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NOÇÕES BÁSICAS NECESSÁRIAS À ATIVIDADE POLICIAL MILITAR.

Análise do conceito de crime


Considerações iniciais

A cada dia que passa, a humanidade descobre novas necessidades e alcança novos
objetivos. Estas transformações ocorrem em todas as áreas do conhecimento humano, e
entre elas, na ciência jurídica.

O Direito é dinâmico. Acompanha a evolução da sociedade, adaptando-se aos seus


clamores.

Dentro dos ramos do Direito, encontramos no Direito Penal o exemplo fiel e legítimo de
adaptação social. De forma brilhante o Prof. MAGALHÃES NORONHA presenteou o
Direito Penal brasileiro com uma frase memorável que merece ser relembrada: "A história
do direito penal é a história da humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha
através dos tempos, isso porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se afastou."

Realmente, ele atravessa os séculos tal qual um camaleão, alterando suas cores (seus
comportamentos), não para se aproveitar de seus semelhantes, como ocorre no "stelius
nato"; mas, para estudar seus anseios, suas revoltas, seus atos violentos, a criminalidade.
Bem como, encontrar formas de prevenir e combater a criminalidade através da aplicação
justa de uma penalidade.

Mas, o que vem a ser o "crime"?

Além de um fenômeno social, o crime é na realidade, um episódio na vida de um indivíduo.


Não podendo portanto, ser dele destacado e isolado, nem mesmo ser estudado em
laboratório ou reproduzido. Não se apresenta no mundo do dia a dia como apenas um
conceito, único, imutável, estático no tempo e no espaço. Ou seja: "cada crime tem a sua
história, a sua individualidade; não há dois que possam ser reputados perfeitamente
iguais." Evidentemente, cada conduta criminosa faz nascer para as vítimas, resultados que
jamais serão esquecidos, pois delimitou-se no espaço a marca de uma agressão, seja ela
de que tipo for (moral; patrimonial; física; etc...).

O próprio conceito de "crime" evoluiu no passar dos séculos. Como muito bem lembra o
Prof. Heleno Fragoso: "a elaboração do conceito de crime compete à doutrina". Pois, o
próprio Código Penal vigente, com suas alterações oriundas da Lei nº7.209/84 que
reformulou toda a Parte Geral do Código de 1940, não define o que é "crime", embora
algumas de nossas legislações penais antigas o faziam. O Código Criminal do Império de
1830 determinava em seu artigo 2º, parágrafo 1º: Julgar-se-á crime ou delito toda ação ou
omissão contrária às leis penais. E, o Código Penal Republicano de 1890 assim se
manifestava em seu artigo 7º: Crime é a violação imputável e culposa da lei penal.

O "crime" passou a ser definido diferentemente pelas dezenas de escolas penais. E,


dentro destas definições, haviam ainda sub-divisões, levando-se em conta o foco de
observação do jurista. Surgem então, os conceitos formal, material e analítico do crime
como expressões mais significativas, dentre outras de menor expressão. O conceito formal
corresponde a definição nominal, ou seja, relação de um termo a aquilo que o designa. O
conceito material corresponde a definição real, que procura estabelecer o conteúdo do fato
punível. O conceito analítico indica as características ou elementos constitutivos do crime,
portanto, de grande importância técnica.

Análise do conceito de crime

Um homem, em determinado dia, encontrou um rapaz baleado e sem vida, com ferimento
em região letal, esticado no meio da rua. Um leigo certamente afirmaria tratar-se de um
homicídio. Para os juristas, entretanto, essa conclusão seria, naquele momento,
impossível. É lógico que existiria uma ideia, um indício da existência de um homicídio, mas
pode-se ponderar que a morte violenta dada àquele homem, poderia, por exemplo, estar
justificada, e, evidentemente, não haveria crime (legítima defesa ou outra excludente de
ilicitude). Para que exista crime, há necessidade de se percorrer um caminho, passando
por todas as características que o delito deve apresentar, para, só depois, chegarmos a
uma conclusão: realmente trata-se de um homicídio.

A conceituação jurídica do crime é ponto culminante e, ao mesmo tempo, um dos mais


controversos e desconcertantes da moderna doutrina penal, este já era o pensamento do
mestre Nelson HUNGRIA, afirmando ainda que "o crime é, antes de tudo, um fato,
entendendo-se por tal não só a expressão da vontade mediante ação (voluntário
movimento corpóreo) ou omissão (voluntária abstenção de movimento corpóreo), como
também o resultado (effectus sceleris), isto é, a consequente lesão ou periclitação de um
bem ou interesse jurídico penalmente tutelado."

Inicialmente, na doutrina penal brasileira, adotou-se um conceito formal do delito, no qual o


crime seria toda a conduta humana que infringisse a lei penal. Neste conceito, verificava-
se o fato do indivíduo transgredir a lei penal apenas, sem que qualquer outro fator fosse
analisado.

Posteriormente, adotou-se uma definição material de crime, cujo nascimento foi atribuído a
IHERING. Passou-se a definir o crime como sendo o fato oriundo de uma conduta humana
que lesa ou põe em perigo um bem jurídico protegido pela lei.

Por derradeiro, chegamos ao conceito dogmático ou jurídico de crime, apelidado por


muitos de "analítico". Sua origem remonta ao ano de 1906, oriunda da doutrina alemã de
Beling, através de sua obra: "Die Lehre vom Verbrechen" ("A Teoria do Crime"), que
culminou em 1930 com sua segunda obra "Die Lehre vom Tatbestand" ("A Teoria do
Tipo").

O crime portanto, passou a ser definido como: - Crime é toda a ação ou omissão, típica,
antijurídica e culpável.

Este conceito, decompõe a figura do crime em elementos constitutivos que seriam


individualmente analisados. Entretanto, resta afirmar, que o crime é um ato uno e
indivisível, como bem adverte o Prof. Luiz Alberto MACHADO: "Não significa que os
elementos encontrados na sua definição analítica ocorram sequencialmente, de forma
cronologicamente ordenada; em verdade acontecem todos no mesmo momento histórico,
no mesmo instante, tal como o instante da junção de duas partículas de hidrogênio com
uma de oxigênio produz a molécula da água." Assim sendo, o fato dos elementos
constitutivos do crime, serem analisados individualmente, não descaracterizam o ato
criminoso que criou, alterou ou produziu efeitos no mundo jurídico (fato-crime), mas,
unicamente facilitam a tarefa de averiguar a conduta humana criminosa, para uma justa
aplicação da reprimenda.

Vejamos então, os seus elementos:

a) Ação ou omissão: Significa que o crime sempre é praticado através de uma conduta
positiva (ação), comissiva. Ou, através de de uma conduta negativa (omissão). É o não
fazer. A inércia. Tanto é criminoso o fato do marginal esfaquear uma pessoa até matá-la
(ação), como o fato de uma mãe, por preguiça ou comodidade, não retirar de cima da
mesa de sua casa (omissão) o veneno para matar baratas, que foi posteriormente ingerido
pelo seu filho de três anos, provocando-lhe a morte, enquanto aquela, assistia sua novela
preferida.

Dentro destas condutas positivas (ação) e negativas (omissão) pertencentes a estrutura do


crime, não vamos olvidar os crimes comissivos por omissão, ou seja, aqueles que são
praticados através de uma conduta negativa (omissão), mas que produz um resultado
positivo (um fato visado e desejado pelo agente). É o clássico exemplo da mãe, que
desejando matar seu próprio filho de tenra idade, deixa de amamentá-lo, com a finalidade
de matá-lo de fome.

b) típica: Significa que a ação ou omissão praticada pelo sujeito, deve ser tipificada. Isto é,
descrita em lei como delito. A conduta praticada deve se ajustar a descrição do crime
criado pelo legislador e previsto em lei. Pois, pode a conduta não ser crime, e, não sendo
crime, denomina-se: conduta atípica (não punida, tendo em vista que não existe um
dispositivo penal que a incrimine).

Mas, cumpre lembrar, que uma conduta atípica como crime, pode ser tipificada como
contravenção penal. Não se pode confundir de modo algum, crime com contravenção
penal. Esta, como definia o mestre HUNGRIA, é um "crime anão", é menos grave que o
delito (ou crime) e possui legislação própria (Decreto-lei n.º 3.688/41), com tipificação e
características próprias.

c) antijurídica: Significa que a conduta positiva ou negativa, além de típica, deve ser
antijurídica, contrária ao direito. É a oposição ou contrariedade entre o fato e o direito. Será
antijurídica a conduta que não encontrar uma causa que venha a justificá-la. Nas palavras
do Prof. Damásio de Jesus: "A conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita
ou antijurídica quando não for expressamente declarada lícita. Assim, o conceito de
ilicitude de um fato típico é encontrado por exclusão: é antijurídico quando não declarado
lícito por causas de exclusão da antijuridicidade (CP, art. 23, ou normas permissivas
encontradas em sua parte especial ou em leis especiais)."

Desta forma, uma pessoa pode ser morta, e se constatar, a título de exempllificação, que:

1º) Ela foi morta injustificadamente. Portanto foi vítima de um homicídio (art. 121 CP).
2º) Ela foi morta justificadamente, porque estava de posse de uma pistola carregada e
prestes a matar seu desafeto, quando foi morto por este, que agiu em legítima defesa (art.
23, II do CP), uma excludente de ilicitude (antijuridicidade).

3º) Ela foi morta justificadamente, porque mesmo não estando armado, ele havia
ameaçado de morte seu desafeto, que, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supôs que na realidade estivesse armado, vindo a matá-lo. Tendo, desta
forma, agido em legítima defesa putativa (uma excludente de culpabilidade, art.20,
parágrafo 1º).

Em vista de tais esclarecimentos, devo discordar do Prof. Wiliam Wanderley JORGE, ao


afirmar em sua obra "Curso de Direito Penal", de que o crime é um fato jurídico voluntário
que se divide em ato lícito e ato ilícito (praticado de acordo com o direito o ato é lícito;
contrariamente ao direito será ilícito).

Ora, o crime não pode ser um ato lícito!

Quando a agressão física contra uma pessoa é praticada, poderemos ter a morte ou a
ofensa à integridade física deste indivíduo, ocorrendo então um crime de homicídio
(art.121 CP); ou um crime de lesão corporal (art.129 CP). Mas, se a agressão foi praticada,
estando o agente acobertado por uma das excludentes de ilicitude previstas pelo artigo 23
do Código Penal (estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento do dever
legal ou exercício regular de direito) deixa de existir crime. O referido dispositivo legal, é
bem claro: "Não há crime quando o agente pratica o fato: I) em estado de
necessidade; ..."; assim sendo, houve uma agressão que resultou em morte ou lesão
corporal em uma pessoa, porém, não houve crime.

Além do mais, o crime não pode ser considerado como um "fato jurídico", o crime nada
mais é do que um ato (criminoso) que provoca um fato jurídico que vem a alterar; criar ou
extinguir direitos. O fato, ou situação existente após a prática do crime, é a consequência
do ato criminoso. (Ex: o ato de agredir violentamente alguém, resulta no fato dela possuir
hematomas, que caracterizam o crime de lesão corporal. Assim, o crime é a ação, que
resultou naquele hematoma produzido (um fato).

d) culpável: a culpabilidade é o elemento subjetivo do autor do crime. É aquilo que se


passa na mente daquela pessoa que praticou um delito.

Ela poderia ter desejado um resultado criminoso qualquer (agiu com dolo direto); ele
poderia ter assumido o risco de produzir um resultado criminoso (agiu com dolo indireto
eventual); ou, não desejava aquele resultado criminoso, mas deu causa à ele por
imprudência, negligência ou imperícia (agiu com culpa).

A culpabilidade portanto, é a culpa em sentido amplo, que abrange o dolo (artigo 18, inciso
I; CP); e a culpa em sentido estrito (artigo 18, inciso II; CP).

Por outro lado, ela resulta ainda, da união de três elementos: imputabilidade, consciência
efetiva da antijuridicidade e exigibilidade de conduta conforme ao Direito. Ou seja: deve o
autor do delito ser imputável; ter conhecimento ou possibilidade de conhecimento da
antijuridicidade de sua conduta; e ter condições de, no momento da prática daquele ato
criminoso, ter agido de modo diverso do qual agiu.

Em vista disto, é oportuno lembrar de que existem excludentes de culpabilidade previstas


pelo Código Penal que determinam que o agente não deve ser punido, mesmo sendo a
sua conduta (ativa ou positiva), típica e antijurídica.

Neste caso, o legislador empregou expressões como: "é isento de pena" (artigos 26,
caput; e 28, parágrafo 1º do CP); ou de forma indireta: "só é punível o autor da coação ou
da ordem", dando a entender que o autor do fato não é punível (art. 22 do CP). Entre estas
excludentes de culpabilidade, encontramos como destaque, a menoridade (art. 27 CP).

