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ISEPE – FACULDADE DE ENSINO SUPERIORDE MARECHAL CÂNDIDO


RONDON
CURSO DE PSICOLOGIA

MAYSA PERTELE KRUG

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO BÁSICO I

SUPERVISOR: RODRIGO LUIS VOGT

MARECHAL CÂNDIDO RONDON- PR


2023
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MAYSA PERTELE KRUG

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO BÁSICO I

Trabalho apresentado ao curso de


Psicologia, da Faculdade de
Ensino Superior de Marechal
Candido Rondon, como requisito
para a avaliação para a disciplina
de ESTÁGIO BÁSICO I.

Professor Responsável:
RODRIGO LUIS VOGT

MARECHAL CÂNDIDO RONDON – PR

2023
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SUMARIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................05
2. MÉTODOLOGIA..............................................................................................06
3. RELATÓRIOS...................................................................................................06
3.1. RELATÓRIO DE ESTAGIO I..................................................................06
3.1.1. RELATÓRIO DO DIA 23 DE MARÇO DE 2023...........................07
3.1.2. RELATÓRIO DO DIA 24 DE MARÇO DE 2023...........................09
3.2. RELATÓRIO DE ESTAGIO II................................................................09
3.3.1. RELATÓRIO DO DIA 30 DE MARÇO DE 2023...........................09
3.3.2. RELATÓRIO DO DIA 31 DE MARÇO DE 2023...........................11
3.3. RELATÓRIO DE ESTAGIO III...............................................................12
3.3.1. RELATÓRIO DO DIA 06 DE ABRIL DE 2023.............................12
3.4. RELATÓRIO DE ESTAGIO IV...............................................................14
3.4.1. RELATÓRIO DO DIA 13 DE ABRIL DE 2023.............................14
3.4.2. RELATÓRIO DO DIA 14 DE ABRIL DE 2023.............................17
3.5. RELATÓRIO DE ESTAGIO V................................................................18
3.5.1. RELATÓRIO DO DIA 20 DE ABRIL DE 2023.............................18
3.5.2. RELATÓRIO DO DIA 27 DE ABRIL DE 2023.............................19
3.5.3. RELATÓRIO DO DIA 28 DE ABRIL DE 2023.............................21
3.6. RELATÓRIO DE ESTAGIO VI...............................................................22
3.6.1. RELATÓRIO DO DIA 04 DE MAIO DE 2023...............................22
3.6.2. RELATÓRIO DO DIA 05 DE MAIO DE 2023...............................23
3.7. RELATÓRIO DE ESTAGIO VII.............................................................24
3.7.1. RELATÓRIO DO DIA 18 DE MAIO DE 2023...............................24
3.7.2. RELATÓRIO DO DIA 19 DE MAIO DE 2023...............................25
3.8. RELATÓRIO DE ESTAGIO VIII............................................................26
3.8.1. RELATÓRIO DO DIA 23 DE MAIO DE 2023...............................26
3.8.2. RELATÓRIO DO DIA 24 DE MAIO DE 2023...............................30
3.9. RELATÓRIO DE ESTAGIO IX...............................................................31
3.9.1. RELATÓRIO DO DIA 30 DE MAIO DE 2023...............................31
3.9.2. RELATÓRIO DO DIA 01 DE JUNHO DE 2023............................32
3.10. RELATÓRIO DE ESTAGIO X..............................................................33
3.10.1. RELATÓRIO DO DIA 02 DE JUNHO DE 2023..........................33
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3.10.2. RELATÓRIO DO DIA 07 DE JUNHO DE 2023..........................34


4. DISCUSSÃO.......................................................................................................35
4.1. RELATÓRIOS, (3.1.1./ 3.3.1./ 3.4.2/ 3.6.2./ 3.10.1/ 3.10.2.).....................35
4.2. RELATÓRIOS, (3.1.2./ 3.8.1./ 3.8.2./ 3.9.1./ 3.9.2.)..................................41
4.3. RELATÓRIOS, (3.2.2./ 3.5.1./ 3.5.2./ 3.6.1./ 3.7.2.)..................................44
4.4. RELATÓRIOS, (3.4.1./ 3.2.1./ 3.7.1.)........................................................45
5. PROPOSTA DE INTERVEÇÃO.....................................................................50
5.1. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................50
5.1.1. O OLHAR DA PSICANALISE......................................................51
5.2. OBJETIVOS................................................................................................51
5.3. JUSTIFICATIVA.......................................................................................52
5.4. METODOLOGIA.......................................................................................53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................53
7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................54

ANEXOS...................................................................................................................58
1.FOTO 1: CARTA DE APRSENTAÇÃO............................................................59
2.FOTO 2: TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO
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3.FOTO 3: REGISTRO DE ATIVIDADES REALIZADAS PELO ESTAGIÁRIO
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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo relatar e analisar as experiências


vivenciadas durante o estágio de estágio realizado no Centro de Referência
Especializado em Assistência Social (CREAS) de Pato Bragado, como parte do
percurso formativo no curso de Psicologia. O estágio de aprendizagem uma
oportunidade valiosa para a interação com a prática profissional, o contato direto com os
usuários do serviço e a compreensão das demandas e desafios enfrentados no contexto
da assistência social.

O CREAS de Pato Bragado, situado no estado do Paraná, desempenha um papel


essencial no acolhimento e acompanhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade
social e violência. Durante o estágio de observação, foi possível acompanhar as
atividades desenvolvidas pela equipe de psicologia, observar os processos de
intervenção e contribuir para a compreensão do trabalho realizado nessa área.

A experiência de estágio permitiu uma vivência no cotidiano do CREAS, desde


o acolhimento inicial dos usuários, e em acompanhamento psicossocial de casos. Por
meio da observação participante, foi possível vivenciar a interação entre os profissionais
e os usuários, a aplicação de técnicas psicológicas, bem como compreender os desafios
enfrentados no trabalho em equipe e nas articulações com outras instituições.

Para Iamamoto, (2011, p. 268), “O estágio é um dos espaços privilegiados de


contato direto dos acadêmicos com o cotidiano institucional no mercado de trabalho,
com experiências de trabalho desenvolvidas por assistentes sociais e outros profissionais
afins”.

Durante o estágio, foi possível estabelecer um contato direto com os


profissionais do CREAS, por meio de diálogos, trocas de conhecimento e discussões
sobre os casos atendidos. Essas emoções proporcionam uma visão mais ampla sobre a
atuação do psicólogo no contexto da assistência social, bem como o desenvolvimento de
habilidades de escuta ativa, empatia e ética profissional.
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2. MÉTODOLOGIA

O trabalho aqui apresentado, de natureza qualitativa e caráter de observação,


centrou-se na observação e entrevista na atuação em contextos institucionais da atuação
do psicólogo. Com objetivo especifico de realizar a pratica da observação e transcrição
para relatório com análise técnica; a possível prática de entrevista e transcrição para
relatório com análise técnica; a compreensão e vivência no contexto institucional das
práticas psicológicas e a postura ética no ambiente institucional e em relatórios.
A observação é um instrumento que proporciona uma coleta de dados satisfatória, a
mesma traz a quem observa informações que coloca o mesmo sobre influência do que
ocorre na realidade, possibilitando uma compreensão da natureza e ações
transformadoras eficazes. Por exemplo, o psicólogo escolar utiliza a observação para
identificar possíveis dificuldades de socialização, deficiências referentes a
aprendizagem, deficiências no ensino ministrado pelo professor, deficiências no
currículo escolar e também observa o desempenho de alunos e professores. (DANNA,
2015).
A observação sucedeu no contexto de atuação do psicólogo, do Centro de
Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) de Pato Bragado. O estágio
ocorreu no período matutino, nas quintas feiras e sextas feiras, com carga horária de
quatro horas semanais, durante quatro meses, finalizando com carga horária de oitenta
horas na instituição mais vinte horas de supervisão semanal aos sábados no período
matutino.
3. RELATÓRIOS

IDENTIFICAÇÃO GERAL

Nome do observador: MAYSA PERTELE KRUG

Objetivo da observação: acompanhar as intervenções sócio-psicológicas realizadas, no


CREAS do município de Pato Bragado, estado do Paraná, pela profissional de
psicologia: Franciele Cristina Everling.

3.1. RELATÓRIO DE ESTAGIO I


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IDENTIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES EM QUE A


OBSERVAÇÃO/ENTREVISTA OCORREU

No dia 23 de março de 2023, às 08h00min a psicóloga do CREAS Centro de


Referência Especializado de Assistência Social. Da cidade de Pato Bragado (PR),
começou a realizar suas atividades diárias, sendo acompanhada pela estagiária do
ISEPE – Faculdade De Ensino Superior De Marechal Cândido Rondon– Curso De
Psicologia. A estagiária foi apresentada aos funcionários, assistente social e zeladora, os
quais demonstraram afeto ao cumprimentar e posterior desejando a estagiaria sucesso
em seu estágio.

O centro possui 03 funcionários, 03 salas, 03 banheiros, cozinha, depósito,


bebedouro de água, o local cumpre com as normas de acessibilidade, as salas são todas
identificadas pelas suas finalidades (exemplo: deposito, sala de recreação). A sala da
psicóloga é de 50 m² (cinquenta metros quadrados) uma janela basculante de metal que
fica atrás da mesa da psicóloga, uma mesa para escritório delta 120x140cm (cento e
vinte por cento e quarenta centímetros), um computador, cinco cadeiras, um ar-
condicionado, material de escritório (papel, lápis, caneta e grampeador), um armário
arquivo de metal. O ambiente é organizado, higienizado, além do fato de todos os
funcionários estarem devidamente uniformizados (camiseta polo, cinza, com o brasão
do município, o respectivo nome completo e o cargo que desempenha).

3.1.1. RELATÓRIO DO DIA 23 DE MARÇO DE 2023

No dia 23 de março de 2023, no Centro de Referência Especializada de


Assistência Social, às 08:00, a psicóloga começou a explicar a estagiária de psicologia
sobre seu dia a dia e sobre questões do funcionamento do CREAS. Enquanto estavam
tendo essa conversa adentrou a recepção uma mulher a qual foi atendida pela psicóloga
(o CREAS está sem secretaria/o no período da manhã), a mulher pediu para agendar
uma conversa com o advogado pois queria assessoramento em uma questão referente a
sua herança, a psicóloga então instrui a mulher que o CREAS no momento está sem
advogado, mas em Marechal Candido Rondon, há uma ação feita pela UNIOETE
(universidade estadual do oeste do paraná), que presta auxilio a população de forma
gratuita e que a mulher poderia ir nessa instituição onde ela teria assessoramento, após
isso a mulher agradeceu e foi embora.
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Posteriormente a psicóloga se voltou novamente para a estagiaria e explicou que


naquele dia a Assistente social e ela iriam assistir duas mulheres. Então se esperou até
as 09:00 o horário que seria o atendimento da paciente 01, uma senhora de 70 anos que
foi encaminhada para esse atendimento psicossocial, por denuncias feitas, a qual
afirmavam que a idosa estaria em uma situação de vulnerabilidade social e esse seria o
primeiro contato com ela. Mas por uma questão pessoal não pôde comparecer.

A estagiaria então se direciona a psicóloga e questiona se isso é algo corriqueiro


a psicóloga responde que sim, pois muitos casos são encaminhamentos (exemplo:
concelho tutelar, saúde, escola) ou denúncias, então frequentemente pessoas sentem
receio ao associarem a instituição há uma imagem punitiva. Em casos de
encaminhamentos a psicólogos e a assistente social buscam convidar mais algumas
vezes e os reagendar, buscando serem solícitas e compreensíveis com as estruturas
familiares e sociais de cada individuo encaminhado, auxiliando para que possam
repensar essas estruturas e quais são as possibilidades de reorganização que podem ser
combinadas, e em casos de denuncia essas evasões são repassadas para os órgãos
cabíveis em cada caso.

Chegou às 10:30 horas a assistente social então se junta a estagiária e a


psicóloga, na sala da psicóloga, para que as profissionais pudessem alinharem alguns
pontos sobre a paciente 02, uma mulher de 45 anos, que possui 5 filhos sendo a mais
nova de 3 anos de idade, pois naquela semana houve uma denuncia de que em um surto
de raiva ela quebrou várias louças de sua própria casa, na presença de seus filhos.

As profissionais verbalizaram que gostariam que a paciente 02 buscasse um


tratamento, mas ela sempre apresenta rejeição a isso “o problema não sou eu”- frase
citada pela assistente social,

A assistente social pretendia indicar, que se não tivesse mudança por parte do
comportamento dela, ela tinha grande chance de perder a guarda das crianças, citando
um dos filhos mais velhos de (13 anos) que tinha sido encaminhado para o CREAS,
pois ele agrediu um colega de classe, o qual abriu um boletim de ocorrência contra o
mesmo, que já está sendo assistido pela psicóloga. A psicóloga afirma que é uma
criança muito querida, mas acaba repetindo comportamento que observa em casa. Após
as 11:00 horas percebendo que a paciente 02 não iria vir a assistente social voltou para
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sua sala e a psicóloga começou a fazer os relatórios que estavam pendentes, até o final
do dia de estágio.

3.1.2. RELATÓRIO DO DIA 24 DE MARÇO DE 2023

No dia 24 de março de 2023 as 08:00 a psicóloga chegou junto a estagiaria, e


nesse dia ela estaria sozinha no CREAS, nesse dia não haveria agendamentos, mas ela
planejava chamar uma menina que ela já acompanhava, vítima de abuso, que e na época
tinha 5 anos, o episódio ocorreu quando um amigo da família, se juntou a ela e seus pais
para uma viagem todos no mesmo carro, e esse amigo que sentou no banco de traz
próximo a criança a tocou de forma impropria, ela logo pediu amparo aos pais que
acolheram-na.

