Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
A Al Qaeda é uma das organizações islâmicas mais conhecidas do mundo. Originária do
Oriente Médio, na década de oitenta, o grupo continua conquistando adeptos à ideologia, pelo
mundo inteiro. Neste sentido o objetivo deste trabalho foi a análise das influencias que
levaram a criação e consolidação da Al Qaeda. Bem como, analise das normas impulsionadas
pela ONU, sobre terrorismo, para verificarmos sua (im)parcialidade em relação aos fatos.
Tendo em vista que esta perspectiva é pouco estudada, acreditamos que esta pesquisa irá
contribuir para o enriquecimento do meio acadêmico e para a fomentação novos trabalhos.
Desta forma, lançamos mão do Método Dedutivo. Assim, foi feita a análise produções
científicas que possuem perspectiva histórica da Al Qaeda e marcos normativos de Direito
Internacional. Desta maneira, o resultado foi a confirmação da hipótese levantada, qual seja,
as grandes potencias da Guerra Fria causaram interferências negativas significativas em
território Islã, o que foi maior justificador da criação e posterior consolidação da organização
terrorista. Em contra partida, a ONU mostrou-se parcial aos causadores destas ingerências,
por meio de posicionamento de total repudio aos atos de terror e vilipendia na repreensão aos
geradores de imiscuências em solo muçulmano. Assim, a presente pesquisa, atingiu os
objetivos a que se propôs.
Abstract
Al Qaeda is one of the most well-known Islamic organizations in the world. Originally from
the Middle East, in the eighties, the group continues to win supporters, to ideology, all over
the world. In this sense the objective of this work was the analysis of the influences that led to
the creation and consolidation of Al Qaeda. As well as an analysis of the norms promoted by
the UN, on terrorism, to verify its (im) partiality in relation to the facts. Considering that this
perspective is little studied, we believe that this research will contribute to the enrichment of
the academic environment and to the fomentation of new works. In this way, we use the
Deductive Method. Thus, the analysis was made scientific studies that have historical
perspective of Al Qaeda and regulatory frameworks of International Law. In this way, the
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 81 de 222
result was confirmation of the hypothesis raised, that is, the great powers of the Cold War
caused significant negative interference in Islam territory, which was the greatest justification
for the creation and subsequent consolidation of the terrorist organization. On the other hand,
the un was partial to the perpetrators of these interferences, through a position of total
repudiation of acts of terror and inert in the reprimand of generators interferences negative on
muslim soil. Thus, the present research achieved its objectives.
INTRODUÇÃO
ONU. Pois, em nossas pesquisas, verificamos que outros pesquisadores, como katty Cristina
Lima Sá38 e Alexandre Santos de Amorim39, já fizeram a contextualização geral do meio a
qual a Al Qaeda foi criada, bem como verificaram responsabilidade ocidental de uma maneira
geral. No entanto, ainda não foi estudado de maneira especificada, causas (que consideramos
como as mais fortes) que levaram a criação e posteriormente a consolidação da organização,
nem a análise do posicionamento da ONU, frente a esta questão especifica, qual seja, as
ingerências praticadas pelas maiores potencias da época.
Neste trabalho não estabelecemos, de maneira fechada, os limites temporais do
estudo. Pois, entendemos ser necessário analisar o contexto da Guerra fria, e do pós Guerra
Fria, até a atualidade. Então, informamos apenas que os limites temporais serão o século
passado e o atual.
Além do mais, utilizamos o Método Dedutivo de pesquisa e para fins de
conceituações, laçamos mão de produções científicas do Catalogo de Teses & Dissertações
da Capes40, do Google Acadêmico41 e do Scielo42 bem como marcos normativos de Direito
Internacional.
Neste sentido, tendo delimitado o Objeto de Pesquisa e o Problema, com a análise
das pesquisas que já foram desenvolvidas, formulamos a hipótese de que as interferências
mais drásticas no Oriente Médio foram causadas pela URSS e pelos EUA e que estas
ingerências geraram a necessidade de resposta, daí surgiu a Al Qaeda. Como complemento à
nossa hipótese, consideramos o fato de que a consolidação deste grupo terrorista se deu
devido a insistência das potencias em internalizar no oriente médio seus interesses
particulares. Consideramos ainda que a ONU, como produto do ocidente, tem se mostrado
desestimulada no combate às causas que geram terrorismo. Bem como, tem adotado
posicionamento parcial em relação ao terrorismo islâmico.