Estes seriam então, os elementos integrantes do conceito jurídico, dogmático ou analítico


de crime, defendidos pela doutrina prevalente.

Entretanto, existem autores que não aceitam esta definição. Enquanto alguns pretendem
retirar um dos seus elementos, outros, desejam acrescentar novos elementos. Sobre este
assunto, o Prof. Luiz Alberto MACHADO esclarece que "o conceito analítico do crime vem
sofrendo profundo reexame do mundo jurídico-criminal. A mais ou menos pacífica e
tradicional composição tripartida (tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade) tem trazido
inquietações, seja pela estrutura interna desses elementos, com a transposição de fatores
de um para outro, seja pela atual tentativa de retorno a uma concepção bipartida."

O maior expoente da teoria finalista da ação em nosso meio, Prof. Damásio Evangelista de
JESUS, sustenta que a culpabilidade não é elemento ou requisito do crime. Ela somente
funciona como pressuposto da pena; e que o juízo de reprovabilidade não incidiria sobre o
fato, mas sim sobre o sujeito. Não se tratando de fato culpável, mas de sujeito culpável.
Culpabilidade seria um juízo de reprovação que recairia sobre o sujeito que praticou o
delito, desta forma, a culpabilidade seria uma condição de imposição de pena.

Alguns autores, influenciados pela doutrina italiana de BATTAGLINI, defendem a inclusão


da punibilidade no conceito do crime.

Não comungo com tal ideia. A pena a ser aplicada ao autor do crime, uma vez condenado,
é uma consequência do crime, e não parte integrante do crime.

Nas palavras do Prof. MAGALHÃES NORONHA, "a pena não integra o delito, por ser este
seu pressuposto. Tê-la como constitutiva do crime é considerar como elemento da causa o
efeito.".... "A pena vem a ser, então, um efeito do delito. É sua consequência ou resultado."
E, realmente, este é o entendimento da doutrina dominante.

Constituição Estadual da Paraíba


Da Policia Militar

Art. 48. A Polícia Militar da Paraíba é instituição permanente, força auxiliar e reserva do
Exército, organizada com base na hierarquia e na disciplina, cabendo-lhe executar:

I - a polícia ostensiva em todas as suas formas;


II - as ações de preservação da ordem pública;
III - as ações de prevenção e combate a incêndio, buscas e salvamento;
IV - as atividades de defesa civil;
V - as atividades do Gabinete Militar do Governador do Estado, do Vice-Governador, as de
assessorias militares e de assistência às Presidências dos Poderes Legislativo e Judiciário
e à Prefeitura da Capital do Estado.

Parágrafo único. A Polícia Militar será comandada por oficial da ativa da corporação, do
último posto, com título e posicionamento de Secretário de Estado, obedecido o disposto
na legislação federal.

Da Justiça Militar

Art. 115. A Justiça Militar do Estado reger-se-á pela legislação vigente, respeitado, no que
couber, o disposto na lei penal orgânica e processual militar da União.
Parágrafo único. Qualquer modificação na constituição e organização da Justiça Militar
dependerá de proposta do Tribunal de Justiça.

Constituição Federal de 1988


Dos Tribunais e Juízes Militares

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:

I - o Superior Tribunal Militar;


II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal,
sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército,
três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da
carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre
brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional;
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da
Justiça Militar.

Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da


Justiça Militar.

Dos Tribunais e Juízes dos Estados

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos


nesta Constituição.
§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de
organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de
Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça
Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os
crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar
e julgar os demais crimes militares.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição,
servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
presente no local do litígio.

Da Segurança Pública

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela
União e estruturado em carreira, destina-se a:(Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas
áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;(Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
ferrovias federais. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública;
aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil. 
§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do
Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste
artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

Da Resistência à Prisão e da Lavratura do Auto de


Resistência à Prisão
Art. 282.  À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em virtude
de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e mediante ordem escrita da autoridade
competente.
Art. 283.  A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
Art. 284.  Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou de tentativa de fuga do preso.
Resistência no Código Penal

Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena – detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1o. Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena – reclusão, de um a três anos.
§ 2o. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

É essencial para a configuração do crime que o agente use violência física ou ameaça.

Desobediência no Código Penal

Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:


Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Desacato no Código Penal

Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:


Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

O núcleo desacatar traz o sentido de ofender, menosprezar, humilhar, menoscabar. Na


definição de Hungria, desacato é “a grosseira falta de acatamento, podendo consistir em
palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças,
gestos obscenos, gritos agudos etc.”, ou seja, “qualquer palavra ou ato que redunde em
vexame, humilhação, desprestígio ou irreverência ao funcionário”. Não haverá crime se o
funcionário houver dado causa ao desacato: será retorsão ou justa repulsa.

Da resistência à prisão e da lavratura do auto de resistência a


prisão

É o ato de opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a agente


competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio.

Pressuposto de legitimidades: evidentemente a permissão de usar da força pressupõe que


se trate de prisão legal, na essência e na forma, caso contrário a resistência é que será
legitima.
O uso da força será justificado somente para vencer a resistência e evitar a fuga, mesmo
assim proporcional.

O Código de Processo Penal brasileiro traz em seu Art. 284:

“Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou de tentativa de fuga do preso.”(grifo nosso)

O Código Penal Brasileiro traz em seu Art. 329 o ato de resistência:


“Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.”

Assim, será essencial para a configuração do crime que o agente use violência física ou
ameaça.
Se o policial, executor de uma prisão empregar a força na dosagem certa, não excedendo
o limite do indispensável, estará praticando o fato em estrito cumprimento do dever legal,
que constitui excludente de ilicitude prevista em lei.

Direitos Humanos e Polícia - Perguntas e Respostas


1. O que são direitos humanos?

Direitos humanos derivam da dignidade e valor inerente à pessoa humana, e esses são
universais, inalienáveis e igualitários. Isto significa que são inerentes a cada ser humano,
não podem ser tirados ou alienados por qualquer pessoa; e todos têm os direitos humanos
em igual medida – independente do critério de raça, cor, sexo, idioma, religião, política ou
outro tipo de opinião, nacionalidade ou origem social, propriedades, nascimento ou outro
status qualquer.

Eles são melhor entendidos como aqueles direitos constantes nos instrumentos
internacionais: Declaração Universal dos Direitos Humanos, O Pacto Internacional sobre
os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, O Pacto Internacional sobre os Direitos Civis
e Políticos, tratados regionais de direitos humanos, e instrumentos específicos lidando com
aspectos da proteção dos direitos humanos como, por exemplo, a proibição da tortura.

2. Se os direitos humanos são inalienáveis e não podem ser tirados de


nenhuma pessoa, isto significa que eles nunca podem ser limitados ou
negados?

Não, isto significa que quando um direito é expresso por um código ou instrumento legal,
os limites ou fronteiras devem ser definidos. Por exemplo, o direito à liberdade da pessoa
pode ser limitado pelo exercício dos poderes legais de detenção ou prisão.

3. Você se refere a Instrumentos Internacionais,


a Declaração, Pactos eTratados. Qual é diferença entre esses?

“Instrumentos Internacionais” neste contexto significa todos os textos que englobam os


padrões internacionais de direitos humanos. Alguns desses textos são tratados que
obrigam os Estados-Parte que os ratificaram. Esses tratados são chamados
de Pactos ouConvenções.  A Carta das Nações Unidas também é um tratado que obriga
os Estados-Parte.

A Declaração, referindo-se à Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi adotada pela


resolução 217 A(111) de 10 de dezembro de 1948 da Assembleia Geral das Nações
Unidas. Não é um tratado que obrigue os Estados, mas há discussões entre juristas
internacionais para que a extensão de seu conteúdo, total ou parcial, pode ser legalmente
obrigatório aos Estados sob o aspecto do direito consuetudinário internacional (costumes).
Algumas declarações ou resoluções, ou partes dessas, podem eventualmente se tornar
mandatórias sob o aspecto da lei internacional, se as suas provisões demonstrarem que
se tornaram prática habitual aceita pelos Estados. Se as provisões alcançarem esse
status, podemos dizer que se tornaram direito consuetudinário internacional.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos e os dois Pactos dela decorrentes têm
aplicação global. Os Pactos são obrigatórios aos Estados que os ratificaram, mas também
existem tratados regionais tais como a Carta Africana de Direitos Humanos; a Convenção
Americana de Direitos Humanos, e a Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Outros instrumentos internacionais incluem códigos e princípios. Esses textos são


adotados por organismos internacionais como a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Esses instrumentos não são obrigatórios por si só, mas eles reiteram e reforçam as
provisões dos tratados, assistem e encorajam o cumprimento daquelas provisões
estabelecendo padrões detalhados para aquela finalidade.

4. Os títulos dos dois Pactos Internacionais referem-se a dois tipos


diferentes de direitos humanos. São eles igualmente importantes e
relevantes para o trabalho policial?

A distinção surgiu, em primeiro lugar, pelo modo que os direitos neles constantes foram
abordados na teoria. Em primeiro lugar, os direitos humanos foram considerados como
clamor pela não intervenção dos governos na vida dos cidadãos. A primeira geração dos
direitos veio a ser conhecida como direitos civis e políticos. Estes incluem o direito à vida,
o direito à liberdade e segurança da pessoa; a proibição da tortura e tratamentos
degradantes; direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; o direito à
liberdade de opinião e expressão; o direito à liberdade de reunião pacífica e de livre
associação. Pode-se facilmente verificar que direitos dessa natureza afetam diretamente e
são afetados pelo trabalho policial.

Em seguida foi solicitado uma participação e intervenção positiva dos governos para
promover a justiça social, que também deveriam ser considerados como direitos humanos.
Esta segunda geração de direitos veio a ser conhecida como os direitos econômicos,
sociais e culturais. Estes incluem o direito à seguridade social; direito ao trabalho; direito à
educação; o direito à participação na vida cultural de sua comunidade. A relação entre o
trabalho policial e esta categoria de direito é menos óbvia, mas existe.

Essas duas gerações de direitos são consideradas


como indivisíveis e interdependentes de modo que se considera que o gozo de uma
categoria de direitos está diretamente ligada ao gozo da outra. Neste sentido não podemos
considerar que um direito seja mais importante que outro, apesar de, em certas
circunstâncias, alguns direitos adquirem maior significado específico.

Os direitos em ambas categorias apresentadas são conhecidos como direitos


individuais,pois cada indivíduo deve poder usufruí-los. Uma terceira geração de direitos
conhecidos como direitos coletivos são agora reconhecidos, e isto incluiria, por exemplo, o
direito ao desenvolvimento.

5. Uma das razões que policiais são tão reservados a respeito do conceito
de direitos humanos é que, quando se fala em direitos humanos parece
que estão mais voltados à proteção dos criminosos que às vítimas. Você
considera que isto reduz o valor dos direitos humanos?

Não. A razão principal dos direitos humanos é lidar com um tipo específico de violação –
oabuso de poder pelo Estado. Os padrões internacionais de direitos humanos têm o
objetivo de prevenir que as pessoas se tornem vítimas desse abuso, assegurá-las e
protegê-las caso isto aconteça. Algumas violações de direitos humanos são atos
criminosos por si só – tortura, por exemplo, e execuções ilegais por funcionários do
Estado.

Os criminosos também têm direitos humanos, por exemplo, têm direito a um julgamento
justo e a um tratamento humano quando detidos. Uma vez sentenciados por uma corte de
justiça pelo cometimento de uma ofensa criminal, eles perderão o direito à liberdade
durante o tempo de cumprimento da sentença.

No que se refere aos policiais, estes devem entender que enquanto estiverem
investigando um crime, estão lidando com suspeitos e não com pessoas que foram
condenadas pelo cometimento de um ato criminoso (que está sendo investigado). Apesar
de um policial acreditar que a pessoa realmente cometeu o crime, somente a justiça
poderá considerar a pessoa culpada. Este é um elemento essencial para um julgamento
justo, prevenindo que pessoas inocentes sejam condenadas por crimes que não tenham
cometido.

Formas inadequadas de se fazer justiça, levando à condenação pessoas inocentes,


(devido ao modo que a polícia desrespeita os direitos humanos), leva um descrédito ao
trabalho policial e ao sistema judicial como um todo. A consequência é que as pessoas
param de cooperar com a polícia, reduzindo a sua eficiência.

No que concerne às vítimas de atos criminosos, existe um instrumento internacional que


estabelece padrões para o tratamento com essas pessoas – Declaração dos Princípios
Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder.

6. Mas o que dizer das violações de direitos humanos cometidos por


criminosos e terroristas?

