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PRÁTICAS

INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES
EM SAÚDE
Cromoterapia
e termalismo
Flávia Garramone

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Explicar os mecanismos de terapia pela cromoterapia e pelo termalismo.


>> Descrever como as cores são relacionadas com as necessidades de trata-
mento de pacientes.
>> Relacionar a composição termal das águas ao tratamento e prevenção de
patologias.

Introdução
O ritmo frenético da vida moderna tem contribuído para expor as pessoas a situações
que podem interferir na sua saúde. Claro que nem todos são atingidos da mesma
forma, pois a maneira como cada indivíduo percebe e reage frente a essas circuns-
tâncias dita o nível dos agravos físicos, emocionais e/ou psicológicos de cada um.
Diante disso, tanto para o tratamento quanto para a prevenção da doença,
uma abordagem terapêutica à luz do holismo se torna importante, pois é capaz
de reestabelecer o equilíbrio integral, por atuar em distintos sistemas corporais
simultaneamente e, assim, restituir a saúde e o bem-estar do indivíduo. Nessa
perspectiva, o terapeuta dispõe das técnicas de cromoterapia e termalismo dentro
do rol das práticas integrativas e complementares em saúde.
Neste capítulo, você vai estudar os conceitos e princípios da cromoterapia e
do termalismo, que fundamentam o uso das cores e da água mineral, respecti-
vamente, como forma de tratamento. Para isso, examinaremos as características
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eletromagnéticas das cores primárias e secundárias, e como cada uma delas pode
influenciar e produzir reações fisiológicas, conforme o tratamento específico. Além
disso, analisaremos as características físico-químicas da água termal que a tornam
um agente terapêutico do termalismo. Por fim, as propriedades terapêuticas dos
elementos oligominerais também serão abordadas, relacionando seus benefícios
no tratamento e prevenção de doenças.

Princípios da cromoterapia e do termalismo


Numa visão conceitual ampla, a cromoterapia é entendida como a utilização das
cores com o objetivo terapêutico de reestabelecer a saúde. Para isso, no estrei-
tamento teórico-prático, é necessário ao terapeuta saber o que é cor no âmbito
da física, ou seja, conhecer as características do espectro de luz visível, pois
cor é luz. Além disso, é preciso entender como as cores interagem com o campo
bioenergético do paciente para promover a cura das patologias que o afetam.
Por sua vez, o termalismo é entendido como a técnica terapêutica que
utiliza águas termais para o tratamento da saúde. Nesse caso, o xis da questão
para o princípio terapêutico é entender o que essas águas têm de especial, ou
ainda o que torna essas águas um agente medicinal capaz de tratar doenças?
Para encontrar a resposta, o terapeuta precisa conhecer a composição e as
propriedades físico-químicas que distinguem as águas termais das comuns.
Como se não bastasse, é preciso entender como os oligominerais presentes
atuam no metabolismo corporal, reequilibrando os tecidos e a energia vital,
para prevenir e tratar as doenças.
Desse modo, a cromoterapia tem suas bases alicerçadas em três ciências:
a medicina, a física e a bioenergética. O mesmo vale para o termalismo, com
o acréscimo ainda da química, justificando, dessa forma, a inter-relação dos
seus mecanismos de ação com os componentes orgânicos para produzir os
efeitos fisiológicos desejados no tratamento do paciente.

Luz e cor
Na física, entende-se por espectro de luz visível a luz solar ou branca, cuja
característica é ser formada por radiações ou ondas eletromagnéticas que
se tornam perceptíveis ao olho humano nas cores do arco-íris. As grandezas
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físicas utilizadas para mensurar essas ondas eletromagnéticas são o compri-


mento de onda, expresso em nanômetros (nm), e a frequência, dada em hertz
(Hz), as quais se relacionam de maneira inversamente proporcional. Assim, a
luz visível se situa na faixa de comprimento de onda de 400 nm a 700 nm, que
vai do violeta ao vermelho, respectivamente, abrangendo intermediariamente
todas as demais cores visíveis ao olho humano (Figura 1).

Figura 1. Características do espectro de luz visível.


Fonte: Adaptada de Suidroot (2008)/CC BY-SA 4.0.

Esse conceito foi provado por Isaac Newton no século XVII. Segundo Agne
(2014), o físico fez um experimento usando um prisma e observou que, quando
a luz solar atravessava o vidro transparente, cada cor seguia uma direção
diferente. Dessa forma, concluiu que tal fato ocorria porque cada uma dessas
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cores tem comprimento de onda e velocidade diferentes. Em outras palavras,


Newton descobriu que a cor que enxergamos é, na verdade, determinada pela
luz que foi refletida, especificamente o seu comprimento de onda.
Quando ondas eletromagnéticas dentro do espectro visível são captadas
pelos nossos olhos, o cérebro cria a sensação da cor. Além do comprimento
de onda, as frequências da luz também são sentidas nesse processo: as mais
altas frequências dão a sensação da cor violeta, enquanto as mais baixas
puxam para o vermelho, e nas frequências intermediárias podemos perceber
todas as cores do arco-íris.
No entanto, a cor não é um fenômeno puramente físico, pois, de acordo
com Heller (2013), uma mesma tonalidade de cor pode ser percebida de di-
ferentes formas por cada indivíduo, o que demonstra que a cor também é
um fenômeno fisiológico. Surge, então, um aprofundamento no tocante à
fisiologia da percepção das cores que avalia as sensações e emoções que elas
despertam em nós, bem como suas influências em nosso comportamento,
ramo de estudo que é conhecido como psicologia das cores.

