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ClássiCos da sabedoria indiana - Mahabharata

Aula 01) Introdução ao Mahabharata


O Mahabharata é um dos dois maiores épicos clássicos da Índia, juntamente com o
Ramayana. Sua autoria é atribuída a Krishna Dvapayana Vyasa e seu texto é
monumental, chegando a 200.000 versos em sua maior versão, com o Harivamsa
(história de Krishna) e as interpolações (equivale a 7 vezes a Ilíada e a Odisseia). Aceita-
se que foi escrito entre os séculos 3 e 4 a.C., e sua forma final data provavelmente do
século 4 d.C. (período Gupta).
Acredita-se que os eventos narrados no poema épico tenham ocorrido entre 900 e 1000
a.C., embora descobertas arqueológicas recentes sugiram datas ainda anteriores, entre
1500 e 2000 a.C.
O título pode ser traduzido como “A grande Índia" (literalmente, "a grande dinastia de
Bharata"), mas o sentido verdadeiro é o de elucidar sobre o grande trajeto percorrido
pelo eu (atma) nesta criação material e fora dela.
Trata de tri-varga (ou as três metas da vida humana): kama ou desfrute sensorial, artha
ou desenvolvimento econômico e dharma, a religiosidade que se resume a códigos de
conduta moral e rituais.
Além dessas metas, o Mahabharata trata de moksha, ou a liberação do ciclo de tri-varga
e a saída do samsara (ciclo de nascimentos e mortes). Estabelece, ainda, os métodos de
desenvolvimento espiritual conhecidos como karma-yoga, jñana-yoga e bhakti-yoga.
O Mahabharata compõe-se de 18 livros, e este número é sagrado entre os hindus. Nesta
obra, 18 são os dias da grande batalha, 18 são os exércitos que combatem, 18 são os
cantos da Bhagavad Gitâ, considerada o núcleo central do poema, 18 são os Purânas,
etc.
Mais ou menos em
20.000 estrofes está
contido o núcleo
verdadeiro e próprio do
poema, no qual se narra
o grande conflito entre
os primos Káuravas e
Pândavas. Todos eles
são descendentes de
Bharata, soberano da
estirpe lunar, nascido do
célebre rei Dusyanta e
de Shakuntalâ. Mahâbhârata é, pois, o "grande (mahâ) poema dos Bhârata", a "grande
(narrativa da guerra) dos Bhârata".
"Kurushetra" era chamada a terra do seu domínio, no qual se desenvolveu o conflito
fratricida, região essa situada ao sul da Saravasti e o ocidente do Doab, entre Delhi
(antiga Indraprastha) e Muttra.
Com o passar dos séculos, grande quantidade de matéria do gênero mais variado
possível foi se agregando ao núcleo principal do poema, aumentando assim o volume
da obra, tornando-se uma verdadeira enciclopédia do pensamento indiano.
A ideia fundamental é a representação da luta entre a Justiça, o Dharma (personificado
em Iudistira) e a iniqüidade, Adharma (personificada em Duryodhana).
“Este é um livro sagrado de moral (dharma)"; “Este é o melhor manual da vida prática
(artha) e também como livro de salvação (moksha) foi composto pelo infinitamente
sábio Vyasa". "Todo pecado, quer seja cometido em ato, quer em pensamento ou
palavras, se aparta imediatamente do homem que executa esta poesia".
Quem entra neste mundo e o entende, já não pertence maios ao seu tempo, está no
território do Dharma.
O Mahâbhârata é um manual que abrange tudo, quer reunir em si toda a poesia, todo o
conhecimento da antiguidade, toda a sabedoria. Assim diz (I. 307): "Não há nada sobre
a terra que não se baseie nesta narrativa, assim como ninguém se sustém sem alimento".
Citaremos, a seguir, todos os reis do Reino Kuru: Bharata – Bhumanyu – Suhotra – Hasti
– Vikunthana – Ajamidha – Samvarana – Kuru – Viduratha – Anaswan – Parikshit -
Bhimasena – Pratrisravas - Pratipa - Santanu- Bishma – Pandu/Dhritarashtra – Pândavas/
Kauravas
Citamos abaixo também os dez Avatares de Vishnu:
1 Matsya, o Peixe;
2 Kurma, a Tartaruga;
3 Varaha, o Javali;
4 Narasimha, o Homem-Leão;
5 Vamana, o Anão;
6 Parashurama, o Homem com o machado;
7 Rama, o arqueiro;
8 Críxena (Krishna)
9 Buda, o Iluminado (Sidarta Gautama)
10 Kalki, o espadachim montado a cavalo que ainda está por vir