A violação de direitos humanos somente pode ser cometida por uma pessoa com a
autoridade e poder conferida pelo Estado e a exercê-la em seu nome.  Nenhum criminoso
ou terrorista tem essa dignidade ou esse poder. Quando criminosos ou terroristas ferem ou
matam pessoas eles cometem atos criminosos, mas não cometem violações de direitos
humanos. Isto não reduz o mal que fizeram e devem ser punidos pela lei pelos crimes
cometidos.

Este ponto também pode ser ilustrado considerando-se a ação de um policial. Se este
policial, durante seu trabalho, agride fisicamente um suspeito durante uma entrevista ou
depoimento, intimidando essa pessoa a confessar um crime, essa ação seria considerada
criminosa (lesão corporal ou tortura), mas também seria uma violação aos direitos
humanos (proibição de tratamento degradante ou tortura). Mas, se por outro lado um
policial não estando de serviço, agindo por conta própria venha a agredir alguém, esta
ação seria criminosa, mas não uma violação dos direitos humanos.

Em ambos os casos apresentados o policial deverá ser punido pela lei criminal de seu
país, mas, no primeiro exemplo, a vítima tem o direito de proteção e indenização do
Estado.

Com respeito à prevenção contra tortura, identificação e punição das pessoas que a
cometeram, os instrumentos internacionais estenderam a noção de responsabilidade para
esta violação específica dos direitos humanos.

7. Assim sendo, em relação aos direitos humanos, policiais são


considerados como delinquentes?

Não. A relação entre polícia e direitos humanos está centrada nas noções
de proteção erespeito, e pode ser uma relação muito positiva.

De fato é função da polícia a proteção dos direitos humanos. Ela faz isso de maneira
genérica, mantendo a ordem social, de modo que todos os direitos humanos, de todas as
categorias possam ser gozados. Quando há uma quebra na ordem social, a capacidade e
habilidade do Estado em promover e proteger os direitos humanos são consideravelmente
diminuídos ou destruídos.

Ainda, é parcialmente por meio da atividade policial que o Estado atinge suas obrigações
legais de proteger alguns direitos humanos específicos – o direito à vida, por exemplo.

Considerando o respeito, policiais devem respeitar os direitos humanos no


desenvolvimento de suas atividades profissionais. Em outras palavras, considerando que é
função da polícia a proteção dos direitos humanos, o requisito de respeito a esses direitos
afeta diretamente o modo que a polícia desempenha todas as suas funções.

Isto também é um relacionamento positivo para o requisito de proteção aos direitos


humanos, que estejam intimamente ligados ao desempenho das funções policiais. Por
exemplo: direitos humanos são protegidos por lei, a polícia aplica a lei (faz cumprir a lei)
com o objetivo de prevenir e detectar o crime, manter a ordem social e proteger os direitos
humanos. Visto desse modo, a atividade de polícia consiste em desempenhar funções
policiais, e ao mesmo tempo proteger os direitos humanos. Violar os direitos humanos,
desrespeitar as normas legais como propósito de aplicar a lei não é considerado uma
prática policial eficiente – apesar de algumas vezes se atingirem os resultados desejados.
Quando a polícia viola a lei com o intuito de aplicá-la, não está reduzindo a criminalidade,
está somando a ela.

O relacionamento entre polícia e direitos humanos é negativa, sendo os policiais vistos


como delinquentes, quando esses mesmos direitos não são respeitados. Quando isso
acontece, demonstra que o trabalho policial efetivo não está sendo desempenhado.
8. O cumprimento às proibições e limitações previstas nos instrumentos
internacionais é um dos elementos do trabalho policial eficaz. Talvez o
tratamento do tema seria menos crítico se a polícia tivesse uma visão
mais positiva de direitos humanos e se os instrumentos legais
expressassem mais que somente uma série de limitações e proibições na
ação policial.

Os princípios que fundamentam os direitos humanos – respeito pela dignidade da pessoa


humana, universalidade e inalienabilidade de direitos – não são proibições ou limitações,
são ideais humanitários comuns apoiados no império da lei. Esses providenciam uma base
muito positiva entre aqueles que exercem o poder estatal e aqueles em favor de quem é
exercido – indivíduos e grupos na sociedade.

Os direitos que derivam desses princípios fornecem mais regras de comportamento do que
de relacionamento. No que concerne à atividade policial, esses são requisitos positivos –
respeitar o direito à liberdade e segurança da pessoa, ou conduzir investigações de um
crime de modo que o direito a um julgamento justo seja assegurado.

Os códigos e princípios internacionais que referem à atividade policial providenciam uma


orientação detalhada e de maneira positiva para diversas situações. Por exemplo,
o Código de Conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei, das Nações
Unidas abrange normas gerais e específicas de comportamento na matérias como uso de
força (art. 3º), confidencialidade (art. 4º), proteção a pessoas detidas (art. 5º e 6º), e
respostas a comportamento não desejável por colegas de profissão (art. 8º). O art. 1º
requer altos padrões de responsabilidade e competência profissional.  A resolução das
Nações Unidas que adotou o Código (34/169 de 17 de dezembro de 1979) requer inter
alia, que toda organização de aplicação da lei seja representante da sua comunidade no
seu conjunto, bem como responder às suas necessidades e ser responsável perante ela.
Esta é uma declaração muito positiva da natureza da função policial e o relacionamento
das organizações policiais e as comunidades a que elas servem.

Os Princípios básicos sobre a utilização da força e de armas de fogo pelos funcionários


responsáveis pela aplicação da lei é outro instrumento. Seus 26 princípios propiciam
exemplos práticos e detalhados para melhor prática no uso de força e armas de fogo pela
polícia. Esses princípios expressam padrões positivos nas matérias como a criação de
regras e orientações nacionais para o uso de força e armas de fogo (Princípio 1); o
desenvolvimento de leque de meios tão amplo quanto possível e habilitar os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei com diversos tipos de armas e munições que permita o
uso diferenciado da força e armas de fogo e adoção de material defensivo (Princípio 2); a
circunstância na qual armas de fogo podem ser utilizadas contra pessoas (Princípio 9);
treinamento de policiais (Princípio 20); aconselhamento contra stress para policiais; e
responsabilidade individual de policiais e de seus comandantes (Princípios 24 – 26).

9. Policiais são naturalmente interessados na maneira que a lei é aplicada.


Que medidas e sistemas existem para assegurar o cumprimento das leis
internacionais de direitos humanos?

Em 17 de julho de 1998, a comunidade internacional decidiu, durante uma conferência


diplomática, pela criação de um tribunal permanente – a Corte Penal Internacional –
encarregada de julgar os crimes de guerra, crimes de genocídio, crimes contra a
humanidade e etc.

Os vários mecanismos existentes atualmente para assegurar o cumprimento das leis


internacionais de direitos humanos estão diretamente dirigidas a encorajar os Estados a
criar e sustentar os arranjos legais de modo a implementar suas obrigações legais
internacionais de proteger os direitos humanos. Estados são encorajados a cumprirem sua
própria legislação nacional pelos meios disponíveis em sua administração quando existem
violações de direitos humanos, protegendo compensando as vítimas.

Os mecanismos internacionais são de duas categorias – 1) corpos de princípios e


procedimentos dentro do sistema das Nações Unidas(ONU), e 2) procedimentos baseados
em tratados e procedimentos. No sistema da ONU, o organismo principal é a Comissão de
Direitos Humanos, que é composta de 53 representantes dos Estados-Membros.
A Comissãofaz estudos, prepara recomendações e esboça instrumentos internacionais
relativos a direitos humanos. Também desenvolve ações especiais designadas pela
Assembleia Geral, e pelo Conselho Econômico e Social da ONU. Estas ações incluem a
investigação de alegações de violações de direitos humanos e suas respectivas
comunicações.

Ainda existem procedimentos especiais em relação à ONU. Pode consistir em uma pessoa
“Special Rapporteur” ou pode consistir em um Grupo de Trabalho. Esses procedimentos
especiais são de duas categorias: 1) procedimentos temáticos e, 2)procedimentos
específicos a países.

Os procedimentos temáticos se dirigem a um tipo específico de violações. Por exemplo,


em 1988 a comissão de direitos humanos estabeleceu um Grupo de Trabalho sobre
Desaparecimentos Forçados ou Involuntários com a atribuição de estudar o fenômeno. Foi
indicado um “Special Rapporteur” para execuções extrajudiciais, um para Tortura, um para
Intolerância Religiosa, e um Grupo de Trabalho para Detenção Arbitrária.

Os procedimentos específicos para países tratam das situações de direitos humanos em


um país ou território em particular. Isso significa um grande número de países em todas as
regiões do mundo.

Há ainda várias formas de procedimentos baseados em Tratados. Por exemplo, o Comitê


de Direitos Humanos estabeleceu na Parte IV do Pacto Internacional pelos direitos civis e
políticos, duas funções principais – supervisão e aplicação. Supervisão é conduzida por
meio de relatórios, onde os países ratificadores do Pacto submetem relatórios periódicos
sobre as medidas que adotaram e dão efetividade aos direitos reconhecidos no Tratado e
progresso alcançado na fruição desses direitos. Aplicação envolve comunicação
(denúncias) por indivíduos que alegam terem sofrido violações de direitos protegidos
pelo Pacto, e ainda denúncias de Estados contra outros no que concerne a sua conduta.

Um Comitê contra a Tortura foi estabelecido pela Convenção contra Tortura e outras


penas ou tratamentos cruéis, desumanos e degradantes. Este Comitê recebe constantes
relatórios de Estados ratificadores, examina a informação que aparenta conter indicações
fundamentadas que a Tortura é sistematicamente utilizada naquele Estado.
Cada um dos 03 Tratados Regionais estabeleceram procedimentos que asseguram o
cumprimento de suas provisões. Assim existe uma Comissão Africana sobre Direitos
Humanos e dos Povos; uma Comissão Interamericana de Direitos Humanos e uma Corte
Interamericana de Direitos Humanos, e uma Corte Europeia de Direitos Humanos.

Este são apenas alguns exemplos que existem de mecanismos de aplicação das normas.
Outros ainda existem dentro do sistema das Nações Unidas e estabelecidos por meio de
tratados.

O autor: RALPH CRAWSHAW é ex-policial britânico e agora do Centro de Direitos


Humanos, trabalhando no campo de direitos humanos e trabalho policial.

Do Exercício da Autoridade Policial


O que vem a ser Abuso de Autoridade?

São condutas ilícitas que nascem do mal uso do poder (excesso) que é conferido a
servidores civis ou militares, destacando-se o dolo de praticar perseguições e injustiças.
Consequências: de índole administrativa, civil e penal. (art. 3o, 4o e 6o ) Instrumento de
notícia : Representação – Observe a representação nesse caso não constitui condição de
procedibilidade para a ação penal, que é pública incondicionada, não podendo ser obstada
pela ausência da representação (art. 1o da Lei 5.249/67). Assim, a representação tem
natureza de notícia do fato criminoso. (exercício do direito de petição)

Objetividade Jurídica nos crimes de abuso de autoridade : é o normal funcionamento da


administração e bem como a proteção aos direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente consagrados.

Sujeito Ativo – autoridade (civil ou militar) – art. 5o (sentido amplo). Oobserve que o
particular pode responder pelo crime na forma dos artigos 29 e 30 do cpb.

Sujeito Passivo – estado – sujeito passivo mediato. sujeito passivo imediato é o titular da
garantia constitucional violada.

elemento subjetivo – dolo – consistente no sentimento de capricho, vingança ou


maldade, com o propósito de praticar injustiças ou  perseguições. o que condena é a
tirania, o abuso.

Observação: se age objetivando a defesa social, supondo a ação correta e legítima,


não há abuso por inexistência de dolo.

Consumação e tentativa: consumação com o atentado aos direitos e garantias


fundamentais do cidadão. observe que inexiste tentativa nos crimes do artigo 3o , posto
que crimes de atentado. nos crimes do  artigo 4o admite-se a tentativa.

Solução do conflito abuso de autoridade x lesões corporais: concuso ou conflito


aparente de normas – prevalesce o entendimento que há concurso material de crimes.

Sanções : multa, detenção, perda do cargo (sempre foi considerado como pena principal)
e proibição de trabalhar no município pelo prazo de até 05 anos.
Autor: Gustavo Plech

LEI Nº 4.898, De 9 de Dezembro de 1965.

Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil


e Penal, nos casos de abuso de autoridade.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e


penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são
regulados pela presente lei.

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:

 a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à


autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
 b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar
processo-crime contra a autoridade culpada.

Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato
constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver.

