterior e repatriá-los, para se protegerem do risco presente no
mercado. Isso traz aumento do valor de sua moeda.

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Ciclos das Moedas

O JPY também é uma moeda de financiamento comum, porque sua taxa de juros é
ligeiramente negativa. Os bancos fazem o que é chamado de Carry Trade, tomando
empréstimos em ienes para comprar ativos de maior rendimento no exterior, ou
emprestando a um juro mais alto em outros países.

Pega emprestado a zero e investe em algo com 5% de juros: ganha no spread. Porém,
para isso o banco precisa se proteger do risco cambial. Se, por exemplo, o banco está
tomando ienes emprestados no mercado à vista, pode se proteger comprando
contratos de JPY no mercado de futuros (comprando JPY em relação à sua moeda
doméstica) para compensar o risco cambial, ou então, se proteger em derivativos
(como opções e swaps).

Desempenho pró e anti-cíclico


Conforme o desempenho da economia e o comportamento das moedas nos últimos
anos, na imagem ao lado podemos medir a sensibilidade das moedas com relação ao
crescimento do comércio mundial.

As moedas latino-americanas são as com a maior sensibilidade pró-cíclica, assim


como as moedas que dependem fortemente das exportações de commodities (como
CAD e AUD), enquanto o JPY é o oposto, totalmente anticíclico.

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Bitcoin como moeda de reserva?

Existe um certo potencial de reserva nas criptomoedas, mas ainda existe um longo caminho a ser
percorrido para elas serem aceitas como depósitos viáveis de reservas pelos bancos centrais ou como
hedge de moeda para grandes investidores institucionais.

No momento, os mercados de criptomoedas estão fortemente vinculados à atividade especulativa e


não foram bem estabelecidos para fins de criação de valor de nível superior.

Bitcoin, a criptomoeda mais popular, é um depósito de valor interessante pelas suas características.
Ele tem suprimento limitado e você pode transferí-lo facilmente.

Mas se você olhar para as fontes de demanda, os bancos centrais não vão comprá-lo como um ativo
de reserva. Os investidores institucionais não o valorizam tanto como um hedge cambial quando as
taxas de juros reais tornam-se inaceitavelmente baixas.

Por enquanto ainda é um ativo especulativo em que os compradores e vendedores o utilizam


principalmente para fins de investimento, não de troca. Como instrumento especulativo, é um dos
primeiros tipos de coisas que as pessoas vão querer vender para levantar dinheiro em tempos
financeiros difíceis. Portanto, seu valor de diversificação ou de reserva de valor ainda é baixo.

Quando há muito dinheiro em circulação e criação de dívidas em andamento, toda essa liquidez tem
que ir para algum lugar, então grande parte vai para ativos especulativos mais arriscados, o que
ajudou a impulsionar o bitcoin. Veremos um grande teste para as cryptos quando essa liquidez
começar a secar, com o tapering e redução dos balanços dos BC’s.
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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Os quatro modelos mais comuns de precificação de moedas são:

1) Taxa de câmbio efetiva real (REER – Real effective exchange rate)


2) Paridade do preço de compra (PPP – Purchase price parity)
3) Taxa de câmbio de equilíbrio comportamental (BEER – Behavioral equilibrium exchange rate)
4) Taxa de câmbio de equilíbrio fundamental (FEER – Fundamental Equilibrium Exchange Rate)

Taxa de câmbio efetiva real (REER)


A taxa de câmbio efetiva real (REER) é determinada como a média ponderada da moeda de um país em
relação à cesta de outras moedas. Os pesos são uma função da balança comercial relativa da moeda de um
país em relação a cada país da cesta.

Fórmula, REER pode ser expresso como:

REER = (E (a) x P (a) * / P) ~ (E (b) x P (b) * / P) ~ (E (c) x P (c) * / P)

Onde:
E = taxa de câmbio nominal
P * / P = proporção dos níveis de preços
~ = “Proporcional a”

Outra forma de expressá-lo: REER = ER ^ ax ER ^ b X ER ^ cx ... x 100

Onde:
ER = taxa de câmbio de diferentes países individuais;
Os expoentes (a, b, c, etc.) representam a alocação de negociação. Por exemplo, se um país faz 30% de seu
comércio com um determinado país, o expoente seria 0,30.
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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Taxa de câmbio efetiva real (REER)
O REER de um país pode ser encontrado pegando as taxas de câmbio bilaterais entre ele e todos
os seus parceiros comerciais, depois ponderando pela alocação comercial associada a cada país
e multiplicando por 100 para formar um índice (como o DXY e BBDXY por exemplo).
Uma das implicações dessa fórmula é que, se houver uma desvalorização real de uma moeda,
as exportações líquidas aumentarão.
Isso faz sentido porque, se uma moeda se deprecia em termos ajustados pela inflação, isso
tornará os bens e serviços de um país mais baratos em comparação.
Isso aumenta a demanda por eles e, portanto, as exportações aumentarão, mantendo tudo
igual.
Por outro lado, quando uma taxa de câmbio real aumenta, isso torna seus bens e serviços mais
caros em comparação, reduzindo sua demanda e mantendo tudo igual, fazendo com que as
exportações líquidas caiam.
É por isso que muitos países que usam um modelo de exportação para fazer sua economia
crescer, muitas vezes vão querer ver sua moeda se desvalorizar. Aqueles países focados em um
modelo de crescimento de consumo desejarão ver uma moeda mais forte ou pelo menos
estável, já que seu poder de compra com a moeda irá aumentar (ou seja, comprar mais bens e
serviços no mercado global).

