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ANÁLISE DA CURVA TENSÃO CORRENTE EM MATERIAIS

CERÂMICOS DE CaCu3Ti4O12 DOPADOS COM 1% E 2% DE Nb

Glauber Zerbini Costal, glauber.unifei@gmail.com1


Jaqueline do Carmo Lima Carvalho , Jaqueline.z.lima@gmail.com1

1Universidade Federal de Itajubá , Laboratório Interdiciplinar de Materiais Avançados , LIMAv, . Rua Irmã Ivone Drumond, 200 -
Distrito Industrial II, Itabira - MG, 35903-087

Resumo. Neste trabalho amostras CaCu 3Ti 4 O 12 (CCTO) dopadas com 1% e 2% de Nb (nióbio) foram analisadas em
relação as suas propriedades elétricas através de medidas de corrente-tensão. As amostras foram submetidas ao ensaio
várias vezes a temperatura ambiente, com evolução nos passos de tensão, sendo 2, 5 e 10 V. A evolução das
características elétricas foi monitorada por densidade de corrente versus medidas de campo elétrico. Pôde-se observar
que as cerâmicas CCTO dopadas com Nb apresentaram comportamento não linear após certo nível de tensão aplicada,
com curva característica de um varistor. Observou-se um aumento da tensão de ruptura e da constante de não
linearidade na amostra com maior concentração do dopante. Observou-se também a influência do tempo de exposição
do material ao campo elétrico no comportamento da curva corrente-tensão, o que ocasionaria em um aumento da
condutividade elétrica do material em decorrência do aumento de temperatura de sua temperatura durante o teste.

Palavras Chave: Curva tensão corrente, Varistor. Titanato de cobre e cálcio.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, uma tendência à miniaturização tem motivado o desafio de descobrir novas
cerâmicas de óxidos metálicos que tenham mais de uma função em aplicações elétricas. Em especial os
óxidos de perovskita atraíram muita atenção devido às suas extensas propriedades. A estrutura específica e
especialmente os defeitos formados via substituição tornam os óxidos de perovskita excelentes materiais
funcionais e exibindo várias propriedades (JIANYING et al., 2016).
Este tipo de material cerâmico é amplamente utilizado na indústria de eletro-eletrônicos, devido a
sua elevada durabilidade quando expostos a condições extremas, tal como uma temperatura elevada. Além
do mais, são cada vez mais necessários dispositivos eletrônicos mais rápidos, eficientes e pequenos. Para tal
carece-se de novos materiais que tenham alta constante dielétrica, requisito necessário para dispositivos de
memória (VAZ, 2016).
As cerâmicas 𝐶𝑎𝐶𝑢3 𝑇𝑖4 𝑂12 (CCTO) receberam recentemente um interesse considerável. Com
estrutura de uma perovskita cúbica, este material possui uma alta permissividade dielétrica (∼10 4 –10 5)
por baixa perda em baixas frequências à temperatura ambiente (HUANG et al., 2013). Estas boas
propriedades dielétricas tornam possível o uso em armazenamento de energia de alta densidade,
dispositivos de película fina, capacitores dielétricos elevados e uma série de campos de alta tecnologia (XU
et al., 2019). A CCTO também possui excelentes comportamentos não-lineares de corrente tensão,
fornecendo dados importantes para entender suas propriedades dielétricas incomuns (TAO et al., 2009).
Estudos de Lin et al. (2018) mostraram que as variações de corrente-tensão de CCTO são drasticamente
afetadas por doping químico. As enormes diferenças na relação curva de corrente tensão (IV) e na
impedância do contorno de grão são observadas com diferentes dopantes e estratégias de processamento
(WANG et al., 2018).
Devido ao seu excelente desempenho em termos de um alto expoente não-linear e capacidade de
absorver grandes quantidades de energia, tornam as cerâmicas de CCTO promissoras para a aplicação
comerciais em dispositivos microeletrônicos , como varistores (ABU; MARZUKI; AIN, 2019; LI; WU; HUANG,
2018; HUANG et al., 2013; GUO et al., 2006 ) e capacitores de alta energia (ABU; MARZUKI; AIN, 2019) .
Varistores a base de óxido metálico são usados como dispositivos de proteção de sobretensão em sistemas
de potência e circuitos eletrônicos.
Com base neste estudo o presente relatório teve como objetivo analisar as propriedades dielétricas
e comportamento da curva tensão corrente de cerâmicas de CCTO dopadas com 1% e 2% de 𝑁𝑏 em
diferentes passos de tensão sendo eles , 2, 5 e 10 𝑉.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Duas amostras de cerâmicas de CaCu 3Ti 4 O 12 (CCTO) de 1% e 2% de Nb, foram submetidas a