A cor de um objeto é resultado do tipo de radiação eletromagnética


que ele reflete, que vem a ser a cor que conseguimos enxergar.
Conforme Valcapelli (2011), o preto, por exemplo, é considerado ausência de
cor, pois é percebido em objetos que absorvem toda a luz, isto é, não refletem
nenhuma cor, enquanto o branco é o contrário, formado pela reflexão de toda
a luz incidente, representando a mistura de todas as cores. Quanto às outras
cores, o que conseguimos perceber, enxergar, é a parte da luz que foi refletida,
ou melhor, da cor que não foi absorvida.

Em seguida, Isaac Newton resolveu observar mais atentamente seu ex-


perimento e dobrou o espectro visível de luz em um círculo, encontrando
outras características luminosas. A partir daí, criou a roda das cores ou círculo
cromático, que se tornou a ferramenta mais utilizada até hoje para entender
as relações entre as cores e para criar harmonias entre elas (Figura 2). Nela,
estão presentes a classificação e as propriedades das cores, as quais são
importantes para a prática da cromoterapia.
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Figura 2. Roda das cores: classificação, propriedades e relação entre as cores.


Fonte: Adaptada de aekikuis/Shutterstock.com, Oleksii Arseniuk/Shutterstock.com e Slave SPB/
Shutterstock.com.

Segundo Heller (2013), as cores são classificadas em primárias, secundá-


rias e terciárias. As cores primárias são consideradas puras e compreendem
o vermelho, o amarelo e o azul. Já as cores secundárias surgem da mistura
proporcional de duas cores primárias, resultando no laranja, no violeta e
no verde. Por fim, as cores terciárias são provenientes da união de uma cor
primária com uma secundária, como, por exemplo, o azul-esverdeado. Em
relação às propriedades, as cores são classificadas como quentes ou frias e
como cores complementares, complementares divididas ou cores análogas.
Contudo, antes mesmo que Newton desvendasse o conceito físico de luz,
e antes mesmo da teoria e psicologia das cores, o ser humano já fazia seu uso
terapêutico. O Ministério da Saúde, na Portaria nº 702, cita que:
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A cromoterapia é prática terapêutica que utiliza há milênios as cores no tratamento


de doenças, sendo utilizada pelo homem desde as antigas civilizações, e atua do
nível físico aos mais sutis com o objetivo de harmonizar o corpo. Antigamente,
o uso terapêutico era realizado principalmente através da luz solar, pela forte
crença no seu potencial de cura. (BRASIL, 2018, documento on-line, grifo nosso).

Segundo essa hipótese, nosso organismo é influenciado pelas cores,


seja pela luz solar ou pelas lâmpadas que as emitem, e nossas células são
capazes de perceber, reagir e responder às cores. Por isso, é importante que
o terapeuta conheça todos os aspectos das cores para saber escolher a mais
adequada para o tratamento da patologia do paciente.
Na cromoterapia, usamos as sete cores do espectro de luz visível, sele-
cionadas conforme a necessidade terapêutica, normalmente aplicadas de
forma direta nos chakras. O objetivo da técnica é alterar ou manter a ener-
gética corporal na frequência que promove saúde, equilíbrio e bem-estar,
harmonizando o corpo, a mente e as emoções. Segundo Valcapelli (2011), as
cores quentes são tonificantes e intensificam a energia corporal, enquanto
as cores frias são relaxantes e tranquilizam o corpo e a mente.
Além disso, é possível utilizar a terapia das cores nas vestimentas e acessó-
rios e no ambiente, por meio da decoração, entre outros. Há também a possibi-
lidade de interação com outras terapias complementares, como a associação
da cromoterapia aos banhos de imersão, tanto que alguns locais de termalismo
utilizam as cores terapêuticas em suas piscinas naturais de águas termais.

Águas medicinais
A designação termalismo, no âmbito deste capítulo, refere-se a um conjunto de
práticas que têm como agente terapêutico a água minero-medicinal. Segundo
o documento Política Nacional de Prática Integrativas e Complementares no
SUS, publicado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2015), o uso das águas ter-
mais ou minerais para tratar a saúde é um dos mais antigos procedimentos,
e cita que Heródoto (485–425 a.C.), geógrafo e historiador grego, foi autor da
primeira publicação científica termal.
De fato, a água, principalmente os banhos (Figura 3), tinham grande impor-
tância para os gregos. Hipócrates (460–370 a.C.), considerado o pai da medicina,
estabeleceu a água como um dos elementos essenciais e determinantes do
estado de saúde ou doença. Segundo Nunes e Tamura (2012), Asclepíades
(124–40 a.C.) utilizou a ingestão de água como método terapêutico preventivo
e curativo, assim como a hidroterapia.
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Figura 3. Banhos públicos em termas na Antiguidade.


Fonte: Joli (1745, documento on-line)/CC BY-SA 4.0.

Nessa concepção histórica, os antigos romanos aderiram a essa prática


que herdaram dos gregos, e aperfeiçoaram suas ideias. Surgiram, então,
espalhados por todo o Império Romano, os banhos públicos, os banhos de
vapor e os banhos em termas, como de Tito, Caracala e Constantino, introdu-
zidos com finalidade terapêutica e destinados ao tratamento de gota, febre,
psoríase, cicatrizações, queimaduras, entre outros.
Fica claro, então, que esses povos já reconheciam o poder medicinal das
águas. Infelizmente, na época medieval isso não foi considerado e essa prática
foi abolida. Porém, passado esse período obscuro da civilização, aos poucos
as pessoas voltaram a procurar as fontes de águas curativas, enquanto os
médicos direcionavam sua atenção para a terapias usando fontes termais,
a chamada crenoterapia.
8 Cromoterapia e termalismo

Na segunda metade do século XVIII, Antoine Lavoisier deu início à


química moderna, e as águas termais, curativas e/ou santas passaram
a ser objeto de estudo dessa nova ciência. Com a elucidação das propriedades
químicas das águas minerais, formaram-se ciências como a hidrologia, a hidrologia
médica, a medicina hidrológica e a crenologia, todas elas categorias relativas ao
termalismo.
Durante o século XIX, a hidrologia se desenvolveu na França como disciplina
integrante do curso de medicina, e nela se inseriu a hidrologia médica, a qual
se refere ao tratamento médico por meio das águas em geral, dividida em
hidroterapia, crenoterapia e talossoterapia.