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Taxa de câmbio efetiva real (REER)
Isso também significa que certas relações comerciais têm mais influência sobre a taxa de
câmbio do que outras.
Por exemplo, os EUA têm uma relação comercial maior com a UE - ou mais precisamente, países
que usam o euro - do que o Brasil.
Quando o euro enfraquece em relação ao dólar, as exportações da UE para os EUA se tornam
mais baratas porque o dólar pode comprar mais euros em uma base por cada unidade. Para
comprar exportações baseadas na UE, os compradores dos EUA (consumidores, empresas,
governos) precisam converter seus dólares americanos em euros.
Um movimento na taxa de câmbio nominal EUR / USD teria mais influência nos modelos REER
baseados em USD e EUR do que a ponderação da taxa de câmbio real brasileira porque o Brasil
é um parceiro comercial muito menor por volume de capital.
O índice do dólar (DX, publicado pelo ICE) é uma cesta ponderada de taxas de câmbio.
Atualmente, o índice tem as seguintes ponderações percentuais aproximadas:
• Euro (EUR), 58%
• Iene japonês (JPY), 14%
• Libra esterlina (GBP), 12%
• Dólar canadense (CAD), 9%
• Coroa sueca (SEK), 4%
• Franco suíço (CHF), 3%
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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Paridade de poder de compra (PPP)
Para comparar a produtividade econômica e os padrões de vida entre dois países, alguns
macroeconomistas analisarão uma métrica chamada paridade do poder de compra.
PPP é uma forma que analisa a valorização relativa de diferentes moedas por meio de uma
comparação de preços entre diferentes países. A comparação de preços pode ser um produto
específico ou uma cesta de produtos diferentes.
Matematicamente, pode ser representado como:
E = Pa / Pb
Onde:
E = taxa de câmbio entre os dois países
Pa = preço do bem no país A
Pb = preço do bem no país B
Com base nessa ideia, duas moedas estão em equilíbrio uma com a outra quando o mesmo bem
tem o mesmo preço em ambos os países levando em consideração as taxas de câmbio relativas.

Para obter uma compreensão significativa dos diferenciais de preços entre os países, uma cesta
representativa de bens e serviços deve ser usada, como uma que representaria os pesos relativos
de gastos de todos os compradores na economia. Algumas instituições como a OCDE, o Banco
Mundial e as Nações Unidas fazem a coleta desses dados. Institucionais tem departamentos de
análise para fazer isso. 16
Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Paridade de poder de compra (PPP)

BIG MAC INDEX

https://www.economist.com/big-mac-index

Falhas do PPP na prática:


- Custos de transporte diferentes
- Custos de mão-de-obra e insumos
- Competitividade do mercado
- Impostos diferentes
- Qualidade do produto final

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Taxa de câmbio de equilíbrio comportamental (BEER)
A abordagem BEER tenta medir o desalinhamento da taxa de câmbio entre duas moedas com
base em fatores transitórios e fundamentos econômicos atuais em relação aos seus níveis
sustentáveis. A abordagem BEER é frequentemente empregada usando aplicações econométricas
e pode ser usada para explicar as mudanças cíclicas na moeda.
A escolha de variáveis ​ para a abordagem BEER é discricionária, com base em crenças sobre o que
impacta uma taxa de câmbio e os dados que estão disponíveis. Isso pode incluir:
- política monetária e sua provável trajetória futura / diferenciais de taxa de juros nominal e
real
- comércio (preço das importações e exportações entre os países)
- diferenciais de produtividade
- dívida e capital próprio (e os prêmios de risco entre eles)
- ativos externos líquidos em relação aos passivos externos líquidos (NIIP)
- política fiscal e sua provável trajetória futura
- níveis de reservas cambiais
- dívida externa líquida como porcentagem do produto
- preços de bens comercializados e não comercializados
- tarifas, direitos de importação, barreiras não tarifárias e outros fatores macroeconômicos
- etc

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
Taxa de câmbio de equilíbrio comportamental (BEER)
Diferencial de taxas de juros (IRD – Interest Rate Differential)
O diferencial entre as taxas de juros de curto ou longo prazo dos países que compõem um par de
moedas é usado para criar a taxa a termo (Forward rate) e, no longo prazo, ajuda a direcionar a
direção de um par de moedas. Enquanto a maior parte do mercado está bastante ciente do
mercado de dívida e como ele afeta os mercados de câmbio, muitos traders novatos não sabem
como as taxas de juros impulsionam os movimentos do mercado de câmbio.
As taxas de juros são o valor cobrado por um empréstimo. As taxas de juros que afetam os
mercados de câmbio são taxas de juros soberanas. Uma taxa soberana é uma taxa de juros de um
empréstimo que um país emite na forma de títulos para financiar o capital de que precisa para
administrar seu país.
Ao comprar ou vender um par de moedas, você está comprando uma moeda e, simultaneamente,
vendendo outra moeda. A liquidação das transações no mercado spot ocorre em 2 dias úteis. Se você
quiser comprar uma moeda por mais de 2 dias úteis, será necessário realizar uma transação à termo. As
negociações à termo adicionam juros à termo a um par de moedas que é negociado por três ou mais
dias.
Para calcular a taxa futura, os traders usam o diferencial da taxa de juros. É a diferença entre as taxas de
juros de curto prazo de cada um dos países que compõem o par de moedas. Por exemplo, se você
comprar o par de moedas USD / JPY, receberá a taxa de juros do dólar americano e precisará pagar a taxa
de juros de curto prazo japonesa.

