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Sâmia de Paulo Farrapo

Fazer abordagem das perspectivas de mercado é um desafio. O conceito


Neuroarquitetura é relativamente novo no Brasil, porém tem mais de 50 anos de estudo
em outras nações. O contraste das construções atuais é uma casa bonita e confortável,
atendendo a padrões lógicos de funcionalidade e eficiência.

A especulação imobiliária tem papel de destaque alavancando a economia do


Brasil. Decorrente no período industrial, nominado de rentista, pois as cidades
cresceram sem acompanhamento e a produção para alugar tornou-se possibilidade de
investimento. As edificações passam a ser vista como produto (valor de troca),
convergia com a demanda de uma boa arquitetura com valor de uso. Os consumidores
individuais que almejam condições de conforto, eficiência, imagem e liquidez, cede
espaço para proprietários rentistas que buscam valor de troca, desejando o aumento da
renda ou riqueza, com isso exigem flexibilidade, maior rentabilidade, baixo custo de
produção, retorno imediato e liquidez.

Também para o estado que investe em moradias para a população de baixa


renda, desejando imagem e menor preço nominal. Com a construção em grande escala
muitas vezes excedendo a demanda real, anima a construção civil e a economia, porém
interfere fortemente na dinâmica das cidades, valorizando o solo urbano sem considerar
a viabilidade econômica dos investimentos e o desenvolvimento da sociedade.

Sobre essa interferência conduziu a cidades segregadas, desiguais e de baixa


qualidade ambiental urbana, promovendo a deterioração de áreas urbanas centrais ao
criar novas opções de assentamentos. A fragmentado e o projeto deixa de ser gerido
pelo autor, em alguns casos a fachada tem a sua criação individual. A unidade projetual
é destruída. A arquitetura torna-se mercadoria, as campanhas publicitárias e marketing
torna-se mais importantes custando seis vezes mais do que o valor do projeto praticado
no mercado.

O mundo está cada vez mais frenético e percebe-se a influência dos usuários
pelos meios de comunicação. Na década de 1950 a ligação do empreendimento com o
arquiteto que o assina, destacava como sua grife e o valor por ela adicionado. Vargas e
Araujo (2014), afirmam que na maioria dos casos os usuários não tem contato com o
arquiteto. A palavra cliente deriva do latim, cliens, que significa escutar.

A palavra padrão deriva do latim, pater, significa protetor dos clientes. Em meio
a essa ambiguidade Johson citado pelo autor supracitado, afirma que desde o século
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XVII, o arquiteto está como ouvinte, ao mesmo tempo, o cliente atual é o patrão. Rogers
citado por Voordt e Wegen (2013), diz que “a forma segue o lucro” é o verdadeiro
princípio estético do nosso tempo, construir a maior área possível pelo menor
investimento e no prazo mais curto. Empresas que vendem projeto e construção muito
das vezes oferecem plantas padronizadas. São plantas sem relação com nenhum projeto
ou terreno, assim descreve Van de Haarschot (1998).

Franck e Lepari citado por Voordt e Wegen (2013), defendem de os espaços


sejam pensados de dentro para fora, pois, possibilitando sensações espaciais ligando aos
indivíduos e inspiram um clima confortador, um espírito alegre e sensações de apoio. O
espaço tem que partir dos desejos do cliente, do terreno e do contexto, conforme o
diálogo entre o arquiteto e o cliente.

Van Duin citado por Voordt e Wegen (2013), em sua análise de uso afirma que a
quantidade de espaço necessária para determinada atividade não determina qualidade.
Flexibilidade e multifuncionalidade trazem satisfação de um mesmo espaço para
diversas necessidades, afirma Herlzberger citado por Voordt e Wegen (2013). Martins
(2005), descreve os parâmetros para identificar qualidade.

A necessidade de uma qualidade funcional na edificação é oferecer apoio às


atividades desejadas, criação de ambientes agradáveis, torna-se símbolo positivo para
retorno econômico e sendo oportuno entre preço e desempenho. A edificação deve
suportar o uso previsto e contribuir para saúde e bem-estar, fazendo uso ótimo de
capital, mãode-obra e materiais. Herlzberger citado por Voordt e Wegen (2013),
defende à arquitetura humanista, baseada no respeito aos indivíduos, seus valores e sua
dignidade.

Voordt e Wegen (2013), consideram as expectativas dos usuários é o primeiro


paradigma da arquitetura. Além da função de proteger, ser território ou domínio em
relação a privacidade. Tem a função social proporcionando bem-estar, comunicação e
qualidade de vida. Função cultural ao atender exigências, fatores estéticos, ambientais e
desenho urbano, incluindo noções de civilização sem causar incômodo nem prejudicar o
meio ambiente.

A formação dos profissionais está orientada aos usuários, porem os clientes na


maioria das vezes não são os usuários. A imparcialidade, neutralidade, flexibilidade
gera espaços genéricos para rentabilidade. A informação é relativamente limitada e o
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capitalismo sufoca uma produção mais consciente. As doenças psicossomáticas e os


transtornos mentais estão alertando o mundo sobre as más escolhas feitas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CONSULTADAS

Voordt. Theo J. M. van der, Wegen. Herman B. R. van. Arquitetura sob o olhar do
usuário: programa de necessidades, projeto e avaliação de edificações. São Paulo:
Oficina de textos, 2013
Vargas. Heliana Comin, Araujo. Cristina Pereira de (org.). Arquitetura e especulação
imobiliária. São Paulo: Manole, 2014.
MARTINS, Petrônio G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da Produção. São
Paulo: Saraiva, 2005. Disponível em: . Acesso em: 03 de agosto de 2020.
Rossetti, Carolina Pierrotti. Flávio de Carvalho: questões de arquitetura e
urbanismo. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Escola de Engenharia,
Universidade de São Paulo, São Carlos. Disponível em: . Acesso em: 18 de setembro de
2020.
VIEIRA, Larissa Ribeiro Cabral et al. Neurociência como meio de repensar a
arquitetura: formas de contribuição para a qualidade de vida. Caderno de Graduação-
Ciências Humanas e Sociais-UNIT-SERGIPE, v. 6, n. 3, p. 55-55, 2021.

VILLAROUCO, Vilma et al. Neuroergonomia, neuroarquitetura e ambiente


construído – tendência futura ou presente? Ergodesign & HCI, v. 8, n. 2, p. 92-112,
2020.

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