Conforme Nunes e Tamura (2012), a partir do século XVII os médicos euro-


peus se interessaram pela água mineral para uso terapêutico. Sem restrições
ou oposições alheias, a prática ganhou força e se firmou. Comprovando seus
benefícios, os médicos elaboraram inclusive uma lista de doenças que pode-
riam ser combatidas com a terapêutica hidrológica, entre elas a gonorreia,
doenças reumáticas e do sistema nervoso.
A partir de então, as termas foram reabilitadas pela aristocracia em vários
países. Na França, se destacaram as termas de Vichy e de Bourbon-Lancy; na
Inglaterra, as de Bath; e na Itália, as de Montecatini e Lucca, onde surgiram
alguns spas. Esses são apenas alguns exemplos, pois há vários países que
possuem suas fontes de água mineral, sejam quentes ou frias. Aqui no Brasil,
a primeira estância termal de Caldas do Cubatão, hoje Caldas da Imperatriz
(SC), foi criada em 1818, marcando o início do termalismo em nosso país.

No final do século XVIII, já havia notícias de fontes de águas com


propriedades curativas aqui no Brasil. Então, em 1812 D. João VI enviou
amostras de água de Caldas do Cubatão para serem analisadas na corte. De
acordo com Quintela (2004), Portugal já dispunha de saber médico-científico
sobre a terapêutica do termalismo. No resultado da análise, foram reconhecidas
as propriedades terapêuticas e essas águas termais passaram a ser um bem
público. Isso levou o monarca a decretar a construção de um hospital termal no
local, cujo estatuto seria regido pelo Hospital das Caldas da Rainha, de Portugal.
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As práticas termais em espaços institucionalizados pela medicina brasi-


leira se iniciaram durante o século XIX, impulsionadas pela descoberta das
análises químicas. Isso levou à construção de estabelecimentos nas termas
de Caldas do Cubatão (SC), Caxambu e Poços de Caldas (MG). Entretanto, a
Academia Real de Medicina contava com poucos periódicos que se referiam
ao tema. Segundo Quintela (2004), alguns deles dissertavam sobre o uso das
águas das fontes termais de Goiás (Caldas Novas e Rio Quente) no tratamento
da morfeia, hoje conhecida por hanseníase.
Com o desenvolvimento da química e da própria medicina, esse cenário
mudou e os médicos produziram várias teses sobre as águas minerais, princi-
palmente apresentadas na Escola de Medicina do Rio de Janeiro. A primeira e
considerada a mais completa tese data de 1841, escrita por Antônio Maria de
Miranda Castro, que descrevia as potencialidades das águas e a necessidade
de o Brasil investir nesse campo, à semelhança do que se passava na Europa.
Observe o trecho a seguir extraído de sua tese:

O Brasil, esta feliz e abençoada porção de terra que nos tocou em partilha, também
encerrando em seu seio com profusão águas minerais de diversas naturezas, não
necessita de mendigar ao estrangeiro as suas águas gasosas de Vichy, Montedouro,
Selters, as ferruginosas de Spa, Piemont, Forges, as sulfurosas de Barrèges etc. etc.,
que artificiais ou naturais, nunca jamais a nossa primorosa água gasosa da Vila
de Campanha, as ferruginosas de Andaraí, a Matacavalos, as sulfurosas de Vila de
Caldas em Minas Gerais, e da Vila de Itapicuru na Bahia, as termas de Santa Catarina
e de Goiás etc. as quais podem ser usadas nas mesmas fontes: circunstância que,
como veremos, é de maior importância para o seu bom êxito. (CASTRO, 1841, p. 5).

Além dessas, o Brasil possui fontes termais em Águas da Prata, Lindoia, Serra
Negra e São Pedro (SP), Gravataí, Águas Mornas e Piratuba (SC), entre outras.
Após esse passeio histórico-científico, percebemos que as águas minerais
naturais são, conforme nos aponta Nunes e Tamura (2012, p. 253), “as soluções
formadas em condições geológicas específicas e caracterizadas por dinamismo
físico-químico”. Essas águas provindas das nascentes são puras, ou seja,
não apresentam agentes microbianos, e os elementos químicos presentes
possuem potencial terapêutico. Elas são classificadas de acordo com suas
várias propriedades químicas, físico-químicas, de temperatura e terapêuticas,
listadas a seguir (AMARAL, 2015; NUNES; TAMURA, 2012).
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„„ Em relação à composição química: águas oligominerais, radíferas,


alcalino-bicarbonatadas, alcalino-terrosas, alcalino-terrosas cálcicas,
alcalino-terrosas magnesianas, sulfatadas, sulforosas, nitratadas,
cloretadas, ferruginosas, radioativas, toriativas e carbogasosas.
■■ Água oligomineral: com balanço mineral de água inferior a 0,2g/L.
■■ Água com médio balanço mineral: entre 0,2g/L e 1g/L.
■■ Água mineral: com equilíbrio mineral da água acima de 1g/L.
„„ Quanto às características físico-químicas: referentes a temperatura,
capacidade, equilíbrio, concentração molecular, composição química
e presença de oligoelementos.
„„ Em relação à temperatura:
■■ fria: inferior a 20°C;
■■ quente:
–– hipotérmica entre 20 e 30°C;
–– térmica entre 30 e 40°C;
–– hipertérmica acima de 40°C.
„„ Ações terapêuticas:
■■ antiinflamatória, antibacteriana e antifúngica;
■■ cicatrizante;
■■ adição imunológica;
■■ antioxidante;
■■ recuperação da barreira cutânea, entre outros.