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Aula 30 – Moedas – Como operar corretamente no mercado FX – Parte II

O mercado Forex (FOREIGN EXCHANGE) é de longe o maior mercado


financeiro do mundo, com volume de transações diários acima de $6
trilhões de dólares, dividido entre os diferentes produtos, como os pares
spot, contratos de swap, opções, forwards, etc.

Cada participante do mercado possui uma maneira diferente de definir o


preço justo de uma moeda e cada participante atua de maneira
diferente, de acordo com as suas necessidades e objetivos.

Vamos falar aqui nesta aula sobre os principais motivos e participantes


que atuam em FX e quais são os critérios utilizados por eles para entrar
comprado ou vendido em uma paridade.

Esse entendimento vai te fazer entender muito melhor esse mercado e


te ajudar a pegar timing. No final das contas, queremos saber quando
uma moeda irá se valorizar e quando ela irá se depreciar.

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)
4) Taxa de câmbio de equilíbrio fundamental (FEER – Fundamental Equilibrium Exchange Rate)

Taxa de câmbio de equilíbrio fundamental (FEER – Fundamental Equilibrium Exchange Rate)


O conceito FEER é baseado na noção de equilíbrio macroeconômico com dimensão interna e externa. O equilíbrio interno é identificado como o nível de
produção consistente, o pleno emprego e uma taxa de inflação baixa e sustentável. O equilíbrio externo é caracterizado como o fluxo líquido de recursos
sustentável entre os países quando eles estão em equilíbrio interno.
Na avaliação do equilíbrio externo entram a sustentabilidade na conta corrente do país, balança comercial e balança de pagamentos, onde se avalia o
superávit ou déficit dos fluxos de capital. É um modelo bem complexo onde é avaliado toda a dívida, empréstimos, importação, exportação e financiamentos
dos países.
Um detalhe interessante do modelo FEER é que este deve ser definido em termos reais (ou seja, ajustados pela inflação). Um país que está passando por
uma taxa de inflação cinco por cento maior do que a de outros países significa que sua moeda precisará se desvalorizar cinco por cento para restaurar a
mesma posição competitiva de antes.
Ou seja, a depreciação de 5% dará aos consumidores o mesmo conjunto de opções que tinham anteriormente e os produtores que precisam vender seus
produtos terão sua competitividade restaurada internacionalmente.

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)

Com a moeda de reserva mundial, os EUA têm a vantagem de poder incorrer em um déficit maior em
conta corrente simplesmente porque podem vender grande parte de sua dívida a outros países.

Os EUA efetivamente se beneficiam de um efeito de renda pelo dólar ser a principal moeda de
reserva mundial, e é por isso que seu PIB per capita é maior do que países semelhantes, como
Alemanha, Japão e Reino Unido. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o PIB real per capita da
Alemanha, Japão e Reino Unido se estabilizou em cerca de 70-80% do dos EUA. A influência do dólar
tem sido uma grande parte disso.
Ou seja, o americano possui padrões de vida mais elevados.
Mas essa quantidade de emissão de dívida tem seus limites. Quanto mais os Estados Unidos se
mantêm frouxos em seus padrões de gastos (gastam mais do que arrecadam), mais arriscam seu
status de detentor da moeda de reserva mais importante do mundo. No curto prazo, não é um
problema. Os EUA têm a renda nacional mais alta, o que normalmente indica o status de moeda de
reserva superior. Mas é um problema para a próxima década.

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)

Influência do status de reserva na avaliação da moeda


Uma moeda de reserva é algo em que as pessoas em geral desejam economizar. Eles adquirem riqueza, poder geopolítico e poder militar para defender suas rotas
comerciais. Eles desenvolvem mercados de capitais robustos e um centro financeiro que ajuda a atrair e distribuir capital. Tudo isso ajuda a reforçar o uso de uma
moeda de reserva.
Naturalmente, a demanda por uma moeda globalmente (por meio da compra de ativos do país) ajuda a aumentar o valor dela.
Isso também permite que eles (EUA) tomem mais empréstimos para expandir sua renda. Mas esse endividamento e posição financeira excessivamente esticada
também podem ajudar a levar o país a um eventual declínio.
A dívida é a promessa de pagamento futuro. Quando os países se excedem financeiramente, isso significa que precisam criar mais dívidas e dinheiro para cumprir
sua promessa de pagamento.
Esse excesso de criação de dívida pode afastar o mercado da moeda em questão, para sairem da potencial desvalorização, transferindo seu capital para outro lugar.
Normalmente, os responsáveis ​por tomar decisões políticas chegam a um ponto em que precisam fazer a compensação entre:
a) permitir que as taxas de juros subam para níveis mais altos como parte de uma defesa clássica da moeda (ou seja, remunerar suficientemente os investidores o
suficiente para mantê-los), ou
b) “imprimir” dinheiro para comprar a dívida, o que reduz ainda mais o valor do dinheiro e da dívida denominada na moeda.