1. TERRORISMO
38
Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
39
Mestre em Relações Internacionais: Linha de pesquisa em Política Internacional e Comparada, pela
Universidade de Brasília (UNB) - 2008
40
Refere-se ao Sitio Eletrônico: http://catalogodeteses.capes.gov.br/catalogo-teses/
41
Refere-se ao Sitio Eletrônico: https://scholar.google.com.br/
42
Refere-se ao Sitio Eletrônico: http://www.scielo.org/php/index.php
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 83 de 222
Através de uma pesquisa simples, nos meios virtuais, podemos verificar que existem
diversos grupos terroristas espalhados pelo mundo e com diversos tipos de “causas”. Mas,
como já citamos anteriormente, por se tratar de algo com diversas faces não existe consenso
quanto a definição de terrorismo. No entanto, existem duas principais linhas de pensamento
que estudam o fenômeno. Qual seja, a corrente do Choque de Civilizações e a do
Multiculturalismo. A primeira, demoniza os islamismo, em que existem dois absolutos
morais, o bem ocidental e o mal islâmico (RAPOSO, 2009, p. 2).
Já a segunda, que adotamos neste trabalho, é a corrente multiculturalista, que admite
a coexistência de todas as culturas e acredita que o terrorismo islâmico é resultado da
opressão do sistema ocidentalizado de ver o mundo. Então, tratamos terrorismo como
“expressão da necessidade de afirmação política de grupos” (WELLAUSEN,2002). Visto que,
assim como outros autores multiculturalistas, entendemos que o terror nasce da quebra da
ordem dominante anterior sendo instrumento para libertação. Como dito pelo psicanalista
Dadoun, em 1993, e reforçado pelo filosofo Sally da Silva Wellausen, em 2002, o terrorismo
é utilizado como instrumento cirúrgico para a transformação de uma realidade que aflige um
povo oprimido.
Consideramos importante ressaltar que genocídio não deve ser confundido com
terrorismo pois, enquanto o primeiro traz atrocidades em massa tendo cunho de agressão e
diminuição subjetiva contra um povo, com espaço geográfico e vítimas bem definidas, e tendo
objetivos quantitativos. O segundo age de maneira objetiva, contra pessoas aleatórias, em
espaços geográficos aleatórios mantendo apenas objetivos de caráter qualitativos
(WELLAUSEN,2002).
O Islã ou muçulmanismo é uma religião antiga monoteísta, tendo como Deus Alá e
como seu profeta Maomé. Seu livro sagrado é o alcorão. Tal religião, assim como outras,
também possui subdivisões, algumas mais radicais e outras menos. Já o Islamismo, ou
“Jihad”, é um movimento político ideológico, islão e extremista. Assim, é neste ponto que
política e religião confundem-se e arrastam multidões com seus discursos. Cá iremos utilizar-
nos das palavras de Henrique Raposo para fazermos um adentro ao Islamismo, como
ideologia Política:
43
Termo utilizado para definir o período de conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, de
1946 a 1989 (ALCADIPANI; BERTERO, 2012, p.285 e 288)
44
Termo utilizado para definir países subdesenvolvidos e neutros na Guerra Fria, que “fazem reinvindicações
revolucionárias em nome da justiça” (BOSC, 1967, p. 26)
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 85 de 222
Então, para além das críticas aos grupos terroristas, devemos entender que os
envolvidos nesta pratica se perceberam, antes, como frutos de uma violação que legitima uma
violência posterior contra seu agressor.
Neste sentido o terrorismo foi, por muito tempo, voltado ao combate de alguns
“colonizadores” europeus (França e Reino Unido) que faziam parte da aliança de vencedores
da primeira Guerra Mundial. Posteriormente, o terrorismo foi arma contra os governos
nacionais além da manifestação de resistência política e a intenção de implementação de um
Estado Islâmico, o chamado Ummah (AMORIM, 2008, p. 09). Contudo, com o advento das
ingerências das grandes potências mundiais na Guerra Fria, e ainda, a incapacidade das
ideologias seculares em resolver as crises socioeconômicas regionais, surgiram nas décadas
de 1970 e 1980 as primeiros grupos Islâmicos ativistas (SÁ, 2017).
Tais especificações foram superadas e, agora, com o acúmulo de ressentimentos,
conforme demonstramos posteriormente, vemo-nos frente a praticas terroristas de alcance
global. Pois, agora, os Islâmicos acreditam que é obrigatório que todos os muçulmanos
lutem para expulsar os ocidentais da “terra do Islã” (SÁ, 2017).
45
Termo no plural, utilizado para definir combatentes da Jihad, da “guerra santa” (BROTAS, 2006, p.14)
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 88 de 222
novo Califado que abrigasse a todos os mulçumanos” (SÁ, 2017). Assim, as estruturas do
“Birô de Serviço” foram adaptadas para uma nova missão. Era criada então, a Al- Qaeda.