processos de caracterização elétrica. Medidas de tensão-corrente foram feitas, avaliando o comportamento
elétrico do material, quanto ao coeficiente não linear, tensão de ruptura e corrente de fuga. As amostras
foram submetidas a 4 ensaios cada, com três passos de tensão diferente, sendo 2, 5 e 10 V. As análises de
tensão-corrente foram realizadas em pastilhas de CCTO utilizando uma fonte de tensão estabilizada, Source
Meter Keithley 2410-C (Figura 1) à temperatura ambiente para determinar as características elétricas de
corrente versus tensão (I x V), com corrente continua. O equipamento citado encontra-se na Universidade
Federal de Itajubá (UNIFEI) – Campus Itabira.
As amostras foram lixadas e polidas para obter as superfícies planas, e em seguida foram cobertas
com uma camada de ouro. O campo elétrico (E) e a densidade de corrente (J) foram obtidos quando as
amostras foram submetidas a uma diferença de potencial cuja relação é mostrada nas Equações 1 e 2.

𝑉 (1)
𝐸=
𝑑𝑎

𝐼 (2)
𝐽=
𝐴

Sendo:
𝐼: corrente aplicada;
𝑉: voltagem;
𝑑𝑎 : espessura da amostra;
𝐴: área do eletrodo.

Figura 1 - Equipamento utilizado; A): Equipamento de tensão utilizado; B): Amostras de CCTO; C) Porta amostra.
Os equipamentos pertencem ao Laboratório Interdisciplinar de Materiais Avançados da UNIFEI Campus Itabira.

Fonte: Elaboração própria.

Após a realização das medidas buscou-se na literatura a curva característica referente ao gráfico
encontrado. Para a montagem do gráfico comparou-se os dados das 4 medidas de cada passo, referente a
sua respectiva amostra, e devido a pouca variação somente considerou-se a 4° medida de cada amostra, de
cada passo de tensão. Posteriormente calculou-se os valores dos coeficientes de não linearidade () que
foram obtidos por regressão linear entre 1𝑚𝐴/𝑐𝑚² e 60𝑚𝐴/𝑐𝑚², em escala logarítmica. Para tal utilizou-se
o software Origin 8.5 ®. Após a plotagem dos gráficos em escala logarítmica, foi calculado o coeficiente de
não linearidade por meio do inverso da inclinação obtida por meio da regressão linear entre o ponto da
tensão de ruptura (𝐸𝑟 ) e o ponto da tensão no limite de operação do dispositivo. O comportamento elétrico
entre J e E, ou seja, o coeficiente que expressa a não-linearidade de um varistor é definido pela Equação 3.

J = C x 𝐸 (3)

Onde:
𝐶: constante relacionada com a microestrutura do varistor;
𝛼: coeficiente de não linearidade que pode ser calculado pela equação 4.

ln Δ 𝐽 (4)
=
ln Δ 𝐸

Outro parâmetro importante é a determinação da voltagem em que o dispositivo deixa de ser


resistivo e torna-se condutiva, determinada tensão de ruptura (𝐸𝑟 ). Esta tensão foi obtida referente à
densidade de corrente elétrica igual a 1𝑚𝐴/𝑐𝑚². Os valores extraídos foram obtidos no programa Origin 8.5
®.
Próximo à tensão de ruptura ocorre um aumento repentino da corrente que passa pelo material com
um pequeno aumento na tensão aplicada, isto é, fisicamente há um aumento no número de elétrons que
conseguem passar através das barreiras de potencial, gerando o que é chamado de corrente de fuga (𝐼𝑓 ).Ela
é um parâmetro que determina a perda de potência quando o dispositivo está em operação e a voltagem de
transição que o dispositivo pode suportar sem ocorrer aquecimento. É normalmente definida como a
corrente calculada entre os valores de 70% a 80% da tensão de ruptura (FELIX, 2013; GUNNEWIEK, 2013).
Para o estudo adotou-se 0,8 de 𝐸𝑟 .
Já para determinar a voltagem efetiva da barreira de potencial, utilizou-se a Equação 5:
Er . 𝑑̅ (5)
𝑉𝑏 =
𝐷

