Você está na página 1de 36

HALITOSE NA PRÁTICA

Dra. Carolina Tarouco

MÓDULO 1

I. Histórico
II. Conceito
III. Odorivetores
IV. Microbiota
I. Histórico
 Tito Mácio Plauto (230-180 a.C.)
“Preferia beijar um sapo, do que a minha mulher.”

 Em registros de leis civis e religiosas judaicas,


estabelecem que o casamento pode ser judicialmente
anulado se um dos cônjuges tiver mau hálito.

 Antigo Testamento / Bíblia - Jó (19:17)


“O meu hálito tornou-se intolerável para a minha mulher”

 Millôr Fernandes:
“O mau hálito é o maior anticoncepcional”
HINE, K. H. – Halitosis. JADA, v. 55, n. 7, pg. 37-46, 1957.
LU, D.P. – Halitosis: an etiologic classification, a treatment approach and prevention. Oral Surg., v. 54, n. 5, pg. 521-6, 1982
FERNANDES, M. – Millor Definitivo – A bíblia do caos. s. ed. São Paulo; L & PM Editores S/A, 1994
Histórico
 Monges budistas: prevenção de mau hálito antes das primeiras orações
matinais.

 Os hindus consideram que a boca deve ser mantida limpa, especialmente


antes das orações.

 1874: Halitose - entidade clínica - J. W. Howe

 Dr. Joseph Tozentich


CSV contendo enxofre: principais gases identificáveis na halitose bucal.
O dorso posterior da língua era a principal fonte de mau odor bucal.

FERNANDES, M. – Millor Definitivo – A bíblia do caos. s. ed. São Paulo; L & PM Editores S/A, 1994.
TARZIA, O. – Halitose: Etiologia, Diagnóstico e Tratamento. Biodonto, 1(2): 8-108, maio/junho, 2004.
TARZIA, O. – Halitose: Um Desafio que tem Cura. s. ed. Rio de Janeiro EPUB 2003
Histórico
 ISBOR – International Society for Breath and
Odor Research (1995)

 IABR – International Association for Breath


Research (2005)

 Journal of Breath Research (2007)


Histórico
 1º livro sobre Halitose - Dra Olinda Tárzia
(1991)

 ABPO – Associação Brasileira de Estudos e


Pesquisas dos Odores da Boca (1998)

 ABHA – Associação Brasileira de Halitose


(2009)
Próximo vídeo:
CONCEITO DE HALITOSE
HALITOSE NA PRÁTICA
Dra. Carolina Tarouco

MÓDULO 1

I. Histórico
II. Conceito
III. Odorivetores
IV. Microbiota
II. Halitose - Conceito
Halitus = Osis = “alteração
“ar expirado” patológica”

 Condição anormal do hálito, de causas fisiológicas


ou patológicas, tanto bucais como sistêmicas

(CISTERNAS; BYDLOWSKI, 1998).


A incidência do mau hálito na população
brasileira é de 40% (ABHA)

17% de 0 a 12 anos
41% de 12 a 65 anos
71% acima de 65 anos

Inibe o indivíduo em suas relações sociais


Pode ser prejudicial na vida profissional
Insegurança
Neurose
Prevenir doenças bucais e sistêmicas
O Brasil com mais de 209 milhões de
habitantes:

Pelo menos 83 milhões sofrem de halitose


Halitose
 Fisiológica 100% pessoas
Ao acordar, desaparece
após escovação ou café
da manhã

 Patológica 40% pessoas

8%: vias 90%


aéreas sup origem
2%: gastro- bucal
intestinal
Halitose Fisiológica
 Fluxo salivar reduzido no sono

 Acúmulo e putrefação
◦ Céls epiteliais descamadas
◦ Restos de alimentos
◦ Saliva

 Proliferação bacteriana

 Leve hipoglicemia devido ao jejum


Próximo vídeo:
ODORIVETORES
HALITOSE NA PRÁTICA
Dra. Carolina Tarouco

MÓDULO 1

I. Histórico
II. Conceito
III. Odorivetores
IV. Microbiota
III. Odorivetores
 Partículas baixo peso molecular, voláteis,
solúveis em água
 Odor ofensivo ao olfato humano
Há 3 tipos de Odorivetores (Tárzia, 2003)

 1. Compostos Sulfurados Voláteis – CSVs

 2. Compostos Orgânicos Voláteis - COVs

 3. Compostos Orgânicos Voláteis de origem


Metabólica ou Sistêmica
1.Compostos Sulfurados Voláteis -
CSVs
sulcos,
Bactérias Anaeróbias bolsas,
Proteolíticas amígdalas,
dorso lingual

saliva,
sangue,
gotejamento
nasal
Proteínas: aminoácidos ricos
posterior, em Enxofre
céls (cistina, cisteína e metionina)
epiteliais
descamadas,
resíduos
alimentares Ovo
choco
CSV
1.Compostos Sulfurados Voláteis -
CSVs

Sulfidreto Metilmercaptna Dimetilsulfeto


(H2S) (CH3SH) (CH32S

90% 10%

Halitose fisiológica Doença periodontal


Saburra lingual Condições sistêmicas,
desordens hepáticas.
(Gilmores et al., 1973; Makinem et al., 1995)
2. Compostos Orgânicos Voláteis -
COVs
 Originados da putrefação de matéria
orgânica
 São substâncias produzidas pela ação de
bactérias putrefativas sobre compostos
proteicos próprios do corpo humano
2. Compostos Orgânicos Voláteis -
COVs

 Compostos Nitrogenados: amônia (ureia)


e aminas (metilamina, difenilamina,
trimetilamina, putrecina e cadaverina)
 Fenóis : indol, escatol e piridina
 Ácidos graxos de cadeia curta
 Cetonas: acetona

(Massler eta l., 1951; Tozentich eta l., 1967)


3. Compostos Orgânicos Voláteis
de origem Metabólica ou Sistêmica
oriundos da circulação sanguínea

 3.1. do próprio metabolismo

 3.2. de alimentos ingeridos

 3.3.de medicamentos utilizados


3. Compostos Orgânicos Voláteis de origem
Metabólica ou Sistêmica
3.1. do próprio metabolismo

Em determinadas condições, o hálito pode conter excesso


de compostos derivados do metabolismo de lipídeos e
proteínas, também capazes de provocar halitose, pelo ar
expirado.