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Modelos de precificação de moedas (Currency Valuation)

Quando confrontados com essa escolha, os bancos centrais quase sempre escolhem a opção B: “imprimir” dinheiro, comprar a dívida e desvalorizar a moeda. É a
forma mais discreta de sair dos problemas financeiros e, portanto, a mais politicamente aceitável.
Mas esse processo normalmente continua de forma auto-reforçada porque as taxas de juros que estão sendo recebidas sobre o dinheiro e a dívida (títulos) já não
são adequadas para incentivar os investidores e compensá-los pela desvalorização da moeda (a desvalorização cambial excede os juros).
Esse processo prosseguirá até o ponto em que a moeda e as taxas de juros reais estabelecem um novo equilíbrio de balanço de pagamentos .
Em outras palavras, isso significa que haverá venda forçada suficiente de ativos financeiros, bens e serviços e compra restrita suficiente deles por entidades
nacionais a ponto de poderem ser pagos com menos dívidas.
E isso geralmente significa a perda da maior parte do status de reserva de uma moeda. Por exemplo, embora o pico do império britânico tenha passado há
séculos, o GBP ainda representa cerca de 5% das reservas globais.
Reservas globais
No momento, as reservas globais - ou seja, a parcela das reservas dos bancos centrais por moeda - são assim:
- USD : 53%
- EUR : 20%
- Ouro : 14%
- JPY : 6%
- GBP : 5%
- CNY : 2%

Essas ponderações relativas (%) são função de duas coisas principais:


a) os fundamentos que influenciam seus recursos relativos e
b) as razões históricas por trás do uso dessas moedas. 24
Voltando para o Diferencial de Juros
IRD – Interest Rate Differential
Como podemos observar, existem muitos drivers
específicos para os pares de moedas de acordo com
vários modelos macro diferentes. Na minha opinião, o
que tem a maior causalidade com os preços, é o
diferencial de juros.
Então nada mais justo que estudarmos um pouco mais
os juros e os mercados de Títulos, certo?
Um título público nada mais é do que um empréstimo,
uma obrigação de pagamento, que o Tesouro daquele
determinado país tem com o detentor do título.

Os governos usam a emissão de títulos públicos para


se financiarem, pagarem suas dívidas e demandas de
curto prazo. É por isso que existem os leilões do
Tesouro.

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TÍTULOS DO TESOURO
Existem vários tipos de títulos emitidos pelo Tesouro e com diferentes maturações (vencimentos) .

Tipos de Títulos:
- Treasury Bills: Os Bills ou Letras do Tesouro, são títulos vendidos em prazos que variam de alguns dias até 52 semanas.
- Treasury Notes: As notas do Tesouro, às vezes chamadas de T-Notes, rendem uma taxa fixa de juros a cada seis meses até o
vencimento. As notas são emitidas em prazos de 2, 3, 5, 7 e 10 anos.
- Treasury Bonds: Os Bonds ou T-Bonds são títulos que pagam uma taxa fixa de juros a cada seis meses até o vencimento. Eles são
emitidos em um prazo de 20 ou 30 anos.
- TIPS: Os títulos do tesouro protegidos contra a inflação, ou TIPS, fornecem proteção contra a inflação. O principal (montante total
investido) dos TIPS aumenta com a inflação e diminui com a deflação, conforme medido pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI).
Quando um TIPS vence, você recebe o principal ajustado ou o principal original, o que for maior. Os TIPS pagam juros
semestralmente, a uma taxa fixa. A taxa é aplicada ao principal ajustado; assim, como o principal, os pagamentos de juros
aumentam com a inflação e caem com a deflação.
- FRNs: Floating Rating Notes ou Notas de Taxas Flutuantes são títulos emitidos com prazo de dois anos, com pagamentos de juros
trimestrais até o vencimento. O valor dos pagamentos aumenta ou diminui com base nas taxas de desconto dos leilões.
- etc

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Como funcionam os leilões do tesouro
Os títulos negociáveis ​podem ser comprados, vendidos ou transferidos após a emissão original. O Tesouro dos EUA usa um processo de
leilão para vender esses títulos e determinar sua taxa ou rendimento (Yield).

Para financiar a dívida pública, o Tesouro dos EUA vende letras, notas, títulos, notas de taxa flutuante (FRNs) e títulos protegidos por
inflação do tesouro (TIPS) a investidores institucionais e individuais por meio de leilões públicos. Os leilões do Tesouro ocorrem
regularmente e têm um cronograma definido. Existem três etapas para um leilão: anúncio do leilão, licitação e emissão dos valores
mobiliários adquiridos.

Anúncio
Você pode descobrir quando os títulos do Tesouro serão leiloados, pelo link:
https://www.treasurydirect.gov/instit/annceresult/press/press_secannpr.htm.
Depois que um leilão for anunciado, as instituições poderão enviar ofertas pelo título. Os lances são feitos diretamente por meio do
Treasury Direct (Tesouro Direto), TAAPS (Treasury Automated Auction Processing System) ou pelas corretoras e bancos.

Os detalhes do anúncio do leilão:


- Montante da garantia oferecida;
- Data do leilão;
- Data de emissão;
- Data de vencimento;
- Termos e condições da oferta;
- Tempos de concorrência não competitivos e competitivos;
- Outras informações pertinentes

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Como funcionam os leilões do tesouro
Licitação
Ao participar de um leilão, existem duas opções de lances - competitivas e não competitivas.
Os lances competitivos são limitados a 35% do valor da oferta para cada licitante, e um licitante especifica a taxa, margem de lucro ou margem de desconto
aceitável.