Que procuraram a justiça, mas a demora de uma sentença desanima a família em


relação a os atendimentos com a criança, a psicóloga verbaliza ter dado alta para ela,
por conta da família acreditar que este acompanhamento pode colaborar para a criança
reviver o trauma sofrido. Isso ocorreu há um ano, Mas esse mês a escola fez um
encaminhamento pedindo que retomasse os atendimentos com a menor pois perceberam
nela uma recusa para interagir com figuras masculinas (professores), foi então
comunicado a mãe para pedir a autorização para chama-la para esse atendimento. A
psicóloga tentou então a chamar, do projeto de contra turno, o qual é ofertado pela
secretaria de assistência social, que é realizado próximo a o CREAS, ela tentou contato
com profissionais, não teve resposta então foi ver se há encontrava, mas quando a
psicóloga foi à procura dela no projeto, não a encontrou e retornou a o centro.

3.2. RELATÓRIO DE ESTAGIO II


3.2.1. RELATÓRIO DO DIA 30 DE MARÇO DE 2023

No dia 30 de março às 09:00 horas a psicóloga e, a assistente social marcaram


uma conversa de alinhamento com uma mãe 30 anos, esse é o segundo encontro com
ela. Pois houve uma denúncia a qual, afirmava que a mulher levava seus filhos (um
menino de 5 anos e uma menina de 4 meses) consigo em um bar do Município de Pato
Pragado, e nessa denúncia é relatado que em uma ocasião a bebê estar chorando em um
dos cantos do bar no bebê conforto enquanto a mãe jogava sinuca.
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A psicóloga explica que foi repassado pelo conselho tutelar que foi acionado,
para averiguar a veracidade da denúncia, e que quando a encontraram-na no bar os
próprios donos do estabelecimento tentaram esconder as crianças na área de
funcionários, então sendo encaminhada para o CREAS, no dia 15 de março essa mãe é
convidada para ter uma conversa com as profissionais, e neste diálogo foi explicado
para a mãe o motivo de ela estar ali. E em conjunto com a mãe decidiram possíveis
mudanças no seu comportamento para que não colocasse mais seus filhos em uma
situação de vulnerabilidade, e se voltasse a acontecer à equipe multiprofissional teria
que tomar medidas mais rígidas, perante o caso. Ela aceita mudar e compreende que é o
melhor para seus filhos.

Esse segundo encontro que se efetuou na sala da assistente social, pois a sala da
psicóloga a janela não possui cortina e a um grande fluxo de pessoas que passa ali, já a
sala da assistente é mais reclusa e para resguardar os direitos dos que estão.

Usa-se mais dela, sua estrutura é o dobro do tamanho da sala da psicóloga, em


seu interior há seis cadeiras, duas mesas de escritório postas uma ao lado da outra, um
computador, uma janela basculante de metal que fica a direta das profissionais, um ar-
condicionado, material de escritório (papel, lápis, caneta e grampeador), um armário
arquivo de metal. O ambiente é organizado, além do fato de todos os funcionários
estarem devidamente uniformizados, (camiseta polo, cinza, com o brasão do município,
o respectivo nome completo e o cargo que desempenha).

A mulher chega meia hora atrasada com sua filha dormindo no bebê conforto
que ela traz consigo, se desculpa pela demora, pois teve dificuldade de fazer a pequena
dormir, a assistente social pergunta a ela como estava e como estava a adaptação com os
acordos que foram feitos no encontro anterior, a mulher afirma estar bem e que não leva
mais os filhos no bar que quando sai normalmente vai a sorveterias ou lanchonete “que
é ambiente para criança” fala da mulher (SIC), mas que às vezes tem que levar a bebê
com ela no bar, pois ela é vendedora de roupa, e lá ela mostra as mercadorias que tem
para algumas mulheres, ela afirma que é só isso, que ela “só mostra e vai em bora” fala
da mulher (SIC).

A Assistente Social expõem que o melhor era ela parar de frequentar o bar com
as crianças, mas entende a necessidade da mãe, e a menina agora com 4 meses poderia
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começar a ir na creche meio período e ficaria mais fácil para a mulher cuidar dos seus
afazeres e suas vendas, a mulher concorda mas diz que não quer tirar a vaga de outra
criança.

A psicóloga pergunta do filho mais velho, como ele está, a mulher fala que ele
está muito bem, mas tem tido problemas com o atual parceiro dela, ela explica que tem
educado o filho dela “para falar, por favor” fala da mulher (SIC), que ela com seu filho
têm uma relação de muito respeito, mas seu companheiro se opõe e tenta obrigar a
criança a fazer o que ele quer, mas o garoto não aceita as ordens e que “os dois ficam
batendo boca”, e isso a chateia muito que quando ela pede para ele ser mais educado
com a criança, ele fala que “o menino tem que aprender a obedecer” fala da mulher
(SIC).

Após isso, a assistente retoma alguns pontos antes de finalizar o atendimento,


como o fato do filho, muitas vezes não almoçar junto com ela e acabar por substituir a
refeição por uma fatia de pão. E pede para ela se possui interesse em participar do
grupo do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) de geração de renda
(grupo feito com mulheres para ensinar artesanato e maneiras de fazer uma renda extra)
a mulher demonstra entusiasmo com a ideia e assim a equipe se despede da mãe
afirmando que vai entrar em contato com o CRAS e posteriormente passando para ela, a
disponibilidade para ela entrar no grupo.

3.2.2. RELATÓRIO DO DIA 31 DE MARÇO DE 2023

No dia 31 de março a psicóloga não tinha nenhum acompanhamento pretendia


novamente trazer a menina do relatório de estagio I (dia 24/03) para conversarem, mas
seus planos novamente foram coibidos quando as 09:00 horas um dos assistentes do
conselho tutelar do município adentra o CREAS, logo se direciona a sala da psicóloga, a
qual estava a psicóloga e estagiária, adentra a sala “que bom que encontrei você, tem
tempo !” fala do assistente do conselho tutelar (SIC). A psicóloga afirma que não tem
nenhum agendamento naquela manhã e pergunta o que esta acontecendo.

Ele tira uma folha de sua pasta, o qual era um encaminhamento da APAE
(Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Marechal Candido Rondon, que
apresentava um encaminhamento redigido no dia 14/03 no documento a cuidadora (irmã
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mais velha da aluna de 22 anos) relata sofrer de agressões físicas constantes aplicadas
por sua irmã a qual ela é responsável.

A família é composta pela cuidadora, seu filho de 2 anos e a irmã, que é aluna da
APAE do município de Marechal Candido Rondon, uma semana antes a cuidadora foi
chamada para buscar a irmã na escola, devido ao comportamento da mesma na
instituição, estava muito nervosa e agitada na sala, sendo necessário aguardar na
secretaria até a chegada da cuidadora, diante de tal episódio. Agendaram com ela uma
conversa.

A irmã mais velha cuida de sua irmã há cerca de 6 anos, (possui a curatela), a
família morava em outro município do Paraná, mas em busca de melhores condições
mudaram-se para Pato Bragado. Nessa conversa, expôs sobre a difícil rotina de
cuidados, devido aos comportamentos agressivos de sua irmã mais nova em casa e em
lugres públicos, como também, da higiene dela.

Quanto a relacionamento familiar, diz ser complicada, por vezes a irmã agride a
cuidadora, mas nos últimos dias a mesma vem revidando as agressões, que ela e o filho
acabam se isolando de conhecidos, familiares e de idas a estabelecimentos por não
conseguir levar a irmã junto, por causa de seu comportamento. Ela se sente
sobrecarregada por não ter uma rede de apoio para auxiliar nos cuidados da irmã.

Diante o que foi exposto a APAE encaminhou a família para atendimento no


Centro de Referência Especializado de Assistência Social, a fim de avaliar os possíveis
atendimentos, intervenções e encaminhamentos para o apoio da família.

A psicóloga demonstra ficar confusa com o caso e pergunta para o assistente do


conselho se sabe qual a deficiência da menina, mas não sabia com exatidão, acreditava
que era algum atraso no desenvolvimento psíquico, mas não havia sido disponibilizada
essa informação. Com isso ele se despede, a psicóloga comenta então ser um caso bem
delicado, e consegue agendar para uma conversa com as irmãs para a semana seguinte.

3.3. RELATÓRIO DE ESTAGIO III


3.3.1. RELATÓRIO DO DIA 06 DE ABRIL DE 2023
No dia 06 de abril as 09:00 horas da manhã, no CREAS (Centro de Referência
Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, a psicóloga, a assistente social e
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a estagiaria se acomodaram novamente a sala da Assistente social, (descrita no relatório


parcial II do estágio básico I), que chama o adolescente para adentrar na sala, o qual
acabara de adentrar na recepção do centro, e após isso, inicia-se o atendimento.

O adolescente de 16 anos estava em seu último encontro, pois este estava


cumprindo medidas socioeducativas, o jovem foi enquadrado pela polícia, com
substancias licitas, esse seria seu ultimo atendimento para cumprir a pena direcionada a
ele, assim como em todos os atendimentos anteriores, ele teve que realizar uma
atividade que foi entregue para ele no último atendimento, e a atividade consistia em ele
escrever como que foi sua adolescência.

A Assiste Social pergunta para ele como ele estava e como foi à semana dele, o
Paciente então respira fundo e fala que aconteceu muita coisa nessa semana, ele lembra
a psicóloga da mensagem que havia enviado na semana anterior, avisando-a que não
conseguiria comparecer no dia em que estava agendado, pois estava ajudando a mãe na
mudança, em razão que ela havia se separado de seu pai, e em decorrência disso o
adolescente foi reagendado pra o dia de hoje.

No decorrer dessa semana entre o reagendamento e a consulta, o jovem ressalta


que sua mãe junto com ele e seu irmão mais novo se mudaram de casa, dado que ela
sofria diversas agressões do marido, quando esse abusava de bebidas alcoólicas, e que
tais agressões se tornaram mais frequente, mas apenas quando o adolescente não estava
em casa, ele afirma que é por que; “o pai tinha medo de mim, por que eu não abaixo a
cabeça para ele”, citando um dia que o pai ameaçou bater nele e “ele não ficou com
medo”, mas ao ser questionado pela Assistente Social se ele teria agredido seu pai ele
expressa que jamais seria capaz disso.

Então ele continua, que após a saída deles, seu pai enquanto ajudava um amigo,
o genitor do adolescente tentou pegar uma mesa feita mármore, essa que escapou de sua
mão quebrando seu dedo, (o adolescente levanta sua mão esquerda e apertando o seu
indicador, insinuando que seu pai teria quebrado as falanges medial e distal do dedo). Se
comovendo com condição de seu marido a mãe do jovem decide que voltaria a morar
com seu marido, mas para isso o pai teve que prometer que não voltaria a desferir
agressões, o adolescente comenta que após essa conversa seu pai mudou, "ele voltou a
ser o meu pai que eu me lembro", a psicóloga celebra a noticia “isso é muito bom!”,
mas também adverte o rapaz, “faz pouco tempo que tudo aconteceu”, para que ele
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mantenha prestando atenção em seu pai, pois ele poderia voltar a ter condutas que o
levariam a voltar a os antigos hábitos.

O Rapaz diz que isso não voltaria a acontecer que seu pai mudou e que na
conversa ele até afirmou que quando puder beber de novo, (o pai esta tomando
antibiótico em decorrência do dedo), só vai ingerir cerveja preta sem álcool, a assistente
social então instrui que quando o jovem ver o pai alcoolizando-se ele deveria questiona-
lo “ Lembra pai naquele dia o que você prometeu?” sita ela, o garoto diz que vai ficar
em alerta.

A psicóloga pega a atividade e a lê em conjunto com a assistente social, e como


unanimidade elas admitem que ele evoluiu muito do primeiro atendimento, mas se
oporão com ele ter manifestado na atividade que não tem interesse em regressar a o
ensino regular, (o adolescente reprovou, por ultrapassar o limite concedido de faltas,
isso ocorreu no ano passado, ele cursava o primeiro ano do ensino médio).

A assistente advertiu, ele que essa decisão poderia o prejudicar futuramente e


que a visão que tinha sobre estudar estava deturbada, pois na atividade ele afirma que
não voltaria a estudar, pois tina aversão a ideia de que seus pais o “bancasse”, que ele
queria poder ter poder aquisitivo e se auto sustentar, a psicóloga manifesta que “ser
sustentado por seus pais ainda é uma obrigação deles”, e em consonância a Assistente
explica que na fase da infância e da adolescência o filho é assegurado pela lei que o
mesmo não deve prejudicar seu desenvolvimento intelectual. E afirma novamente que
ele deveria retomar seus estudos, e que acreditam que o jovem tem um grande potencial,
ele diz que vai pensar que é algo que não sai da cabeça dele, e se ele regressa-se ele iria
mandar uma mensagem avisando.

A assistente social finaliza então o atendimento, afirmando que vai esperar a


mensagem. Ela entrega uma folha para ele assinar, dizendo que ele estava dispensado
que sua penalidade estava concluída, mas ele seria sempre bem vindo ao CREAS, e se
ele necessitasse de ajuda, elas estariam lá para auxiliar. O adolescente então se despede
de todas que estavam na sala, afirma que se existir qualquer necessidade ele retornara,
pois se sentiu acolhido pelas profissionais, e após isso ele se retira.

