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Vamos

pensar sobre
isso fazendo
um exercício
prático
Pegue um pedaço de papel, lápis grafite
e material para colorir.
Desenhe uma árvore.

Agora observe seu desenho e reflita:

Que espécie de árvore você desenhou?


Com que árvore a sua se parece? Ela é
frutífera, nativa, é um arbusto…? É uma
árvore conhecida? Tem perto de sua casa?
Você já viu a espécie de perto?
Quais são as memórias que a sua árvore
traz?

São memórias afetivas, de infância ou


juventude?

Você brincava perto dela? Onde se


lembra de ter visto?
Onde e com
quem você
aprendeu a
desenhar essa
árvore?
Quais cores você
usou?

Você imagina que as/os suas/seus colegas


cursistas desenharam árvores iguais a sua? Por
quê?
Agora vamos ver imagens de algumas árvores:

Na natureza, tudo é diverso, singular e único, assim como as várias


representações das árvores que você e suas/seus colegas de curso fizeram.
No fim de janeiro, um estudo publicado na Revista Proceedings of the
National Academy (PNAS) procurou estimar a quantidade total de espécies
de árvores nos níveis global, continental e de bioma. O novo cálculo aponta
para a existência de cerca de 73,3 mil espécies de árvores no mundo inteiro.
Mesmo havendo uma grande diversidade de árvores na
natureza, ainda é possível que tenhamos desenhado uma árvore
assim, pois esta é uma referência ou memória construída sobre
como desenhar uma árvore na nossa vida escolar que, muitas
vezes, reduz a experiência ampla e diversa, em padrões
unificados e mesmo distorcidos.
Mas, como vimos, a diversidade de árvores
existente é enorme! Esta árvore da foto, por
exemplo, muitas vezes foi atribuída como
uma macieira. Mas, você conhece uma
macieira? Ela é bem rara na maioria das
regiões brasileiras!
As macieiras são árvores de tamanho médio, as flores têm
coloração branca, suas folhas são ovais e os troncos afinados. Os
frutos ficam fixados nestes troncos mais finos e não em uma copa
robusta, como alguns de nós “(des)aprendemos” na escola. Por que
isso acontece? Por que estamos conversando sobre árvores e
macieiras?
Exatamente porque esse foi um dos repertórios construídos por
muitas/os de nós na infância sobre desenhar árvores!
Este exemplo demonstra como a escola pode estar distanciada das
experiências de vida, e a concepção de Campos de Experiência nos
convoca a ressiginificar o currículo.
A partir da nossa vivência com essa diversidade de árvores
presentes na natureza, construímos outros repertórios para
realizar, de maneira única e singular, a nossa experiência com o
desenho de uma árvore. Com as crianças não é diferente! Elas
estão imersas nesse mundo diverso e também veem o mundo
de maneira única. Quando mais aproximamos as crianças desse
mundo, ampliamos o seu olhar sobre ele e ampliamos suas
formas de experienciá-lo.
Quando falamos em experiência, falamos de algo que é singular a cada
sujeito. Cada desenho é ou deveria ser diferente, pois cada memória ou
repertório construído durante a vida é recuperado e vivenciado ao
desenhar. Esse repertório é diferente de um sujeito para outro. As suas
memórias e percepções com árvores, bem como suas percepções do
mundo que o cerca são únicas e singulares. Com as crianças também é
assim! Elas aprendem pelo sentido atribuído às experiências que
vivenciam a partir dos repertórios que constroem por meio delas. A
concepção de experiência traz a ideia de que cada um dá um sentido
singular à sua experiência. No contexto educativo, é importante entender
que a criança estabelece uma relação única com cada um de seus pares,
com cada adulto com quem convive e com cada proposta. Essa
experiência é resultado de vivências pessoais anteriores, de formas de
explorar, interagir e se expressar particulares daquele momento e
daquela criança.
Portanto, o papel da escola é
acolher e ampliar as
experiências das crianças
para que seu repertório de
experiências possa ser
enriquecido.

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