Lances não competitivos são limitados a compras de US$5 milhões por leilão. Com uma oferta não competitiva, o licitante concorda em aceitar a taxa, rendimento
ou margem de desconto determinada no leilão.

Os limites de lances se aplicam cumulativamente a todos os métodos usados ​para lances em um único leilão. Não dá pro licitante por exemplo, comprar o máximo
em lances competitivos e depois ainda comprar o limite em não competitivos.

No final de um leilão, o Tesouro concede todos os lances não competitivos que cumprem as regras do leilão e, em seguida, aceita lances competitivos em ordem
crescente de yields ou margem de desconto (FRN’s) até que a quantidade de lances concedidos atinja o valor da oferta total leiloada. Todos os licitantes receberão a
mesma taxa, rendimento ou margem de desconto no lance mais alto aceito. Portanto, quanto mais licitantes com lances altos tiver, maior a chance do High Yield
(HY) ser alto. Quando vemos isso, temos a percepção de que o mercado está exigindo um “prêmio” maior para comprar os títulos do governo.

29
Como funcionam os leilões do tesouro

Emissão
No dia da emissão, o Tesouro entrega os títulos aos licitantes que receberam títulos em um leilão específico. Em troca, o Tesouro cobra as contas desses licitantes
pelo pagamento dos valores mobiliários.

As letras do tesouro são emitidas com desconto ou pelo valor nominal (valor nominal) e pagas pelo valor nominal no vencimento. O preço de compra está listado no
comunicado de imprensa dos resultados do leilão e é expresso como um preço por cem dólares.

Os FRNs têm pagamentos trimestrais de juros e são emitidos com um valor nominal, desconto ou prêmio e um spread declarado. Em alguns casos, o comprador
pode ter que pagar juros acumulados.

As notas do tesouro, bonds e TIPS são emitidos com uma taxa de juros declarada aplicada ao valor nominal e têm pagamentos semestrais de juros. Para os TIPS, os
pagamentos de juros e o pagamento final no vencimento são baseados no valor do principal ajustado pela inflação.

30
Entendendo o resultado de um leilão
Vimos nos meses de fevereiro e março de 2021, a
sensibilidade que o mercado estava com relação
aos resultados dos leilões do Tesouro americano.

Vamos aprender agora a interpretar estes


resultados:

https://www.treasurydirect.gov/instit/anncer
esult/press/press_auctionresults.htm

31
Entendendo o resultado de um leilão
Aqui interessam 4 informações principais:
- HY (high yield);
- porcentagem de lances aceito no HY;
- o low yield
- o medium yield
- e a taxa Bid to Cover

A taxa bid to cover é a divisão do total de lances pela quantidade que o


tesouro está leiloando. Para sabermos se a demanda compradora foi forte
ou não naquele determinado leilão, nós comparamos a taxa bid-to-cover
do leilão atual com a do leilão anterior. Alguns analistas gostam de fazer
uma média dos últimos 3 leilões (outros dos últimos 6).

32
Aula 31 – Moedas – Como operar corretamente no mercado FX – Parte III

Como o modelo de diferencial de juros utilizam os yields dos treasuries,


precisamos entender à fundo como funciona a oscilação dos yields e o
porquê de sua correlação negativa com os preços dos bonds.

Vamos aprender nessa aula sobre:


- O que move os preços dos títulos e os yields?
- Como são definidos os yields (Leilão e negociação mercado secundário)
- Tipos de yields de um título
- Usando os diferenciais de juros na prática
- Estratégias (Day Trade/Swing/Position)
- Mercado futuro de Bonds (Fundamentos e correlações)

33
Importância dos Leilões do Tesouro

Na aula anterior estudamos um pouco do processo de leilão do Tesouro, como avaliar os


títulos emitidos, avaliar a demanda pelo mercado e onde encontrar essas informações.

Na aula de hoje vamos entender melhor como os leilões e as negociações do mercado no


dia-a-dia afetam os yields, afinal, precisamos entender como os juros se movimentam pois
essa é a base do nosso modelo macro para moedas, certo?
O propósito dos leilões pelo Tesouro é conseguir o financiamento do mercado pelo custo
mais competitivo possível. O rendimento (yield) dos títulos leiloados são definidos pelas
ofertas (lances) dos participantes, conforme vimos na aula anterior.

