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Planejamento Urbano: Legislações
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Planejamento Urbano: Legislações
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar e propor discussões acerca das questões de mobilidade
urbana presentes nas cidades, por meio de estudos referentes à evo-
lução desta problemática e da diversidade de como esta se apresenta
em diferentes situações;
· Verificar a importância conferida à mobilidade nos processos de pla-
nejamento urbano realizados nas cidades e nas leis urbanísticas for-
muladas a partir destes;
· Analisar o papel do sistema viário no processo de estruturação urba-
na das cidades nas escalas intraurbanas e regional;
· Identificar a eficiência do sistema de transporte coletivo, no atendi-
mento às demandas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Planejamento Urbano: Legislações
Diante dessa pressão, visando uma reforma na dinâmica urbana das cidades,
houve a criação do projeto de lei (5.788 de 1990), além de algumas mudanças
(incrementos) na Constituição Federal de 1988. Esse projeto de lei, que mos-
trava a cara da nova ordem jurídica-urbanística do país e cuja aprovação foi
intensamente aguardada, foi amparada pelos artigos 182 e 183 da Constituição
Federal. Esses artigos mencionados foram as maiores conquistas sociais dos
anos 80, visto que se referiam à política urbana e sua reforma, bem como novas
diretrizes voltadas ao planejamento das cidades.
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Diante desse cenário no início dos anos 90, muitos profissionais da área, assim
como de diversos setores sociais como: movimentos populares, entidades profissio-
nais, sindicais e acadêmicas, pesquisadores, ONGs, parlamentares e prefeitos, exer-
ceram enorme pressão para que o projeto de lei 5.788 se convertesse em uma Lei
Federal. Assim, passados 10 anos, a Constituição Federal, dentro de suas atribuições,
incorpora uma nova lei: a Lei 10.257 de 2001, conhecida como Estatuto da Cidade.
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A organização jurídica das leis urbanísticas brasileiras segue uma hierarquização
a partir da Constituição Federal, cujo artigo 30, inciso VIII diz:
Art. 30 – Compete aos Municípios:
Vale reforçar que a Constituição Federal prega e estipula como premissa maior,
o bem-estar de toda a população.
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Todas essas variáveis são intrínsecas ao bom planejamento urbano, com vistas
a um desenvolvimento constante e participativo, ou seja, com cooperação entre
agentes diversos, bem como um planejamento integrado dos municípios e de
suas áreas de influência direta. Objetiva também a ordenação e controle do uso
do solo e ocupação do território, além de promover oferta igualitária de equipa-
mentos, redes e serviços adequados às características locais.
Ainda no que tange às diretrizes gerais, deve haver integração entre setores
urbano e rural, adoção de padrões de consumo e de expansão urbana sustentá-
veis, privilegiar investimentos distributivos e includentes na política econômica
local, recuperar investimentos públicos que tenham gerado a valorização de
imóveis urbanos.
Para dar sustentação à essas diretrizes gerais, o Estatuto é composto por ali-
cerces essenciais de desenvolvimento e estratégia. Como apontada anteriormen-
te, esses pilares se fundamentam no combate à especulação imobiliária, na regu-
larização desta e uma gestão participativa. Cada um desses vetores atua de forma
conjunta e são pré-requisitos para a elaboração de um Plano Diretor inerentes
ao desenvolvimento das cidades. Ou seja, são instrumentos de política urbana de
primeira ordem.
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Existem diversos instrumentos de política urbana, no âmbito do direito urbanís-
tico, cada qual possuindo suas especificidades. Para um desenvolvimento eficiente
e que dê valor à terra, alguns instrumentos são necessários e justapostos no Esta-
tuto da Cidade e funcionam como sanções sucessivas:
• Instrumentos de Desenvolvimento Urbano – Combate à especulação imobiliária:
» Parcelamento, edificação e utilização compulsória;
» IPTU progressivo;
» Desapropriação;
» Consórcio imobiliário;
» Outorga onerosa do direito de construir;
» Direito de superfície;
» Transferência do direito de construir;
» Direito de preempção;
» Operações urbanas consorciadas.
IPTU Progressivo
Se num prazo de dois anos o proprietário não cumprir a edificação compulsó-
ria, o município pode aplicar o IPTU progressivo no tempo, aumentando anual-
mente a alíquota até o máximo de 15% do valor do imóvel.
O IPTU progressivo tem um enfoque extrafiscal, ou seja, não tem a natureza
arrecadatória de tributos. A utilização da extra fiscalidade visa permitir a regulagem
de condutas, fazendo com que, no interesse da coletividade, esta ou aquela atividade,
este ou aquele comportamento, seja estimulado ou desestimulado.
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Desapropriação
Esse instrumento que decorre no Estatuto da Cidade pelo artigo 8 diz que em
caso de término do prazo de 5 anos de IPTU progressivo e a área permanecer
incompatível com os usos e densidades previstas, o imóvel poderá ser desapro-
priado, com pagamentos em títulos da dívida pública.