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

 a) à liberdade de locomoção;
 b) à inviolabilidade do domicílio;
 c) ao sigilo da correspondência;
 d) à liberdade de consciência e de crença;
 e) ao livre exercício do culto religioso;
 f) à liberdade de associação;
 g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
 h) ao direito de reunião;
 i) à incolumidade física do indivíduo;
 j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído
pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)

Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:

 a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as


formalidades legais ou com abuso de poder;
 b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento
não autorizado em lei;
 c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção
de qualquer pessoa;
 d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe
seja comunicada;
 e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança,
permitida em lei;
 f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas,
emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio
em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
 g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância
recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra
despesa;
 h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando
praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
 i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir
imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou
função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
remuneração.

Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.

§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido


e consistirá em:

 a) advertência;
 b) repreensão;
 c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta
dias, com perda de vencimentos e vantagens;
 d) destituição de função;
 e) demissão;
 f) demissão, a bem do serviço público.

§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento
de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.

§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código
Penal e consistirá em:

 a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;


 b) detenção por dez dias a seis meses;
 c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos.

§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou


cumulativamente.

§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de
qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o
acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo
de um a cinco anos.

art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção


administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de
inquérito para apurar o fato.

§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais,


estaduais ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.

§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação militar normas reguladoras do


inquérito administrativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a
225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
da União).

§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a


decisão da ação penal ou civil.

Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.

Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou


independentemente dela, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade
civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada.

Art. 10. Vetado

Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo Civil.

Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação
por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.

Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de


quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de
autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de
instrução e julgamento.

§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o
ofendido ou o acusado poderá:

a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas


qualificadas;

b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e


julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos
verbalmente, ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e
julgamento.

§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de


mais duas testemunhas.

Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia requerer o


arquivamento da representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a
denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no
arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.

Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei,
será admitida ação privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo,
interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação
como parte principal.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá
despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.

§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora
para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente.
dentro de cinco dias.

§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à
audiência de instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será
acompanhado da segunda via da representação e da denúncia.

Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentada em juízo,


independentemente de intimação.

Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiência ou a


intimação de testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
motivado, considere indispensáveis tais providências.

Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos auditórios ou o oficial de
justiça declare aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
perito, o representante do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e
o advogado ou defensor do réu.

Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o Juiz.

Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não houver comparecido, os
presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se contrariamente não
dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.

Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver
presente.

Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará
imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.

Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra


sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao
advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por
mais dez (10), a critério do Juiz.

Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença.

Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, ditado pelo Juiz, termo
que conterá, em resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os
requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.

Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado


que houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.

Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não permitirem a
observância dos prazos fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre
motivadamente, até o dobro.

Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de Processo Penal,
sempre que compatíveis com o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.

Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos e apelações


previstas no Código de Processo Penal.

Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º da República.

Estrutura e Composição da Polícia Militar


Aplica-se à outros estados apenas mudando a denominação PMPB.

 Comandante-Geral
 Subcomandante-Geral e Chefe do EMG
 5ª Seção do EMG
 Corregedoria PMPB
 1º Batalhão de Polícia Militar
 2º Batalhão de Polícia Militar
 3º Batalhão de Polícia Militar
 4º Batalhão de Polícia Militar
 5º Batalhão de Polícia Militar
 6º Batalhão de Polícia Militar
 Centro de Ensino e Diretoria de Ensino
 Diretoria de Finanças
 Diretoria de Pessoal
 Diretoria de Apoio Logístico
 Diretoria de Saúde
 Entidades de Classe da PMPB
 Caixa Beneficente de Oficiais e Praças
 Clube dos Oficiais
 Clube dos Subtenentes e Sargentos
 Associação dos Cabos e Soldados
 Associação dos Inativos

Excludentes de Criminalidade
Conceito de ilicitude

Ilicitude e antijuridicidade são palavras sinônimas, que expressam uma relação de


contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico.

Predomina a concepção de que a tipicidade serve como indício da antijuridicidade. Sendo


típico o fato, é regra seja também ilícito. As exceções seriam os fatos acobertados por
alguma excludente de antijuridicidade.

O art. 23 cuida das causas de exclusão da ilicitude:

 estado de necessidade;
 legítima defesa;
 estrito cumprimento do dever legal;
 exercício regular de direito.

Estado de Necessidade

Para o Código, em seu art. 24, age em estado de necessidade “quem pratica o fato para
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheiro, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se”.

O estado de necessidade possui os seguintes requisitos:

 Perigo atual não provocado pela vontade do agente.


 Bem jurídico do agente ou de terceiro ameaçado.
 Inexegibilidade de sacrifício do bem jurídico ameaçado (o bem jurídico ameaçado
é de valor igual ou superior ao bem jurídico a ser sacrificado).
 Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
 Conhecimento da situação de perigo (elemento subjetivo da excludente).
Uma dúvida surge quanto à provocação do resultado. Enquanto Damásio de Jesus afirmar
que, pelo fato de o termo “vontade” referir-se unicamente ao resultado produzido
dolosamente, boa parte dos autores entende que o comportamento culposo, por ser
tecnicamente voluntário, caso provoque o perigo, não isentaria o agente da ilicitude do seu
ato.

O requisito da inexegibilidade do sacrifício do bem jurídico ameaçado refere-se à


ponderação entre os bens jurídicos em jogo. Não se permite o sacrifício de um bem mais
valioso em favor de outro, embora se tolere, de acordo com as circunstâncias, um certo
desnível. Difícil, entretanto, seria permitir o sacrifício de uma vida em benefício de um bem
patriomonial.

São exemplos de estado de necessidade:

 as lesões corporais causadas por uma pessoa em outra fugindo de um incêndio;


 o atropelamento de um pedestre quando o motorista está sendo perseguido por
assaltantes;
 a atitude dos passageiros do avião que caiu nos Andes, alimentando-se dos
restos mortais das vítimas do desastre;
 e o clássico exemplo dos dois náufragos que lutam para ficar sobre a tábua
boiando.

No caso último, vemos que ambas as condutas são lícitas. O ordenamento jurídico, sendo
idêntico ou similar o valor atribuído a cada bem jurídico, não toma partido, e espera o fim
da contenda, sem que considere criminoso o comportamento de quem salva o seu direito.

Legítima Defesa

Diz o art. 25 do CP: “Encontra-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem”.São, portanto, seus requisitos:

 agressão injusta, que esteja em curso ou na iminência de ocorrer;


 a repulsa, utilizando-se os meios necessários;
 a moderação no uso dos meios de defesa;
 o conhecimento da agressão e a consciência de sua atualidade ou iminência e
de seu caráter injusto (elemento subjetivo).

A agressão não precisa ser criminosa. O termo “injusta” indica contrariedade com o
ordenamento jurídico. Mas terá de ser atual ou iminente. Se passada, ou remota, a atitude
será considerada criminosa.

Ao contrário do estado-de-necessidade, não se comparam os bens jurídicos confrontados,


mas não pode haver grande desproporcionalidade. Atenta-se para os meios empregados
na defesa: devem ser os estritamente necessários, e usados com moderação. O parágrafo
único do art. 23 diz que o agente responderá pelo excesso, doloso ou culposo.

A legítima defesa classifica-se em:


 Própria: quando a pessoa que se defende é o titular do bem jurídico ameaçado.
 De terceiro: quando o bem jurídico pertence a outrem.
 Real: quando não há erro sobre a situação de fato.
 Putativa: quando o agente pensa estar em legítima defesa, por erro de tipo (art.
20, §1º, ou erro de proibição, art. 21, todos do CP).
 Sucessiva: quando o agente, inicialmente agredido, exagera na repulsa; neste
caso, o primeiro agressor estará em legítima defesa, se reagir contra o excesso.
 Subjetiva: quando o agente inicia a defesa mas, mesmo cessada a agressão,
ainda a considera presente, persistindo no uso dos meios de repulsa. Haverá
excesso, mas este será culposo, ou mesmo não haverá culpa, se o agente não
tinha como saber que a conduta agressiva havia terminado.

A provocação por parte do agredido não lhe tira o direito de defender-se, salvo quando a
provocação, em si, é considerada uma agressão, ou quando ele, adredemente, planejou a
situação, de modo a forjar uma situação de legítima defesa para mascarar sua ação
criminosa.

Estrito cumprimento do dever legal

O Código não conceitua o estrito cumprimento do dever legal, mas a doutrina o entende
como a obediência à norma legal escrita, que impõe ao indivíduo uma obrigação de
praticar uma conduta típica. Embora se enquadre nos elementos do tipo penal, a conduta
não se confrontaria com o ordenamento jurídico, já que dele partiria a obrigação.

Encontra-se em estrito cumprimento do dever legal, por exemplo, o policial que prende em
flagrante o autor de um crime, ou o inferior hierárquico que obedece a uma ordem legal de
seu superior.

O exercício do dever há de ser estrito, ou seja, extrapolando das obrigações que lhe são
cometidas, o agente responderá pelo excesso.

Exercício regular de direito

O exercício regular de direito pressupõe uma faculdade de agir atribuída pelo ordenamento
jurídico (lato sensu) a alguma pessoa, pelo que a prática de uma ação típica não
configuraria um ilícito.

Mirabete cita como exemplos de exercício regular de direito:

 a correção dos filhos por seus pais;


 prisão em flagrante por particular;
 penhor forçado (art. 779 do CP);
 no expulsar, na defesa em esbulho possessório recente.

Em qualquer caso, não se pode ultrapassar os limites que a ordem jurídica impõe ao
exercício do direito. Caso os pais, a pretexto de corrigir os filhos, incorram em maus-tratos,
responderão pelo crime.
Ofendículos: a predisposição de aparatos defensivos da propriedade (cacos de vidro no
muro, cercas de arame farpado, maçanetas eletrificadas etc.), embora sejam
consideradas, por parte da doutrina, como legítima defesa, são, na verdade, exercício
regular de um direito, pois faltaria o elemento subjetivo da defesa à agressão.

Também se consideram exercício regular de direito as lesões ocorridas na prática de


esportes violentos, desde que toleráveis e dentro das regras do esporte. As intervenções
médicas e cirúrgicas, havendo consentimento do paciente, seriam exercício de direito;
inexistindo, poderia haver estado-de-necessidade (Mirabete).

O policial militar operador do Direito


Observamos que alguns expositores ao mencionarem o conjunto dos profissionais
chamados "operadores do direito", em manifestação oral ou escrita no meio acadêmico,
relacionam nesse grupo os juízes, promotores, advogados, delegados de polícia e até
mesmo estudantes de direito, não fazendo referência, porém, à figura do policial militar.
Desconsideram o fato de que o policial militar, em qualquer nível hierárquico, opera
constantemente o direito no desempenho de sua atividade profissional ímpar, cuja
principal ferramenta de trabalho é exatamente a interpretação das normas legais,
objetivando alcançar o fiel cumprimento da lei e o "fazer cumprir a lei" em defesa da
sociedade, para a preservação da ordem pública.

Não se trata de reivindicar qualquer mérito, mas, sim, de destacar a importância da


informação - e da formação - jurídica na atividade policial-militar e o reconhecimento da
efetiva operação do direito que se processa na relação direta com a população, em tempo
real, fora dos cartórios dos fóruns, das salas de audiência e longe dos gabinetes dos
estudiosos do direito, das salas de aula e mesmo das sedes dos distritos policiais.
Referimo-nos à aplicação prática do direito que se processa na ação do policial militar em
contato pessoal e permanente com o cidadão, destinatário de todo o esforço do Estado no
objetivo maior de alcançar a paz social. Vamos refletir sobre isso.

Missão constitucional e o exercício da autoridade policial

O policial militar trabalha com segurança quando possui conhecimento da lei em nível
adequado ao desempenho da sua função, em patamar acima da média do cidadão
comum, com especialização em atividades de segurança pública. E ele deve ser
preparado para esse plano de atuação. Necessário, primeiramente, conhecer a
competência da Instituição da qual é parte integrante, para exercer a autoridade policial
inerente à sua condição, agindo em nome do Estado e no limite de suas atribuições,
capacitando-se a tomar decisões que se reconheçam corretas porque razoáveis e
cobertas pelo manto da legalidade e da moralidade administrativa.

Tal como os demais operadores do direito, deve ser capaz de organizar-se mentalmente,
formulando um raciocínio jurídico sobre o fato concreto. E deve decidir com amparo na
fundamentação legal que dê legitimidade à sua ação, eis que, via de regra, o policial atua
na sensível faixa da limitação das liberdades individuais, no exercício do denominado
poder de polícia, condição que o distingue.
Sobre esse diferencial de sua função, faz-se oportuno destacar o ensinamento sempre
atual de Álvaro Lazzarini: "A Polícia é a realidade do Poder de Polícia, é a concretização
material deste, isto é, representa em ato a este. O Poder de Polícia legitima a ação e a
própria existência da Polícia. Ele é que fundamenta o poder da polícia. O Poder de Polícia
é um conjunto de atribuições da Administração Pública, indelegáveis aos particulares,
tendentes ao controle dos direitos e liberdades das pessoas, naturais ou jurídicas, a ser
inspirado nos ideais do bem comum, e incidentes não só sobre elas, como também em
seus bens e atividades"1.