O yield definido no leilão afeta os títulos que já estão sendo negociados no mercado
secundário. Como podemos ver no dia a dia, os preços dos títulos variam no sentido
contrário ao dos yields. Quando os yields estão subindo, os preços dos títulos tem que cair.
E vice-versa.
Mudanças nos rendimentos do Tesouro também afetam outros investimentos em dívida.
Eles afetam a dívida corporativa dos Estados Unidos e a dívida soberana dos governos
estrangeiros. Esses rendimentos são cotados como um spread sobre os títulos do Tesouro -
dependendo de seus perfis de risco. A dívida corporativa ou externa de menor risco teria
um spread menor e vice-versa. O mercado costuma arbitrar esses spreads em busca das
melhores opções de retorno.
Os rendimentos do Tesouro também são usados ​ como proxy para a taxa livre de risco. Eles
são usados ​ para determinar os prêmios de risco das ações.
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Por que os preços dos títulos caem quando os juros sobem?
Como sabemos, os títulos americanos e da maioria dos países possuem um valor de face (valor nominal) fixo. No caso dos Treasu ries americanos, esse valor é de $100.
Portanto, você compra um título hoje para no dia do vencimento (quando o título atingir sua maturação) você receber os $100 d ólares. A diferença entre o que você pagou
e o valor de face de $100 é um dos tipos de retorno que o mercado calcula para identificar se vale ou não a pena comprar aque le título.
Quanto maior for essa diferença, mais descontados estarão os $100 dólares do valor nominal do título. Por isso, quando os jur os sobem, os preços dos títulos caem, para
compensar esse financeiro que é descontado na data presente.
Entendendo a fundo os rendimentos dos títulos (Coupon yield, current yield, yield to maturity, real yield)
Os títulos possuem várias medidas de yields, como por exemplo:
- o cupom anual (pagos semestralmente como vimos na aula passada), que é o juro pago
para o detentor do título. Esse cupom é a taxa de juros definida no momento da emissão do
título. Esse valor é calculado como uma porcentagem do valor nominal do título e não vai
mudar durante a vida útil do título, independente da subida ou queda do valor do título.
- o current yield (rendimento atual) pode ser medido calculando a taxa do cupom com o
preço de mercado atual do título (que oscila). Por exemplo, se você comprou um título de
$100 com um cupom de 2% (juros de $2 usd anuais) e você o vender pelos mesmos $100,
significa que o rendimento atual também é de 2%. Porém, se você comprou esse mesmo
título a $90 no mercado secundário (com cupom de 2%), então o current yield é de 2,22%. O
cupom de 2% não muda, independente do valor do título, você continuará recebendo $2
dólares de juros anuais, porém, com o valor do título ter caído (pelas novas emissões terem
yields maiores ou pelos juros terem subido), o preço desse título se desvalorizou. Dividindo
os $2 dólares de juros do cupom pelos $90 do valor pago, você tem o current yield de 2,22%.

Nesse caso específico, temos uma subida 0,22% nos yields impactando em 10% do preço do título (de $100 para $90). Ao lado um gráfico com o impacto no
preço dos títulos a cada 1% de alta nos yields. 35
- o yield to maturity (YTM) ou rendimento até o vencimento é a taxa de retorno percentual de um título, supondo que o investidor mantenha o ativo até a data
de vencimento. É a soma de todos os pagamentos de cupons restantes (cálculo mais complexo). O rendimento até o vencimento de um título aumenta ou diminui
dependendo de seu valor de mercado e de quantos pagamentos ainda serão recebidos. Para calcular o YTM consideramos os seguintes fatores:
• Cupom yield - quanto mais alto o cupom de um título, maior será seu rendimento. Isso porque, a cada ano, o título pagará uma porcentagem maior de seu
valor de face na forma de juros.
• Preço - quanto mais alto o preço de um título, menor seu rendimento. Isso porque um investidor que compra o título tem que pagar mais pelo mesmo
retorno.
• Anos restantes até o vencimento - Fator de rendimento até o vencimento nos juros compostos que você pode ganhar em um título se reinvestir seus
pagamentos de juros.
• Diferença entre valor de face e preço - se você mantiver um título até o vencimento, receberá o valor de face do título. O preço real que você pagou pelo
título pode ser maior ou menor que o valor de face do título. Fator de rendimento até o vencimento nesta diferença.
Exemplo: Digamos que você compre a $90 um título de 10 anos com valor nominal de $100, cupom de 6% ($6 dólares de pagamentos anuais de juros). Fal tam 5
anos para a maturidade
Como você pagou $90, o rendimento atual do título é de 6,7% ($6 de juros anuais / $90 x 100).
Porém, o rendimento do título até o vencimento (YTM), neste caso, será mais alto. O cálculo considera que você pode obter juros compostos reinvestindo os $6
que recebe a cada ano. O cálculo também considera que, quando o título vencer, você receberá $100, o que é $10 dólares a mais do que você pagou.

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- o real yield ou juros reais são os juros de um título após ajustar pela inflação a modo de se obter o retorno real. Os juros dos treasuries americanos podem ser
encontrados facilmente, pois eles são definidos pelos TIPS (Treasury Inflation Protected Security).

Real Yield Curve: https://www.treasury.gov/resource-center/data-chart-center/interest-rates/Pages/TextView.aspx?data=realyield (Esses rendimentos reais


são calculados pelo Fed de NY a partir de composições de cotações do mercado secundário).
Há duas formas de calcularmos os yields reais, seja para identificar a atratividade de um título ou seja para usar os juros r eais em um diferencial por exemplo:

1) Valor aproximado: Descontando os yields nominais pela taxa de inflação (CPI).


Exemplo: Supondo que um investimento tenha retorno fixo de 6% no ano, porém, a taxa de inflação nesse mesmo período foi de 4%, qual o retorno aproximado?

Onde:
r = taxa de juros reais
i = taxa de juros nominais

2) Valor real: Fórmula de Fisher - O Efeito Fisher, nomeado em homenagem ao seu criador, o economista Irving Fisher, é uma teoria econômica que demonstra
qual é a relação entre a inflação e a taxa de juros real/nominal de uma economia.

Exemplo: Supondo que um título tenha tenha yield de 6% no ano, porém, a taxa de inflação nesse mesmo período foi de 4%, o ret orno foi de 2%? Não.

r = (1+0,06) - 1 = 1,923%
(1 + 0,04)

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Que taxa utilizar para a inflação futura? Pois temos o CPI
somente do passado, mas e se eu quiser calcular o retorno
futuro de um título?