Corroborando, segundo Amaral (2015) as águas termais têm origem subter-


rânea e são ricas em sais minerais que se incorporam à sua estrutura físico-
-química, devido à sua passagem lenta pelas rochas e sedimentos do interior
da terra. A cada 33 metros de profundidade, sua temperatura aumenta em 1°C,
e como certas fontes podem alcançar até 3 mil metros de profundidade, sua
temperatura pode chegar a 150°C nessa profundidade. Nessas condições, a
água fica sob pressão, o que leva a sua rápida subida pelas frestas rochosas,
surgindo as fontes termais e também os gêiseres, fontes de jatos de vapor,
como o de Caxambu, o único no Brasil.
Quanto à prática do termalismo, na impossibilidade de deslocamento até
um balneário termal, o paciente pode ser tratado por meio de banhos, saunas
e aplicação de compressas com produtos que contenham águas minerais em
sua composição.
Cromoterapia e termalismo 11

Bioenergética das cores na prática


terapêutica
Assim como a água, a luz solar e as cores fazem parte da nossa vida e são
elementos importantes para a existência humana. A luz solar estimula a
síntese de vitamina D, reforça nosso sistema imunológico ainda interfere
no nosso humor, pois aumenta a expressão de receptores neuronais para
neurotransmissores ligados ao bem-estar.
Conscientemente, não percebemos o quanto as cores podem influenciar
nossas emoções, sentimentos e comportamentos, às vezes até mesmo de
maneira contraditória. O vermelho, que antes inspirava paixão e amor intenso,
em certo momento/situação da vida passa a representar a raiva e o ódio.
Isso está relacionado à bioenergética das cores.

Nosso campo bioenergético carrega informações físicas, emocionais,


mentais e espirituais, sendo os chakras os centros energéticos do
corpo pelos quais essas energias circulam. No corpo físico, qualquer mani-
festação ou sintoma, como uma doença, por exemplo, representa que algo
está errado na parte bioenergética. Segundo Fonseca (2011), a bioenergética
está intimamente relacionada ao fluxo físico vital, em que as cores também
influenciam na orientação da trajetória correta desse fluxo energético.

Dessa forma, percebemos que, assim como cada cor tem sua característica
e suas propriedades físicas, também tem um significado específico e uma
vibração própria, capaz de causar reações nos sentidos de quem as percebe,
inclusive orgânicas. Do mesmo modo, todo sentimento ou emoção, como
raiva, ódio, amor, prazer, alegria, entre outros, tem uma vibração e uma cor
correspondente. A seguir são listados os significados gerais de cada uma das
sete cores do arco-íris (HELLER, 2013; ZYLBERGLEJD, 2017).

„„ Vermelho — cor quente. É a mais poderosa de todas as cores. Ligada


ao sangue e ao fogo. Representa força, vida, atividade, determinação
e agressividade, amor, paixão, raiva, ódio, etc. Tem efeito vitalizante,
atraindo a energia.
„„ Laranja — cor quente. Resultado da junção do vermelho e do amarelo.
Considerada exótica à nossa percepção, cria a sensação de aroma e denota
o verdadeiro caráter de um sentimento. É a cor da alegria, sociabilidade,
determinação, força de vontade, do sucesso, encorajamento, superação,
entusiasmo, rápido entendimento. Tem efeito vitalizante e rejuvenescedor.
12 Cromoterapia e termalismo

„„ Amarelo — cor quente. Psicologicamente é considerada uma cor ambí-


gua, pois inspira otimismo, iluminação e entendimento, bem como irri-
tação, inveja, insegurança e instabilidade. Por isso, não é aconselhável
utilizá-la isoladamente. No entanto, é o símbolo das energias positivas
e inspiradoras, promovendo a criatividade, o raciocínio e o otimismo.
„„ Verde — cor fria. É considerada uma cor completa, pois abrange corpo,
mente e espírito. Simboliza natureza e saúde e significa crescimento, ferti-
lidade, juventude, esperança e confiança. Tem efeito calmante e estimula
segurança, relaxamento, harmonia e equilíbrio. Deve ser utilizada com
precaução, para não aumentar os níveis de insatisfação e impaciência.
„„ Azul — cor fria. É a cor da profundidade, fidelidade, confiança, tran-
quilidade, honestidade e contentamento. Tem efeito apaziguador e
sedativo, estimula a sensação de paz e é muito eficaz na devolução
da clareza mental.
„„ Índigo — cor fria. É uma cor profunda, distante e infinita. Representa
conhecimento, poder, integridade e seriedade. Ligada às artes e à
beleza, associada à consciência e ao intelecto, eleva a mente, incita o
estado de serenidade e estimula as energias criativas.
„„ Violeta — cor fria. Resultado da união do vermelho e do azul. Simboliza
a união dos opostos, ou seja, do masculino e do feminino, da sensua-
lidade e da espiritualidade, sentimento e intelecto, amor e abstinên-
cia. Provoca sensações de liberdade, mas também de equilíbrio e de
estabilidade, incitando a meditação e a recuperação da autoestima.