Foi durante os dois anos da retirada46 da URSS do território Afegão que surgiu o
grupo de resistência “Al-Qaeda”, que em tradução para o português significa “A base”, criado
por Osama Bin Laden, Ayaman al-Zawahiri e Abdullah Azzam. Neste sentido, a Al Qaeda foi
criada para livrar o mundo islâmico dos maus do ocidente e restabelecer o poder da califa, ou
seja, o poder mulçumano (SÁ, 2017) criando uma única nação dirigida pela Sharia47. A
organização combate aquilo que considera como “governos árabes corruptos ou anti-
islâmicos” por meio de uma “guerra santa” tem nível global para derrotar tanto os governos
em questão quanto os seus aliados.
Os fundadores da Al Qaeda, e posteriormente os adeptos de sua ideologia,
acreditavam que o ocidente cometia um grande desrespeito ao intrometer-se em território Islã
e tentar impor seus princípios. Ou seja, “A Base” foi um fruto de uma geopolítica bipolar
gerada pela Guerra Fria. Onde, as grandes potências da época aparentemente não se
importaram com o respeito a questões subjetivas daquele povo, tal como território, economia
e crenças.
Assim, conforme Héctor Luis Saint-Pierre, qualquer exército comum é impotente
frente a uma superpotência. A partir disso restam então apenas duas opções: a primeira é a
utilização de armamento nuclear, que está fora de cogitação para países subdesenvolvido e a
segunda que é a guerra assimétrica, ou seja, as táticas de guerrilha e as ações terroristas. Neste
sentido, o filosofo fala sobre a simplicidade operativa e o baixo custo das ações terroristas,
quando comparadas com uma guerra nuclear:
[...]as ações terroristas, pela sua simplicidade operativa, baixo custo, efeito
devastador, potencial comunicativo e facilidade de internacionalização,
torna-se uma alternativa tentadora para manifestar o ódio por parte de grupos
fanáticos ou de expressão bélica legítima para grupos oprimidos ou regiões
militarmente invadidas. (2015, pg. 12)
46
Entre o ano de 1988 e 1989
47
Termo recorrentemente utilizado para referir-se à leis islâmicas (SÁ, 2017)
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 89 de 222
A lesão gera ódio, e conforme citado, o terror torna-se uma alternativa tentadora, o
que também ocorreu com a Al Qaeda que hoje, é a organização fundamentalista48 Islâmica
mais conhecida do mundo.
Desta maneira, conforme descrito por Marielle Polli, a Al Qaeda propôs três
principais objetivos, sendo que o primeiro era ser e causar o terrorismo, propriamente. O
segundo, era agir como um organizador, recrutador e provedor logístico para outros
muçulmanos militantes dando-lhes respaldo à lutar para além do Afeganistão. Por último, o
terceiro objetivo, e mais importante, era o de vanguarda, resistência, unificação e liderança do
movimento jihadista (GOMES e MIKHAEL, 2018, p. 12, apud POLLI, p. 51). Assim,
percebemos então que, a Al Qaeda iniciou-se com propósitos para além de um limitado grupo
terrorista. Sendo, na verdade, uma organização complexa, resistência do movimento jihadista,
por todo o mundo.
48
“Designa-se assim todo e qualquer movimento religioso que tende a interpretar a realidade de hoje através dos
olhos de antigos preceitos religiosos e que renega os valores da modernidade” (SCHILLING, 2006, p. 175-176)
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 90 de 222
De 1996 a 1998 Bin Laden, aliado a outros líderes Islâmicos radicais emitiu dois
decretos Islâmicos declarando guerra aos EUA. No primeiro, era exigido que as tropas
americanas abandonassem o solo sagrado, e caso isto não ocorresse, ordenaria que as bases
americanas em solo islã fosse atacadas. Como esperado, os EUA não se retirou do Oriente
Médio, o que marcou publicamente a guerra islâmica contra a potência ocidental. Já no
segundo pronunciamento, foi autorizado aos mulçumanos do mundo inteiro a morte de
qualquer americano e Judeu que encontrassem. Neste sentido, as palavras da autora Katty
Cristina Lima Sá:
Em 1998, uma nova declaração de Bin Laden foi lançada, desta vez com
mais doze signatários. O documento intitulado “Frente Islâmica Mundial
para Jihad contra os Judeus e os Cruzados” é mais sucinto que seu
antecedente e, para Ewin Bakker e Leen Boer XXII, marcou o momento em
que a Al-Qaeda consolidou sua aliança com grupos extremistas islâmicos em
vários países e assumiu o caráter de rede internacional. (2017, Pg. 87)
Neste sentido, entendemos que a soma de vários fatores contribuíram para esta
expansão, sendo elas (I) a permanência de soldados americanos na terra santa; (II) os
embargos comerciais sofridos pelo Iraque; (III) sofrimentos de muçulmanos no conflito Israel
x Palestina.
