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Prática Técnico Profissional Fundição e Forja

Parâmetros Importantes no Processo de Forjamento

A Figura abaixo, mostra a visão geral duma série de parâmetros característicos do processo
de forjamento. Alguns parâmetros como tensões, deformações, velocidade de deformação,
temperatura, curva de escoamento, variáveis metalúrgicas e atrito serão abordados neste
item.

Figura 18: Principais parâmetros do processo de forjamento (SCHAEFFER, 2001).


Tensão
A tensão é definida como sendo a razão entre a força (F) e a secção (A) onde esta força
actua:
σ = F/A

Quando um corpo é submetido a solicitações externas, ocorre o surgimento de tensões na


parte interna do corpo e também junto às ferramentas. Considerando-se um corpo
elementar da figura seguinte, posicionado num ponto qualquer e observando-se, por
exemplo, um dos planos, tem-se a tensão normal ao plano (σxx) e as tensões de
cisalhamento (σxy ou τxy = τyx) contidas no plano. No total, resultam 03 tensões normais e 06
tensões de cisalhamento actuando num corpo elementar. As teorias de escoamento, como
por exemplo, Tresca ou Von Mises, mostram que, dependendo da combinação das tensões
actuantes o corpo pode escoar plasticamente. Através de Von Mises pode-se calcular a
tensão equivalente (σeq) por (SCHAEFFER, 2001):

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Figura 19: Tensões actuantes num elemento de volume (SCHAEFFER, 2001).

Quando a tensão equivalente atingir o valor da tensão de escoamento Y do material


ocorrerá deformação plástica. A tensão pode ainda ser calculada conforme a teoria da
tensão máxima de cisalhamento (Tresca) quando são conhecidas as tensões normais
principais. Por convenção estabele-se que σ1> σ2> σ3 (na teoria de Tresca σ2 é desprezada).
Se o valor da tensão equivalente (σeq) for superior à tensão de escoamento, o material
escoará plasticamente (SCHAEFFER, 2001).

Deformação
Nos processos de forjamento, a deformação global ou localizada em determinada região da
peça dever ser calculada pela deformação verdadeira e não pela deformação relativa. É
importante observar que nos processos de conformação mecânica o volume do corpo
durante o processo de deformação não se altera. Esta particularidade denomina-se Lei da
Constância de Volume (SCHAEFFER, 2001).

Taxa de Deformação

A taxa de deformação (. ) é definida como sendo a variação da deformação em função do


tempo:
.= dε/dt

A taxa de deformação exerce os seguintes efeitos:


a) Quanto maior a taxa de deformação, maior a tensão necessária para deformar o
metal;
b) Quanto maior a taxa de deformação menor será a dissipação do calor, levando ao
aumento da temperatura do material. Assim, na deformação a quente, caso a

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temperatura aumente demasiadamente pode levar à fusão do metal;

c) Maior taxa de deformação exige maior temperatura de processamento no


forjamento a quente. Isto ocorre porque a maior velocidade de deformação exige
que o amaciamento do metal ocorra em menor tempo, o que ocorre em
temperaturas mais elevadas;
d) Com o aumento da taxa de deformação existe melhor lubrificação na interface
metal-ferramenta, desde que o filme de lubrificante possa ser mantido (DIETER,
1981).

Curvas de Escoamento
A curva de escoamento que caracteriza o material é de interesse fundamental na
plasticidade, pois descreve o seu comportamento em deformação plástica. Este
comportamento é influenciado por diversos factores tais como a deformação ε, a
velocidade de deformação . e a temperatura T, além de características intrínsecas do

material como microestrutura e composição química. A tensão de escoamento, então, pode


ser expressa como (JÚNIOR, 2007):
Y = f (ε, ., T)

A tensão de escoamento é um dos parâmetros fundamentais do processo de forjamento e o


conhecimento deste parâmetro para materiais a serem conformados torna-se imprescindível
para quantificar a força, trabalho, preenchimento da matriz, desgaste de ferramenta, tensões
na ferramenta, etc. As curvas de escoamento são construídas através de testes mecânicos
(tração, torção, etc.) (SCHAEFFER, 2001).

Temperatura Durante o Processo de Forjamento

Cerca de 95% do trabalho mecânico de deformação são convertidos em calor. Parte deste
calor é perdida por condução pelas ferramentas ou perdido para a atmosfera, porém uma
parcela é mantida, aumentando a temperatura do componente trabalhado.