3.4. RELATÓRIO DE ESTAGIO IV


3.4.1. RELATÓRIO DO DIA 13 DE ABRIL DE 2023
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No dia 13 de abril as 10:00 horas, adentra o CREAS (Centro de Referência


Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, uma mulher, a estagiaria pede
para ela esperar que a assistente social e a psicóloga já iriam a receber. A psicóloga e a
estagiaria então se direcionam para a sala da assistente social, (descrita no relatório II), e
após se acomodarem, a assistente social então chama a mulher, que adentra a sala e
senta-se.
A assistente social explica à mãe o por que ela foi chamada ali, que receberam
um encaminhamento vindo da, psicóloga da saúde que eles teriam uma conversa e que
elas estariam ali para entender a mulher e sua relação com sua família, a mulher então
de forma ríspida responde “não entendo por que estou aqui, só por aquilo” (SIC), a
assistente social então pede para ela explicar o que era “só aquilo” (SIC) e a mãe de
uma forma ríspida responde “por que minha filha tentou suicídio, não é?” (SIC), a
assistente social então balança a cabeça confirmando, que era esse o assunto, a mãe
então retoma que ela cuidava muito bem das filhas dela e que “se vocês quiser podem
mandar o conselho lá em casa” (SIC), a psicóloga fala que não tem necessidade que elas
acreditam na mãe e só querem conversar.
A mulher desvia o olhar das profissionais e começa a mexer em sua pulseira
rodeando-a no pulso.
A assistente social então pergunta a ela, quem eram as pessoas que moravam
com ela além da filha, a mulher fala que mora ela a filha de 14 anos e o pai das meninas,
além da filha que foi o motivo para a mãe ser chamada, a mulher comenta que quando
tudo ocorreu a sua filha mais velha estava morando com elas e que o ex-marido dela
vivia “atazanado” (SIC), o homem ameaçava-a e toda a família caso essa não voltasse
com ele, também teve casos dele estacionar o carro em frente à casa da mulher e colocar
musica no ultimo volume, e por conta disso ninguém conseguia dormir, ela acreditava
que isso foi um agravante no quadro da filha que era tem um laudo de TDAH
(Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade).
A assistente social então pergunta sobre a relação entre as irmãs se elas se
davam bem, ela então responde que sim, mas que a irmã mais velha e a adolescente
“elas tem a mesma personalidade, não abaixa a cabeça pra ninguém” e isso já rendeu
algumas discussões entre as duas, a mãe então começa a contar o que aconteceu no dia
em que a adolescente tentou cometer suicídio. Um dos colegas de ensino médio da
adolescente foi flagrado pelos pais com um cigarro eletrônico, e para extrair sua culpa
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falou que pertencia a adolescente, e os pais então ligaram para a irmã mais velha que era
conhecida deles para ter a veracidade dos fatos apresentados pelo menino, a irmã em
fúria, discute com a adolescente e conta o caso para a mulher que quando chega em casa
discute novamente com a adolescente, e no ápice da discussão a mãe disfere um tapa na
boca da adolescente que tentava se defender da calunia de seu colega, a adolescente
então dirige-se para seu quarto.
A mãe depois algumas horas, aconselhada pelo marido (esse que esta
trabalhando em Mato Grosso, e só retornará ao final do período de colheita), para que
ela fosse inspecionar a adolescente, pois ela não estava respondendo as mensagens que
ele a enviava, assim a mãe fez e encontrou a filha já desacordada, avia ingerido todo o
medicamento controlado que tinha em casa.
A assistente social pergunta se é algo normal à mulher usar de agressão na
educação das filhas e se ela compreendia a importância da família para o tratamento da
jovem, a mãe se exalta com a alegação da assistente social, pois ela responde
aumentando o tom de voz, “eu educo minhas filhas, nunca precisei elas são bem
quietinhas, se quiserem colocar a assistente social lá em casa pode por”, a assistente
volta a expor que não vê necessidade, e a mãe fala “não sei por que estou aqui, quem
precisa de cuidado é ela” (se referindo a adolescente). A assistente afirma que ela esta
ali por que a psicóloga que acompanha o caso da adolescente achou necessário que
houvesse uma conversa com a mãe para que fosse explicado para ela a importância da
família no tratamento da filha, a assistente então pergunta se ela compreende isso, mas a
mulher não responde, estava olhando novamente para sua pulseira, a assiste então
aumenta seu tom de voz, “você compreende?”, a mulher direciona seu olhar para a
assistente social e comunica que sim que compreende mas que não bate nas suas filhas
que aquele ocorrido foi um caso pontual e que não voltou a acontecer.
A assistente social questiona como ela tem educado as filhas, a mãe então afirma
que dialoga com as meninas, a assistente social retoma que as importâncias que a
família e o ambiente familiar têm importância para o tratamento e a melhora da
adolescente, e direciona a pergunta novamente para a mãe se ela compreende
novamente ela demora a responder e ao perceber que a psicóloga estava queria um
retorno seu ela questiona se vai demorar muito por que ela tem que fazer o almoço que
sua filha mais nova sairia as 11:30 para ir para escola, a assistente social comunica que
a mulher esta dispensada mas que essa conversa seria repassada para a psicóloga que
17

atende a adolescente, e assim decidir se teria a necessidade que a mulher retornasse ao


CREAS, a mulher então afirma que se retornassem a chama-la, “irei trazer as meninas
junto, por que eu já falei tudo que, não sei mais oque precisa ser explicado”, Então se
levanta, despede-se e se retira do centro.
A assistente então pergunta para a psicóloga qual foi a interpretação dela do
caso, ela afirma que não acredita que a mãe retornará, por que a mulher parecia muito
incomodada, além de ter sido exposto a situação delicada da adolescente, a mulher se
sentia ofendida por questionarem sua estrutura familiar e a forma como ela instrui suas
filhas.

3.4.2. RELATÓRIO DO DIA 14 DE ABRIL DE 2023

No dia 14 de abril as 09:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, adenta o cento um adolescente de 17 anos, este que
está cumprindo medida socioeducativa por roubo, o atendimento dele procedeu na sala
da psicóloga, (descrita no relatório I). Compareceu para atendimento, conforme
agendado. O jovem de 17 anos verbalizou que vai continuar residindo em Pato Bragado,
pois não deu certo para residir com o amigo em outro município.

Relatou que quando esteve lá, foi à igreja, a profissional então orientou que
tendo em vista que ele foi com o amigo, que também vá com a avó aqui no município,
uma vez que sua avó vai semanalmente, ele relata que não vai porque a avó não chama,
assim sendo, estabeleceu-se o combinado que irão juntos a igreja.

Relatou que faz uso de substancias ilícito. Foi proposto tratamento para o
adolescente, o qual não aceitou, verbalizou que já foi ao CAPS em Toledo e que voltou
pior, justificando que as pessoas que estão lá “são más influencias”(SID).

Questionado sobre os estudos, verbalizou que vai voltar estudar, assim sendo,
ficou combinado que no próximo atendimento deve trazer o atestado da matricula.
Disse também que pretende voltar a trabalhar na lavanderia, contudo, que responsável
disse a ele que não tem vaga no momento. Disse que pretende estudar durante o dia e
trabalhar a noite na lavanderia.

Foi entregue a atividade pedagógica de realizar pesquisa com 4 adultos sobre


como foi a respectiva adolescência desses indivíduos, com ênfase em trabalho e estudo.
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A qual tem como objetivo que o adolescente entreviste os adultos faça um relatório da
pesquisa e a partir desse contato com a realidade do período da adolescência desses,
possa refletir sobre a importância dos estudos e sobre as oportunidades que possuem
atualmente, entre demais reflexões que se possibilita a partir do contato com a história
desses adultos.

3.5. RELATÓRIO DE ESTAGIO V


3.5.1. RELATÓRIO DO DIA 20 DE ABRIL DE 2023

No dia 20/04 as 09:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, a psicóloga e a estagiaria se direcionam para a sala
da assistente social, (descrita no relatório II), e após se acomodarem, a psicóloga explica
a estagiaria que iriam receber hoje o cuidador de um idoso que esta sendo assistido pelo
CREAS desde dezembro de 2022, após isso o rapaz adentra na recepção do centro e
logo é chamado pela assistente social para se iniciar o atendimento.
O cuidador relatou que o idoso está hospitalizado em Pato Bragado desde
sábado, dia 15 de Abril, que na semana anterior ele trouxe o senhor duas vezes para
internação, e assim segue alternando entre hospital e casa. Que na data de hoje terá que
fazer transfusão de sangue novamente, que irão tentar fazer aqui.

Uma irmã do idoso veio de Santa Catarina para auxiliar, mas que ela não
consegue ficar sozinha com o idoso, “pois é pesado para auxiliá-lo” afirma o sobrinho,
que desde que foi para sua casa ele não se locomove mais e está cada vez debilitado,
que a prima não ajudou com nada, que foi a única que não auxiliou financeiramente
quanto combinaram, e que promete que vai ao hospital para auxiliar e não vai, que nem
mesmo almoço oferece a o cuidador, quando está em Pato Bragado. “Mês passado teve
sete faltas no trabalho e esse mês já teve quatro”(SIC).

Que o processo iniciado no cartório para passar a parte do senhor a o irmão e o


sobrinho, foi encerrado, pois não deram sequência, e no momento ele não se encontra
bem para tal, está mais colaborativo, que deu o cartão da aposentadoria para o sobrinho,
contudo, que solicita a cada pouco uma alimentação diferente.

Verbalizou que o hospital solicita sempre acompanhante, que já discutiu com


uma enfermeira por causa disso, no entanto, que no momento compreende que tem a
necessidade, pois o idoso nem se levanta sozinho.
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Relatou que o idoso verbaliza com frequência tem que medo de ficar sozinho, e
que prefere ficar no hospital, pois tem medo de sentir dor. Que trouxe relatos que “já
está morto”(SIC). Que a médica acredita que um pouco de suas dores no estômago foi
emocional. Solicitou então há psicóloga clinica para que tivesse uma conversar com ele,
mas ainda não avia sido efetuado o acompanhamento do idoso.

O cuidador aponta que o médico de Toledo cortou toda a medicação, devido aos
problemas no estomago. O Sobrinho foi orientado para continuar com os cuidados do
idoso, e ver com a saúde quanto tempo eles estipulam para que a profissional de
psicologia possa ter um atendimento com o idoso, o cuidador também foi elogiado e
acolhido, pelas demandas trazidas por ele nesse e em outros acolhimentos. Após ele se
retirar a psicóloga comenta com a assistente social que pelo relato dele ela acredita que
o idoso não esta lucido.

3.5.2. RELATÓRIO DO DIA 27 DE ABRIL DE 2023

No dia 27/04 as 10:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, a psicóloga e a estagiaria se direcionam para a sala
da assistente social, (descrita no relatório II), já na sala a psicóloga relembra a estagiaria
de um encaminhamento recebido no dia 31 de Março (relatório II), a psicóloga
complementa que o caso delas é bem mais complexo do que elas imaginavam, citando
áudios encaminhados pelo CREAS de Imbituva via Whatsapp, a cuidadora enviou
áudios dizendo que: “Ainda to com essa diaba mas não quero mais, não quero mais,
essa menina ta acabando com minha saúde, não quero mais, entreguei o meu filho para
o pai dele, mas ela não quero mais”(SIC).

Disse ainda: “Ela não quero mais, agora nem na escola ta indo por que não
querem ela, agora já vivia uma prisão agora ficou pior, não sei até quando, ou eu vou
viver ou ela, uma de nos duas, por que eu cansei, chegou no meu limite, eu fico
pensando quem tem família tão apto a por numa clinica, e eu que é só eu que cuido dela
é tão difícil, se eu tivesse família pra me ajuda jamais entregaria, mas é só eu, de
domingo a domingo, vivendo uma prisão, 24 horas, não da mais, chega, se for preciso
sair saio e vou deixar sozinha, por que nem no mercado eu posso ir direito, já tão tudo
avisado, querem me prende pode me prende, eu já vivo numa prisão, não faz
diferença”(SIC). Além dos áudios, encaminharam endereço onde elas estão residindo
neste municio.
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As duas estiveram em atendimento, conforme agendado, não foi possível


realizar atendimento só com a cuidadora, pois conforme verbalizou “minha irmã não
fica sozinha” (SIC).

A cuidadora afirma que cuida da irmã há 06 anos, que os pais são falecidos, pai
faleceu há 18 anos e mãe há 10 anos, que logo após o falecimento da mãe, ela foi para
um abrigo, contudo, quando fez 18 anos, os irmãos foram chamados para assumir sua
responsabilidade, a cuidadora verbalizou que ninguém foi, e então “assumiu essa
burrada” (SIC).

Elas recebem BPC (Benefício de prestação continuada) no valor de um salário


mínimo, e possui pensão alimentícia do filho no valor de R$750,00, e esses dois valores
são sua renda, pontua que não consegue trabalhar, devido os cuidados de sua irmã.

Relatou que reside ela, o filho e a irmã, em casa alugada, que paga R$850,00 de
aluguel, contudo, devido a não estar bem nos últimos dias, por conta dos cuidados que
realiza a irmã, seu filho está há uma semana na casa do pai em Imbituva, porém, que é
temporário, ela se emociona ao citar o filho estar na casa do pai. Também tem uma filha
de 16 anos, que reside em Imbituva.

Elas tem 8 irmãos, contudo, que nenhum auxilia nos cuidados e das necessidades
das irmãs, que um é alcoólatra, e que os demais não apresentam condições, verbalizado
“nem adianta tentar, ninguém quer ela” (SIC).

Residia em Imbituva, e não explicou porque veio residir em Pato Bragado, disse
somente que estava cansada de lá e resolveu mudar, que tem um irmão que mora na
cidade, no entanto, que não tem contato com ele.