Nesse sentido, Fonseca (2011) nos explica que a interação da energia das
cores com nossa bioenergia — espontaneamente, por meio de estímulos
visuais coloridos (como a cromoterapia), ou involuntariamente, por meio
de estímulos naturais (como a luz solar) — promove efeitos relevantes no
contexto da vida e também curativos, refletindo em aspectos físicos, mentais
e/ou emocionais.
Apoiada nesse conceito, a cromoterapia busca na vibração das cores a
interação com nosso campo energético — nossa aura, a qual está integrada à
totalidade de nosso ser. Para isso, recorre aos sete pontos centrais energético-
Cromoterapia e termalismo 13

-espirituais do corpo, os chakras, localizados ao longo da coluna vertebral. De


acordo com Valcapelli (2011), na ayurveda cada chakra tem correspondência
com uma cor específica do espectro visível, com uma determinada área
corporal e com um ou mais órgãos do corpo humano (Figura 4).

Figura 4. Correspondência dos chakras com as cores e órgãos corporais.


Fonte: Adaptada de MicroOne/Shutterstock.com.

Sendo assim, em caso de desequilíbrio ou doença, na conduta terapêutica


de um modo geral expor o chakra afetado à sua cor dominante faz com que
o organismo retorne à normalidade, reconduzindo a saúde e o bem-estar
do paciente. Porém, não é tão simples assim. O terapeuta precisa avaliar
minuciosamente o estado e as condições específicas do paciente, pois, em
certas situações, para atingir esse objetivo a aplicação das cores comple-
mentares, análogas ou complementares divididas é tão eficiente quanto a
aplicação da cor dominante.
Além disso, na cromoterapia, é por meio das cores complementares que
se neutraliza uma disfunção existente no organismo. Entretanto, o profis-
sional pode se orientar para escolha da cor baseado nas várias indicações
terapêuticas e ampla ação fisiológica (Quadro 1) que cada cor possui.
14 Cromoterapia e termalismo

Quadro 1. Efeito e indicação terapêutica das cores

Cor Efeito fisiológico Ação e indicação terapêutica

Vermelho Estimulante Promove a vitalidade. É capaz de acelerar o me-


tabolismo orgânico, aumentar a taxa de respira-
ção e a pressão arterial. Estimula a liberação de
adrenalina e dos hormônios sexuais e o sistema
nervoso simpático, bem como a produção de
hemácias.
Trata: depressão; anemia; problemas circulató-
rios sanguíneos e edemas; paralisias; alterações
do funcionamento do fígado; inflamação das
articulações; reumatismo.
Obs.: deve ser evitada em casos de hipertensão
e em pessoas agitadas.

Laranja Estimulante Promove a vitalidade. É capaz de elevar a pres-


são sanguínea e estimular o sistema nervoso
simpático, a função das glândulas endócrinas,
principalmente as glândulas suprarrenais, às
quais está associada. Estimula o apetite, a boa
digestão e o sistema metabólico. Fortalece as
funções mentais.
Trata: depressão; fadiga; falta de energia e de
força de vontade; problemas respiratórios,
renais e biliares; epilepsia; inflamações como
artrites, reumatismo, bursites; torções.

Amarelo Estimulante Vitaliza os neurônios, estimulando a atividade


mental, o raciocínio e a memória. Favorece a
defesa imunológica por atuar no timo. Har-
moniza o sistema nervoso central. Estimula o
sistema nervoso parassimpático, favorecendo
as funções hepáticas e os movimentos peristál-
ticos dos intestinos.
Trata: depressão; problemas digestivos, ocu-
lares e auditivos; reumatismo; artrite; auxilia a
cicatrização, limpeza e reestruturação da pele;
distrofia muscular e debilidade mental.

Verde Equilibrante Promove tranquilidade, equilíbrio e estabi-


lidade. É capaz de neutralizar os efeitos do
excesso de vermelho, laranja e amarelo; por
isso, na cromoterapia é sempre utilizado no
final do tratamento à base dessas cores.
Trata: distúrbios emocionais; infecções; into-
xicações; problemas cardíacos e circulatórios;
enxaqueca; gripe; lesões cutâneas, como a acne
e eczemas; machucados.
(Continua)
Cromoterapia e termalismo 15

(Continuação)

Cor Efeito fisiológico Ação e indicação terapêutica

Azul Sedante Promove relaxamento e acalma. É considerada a


cor mais curativa de todas. É anti-inflamatória,
antisséptica e cicatrizante. Vitaliza as glândulas
tireoide e paratireoides, a garganta e o sistema
respiratório.
Trata: dor de cabeça e enxaqueca; sensação de
angústia, ansiedade, tensão, medo e perturba-
ções nervosas; insônia; lesões cutâneas, feridas
e queimaduras; faringite, laringite, bronquite;
asma; distúrbios físicos e mentais.
Obs.: não deve ser usada para pessoas lentas,
deprimidas e com a pressão muito baixa.

Índigo Sedante Tem ação analgésica e calmante. É anti-inflama-


tória, anti-hemorrágica, descongestionante e
cicatrizante. Auxilia o raciocínio.
Trata: dor generalizada; condições elevadas de
ansiedade ou excitação; inflamações oculares
e nos ouvidos; epistaxe; eczemas e acnes; a
hipófise e o cerebelo.
Obs.: é indicada em substituição à cor vermelha
em recém-nascidos, idosos, hipertensos, psicó-
ticos, pessoas agitadas ou em estado febril.