O policial militar não pode simplesmente tratar o poder de polícia como algo etéreo,
construído pela doutrina ou aceito como legítimo em razão de que ninguém questionou
sua decisão diante de um caso prático... É obrigação do profissional de polícia conhecer a
natureza jurídica dessa sua autoridade exteriorizada nas mais variadas situações,
normalmente diante de conflitos sociais ou manifesta no contexto da prevenção, quase
sempre caracterizada pela adoção de medidas cogentes. Certo que na esfera da
segurança pública, é a Polícia Militar a detentora principal do conjunto de atribuições da
Administração Pública chamado poder de polícia.

Pois bem, partindo do texto da Constituição Federal, particularmente do art. 144,


posiciona-se o policial militar em relação à competência dos outros órgãos policiais e
identifica a sua própria, na complexa dimensão do exercício da "polícia ostensiva" e da
"preservação da ordem pública". E, diante da diversidade de suas missões, ao buscar a
regulamentação de matéria específica nas leis infraconstitucionais, observada a hierarquia
das normas, obtém os subsídios necessários para qualquer tomada de posição.

Os três aspectos da ordem pública: segurança, tranquilidade e salubridade, reconhecidos


em inúmeras produções acadêmicas desenvolvidas sobre o tema, expandem a dinâmica
da atuação policial-militar muito além da realização do notório policiamento ostensivo que
previne a prática de infração penal. Atua o profissional também em situações marcadas
pela prática de ato que não constitui delito, mas que é considerado ilícito em razão de
desrespeito a regra na órbita do direito civil ou na esfera administrativa, como por exemplo,
em ocorrência que envolve prática de infração de trânsito, infração ambiental, questão de
relações de vizinhança e muitas outras, sempre com previsão no ordenamento jurídico,
posto que, conforme o art. 5º, inciso II, ainda da Constituição Federal: "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".

Enquanto ao cidadão comum é permitido movimentar-se no vazio deixado pela lei, ou seja,
ele pode fazer em regra tudo o que não lhe seja vedado em mandamento legal, de outro
lado, os integrantes da Administração Pública devem fazer apenas o que a lei permite, em
face da observância aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e, ainda, eficiência, nos termos do artigo 37, também da Carta Magna. O raciocínio aplica-
se não somente ao exercício da atividade fim, mas também à gestão dos recursos
necessários, no âmbito das atividades de suporte essenciais à realização da "polícia
ostensiva" e da "preservação da ordem pública", característicos da Administração Militar
Estadual. Nesse contexto, o gestor da coisa pública, no exercício de suas atribuições, é
autoridade administrativa, com poderes, deveres e responsabilidades próprios.

O mesmo artigo 37 da Constituição Federal, em seu parágrafo 6º, prevê a


responsabilidade objetiva da Administração Pública e a ação regressiva contra o agente
público causador do dano: "As pessoas jurídicas de direito público e de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa".

Verifica-se, portanto, que além das responsabilidades comuns a qualquer cidadão o


policial militar está sujeito a outras. Conforme visto, está sujeito à eventual obrigação de
indenização em razão de ação regressiva, por danos causados a terceiros na condição de
agente público; a responsabilização no campo disciplinar, mediante aplicação de rigoroso
regulamento de conduta que estabelece como sanção inclusive a privação de liberdade e,
ainda, à jurisdição penal especial, na esfera da Justiça Castrense, em razão de sua
qualidade de militar. Eis o peso da responsabilidade do exercício da função e da
autoridade policial-militar a exigir, como contrapartida, uma boa preparação, especialmente
na área dos conhecimentos jurídicos essenciais ao desempenho de tão relevantes e
complexas atribuições.

Discricionariedade do ato de polícia

O aprofundamento no estudo da missão institucional e do exercício da autoridade policial,


leva o profissional de Polícia Militar a conhecer a análise doutrinária sobre as
características do ato de polícia. Conforme lição de Hely Lopes Meirelles 2, o ato de polícia
tem três atributos básicos: discricionariedade, auto-executoriedade e coercibilidade, ou
seja, é caracterizado pela livre escolha da oportunidade e da conveniência do exercício do
poder de polícia, além dos meios - lícitos - necessários para a sua consecução, pela
execução direta e imediata da decisão, sem intervenção do Poder Judiciário, exceto os
casos em que a lei exige ordem judicial, bem como, pela imposição das medidas
adotadas, de modo coativo.

Exatamente como um contraponto à liberdade do cidadão comum, que pode movimentar-


se no vazio deixado pela lei, a discricionariedade possibilita ao policial militar um nível de
escolha de oportunidade essencial ao êxito do trabalho de quem pode estar no lugar certo
e no momento certo para agir. Celso Antônio Bandeira de Mello define discricionariedade
como sendo "a margem de ‘liberdade’ que remanesça ao administrador para eleger,
segundo critérios consistentes de razoabilidade, um, dentre pelo menos dois
comportamentos, cabíveis perante cada caso concreto, a fim de cumprir o dever de adotar
a solução mais adequada à satisfação da finalidade legal, quando, por força da fluidez das
expressões da lei ou da liberdade conferida no mandamento, dela não se possa extrair
objetivamente uma solução unívoca para a situação vertente"  3.

Significa dizer que o ato de polícia encontra seus limites também no mandamento legal.
Os fins, a competência do agente, o procedimento (sua forma) e também os motivos e o
objeto são limites impostos ao ato de polícia, ainda que a Administração disponha de certa
margem de discricionariedade no seu exercício, conforme adverte Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, em elucidativa exposição:

"Quanto aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido para atender o interesse público.
Se o seu fundamento é precisamente o princípio da predominância do direito público sobre
o particular, o exercício desse poder perderá a sua justificativa quando utilizado para
beneficiar ou prejudicar pessoas determinadas; a autoridade que se afastar da finalidade
pública incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com todas as
consequências nas esferas civil, penal e administrativa. A competência e o procedimento
devem observar as normas legais pertinentes. Quanto ao objeto, ou seja, quanto ao meio
de ação, a autoridade sofre limitações, mesmo quando a lei lhe dê várias alternativas
possíveis. Tem aqui aplicação um princípio de direito administrativo, a saber, o da
proporcionalidade dos meios aos fins; isto equivale a dizer que o poder de polícia não deve
ir além do necessário para a satisfação do interesse público que visa proteger; a sua
finalidade não é destruir os direitos individuais, mas, ao contrário, assegurar o seu
exercício, condicionando-o ao bem-estar social; só poderá reduzi-los quando em conflito
com interesses maiores da coletividade e na medida estritamente necessária à
consecução dos fins estatais"4.

Para não incidir em prática de ato arbitrário, que consiste em posicionamento antagônico à
prática de ato discricionário, o policial militar deve ter a noção exata dos contornos legais
da discricionariedade. Ora, não existe outra forma senão estudar as leis, conhecer a
doutrina e, ainda, tomar contato com a jurisprudência, como faz um bom operador do
direito. Por outro lado, não se pretende que o policial militar transporte na viatura todos os
códigos e manuais disponíveis, ou que dele seja exigido o bacharelado em Ciências
Jurídicas; importante, sim, que ele receba uma boa formação técnico-jurídica para que se
sinta preparado e, por consequência, encontre-se seguro ao tomar decisões, sob o peso
da responsabilidade de quem representa o próprio Estado e, nessa condição, é o primeiro
normalmente a tomar contato com situação de conflito, adotando providências imediatas -
e imprescindíveis - para o restabelecimento da ordem.

Formação jurídica do policial militar

Não se despreza a importância da prática policial-militar, da cultura adquirida pela


experiência cotidiana do policiamento ostensivo, uniformizado, que nenhuma outra
instituição civil ou militar possui. E esta deve ser cultivada e perpetuada, como vem sendo
feito, na forma de padronização de procedimentos operacionais. Mas, um policial militar
em atuação, que não possua o mínimo necessário do conhecimento jurídico preconizado
nos cursos de formação da Polícia Militar, será comparável a um músico tocando em uma
orquestra sem saber ler partitura, ou com um instrumento desafinado: por maior que seja
sua intimidade com o instrumento musical, não poderá convencer a todos os ouvintes,
menos ainda aos outros músicos. Simbolicamente, essa orquestra corresponde ao
Sistema Criminal e os diferentes naipes de instrumentos correspondem aos órgãos com
participação no ciclo da persecução penal; por isso, somente haverá harmonia se cada
grupo executar corretamente a parte que lhe cabe.

A formação jurídica do policial militar vem sendo prestigiada nos diversos cursos de
formação e de aperfeiçoamento da Polícia Militar. Praticamente metade da carga horário
dos cursos no âmbito da Instituição é composta por matérias voltadas à Ciência do Direito,
com ênfase na sua aplicação durante a atividade policial.

A afinidade com tais matérias e o reconhecimento de sua importância faz com que
diversos policiais militares, destacadamente os oficiais, busquem o aperfeiçoamento
pessoal concluindo o bacharelado em Direito, vez que as Faculdades aproveitam as
matérias ministradas na Academia de Polícia Militar do Barro Branco e vários concluem,
ainda, cursos de pós-graduação. Mesmo sem um levantamento completo sobre essa
formação acadêmica de iniciativa individual, é possível afirmar que bem mais da metade
dos Oficiais da Polícia Militar possui bacharelado em Ciências Jurídicas e vários são,
inclusive, pós-graduados.

Sobre a importância do estudo do direito para a atuação profissional, também é importante


frisar que cada Unidade conta com um Oficial Chefe de Seção de Justiça e Disciplina,
junto a uma equipe de praças, que é responsável pelo andamento dos procedimentos
administrativos apuratórios, disciplinares e de polícia judiciária militar na respectiva área de
circunscrição, ou de competência própria em razão do comando local, mantendo constante
contato com outros operadores do direito na esfera administrativa ou penal militar. Toda
essa estrutura, aliada a uma Corregedoria bem organizada, foi fortalecida com a
implantação, na década de 90, dos Plantões de Polícia Judiciária Militar (PPJM), com
funcionamento nos Comandos regionais, fora do horário de expediente, hoje
implementados em todo o Estado de São Paulo, com excelentes resultados.

Além de participar direta, ou indiretamente, desse verdadeiro sistema de Justiça e


Disciplina, na condição de encarregado de Investigações Preliminares e Sindicâncias, de
Inquéritos Policiais Militares e eventuais Autos de Prisão em Flagrante Delito de crime
militar e Processos de Deserção, de Processos Disciplinares - inclusive integrando
Conselhos de Disciplina ou de Justificação para possível ato de demissão ou expulsão -, o
Oficial da Polícia Militar concorre periodicamente, mediante sorteio, à atuação nos
Conselhos das Auditorias da Justiça Militar Estadual, para funcionar como juiz integrante
desses órgãos colegiados de julgamento de crimes militares, sob o regimento próprio da
Justiça Castrense.

Em tempo, particularmente nas atividades especializadas, a exemplo do policiamento


ambiental e do policiamento rodoviário, cresce ainda mais a exigência de conhecimento
técnico específico, demandando cursos de especialização a que se submetem os policiais
militares que atuam nessas áreas, o que aumenta o contato com as Ciências Jurídicas,
mediante estudo dirigido à sua aplicação em determinada modalidade de fiscalização.
Expande-se, por consequência, a interface com grupos de atuação especializada de
outros órgãos públicos, também operadores do direito, envolvidos na mesma temática.

Polícia Militar
São denominadas polícias militares no Brasil as forças de segurança pública das
unidades federativas que têm por função primordial a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública nos Estados brasileiros e no Distrito Federal (artigo 144 da Constituição
Federal de 1988). Subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 144 § 6º da Constituição Federal de
1988). São forças auxiliares e reserva do Exército Brasileiro e integram o Sistema de
Segurança Pública e Defesa Social brasileiro. Seus integrantes são denominados militares
dos Estados (artigo 42 da CRFB), assim como os membros dos corpos de bombeiros
militares. Cada Polícia Militar é comandada por um oficial superior do posto de coronel e
é denominadoComandante-Geral.
Histórico

As Polícias MILITARES brasileiras têm sua origem nas Forças Policiais criadas durante o
período em que o Brasil era Imperio e que foram extintas na chamada Revolução de 64,
objetivando estabelecer rígido controle sobre as corporações policiais armadas,o governo
militar extinguiu as Guardas Civis e regulamentou as normas fiscalizadoras do Exército
sobre as Polícias Militares, inclusive, nomeando oficiais do Exército para comandá-las em
todos os Estados. A Corporação mais antiga é a do Estado do Rio de Janeiro, com origens
na Guarda Municipal, criada no reinado de D. Pedro I. Guarda Real de Polícia criada em
1809 por Dom João VI, Rei de Portugal. Na época D. João havia transferido sua corte de
Lisboa para a cidade do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em virtude das Guerras
Napoleônicas que assolavam na Europa.