Normal: corpos cetônicos - sangue

Diabetes Mellitus ou Jejum prolongado:


quebra Ác. Graxos =
corpos cetônicos – sangue (cetose)
(Vilela et al., 1976)
3. Compostos Orgânicos Voláteis
3.1. do próprio metabolismo

Cheiro de
manteiga
rançosa
v

Excesso corpos cetônicos - pulmões


Expelidos pelas vias aéreas

Hálito cetônico / Hálito do jejum


3. Compostos Orgânicos Voláteis de origem
Metabólica ou Sistêmica
3.2. de alimentos ingeridos

 Alimentos capazes de gerar mau hálito


devido aos seus odores, tais como:
álcool, derivados da metabolização do alho
e da cebola.
3. Compostos Orgânicos Voláteis de origem
Metabólica ou Sistêmica
3.3. de medicamentos utilizados

 Alguns antibiótico, sulfas, vitaminas do complexo B, iodo,


hidrato de cloral (“boa noite cinderela”), dinitrato de
isossorbida (Isordil), nitrito de amila, metotrexato,
fenotiazina, dimetilsulfoxida (DMSO – é para dor muscular e
provoca cheiro de alho), unguento de Vick Vaporub,
cisteamina (para cistinose hepática), óleos aromáticos
(mentol e eucaliptol), essência de hortelã, menta, canela, anis,
cravo-da-índia.
3. Compostos Orgânicos Voláteis
3.3.de medicamentos utilizados

 Outros medicamentos provocam halitose porque têm


efeitos colaterais de sangramento gengival e/ou ulcerações
na cavidade bucal (actinimicina D, fluouracil, adriamicina,
bleomicina...)

 Outros vários medicamentos por provocarem redução do


fluxo salivar, contribuem para halitose. Abordaremos mais
a frente.
Vias de eliminação dos Odorivetores:

 Voláteis – pulmonar, bucal e vias aéreas


superiores

 Pouco Voláteis – saliva, suor e urina


Próximo vídeo:
MICROBIOTA
HALITOSE NA PRÁTICA
Dra. Carolina Tarouco

MÓDULO 1

I. Histórico
II. Conceito
III. Odorivetores
IV. Microbiota
IV. Microbiota
 A cavidade oral é o 2º local do corpo
humano com maior quantidade de
microorganismos

 Segundo alguns autores (Savage, 1977; Loesche, 1997)


◦ Temos 10 trilhões de células Corpo
Humano
◦ Temos 100 trilhões microorganismos

 500-800 espécies de microorganismos na


boca.
Microbiota
 Principais causas do mau odor bucal
◦ A. placa bacteriana em sulco gengival
◦ B. criptas amigdalianas com cáseos
◦ C. biofilme lingual

A
nichos pobres
B
em oxigênio,
que facilitam a
proliferação
C das bactérias
anaeróbias

(Mc Namara et al., 1972)


Microbiota

 Embora diversos sejam os microorganismos


capazes de realizar o processo de produção
dos Compostos Sulfurados Voláteis (CSV),
segundo a literatura, os maiores produtores
destes compostos são:

Treponema denticola,
Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia,
Bacteroides forsythus e Fusobacterium
Microbiota
Mc Namara et al. (1972)

Saliva +
Saliva M.O.
M.O.

Sem produção mau odor Presença de mau odor

 14 espécies de m.o.
◦ nenhum gram+ gerou odor fétido
◦ gram- gerou odor desagradável
◦ Leptotrichia sp., Fusobacterium polimorphun, Veillonella
fundiliformis, Bacteróides fundiliformis e Klebsiella pneumoniar
Microbiota
Donaldson et al. (2005 / 2008)

 2005, microbiota presente na boca de indivíduos com


e sem halitose (métodos convencionais), observaram
que as espécies predominantes em grupos teste e
controle foram Veillonella sp. e Prevotella sp.

 2008, utilizando a técnica de PCR (Polymerase Chain


Reaction), em amostras de indivíduos com halitose,
encontraram espécies Lysobacter, S. salivarius, Prevotella
melaninogenica. Prevotella veroralis e Prevotella palles,

A microbiota do dorso lingual é muito complexa


Microbiota
Haraszthy et al. (2007 / 2008)
Amostras Dorso Lingual
(PCR)

Grupo com Halitose Grupo Controle

32 17
espécies espécies

Solobacterium moorei

Produz Sulfidreto

Há uma diversidade muito grande de pesquisas e microbiota


relacionada à Halitose.
*Leve para sua Prática Clínica*
 As principais bactérias relacionadas à Halitose
são as Anaeróbias Proteolíticas Gram –

 Estão em regiões de baixo teor de O2 (região


posterior língua, sulcos periodontais e amígdalas)

 Degradam substratos proteicos disponíveis na


cavidade oral (saliva, sangue, céls epiteliais descamadas,
resíduos alimentares)

 Produzem CSV

Você também pode gostar