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Palavras de Parāśara a Maitreya:

“Esses serão todos monarcas contemporâneos, reinando sobre a terra; reis de espírito rude,
temperamento violento, e sempre afeitos à falsidade e maldade. Eles infligirão morte em
mulheres, crianças e vacas; eles se apoderarão da propriedade de seus súditos; eles terão
poder limitado, e na maioria dos casos se erguerão e cairão rapidamente; suas vidas serão
curtas, seus desejos insaciáveis, e eles mostrarão somente pouca piedade. O povo dos vários
países, misturando-se com eles, seguirá seu exemplo, e os bárbaros sendo poderosos no
patronato dos príncipes, enquanto tribos mais puras são negligenciadas, as pessoas perecerão.
Riqueza e devoção diminuirão dia a dia, até que o mundo será totalmente depravado. Então
apenas propriedade conferirá posição; riqueza será a única fonte de devoção; paixão será o
único laço de união entre os sexos; falsidade será o único meio de sucesso em litígio; e as
mulheres serão meramente objetos de satisfação sensual. A Terra será venerada apenas por
seus tesouros minerais; o fio bramânico constituirá um brâmane; símbolos externos (como o
bastão e traje vermelho) serão as únicas distinções das várias ordens de vida; desonestidade
será o meio universal de subsistência; fraqueza será a causa de dependência; ameaça e
presunção assumirão o lugar da erudição; liberalidade será devoção; ablução simples será
purificação; consentimento mútuo será matrimônio; roupas elegantes serão dignidade; e água
mais distante será considerada como uma fonte sagrada [tirtha]. Entre todas as castas, aquele
que é o mais forte reinará sobre um principado [Bhu-mandala, 'a terra'], assim corrompida por
muitas imperfeições. As pessoas, incapazes de aguentar os fardos pesados impostos sobre elas
por seus soberanos avarentos, se refugiarão entre os vales das montanhas, e ficarão felizes em
se alimentar de mel selvagem, ervas, raízes, frutas, flores e folhas; seu único traje será a casca
de árvores, e elas ficarão expostas ao frio, e vento, e sol, e chuva. A vida de nenhum homem
excederá vinte e três anos. Desse modo, na era Kali, a decadência prosseguirá
constantemente, até que a raça humana se aproxime de sua aniquilação.

Quando as práticas ensinadas pelos Vedas e os institutos de lei quase tiverem cessado, e o fim
da era Kali estiver perto, uma porção daquele ser divino, que existe, por sua própria natureza
espiritual, no caráter de Brahma, e que é o começo e o fim, e que compreende todas as coisas,
descerá sobre a terra. Ele nascerá na família de Vishnuyasas, um brâmane eminente da aldeia
Sambhala, como Kalki, dotado com as oito faculdades sobre-humanas. Por seu poder
irresistível ele destruirá todos os Mlechchhas e ladrões, e todos aqueles cujas mentes são
dedicadas à iniquidade. Ele então restabelecerá a retidão sobre a terra; e as mentes daqueles
que viverem no fim da era Kali serão despertadas, e serão tão translúcidas quanto cristal. Os
homens que forem mudados dessa maneira em virtude daquele tempo peculiar serão como as
sementes de seres humanos, e darão nascimento a uma raça que seguirá as leis da era Krita,
ou era da pureza. Como é dito; "Quando o sol e lua, e o asterismo lunar Tishya, e o planeta
Júpiter, estiverem em uma mansão, a era Krita retornará."
(Viṣṇu Purāṇa, Livro IV, Cap. 24, p.367-368 – trad. do sânscrito por H. H. Wilson, trad. para o português por Eleonora
Meier)

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