Assim, como já mencionamos, à partir da ocupação da considerada terra santa que a
Al Qaeda iniciou a inimizade com os Estados Unidos. Segundo Sá, tal acontecimento é de
fundamental importância. Pois, foi após o rompimento dos laços com Arábia Saudita, que Bin
Laden se deslocou para o Sudão e depois para o Afeganistão encontrando em seu caminho
mais e mais adeptos a suas ideias, aumentando então o poder do grupo por criar novas
conexões poderosas.
Além disto, como o Iraque cometeu a invasão, já mencionada, aos poços de petróleo
ao Kuwait, acabou posteriormente por sofrer diversos embargos comerciais e passar terríveis
crises econômicas o que causava sentimento de injustiça em alguns grupos iranianos que
acabaram também por se aliar a Al Qaeda, expandindo-se em número humano e poder
financeiro.
Somando-se ao descrito, o conflito entre palestinos (islãs) e israelenses (judeus)
também foi de extrema importância para a consolidação da Al Qaeda. Pois, de maneira
sucinta, após a Segunda Guerra Mundial, devido ao grande genocídio ocorrido contra judeus,
com a criação da ONU foi decidido que o território seria dividido entre islãs e judeus.
Posteriormente, Israel conquistou, por meios não pacíficos, mais territórios além de sua
“parte” anteriormente reconhecida, expulsando muitos muçulmanos que habitavam ali, o que
gerou grande número de refugiados muçulmanos a chamada de “Faixa de Gaza”. Além disto,
os EUA, desde o início da guerra por territórios, viu em Israel uma porta de entrada ao
Oriente Médio e apoiou suas lutas. Foi aí que a Al Qaeda também elegeu como grande
inimigo o povo de Israel (povo Judeu) por cometer violações contra muçulmanos e aliar-se
aos EUA. Então, além das diferenças religiosas e ideológicas, entre palestinos e israelenses, a
Al Qaeda se expandiu conquistando mais adeptos devido ao ódio de muitos palestinos contra
invasões territoriais praticadas por Israel e apoiadas pelos EUA.
Em consonância com o que já expusemos acima, o propósito deste tópico é cumprir com
o ultimo objetivo especifico desta pesquisa, ou seja, verificar o posicionamento da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as imiscuências que levaram à criação e
consolidação da Al Qaeda. Para tanto, é necessário analisarmos os documentos e
pronunciamentos adotados por esta, frente a este cenário. Para então, fazermos a análise do
seu posicionamento.
Assim, verificamos que trata-se de um cenário histórico, social, econômico e
religioso complexo, onde um grupo oprimido viu como única saída para serem “ouvidos” a
violência e o terror, descartando quaisquer outras formas de solução de conflitos. Para tanto,
espera-se dentro dos princípios adotados pelas Nações Unidas, uma atitude amadurecida de
repudio a estes atos, bem como a expressa desaprovação dos geradores das causas que
levaram a criação e consolidação da Al Qaeda. Mas, isto não ocorreu.
Fato é que, a ONU condenou veementemente os atos terroristas praticados por este
grupo, todas as vezes, pronunciando-se expressamente e adotando uma vasta rede de medidas
normativas no combate ao terrorismo por meio de Convenções, Declarações e Resoluções da
Assembleia Geral ( em 1994 ;em 1996; em 2002 nº 5783;e em 2005) assim como por meio de
Resoluções do Conselho de Segurança (em 2001, nº1373; em 2004, nº 1540, ) e Resoluções
do Comitê Antiterrorismo (em 2001, nº1373 e em 2005 nº 1624) e outros. (ONU Brasil,
2018).
Desta forma, conseguimos observar que, a ONU atentou-se basicamente a quatro
objetivos relacionamos ao terrorismo: Em primeiro lugar à troca de informações entre Estados
para detectar, desmontar e processar redes terroristas. Em segundo lugar, no trabalho para o
auxílio de países afetados pelo terrorismo. Em terceiro lugar, tratar das ameaças impostas
pelos terroristas. E por último, na prevenção do terrorismo, que limita-se tão somente à
prevenção ao recrutamento (GUTERRES, 2018)
No entanto, quando se diz respeito ao combate as causa que geram grupos terroristas,
em especial na repreensão expressa às ingerências ocidentalizadas em solo muçulmano,
verificamos que a ONU manteve-se e mantêm-se limitada apenas à recomendações e
desaprovações simplistas ou pronunciamentos pela pacificação. Mas, nada que chegue a
caracterizar-se como luta pela autonomia do Oriente Médio.
