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Alexander Carcelen Martins; RA: 125111378364

Curso: farmácia; mooca; matutino

Ciência e sociedade

Nem todo tipo de conhecimento (mesmo que possa ser de fato reconhecido e
aplicável para certos povos/comunidades) pode ser considerado científico, pois para isto
ocorrer deve ser realizado com rigor aplicando uma metodologia científica, orientadora,
sistematizada, organizada, com observações, análises quantitativas e qualitativas,
experimentos e demonstrações, detalhando o máximo que puder incluindo limitações
enfrentadas, mesmo que este conhecimento não seja definitivo.

Um dos pontos a observarmos é o fato de que os próprios pesquisadores no


artigo, que são os aplicadores do método científico, reconhecem o conhecimento sobre
as práticas dos povos indígenas e quilombolas, reforçando assim que a ciência
reconhece outras formas de conhecimento, sem este ser necessariamente científico.
Sabendo que é possível que não somente a ciência, mas também o conhecimento
popular e empírico, podem ser influenciados pelo que acontece em uma sociedade,
entende-se que mesmo assim é possível aplicar um método mais organizado de
conhecimento para entender outro conhecimento com base mais popular, fornecendo
assim este conjugado necessário de ciência e sociedades, promovendo o conhecimento
científico.

O conhecimento das comunidades tradicionais citadas no artigo se dá de forma


cultural, empírica, baseado em ancestralidade e em experiências destes povos, sem um
delineamento e organização. São comunidades tradicionais, ou seja, seus costumes tem
forte base em seus antecedentes que deixaram um legado cultural a ser seguido e nortear
certas atividades. Com as diferenças entre os povos citados no artigo, os indígenas
Kanindé mantiveram práticas em um contexto de sobrevivência, de caça, o que inclui
práticas alimentares. Os Quilombolas possuem uma base em um contexto mais religioso
de alimentação e a “manutenção da identidade alimentar”, e métodos de auxílio no
preparo dos alimentos. Desta forma, são saberes/conhecimentos locais, empíricos,
populares que mesmo que norteiem estudos científicos, não são conhecimentos
científicos.

No caso dos pesquisadores, observa-se claramente um delineamento de um


estudo científico, por exemplo a definição de uma questão de pesquisa: “o que se
mantém de alimentos tradicionais nessas duas comunidades, uma vez que a alimentação
tem se modificado não apenas nas cidades, mas também no campo?”. Buscando
responder a uma questão importante sobre o por quê de parte desses costumes de
preparo se perderem, desde a influência da indústria, mídia, ou limitações de encontrar
alimentos pelos povos.

Nota-se a realização da escolha de um método qualitativo de estudo social o qual


busca entender culturas e comportamentos de grupos; o etnográfico. A escolha da
observação in loco, com coleta de depoimentos e acompanhamento do preparo dos
pratos. Período de abrangência utilizado para a pesquisa em campo (realizados trabalhos
de campo no período de Julho a Setembro de 2014 e Dezembro a Abril de 2015).
Grupos escolhidos em determinadas regiões, quantidade de pessoas nas comunidades de
escolha (aldeia Kanindé de Aratuba onde vivem 185 famílias, cerca de 641 habitantes, e
os Quilombolas da Serra do Evaristo localizado no Município de Baturité, onde residem
atualmente 150 famílias, aproximadamente, 560 habitantes), localização das aldeias
(território brasileiro e em Baturité-Ceará) e adicional busca na literatura sobre os povos
mencionados para maior aprofundamento sobre os mesmos. Apresentando no fim um
resultado, por exemplo a substituição de ingredientes ou uso de outros temperos. Desta
forma, os pesquisadores realizaram um estudo científico e o conhecimento dos povos
não deve ser reconhecido como científico.

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