A cuidadora não soube dizer qual o diagnostico da irmã, disse que “acredita que
é de nascença”, sobre tratamento que em Imbituva “ela ia no psiquiatra uma vez por
ano” (SIC), no entanto, que o médico psiquiatra perguntava a ela “qual medicamento
vamos dar a sua irmã” (SIC), sugerindo que não era um bom profissional. Ela
verbalizou que não quer mais cuidar da irmã, que estragou sua vida e que está a ponto
de fazer uma besteira, que não tem medo de ser presa, pois já vive em uma prisão.
Relatou que não tem vida social, nem pode realizar qualquer outra atividade, nem ir ao
mercado, pois sua irmã quando vê homens quer ir para cima deles.
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Relatou que a irmã pode ir na APAE duas vezes por semana, porém, que o
transporte do município exige que a cuidadora vá junto, tendo em vista que a irmã é
agressiva, assim sendo, ela opta por não ir, senão necessita passar o dia na praça em
Marechal Candido Rondon, e que só fica fumando e tomando café. Ela verbaliza que
não tem se alimentado, que só fuma e toma café, e que não aguenta mais cuidar da irmã.

Já avia iniciado um processo judicial em Imbituva, com advogado, para


institucionalizar a irmã, mas não sabe dizer sobre o andamento do mesmo, que não teve
nenhuma audiência até o momento, e que achou “que o atendimento de hoje seria para
dar sequência nesse processo” (SIC).

Profissionais explicaram a ela sobre o trabalho do CREAS, que inicialmente


seria para conhecer sua realidade e identificar onde poderiam auxiliar, e orientaram que
ela entre em contato com seu advogado para verificar o andamento do processo e
possível transferência do mesmo para comarca de Marechal Candido Rondon, para que
não fosse necessário abrir um novo procedimento na comarca. Então ela verbaliza,
“não aguentava mais os atendimentos da rede de proteção de Imbituva, que ninguém
fazia nada, e que não está mais disposta a cuidar da irmã. Que dopa ela com os
medicamentos com frequência, para que diminua os comportamentos agressivos, que só
medicação não resolve no caso dela” (SIC), e que só tem o desejo de institucionaliza-la,
caso não consiga, que não se responsabiliza pelo que pode vir a fazer.

Profissionais orientaram a cuidadora durante atendimento sobre a importância do


diagnóstico correto e tratamento correto do quadro de saúde de sua irmã, e que pode vir
a melhorar o comportamento dela, sugeriram conversa com os seus irmãos, e orientaram
que converse com seu advogado sobre o andamento do processo judicial e dê retorno ao
CREAS, no entanto, ela se levantou durante o atendimento, sem que estivesse finalizado
e saiu, “disse que está cansada de ficar conversando, conversando e ninguém resolve
nada”, profissionais solicitaram que ficasse mais um pouco no atendimento, contudo,
ela se retira. A irmã durante todo o atendimento “encarou as profissionais, e também
encarava a irmã”, não foi possível estabelecer nenhuma comunicação.

3.5.3. RELATÓRIO DO DIA 28 DE ABRIL DE 2023

No dia 28/04, no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência


Social) de Pato Bragado, não teve nenhum atendimento agendado, então a psicóloga
22

finalizou relatórios que estavam pendentes. E mostrou para a estagiaria o processo de


montagem dos relatórios.

3.6. RELATÓRIO DE ESTAGIO VI


3.6.1. RELATÓRIO DO DIA 04 DE MAIO DE 2023

No dia 04 de maio às 10:00, no dia foi realizada uma visita a casa de uma
senhora que é assistida pelo CREAS, com início no ano de 2020, pois é uma senhora de
87 anos que reside sozinha em uma casa no perímetro rural de Pato Bragado, já foi
proposto diversas intervenções, mas a idosa recusa-se a deixar sua casa.

Citando outra visita efetuada a alguns meses anteriores, que foi acompanhada do
Promotor, na qual foi conversado com ela quanto a possibilidade de residir com a irmã e
sobrinho, e que ela disse que se o sobrinho “chorar muito” (SIC). ela pode até ir. Que
foi incentivado quanto a questão de que seria bom, pois ela podia fazer companhia para
a irmã e a irmã para ela, que a irmã já está de idade e sente saudades dela e que assim
ambas não ficam sozinhas. Que o Promotor também conversou referente a questão da
limpeza da residência, se poderia ver para alguém ir lá limpar a casa dela, e a senhora
responde de forma ríspida que não precisava, “que já está acostumada com a sujeira, e
que isso não mata ninguém, que foi criada assim” (SIC). sita a psicóloga chegando na
residência.

No pátio havia quatro cachorros de porte médio e dois de grande porte, uma casa
de alvenaria azul, com as paredes sujas de barro, alguns entulhos de mobília que
estavam no canto da varanda da casa, a assistente social em conjunto da psicóloga,
chamam a senhora que demora para abrir a porta, mas nos recebe com um sorriso no
rosto. Ao abrir a porta se percebe diversas panelas sujas de comida sob o fogão e pia.

Ao ser questionada, expressa estar tudo bem; e que o Nico (nome fictício) a
visita frequentemente, que está combinado entre os dois que amanhã ele a levara ao
mercado. Que não vai morar com sua irmã, que vai ficar em sua casa até falecer, que o
sobrinho queria leva-la, que só iria se fosse comprado uma “colônia com casa” para ela.
Contudo, também expressou que “vai esticar as pernas em Margarida” (SIC). se
referindo a falecer, (é onde seu marido está enterrado). Relatou não estar precisando de
nada, ao ser questionada pelas profissionais se precisa alguma coisa, e convidou as
profissionais para almoçar.
23

O atendimento que ocorreu na varanda, a senhora posicionou quatro cadeiras de


alumínio dobráveis (cadeira de praia) ao lado da porta onde procedeu-se o atendimento,
durante o atendimento, os cachorros tinham livre acesso ao interior da casa. Após a
despedida, deu um abraço nas profissionais, o que ela nunca havia feito até então,
verbalizando “Não sei se a gente vai se ver de novo né, eu já estou velha e com muitas
dores, essas dores não são de varde, minha hora tá chegando” (SIC).. Profissionais
acolheram os relatos.

Ao retornar ao carro a psicóloga informa a estagiaria que o Nico é um


funcionário público, não se lembrava no momento sua atuação, mas não teria uma
relação parental com a idosa, que ele a trazia para a cidade e a visitava pelo menos uma
vez por semana para assegurar as condições da idosa.

3.6.2. RELATÓRIO DO DIA 05 DE MAIO DE 2023

No dia 05 de maio as 09:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, adenta o cento um adolescente de 17 anos, este que
está cumprindo medida socioeducativa por roubo, o atendimento dele procedeu na sala
da psicóloga, (descrita no relatório I).

Chegou ao CREAS, conforme agendado, pontualmente. Foi questionado ao


mesmo quanto suas faltas nos atendimentos no centro e os trabalhos voluntários na
Pastoral da Criança. O mesmo verbalizou que esteve doente, com dengue, e por estar
trabalhando, perguntou a possibilidade de poder pagar cesta básica, e a psicóloga
explicou a ele não ser uma modalidade de Medida Sócio Educativa.

Relatou estar trabalhando eu uma empresa de montagens, em Palotina, e que o


patrão dele precisa traze-lo para ir na pastoral e se queixou por isso, foi orientado a ele
sobre sua sentença e que foi uma decisão judicial e não poderia ser modificada.
Demonstrou incomodo quanto as orientações do cumprimento da Medida Sócio
Educativa.

Quanto a atividade de pesquisa sobre adolescência, disse que perdeu. Da mesma


forma os combinados feitos no último acompanhamento, o jovem afirma não ter ido
igreja com a avó, justificando que não quis, do mesmo modo referente a consulta com o
oftalmologista, verbaliza não querer mais, porque “demoraria muito para agendar”, a
psicóloga explicou que já foi encaminhado e que demora um pouco. Quando
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questionado sobre seus estudos o jovem expõem “a professora não dá dinheiro para
ele”(SIC).

Relatou que teve uma audiência, devido a ter sido pego com maconha, e que
pegou mais um mês de Medida Sócio Educativa. Foi orientado a ele que deve respeitar
as regras da Medida Sócia Educativa, questionou se ele irá cumprir a pena, o mesmo
disse que sim, “porque não quer ir preso”(SIC), na sequencia perguntou “o que
acontece se ele não cumprir” (SIC). A psicóloga afirmou que ela não tem poder sobre a
decisão judicial, mas que ele poderia vir a ficar “preso”. Entregou-se novamente a ele a
atividade de pesquisa com 3 adultos sobre a adolescência deles, e a atividade “Como eu
me vejo”, e explicado ao adolescente sobre as atividades.

Embora pouco comunicativo, ele foi orientado dentro das necessidades


identificadas. Ao final do atendimento o adolescente estava menos desrespeitoso, e
agradeceu ao sair.

3.7. RELATÓRIO DE ESTAGIO VII


3.7.1. RELATÓRIO DO DIA 18 DE MAIO DE 2023

No dia 18/05 às 09:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, a psicóloga e a estagiária se direcionam para a sala
dá assistente social, (descrita no relatório II), e após se acomodarem, a psicóloga explica
a estagiária que iriam receber uma mãe, a qual está sendo acompanhada pelo CREAS
desde maio deste ano, quando a família foi encaminhada pelo Conselho Tutelar,
situação de violência física e psicológica (gritos) da mãe para com os filhos. após isso a
mulher adentra na recepção do centro e logo é chamado pela assistente social para se
iniciar o atendimento.
A mulher reside com marido e dois filhos, verbalizou que trabalha realizando
faxinas, aproximadamente 3 por semana, que seu marido é pedreiro autônomo, e que
recebem o benefício, Bolsa Família. Ao ser perguntada sobre os filhos, a mulher afirma
que quanto à o filho, não há queixas dele em casa, e que não entende porque na escola
tem tantos problemas. Relatou que "às vezes precisa dar umas cintadas”, mas que é
dentro da normalidade, “assim como todas as crianças da cidade, que se formos
acompanhar no CREAS por isso, teremos que acompanhar a cidade inteira, e que se ela
não pode bater, quer que falem a ela o que devem fazer, porque depois está nas ruas,
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envolvido com drogas entre outras coisas, aí o que vão querer fazer, se os pais não
podem educar”,

Ela relatou que “era surrada pela mãe, que a mesma era alcoólatra, que após
ter falecido, era surrada pelo pai”(SIC). Destacou que não surrar os filhos, somente
bate e que não deixa marcas, se referindo que não bate para machucar. Relatou também
que o filho sofre muito bullying na escola e que ninguém faz nada, “que um colega, já
levou uma faca na escola e disse que era para tirar a gordura da barriga do meu filho”
(SIC) entre outros bullying que ele sofre.
Também trouxe em seu relato que seu pai faleceu recentemente, e que o filho era
muito apegado a o avô, e sofreu muito com o luto. Que consultou com médico
neurologista, e que o mesmo disse “que o filho não tem nada”, e somente receitou
manipulado de maracujá, que ele está tomando. 
Que no ano passado começou a ir à psicóloga da saúde, que foi uma vez, que no
retorno sua filha mais nova, estava internada, que por conta disso o pai o levou atrasado,
pois tinham esquecido, e por conta do atraso ele não foi atendido, e enfatiza que
ninguém entrou em contato para reagendar. Que começou a ir à psicóloga novamente, e
a última vez que teve atendimento com ela foi no dia 31/04.
A mulher foi orientada sobre questões familiares e em relação à convivência
com o marido, e principalmente quanto à não violência na educação. Ela questiona o
que deve fazer então, pois “castigo não funciona”, foi orientada pela psicóloga, que
deve procurar formas que funcione com seus filhos, que não seja a violência, sugerindo
tirar coisas que eles gostem de fazer, e sempre conversar e explicar o motivo do castigo
de forma que a criança compreenda. Também verbalizou que “tem o tom de voz alto,
que as pessoas acham que ela está gritando/ brigando, mas não é, que tem problema de
audição, pois “a mãe queimou seu ouvido com óleo e alho” (SIC), e que isso corrobora
para que ela fale mais alto.

Ficou combinado com a mãe que ela iria refletir, e buscar sobre diminuir
situações de agressão. Ela também foi orientada sobre os acompanhamentos da rede de
proteção, e que deve manter a frequência da psicóloga na saúde, e que quando precisar
faltar, que avise e busque o reagendamento.

3.7.2. RELATÓRIO DO DIA 19 DE MAIO DE 2023


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No dia 19/05 às 10:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, adentra uma mulher de 44 anos, conforme
agendado. Ela é acompanhada pelo CREAS desde setembro do ano passado, pois é
responsável pelos cuidados com os pais, Pai (80 anos) e Mãe (67 anos).

A Mulher relatou que os irmãos não tiveram a conversa com ela até o momento,
que teve somente um episódio em que sua irmã entrou em contato com ela e pediu se a
cuidadora iria sair para ir em uma atividade de lazer que tinha agendada, que era do
conhecimento da família, e que essa irmã disse para ela ir que cuidaria dos pais,
contudo, não foi. Ressaltou também que observou que após a reunião os irmãos estão
indo mais na casa dos pais, e que não houve nenhum desentendimento entre eles.
Relatou que teve um dia que convidou a irmã para tomar uma cerveja, que “a
psicóloga da saúde está trabalhando com ela que deve ser menos orgulhosa”, e que
ambas devem sair juntas.
Ela verbalizou que mesmo não tendo a conversa ainda com os irmãos, se sente
melhor após a intervenção do CREAS, pois sente “que não está sozinha e que tirou um
peso de suas costas”, por compreender que a responsabilidade dos cuidados com os pais
não é só dela. Relatou que no próximo sábado terá que levar seu pai para uma consulta
com médico oftalmologista, e que na data de hoje mandou uma mensagem para a irmã
solicitando que ela fique com a mãe, que ela ainda não recebeu uma resposta, mas que
repassará ao CREAS qual será a resposta dela, e verbalizou que está curiosa para saber
se realmente poderá contar com o apoio dos irmãos nesse momento. 
A psicóloga afirmou que acredita que sim, que afirmaram em reunião. Também
sugeriu que a mulher se organize com os irmãos, para que possa fazer uma atividade de
lazer, para validar o combinado com os irmãos que poderiam cuidar dos pais uma vez
por mês, para que ela tenha um pouco de lazer, tendo em vista que até o momento a
cuidadora não solicitou nenhuma vez, verbalizou então que vai se organizar no próximo
final de semana, após a consulta do pai.
Ficou combinado que a psicóloga do CREAS entrará em contato novamente com
os irmãos para verificar sobre a conversa que ficaram de ter com a cuidadora, tendo em
vista que até agora não aconteceu. E que ela dará retorno ao CREAS após a resposta da
irmã quanto a cuidar dos pais no final de semana da consulta.

