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Vivendo em um “Matrix” espiritual

Sou fã do filme Matrix e nos últimos tempos alguns aspectos interessantes do filme têm
estado em meus pensamentos. O filme tem perspectivas muito intrigantes que gostaria
de destacar fazendo um paralelo entre nossa realidade e a apresentada em Matrix.
Com isso, não estou dizendo que o filme é perfeito ou recheado de aspectos cristãos,
como ocorre em outros filmes, mas apesar das falhas ele apresenta uma analogia
muito rica e relevante.

Para aqueles que não assistiram ao filme, ou simplesmente passaram batido por ele,
vou fazer um breve resumo da história (se você como eu já assistiu mais de 100x, pode
pular essa parte). Em Matrix temos uma realidade onde as máquinas dominaram o
mundo e tornaram os humanos seus escravos. A maioria dos humanos não sabe desse
fato, pois a Matrix os engana, legando-os a um mundo virtual, mas próximo daquilo
que seria a realidade. Porém quando eles despertam da Matrix, ao conhecerem a
verdade, eles descobrem que a realidade não é nada daquilo que eles pensavam. Os
humanos vivem reclusos, mal vestidos, com poucos recursos, numa terra semi-morta e
encabeçam uma espécie de resistência contra as máquinas, para quem sabe um dia
reaver aquilo que eles perderam.

Pois bem, dito isso vamos a alguns pontos que gostaria de analisar que podem ser
interessantes para a nossa jornada Cristã.

1. Um mundo caído e regido por um Príncipe das Trevas

“Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.” 1 João 5: 19

Não podemos ignorar que vivemos realmente em um Matrix: a maioria das pessoas
que vemos na rua não faz a menor ideia do mundo espiritual, e real, que as cerca.
Diferente do filme, nosso Matrix não é regido por máquinas; os humanos são
enganados por um ser maligno e bastante inteligente, que assim como em Matrix, os
deixa num estado total de cegueira sobre a realidade das coisas.

O engano é uma arma muito poderosa do reino de Satanás. As pessoas vivem na total
ignorância, acreditando que suas vidas são perfeitas e completas, que suas
convicções são reais e saíram somente de suas próprias cabeças. Ledo engano, até
esse pensamento serve aos interesses da “Matrix”. O livro “Cartas de um Diabo ao Seu
Aprendiz”, do C. S. Lewis, mostra um mundo onde os demônios estão logo ali, à
espreita, trabalhando para que as pessoas nunca saiam dos seus domínios.

Pensar em um mundo onde pessoas são trevas e vivem sob o engano de Satanás, que
acreditam nas mentiras dele como se fossem verdades, não é excluir a soberania de
Deus, mas compreender uma realidade apresentada pela própria Escritura. Sim, as
pessoas vivem como zumbis espirituais, tendo seus pensamentos, desejos e sentimentos
alimentados pela Matrix.

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus para poderdes ficar firmes contra as ciladas
do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as
forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” Efésios 6: 11-12

2. Uma “liberdade” que aprisiona

Dentre várias artimanhas usadas por esse reino de trevas, uma delas, que por sinal tem
sido muito poderosa nos últimos tempos, é a falsa noção de liberdade.
O grito da atualidade é por uma liberdade ilimitada, sendo essa mais uma mentira
contada por Satanás.

Essa liberdade exacerbada que temos visto nos últimos dias é na verdade um grito
desesperado de escravos. As Escrituras dizem claramente que sem Cristo não somos
livres, mas eternos escravos caminhando para um fim de morte.

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se
deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. Gálatas 5:1

É assim que elas são mantidas nesse reino, acreditando que nele são livres. A falsa
liberdade parece muito apetitosa, desejosa de obter. Pensar em ser livre para fazer
tudo o que você desejar parece tentador. Mas, como podem escravos ser realmente
livres se ninguém os libertou. Não é possível obter liberdade se ainda estivermos na
Matrix. Essa falsa liberdade que o mundo oferece só aprisiona ainda mais e afasta da
verdadeira liberdade.

“prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois


aquele que é vencido fica escravo do vencedor.” 2 Pedro 2:19

3. O delicioso “bife” do engano

Em um diálogo muito interessante entre o Agente Smith e o Cypher, é possível


perceber o quanto nossa natureza caída prefere o engano. Sem a liberdade dada
por Cristo, estaremos sempre ligados à Matrix.
No diálogo o Cypher, já desperto da Matrix e, teoricamente, a serviço da resistência,
decide se rebelar e vender os humanos, servindo novamente à Matrix. Na cena em
que ele conta o plano para vender os líderes dos humanos ele está em um restaurante
e comendo um suculento bife, e quando ele vai colocar o pedaço à boca, ele fala
que sabe que aquilo não é real, são somente dados de um computador, ele sabe que
a Matrix vai enviar uma mensagem ao seu cérebro informando qual o sabor do bife.
Mas mesmo sabendo a verdade ele diz que “a ignorância é uma bênção.” Mesmo
sendo liberto, ele deseja ser novamente aprisionado.

Essa cena me lembra muito o texto de II Pedro 2: 20 – 22.

Se, tendo escapado das contaminações do mundo por meio do conhecimento de


nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, encontram-se novamente nelas enredados e por
elas dominados, estão em pior estado do que no princípio.
Teria sido melhor que não tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, depois
de o terem conhecido, voltarem as costas para o santo mandamento que lhes foi
transmitido.
Confirma-se neles que é verdadeiro o provérbio: "O cão voltou ao seu vômito" e ainda:
"A porca lavada voltou a revolver-se na lama". 2 Pedro 2:20-22

Nela percebemos que quando nos concentramos nas delicias desse mundo perdemos
o foco Divino. A liberdade dada por Deus é infinitamente melhor do que podemos
imaginar, mas quantas vezes não nos acostumamos com o sagrado a ponto de torna-
lo cotidiano.
A caminhada cristã não é fácil, e se nós nos concentramos na grama verde do vizinho,
ou nos “bifes suculentos” apresentados pelo mundo, nós estaremos ingerindo veneno
e nos perdendo do verdadeiro alvo. A nossa santidade deve ser buscada muito mais
do que qualquer outra coisa que podemos ter nesse mundo.
“Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em
realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte.”
Romanos 7: 5
“Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz.”
Romanos 8: 6

4. O cereal dos Justos

Quando assistimos ao filme percebemos que a comida das pessoas fora da Matrix é
meio nojenta. Parece uma gororoba, com uma cor esquisita e nada apetitosa.
Contudo, o filme nos conta que essa comida esquisita e ruim tem todos os nutrientes
necessários para a vida.

Mais uma vez vemos uma boa conexão com o filme. Como não dizer que nossa
jornada cristã é assim, difícil de engolir, mas possui todos os nutrientes para a vida. A
verdadeira liberdade em nada se assemelha com a mentira contada pelo mundo; ela
não é bela, não é saborosa, não é fácil, mas ao mesmo tempo, longe dela não temos
vida. E toda vez que tentarmos saborear o bife suculento do engano perceberemos
que ele tem gosto de cinzas e morte.

Apesar da promessa de uma vida difícil, Deus em sua infinita bondade nos permite um
tempero para esse cereal sem gosto. A doutrina da Igreja, quando estamos todos
unidos, bem ajustados e conectados nos traz alívio de nossas aflições e sabor em
nossas vidas.

Só Cristo pode verdadeiramente nos libertar da Matrix, só Ele pode arrebentar os laços
do engano, só Nele temos a verdade. E ele provou um cereal bem mais amargo, difícil
e intragável. Nele temos nossas dores aliviadas, nossos pecados perdoados e
encobertos e os nutrientes necessários para uma vida santa e agradável a Deus.

Isso além de nos trazer alívio, também nos motiva a pregarmos a liberdade que temos
em Cristo. Precisamos anunciar ao mundo que eles estão presos em engano, vivendo
como escravos e sem esperança de futuro.

“Porque Deus, que disse: Das trevas resplandeceu em nosso coração, para iluminação
do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo
somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando
sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em
nosso corpo.” 2 Coríntios 4: 6-10

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