Aula 02) Descendência de Santanu


Apresentamos abaixo a descendência de Santanu e algumas considerações principais
sobre estes personagens:

-Santanu educa Bhishma,


seu filho, para ser seu
sucessor; Encontra
Satyavati e se apaixona.
-Satyavati: filha de
Vishvamitra e Menaka
(apsara). Antes de
conhecer Santanu,
encontra com o sábio
Parashara e geram um
filho, Vyasa ou Krishna
Dvaipāyana, o
compilador, autor do
Mahabharata, Vedas e
Puranas, bisneto do
sábio Vashistha. Por
ordem de Vishnu, ele
renasceu como Vyasa.
-Bhishma abdica do
trono e faz voto de
castidade, para que não
tenha filhos, e assim seu
pai case-se com Satyavati
-Chitrangrada morre
jovem; Vichitravirya é
muito frágil de saúde e
morre antes de gerar
filhos nas suas esposas.
-Satyavati pede que seu filho, Vyasa, gere filhos nas princesas, para manter a
continuidade do reino.
-Nascem Dhritarashtra (cego) e Pandu (Pálido)
-Pandu: Matou o Rishi Kimdama e foi castigado: se tomar uma das suas esposas nos
braços, morrerá. Como não podia gerar herdeiros, entrega o reino a Dhritarashtra.
-Gandhari: coloca uma venda nos olhos. Se torna uma cega voluntária.

Aula 03) Os Pandavas e Kuravas


Kunti conta a seu esposo Pandu que possui um mantra mágico capaz de convocar deuses
e gerar filhos com eles.
Em uma ocasião anterior, quando Kunti era jovem, deu à luz a um filho do deus Surya,
Karna, e o abandona ao nascer.
Kunti e Madri, usando o Mantra, invocam os deuses e engravidam dos 5 Pandavas.
Um certo dia, Pandu não resiste à tentação e abraça Madri, e morre. É chegada a hora
de Kunti e Madri retornarem à Hastinapura com os herdeiros do trono, que são os 5
Pandavas.
Gandhari também quer ter filhos do rei cego. Engravida e dá a luz a uma bola de carne,
após dois anos. Parte em 100 pedaços e gera 100 filhos, os Kuravas. O primeiro que se
formou foi Duryodhana.
O maior pecado de Gandhari será o amor excessivo pelos filhos, acima de qualquer
virtude.
Pandavas e Kuravas viviam juntos
em Hastinapura. Iudishtira tinha as
características perfeitas para ser o
futuro rei, e especialmente por isso
Duryodhana tinha uma inveja
muito grande dos primos que se
destacavam em tudo.
Drona torna-se o instrutor de artes
marciais e se afeiçoa muito aos
príncipes Pandavas, sobretudo a
Arjuna, que tinha uma grande
precisão com o arco e a flecha.
Todos os conselheiros do rei
opinam por colocar Iudishtira como
príncipe regente, o que provoca
uma grande ira em Duryodhana,
que começa a tramar contra os Pandavas.
Aula 04) A trama de Duryodhana, o casamento e a divisão do reino
Karna, sem saber quem é, busca enfrentar Arjuna. Se sente rejeitado por não ter sido
aceito como oponente, e acaba tornando-se amigo de Duryodhana, tramando com ele
para prejudicar os Pandavas.
Duryodhana, Karna e Chacune tramam para fazer com que os Pandavas representem o
reino Kuru no Festival de Varanavata, com intensão de matá-los queimados na casa
onde se abrigariam.
Mas os Pandavas percebem que a residência onde estavam hospedados é feita de um
material altamente inflamável, e sem que ninguém saiba, pedem para que se construa
um túnel sobre a terra.
Quando inicia o incêndio, eles saem pelo túnel, mas as pessoas o tomam como mortos
e vão disfarçados morar em Ekachakra.
A Rakshasa Hidimba, que estava matando pessoas na aldeia, é combatida por Bhima,
que posteriormente casa-se com sua irmã Hidimbi. Juntos, têm como filho Gatotkacha.
O rei Draupada tem um desejo profundo de vencer Drona. Para isso, tem 2 filhos saídos
do fogo: Dristadiumna e Draupadi. Em uma certa ocasião, resolve procurar um
candidato para casar com sua filha Draupadi, e realiza o Svayanvara da princesa, em
Kampilia.
Os Pandavas, para participar do Svayanvara, tomam Daumya como guru.
Todos os príncipes de todos os reinos querem disputar a mão da princesa Draupadi.
Porém, seu pai Draupada faz
uma prova que somente Arjuna
teria condições de vencer, pois
pensa que apenas ele merece a
mão de sua filha. A prova exige
uma precisão com arco e flecha
que somente Arjuna se
mostraria capaz. E de fato,
assim ocorre: Arjuna vence o
torneio e casa-se com
Draupadi.