Onde:
𝑉𝑏 : Tensão exibida por barreira
𝐸𝑟 : Tensão de ruptura
𝑑̅ : Tamanho médio de grão
𝐷: Espaçamento entre os eletrodos (assumindo-se que as faces são paralelas à espessura do
dispositivo).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram obtidas as curvas das Figuras 2 e 3 por meio da aplicação de tensões crescentes, de modo
linear, com passos de 2, 5 e 10 𝑉. Os passos foram aplicados com o mesmo intervalo de tempo, percorrendo
o intervalo de 0 𝑉 até o limite de operação do equipamento, colhendo-se a corrente resultante nas amostras
de 𝐶𝑎𝐶𝑢3 𝑇𝑖4 𝑂12 (CCTO) de 1% e 2% de Nb. Foram descartados os dados a partir das tensões do limite de
operação da fonte (último ponto das curvas de cada gráfico).
Figura 2: Curva 𝐽 × 𝐸 para a amostra de 𝐶𝑎𝐶𝑢3 𝑇𝑖4 𝑂12 (CCTO) com de 1% de Nb; A): em escala linear; B): em
escala logarítmica.

A) B)
Fonte: Elaboração própria.

Figura 3: Curva 𝐽 × 𝐸 para a amostra de 𝐶𝑎𝐶𝑢3 𝑇𝑖4 𝑂12 (CCTO) com de 2% de Nb; A): em escala linear; B): em
escala logarítmica.

A) B)
Fonte: Elaboração própria.

As características de fabricação das amostras de CCTO estão apresentadas no Tabela 1.

Tabela 1:Tensão de ruptura (𝐸𝑟 ), corrente de fuga (𝐼𝑓 ), coeficiente de não linearidade (𝛼) e tensão por
barreira (𝑉𝑏 ) para as amostras de CCTO com 1 e 2% de Nb, para os passos de 2, 5 e 10 𝑉.
Amostras Temperatura Temperatura de Densidade Densidade
de Sinterização [𝐶°] a verde [%] Relativa [%]
Calcinação [𝐶°]
CCTO: 1% Nb 950 1050 53,21 93,73
CCTO: 2% Nb 950 1050 52,42 91,72
Fonte: Modificado de VAZ, 2016.

Por meio das curvas características, foram obtidos os dados de tensão de ruptura (𝐸𝑟 ), corrente de
fuga (𝐼𝑓 ), coeficiente de não linearidade (𝛼) e tensão por barreira (𝑉𝑏 ), os quais estão apresentados no Tabela
2.

Tabela 2:Tensão de ruptura (𝐸𝑟 ), corrente de fuga (𝐼𝑓 ), coeficiente de não linearidade (𝛼) e tensão por
barreira (𝑉𝑏 ) para as amostras de CCTO com 1 e 2% de Nb, para os passos de 2, 5 e 10 𝑉.
Sistemas 𝐄𝐫 [𝑉 ⁄𝑐𝑚] α 𝐈𝐟 𝐕𝒃
a 𝟏𝒎𝑨⁄𝒄𝒎𝟐 [𝑚𝐴⁄𝑐𝑚2 ] [𝑉 ⁄𝑏𝑎𝑟𝑟𝑒𝑖𝑟𝑎]
CCTO: 1% Nb Passo de 2 V 153,8073 7,7537 3,3448E-1 0,177977
Passo de 5 V 155,6297 7,1352 3,3546E-1 0,163714
Passo de 10 V 154,2803 6,5539 3,4064E-1 0,162294
CCTO: 2% Nb Passo de 2 V 165,8600 9,4260 3,2104E-1 0,146028
Passo de 5 V 166,7946 8,7153 3,2178E-1 0,146851
Passo de 10 V 166,2550 7,7580 3,2622E-1 0,146376
Fonte: Elaboração própria.