Pra isso existe uma taxa chamada yield Breakeven

O Breakeven inflation rate (taxa de inflação de equilíbrio)


representa uma medida da inflação esperada derivada de
títulos de vencimento constante do Tesouro de 10 anos
(BC_10YEAR – 10Y Note) e títulos de vencimento constante
do Tesouro de 10 anos indexados à inflação (TC_10YEAR –
10Y TIPS). O valor mais recente indica a inflação esperada
pelos participantes do mercado nos próximos 10 anos, em
média.

Usamos o datafeed da QUANDL pra ver essas taxas no


Tradingview, mas podemos usar também o dado direto do
FRED (Federal Reserve Economic Data):

https://fred.stlouisfed.org/series/T10YIE

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Quais são os motivadores que impactam na precificação dos yields e nos preços dos títulos?

Taxas de juros
O preço que os investidores estão dispostos a pagar por um título pode ser significativamente afetado pelas taxas de juros do banco central. Se as taxas de juros subirem, os
preços de títulos já emitidos geralmente cairão. Isso ocorre porque os novos títulos provavelmente leiloados com taxas de cupom mais altas à medida que as taxas de juros
aumentam, tornando os títulos antigos ou em aberto geralmente menos atraentes, a menos que possam ser adquiridos a um preço mais baixo (por a precificação de
queda). Portanto, expectativas de taxas de juros mais altas significam preços mais baixos para os títulos existentes.
No entanto, se a expectativa das taxas de juros forem de queda, no entanto, os preços dos títulos existentes geralmente subirão, o que significa que um investidor poderá
em alguns casos vender um título por um valor maior do que o preço de compra, uma vez que outros investidores estão dispostos a pagar um prêmio maior por um título
com um pagamento de juros mais alto (cupom mais alto).

Saúde financeira do emissor


A saúde financeira da empresa ou entidade governamental que emite um título afeta o cupom com o qual o título é emitido - títulos com classificação mais alta emitidos
por instituições com boa capacidade de crédito geralmente oferecem taxas de juros mais baixas, enquanto as empresas ou governos menos seguros financeiramente terão
que oferecer taxas mais altas para atrair investidores.

Da mesma forma, a qualidade de crédito do emissor afetará o preço do título no mercado secundário. Se o emissor for financeiramente forte, os investidores estarão
dispostos a pagar mais, pois estão confiantes de que o emissor será capaz de pagar os juros do título e liquidá-lo no vencimento. Mas se o emissor encontrar problemas
financeiros - e especialmente se for rebaixado por uma das agências de classificação (para mais informações, consulteClassificações de títulos ) - então os investidores
podem ficar menos confiantes no emissor. Como resultado, os preços podem cair.

O risco de deterioração da saúde financeira do emissor, conhecido como risco de crédito, aumenta quanto maior o prazo de vencimento do título.

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Quais são os motivadores que impactam na precificação dos yields e nos preços dos títulos?

Inflação
As condições inflacionárias geralmente levam a um ambiente de taxas de juros mais altas. Geralmente temos ambientes inflacionários em momentos de crescimento
econômico e pressão de preços por aumento na demanda. Portanto, a inflação tem o mesmo efeito que as taxas de juros nos títulos. Quando a taxa de inflação sobe, o
preço de um título tende a cair, porque o título pode não estar pagando juros suficientes para ficar “à frente” da inflação. Lembre-se de que a taxa de cupom de um título
de taxa fixa permanece inalterada durante a vida do título. Quem vai querer segurar um título recebendo juros negativos?

Quanto mais longo o vencimento de um título, maior a chance de que a inflação suba rapidamente em algum ponto e baixe o preço do título. Esse é um dos motivos pelos
quais os títulos de longo prazo oferecem taxas de juros um pouco mais altas: eles precisam fazer isso para atrair compradores que, de outra forma, temeriam um aumento
da taxa de inflação. Esse é um dos maiores riscos incorridos ao concordar em amarrar seu dinheiro por, digamos, 30 anos.

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Qualquer pessoa que queira vender títulos pré-existentes deve reduzir seu preço de mercado para compensar os investidores pelos
pagamentos de cupom mais baixos dos títulos em relação aos títulos recém-emitidos.
Comprar um título com prêmio significa comprá-lo por mais do que seu valor nominal. Comprar um título com desconto significa
pagar menos do que seu valor nominal. Independentemente do preço de compra, os pagamentos de cupom permanecem os mesmos .

O melhor momento pros investidores comprarem títulos, são quando as taxas de juros estão lá em cima e próximos de uma
desaceleração econômica, pois, além de receberem juros semestrais altos, se o banco central tiver que cortar juros para estim ular a
economia, os investidores vão ganhar com a subida do preço dos títulos. Como as taxas de juros do banco central impactam na c urva
de juros inteira, o principal investido sobe com o valor dos títulos.

Sensibilidade da taxa de juros de títulos


Primeiro, vamos considerar algumas das condições que normalmente levam a taxas mais altas:
• Crescimento econômico mais forte
• Aumento da inflação
• Expectativas crescentes de que o Federal Reserve aumentará as taxas de curto prazo em algum momento no futuro
• Elevado apetite pelo risco, que leva os investidores a venderem investimentos de renda fixa de baixo risco (o que aumenta as taxas
e os preços caem) e a comprar títulos de alto risco (o que reduz as taxas e aumenta os preços).