Arjuna, ao chegar com sua esposa na porta da casa onde estavam hospedados, diz a sua
mãe: “mãe, veja que bela esmola ganhei hoje.” Kunti imediatamente o responde:
“divida com seus irmãos”. A partir deste momento, Draupadi será a esposa dos 5
Pandavas.
Os 5 príncipes representam os quatro membros e a cabeça do homem, e Draupadi é o
coração que une todos.
Os Pandavas são chamado de volta e é proposta uma divisão do reino, onde ficariam
com Kandava, um local totalmente inóspito.
Krishna era um rei e vivia num local próximo, e as pessoas sabiam que ele era a
encarnação de Narayana. Vendo Kandava, invoca Indra para que construa um reino para
os Pandavas naquele lugar desértico.
Assim surgiu um reino maravilhoso, Indraprasta, construída por Indra e Vishvakarman,
e se tornou extremamente próspero, pois Iudistira era realmente um ótimo rei.

Aula 05) Exílio de Arjuna, a Amizade com Krishna, Rajasuya


Arjuna é exilado por um ano, por desrespeitar a regra de não entrar no quarto quando
Draupadi está com um de seus irmãos. Durante este período, fica ao lado de Krishna,
que lhe oferece o casamento com sua irmã, Subadra.
Em uma ocasião, Arjuna combate por Agni e recebe de Varuna o carro do rei Soma, a
bandeira com Hanuman, o arco Gandiva, concha Devadatta.
Iudistira é aconselhado por Vyasa a fazer
um grande sacrifício, chamado de Rajasuya.
Trata-se de um grande cerimonial onde os
reis da terra tinham que se submeter a um
único rei. Aquele rei se tornaria o rei do
mundo.
No Rajasuya, há oferendas, uma grande
cerimonia e homenagem a um deus, e
Iudistira escolhe homenagear a Krishna.
Sishupala protesta e fala mal de Krishna,
que o mata.
Duryodhana é tomado de inveja e começa a
tramar novamente como destruir os
príncipes Pandavas.
Shakuni era um jogador de dados viciados,
sempre vencia desonestamente. Convenceram o rei a convidar Iudistira a jogar dados
com Shakuni. Iudistira percebe quem há algo errado, mas não pode negar o pedido do
seu tio e rei, Dhritarashtra.
Aula 06) O exílio e as perguntas do Dharma
Iudistira perde a razão ao se envolver no jogo. Aposta e perde tudo: seus bens, seu reino,
seus irmãos, perde até a si mesmo. Por último, aposta e perde Draupadi.
Draupadi fica revoltada, e se dirige aos anciãos pedindo para que aquilo não se cumpra,
humilhada.
Duryodhana e Karna a
humilham, e há um
momento em que
Duryodhana mostra
sua coxa e diz que ali
ela deve se sentar.
Bhima jurou que o
mataria por essa coxa.
Dhritarashtra
interrompe as
humilhações à princesa
Draupadi, e lhe
concede três desejos.
Pede que ela seja libertada e que seus esposos sejam libertados. Não havia outro pedido,
pois a princesa não necessitava de mais nada para ser feliz. Dhritarashtra devolve
também seus reinos.
Depois que os Pandavas haviam se retirado, Duryodhana convence seu pai a chamá-los
novamente, para um último jogo: mais uma jogada onde tudo seria decidido. Caso
perdessem, seriam exilados por 14 anos. É o que ocorre.
Os Pandavas, no seu exilio, recebem uma visita de Vyasadeva. Ele dá a Iudistira um
mantra, que é passado para Arjuna, para ter contato com o cocheiro de Indra, e ir até o
seu reino.
Assim, Arjuna aprende com seu pai, Indra, o uso das armas de todo o mundo. Indra pede
ainda para que Arjuna aprenda dança com os Gandharvas.