A tensão de ruptura foi obtida pela análise gráfica, como apresentado na Figura 4, com o auxílio do
software Origin®.

Figura 4: Análise realizada para obtenção da tensão de ruptura a 1𝑚𝐴⁄𝑐𝑚2 .

Fonte: Elaboração própria.

A corrente de fuga e a tensão de barreira foram calculados conforme apresentado na metodologia.


O coeficiente de não linearidade de cada curva foi obtido, pelo inverso da inclinação da regressão linear feita
entre o ponto da tensão de ruptura e do último ponto da curva, em escala logarítmica, como apresentado
na Figura 5.
Figura 5: Regressão linear feita entre o ponto da tensão de ruptura e do último ponto da curva, em escala
logarítmica.

Fonte: Elaboração própria.

3.1. Caracterização das propriedades dielétricas do CCTO

Após pesquisa nos trabalhos publicados sobre o CCTO e comparações com a curvas características
de diferentes materiais, chegou-se à conclusão de que os CCTO se comporta como um varistor, como já
exposto na introdução. Na Figuras 6, observa-se a presença das regiões ôhmicas e da região não ôhmicas,
típicas dos varistores.

Figura 6: Região ôhmica e região de não linearidade (não ôhmica) nas curvas dos testes realizados com o CCTO
de 1% de Nb.

Fonte: Elaboração própria.

As tensões de ruptura obtidas nos testes estão em torno de 160 V. A característica que tornou os
varistores um componente comum em sistemas eletrônicos é justamente a característica de permitir a
passagem de uma alta corrente com uma pequena variação de tensão acima da tensão de ruptura. Este
fenômeno faz com que ele seja utilizado para proteção de circuitos eletrônicos contra possíveis
sobretensões.

3.2. Modificação das propriedades dielétricas nos diferentes passos

Foi observado uma mudança nas curvas obtidas nos testes com passos de 2, 5 e 10 𝑉, como pode-
se observar na Figura 2, na Figura 3 e por meio dos dados da Tabela 2. As constantes de não linearidade são
maiores para os testes de menor passo de tensão (Tabela 3).

Tabela 3:Redução percentual dos coeficientes de não linearidade (𝛼) para as amostras de CCTO com 1 e 2%
de Nb, entre os testes de passos de 2, 5 e 10 𝑉.
Sistemas Redução
de α [%]
CCTO: Entre os testes de
1% Nb passo de 2 V e de 5V 7,98%
Entre os testes de
passo de 5 V e de 10V 8,15%
Entre os testes de
passo de 2 V e de 10V 15,47%
CCTO: Entre os testes de
2% Nb passo de 2 V e de 5V 7,54%
Entre os testes de
passo de 5 V e de 10V 10,98%
Entre os testes de
passo de 2 V e de 10V 17,70%
Fonte: Elaboração própria.

Levantou-se então a hipótese (a qual pode ser analisada futuramente com a realização de testes
utilizando sensores de temperatura) de que este fenômeno se deve ao calor gerado em maior magnitude
nos testes de passos menores. O tempo do aumento discreto de tensão aplicado pela fonte é o mesmo,
independendo do tamanho do passo. Isto se comprova pois a curva com passo de 2 𝑉, que possui mais
pontos que a curva de passo de 5 𝑉, demorou significativamente mais tempo para ser obtida durante o teste
em relação a curva de passo de 5 𝑉. O mesmo se observou no teste com passo de 10 𝑉 em relação aos testes
anteriores. Por isso, quanto menor o passo, maior é o tempo que o material fica expostos ao campo elétrico,
aumentando o aquecimento da amostra durante o teste, o que gera um aumento na condutividade elétrica
no material.
3.3. Modificação das propriedades dielétricas para as diferentes dopagens

Na Figura 7 são apresentadas as curvas obtidas comparando as dopagens de CCTO com 1 e 2% de


𝑁𝑏 para cada passo de tensão. É perceptível um aumento nas tensões de ruptura e dos coeficientes de não
linearidade das amostras dopadas com 2% de 𝑁𝑏 em relação às dopadas com 1% de 𝑁𝑏.