3.8. RELATÓRIO DE ESTAGIO VIII


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3.8.1. RELATÓRIO DO DIA 23 DE MAIO DE 2023


No dia 23 de maio a estagiaria acompanhou a psicóloga e a assistente social para
uma atividade diferenciada, que ocorreu no auditório de Pato Bragado, este que tem
suas paredes forradas, para uma melhor acústica, cadeiras estafadas postas lado a lado,
sendo 20 fileiras retas de 10 cadeiras, com um espaço para corredor ao meio delas. Um
palco com sistema de iluminação, sonoplastia e maquinas de fumaça, ao meio do palco
tem uma estrutura de “MDF”, ilustrando a frente de uma casa, com uma porta ao centro.

A atividade foi desenvolvida pela Secretaria de Assistência Social, por


intermédio do CREAS de Pato Bragado, promoveu uma programação de combate ao
abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. As ações foram realizadas com
alunos do 1º ao 5º ano.

Houve uma encenação teatral do grupo Dusol, com o tema “Que segredo é
esse?”. O objetivo principal é trazer informações sobre o tema às crianças e
adolescentes para que saibam identificar o que é a violência sexual e as formas de
solicitar ajuda.

A equipe de teatro era constituída, por quatro mulheres, a atriz 01 interpreta a


LARINHA, a 02 interpreta o NICO, a 03 interpreta a MÃE DO NICO (ANA) e a atriz
04 interpreta dois personagens que é a MÃE DA LARINHA (CARLA), e PAKO.

As 09:00, a psicóloga, Franciele Cristina Everling e a assistência social, Rafaela


M. Banasceno, agradecem a presença de todos e fazem uma introdução a o conteúdo da
encenação, apresentando a equipe de teatro e assim chamando a equipe, de uma forma
descontraída, apresentam Larinha e Nico, com uma brincadeira de “pega, pega” na qual
as crianças tentavam ajudar há Nico, pois Larinha estava se escondendo. Ao encontrar
os dois decidem brincar de circo, e após a brincadeira, Nico sugere que Larinha fosse
dormir na casa dele, para continuarem a brincadeira, ela se mostra muito empolgada,
mas logo recua e expressa que não pode, pois Pako tem ciúmes dela,

Nico fica confuso, afinal ele é um adulto, então ela explica que Pako a cuida
todas as noites enquanto sua mãe esta trabalhando, que ele é seu melhor amigo e que na
amizade deles tem ciúmes.
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Nico se ressente, pois acreditava ser ele o melhor amigo dela, então Lara tenta
subverter o que disse falando que ele também é um grande amigo dela, e durante esse
dialogo, ela pergunta a ele se tem medo de alguma coisa.

Nico verbaliza

-“Não tenho medo de nada!”

Larinha pergunta

-“Nem do escuro?”

Ele responde

-“Não, claro que não!”

Larinha então fica mais séria e segura seu ante braço: “Nico, se eu contar você
promete que não vai rir de mim?”

Nico ri, de forma que tenta disfarçar:

-“Sim Larinha eu jamais, iria fazer isso”.

Então ela fala que tem medo do escuro, Nico cai na gargalhada, e ela fica brava
e bate nele, e verbaliza,

-“Não é isso seu bobo, é que as vezes o escuro fala comigo”.

Nico para de rir de forma quase que instantânea, e começa a tremer, gaguejando
pergunta,

-“Co...co...como assim Larinha?” e se afasta dela.

Ela parece demonstra ficar mais brava bate o pé no chão e cruza os braços,
“Nico se o escuro fala comigo é por que tem alguém lá!”.

Sem entender ele se aproxima novamente dela e fala que não esta entendendo e
repete tudo que foi expressado por ela. Então Larinha toma um susto e em um tom mais
alto fala que era um segredo tampando a boca com as duas mãos e saindo de sena para
trás da casa.
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Eles mudam a cena então para dentro da casa do Nico, onde sua mãe estava,
Nico comenta com ela oque conversou com sua amiga, buscando que sua mãe ajudasse
ele a entender o que estava acontecendo, Ana apresentou ficar mais confusa que a
criança mas sugere que na próxima noite chame então Larinha para dormir na casa
deles. E liga para Clara, que demonstra empolgação afinal ela não tem parado em casa e
quem fica com ela de noite é um grande amigo, Pako, mas que percebeu que sua filha
esta bem quieta e desanimada, mas acredita que isso pode vir a anima-la.

Muda a cena, no dia seguinte Larinha estava brincando de boneca, e Nico chega
todo animado para dar a grande noticia para ela, que não parece ficar muito feliz;

-“Nico, te falei que não posso, que Pako não vai deixar!”

Nico responde;

-“Lara minha mãe falou com sua mãe que deixou você ir lá em casa, uma noite
não vai fazer diferença”

Ela demonstra ficar mais animada

-“Há se minha mãe deixou, não vai dar problema né!”

Ele então pula e comemora, entra em cena então Pako, que pede um abraço de
Nico, que recua, mas antes de sair de sena fala;

-“Pako a Larinha hoje vai dormir lá em casa”.

E sai correndo para trás da casa.

Pako então fica com uma expressão seria e explica a Larinha;

-“Você sabe que morro de ciúmes de você, que eu gosto muito de você!”.

Ela responde;

-“Pako é só por uma noite!”.

Ele questiona do segredo deles, e a lembra que não pode contar para ninguém.
Ela concorda com um aceno da cabeça, após isso ele a leva pela mão para trás da
30

estrutura da casa. Muda-se a sena de novo e nela Nico e sua Mãe se preparam para
receber a Larinha que chega de cabeça baixa e demonstrando estar triste, mas não
comenta nada, Nico se empolga com a presença de sua amiga e pega a boneca de sua
mão para brincar, e ela se estressa gritando para ele parar,

Ana percebendo o conflito convida os dois para brincar de “ciências”, Nico fica
eufórico pois toda vez que brinca de ciências ele aprende algo novo, ela então chama
Larinha para participar e pede para que ela faça um “X com o corpo”, Larinha, vai ao
meio do palco levanta os braços e afasta suas pernas, então Ana fala que hoje a
brincadeira vai ser sobre o corpo humano, então ela aponta para os olhos, nariz, boca,
verbalizando qual parte do corpo era e sua função, após isso ela toca no cento do tórax,
barriga, mas na hora que ela ia apontar a parte intima, ela recua e põem suas duas mãos
sobre a região intima.

Ana então se desculpa e explica para ela que não iria tocar que apenas quem
poderia tocar é quem a mesma deixa-se ou ela mesma, Lara demonstra ficar confusa e
pergunta o que deve fazer caso alguém que é um adulto fazer isso, e a resposta para isso
Ana fala que deve procurar um adulto de confiança pois “carinho não envergonha, nem
machuca”. Ela então traz uma caixa e fala para as “crianças” que aquela era uma caixa
magica e todo problema colocado ali iria se resolver, dando um papel para Nico e
Larinha, Que escrevem e se retiram de sena, Ana então pega e lê o papel dos dois e no
dia seguinte chama sua amiga e mãe da Larinha para conversar e mostrar a ela o bilhete.

Assim ocorreu, Clara não acredita se ajoelha no chão e chora, pois se culpa por
não ter percebido que a figura de um homem caridoso e amigável para ela estava
fazendo isso com sua amada filha, Ana então levanta sua amiga e fala que vai ajuda-la,
mas que primeiro devem fazer a denuncia, saindo de sena.

Entram novamente Larinha e Nico, que brincavam de “pega, pega”, ela


consegue pegar ele, que a parabeniza e comenta que ficou feliz em vela muito mais feliz
nos últimos dias. Então Larinha finaliza a peça falando que esta muito feliz porque
entendeu que “não pode haver segredos entre um adulto e uma criança, e que carinho é
tudo aquilo que é legal, que não pode fazer a criança ficar desconfortável ou com
vergonha”.

3.8.2. RELATÓRIO DO DIA 24 DE MAIO DE 2023


31

No dia 24 de maio as 10:00 horas, no CREAS (Centro de Referência


Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, a estagiaria a psicóloga
organizam a sala da profissional, (descrita no relatório I), pois nesse dia receberiam uma
criança, Trouxe então uma mesa e duas cadeiras infantis, foi posto sob a mesa 2
desenhos, (um de flores, um unicórnio) e uma folha em branco, uma caixa de lápis de
cor, um lápis grafite, uma borracha e um apontador. Durante esse período, a psicóloga
explicou um pouco do caso, no dia anterior receberam um Encaminhamento do
Conselho Tutelar, devido a menina de 7 anos ter apresentado a seguinte fala: “vamos
brincar de adulto”(SID) e pedir para tirar a roupinha e passar a mão uma na outra
enquanto estava brincando com uma colega de classe. Após finalizar a psicóloga
afirmou que a folha em branco era caso a menina quisesse desenhar ao invés de só
colorir. A criança foi trazida por uma professora do projeto de contra turno do
município, o qual a criança começou a frequentar em Fevereiro.

Ao ser questionada sobre seu pai, relatou ter boa relação com ele, que cuida bem
dela, faz comida. Relatou também que dorme com o pai, pois tem medo de dormi
sozinha. Relata que gosta de mexer no tablet, mas que somente assiste desenho, coisas
de criança, que uma vez tinha um comercial que não gostava, e por conta disso o
bloqueou, a psicóloga perguntou o que tinha no comercial, ela afirmou “era chato, um
homem falando sobre uma escola”(SID). Relata gostar de brincar com uma amiga, que
brincam de “pega pega”, “esconde escode”, (não traz relato de “brincadeiras” que não
sejam adequadas a idade). Expõem sentir saudades da mãe, (mora em outro estado).

Após o atendimento da menina a psicóloga elenca que durante atendimento, bem


como nas atividades realizadas, não se observou nada que indicasse que tivesse
acontecido uma situação de violação do direito. Pois a menina trouxe seus relatos de
forma bem espontânea, o que indica que se de fato ela tivesse vivenciado alguma
situação de violação do direito, esta falaria ou expressaria de alguma forma. Mas que
continuaram acompanhando-a e que já estão marcando para na próxima semana chamar
o pai dela também.

3.9. RELATÓRIO DE ESTAGIO IX


3.9.1. RELATÓRIO DO DIA 30 DE MAIO DE 2023
32

No dia 30 de maio as 09:00, no CREAS (Centro de Referência Especializado de


Assistência Social) de Pato Bragado, adenta o centro a mãe da menina (descrita no
relatório I), o atendimento dela procedeu na sala da psicóloga, (descrita no relatório I).

Foi repassado a ela quanto ao último atendimento realizado com sua filha. E que
ela relatou estar bem e que está tudo bem com a família. Que gosta de ir ao projeto, que
já fez amigas. Não trouxe nenhum relato quanto à situação de abuso, ou medos
relacionados a este. Relatou também que ela e a mãe vão junto quando o pai vai jogar
bola e que quando está frio ficam no carro, e que gosta de ir junto. Não trouxe nada
quanto a questão de sentir medo de homens

Mirian relatou que estava tudo bem no que compete ao contexto familiar.
Verbalizou que no momento não estão saindo muito enquanto família, mas que sua filha
também não trouxe mais relato quanto a questão de estar com medo de homens, e nem
quanto a situação de abuso.

Mas que às vezes tem episódios de um possível “sonambulismo” a noite, que


levanta e sai caminhando pela casa, que recentemente abriu a porta da geladeira e fez
xixi lá dentro. Relatou ainda que isso já acontecia antes do abuso e que é frequente,
quase todos os dias.

Profissionais orientaram que em uma próxima consulta que tiver com algum
medico que seria importante passar quanto a isso ao médico para que ele possa avaliar a
situação e se necessário realizar o tratamento adequado. Relatou que ela continua
fazendo acompanhamento com psicóloga da saúde quinzenal.

3.9.2. RELATÓRIO DO DIA 01 DE JUNHO DE 2023

No dia 01 de junho o as 10:00 horas, no CREAS (Centro de Referência


Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, a estagiaria a psicóloga
organizam a sala da profissional, (descrita no relatório I) .O responsável pela criança
(relatório VIII) adentro o CREAS, conforme agendado, profissionais explicaram o
motivo do atendimento, verbalizando sobre a fala de sua filha, sobre “brincar de
adulto”, passar a mão no corpo da amiga, o pai agradeceu pelas informações, pois
disse que até momento o Concelho Tutelar não tinha falado o porquê das intervenções, e
que estava incomodado por não entender.
33

Relatou que trabalhava de forma terceirizada no Barracão, e que agora é


microempreendedor.