Em uma de suas aventuras, os Pandavas passaram perto do lago Dvaitavana, e Iudistira
pede para que cada um dos irmãos vá buscar alguns alimentos. Mas eles vão, um a um,
e não retornam, então o próprio Iudistira vai verificar o que ocorreu.
Quando os irmãos chegaram perto da água, uma voz lhes disse: “Não toque nesta água
antes de me responderem algumas perguntas”. Eles ignoraram a voz, beberam a água,
e todos os 4 irmãos caíram mortos.
Quando Iudistira chega até o lago, escuta a mesma voz, e se coloca à disposição para
responder todas as perguntas, que eram sobre o Dharma. Como era muito sábio,
responde tudo corretamente e a voz se apresenta como o próprio Dharma, seu pai.
O Dharma lhe dá a escolha de reviver um dos
seus irmãos mortos, esperando que o
escolhido fosse Arjuna ou Bhima. Mas ele
escolhe Nakula, porque é filho de Madre, e
ele gostaria que ambas as mães, Kunti e
Madre, tivessem filhos vivos. O Dharma
questiona se não seria muito mais vantajoso
para ele ter um outro irmão ao seu lado, mas
Iudistira deixa claro: “eu não trabalho com
interesses, eu escolho pela justiça.” O
Dharma então, muito orgulhoso do seu filho,
traz todos os Pandavas de volta à vida.
Iudistira pede ainda dois favores ao seu pai:
que não sejam reconhecidos por ninguém, no
seu último ano de exílio, e pede que sua
vontade e seu discernimento jamais se
afastem do Dharma.
Ficaram acampados ainda uns dias às
margens do Lago Dvaitavana. Os Kuravas
descobrem sua localização e resolvem humilhar os primos. Porém, nas proximidades do
local encontram o rei dos Gandharvas e lutam. Nesta ocasião o próprio Duryodhana é
aprisionado. Os Kuravas pedem ajuda a Iudistira, e Bhima e Arjuna combatem os
Gandharvas, salvando os Kuravas e libertando Duryodhana.

Aula 07) A eleição de Arjuna


Duryodhana fica envergonhado pelo ocorrido, e tem um sonho com daityas e danavas,
espíritos malignos, dizendo que quando fosse travada a grande batalha, ficariam do lado
deles, e entrariam nos pensamentos dos Pandavas, fazendo com que perdessem a
cabeça. Portanto, os Kuravas seriam vitoriosos.
Nesse período, em seu último ano de exílio, os Pandavas vão para Reino Matsya, onde
conhecem o Rei Virata. Cada um se apresenta com habilidades diferentes, disfarçados.
Draupadi será criada da rainha; Iudistira se torna conselheiro do rei; Bhima, cozinheiro;
Arjuna se oferece para ir ao harém ensinar dança às mulheres.
Os Kuravas atacam o reino de Matsya, suspeitando que os Pandavas estivessem lá. O rei
Virata leva os Pandavas (sem saber quem são) para combater com ele, e derrotam os
invasores.
Os Pandavas revelam sua identidade ao rei Virata, que fica muito feliz e honrado em
recebê-los.
Passados os 14 anos, é chegada a hora de retornar a Hastinapura. A filha do rei Virata,
Utara, casa-se com o filho de Arjuna, Abimanyu.
Inicia-se a negociação de paz entre Pandavas e Kuravas. Porém, Duryodhana não se
propõe a devolver o reino.
Vão se formando as alianças para a guerra, e
tanto Arjuna quando Duryodhana vão pedir
apoio ao reino de Krishna.
Krishna dá a Arjuna a possibilidade de
escolher: um dos dois inimigos ficaria com
Krishna ao seu lado, e o outro ficaria com o
exército de Krishna. Arjuna não teve dúvidas,
escolheu Krishna, e Duryodhana ficou muito
feliz por ter o exército ao seu lado. A escolha
de Arjuna representa a escolha pelo poder
espiritual.