Violeta Sedante Promove a meditação e induz elevados pen-


samentos de teor espiritual. É considerada a
cor da transmutação. Age no sistema nervoso
simpático, estimula e ativa o metabolismo e a
síntese hormonal. Desintoxica células, tecidos e
a energia física do corpo.
Trata: doenças físicas e psíquicas: neuroses e
desequilíbrios emocionais; psoríase; dermatite;
doenças do couro cabeludo; dores musculares
e lombares.
Obs.: por ser bastante intensa, seu uso ex-
cessivo pode provocar estados alterados de
consciência

Fonte: Adaptado de Heller (2013), Valcapelli (2011) e Zylberglejd (2017).

O cromoterapeuta deve ter em mente que as doenças decorrem de um


desequilíbrio no padrão de vibração interno, alterando a energética dos
órgãos e se refletindo no sistema orgânico como um todo. Sendo assim,
a finalidade da técnica é restaurar e criar condições para que as células
debilitadas possam se recuperar. Nesse sentido, Valcapelli (2011) afirma que
16 Cromoterapia e termalismo

a aplicação correta das cores no nosso corpo bioenergético age no campo


vibracional dos órgãos, fazendo com que voltem ao seu padrão original e
natural de vibração energética.
Isso acontece porque as cores do espectro visível estão no mesmo padrão
de vibração do corpo humano, ou seja, são energias biocompatíveis, sobre as
quais as células selecionam e absorvem somente aquelas de que necessitam.
O corpo tem facilidade para eliminar num curto período as outras cores
que incidiram e não foram utilizadas pelas células. Por isso, numa eventual
aplicação de cor equivocada, não haverá graves consequências, mas vale
ressaltar que as cores influenciam o organismo, elevando ou baixando o
nível energético corporal.
Os métodos de aplicação da cromoterapia são variados. O mais comum é
por meio de focos luminosos, seja por lâmpadas coloridas, bastões de luz com
filtro colorido, ou também pelos fototerápicos, como light emitting diode (LED)
e laser de baixa potência vermelho. Há ainda a forma de irradiação mental
da cor, que usa a vibração do pensamento para levar a cor até a área a ser
tratada. Outras maneiras incluem câmaras ou pirâmides cromoterápicas,
aplicação de filtros coloridos sobre o local a ser tratado e o uso de águas
solarizadas. Nesse último, podemos agregar os princípios do termalismo,
assim como a cromoterapia, aos banhos termais, denotando a sinergia entre
as duas terapias.

Atividade biológica das águas termais


As águas naturalmente quentes do Brasil sempre tiveram, do ponto de vista
histórico do termalismo, maior visibilidade e interesse na medicina, devido
às suas virtudes curativas. Conforme Hellmann e Rodrigues (2017), ao longo
do desenvolvimento da crenologia, a água termal se tornou objeto e método
de estudo como remédio para o corpo humano. No entanto, já se advertia que
as águas não curavam por si só; por isso, após as análises físico-químicas
que comprovavam seus efeitos na saúde, os médicos estipularam o modo
correto de fazer uso das águas.
Dessa forma, especificaram diferentes maneiras e formas de utilização
das águas termais, entre elas: uso por via oral, banhos de imersão total ou
parcial, inalação, banhos de vapor úmidos ou secos e a aplicação dos resíduos
orgânicos e vegetais das águas quentes e sulfurosas. Desta última, surge a
técnica de geoterapia ou argiloterapia.
Cromoterapia e termalismo 17

Contudo, o desenvolvimento científico prosseguiu. Os médicos passaram a


avaliar as propriedades biológicas das águas termais, que, à luz da fisiologia,
se revelavam, segundo Hellmann e Rodrigues (2017), verdadeiros meios vitais,
um elemento vivo, que não poderia ser produzido artificialmente. No sucesso
da ação terapêutica das águas termais, se destacava seu poder estimulante,
renovador celular, equilibrante do complexo eletrolítico do meio humoral do
organismo e também seu poder desintoxicante.
Essa interação biológica se deve à elevada concentração de sais minerais
que fazem parte da composição química das águas termais, e que são elementos
importantes e essenciais nos processos metabólicos, de formação e estrutura-
ção do corpo humano. De acordo com Amaral (2015), a concentração de alguns
minerais nas águas termais chega a ser 300 vezes maior que em água potável
comum. Os principais minerais presentes na água termal e suas respectivas
propriedades e ações fisiológicas são listados a seguir (AMARAL, 2015).

„„ Zinco: participa do metabolismo de vitaminas e enzimas antioxidantes,


da síntese e degradação de carboidratos, lipídios e proteínas e de
funções neurossensoriais. Atua em funções do sistema imunológico.
„„ Fósforo: presente na formação de dentes e ossos e nas membranas celula-
res do organismo humano. Integra o DNA e o RNA. Participa do transporte
e armazenagem de energia celular, do metabolismo de glicídios e de
reações químicas que liberam energia. Age na contração dos músculos.
„„ Enxofre: participa da síntese do colágeno e da queratina. Integra os
aminoácidos que ajudam a construir tecidos. Intervém no metabolismo
de lipídios e carboidratos. Favorece o transporte e o equilíbrio de outros
minerais. É antisséptico, agente antioleosidade, colabora ativamente
nos tratamentos de pele, unhas e cabelos.
„„ Silício: elemento essencial para o corpo humano. Faz parte da estrutura
do colágeno, da elastina e do ácido hialurônico. Facilita a ligação de água
às estruturas dérmicas. Importante elemento para a neutralização de
radicais livres e prevenção de reações de glicação. Atua como suavizante,
calmante e mimetizador das ações de fatores de crescimento celular.
„„ Magnésio: participa da formação de colágeno e de proteínas, e também
no metabolismo da glicose, no processo de renovação celular e na
síntese de ácidos nucleicos. Atua na maleabilidade tecidual, no meta-
bolismo do cálcio, da vitamina C, do fósforo, do sódio e do potássio.
É abundante no fluido extracelular e em secreções digestivas. Con-
siderado um mineral antiestresse, anti-inflamatório, antitrombótico.
18 Cromoterapia e termalismo