Que já esteve preso devido a policia ter encontrado drogas em seu carro,
contudo, que eram de sua ex esposa e mãe da garota. Que ela já esteve em vários
internamentos, assim como já esteve em situação de rua e recentemente teve um
episódio em que esfaqueou seu atual companheiro, que atualmente reside em São Paulo.
Que o avô materno de sua filha é desembargador no Rio Grande Sul, que manda um
valor referente à pensão alimentícia mensalmente, que entra em contato ela via telefone,
e que nas férias vem os visitar e a leva para passear, ficando alguns dias em hotéis da
região.

Sobre a verbalização de sua filha, ele que não sabe o motivo, que desconhece
qualquer situação que justifique. Relatou que a filha fica grande parte do tempo no
celular no “youtube kids”, e que às vezes esconde dele o que está assistindo, “ não
entendo muita dessas coisas, mas que pede para sua sobrinha, supervisionar o que ela
está assistindo”(SID). Ressaltou que a sobrinha lhe auxiliar bastante nos cuidados com
sua filha.

O responsável foi orientado quanto a sua função pela guarda da infante,


orientações quanto ao cuidado, proteção e prevenção de situações de risco para com a
filha, sendo destacado que deve fazer orientações em relação a prevenção de violência
sexual para a filha, assim como, orientar a filha que deve contar tudo sempre a ele,
sendo ele uma figura de proteção a ela.

3.10. RELATÓRIO DE ESTAGIO X


3.10.1. RELATÓRIO DO DIA 02 DE JUNHO DE 2023

No dia 02 de junho as 10:00 horas, no CREAS (Centro de Referência


Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, a estagiaria a psicóloga
organizam a sala da profissional, (descrita no relatório I) a psicóloga entra em contato
com a, avó e responsável pelo adolescente descrito nos, (relatório IV e VI) para lembra-
la do atendimento agendando para ele na data de hoje as 13h45min, a senhora retornou
informando que o neto disse “que não vai vir no CREAS, nem vai estudar”(SID), e que
vai cumprir sua medida sócio educativa na pastoral da criança somente.
34

Profissional explicou para ela que ele precisa comparecer para cumprir o
processo integralmente. A responsável enviou um áudio no qual ela verbalizava “que
vai esperar o neto fazer 18 anos e vai pedir para ele sair da casa dela, que não aguenta
mais, que ele não a respeita, que essa noite dormiu fora de casa e que ela não sabe
onde ele está, que ele só vem para casa enche o bucho e sai de novo. Que emprestou
dinheiro para ele comprar um celular, que ele recebeu do trabalho dele mas não a
pagou, que já vendeu esse celular”(SID).

Profissional acolheu os relatos dela e a orientou e pediu para que reforce a o


adolescente para comparecer no agendamento, a senhora disse que “se o neto voltar
para casa antes, ela o avisara”(SID).

3.10.2. RELATÓRIO DO DIA 07 DE JUNHO DE 2023

No dia 07 de junho as 10:00 horas, no CREAS (Centro de Referência


Especializado de Assistência Social) de Pato Bragado, a estagiaria a psicóloga
organizam a sala da profissional, (descrita no relatório I), para receber o adolescente
citado no (relatório de estagio I). Profissionais ressaltaram sobre acompanhamento da
Medida Sócio Educativa, o infante verbalizou que o contexto familiar está satisfatório e
que não brigou mais no colégio. Disse que o irmão vai estudar no EJA, que a irmã está
indo no CMEI, que se revezam enquanto as atividades domesticas, que ele e o irmão
revezam quanto a lavar a louça. Relatou que a mãe ainda não fez a documentação deles,
RG, conforme orientada.

Questionado sobre possível desentendimento da mãe com os vizinhos, relatou


não saber de nada. Foi orientado quanto a evitar brigas, a respeitar regras, e sobre as
consequências que sempre existirão quando adentrar em uma briga ou demais atitudes
que não sejam assertivas, que as consequências sempre virão. Também foi orientado
sobre as possiblidades caso se envolva em mais um ato infracional, podendo ser uma
Medida Sócio Educativa mais danosa.

Foi entregue a ele atividade pedagógica de realizar pesquisa com 4 adultos sobre
como foi sua adolescência, com ênfase em trabalho e estudo, a qual tem como objetivo
que o adolescente entreviste os adultos, faça um relatório da pesquisa e a partir desse
contato com a realidade do período da adolescência desses adultos, na qual muitos não
tiveram as mesmas oportunidades que se tem hoje para estudar, possa refletir sobre a
35

importância dos estudos e sobre as oportunidades que possuem atualmente, entre demais
reflexões que se possibilita a partir do contato com a história desses adultos, e também a
atividade Gosto e Faço, ficando combinado para ele entregar no próximo atendimento.

Profissional tinha um desenho dele no mural da sala, o qual foi feito


aproximadamente em 2019, ele pede se poderia levar para mostrar para a mãe; tendo em
vista que gosta de desenhar, ficou combinado que vai fazer um desenho para trazer para
a equipe.

Foi estimulado a refletir sobre brigas, discussões e suas consequências, assim


como, outras formar de resolver possíveis desentendimentos que aconteçam tanto no
ambiente escolar, como fora dela.

4. DISCUSSÃO

4.1. RELATÓRIOS, (3.1.1./ 3.3.1./ 3.4.2/ 3.6.2./ 3.10.1/ 3.10.2.)

- ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI


O trabalho do profissional de psicologia, no que se refere a adolescentes que
efetuam medidas socioeducativas (MSE) deve ser contextualizado no âmbito da lei do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei Federal n.º 8.069/90, conquista que
marca nossa vida política na relação com as crianças e os adolescentes brasileiros.

O ECA configura como ato infracional "conduta que pode ser configurada como
crime ou contravenção penal que quando exercida por criança ou adolescente (artigo
103, Lei 8069/90)”, do mesmo modo determina como adolescente: “É a pessoa que
possui entre doze e dezoito anos de idade incompletos” (artigo 2º, segunda parte, da Lei
8069/90) .

O artigo 112 da Lei 8069/90 estabelece as medidas que podem ser aplicadas aos
adolescentes quando ocorre a prática de ato infracional. A autoridade competente tem a
possibilidade de escolher entre as seguintes medidas: responsabilidade, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em
regime de semi-liberdade, internação em estabelecimento educacional ou qualquer uma
das medidas previstas no artigo 101, incisos I a VI.
36

Ao aplicar uma medida, é necessário levar em consideração a capacidade do


adolescente em cumpri-la, bem como as circunstâncias e a gravidade da infração. A
medida deve ser adequada à situação específica do adolescente e fornecer uma
oportunidade para sua ressocialização e reintegração na sociedade.

Portanto, o artigo 112 da Lei 8069/90 estabelece um conjunto de medidas que


visam à responsabilização e à ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei,
garantindo a proteção de seus direitos e a busca por sua reintegração na sociedade.

O ECA estrutura os atos infracionais em Leve, Grave e Gravíssimo,


configurando, atos de caráter leves, são considerados atos infracionais equiparáveis a
“infrações penais de menor potencial ofensivo (pena máxima não superior a dois anos,
com base no artigo 61 da Lei 9099/95, alterado pela Lei 11.313/06), Da mesma forma
os atos infracionais análogos a crimes de médio potencial ofensivo são considerados
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como infrações leves (pena mínima não
superior a um ano, com base no artigo 89 da Lei 9099/95, que autoriza inclusive a
suspensão condicional do processo). A penalidade estimada para tais atos infracionais é
de advertência, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade ou liberdade
assistida.
Atos infracionais análogos a crimes de maior potencial ofensivo (pena mínima
superior a 1 ano) cometidos sem violência ou grave ameaça. (artigo 33 da Lei
11.343/06), são considerados infrações de grau Graves e tem como pena a reparação do
dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida ou semiliberdade.

Os casos de infrações consideradas gravíssimas, são aquelas análogas a crimes


cometidos mediante violência ou grave ameaça à pessoa cuja pena mínima seja superior
a 1 ano. Tem como punição reparação do dano, prestação de serviços à comunidade,
liberdade assistida, semiliberdade ou internação. “Todas as medidas socioeducativas são
atribuídas judicialmente, em audiência formal e na presença do adolescente e dos seus
pais ou responsáveis” (BEZERRA, 2018, p. 9)

“Já a Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) e a Liberdade Assistida


(LA) devem ser executadas sob responsabilidade dos governos municipais
através de programas de órgãos públicos ou de organizações não
governamentais”(CFP, 2012, p. 31).
37

O Centro de Referência Especial de Assistência Social (CREAS) consiste em


uma equipe multiprofissional, que exerce o cumprimento da Política Nacional de
Assistência Social (PNAS), acolhimento social especializado, tendo o dever de ofertar,
dentre outros ocupações, detém o dever de proteção há “adolescentes em cumprimento
das medidas socioeducativas de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC)” (BEZERRA, 2018, p. 10).

“Ao elencar direitos, estabelecer princípios e diretrizes da política de


atendimento, definir competências e atribuições gerais e dispor sobre os
procedimentos judiciais que envolvem crianças e adolescentes, a
Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente instalaram
um sistema de “proteção geral de direitos” para crianças e adolescentes,
com o objetivo de realizar efetiva implementação da Doutrina da Proteção
Integral, denominado Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente (SGDCA)” (BRASIL, 2006).

As políticas de atenção a crianças e adolescentes são compostas por princípios e


normas que são promovidas, pelo Poder Público nas suas três esferas (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), junto dos três Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário), e da sociedade civil, sob três eixos: Promoção, Defesa e Controle Social. A
adoção dessa sistematização tem como finalidade facilitar a compreensão e atuação em
torno das várias demandas que envolvem a temática, tornando mais efetiva a proteção
dos direitos desse público. (BRASIL, 2006)

No contexto do trabalho do psicólogo com adolescentes que cumprem medidas


socioeducativas (MSE), o Conselho Federal de Psicologia destaca a importância da
ousadia e criatividade para a execução dessas medidas, bem como a necessidade de
investir permanentemente na construção de alternativas, aos impasses trazidos pelos
adolescentes. O profissional deve trabalhar em conjunto com outros profissionais na
construção do projeto socioeducativo, contribuindo para a elaboração de instrumentos e
recursos para a concretização e eficiência da medida.

É fundamental que o trabalho do psicólogo com adolescentes em MSE leve em


conta a subjetividade, tendo como base o compromisso com a garantia dos direitos
fundamentais, em conformidade com o que está previsto no Código de Ética do
profissional. O contexto interdisciplinar e a construção de conhecimentos e práticas
subsidiadas por informações concretas devem ser considerados para que o projeto de
vida do educando seja bem sucedido.
38

A aplicação de medidas socioeducativas deve ser tratada para oferecer apoio


social ao adolescente, assegurando um suporte protetivo que o ajude a desenvolver suas
capacidades de enfrentamento e responsabilização por atos cometidos de maneira
pedagógica, sem limitar-se somente ao caráter punitivo. É fundamental que haja um
olhar atento e sensível para a vida desses adolescentes que cometeram atos infracionais,
levando em consideração a constituição de sua subjetividade, a qual é
predominantemente marcada pela identificação do ato cometido, enquanto estava em
cumprimento da medida socioeducativa.

O objetivo deste manuscrito é trazer à tona a problemática que envolve a


constituição da subjetividade dessas jovens, destacando a necessidade de políticas
públicas que visem o seu desenvolvimento integral. É preciso compreender que a
adoção de medidas socioeducativas não pode se retomar apenas ao cumprimento de uma
obrigação legal, mas deve ser pensada como um meio para favorecer a reintegração
desses adolescentes à sociedade de forma plena e digna.

Nesse contexto, a escuta pode oferecer ao adolescente um espaço de


protagonismo e reconhecimento, permitindo que ele construa uma narrativa pessoal
sobre suas experiências, seu passado, sua situação no contexto socioeducativo e seus
planos para o futuro. Dessa forma, a escuta ativa e respeitosa pode ser uma ferramenta
valiosa para que o adolescente se sinta ouvido e compreendido, além de encorajar a
reflexão sobre suas escolhas e ações.

Ao dar voz ao adolescente e permitir que ele se expresse livremente, a escuta


pode contribuir para o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança, bem como para
o desenvolvimento de habilidades sócio emocionais, importantes, como a empatia e a
capacidade de lidar com conflitos de forma construtiva. Além disso, a escuta pode ser
um instrumento importante para a construção de uma relação de confiança e respeito
entre o adolescente e os profissionais envolvidos em seu atendimento.

Diversos estudos têm defendido a importância da escuta atendida e


comprometida por parte dos psicólogos que seguem no contexto socioeducativo.
Segundo Souza e Moreira (2014), a escuta singularizada, contribuição da psicanálise
para a intervenção junto a jovens que cometeram ato infracional, provoca esses
adolescentes a falarem, construírem novos laços e retomarem suas vidas, retificando
suas trajetórias prévias marcadas por violências.
39

Capanema e Vorcaro (2012), o trabalho dessas autoras aponta para a ideia de


retificação subjetiva, que se configura como uma possibilidade de reconstrução da
subjetividade desses jovens a partir de uma escuta atenta e atendida. Gurski e
Strzykalski (2018), por sua vez, também abordam a contribuição da psicanálise pela
oferta de uma escuta atenta em “Rodas de RAP” (Ritmos, Adolescência e Poesia). Esse
dispositivo, segundo as autoras, permitiu o desenvolvimento de uma escuta que se
configurou como um espaço de acolhimento e expressão para os jovens, permitindo a
emergência de subjetividades antes silenciadas e a construção de novas possibilidades
de vida.

Os estudos mencionados reforçam a importância de uma escuta comprometida


por parte dos psicólogos, no contexto socioeducativo, especialmente quando se trata de
jovens que cometeram atos infracionais. A partir dessa escuta, é possível construir
novas possibilidades de vida para esses jovens, favorecendo a retificação de suas
trajetórias e o desenvolvimento de uma subjetividade mais saudável e integrada.