Aula 08) A batalha do Kurukshetra


O exército dos Kuravas era muito maior que o dos Pandavas. Antes que inicie a guerra,
Kunti fala com Karna, conta que ele é seu filho, e pede para que lute ao lado dos
Pandavas. Karna não aceita, mas promete que não matará nenhum dos seus filhos, a
não ser Arjuna.
A função de Arjuna era ir até o meio do campo, com Krishna, e tocar sua flauta para
iniciar a guerra. Mas, quando se direciona ao centro e vê seus parentes, instrutores
antigos, não quer travar a guerra. Por um momento, desiste de lutar.
Krishna para o tempo e tem ali um diálogo com Arjuna, mostrando que em realidade
nada morre. Tudo aquilo que é, é eternamente. Fala sobre reencarnação, sobre Reta
Ação, sobre as Castas,
como ali não estava
sendo travada somente
uma batalha, mas uma
batalha cósmica, e seu
Dharma era combater.
Este diálogo recebe o
nome do Bhagavad Gita.
Arjuna compreende a
necessidade da guerra e
toca sua flauta para que
tudo comece.
Iudistira atravessa a pé o
campo de batalha e vai
até os anciãos para pedir permissão para combater. Pergunta a cada um como é possível
lhe derrotar.
Iniciada a guerra, Bhishma mata muito dos guerreiros Pandavas, mas é parado por
Arjuna.
Drona também era um importante guerreiro dos Kuravas, e apenas um choque violento
o iria parar. Bhima e Iudistira dizem que seu filho está morto, e assim Drona baixa suas
armas e é derrotado.
Duryodhana pede que Karna entre na batalha. Ele tinha a seu favor o uso de uma arma
mágica de Brahma. Guardava esta arma para matar Arjuna.
Gatotkacha é convocado para combater Karna e ele precisa usar a arma de Brahma, se
não iria morrer.

Aula 09) Batalha de Duryodhana contra Bhima


Duryodhana sai da guerra e mergulha em um lago, fazendo com que ele congele. Os
Pandavas, avisados, vão até este lago.
Krishna escolhe Bhima para que possa ter uma luta individual com Duryodhana. Ele tinha
uma proteção no seu corpo todo, menos nas coxas. E Bhima já havia jurado que o
mataria pela coxa. É isto que Bhima faz.
Finalizada a guerra e morto Duryodhana, os Pandavas ocupam o acampamento dos
vencidos.
Gandhari e Dhritarashtra são avisados da morte de todos os filhos e sofrem muito.
Ashvatama fica com ódio por terem enganado seu pai, Drona, e decide entrar no
acampamento dos Pandavas, à noite, para matá-los. De fato, mata muitos dos
guerreiros que haviam sobrevivido, e também todos os príncipes filhos dos Pandavas,
todos os herdeiros Kurus.
Os Pandavas vão ao encontro de Ashvatama e querem matá-lo, mas Draupadi pede que
não façam, pois não gostaria que sua mãe sofresse o que ela mesma está sofrendo.
Os Pandavas marcham em direção ao palácio, e Dhritarashtra e Gandhari vêm em
direção a Krishna, revoltados, e fazem uma maldição sobre a sua morte, que
posteriormente se cumpre.
Em Hastinapura, Gandhari e
Dhritarashtra não suportavam Bhima.
Resolveram retirar-se para a floresta,
para morrer.
Kunti conta a seus filhos que Karna era
seu irmão. Iudistira fica revoltado,
porque talvez com essa informação, não
teria iniciado a guerra.
Diz-se que com a morte de Krishna,
inicia-se a era cósmica mais dura, o Kali
Yuga.