A força militar de patrulhamento, genuinamente brasileira e mais antiga, é a do Estado de


Minas Gerais, tendo em vista que foi organizada em 1775, de modo regular e, até hoje,
ininterrupto, constituída originalmente como Regimento Regular de Cavalaria de Minas,
criado na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, pago pelos cofres públicos e responsável
pela manutenção da ordem pública ameaçada pela descoberta das riquezas naquele
Estado.

Desde a sua criação, as polícias militares encontram-se organizadas em postos (relativos


aos oficiais) e graduações (relativas às praças), à semelhança do Exército Brasileiro.
Segundo a Constituição Federal de 1988, as polícias militares, por força legal, são forças
auxiliares e reservas para a defesa interna do território brasileiro.

Estrutura

Nas polícias militares, o maior posto é o de Coronel seguido do de Tenente-Coronel e


Major, Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente, seguida da graduação das praças-especiais -
Aspirante-a-Oficial - e das praças - Subtenente, 1º Sargento, 2º Sargento, 3º Sargento,
Cabo e Soldado.

Os alunos das academias de polícia militar, responsáveis pela formação de oficiais, são
denominados Alunos-Oficiais ou então Cadetes. Os alunos dos cursos de formação de
praças recebem a denominação de Aluno-Soldado, Soldado de 2ª Classe ou Soldado de
Classe C.

O Comandante-Geral é escolhido pelo Governador do Estado ou do Distrito Federal,


dentre os oficiais do posto de Coronel. No entanto, os nomes e o número de patentes
podem variar entre Estados. As polícias militares em alguns Estados foram criadas em
1831 depois de ato do regente padre Diogo Feijó, sendo que a partir da Constituição
Federal de 1946 (Constituição que redemocratizou o país apóa a Ditadura de Vargas) as
Corporações dos Estados passaram a ser denominadas 'Polícia Militar', congregando
todas as instituições estaduais que faziam policiamento ostensivo, com exceção do Estado
do Rio Grande do Sul que manteve o nome de Brigada Militar em sua força policial.

Atualmente, a maior Corporação Policial Militar é a Polícia Militar do Estado de São Paulo
que conta com cento e trinta mil integrantes depois o Corpo de Bombeiros Militar de São
Paulo é subordinado a PMESP, seguida da Polícia Militar de Minas Gerais, tendo logo
após a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, esta última com cerca de trinta e oito
mil integrantes.

Áreas de Atuação

Eis algumas modalidades de policiamento exercidas pelas polícias militares:

 motorizado;
 montado (à cavalo, búfalo, etc);
 com cães;
 de trânsito;
 rodoviário;
 ferroviário;
 de choque;
 ambiental;
 aéreo;
 de bicicleta;
 ostensivo a pé
 lacustre,
 marítimo e outros.
 motocicletas

Habitantes por Policial Militar

A análise da Razão entre População Residente e Número de policiais militares por


Unidade da Federação mostra que, em 2003, a proporção no número de habitantes por
policial militar é bastante variada entre as Unidades da Federação. Os Estados de
Roraima, do Amapá, do Acre, de Rondônia, do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro,
mais o Distrito Federal, são os locais que apresentam uma menor proporção de população
por Policial Militar. Neste sentido, destaca-se o Distrito Federal, onde, para cada policial
militar, há 137 habitantes. No caso de São Paulo, Bahia e Rondônia, é importante
ressaltar-se que a Polícia Militar deste Estado agrega também os oficiais bombeiros.

No extremo oposto, as Unidades da Federação que aparecem como as que concentram


um maior número populacional por policial militar são o Pará, o Maranhão, o Piauí, o
Ceará, o Mato Grosso do Sul, o Paraná e o Rio Grande do Sul. O Maranhão é o Estado
onde apresenta-se a maior desproporção, sendo 822 habitantes para cada policial militar.
fonte: SENASP

A ideia da Guarda Nacional

Segundo alguns, sob aspectos de eficiência, eficácia e efetividade, as atuais Polícias


Militares poderiam ser repensadas. Poderiam ser agrupadas em uma instituição maior e
mais abrangente, dentro da concepção de uma Guarda Nacional, a exemplo das Guardas
Nacionais do Chile, Espanha, Alemanha, Portugal, Argentina, Colômbia.

A necessidade residiria no fato de que suas ações são desenvolvidas apenas localmente,
ou, no máximo, regionalmente, havendo uma perda do sentido de segurança em caráter
nacional, uma vez que os crimes, doravante praticados em uma área, direta ou
indiretamente, têm ligações com organizações ou facções de outros estados (em redes
intercorrelacionadas nacionalmente, ou até mesmo transnacionalmente).

Havendo somente um "pensar local", deixa de haver um "pensar nacional", com


consequentes perdas informativas e de gerenciamento de missões, apesar da existência
do Serviço Nacional de Informações, coordenado pela ABIN.

Embora a Guarda Nacional não seja uma ideia simpática a muitas Polícias Militares, a
atual Força Nacional, formada por integrantes das Polícias Militares e dos Corpos de
Bombeiros Militares, pode estar caminhando no sentido da formação dessa nova
instituição, que, à despeito da vontade de alguns, poderá ser, eventualmente, convertida
em uma Guarda Nacional. Tal conversão não aconteceria por um capricho político, mas,
por um imperativo da sociedade na demanda por segurança, em razão de que as Polícias
Militares muito deixam a dever, apesar dos bons serviços prestados.

1.6 - Postos e graduações

A hierarquia comum das Polícias e Corpos de Bombeiro Militares estaduais segue como
especificado abaixo:
Polícia Militar da Paraíba (PMPB)
A Polícia Militar do Estado da Paraíba(PMPB) tem por função primordial o policiamento
ostensivo e a preservação da ordem pública do Estado da Paraíba.
É forças auxiliar e reserva do Exército Brasileiro e integra o Sistema de Segurança Pública
e Defesa Social brasileiro
Seus integrantes são denominados militares dos Estados (artigo 42 da CRFB), assim
como os membros dos corpos de bombeiros militares.

As Origens

Criada ainda no tempo do Império, a Polícia Militar é, atualmente, o mais antigo órgão
público em atividade no Estado da Paraíba. Para que se possa avaliar a importância dessa
instituição no contexto histórico estadual e nacional, vamos apresentar uma síntese.

A Guarda Municipal Permanente no Brasil

Durante o Governo de D. Pedro I, os Presidentes das Províncias não dispunham de um


organismo capaz de auxiliá-los na manutenção da ordem pública. As organizações
militares existentes nas Províncias, em caráter permanente, eram as Tropas de Linhas,
subordinadas diretamente ao Ministro da Guerra. Em 1830, em consequência da
abdicação de D. Pedro I e da menoridade de D. Pedro II, o Império passou a ser dirigido
por Regentes, que, na concepção popular, não gozavam de legitimidade para governar.

Por esse motivo, teve início, em todo país, uma série de movimentos revolucionários,
como a Balaiada, (Maranhão) a Sabinada, (Bahia) e a Guerra dos Farrapos (Rio Grande
do Sul), entre outros. Além de representar perigo para a manutenção do Império e para a
integridade territorial brasileira, esses movimentos também comprometiam a ordem
pública, o que ocorria com mais intensidade no Rio do Janeiro, Capital do Império. Por
conta dessa situação, o Ministro da Justiça, Padre Antônio Diogo Feijó, propôs à Regência
que fosse criado, no Rio de Janeiro, um Corpo de Guardas Municipais Permanentes,
destinado a manter a ordem pública naquela Província. A proposta de Feijó foi acolhida, e
no dia 10 de outubro de 1831, através de Decreto Regencial, foi criado o Corpo de
Guardas Municipais Permanentes do Rio de Janeiro. No mesmo documento, os
respectivos Presidentes das demais Províncias foram autorizados a também criarem suas
Guardas.

A Guarda Municipal Permanente da Paraíba

A Paraíba não teve condições ou interesse de criar sua


Guarda de imediato. No ano seguinte, assumiu a Presidência da Paraíba o Padre Galdino
da Costa Vilar, que sentindo a premente necessidade de manutenção da ordem pública,
de imediato tratou de criar um órgão com esse fim. Como nessa época as Províncias não
tinham autonomia, por não ter em Assembleia Legislativa, a criação da Guarda Municipal
foi discutida no Conselho Provincial, que tinha suas decisões formalizadas através da
Consignação de Resoluções nos livros de atas. Dessa forma, o Corpo de Guardas
Municipais Permanentes da Paraíba foi criada no dia 3 de fevereiro de 1832. Sob o
Comando de Francisco Xavier de Albuquerque, que foi nomeado Capitão pelo Presidente
da Província, e com um efetivo de 50 homens, sendo 15 a Cavalo e 35 a pé, a nova
organização foi efetivamente posta em funcionamento no dia 23 de outubro de 1832. O
primeiro Quartel ocupado foi o prédio onde antes funcionava um convento e hoje está
instalado o Palácio do Arcebispado, na Praça Dom Adauto, no centro da capital paraibana.
Suas primeiras missões foram a Guarda da Cadeia e a execução de Rondas no centro da
cidade.

A Polícia Militar

Em 1834, com o advento de uma emenda à Constituição do Império, as Províncias


ganharam autonomia, sendo criado o poder Legislativo Provincial. Na primeira reunião da
Assembleia Legislativa da Província da Cel PM Elísio Sobreira, patrono da PMPB Paraíba,
no dia 2 de junho de 1835, através da Lei nº 09, o Corpo de Guardas Municipais
Permanentes recebeu a denominação de Força Policial. Essa mesma lei ampliava o
efetivo da Corporação e destinava fração de tropa para compor os primeiros
Destacamentos do interior da Província, que foram Areia e Pombal. Assim denominada, a
Corporação permaneceu até 1892, quando passou a denominar-se de Corpo Policial. Ao
longo da sua história a Corporação foi denominada ainda de Corpo de Segurança,
Batalhão de Segurança, Batalhão Policial, Regimento Policial, Força Policial, por três
vezes, e Força Pública duas vezes. Finalmente, em 1947, por força de dispositivo
Constitucional, a Corporação recebeu a denominação de Polícia Militar da Paraíba.

As Lutas no Período Colonial

Ao longo dos seus atuais 170 anos de existência, a Polícia Militar da Paraíba, teve
marcante participação nos mais importantes momentos históricos do Brasil e da Paraíba.
Foram situações em que a Corporação foi empregada para ações típicas de tropa de
Exército. Uma parte desses acontecimentos foi registrada durante o período Imperial.
Vejamos os mais importantes.

Combate à Revolução Praieira

Em janeiro de 1849 ocorreu em Recife um movimento armado que ficou conhecido como a
Revolução Praieira, e que objetivava depor o Presidente daquela Província. Em maio do
ano anterior, quando o movimento ainda estava se organizando, um grupo de rebeldes,
baseados em Goiana/PE, tencionava invadir a Vila de Pedra de Fogo, na Paraíba.
Informado dessa ameaça, o Dr. João Antônio, Presidente da Paraíba enviou para aquela
localidade um efetivo de 40 Homens da Força Policial, comandados pelo Capitão Genuíno
Antônio Athayde de Albuquerque e um contingente da Guarda Nacional, além de Tropas
de Primeira Linha, que era a denominação do Exército na época. Todos os deslocamentos
de tropa nessa época, eram feitos a pé. Depois de mais de seis meses de espera, a
invasão ocorreu no dia 13 de dezembro, quando se deu uma violenta luta, com registros
de mortes e feridos, saindo a tropa legalista derrotada. Foi a batismo de fogo da Força
Policial. No ano seguinte, os revolucionários, depois de derrotados em Recife, invadiram a
Paraíba, se alojando em Areia, de onde foram expulsos por Tropas de Primeira Linha.
O Ronco da Abelha

Em 1850, o Brasil passou a adotar o registro de nascimento e de óbito, através da lei 586
de 6 de setembro daquele ano. A população interiorana não foi bem informada dessas
exigências e passou a interpretar que o governo estava levantando dados para escravizar
o povo. Por conta disso, no interior da Paraíba, ocorreu em 1852, começando pela Vila de
Ingá, uma revolta que ficou conhecida como O Ronco da Abelha. Centenas de pessoas
invadiam os cartórios, queimavam todos os papéis, quebravam os móveis e ameaçavam
os moradores. A revolta se espalhou por várias outras Vilas no brejo paraibano. Todo
efetivo da Força Policial sediado na Capital foi deslocado para o interior a fim de serenar
os ânimos. Depois de cerca de três meses de intensa atividade, a Força Policial pacificou
o movimento.