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Consórcio Imobiliário
Este instrumento é, de certa forma, pouco utilizado, na qual ocorre a “do-
ação” de lote à Prefeitura com pagamento em unidades autônomas. Objetiva
cooperação entre o poder público e a iniciativa privada para fins de realizar ur-
banização em áreas que tenham carência de infraestrutura e serviços urbanos e
contenham imóveis urbanos subutilizados e não utilizados. Através do consórcio,
o Poder Público realiza as obras de urbanização e o proprietário da área recebe
uma quantidade de lotes urbanizados, correspondente ao valor total das áreas
antes de ter recebido os benefícios (ESTATUTO DA CIDADE, 2001).
Direito de Superfície
É o compartilhamento da propriedade entre duas pessoas: proprietário e su-
perficiário e, também, a aquisição por tempo determinado. Ou seja, é um instru-
mento interessante para regularização fundiária de ocupação de interesse social de
imóveis públicos. Por meio de contrato, o Poder público mantém a propriedade
do terreno público, mas pode conceder ao morador o direito de construir sua re-
sidência, vendê-la sob certas condições ou transmiti-lo por herança, dando toda a
garantia para que ele exerça seu direito de moradia.
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conforme a legislação existente. A transferência somente será permitida se o proprietá-
rio participar de algum programa de preservação elaborado em conjunto com o poder
público ou elaborado pelo setor privado e aprovado pelo ente técnico responsável. Veja
a Figura 2 a seguir que ilustra esse conceito.
Direito de Preempção
Segundo o Art. 25 do Estatuto da Cidade:
O direito de preempção confere ao Poder Público municipal prefe-
rência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa
entre particulares.
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Usucapião
O Usucapião urbano é um instrumento voltado à habitação, cujas premissas
envolvem lotes até 250 m² num período mínimo de 5 anos. Possui, em sua es-
sência, dois grandes objetivos:
• Regularização fundiária que assegura o direito à moradia aos segmentos sociais;
• Garantir o cumprimento da função social da propriedade por meio da promo-
ção de uma política de regularização fundiária.
Plano Diretor
Diante de todos esses instrumentos urbanísticos, cria-se uma base sustentadora
para a formulação estratégica e concisa de um Plano Diretor Municipal.
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Trata-se de um PLANO DIRETOR URBANÍSTICO, que vai tratar, entre outros
temas, do uso e da ocupação dos lotes e glebas; do sistema viário; da mobilidade e
acessibilidade urbana; do parcelamento do solo (expansão urbana); da arborização
urbana; do sistema público de lazer (praças e parques); da infraestrutura comuni-
tária e urbana (água, esgoto, drenagem, iluminação); do patrimônio arquitetônico,
entre outros. Trata-se, então, de um plano físico-ambiental.
Esse documento, portanto, possui alguns objetivos fundamentais, por ser item
básico para a política de desenvolvimento e expansão urbana:
• Deve ser elaborado com participação da sociedade civil;
• Deve orientar todas as ações concretas de intervenção sobre o território;
• Revisão a cada 10 anos – ideal a cada troca de gestão;
• Obrigatório para municípios (Estatuto da Cidade art. 40).
» Cidades com mais de 20 mil habitantes;
» Integrantes de regiões metropolitanas;
» Integrantes de áreas de interesses turísticos;
» Áreas com atividades ou empreendimentos com significativo impacto am-
biental (hidroelétricas, aeroportos, portos, grandes obras viárias).
Zoneamento
Segundo Mancuso (1980), o zoneamento é a subdivisão da cidade, assinalando
a cada uma das ditas subdivisões determinados parâmetros relativos à edificação.
Para um zoneamento urbano adequado que envolve parcelamento, uso e ocupa-
ção do solo é necessário suporte legal e jurídico para tal. Assim, a Lei 6.766 de
1979, artigo 4°, parágrafo único diz:
A legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o territó-
rio do município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parcela-
mento e ocupação do solo, que incluirão, obrigatoriamente, as áreas mí-
nimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento.
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Exemplo:
• 10 x 25 = 250 m² (Área do terreno);
• 5 x14 = 70 m 2 (Projeção da área construída).
Logo:
• 70 / 250 = 0, 28 x100 → 28% a Taxa de Ocupação.
2. Coeficiente de aproveitamento do solo (CA) é igual a área total edifica-
da dividida pela área do lote (link abaixo).
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Exemplo 1:
Se o CA for 2.0, se pode assentar no lote até 2 vezes a sua área.
• área do lote = 360 m² → CA = 2.0, logo;
• 360 m 2 x 2.0 = 720 m² → potencial construtivo.
Exemplo 2:
• Área do terreno - 10 x 25 = 250 m²;
• Área total edificada - 280 m².
• CA = ?
• 280 / 250 = 1,12 o Coeficiente de Aproveitamento.
A prefeitura pode fixar coeficiente de aproveitamento básico único para
toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da
zona urbana. A regra é que o coeficiente de aproveitamento varie con-
forme a localização do lote, uma vez que o território urbano não é ho-
mogêneo, tanto em relação ao solo quanto à infraestrutura.