„„ Cálcio: sustenta a estrutura celular e a troca iônica. Participa ativa-


mente da divisão celular. Desenvolve e mantém a saúde dos ossos e
dentes. Participa da contração muscular. Presente no mecanismo de
coagulação sanguínea. Ativa enzimas responsáveis pela digestão de
gorduras e metabolismo de proteínas. Atua na regulação e transmissão
de impulsos nervosos e no equilíbrio da acidez do organismo.
„„ Ferro: principal mineral com função sobre o metabolismo gasoso.
Doador de tônus e elasticidade. Atua na produção de hemoglobina e
enzimas, no transporte de oxigênio no sangue e nos músculos. Ajuda a
descartar dióxido de carbono. Participa do metabolismo de proteínas.
„„ Potássio: participa da formação de colágeno e na renovação celular.
Estabiliza a estrutura do DNA. Cuida da manutenção do líquido intra-
celular, da contração muscular, da condução nervosa e da frequência
cardíaca. Participa da produção de energia. Atua na síntese de proteínas
e ácidos nucleicos.
„„ Sódio: participa da eliminação de toxinas. Desempenha um papel
importante no balanço hídrico do corpo. Assegura a pressão osmótica
dos tecidos corporais. Atua nos mecanismos de excitabilidade elétrica.
Participa de funções dos sistemas nervoso e muscular.

Observando a presença dos oligoelementos tanto nas águas termais


quanto em nosso corpo, podemos concluir que há biocompatibilidade. Sendo
assim, o mecanismo terapêutico se dá pela facilitação do transporte desses
íons através da pele para o ambiente interno corporal, ou seja, em função
das trocas químicas, da bioeletricidade tecidual e pela reação fisiológica a
determinado elemento mineral. Os elementos incluem arsênico, boro, lítio,
entre muitos outros, variação que se deve às características hidrogeológicas
do local em que as fontes se encontram. Dessa forma, elencamos a seguir
diferentes efeitos e indicações terapêuticas de cada tipo de águas termais
(AMARAL, 2015; HELLMANN; RODRIGUES, 2017; NUNES; TAMURA, 2012).

„„ Sulfurosas: contêm enxofre em quantidade. Usadas em distúrbios fun-


cionais do fígado, reumatismo, doenças de pele, artrite e inflamações
em geral. Benéficas para diabéticos. Sedativas da hipertensão e da
excitação neuropsíquica. Usos principais em processos reumáticos, der-
matológicos, otorrinolaringológicos e problemas respiratórios crônicos.
Cromoterapia e termalismo 19

„„ Bicarbonatadas: alto teor de bicarbonato, sendo o íon dominante o


sulfato. Ação em casos de cálculos renais, distúrbios gastrointestinais,
enfermidades hepáticas, artrite e gota. Uso fundamental por via oral,
estimulando a secreção enzimática do pâncreas, alcalinizam a urina
e o pH gástrico. Por isso, são antiácidas e alcalinizantes.
„„ Ferruginosas: a biodisponibilidade de ferro nestas águas confere rápida
absorção por via oral. Uso em casos de anorexia, diferentes tipos de
anemia, parasitose, alergia e acne juvenil. Estimulam o apetite.
„„ Sulfatadas: tratamento da prisão de ventre, colite e problemas
hepáticos. Indicadas para os tratamentos das vias urinárias e afecções
metabólicas. Estimulam o peristaltismo intestinal e são colagogas,
coleráticas e hepatoprotetoras. Predomina sódio e magnésio, têm
efeito laxativo.
„„ Cloradas: por via oral estimulam a secreção e mobilidade gástrica e
intestinal. Ativam o metabolismo em geral e estimulam a secreção
de ácido clorídrico. Sobre a pele, facilitam a cicatrização e possuem
efeito anti-inflamatório.
„„ Carbogasosas: ricas em sais minerais e gás carbônico livre. Diuréticas
e digestivas, ideais para acompanhar as refeições. Ajudam a repor a
perda dos atletas, facilitam o trânsito intestinal e estimulam o apetite.
Ação contra hipertensão arterial, cálculos renais e de vesícula.
„„ Radioativas: ação funcional nas afecções renais e biliares. Diuréticas e
laxantes. Favorecem a digestão. Indicadas para tratamento de reuma-
tismo. Diminuem o ácido úrico. Tendem a reduzir a pressão sanguínea.
„„ Oligomineral: estimulam o funcionamento do pâncreas (diabete). Ação
em transtornos gástricos (hipercloridia), acidez em digestões pesadas
e auxílio em processos funcionais do intestino, regulando o peristal-
tismo e a constipação.

Nosso corpo, ao receber um estímulo harmônico, ao mesmo tempo dis-


ciplinador e transformador, vindo das ações terapêuticas, reage com mais
vigor, energia, disposição e equilíbrio, podendo reintegrar os aspectos físicos,
emocionais e mentais. Envolvida nesse processo, a bioenergética se apresenta
como uma fonte de ação restauradora em sinergia com a cromoterapia e o
termalismo, técnicas de grande efeito vitalizante, pois têm a capacidade de
oferecer ao corpo uma energia de alta qualidade vital e retirar a energia de
baixa qualidade, bem como remineralizar os tecidos com grandes concen-
trações e variedades de elementos ricos em nutrientes essenciais e vitais.
20 Cromoterapia e termalismo