A Guerra do Paraguai

Outro acontecimento histórico de grande repercussão nacional que a Força Policial da


Paraíba participou foi a Guerra do Paraguai. Depois de declarada a guerra, o Império
convocou toda a Tropas de Primeira Linha existentes nas Províncias. Da Paraíba seguiram
também para o Rio de Janeiro, onde se incorporaram às forças imperiais, contingentes da
Guarda Nacional e Corpos de Voluntários. Todo efetivo da Força Policial, totalizando 210
homens, sob o Comando do Maj José Vicente Monteiro da Franca, embarcou para a
Capital do Império, no dia 23 de junho de 1865, saindo de Cabedelo no Vapor Paraná.
Enquanto aguardava o embarque, a Força Policial ficou aquartelada na Fortaleza da Santa
Catarina. Faziam parte do efetivo da Força Policial, os Capitães José Francisco de Atayde
Melo, Frederico do Carmo Cabral e José Silva Neves, além dos Tenentes Francisco
Gomes Monteiro , Pedro César Paes Barreto e Joaquim Ferreira Soares. Depois das
batalhas, o Capitão Frederico foi condecorado com medalha de honra, o que revela que o
contingente da Força Policial teve papel destacado na guerra, de onde só retornou após
sua conclusão. Para substituir a Força Policial durante esse período foi criada uma Força
Policial Provisória, que foi extinta em 1870, quando a tropa retornou do Paraguai.

A Revolta do Quebra-Quilo

Em 1874, a Força Policial da Paraíba teve outra importante participação em acontecimento


histórico. Foi a pacificação do movimento que ficou conhecido como a Revolta de Quebra
Quilo. Nesse período havia no seio da população interiorana da Paraíba, um sentimento
de revolta com recentes acontecimentos religiosos envolvendo o Estado, a igreja e
seguimentos maçônicos, que resultaram na prisão de um Bispo em Pernambuco. Ainda
nessa época, o Brasil passou a adotar o sistema métrico decimal, o alistamento militar e,
na Paraíba, começava-se a cobrar o imposto de Chão, para permitir a prática de comércio
nas feiras-livres. Essas medidas não eram bem explicadas à população. A soma desses
fatos provocou o movimento que ficou conhecido como a revolução de quebra-quilo.
Centenas de pessoas, como na revolta do Ronco da Abelha, invadiam as Vilas,
quebravam os pesos e outras medidas, queimavam arquivos, soltavam presos, e gritavam
"morte aos maçons". Esses fatos ocorreram em Ingá, Fagundes, Areia, Campina Grande,
Guarabira e outras cidades do brejo paraibano. Todo efetivo da Força Policial, sob o
Comando do Tenente Coronel Francisco Antônio Aranha Chacon, foi deslocado no dia 18
de novembro de 1874 para pacificar o movimento. Depois de muitos confrontos, que
duraram cerca de dois meses, sem registros de mortes, a revolta foi pacificada e o
contingente Policial retornou a Capital.

As Lutas no Século XX

Durante as três primeiras décadas deste Século, a Polícia Militar teve também destacada e
positiva participação em acontecimentos de elevado valor histórico nos contextos estadual
e nacional. Ainda empregada como pequeno Exército, essa Corporação travou lutas no
território paraibano e em outros Estados como Pernambuco, Rio do Grande do norte e São
Paulo.

Lutas no Cariri

A primeira luta contra grupo armado que a Polícia Militar, na época denominada de Força
Policial, enfrentou nesse século, foi em 1912, na região do cariri paraibano. Um grupo de
homens armados, na região polarizada por Monteiro, sob as lideranças de João Santa
Cruz, Promotor de Justiça, e Franklin Dantas, proprietário rural e grande líder da região de
Teixeira, por razões políticas, pretendia provocar um clima de desordem no interior do
Estado que justificasse uma intervenção Federal, e a consequente deposição do
Presidente do Estado, Dr. João Machado. Para combater esse movimento, a Força Pública
deslocou um grande efetivo, que ficou inicialmente destacado em Campina Grande, de
onde partiu para os combates. Ocorreram lutas em Sumé, Monteiro, Taperoá, Patos e São
João do Cariri. Ainda foi invadida, pelo bando armado, a cidade de Santa Luzia e
ameaçadas de invasão as cidades de Soledade e Teixeira. Nessas lutas a Polícia obteve
muitas vitórias, e sofreu alguns revezes, mas impediu que os objetivos dos rebelados
fossem alcançados. Pela forma corajosa como se comportaram, destacaram-se nesses
confrontos o então Alferes Elísio Sobreira, que veio depois a se tornar o patrono da Polícia
Militar, o Ten Rangel Farias e o Sargento Pedro Medeiros, além de Luiz Riscão, um
Aspençada, graduação entre Soldado e Cabo.

Combates à Coluna Prestes

Ainda com a denominação de Força Pública, a corporação enfrentou, em 1926, a Coluna


Prestes, quando de sua passagem pelo nordeste. Ciente de que a Coluna se dirigia á
Paraíba, o Presidente do Estado, Dr. João Suassuna, determinou que lhe fosse dado
combate ainda no sertão. Com essa finalidade, um grande efetivo da Força Policial foi
deslocado para as cidades de Sousa, São João do Rio do Peixe e Belém. Ainda foram
reforçados os efetivos dos Destacamentos de toda região sertaneja, e em particular, o do
Batalhão sediado em Patos. O Ten Cel Elísio Sobreira, Comandante Geral da Corporação,
dirigiu pessoalmente a luta, instalando-se em São João do Rio do Peixe. A tropa
deslocada para Belém foi comandada pelo Major Manuel Viegas, um homem conhecido
por sua coragem pessoal. A Coluna foi perseguida, sem trégua, de Sousa, por onde
penetrou no Estado, até Princesa Isabel. Houve ainda lutas nas proximidades de Patos.
Desses confrontos, resultaram muitas mortes de ambos os lados. A passagem da Coluna
ficou marcada por uma chacina por ela cometida em Piancó, onde foram assassinados,
depois de presos, 2 soldados e 23 civis, inclusive o Padre Aristides, pároco e líder político
local. Destacaram-se nesses combates , além do Ten Cel Sobreira e do Maj Viegas, o Cap
Irineu Rangel, os Tens Benício e Manuel Marinho e o Sargento Arruda, entre outros.

O Movimento de Princesa

Em 1930, um grupo armado, sediado na cidade de Princesa, no alto sertão paraibano,


chefiado pelo Deputado Estadual José Pereira, tentou conturbar a ordem pública no
interior do Estado. Os objetivos do movimento, como os dos rebeldes de Monteiro em
1912, era provocar uma intervenção federal na Paraíba. A consequência imediata seria a
deposição do Presidente João Pessoa, que havia rompido relações políticas com
Washington Luiz, depois dos acontecimentos que resultaram no famoso "NEGO".

Mas uma vez a Força Pública foi acionada, e um grande efetivo foi mobilizado para
enfrentar os rebeldes sertanejos, que recebiam ajuda do Governo Federal. Foram mais de
quatro meses de violentos combates, em que foram registradas muitas mortes de ambos
os lados. Foi criado um Batalhão Provisório, na Força Pública, só para reforçar o
contingente empregado na luta.

Os acontecimentos mais marcantes desses confrontos foram; O desastre da Água Branca,


em que cerca de duzentos policiais foram mortos em uma emboscada; a tomada, pela
Polícia, das cidades de Teixeira, Imaculada e Tavares, que haviam sido ocupadas pelos
grupos liderados por José Pereira e o cerco de Tavares, que se achava ocupada pela
Polícia e foi cercada por grupos de cangaceiros, durante 18 dias. Princesa foi cercada e a
intervenção pretendida por José Pereira não foi alcançada. Muito foram os Policiais que se
destacaram nessas lutas. Entre eles podemos citar; Ten Cel Elísio Sobreira, Comandante
Geral na época, Capitão Irineu Rangel, Comandante do contingente empregado na luta,
Capitão João Costa, Ten José Maurício, Ten Elias Fernandes, Ten Manuel Benício,
Aspirante Ademar Naziazene, Sgt Severino Bernardo e Sgt Manuel Ramalho.

A Revolução Paulista

Em busca da redemocratização do país, ou objetivando reconquistar espaços políticos


perdidos desde a revolução de 1930, liderança políticas e militares de São Paulo, inclusive
integrantes da Força Pública daquele Estado, articularam um movimento armado em 1932,
tentando depor o Governo Federal. A História registrou esses acontecimentos como a
Revolução Constitucionalista Para debelar esse movimento, Getúlio Vargas, que
governava o país, convocou tropas federais, e efetivos das Polícias Militares de todo
Brasil.
Da Paraíba, seguiram, de imediato, para participar das lutas, duas Companhias do 1º
Batalhão, e um Batalhão Provisório. Posteriormente, foram enviados mais três Batalhões
Provisórios, que não chegaram a participar dos confrontos. Esses Batalhões eram
formados por voluntários e os Oficiais eram civis comissionados, escolhidos entre
integrantes de famílias tradicionais do Estado. O 2º Batalhão Provisório foi recrutado em
Campina Grande. O efetivo do 1º Batalhão, que participou dessa luta, foi comandado pelo
Capitão do Exército Aristóteles da Souza Dantas, e, partindo do Estado de Minas Gerais,
combateu na chamada frente norte de São Paulo integrando uma Coluna formada por
Batalhões de outras Polícias e do Exército, sob o Comando do então Coronel Eurico
Gaspar Dutra.

O 1º Batalhão Provisório, sob o Comando do Maj Guilerme Falcone, participou de


combates na frente sul daquele Estado, entrando através do Paraná, compondo outra
Coluna, comandada pelo General Walddomiro Lima. O contingente da Paraíba teve
destacadas participações em combates ocorridos na cidade de Capão Bonito, Buri, e
Itapetinga, na frente sul e em Lindóia, Monte Sião, Campinas e Itapira, na frente norte. Em
diversas oportunidades, os combates foram decididos em lutas de corpo a corpo, e com
uso de arma branca, onde prevaleceram a destreza e a coragem pessoal dos paraibanos.

Combates à Intentona Comunista

Em novembro de 1935 ocorreu, em Natal, Recife e Rio de Janeiro, uma tentativa de


implantação de um Governo Comunista. Grupos orientados por Carlos Prestes e com a
participação de simpatizantes militares, tomaram o Quartel do Exército em Natal e
pretendiam depor o Governo do Rio Grande do Norte, instituindo uma Junta Governativa.
Houve luta entre os rebelados e a Polícia daquele Estado.

Informado da situação, o Governador da Paraíba, Argemiro de Figueredo, enviou a Natal,


para auxiliar as forças legalistas, um Batalhão Policial, sob o Comando do Ten Cel Elias
Fernandes. Ainda no percurso de João Pessoa a Natal, a Polícia paraibana prendeu vários
integrantes da Junta Governativa e apreendeu farto material que eles haviam saqueado
em diversas cidades.

Em várias cidades, onde as autoridades constituídas haviam fugido, temendo o


movimento, Elias Fernandes restaurou a ordem , garantiu a posse de Prefeitos, e o
funcionamento da justiça. Serenados os ânimos, os comandados de Cel Elias Fernandes
permaneceram em Natal até o final daquele ano, sendo alvo de muitas homenagens do
povo potiguar em sinal de gratidão pela honrosa forma como auxiliaram a debelar aquele
movimento.

A Briosa

A Polícia Militar da Paraíba participou de importantes acontecimentos da história do país,


como a revolução de 1930; o combate a um movimento armado ocorrido em um Quartel
do Exército no Recife, em 1931, e a vigilância do litoral paraibano, durante a 2ª guerra
mundial. No campo de ordem pública a Corporação mantém desde 1835, Destacamentos
Policiais em todo território paraibano. O Cangaceirismo, fenômeno que aterrorizou o sertão
nordestino de 1878 a 1938, foi firmemente combatido pela Polícia Militar, através das
famosas patrulhas Volantes, compostas por homens valentes e destemidos.
Hoje, a Polícia Militar procura, através das diversas modalidades de policiamento que
executa, e por meio de várias outras formas de prestação de serviço de alcance social,
continuar sua gloriosa marcha histórica, na permanente busca de bem servir a sociedade
Esses esforços são permanentemente reciclados pela adoção de uma política de
renovação dos recursos humanos, materiais, modernização de métodos de atuação e de
valorização dos recursos humanos materializados por uma formação humanista e
profissional contextualizada com a ordem social vigente. Seus heróis de hoje são os
Soldados da Rádio Patrulha, do Choque, da Guarda, do Trânsito, dos Destacamentos, do
Canil, da Ciclopatrulha, da Cavalaria, da Manzuá, do policiamento a Pé ou de Motos, das
atividades de apoio, em fim dos que compõem a Polícia de hoje, honrando sua história e
concorrendo para o fortalecimento do seu futuro, e fazendo-a merecedora da carinhosa
cognominação de Briosa Policia Militar da Paraíba, conferida, ao longo da história, pela
sociedade paraibana.