3. Os recuos são distâncias (frontal, lateral e de fundo) das divisas do lote até
à edificação. Veja o link a seguir:
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18m²
4x4,5m
18m²
36m² = 3x12m
4x4,5m
360m² 360m²
12x30m 12x30m 360m²
12x30m
36m²
4x9m
Exemplo:
=• 4 x 9 36
= m 2 e 12 x 30 360 m²
Logo:
• 36 / 360 = 0,10 → 10% de permeabilidade.
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Mobilidade e Acessibilidade
Mobilidade Urbana e Acessibilidade
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formará um padrão de origens e destinos no espaço, que é estabelecido mediante a
organização espacial, o sistema de transportes, a necessidade de reprodução deste,
as viagens, as carências, os conflitos e deficiências. Vasconcellos (2001) reforça ainda
que esse padrão reflete o conjunto de deslocamentos necessários para assegurar a
reprodução do cotidiano, feitos pelos meios de transportes.
Dessa forma, Ethiene (1985) apud Lapa et al. (2007), ratifica que a mobilidade
indica uma prática social de atores urbanos, que buscam estar nas mais variadas
esferas que a cidade oferece. Sobre isso, os autores pontuam que a mobilidade é
um fenômeno cuja lógica só pode ser entendida a partir do sujeito-ator. Isso signi-
fica que as necessidades desse sujeito e as especificidades de sua inserção urbana
podem dar a chave para a compreensão da dinâmica da mobilidade, sua evolução
ao longo do tempo, as diversidades no espaço urbano e diferenciações por seg-
mento social, oferecendo uma ferramenta para análise da lógica evolutiva da cida-
de. A acessibilidade, enquanto leque de oportunidades e conceito de políticas de
transporte, concretiza-se na mobilidade, com influência na organização espacial e
na segregação. Com relação ao setor transporte, Figueira (2008) afirma:
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Como problemas inerentes à mobilidade e circulação dos transportes, pode-
mos pontuar a precariedade urbana, cujos assentamentos são precários, os con-
flitos nas cidades entre veículos e pedestres, a expansão contínua e desenfreada
da cidade, gerando custos de infraestrutura, o alto custo para expansão do siste-
ma viário, a crise nos transportes públicos, culminando degradação dos serviços,
aumento das tarifas, maior tempo de viagem, menor qualidade, realidade do
transporte individual resultando num aumento da poluição, dos congestionamen-
tos e número de acidentes e de vítimas.
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A Lei 12.587/2012 Art. 3º§ 3 diz que são infraestruturas de mobilidade urbana:
I. vias e demais logradouros públicos, inclusive metro, ferrovias, hidro-
vias e ciclovias;
II. estacionamentos;
III. terminais, estações e demais conexões;
IV. pontos para embarque e desembarque de passageiros e cargas;
V. sinalização viária e de trânsito;
VI. equipamentos e instalações; e
VII. instrumentos de controle, fiscalização, arrecadação de taxas e tarifas
e difusão de informações.
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De acordo com a ANTP (Agência Nacional de Transportes Públicos, 1997), es-
sas vias podem ser organizadas de acordo com vários níveis de prioridade, tendo
como principais objetivos:
• Possibilitar a redução do tempo de viagem, dando prioridade à modalidade
de maior capacidade de transporte de pessoas;
• Racionar e reorganizar o serviço de ônibus, em função da redução de inves-
timentos na quantidade de veículos requeridos;
• Diminuir o consumo de combustíveis, com redução e otimização do cus-
to operacional;
• Melhorar as condições do serviço prestado, permitindo o estabelecimento de
nova imagem dos serviços oferecidos à população, principalmente se as medi-
das forem ligadas à melhoria nos veículos, modelo operacional, de gestão etc.;
• Criar eixos preferenciais para transporte coletivo, com tratamento adequado
e atendendo as necessidades de demanda;
• Proporcionar melhor qualidade ambiental nos corredores de transporte
coletivo e nas áreas adjacentes;
• Garantia de prioridade para o transporte público no caso de vias congestionadas; e
• Melhorias das ligações por transporte coletivo entre regiões da cidade.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e a gestão urbanos
SOUZA, Marcelo Lopes De. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento
e a gestão urbanos. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
Políticas de transporte no Brasil: a construção da mobilidade excludente
VASCONCELLOS. Eduardo A. Políticas de transporte no Brasil: a construção da
mobilidade excludente. São Paulo, Manole, 2013.
Transporte urbano, espaço e equidade
VASCONCELLOS, Eduardo A. Transporte urbano, espaço e equidade. 2 ed., São
Paulo, Annablume, 2000.
Leitura
Título do texto
BARROS, Ana Maria F. B.; CARVALHO, Celso Santos; MONTANDON, Daniel T.
O Estatuto da Cidade Comentado. In: CARVALHO, Celso Santos; ROSSBACH,
Ana Claudia (Org). Estatuto da Cidade: comentado. São Paulo: Ministério das
Cidades: Aliança das Cidades, 2010.
https://goo.gl/cmgxAp
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Referências
EMBARQ. Mobilidade urbana Sustentável – WRI. Disponível em: <http://wrici-
dades.org/sobre/embarq>. Acesso em: 22/07/2018.
MANCUSO, Franco. Las Experiencias del Zoning. Barcelona, Gustavo Gili, 1980.
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