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- Mercado futuro de Bonds

Os futuros de títulos do Tesouro dos EUA negociados na CBOT (Chicago


Board of Trade) são ferramentas de alta liquidez que o mercado usa para
especulação, hedge, precificação das taxas de juros dos Treasuries
(potencialmente aumentando a receita), ajuste da duração (duration) do
portfólio, negociação de spreads e basis.

Este é o mercado de futuros mais complexo que existe, pois existem


inúmeros detalhes no contrato, que é um instrumento sintético
composto por títulos de vencimentos diferentes.

Ao comprar um contrato do T-Note de 10 anos (ZN), por exemplo),


você pode segurá-lo até o vencimento e receber a entrega física de
um título. Qual título você irá receber? Quem escolhe é o vendedor
pelos critérios de Cheapest to Deliver.

Correlações
Sabemos que os mercados de Tresuries impactam globalmente nos
ativos, porém, a subida e descida dos futuros de Bonds têm correlação
especial com o Ouro (que também podemos considerar uma moeda).

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Resumo dos modelos de valuation de moedas

No total, temos quatro modelos principais de avaliação de moedas que são amplamente
aplicados:
1) Taxa de câmbio efetiva real (REER)
2) Paridade do preço de compra (PPP)
3) Taxa de câmbio de equilíbrio comportamental (BEER)
4) Taxa de câmbio de equilíbrio fundamental (FEER)

O REER é definido como a média ponderada da moeda de um país em relação a uma


cesta de outras moedas. O REER de um país ou jurisdição pode ser calculado tomando as
taxas de câmbio bilaterais entre ele e seus parceiros comerciais e, em seguida, pesando
cada taxa de câmbio pela balança comercial (em termos percentuais).

43
Resumo dos modelos de avaliação de moeda

O PPP sugere que as taxas de câmbio devem se equilibrar ao longo do tempo, de modo
que os bens comercializáveis ​ entre os países tenham o mesmo preço. Por exemplo, se
uma camisa custa $ 10 na Inglaterra e $ 15 nos EUA, isso sugere que os consumidores
americanos vão querer comprar a camisa da Inglaterra (convertendo, assim, dólares
americanos em libras esterlinas), causando uma valorização do GBP e depreciação do
USD .
Os problemas com PPP incluem a influência distorcida de fatores estruturais e
idiossincráticos entre os países, como fricções comerciais e custos de trânsito, custos de
insumos não comercializáveis, concorrência imperfeita, disparidades fiscais, qualidade
dos bens e medidas de nível de preços.

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Resumo dos modelos de avaliação de moeda

O FEER usa o conceito de um valor de equilíbrio fundamental. Por exemplo, se um país


está com um déficit na balança de pagamentos (conta corrente e conta fiscal
combinadas são negativas), ele pode financiar isso emitindo dívida para estrangeiros?
Os países com moeda de reserva que emitem dívida em sua própria moeda, onde há
uma forte demanda externa, serão capazes de fazer um trabalho melhor do que os
países de mercado emergente.
Os países emergentes que emitem dívida em moeda estrangeira (geralmente porque
tem taxas de juros mais baixas e é mais estável em valor do que sua própria moeda
nacional) terão problemas se sua moeda se desvalorizar em relação à moeda na qual
muitos de seus passivos são denominados.
As moedas com superávit estrutural do balanço de pagamentos costumam ter suas
moedas valorizadas, pois isso indica um superávit de demanda pela moeda no mercado
internacional.
Todos esses modelos pressupõem taxas de câmbio flutuantes.
Quando há uma taxa de câmbio fixa, o banco central ou o sistema monetário mais amplo
controla amplamente a taxa de câmbio, comprando e vendendo no mercado aberto.

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Resumo dos modelos de avaliação de moeda

Alguns outros regimes de moeda são o que vocês geralmente chamam de


“administrados”. Ou seja, eles não são flutuantes nem fixos, mas mantidos dentro de
uma faixa desejada por algum período. O renminbi chinês (também conhecido como
yuan) é um exemplo.
Em termos de opções de política, um país precisará fixar sua taxa de câmbio controlando
os fluxos de capital dentro e fora do país (por meio de bancos, instituições financeiras
não bancárias e outros canais) ou renunciando ao uso de um sistema monetário
independente política.
Por exemplo, se um país deseja atrelar sua moeda ao dólar dos EUA e não controlar seus
fluxos (porque não quer ou porque não acredita que realisticamente possa), então sua
própria política monetária será ditada pelo Federal Reserve dos EUA.
Isso mantém o diferencial da taxa de juros relativamente constante. Quando uma moeda
ganha mais ou menos em relação a outra, isso torna a moeda mais ou menos atraente
para se manter.
Uma taxa de câmbio fixa também pode ser viável quando os fluxos de capital entre os
países são pequenos a ponto de administrar uma taxa de câmbio é relativamente fácil,
sem que os fluxos a sujeitem a grandes mudanças na demanda.
Isso é parte do que tornou o sistema monetário de Bretton Woods eficaz de 1944 a
1971.
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Resumo dos modelos de avaliação de moeda

Embora existam várias taxas de câmbio fixas em todo o mundo - por exemplo, dólar de
Hong Kong em relação ao dólar dos EUA (USD / HKD) - esses pares de moedas ainda são
negociáveis. Só não espere que eles se movam muito.
No final, todos os sistemas indexados que são inconsistentes com os fundamentos da
moeda acabarão falhando.

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