Águas termais e LED


Apesar de serem lançados como novidade, as águas termais e a fototerapia por
LED, ou ledterapia, utilizados para o tratamento de doenças dermatológicas
como dermatite, psoríase, acne, rosácea, etc., se baseiam nos princípios do
termalismo e da cromoterapia para atingirem seus efeitos terapêuticos na
recuperação da pele. Em comum, essas afecções incluem perda da integri-
dade da função de barreira cutânea, significando uma ruptura da função e
da estrutura celular que forma a camada protetora externa da pele, que nos
protege da invasão de agentes patogênicos.
A água, além de ser o componente essencial da pele e participar de todas
suas reações metabólicas, é o principal indicador da integridade da barreira
cutânea. O desequilíbrio no intercâmbio da água entre o estrato córneo e o
meio ambiente pode ser sentido por ressecamento, descamação, vermelhidão
e coceira, o que favorece a instalação de algumas doenças dermatológicas.
A aplicação da água termal acelera a recuperação da barreira cutânea, pois
os sais minerais presentes em sua composição atuam na fisiologia da pele,
estimulando a atividade dos fibroblastos e a migração dos queratinócitos
até a camada mais externa, num processo chamado renovação celular. Além
disso, seus efeitos biológicos de ação anti-inflamatória, hidratante, antioxi-
dante e antisséptica reduzem os sintomas de desconforto, por propriedade
e ação fisiológica de alguns dos sais minerais presentes nas águas termais
utilizadas em formulações cosmecêuticas dermatológicas.
Em sinergia, a ledterapia utiliza luzes com comprimentos de onda que vão
do ultravioleta ao visível e ao infravermelho. Uma característica do equipa-
mento é a emissão não pontual, ou seja, ele dispersa a luz, sendo capaz de
tratar grandes áreas em uma única aplicação. A terapia luminosa pela luz visível
atinge as estruturas da pele pela afinidade com as células fotorreceptoras
(cromóforos) presentes, como a hemoglobina, a melanina e a água.
Os efeitos fisiológicos acontecem pelas ações fotoquímicas ou térmicas da
luz emitida, ou seja, pela fotobioestimulação, que atua em forma de cascata
de respostas celulares, resultando na modulação da função celular, prolife-
ração celular e reparação das células comprometidas. Além disso, também
se destaca a alteração da permeabilidade da membrana celular, o que facilita
o transporte de íons (sais minerais) nas células da pele.
No espectro da luz visível, a ledterapia contempla todas as cores da luz
solar, cada qual com suas ações biológicas e várias indicações para os trata-
mentos dermatológicos, conforme listado a seguir (AGNE, 2014):
Cromoterapia e termalismo 21

„„ LED de luz vermelha (630–700nm) — efeito bioestimulante, regenerador e


anti-inflamatório, excelente para a cicatrização e reparação de tecidos;
„„ LED de luz verde (470–550nm) — efeito anti-inflamatório, oxigenante e
rejuvenescedor, estimula a microcirculação, desobstrui vasos linfáticos
e elimina edemas;
„„ LED de luz azul (400–470nm) — é a mais utilizada pelos profissionais
por causa de sua ação bactericida, anti-inflamatória, oxigenante e
cicatrizante, indicada no tratamento da acne;
„„ LED de luz amarela (570–590nm) — efeito drenante e estimulante ce-
lular, melhora a circulação sanguínea e linfática e a textura da pele e
estimula a hidratação;
„„ LED de luz violeta (380–450nm) — com efeito regenerador e estimu-
lante, aumenta a energia intracelular e o metabolismo celular, além
de acelerar a renovação e o nível de hidratação celular e tecidual.

Os princípios que fundamentam o uso da ledterapia nos tratamentos


dermatológicos remetem à cromoterapia, assim como o uso de água termal
como cosmecêutico remete ao termalismo e à crenologia. Sendo assim, per-
cebemos que a cromoterapia e o termalismo como terapias complementares
abrangem conhecimentos milenares, derivados de uma ciência médica de
promoção da saúde, que se apoia na integração do ser humano à natureza
para induzir os mecanismos orgânicos a voltarem ao seu desempenho original.
Com isso, restaura-se o equilíbrio natural que permite a adequação funcional
do corpo físico e do espiritual, ou seja, dos aspectos mentais e emocionais.
Ao atuar na área da prevenção de doenças e da promoção, manutenção e
recuperação da saúde com base no conceito filosófico das práticas comple-
mentares integrativas, o profissional terapeuta considera o indivíduo na sua
dimensão global, sem perder de vista sua singularidade. Essa abordagem traz
em si a perspectiva da intervenção humanizada, tão importante nos tempos
atuais, promovendo no paciente sentimentos de segurança e acolhimento,
bem como de outro panorama do seu processo saúde–doença.

Referências
AGNE, J. E. Eletro Termo Foto Terapia. 3. ed. Santa Maria: Andreoli, 2014.
AMARAL, F. Técnicas de aplicação de óleos essenciais. São Paulo: Cengage Learning, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 702, de 21 de março de 2018. Altera a Portaria
de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas
na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares — PNPIC.. Brasília, DF:
22 Cromoterapia e termalismo

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BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
no SUS: atitude de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2015.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_prati-
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Anais eletrônicos [...]. Curitiba: Centro Reichiano, 2011 Disponível em: https://www.
centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2011/FONSECA-Glaucimar-A-bioenergetica-e-
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HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São
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HELLMANN, F.; RODRIGUES, D. M. O. (Orgs.). Termalismo e crenoterapia no Brasil e
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Leitura recomendada
CADERNOS DE NATUROLOGIA E TERAPIAS COMPLEMENTARES. Florianópolis: Unisul, v. 3,
n. 5, 2014. Disponível em: http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/CNTC/
issue/view/188. Acesso em: 4 dez. 2020.
Cromoterapia e termalismo 23

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