Aula 10) Morte dos Pandavas e o céu de Indra


Utara deu à luz a um filho de Abimanyu, que foi morto na guerra. Essa criança será o
futuro rei.
Os Pandavas e Draupadi também decidem que é a hora de se retirar. Vão escalando uma
montanha e morrendo ao longo do caminho.
O único que ainda chega vivo ao topo da montanha é Iudistira, com um cão que o
acompanhou na subida.
Encontra o carro de Indra chamando para ir ao seu céu. Ele quer levar o cão, mas Indra
não permite. Iudistira lhe diz: “se eu tiver que ser desleal com alguém que me foi leal,
prefiro recusar o céu de Indra.”
O cão, então, se transforma no Dharma e diz: “esse é meu filho, nunca abdicaria do
dever, nem mesmo pelo céu de Indra.”
Vão juntos até os céus de Indra e lá Iudistira vê muitos seres, inclusive os Kuravas.
Mas, não vê os irmãos. Houve vozes, dos quatro Pandavas, respondendo ao seu
chamado na região infernal. Aos poucos, vai se iluminando, e vê todos os seus irmãos
luminosos, Draupadi, seu pai Pandu, e Krishna, em sua forma original.
Indra diz que tem direito de ficar
neste local pela eternidade, mas
que estarão sempre ligados a
Krishna, e se ele voltar a terra,
irão voltar também. Iudistira
ficou muito feliz, porque o que
mais queria era servir a Krishna.
Na terra, Parikshita (neto de
Arjuna) é rei, e se casa. Seu filho é
Janamejaya. Parikshita é morto
por uma serpente e seu filho
assume o trono.
Janamejaya encontra com um
sábio chamado Vaishampayana,
discípulo de Vyasa, e recebe de
presente o Mahabharata, o livro
com toda a história dos seus antepassados.
O Mahabharata afirma o que foi recitado a Janamejaya pelo sábio Vaishampayana, a
quem foi transmitido por seu perceptor Vedavyasa.

Aula 11) Comentários de Frases do Mahabharata


Abaixo comentaremos sobre algumas frases muito especiais.
-Narada a Yudishtira: (111)
“Ó rei, está protegendo adequadamente o povo? Sua mente está firmemente centrada
na virtude? Você persegue os 4 objetivos da vida - religião, lucro, prazer e liberação –
cada um no seu tempo correto?
O dever essencial de um rei era proteger todos os seres vivos dentro de sua jurisdição,
não apenas proporcionando-lhes os meios materiais de subsistência, como também
assegurando o progresso de todos na vida, rumo à emancipação espiritual.”
O dever de um rei se refere à verdadeira Vida dos seres, não somente cuidar de sua
sobrevivência. Essa é a tarefa de um líder. Iudistira foi ensinado como ser um bom rei.
-Krishna a Pândavas (132):
“Cuidem de seus súditos como se fossem seus próprios filhos. Sejam para eles um refúgio,
como uma grande árvore o é para os pássaros.”
Essa era a grande dificuldade de Dhritarashtra, via apenas os próprios filhos dessa forma.
O que se espera de um rei é amar todos como filhos.

-Voto de Iudishtira (133):


“De hoje em diante, não discutirei com ninguém, pois as discussões sempre são as raízes
da guerra. Nunca mais usarei palavras agressivas e praticarei a virtude.”
Quer praticar a justiça, não fazer nada onde nasça o rancor, que é a raiz da guerra. Não
admitia que nada prejudicasse o seu cumprimento do Dharma.

-Vidura, sobre o livre-arbítrio (138):


“Não podemos negar que temos responsabilidade por nossos atos, porque sempre temos
o livre-arbítrio. Com certeza, tudo está nas mãos de Deus, mas ele nos dá as
consequências de nossos próprios atos. Como agimos é problema nosso.”
Para caminhar em direção às virtudes e a sabedoria, o ser humano deve aprender a
escolher. Necessitamos do livre arbítrio para desenvolver o discernimento. Se não
fazemos as escolhas corretas, virá o mal.
-Sanjaya, auriga e secretário, discípulo de Viasadeva (172):
“Os deuses tiram o raciocínio de um homem assim que seu fracasso é ordenado. Desse
modo, ele vê o mal como um bem e o bem como um mal.”
Como ocorre com Iudistira no jogo de dados. Perde a visão, vê o mal como bem.

-Vidura para Iudistira (170):


“Isso tudo foi arranjado pelo destino para sua libertação suprema. Na floresta, você será
instruído pelos rishis e desenvolverá o desapego pelos assuntos mundanos. Assim, seu
poder crescerá enormemente.”
O desapego é sabedoria, é o que dá ao ser humano mais poder sobre a vida e sobre si
mesmo.