Entendemos, assim como o Doutor José Carlos de Magalhães, que isto ocorre devido
a ocidentalização da ONU de maneira reconhecida, liderada pelos EUA. Assim, legitimado
pelo poder que possui dentro da organização, lhe conferido através da vitória na Segunda
Guerra Mundial, os EUA reproduz predominantemente seus valores nas tomadas de decisões
(MAGALHÃES,1995). Desta maneira, confundindo-se no mesmo sujeito49 o interessado na
eliminação do terrorismo islâmico e a organização, que em tese, seria mediadora de conflitos.
Demonstrando-se assim, a nítida imparcialidade da organização em relação ao terrorismo
islâmico.
Então, podemos observar que, a ONU assim como o restante da comunidade
internacional entende limitadamente que o terrorismo islâmico é uma manifestação religiosa
extremista e que, os atos de terror praticado jamais podem ser tolerados em detrimento das
ideologias radicais. No entanto, as questões sócio-políticas do discurso dos extremistas da Al
Qaeda, são recorrentemente vilipendiadas.
Isto ocorre, segundo Antônio Marcos Pereira Brotas50 através de um fenômeno
chamado de “orientalismo”, que são as ideias disseminadas sobre o Oriente Médio tidas, após
anos de propagação de estereótipos, como verdades irrefutáveis. Nas palavras do autor:
CONCLUSÃO
49
No sentido de sujeito de Direito internacional
50
Doutor Multidisciplinar em cultura e Sociedade
VII Fórum de Projetos de Pesquisa em Direito
ISSN 2178-8471
GT 3 –Estado Contemporâneo: Relações Empresariais e Relações Internacionais
Página 95 de 222
em se tratando do grupo terrorista Al Qaeda, foi necessário a analise dos processos que
levaram a criação e consolidação deste.
Neste sentido, verificamos que a Al Qaeda é fruto da Guerra Fria, pois em meio a
corrida armamentista, tecnológica, industrial, econômica e etc, os EUA e a URSS
disputavam em um cenário geopolítico a influência em determinados territórios.Assim, em
um recorte distante da cultura ocidental, o Afeganistão foi vítima dessa disputa. Com isso Al
Qaeda surge com a justificativa de luta, em nome dos oprimidos, independente dos meios.
Defendendo primeiramente o país da invasão da URSS e posteriormente, os ideais
mulçumanos de linha jihadista em escala global.
Já a consolidação da Al Qeda deu-se, em especial, devido as ingerencias norte
americanas em diversas questões internas do Oriente Médio, como da Arabia Saudita e
Kuwait, Palestina e Israel entre outros. Gerando assim, a expansão do grupo terrorista, por
conquistar muitos adeptos ao posicionamento anti-EUA. Adeptos estes que, foram gerados
pela identificação de grupo oprimido, num contexto de desrespeito a autonomia do Oriente
Médio, com ingerencias territoriais e politicas, bem como a introdução despreparada
politicas ocidentalizadas em territorio islã. O que gerou grandes prejuizos humanitários para
o mundo, em decorrencia da formação e consolidação desta organização terrorista tão
poderosa com adeptos organizados e fieis, espalhados pelo mundo inteiro.
Em contrapartida a ONU mostrou, no decorrer dos anos, o total repudio aos atos de
terror e vilipendia (ou pouca expressão) quando trata-se de ingerencias das potencias da
Guerra Fria em território islã. Isto ocorreu, e ocorre, devido à grande influencia norte
americana nas Nações Unidas. Confundindo-se assim, os interesses dos EUA e da ONU na
“resolução” do fenomeno terrorismo. O que demonstrou nitida parcialidade da organização,
que é essencialmente fundada em valores ocidentais.
Diante do exposto, resta evidente que o presente trabalho alcançou os objetivos a
qual se propos. No entanto acreditamos, por ora, na impossibilidade de esgotamento da
análise sobre o tema devido sua considerável complexidade e amplitude.
REFERENCIAS
em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
91992009000200006> último acesso em 18/08/ 2018
SCHILLING, Voltaire. Ocidente x islã: Uma história do conflito milenar entre dois
mundos. 3. ed. revista e atualizada. Porto Alegre: L&PM, 2006