A vigilância do trabalho em rede, permite um cuidado mais integral para com o


jovem em cumprimento de medida socioeducativa, tendo em vista a importância de uma
rede de proteção para o momento de saída da internação. Nesse sentido, as referências
técnicas enfatizam que a inserção do adolescente em uma rede de serviços, e em
programas será o grande facilitador para esse momento, uma vez que, diante do
encerramento da medida, o jovem precisará contar com uma rede de proteção que o
apoie e o ajudar a evitar a reincidência em práticas infracionais (CFP, 2010). É
fundamental que essa rede seja construída com base em um trabalho conjunto entre
diferentes atores, tais como profissionais da saúde, assistentes sociais, educadores,
psicólogos, entre outros, visando a construção de um suporte efetivo para o adolescente.

Com relação aos efeitos da escuta clínica, Coscioni et al. (2018) identificaram
em seu estudo que intervenções de apoio psicológico podem contribuir para tranquilizar,
acalmar, dar ânimo e suporte aos adolescentes, além de ajudá-los a aliviar a pressão
psicológica que sentiram. Mais especificamente, a escuta das histórias dos adolescentes
permitiu a reelaboração de experiências passadas e a projeção de perspectivas futuras.
Além dos externos presentes no contexto socioeducativo, outras vulnerabilidades
presentes nas comunidades em que vivem os adolescentes também se jogam como
obstáculos para a atuação profissional, exigindo ações sócio-políticas mais amplas.
40

Guerra, Cunha, Costa e Silva (2014) questionam o alcance da psicanálise no contexto


socioeducativo, considerando a necessidade de intervenções sociopolíticas que possam
abordar os efeitos das intervenções.

O estudo de Aragão, Margotto e Batista (2012) destaca algumas dificuldades


relacionadas ao trabalho com adolescentes em conflito com a lei, como as relações de
poder envolvidas nesse contexto e a falta de identificação, por parte dos adolescentes,
com um movimento ressocializador na prática socioeducativa . Nesse sentido, é
importante que as intervenções ocorridas no âmbito socioeducativo considerem não
apenas como questões individuais dos adolescentes, mas também como questões sociais
e políticas mais amplas que provocaram suas vidas e suas comunidades.

Os estudos reunidos nesta categoria destacam a indissociabilidade entre as


estratégias de aproximação, consideração das peculiaridades dos casos e intervenção,
pois a escuta ativa, como uma ferramenta privilegiada na atuação do psicólogo, permite
tanto conhecer o adolescente quanto promover processos de reflexão e reconstrução de
projetos de vida. Esses aspectos são enfatizados nas referências técnicas do Conselho
Federal de Psicologia (CFP, 2010).

A partir da escuta classificada e da compreensão das necessidades e desafios


enfrentados pelo adolescente em conflito com a lei, os profissionais podem desenvolver
intervenções que visem à promoção de sua autonomia, cidadania e bem-estar
psicossocial. Isso pode incluir ações que ajudem o adolescente a lidar com suas
emoções, a desenvolver habilidades socioemocionais, a identificar seus valores e
objetivos de vida e a construir um projeto de futuro que seja efetivamente com suas
necessidades e desejos.

A escuta ativa também pode contribuir para a construção de vínculos de


confiança e respeito entre os profissionais e os adolescentes, o que é fundamental para a
ativação das intervenções realizadas. Nesse sentido, é importante que os profissionais
que trabalham no contexto socioeducativo sejam capacitados para utilizar essa
ferramenta de forma ética, respeitosa e efetiva, levando em consideração as
particularidades de cada caso e as diretrizes proibidas pelas referências técnicas.

“As investigações também evidenciam o caráter técnico, clínico e político da


escuta, apontando a subjetividade e a produção de intervenções a partir do
compromisso com a garantia dos direitos do adolescente” (CFP, 2010).
41

E importante considerar que as intervenções e práticas profissionais devem


mobilizar o adolescente, seja por meio de abordagens mais tradicionais como a escuta
clínica, ou por meio de abordagens mais inovadoras e coletivas, como aquelas que se
apoiam no esporte e na cultura. Além disso, é necessário envolver famílias e
comunidades, promovendo a responsabilização coletiva. Como o atendimento aos
adolescentes autores de atos infracionais é uma responsabilidade do Estado e da
sociedade, que envolve todas as políticas públicas, é fundamental que a atuação do
psicólogo seja cuidada para o estabelecimento de parcerias com outros programas e
serviços, entendendo que a execução da medida socioeducativa é um processo
institucional incompleto e que a construção e manutenção de laços sociais são
fundamentais para a nossa existência.

Por fim, o profissional de psicologia esteja disposto a utilizar todos os recursos


possíveis para desenvolver suas práticas e ajudar os adolescentes a acessarem recursos
que possam auxiliá-los em suas ações futuras e, principalmente, na sua reinserção
social. Além disso, é fundamental que o profissional reflita criticamente sobre suas
práticas, investindo de maneira ético-política na garantia de direitos, na promoção da
autonomia, da cidadania e da reinserção social dos adolescentes, garantindo que o
cumprimento da medida tenha de fato um caráter pedagógico e socioeducativo, como
enfatizado na legislação (Lei n. 8.069, 1990; Lei n. 12.594, 2012).

4.2. RELATÓRIOS, (3.1.2./ 3.8.1./ 3.8.2./ 3.9.1./ 3.9.2.)

– ABUSO SEXUAL
Ao longo dos anos, a questão da violência tem sido uma temática recorrente na
sociedade, como uma série de enfoques diferentes, seja como doméstica ou
institucional. Compreendemos que falar da violência não é tarefa fácil, seja qualquer o
espaço em que ela se manifeste. As características que a definem ou explicam não são
consensuais, principalmente, quando envolvem o desenvolvimento de crianças e
adolescentes. (MOREIRA; GUZZO. 2017).
No campo da psicologia, a questão da violência se faz presente, e se torna uma
questão importante, que deve ter foco de análise e intervenções adequadas, para que
venham a garantir a proteção e os direitos de crianças e adolescentes a um
desenvolvimento pleno e saudável. As expressões de violência têm sido estudadas em
suas mais variadas manifestações. Desse modo, os atos violentos possuem uma
42

natureza, que correspondem a quatro modalidades possíveis: física, psicológica, sexual


e aquela que envolve qualquer tipo de abandono ou negligência. (MOREIRA; GUZZO.
2017).
A violência contra crianças e adolescentes é assumida internacionalmente como
um grave problema de Saúde Pública e de Direitos Humanos. Compreende toda forma
de maus tratos que decorra em uma relação de responsabilidade ou poder e que proceda
em dano à dignidade, saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes. (MACEDO,
2019)
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a legislação brasileira
reconhece a infância e a adolescência como fases de desenvolvimento peculiares e
estabelece a necessidade de proteção integral à criança e ao adolescente, garantindo seu
desenvolvimento em condições de liberdade e diminuído. O ECA estabelece que as
notificações de suspeitas ou confirmações de violência devem ser compulsórias e
reportadas ao Conselho Tutelar, conforme o Artigo 13. (MACEDO, 2019).
O Conselho Tutelar é o órgão de referência para o acolhimento dos casos e
encaminhamento das vítimas e de suas famílias aos serviços de atendimento adequados.
É responsável por zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes, esteve em
situação de violência, negligência, abuso ou qualquer forma de violação dos direitos
infantojuvenis. (MACEDO, 2019).
Além do Conselho Tutelar, outras instituições também podem receber
notificações de violência contra crianças e adolescentes e devem atuar articuladas com o
Conselho. Entre essas instituições estão as Delegacias de Proteção da Criança e do
Adolescente, que têm a responsabilidade de investigar e apurar crimes envolvendo essa
faixa etária, e o Ministério Público, que exerce o papel de fiscalização e defesa dos
direitos das crianças e dos adolescentes. (MACEDO, 2019).
Essa proteção entre os diferentes órgãos e instituições é fundamental para
garantir a proteção e o atendimento adequado às vítimas, bem como para
responsabilizar os agressores e promover ações de prevenção e conscientização sobre a
violência contra crianças e adolescentes. (MACEDO, 2019).
Ao psicólogo, que em sua atuação no serviço de proteção social a crianças e
adolescentes vítimas de violência sexual, tem indicado pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP, 2009) que ele deve oferecer atendimento psicossocial às vítimas e suas
famílias estando em acordo com as diretrizes do SUAS. Ainda segundo o CFP (2009),
43

os serviços de psicoterapia têm o seu lugar na atenção à saúde, relacionado aos serviços
de saúde mental; tornando-se o psicólogo do CREAS, o responsável por avaliar a
necessidade de encaminhamento para esses serviços. (HOHENDORFF; HABIGZANG;
KOLLER, 2015).
As vítimas de violência que apresentam quadros psicopatológicos deveriam
receber, além de acompanhamento psicossocial, tratamento psicoterápico sempre que
necessário. Os tratamentos psicossociais e psicoterápicos se complementam, apesar de
possuírem propósitos diferentes, compartilham o objetivo final de propiciar maior
qualidade de vida para quem faz uso dos mesmos. (HOHENDORFF; HABIGZANG;
KOLLER, 2015).
O trabalho do psicólogo frente aos casos de abuso sexual praticado contra
crianças e adolescentes é um desafio complexo, podendo ser, em alguns casos,
contraditório para ele próprio; que se depara diante de atrocidades, a qual lhe exige
diversas habilidades, até mesmo pessoais. As diretrizes do trabalho social, expõem a
prioridade de se trabalhar em uma perspectiva de fortalecimento da família e de seus
vínculos. (FLORENTINO, 2014).
Assim sendo, o psicólogo deve realizar as intervenções no sentido de reduzir os
impactos negativos e as consequências do abuso sexual na criança ou adolescente.
Contudo, as possibilidades de intervenção não se esgotam nesta perspectiva. Para além
de diminui os danos ocasionados pelo abuso sexual, o psicólogo deve pensar estratégias
para que a família tenha condições de resgatar a convivência familiar, deste que a
situação de violência tenha parado. (FLORENTINO, 2014).
A família é o centro fundamental para se trabalhar no caso de se ter um caso de
abuso sexual infanto-juvenil. Mas isso não é preocupação apenas do psicólogo, o
Estado e a sociedade, de modo geral, também possuem sua parcela de responsabilidade,
logo, também deverão ampliar suas possibilidades de desempenhar as funções de
socializar e proteger seus membros. (FLORENTINO, 2014).
Sendo assim, o trabalho interdisciplinar e intersetorial se torna um forte aliados,
uma vez que, as situações de abuso sexual desorganizam não só os processos psíquicos,
mas toda a dinâmica familiar da vítima. Mesmo nas situações em que acontece o abuso
sexual intrafamiliar, o contexto deve ser analisado com certa cautela, onde em suma, em
muitos casos, observa-se que o agressor e toda a família também possuem diversos
44

direitos violados e são privados de determinadas possibilidades para desenvolver-se.


(FLORENTINO, 2014).
A partir disso, o psicólogo deve estar habilitado para realizar uma intervenção
livre de preconceitos, tabus ou qualquer outro obstáculo que venha reforçar questões já
embutidas em nossa sociedade. Com isso, ao se considerar a diversidade de fatores que
antecedem as situações de abuso sexual com crianças e adolescentes, é interessante que
as estratégias desenvolvidas pelos psicólogos busquem alterar a dinâmica familiar em
sua integralidade, possibilitando, a partir do atendimento e acompanhamento realizado
no âmbito do CREAS, a emergência de novas formas de relacionamentos.
(FLORENTINO, 2014).
Entretanto, a intervenção do psicólogo junto à vítima e sua família irá depender
da natureza, da gravidade da violação, dos arranjos internos e das vulnerabilidades
instaladas no contexto familiar e comunitário em que a violação ocorre. Onde o
enfrentamento deste tipo de violência encontra grandes e diferentes obstáculos, como: o
silêncio das famílias; a não operação de algumas instituições em que os profissionais
estão inseridos; além da ausência de políticas públicas efetivas para garantir proteção
social às nossas crianças e adolescentes. (FLORENTINO, 2014).