Figura 7: A): Curva dos testes com passo de 2V de tensão, comparando as amostras de CCTO dopadas com 1 e
2% de Nb; B): Curva dos testes com passo de 5V de tensão, comparando as amostras de CCTO dopadas com 1 e 2% de
Nb; C): Curva dos testes com passo de 10V de tensão, comparando as amostras de CCTO dopadas com 1 e 2% de Nb;

A) B)

C)
Fonte: Elaboração própria.

O aumento percentual das tensões de ruptura e dos coeficientes de não linearidade estão
apresentados na Tabela 4. Fica evidente o quanto a dopagem de 2% de 𝑁𝑏 apresenta melhores
características, em se tratando de varistores, com relação a dopagem com 1% de 𝑁𝑏, analisando o aumento
considerável nos coeficientes de não linearidade (TAO et al., 2009).
Tabela 4: Aumento percentual das tensões de ruptura (𝐸𝑟 ) e dos coeficientes de não linearidade (𝛼) para os
testes em cada passo, comparando as amostras de CCTO dopadas com 1 e 2% de Nb.
Aumento de Aumento de
Sistemas
𝑬𝒓 [%] α [%]
Passo de 2 V: entre CCTO 1% e
7,84% 21,57%
2% de Nb
Passo de 5 V: entre CCTO 1% e
7,17% 22,15%
2% de Nb
Passo de 10 V: entre CCTO 1% e
7,76% 18,37%
2% de Nb
Fonte: Elaboração própria.

Analisando a Tabela 4, foi observado um aumento médio de 7,59% nas tensões de ruptura e um
aumento médio de 20,70% no coeficiente de não linearidade da amostra dopada com 2% de 𝑁𝑏 em relação
à amostra dopada com 1% de 𝑁𝑏.

4. CONCLUSÃO

Os objetivos foram alcançados com sucesso, pois foram analisadas as propriedades dielétricas e o
comportamento da curva tensão corrente da cerâmica CCTO dopadas com 1 e 2% de 𝑁𝑏 (Nióbio), obtidas
pela aplicação de passos de acréscimo discreto de tensão de 2, 5 e 10𝑉.
A metodologia utilizada foi eficiente e eficaz na obtenção dos parâmetros necessários,
suficientemente, para as análises exigidas para o comprimento dos objetivos propostos. No entanto, como
discutido, outros testes podem ser realizados futuramente com o intuito de se analisar o comportamento
das curvas, para os diferentes passos de tensão, quanto a geração de calor, por meio da utilização de sensores
de temperatura.
Após estudo sobre o material utilizado para os testes, análise e comparação da curva tensão corrente
obtida, foi verificado que as cerâmicas 𝐶𝑎𝐶𝑢3 𝑇𝑖4 𝑂12 (CCTO) tem o comportamento de varistores.
Foi também observado uma modificação do comportamento das curvas corrente tensão com relação
ao passo de tensão com que se aplica ao material para obtenção da curva. O comportamento observado
resultou na dedução de uma hipótese. A exposição das amostras de CCTO por um maior período de tempo
sob o campo elétrico resulta em maior geração de calor, o que aumentaria a temperatura da amostra,
aumentando a sua condutividade elétrica. Isto explicaria o comportamento apresentado pelas curvas obtidas
com os testes realizados com diferentes passos de acréscimo de tensão, aumentando a constante de não
linearidade para os passos de menor tensão.
A dopagem com 2% o nióbio mostrou melhor o comportamento do varistor com relação a dopagem
com 1% de nióbio ao se analisar o coeficiente de não linearidade. A amostra com a dopagem de 2%
apresentou um aumento médio de 7,59% nas tensões de ruptura e um aumento médio de 20,70% no
coeficiente de não linearidade em relação à amostra dopada com 1% de 𝑁𝑏.
Este trabalho comprovou a importância da metodologia do teste experimental de obtenção da curva
corrente tensão para a análise e caracterização dos materiais quanto ao seu comportamento elétrico.
Comprovou a existência de modificações significativas no comportamento elétrico de cerâmicas CCTO com
relação a diferença de concentração de dopantes de nióbio. Também verificou a importância de se ter
estabelecida a medição da temperatura dos materiais durante os testes de levantamento das curvas de
corrente e tensão para a caracterização elétrica dos materiais.

5. REFERÊNCIAS

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2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.ceramint.2019.04.184>. Acesso em: 05 jun. 2019.

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