-Shaunaka, líder dos brâhmanes, para Iudistira (176):


“Ó rei, centenas de medos e milhares de causas para a tristeza oprimem o homem
ignorante, dia após dia, mas nunca o homem sábio. O sofrimento e a dor são aflições do
corpo, apenas. Um homem de conhecimento sabe que sua identidade real é diferente do
corpo, e que a miséria é uma ilusão. Ó grande herói, homens como você nunca se
sujeitam à ilusão. São desapegados do corpo e, na verdade, de todas as realidades
materiais. O apego é a causa fundamental do sofrimento, cara criança.”
Tudo que foi perdido não existia, e toda a dor do ser humano vem justamente por
apegos as coisas que ele irá necessariamente perder.

- Iudistira a Draupadi, sobre a Ira e o perdão (187):


“Embora, por meio da ira, às vezes, se possa conseguir algumas vantagens imediatas,
geralmente ela leva à destruição. A ira confunde o discernimento da pessoa e a impele
a agir de forma que nunca agiria se não estivesse sob sua influência. É por esta razão
que os sábios mantêm a ira à distância.
Sempre é conveniente que um homem de caráter exercite o perdão. Antigamente, o
grande sábio Kashiapa dizia: o perdão é virtude, sacrifício, pureza, castigo, verdade,
piedade e religião. Pela prática do perdão, um homem pode alcançar as regiões eternas
da felicidade.”
A ira é o que limita a consciência, a lucidez e a sabedoria.
- Iudistira a Bhima: sobre a aceitação e confiança no Dharma (189/190)
“Deveria ter exercido mais autocontrole durante o jogo de dados; mas ainda assim,
mesmo sabendo que minha mente foi tomada pelo orgulho e pela tolice, acredito que
tudo foi preordenado. Alguma coisa deve ter me feito agir de forma tão contrária à
minha natureza.
A verdade certamente é a virtude mais elevada, e o dever de todos. Ó herói de armas
poderosas, não devemos ser impulsivos. Os atos executados com orgulho ou paixão
redundarão em tristeza.”
Iudistira mantém a lucidez de todos, para que possam trabalhar juntos, cada um
cumprindo seu papel.

-Rishi Lomasha a Iudistira (204)


“Qualquer sucesso obtido em consequência de um pecado logo se perde. Observe que os
homens inferiores prosperam por um tempo, apenas, e que, mais tarde, são destruídos
pela raiz.”
Quando alguém ganha por meios errados, trata-se de mau karma. A sua má ação fica
reforçada pela vaidade da vitória. Mais cedo ou mais tarde tudo será cortado pela raiz.
Ouvir isso fez Iudistira recuperar a confiança nas leis da vida.

-Dharma disfarçado de Iaksha, fazendo perguntas a Iudistira (235):


D: Muito bem, então. Diga-me, como é que a alma cresce a partir de sua união com a
matéria? Quem lhe faz companhia, quem a guia e em que ela se estabelece?
I: O que faz a alma crescer é o conhecimento de Deus. As qualidades divinas são suas
companhias, a religião eterna é sua guia e ela se estabelece sobre a verdade.
(Não abandono a virtude em meu próprio interesse).”
A grande religião é a que engloba todos os seres humanos, promovendo o despertar
espiritual. A Verdade é o caminho do Dharma.

-Arjuna a Iudistira, durante o combate (285):


“Os combates não são ganhos apenas pelo Poder, ó puro. A virtude também
desempenha o seu papel. Onde quer que haja retidão e verdade e onde Krishna se
encontre, lá estará a vitória.”
A virtude também é uma arma poderosa, não só o número de guerreiros.
-Narada a Iudistira, quando anciãos partem (354):
“A afeição que sentem por outros seres vivos, baseada em seus corpos, é ilusória.
Ninguém é pai, filho, tio ou qualquer coisa de ninguém. Todos somos partes eternas do
Senhor, que apenas vive temporariamente em corpos diferentes.”
Um sábio não elege dessa forma suas predileções, em função de laços sanguíneos.

“Tudo o que existe no mundo está descrito no Mahabharata, e se não está no


Mahabharata, não existe em lugar algum”.
O Mahabharata é uma síntese do caminho do ser humano, do alvo que temos que
atingir. Mostra como devemos encontrar o Dharma em cada situação, como devemos
escolher o Dharma com nosso livre arbítrio.
Portanto, esse é um livro fundamental, que contém muitas chaves para compreender a
natureza humana. Desejamos boas reflexões e sínteses a todos!

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