Aumento de temperatura por trabalho de conformação


O aumento máximo teórico em temperatura é dado por (DIETER, 1981):
WP
∆T=
ρcJ

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Onde: W P -trabalho de deformação plástica por unidade de volume; ρ = densidade do


componente trabalhado;

c - calor específico do componente trabalhado;

J - equivalente mecânico do calor, 778 pés-lb/Btu

 Perda térmica por contato com a ferramenta

A queda de temperatura devido ao contacto da peça com uma ferramenta normalmente com
temperatura inferior pode ser calculada por (SCHAEFFER, 2001):

Onde: T- temperatura média da peça após conformação (°C);

TF - temperatura da ferramenta (°C);

TM - temperatura inicial da geratriz/material (°C);

ρ - densidade do componente trabalhado;

t - tempo de contacto peça-ferramenta (s);

α - coeficiente de transferência de calor ferramenta-peça (J/°Cms);

c - calor específico do material;

h - altura da peça ou da região de cálculo (m).

Perda térmica por radiação

A radiação, conforme a Lei de Stefen-Boltzmann, é calculada por (SCHAEFFER, 2001):

Onde:

QS - perda térmica por unidade de tempo (kJ/h);

CS - constante de radiação (kJ/(m2h °K4));

A - superfície de irradiação (m2);

T temperatura - absoluta do corpo (°K).

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Variáveis Metalúrgicas
As propriedades dos metais estão estreitamente ligadas à sua composição química e
microestrutura. Por exemplo, a adição de elementos de liga a um metal diminui seu ponto
de fusão, mas sua resistência é aumentada. Desta forma, ligas são mais difíceis de deformar
a quente que os correspondentes metais puros, pois a temperatura máxima a que podem ser
trabalhadas é mais baixa. Quando a adição de uma liga a um metal ultrapassa certos limites,
pode ocorrer formação de segunda fase. Quando esta fase é mais resistente que a matriz
(material presente em maior quantidade), a mistura será mais resistente. Quando for mais
macia, poderá haver amaciamento da mistura com relação à matriz (CETLIN E HELMAN,
2005).

As propriedades destas misturas são fundamentalmente afectadas pela microestrutura


(disposição espacial das diversas fases do material) que depende de quais fases estão
presentes e de sua quantidade: quanto maior a quantidade da segunda fase maior será o seu
efeito no sentido de aumentar quanto diminuir a resistência da mistura. A distribuição
espacial da segunda fase é de grande importância para o aumento de resistência, sendo o
efeito mais pronunciado quanto mais finamente dispersa estiver a segunda fase (CETLIN E
HELMAN, 2005).
Atrito

Denomina-se atrito por contacto ao mecanismo pelo qual se desenvolvem forças na


superfície de contacto entre dois corpos em contacto, que traduzem numa resistência ao
deslizamento de um corpo sobre o outro (CETLIN e HELMAN, 2005).

As forças de atrito desenvolvidas entre a peça e as ferramentas de conformação são


considerações importantes no trabalho mecânico dos metais (DIETER, 1981), sendo,
geralmente, consideradas nocivas (CETLIN e HELMAN, 2005).

Entre os aspectos relevantes da conformação mecânica mais directamente ligada ao atrito,


pode-se assinalar (CETLIN e HELMAN, 2005):

 Alteração, geralmente desfavorável, dos estados de tensão necessários para a


deformação;
 Produção de fluxos irregulares de metal durante o processo de conformação;
 Aparecimento de tensões residuais no produto;
 Influência sobre a qualidade superficial dos produtos;
 Elevação da temperatura do material a níveis capazes de comprometer-lhes as

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propriedades mecânicas;
 Aumento do desgaste de ferramentas;
 Aumento do consumo de energia necessária à deformação.

Portanto, o controle das condições de atrito na interface matriz/ferramenta é um aspecto


importante no forjamento dos metais, visto que o atrito é responsável pelo aumento da
pressão aplicada na ferramenta, pelo acentuamento do seu desgaste e tem influência na
geração de defeitos que limitam a conformabilidade.

O controle do atrito é feito através de lubrificantes de forma a estabelecer um filme com


baixa tensão de cisalhamento, τ, na superfície peça-ferramenta, reduzindo, assim, as
tensões que se opõe ao movimento relativo nesta interface (JÚNIOR, 2007).

A formulação mais comum de atrito é conhecida como atrito de Coulomb ou atrito seco,
que devido à sua simplicidade conceitual é frequentemente usada nos cálculos de
processo de conformação mecânica. Esta lei estabelece que a força de atrito é
proporcional à força normal, ou ainda, que a tensão provocada pela força de atrito é
proporcional à tensão proveniente da força normal (BRAGA, 2005):

ou

Sendo:
FF -Força de atrito;
FN - Força normal;

τF -Tensão de atrito;

σN - Tensão normal.

Deve-se considerar que a lei de Coulomb é conceitualmente correcta quando os esforços


envolvem pequenas pressões, e consequentemente baixas tensões. Quando a tensão entre
duas peças (τF) é igual à tensão de escoamento do material (Y), esta condição é conhecida
como atrito de agarramento e é representada por (BRAGA, 2005):

τF = Y

A evolução do atrito em função da tensão normal é mostrada através da figura seguite:

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Figura 20: Evolução do atrito em função da tensão normal (BRAGA, 2005)

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