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AULA 1
Antropologia - percepção, reflexão e aprendizagem sobre o mundo
O homem é visto pela sua referência existencial que podemos considerar as relações
corpo-movimento. A “máquina humana”, entendida como o uno “corpo-mente”, sendo um só, são
regidos pela capacidade de “pensar-praticar”. Assim, nasce a relação do homem com o meio
ambiente e seus resultados, como sinônimo de cultura: percepção, adaptação, experimenta,
vivencia, criação, recriação. Surgem as nações, comunidades, grupos e/ou subgrupos humanos,
seus paradigmas interpretativos da vida constante (sobrevivência-existência). Os esportes,
formais ou informais, e as atividades físicas são resultados de todo este processo de “experiência
vivida” e torna-se algo contínuo até os dias de hoje.
A Antropologia nos ensina que todo e qualquer esquema cultural e ou classificatório é mais
um dentro dos inúmeros outros, que também coabitam o mundo juntamente conosco.
Sahlins (1979, p.08), “o homem apreende o mundo a partir de esquemas simbólicos que
ordenam o mundo, mas que jamais são os únicos possíveis”. Isto quer dizer que outros grupos
podem organizar o mundo de forma diferentes da nossa, e nesse sentido sempre lidamos com
diferentes mundo possíveis.
Neste sentido, podemos refletir a forma com se apresentam algumas técnicas esportivas
quanto ao jogo ou nos movimentos corporais. O retorno reflexivo pode nos indicar quais as táticas
(estratégias do fazer) iriam sendo desenvolvidos e se tornando mais vantajosas para o corpo do
homem, na busca da eficiência, economia de energias e tendo resultados. Ao estudar
antropologicamente o homem, deparamo-nos com o nosso próprio espelho – o outro tal como
nós, mas “atuando corporalmente” em diferentes formas de interpretar o mundo.
O que diferencia a perspectiva antropológica sobre o homem das outras ciências humanas,
em primeiro lugar, é que a antropologia busca uma explicação totalizadora do homem, que leve
em conta a dimensão biológica, psicológica e cultural; em segundo lugar, a perspectiva
antropológica possui uma dimensão temporal muito mais abrangente, abarcando tanto o
momento atual quanto o passado da humanidade.
Para terminar com esta diferenciação das áreas da antropologia temos que nos referir
rapidamente por que denominamos a dimensão cultural no presente como antropologia social ou
cultural. Basicamente, é uma diferenciação derivada de interesses distintos das escolas
antropológicas inglesa e americana. Os antropólogos ingleses se interessaram pela organização
social e política dos grupos que estudavam, e assim, focaram seus estudos na idéia de
sociedade, por isto a escola foi chamada de antropologia social (embora alguns, como
Malinowski, tenham utilizado na sua produção o conceito de cultura). Já os americanos se
interessavam pelas variações culturais, pela sua difusão e como os indivíduos são moldados
pela cultura; por isto se denominou a essa escola como antropologia cultural ou culturalismo.
Acreditamos que o estudo dos esportes e das atividades físicas possui certa tendência de
estudo pelo paradigma da antropologia cultural ou culturalismo. Tal fato se dá pelo entendimento
que as técnicas e táticas esportivas, além das atividades esportivas, terem o foco nas teorias que
redimensionam o comportamento estético, performático e artístico (o movimento como uma arte)
são frutos de uma necessidade de re-criação do movimento. Logicamente, as questões da
sociedade e seus valores estão ali implícitos. No entanto, praticar esportes e fazer atividades
físicas podem não estar vinculados, necessariamente, às representatividades da sociedade. O
esporte pode transcender tais aspectos.
2. A Antropologia da Cultura
A diversidade está nos aspectos que nos rodeiam. Cultura é este conjunto complexo que
inclui conhecimento, crença, arte, lei costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo
homem como membro de uma sociedade. (LEVI-STRAUSS, apud MELLO 1986, p. 397). “na
verdade, a cultura, em sentido largo é todo o conjunto de obras humanas” (Mello, 1986).
A culturalização é formada não em dias, mas é um processo que leva milhões de anos e
um conjunto de experiências vividas demonstrando seus traços, valores culturais e particulares,
isso não devemos esquecer.
Como exemplo relacionado ao parágrafo anterior, podemos citar que as formas como se
praticam os esportes mais conhecidos (futebol, basquetebol, voleibol, handebol, etc) e atividades
físicas (alongamento, caminhada, etc) possui acúmulo de conhecimentos, experiências, vivências
e registros (orais ou escritos) de resultados performáticos ou de fruição.
A cultura que diferencia os povos e uma nação da outra, é o que faz com que sejamos
autênticos, pois somos produtos do meio e produtos para o meio, assim pertencemos a um
processo coletivo e não individual onde nossas experiências cristalizadas entram em confronto
com as novas e fazem com que o ser mais “culto” não seja isento de mudanças e evoluções.
- Cultura objetiva (manifesta): É a cultura que cria situações particulares como hábitos,
aptidões, idéias, comportamentos, artefatos, objetos de arte, ou seja, todo conjunto da obra
humana de modo geral. No esporte, podemos citar: tipo de espaço para as práticas esportivas,
tamanho e especificidade das redes e postes do voleibol, a marcação e tamanho da quadra de
basquete, os formatos das bolas (peso, tamanho, circunferência, etc), entre outros.
- Cultura não-material: É a cultura transmitida pela intenção, onde as ações humanas são
providas de conteúdo e significados, mesmo antes de ser construído ou manipulado; portanto,
são demonstrados através de hábitos, aptidões, idéias, crenças, conhecimentos e vários outros
significados. No esporte, podemos citar: as regras e as normas que regulam o jogo para manter o
“jogo-limpo” (fair-play).