Policiamento Ostensivo
O policiamento ostensivo, como o próprio nome já designa deve ser o mais visível
possível. Ele se realiza através da polícia ostensiva, por um conjunto de processos, de
tipos e de modalidades.

Policiamento ostensivo, de competência da Polícia Militar, são todos os meios e formas


de emprego da Polícia Militar, onde o policial é facilmente identificado pela farda que
ostenta, como principal aspecto e de equipamentos, aprestos, armamento e meio de
locomoção, para a preservação da ordem pública, observando critérios técnicos, táticos,
variáveis e princípios próprios da atividade, visando a tranquilidade e bem estar da
população.

O policiamento ostensivo tem como função principal realizar a prevenção dos crimes,
contravenções penais e de violações de normas administrativas em áreas específicas,
como o trânsito, meio ambiente, poluição sonora entre outras. O policiamento ostensivo se
constitui em medidas preventivas e de segurança, para evitar o acontecimento de delitos e
de violações de normas.

O objetivo principal do policiamento ostensivo é atuar na eliminação da crença de que a


oportunidade faz o ladrão. Se não existir oportunidade de delinquir, então o crime também
não existirá. Nunca será possível eliminar todas as oportunidades de delinquir, mas pela
atuação eficaz da polícia ostensiva, com policiamento ostensivo bem planejado e
executado, estas podem ser extremamente minimizadas e diminuídas, muito mais pela
sensação de presença, do que de efetiva presença real.

A presença real se caracteriza pelo contato direto da comunidade com o policial, ao passo
que a potencial se dá pela sensação da presença. O policiamento preventivo tem que ser
multipresencial, para dar à comunidade a sensação de presença real da polícia ao seu
lado o tempo todo. É como a coleta de lixo: todas as ruas da cidade são atendidas, todas
as ruas em dias alternados da semana recebem a visita da coleta. Conforme afirma
DUTRA:

O policiamento frequente e visível em todas as horas e em todos os bairros de uma cidade


criam uma impressão de onipresença e onipotência. A reputação de que o policiamento
ostensivo atende as ocorrências criminosas com rapidez e segurança, corre de boca em
boca, através da imprensa falada, escrita e televisionada, e o futuro delinquente e
contraventor se convence, sem necessidade de experiência pessoal, de que o serviço de
policiamento não falha.

O policiamento ostensivo é um serviço indispensável e que desempenha um papel de


primeira importância na consecução dos objetivos finais da polícia; é a única forma de
serviço policial que diretamente trata de eliminar a oportunidade do mau comportamento e
reprime o desejo de delinquir, destruindo as influências daninhas.

Fonte: Capitão Élio - Portal Segurança

Princípios Gerais da Hierarquia e da Disciplina


Art. 5º - A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da
estrutura das Forças Armadas e das Forças Auxiliares por postos e graduações. 
Parágrafo Único – A ordenação dos postos e graduações na Polícia Militar se faz conforme
preceitua o Estatuto dos Policiais-Militares. 
Art. 6º - A disciplina policial-militar é a rigorosa observância e o acatamento integral das
leis, regulamentos, normas e disposições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do
dever por parte de todos e de cada um dos componentes do organismo policial-militar.

§ 1º - São manifestações essenciais de disciplina:

1. a correção de atitude; 
2. a obediência pronta às ordens dos superiores hierárquicos; 
3. a dedicação integral ao serviço; 
4. a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à eficiência da instituição; 
5. a consciência das responsabilidades; 
6. a rigorosa observância das prescrições regulamentares.

§ 2º - A disciplina e o respeito a hierarquia devem ser mantidos permanentemente pelos


policiais-militares na ativa e na inatividade. 
Art. 7º - As ordens devem ser prontamente obedecidas. 
§ 1º - Cabe ao policial-militar a inteira responsabilidade pelas ordens que der e pelas
consequências que delas advierem. 
§ 2º - Cabe ao subordinado, ao receber uma ordem, solicitar os esclarecimentos
necessários ao seu total entendimento e compreensão. 
§ 3º - Quando a ordem importar em responsabilidade criminal para o executante, poderá o
mesmo solicitar sua confirmação por escrito, cumprindo à autoridade que a emitiu, atender
a solicitação. 
§ 4º - Cabe ao executante, que exorbitar no cumprimento da ordem recebida, a
responsabilidade pelos excessos e abusos que cometer.

Prisão em Flagrante
(Art. 301 e seguintes do CPP)
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
É uma prisão que consiste na restrição da liberdade de alguém, independente de ordem
judicial, possuindo natureza cautelar, desde que esse alguém esteja cometendo ou tenha
acabado de cometer uma infração penal ou esteja em situação semelhante prevista nos
incisos III e IV, do Art. 302, do CPP. É uma forma de autodefesa da sociedade.

A expressão flagrante vem da expressãoFLAGARE, que significa queimar, arder. É o que


está acontecendo ou acabou de acontecer. É o evidente.

Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão


prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;


II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

Natureza jurídica da prisão em flagrante é de um ato administrativo, pois independe de


manifestação jurídica.
No entanto, consoante o Art. 5º, LXV, da CF a prisão deverá ser comunicada
imediatamente ao juiz, para que verifique a sua legalidade. E caso não seja, irá ocorrer o
relaxamento da mesma. Com a comunicação ao juiz, o ato irá se aperfeiçoar.

Espécies de Flagrante

I- Próprio ou Real : Art. 302, incisos I e II do CPP.  É o flagrante propriamente dito.


Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;


II - acaba de cometê-la;

II- Impróprio ou Quase Flagrante: : Art. 302, III do CPP.

Irá ocorrer naquela hipótese em que o agente é perseguido logo após o crime em situação
que faça presumir ser ele o autor da infração penal.
A expressão logo após não significa 24 horas, mas sim um período de tempo.
(jurisprudência entende que é até 6 a 8 horas após o crime) razoável para haver a colheita
de provas sobre quem é o autor e iniciar a perseguição. Tempo e lugar próximos da
infração penal.

OBS. Perseguição contínua 6 a 8 horas para iniciar a perseguição. A perseguição após


ser iniciada tem que ser contínua, não podendo ser interrompida. Deve ser destacado que
a perseguição deve ser iniciada até seis a oito horas após o crime.

Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
 III- Flagrante Presumido a Art. 302 IV do CPP

Irá ocorrer no caso em que o agente é encontrado logo depois com objetos, armas, que
façam presumir ser ele o autor da infração penal.
Nesse caso, o agente não é perseguido, mas encontrado logo depois, sendo que, segundo
ajurisprudência, essa expressão significa até 10, 12 horas após o crime, havendo um
maior elastério de horas. Neste caso hão houve perseguição, sendo que o agente é
encontrado logo depois.

Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;


II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.

Sujeito Ativa da Prisão em Flagrante (Art. 301 do CPP)

Qualquer pessoa do povo poderá realizar a prisão em flagrante, estando, nesse caso, no
exercício regular de um direito, tratando a hipótese de um flagrante facultativo.

Já as autoridades policiais e seus agentes deverão realizar a prisão em flagrante, estando,


nesse caso, no estrito cumprimento de um dever legal, sendo que aqui ocorre
um flagrante obrigatório ou compulsório.

Nota de Culpa

É o instrumento pelo qual é dada ciência ao preso do motivo de sua prisão, bem como de
quem o prendeu. É um requisito extrínseco do APF (Ação de Prisão em Flagrante),
sendo fque a sua falta irá ocasionar o relaxamento da prisão:

Segundo o Art. 306 do CPP, o prazo será de 24 horas, daí que a jurisprudência vem
entendendo que aplica-se, por analogia, o Art. 306 à hipótese prevista no Art. 5º, LXII , da
CF que diz que toda prisão deverá ser comunicada imediatamente ao Juiz.
Art. 306.  Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será dada ao preso nota
de culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas.

Parágrafo único.  O preso passará recibo da nota de culpa, o qual será assinado por duas
testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.
OBS: É importante na realização do A.P.F (auto de prisão em flagrante) a observância do
Art. 304 do CPP, devendo ser ouvido inicialmente o condutor, as testemunhas e por último
o preso, sendo que apesar do código falar testemunhas,a jurisprudência admite a hipótese
de haver apenas UMA testemunha, sendo que o condutor servirá também como
testemunha da realização do ato (Lavratura do Auto) 
Art. 304.  Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e as
testemunhas que o acompanharam e interrogará o acusado sobre a imputação que Ihe é
feita, lavrando-se auto, que será por todos assinado.

§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade


mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2º  A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de
prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que Ihe tenham ouvido a leitura
na presença do acusado, do condutor e das testemunhas.

Na ausência de testemunhas da infração, o § 2º do Art. 304, admite que junto com o


condutor deverão assinar duas testemunhas que tenham testemunhado a apresentação do
preso à autoridade, sendo conhecidas como testemunhas de apresentação, presenciais ou
instrumentárias.
É importante a observância da formalidade acima, sob pena de ilegalidade do A.P.F (auto
de prisão em flagrante) e consequente relaxamento da prisão.

OBS: Art. 5º, LXV da CF/88 Ú Na hipótese de haver prisão em flagrante ilegal haverá o
relaxamento da mesma, sendo que se o juiz não relaxar será cabível o Habeas Corpus,
junto ao tribunal.

Salienta-se que o A.P.F.;(auto de Prisão em flagrante) neste caso, perderá sua força
coercitiva, mas servirá como peça de informação a possibilitar o ajuizamento da ação
penal.

No caso da prisão em flagrante ter sido legal em tese, será cabível a Liberdade


Provisóriae caso o juiz não a conceda, a prisão se torna ilegal, cabendo no caso Habeas
Corpus na justiça..

Já no caso dos fundamentos da Prisão Preventiva desaparecerem, será cabível o pedido


de revogação da mesma com base no Art. 316 do CPP.

Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a
falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões
que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)
Outros tipos de Flagrante

I - Flagrante Preparado ou Provocado: Neste caso, o elemento subjetivo do tipo existe,


mas sob o aspecto objetivo não há violação da norma penal, senão uma insciente
cooperação para ardilosa averiguação de fatos passados.
Segundo Damásio de Jesus, ocorre quando alguém, de forma insidiosa, provoca o agente
a praticar o crime, ao mesmo tempo em que adota providências para que o mesmo não
venha a se consumar.

Em relação a este tema, aplica-se a Súmula 145 do STF, que diz que não há cime
quando a preparação do flagrante pela autoridade policial torna impossível a sua
consumação. A jurisprudência entende que esta Súmula também se aplica no caso de o
flagrante ter sido preparado pelo particular.

É importante observar que para ser aplicada a Súmula deve haver a Preparação e ao
mesmo tempo a Adoção de Providências para que o crime não venha a se consumar,
ocorrendo, no caso, um crime impossível ou putativo (imaginário), por obra do agente
provocador.

Mirabete ressalta a hipótese em que apesar da preparação e das providências adotadas,


caso o crime venha a se consumar irá ocorrer o crime.

Temos como exemplo clássico desta situação a hipótese em que o patrão desconfiado da
sua secretária, coloca alguns objetos sobre a cristaleira, ao mesmo tempo em que coloca
policiais atrás da porta para que no momento em que a secretária subtraia as joias ocorra
a prisão, sendo que no caso não haverá crime.

O saudoso ministro Nelson Hungria entende que no caso do flagrante preparado ocorre
um crime de ensaio ou de experiência, sendo que os protagonistas participaram na
verdade de uma comédia.

II - Flagrante Forjado: Irá ocorrer no caso, por exemplo, em que um policial, de forma
leviana, coloca drogas no carro de alguém a fim de prende-lo em flagrante. O flagrante
forjado não é válido.

III - Flagrante Esperado: Irá ocorrer na hipótese em que a polícia tendo conhecimento de
que irá ocorrer um crime, espera que o mesmo aconteça e realiza a prisão em flagrante do
agente que o praticou, não há preparação. É um flagrante válido

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