4.3. RELATÓRIOS, (3.2.2./ 3.5.1./ 3.5.2./ 3.6.1./ 3.7.2.)

- CUIDADORES
Captar o envelhecimento humano requer uma compreensão, levando em
consideração os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais dos envolvidos.
Cada um desses aspectos contribui para a compreensão completa desse processo
complexo e multifacetado. Entender e abordar esses componentes são fundamentais
para promover um envelhecimento saudável, sustentável e inclusivo para todas as
pessoas. (Roque, 2014).
O envelhecimento da população e as mudanças no modelo familiar têm levado a
um aumento na procura por instituições que prestam serviços de cuidados para idosos.
À medida que a população envelhece, surgem desafios relacionados ao cuidado e à
qualidade de vida dos idosos, especialmente quando suas famílias não têm condições ou
recursos para cuidar deles adequadamente. (SOBRAL; GUIMARÃES; SOUZA, 2018).
A velhice é mais do que apenas um processo biológico, sendo influenciada
também pelos aspectos simbólicos, significados e valores atribuídos socialmente ao
45

longo da história. Ainda que, a longevidade ampliada seja um avanço significativo, é


importante reconhecer que nem sempre corresponde a uma vida ativa e saudável.
Muitas pessoas idosas enfrentam problemas de saúde física e/ou cognitiva, que podem
ser causados por uma série de fatores não diretamente relacionados ao envelhecimento
em si. (Roque, 2014).
Além disso, a negligência, discriminação, violência e exclusão são questões
preocupantes que afetam os idosos em diferentes sociedades. Esses problemas podem
estar relacionados a condições sociais, econômicas e políticas que afetam a saúde e a
independência das pessoas idosas. (Roque, 2014).
Contudo, o apoio social desempenha um papel fundamental nesse contexto. Ao
receber apoio social, os idosos podem experimentar uma sensação de acolhimento e
pertencimento, o que contribui para o seu bem-estar emocional e psicológico. O apoio
social pode vir de diferentes fontes, incluindo instituições de cuidados para idosos,
familiares, amigos, vizinhos e profissionais de saúde. (SOBRAL; GUIMARÃES;
SOUZA, 2018)
É fundamental abordar essas questões e promover políticas e programas que
garantam o bem-estar e a inclusão dos idosos na sociedade. Isso envolve o acesso a
cuidados de saúde adequados, ações para prevenir a discriminação etária e a promoção
de uma cultura que valorize e respeite a contribuição dos idosos. (Roque, 2014).
Quando os idosos se sentem acolhidos e apoiados, isso pode ter um impacto
positivo em seu desenvolvimento e saúde mental. O sentimento de pertencer a uma
comunidade e receber apoio emocional pode ajudar os idosos a enfrentar os desafios
emocionais associados ao envelhecimento, como solidão, isolamento social e perda de
independência. Além disso, o apoio social pode ajudar a promover a longevidade, uma
vez que os idosos se sentem valorizados e cuidados, o que pode ter efeitos positivos na
sua saúde física e mental. (SOBRAL; GUIMARÃES; SOUZA, 2018).
A compreensão da velhice como um fenômeno complexo, que vai além do
aspecto biológico, permite que nos concentremos em abordagens mais abrangentes e
inclusivas para garantir uma qualidade de vida digna para as pessoas idosas. (Roque,
2014).
E o olhar biopsicossocial sobre o idoso também precisa estar presente, para que
se possa promover um olhar mais criterioso para o idoso, igualmente com a proposta de
incentivar a reflexão da sociedade sobre o que é ser idoso e de atuar como ponte entre a
46

família e o idoso. Para que se possa perceber que o idoso além de suas limitações, ao
fortalecer ou resgatar vínculos familiares, trazendo a todos uma convivência
comunitária; um estímulo social necessário ao desenvolvimento do ser humano.
(SOBRAL; GUIMARÃES; SOUZA, 2018).

4.4. RELATÓRIOS, (3.4.1./ 3.2.1./ 3.7.1.)


- FAMÍLIA
A preocupação dos pais em educar seus filhos de maneira adequada é totalmente
legítima e compreensível. A família desempenha um papel fundamental na formação da
criança, visto que é nesse ambiente que ela desenvolve suas primeiras sociabilidades e
aprende a lidar com regras e normas. (PATIAS; SIQUEIRA; DIAS, 2012).
A educação familiar é a base para o desenvolvimento da criança, já que é nesse
contexto que ela adquire habilidades sociais, valores, crenças e princípios que moldarão
seu comportamento e sua forma de se relacionar com os outros. Os pais têm a
responsabilidade de estabelecer limites, ensinar valores éticos, promover o respeito,
incentivar a autonomia e estimular o desenvolvimento emocional e cognitivo dos seus
filhos. (PATIAS; SIQUEIRA; DIAS, 2012).
Os pais são responsáveis pela base necessária para a socialização da criança, os
quais devem conferir ao filho um ambiente estimulador e seguro no qual ele possa se
desenvolver. A família tem a função de ser para a criança, fonte de afeto, bem-estar,
segurança e proteção, mas isso nem sempre ocorre. (PATIAS; SIQUEIRA; DIAS,
2012).
A primeira infância é uma fase significativa para o desenvolvimento da criança.
Investir nesta etapa da vida, traz benefícios a longo prazo. Para o investimento no
desenvolvimento infantil ser eficaz, é preciso atrelar alguns fatores, tal como, as
dimensões cognitiva e emocional da criança, o meio onde ela se desenvolve e os
aspectos familiares. (COSTA, 2022)
Destaca-se que o desenvolvimento infantil é uma soma de fatores ligados à
família, à alimentação, à saúde, à educação, ao meio ambiente, e muitos outros. A
família possui um papel central nesse desenvolvimento, uma vez que, os pais e
cuidadores são os indivíduos mais próximos da criança. (COSTA, 2022)
No momento em que, no ambiente onde a criança se encontra, ela recebe
estímulos adequados, tende-se a gerar efeitos positivos ao seu desenvolvimento. De
outra forma, quando a mesma passa por privações, como a ausência de cuidados
47

mínimos de saúde, educação, carências socioeconômicas, pobreza, desrespeito e outras


ações hostis; isso pode vir a prejudicar a criança, (COSTA, 2022).
Os pais são responsáveis por educar e formar a criança, o que envolve variados
fatores, que incluem o desenvolvimento orgânico, às questões sociais e culturais, onde
evidenciam-se a presença da família, da escola e da comunidade como um todo. Assim
sendo, eles se preocupam constantemente com essa educação e se questionam sobre a
eficiência das maneiras que encontram para criar seus filhos, inclusive, na determinação
de limites. Preocupação esta, importante, já que a família é o primeiro núcleo de
pertencimento da criança e, é nela que as regras são colocadas, inclusive, frente às
relações com o próximo, na medida em que os relacionamentos sociais vão sendo
ampliados. (CAVALHEIRO, 2020).
As ações desenvolvidas pelos pais, consideradas como práticas educativas
saudáveis, podem ser na verdade, em alguns casos, travestidas de violência. Para
algumas famílias, nem sempre é possível observar ou estabelecer limites, tendo em vista
que sequer podem ter a percepção dos atos violentos que estão praticando. A ideia de
educar uma criança, esbarra as vezes em fatores muito profundos, relembrado a história
de vida e formação dos próprios pais ou responsáveis, refletindo aquilo que herdaram de
seus antecessores (CAVALHEIRO, 2020).
As ações parentais podem resultar nos filhos comportamentos problemáticos.
Cia et al. (2006) afirma que “o desempenho dos pais é representado por uma variedade
de habilidades sociais educativas que podem influenciar o repertório comportamental
dos filhos”. As habilidades sociais educativas são práticas que têm por proposito
estimular a aprendizagem da criança, promovendo assim, o seu desenvolvimento.
(CAVALHEIRO, 2020)
Baumrimd (1966), identificou três formas de controle parental, os quais são o
autoritativo, o autoritário e permissivo. Onde no autoritativo, os responsáveis desfrutam
de bom relacionamento com os filhos, uma vez que são afetivos e preservam o direito
de expressão da criança, através do diálogo, permitindo que ela tenha voz, que possa
expor suas ideias e pontos discordantes, sem que sejam desrespeitados. Os filhos
recebem orientação dos pais quanto às atividades que precisam ser realizadas. As ações
são monitoradas, quando positivas, são gratificadas; e quando negativas, são corrigidas
através da disciplina, de caráter mais indutivo, já que, entre eles, existe mutualidade e
48

respeito, com isso, conseguem manter controle eficaz na família. (CAVALHEIRO,


2020)
O padrão autoritário refere-se a uma postura mais totalitária, rígida, onde impera
a autocracia. A ausência ou quebra das normas, faz com que os pais introduzam
medidas punitivas, físicas e verbais, frente à desobediência dos filhos. O diálogo e o
incentivo à autonomia da criança são desprezados, consequentemente, seus
questionamentos e anseios, são rejeitados ou tratados com pouca atenção. Já o
permissivo, os pais somam esforços para que não apliquem punição em seus filhos,
onde preferivelmente, se orientam para a realização dos desejos da criança, sendo
reconhecidos como instrumentos de sua satisfação e não como um padrão a ser imitado
ou seguido. (CAVALHEIRO, 2020)
Os pais ou responsáveis não constituem a ideia de violência, quando precisam
punir seus filhos fisicamente. Para eles, a violência somente ocorre quando há o
exagero, quando o excesso imposto pelas mãos do adulto é capaz de ferir a criança. Se
percebe que cada família têm o seu modo peculiar de educar de filhos, onde estabelecer
os limites entre a educação e a violência, acaba por esbarrar em concepções pessoais
sobre o que cada uma delas significa. (CAVALHEIRO, 2020).
Diante disso, Silva (2000) relatou sete habilidades sociais educativas
importantes para o relacionamento entre pais e filhos, as quais consistem em: diálogo,
expressão de sentimentos de agrado ou desagrado, expressão de opinião e solicitação de
mudança de comportamento, cumprimento de promessas, ajuste do casal e participação
mútua na educação, regras e limites através do não e, por fim, o ato de desculpar-se. A
utilização das habilidades sociais educativas, segundo estudos, pode causar influência
na qualidade e intensidade da relação entre pais e filhos, reproduzindo escolhas das
práticas educativas utilizadas no cotidiano. (CAVALHEIRO, 2020).
-SUICIDIO
A morte na sociedade em questão. Em primeiro lugar, a morte é considerada um
tabu geralmente evitado e não discutido abertamente. A morte intencionada, portanto, é
vista como um problema ainda mais grave. Devido ao desejo de evitar a morte, as
pessoas tendem a buscar a manutenção da vida a qualquer custo, mesmo que isso tenha
consequências negativas. Blanca Expõem que o suicídio esta na contramão do
desenvolvimento científico, que tem como objetivo principal manter a vida humana.
49

As taxas de suicídio entre jovens têm apresentado um aumento significativo,


tanto que atualmente esse grupo é considerado de maior risco em um terço dos países
(de acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS em 2019 e Ministério da
Saúde - MS em 2019 e a OMS em 2012). Em média, o suicídio é a segunda maior causa
de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo (Organização Pan-Americana
da Saúde - OPAS em 2018). No Brasil, entre 2000 e 2015, foram registradas 11.947
mortes de jovens de dez a 19 anos por lesões autoprovocadas, representando 8,25% do
total de mortes por suicídio nesse período, com tendência de crescimento (SISTEMA
DE INFORMAÇÕES SOBRE MORTALIDADE apud CICOGNA et al., 2019).

Especialistas reforçam que, mesmo quando se trata de filhos adolescentes, não


há uma receita pronta para identificar sinais de angústia ou depressão mais profunda,
que podem ser diferentes das alterações típicas dessa faixa etária. De acordo com Mário
Corso, essa tarefa é desafiadora e exige esforço para reconhecer possíveis sinais de
sofrimento em adolescentes.

Segundo Karina Fukumitsu, é importante avaliar possíveis mudanças de


comportamento e identificar sinais de que algo grave e atípico para a idade possa estar
ocorrendo. Embora o uso de roupas de manga comprida e capuz em dias quentes não
seja necessariamente um sinal de algo oculto, é importante que os pais estejam atentos a
possíveis indicadores de automutilação, como cortes nos braços, pernas, barriga ou
pescoço. É necessário estar vigilante e buscar emoções de problemas emocionais ou
psicológicos que possam estar afetando o adolescentes.

A Assistência Social desempenha um papel significativo na prevenção do


suicídio, agindo diretamente na redução das desigualdades sociais, identificando
situações de vulnerabilidade e risco social, bem como promovendo a articulação de
redes assistenciais e outras políticas públicas para superar essas situações
(CAPACITASUAS/PE, 2018).

A rede socioassistencial, por meio dos Centros de Referência de Assistência


Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS),,
Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Serviços de Acolhimento
Institucional, pode desenvolver ações que visem ao fortalecimento dos seguintes
aspectos: desenvolvimento de habilidades sociais em crianças e adolescentes para
resolução de conflitos; incentivar crianças e adolescentes, bem como suas famílias, a
50

participarem de atividades sociais, culturais e religiosas; promover espaços de reflexão


com crianças e adolescentes voltados para a elaboração de seus projetos de vida;
fornecem atividades que elevam o sentimento de pertencimento, o senso de identidade e
a autoestima.

Ao perceber comportamentos suicidas em crianças ou adolescentes, é importante


informar a equipe técnica responsável. A equipe técnica, em colaboração com os
cuidadores, deve acolher a criança ou adolescente e providenciar os encaminhamentos
necessários. Além disso, é fundamental realizar ações que promovam a valorização da
vida e promovam diálogos sobre o tema, por meio de atividades como rodas de
conversa, oficinas e grupos, levando em consideração a condição peculiar de
desenvolvimento da criança ou adolescente. Para isso, a equipe pode causar
complicações em conjunto com a rede de saúde local.
5. PROPOSTA DE INTERVEÇÃO
5.1. REFERENCIAL TEÓRICO
A adolescência é uma fase de transição significativa na vida de um indivíduo,
envolvendo transformações biológicas, psicológicas e socioculturais. Durante a
adolescência, ocorrem mudanças físicas relacionadas à maturidade sexual. Além das
mudanças físicas, a adolescência também é marcada por alterações psicológicas. Os
adolescentes passam por um processo de desenvolvimento da identidade e da
autonomia, buscando compreender quem são e qual é o seu lugar no mundo. Isso pode
levar a uma intensificação das emoções, como sentimentos de euforia, tristeza e
irritabilidade. (Soares; Mendes, 2017).
No aspecto sociocultural, a adolescência envolve a transição da dependência da
família para a independência e autonomia como um adulto. Os adolescentes começam a
assumir mais responsabilidades, tomam decisões importantes em relação ao seu futuro e
começam a experimentar papéis sociais de adultos. No entanto, essa transição nem
sempre é fácil, e os adolescentes podem enfrentar desafios na construção de sua
identidade e na adaptação às expectativas da sociedade. (Soares; Mendes, 2017).
É importante ressaltar que nem todos os adolescentes passam pelas mesmas
experiências ou têm os mesmos sentimentos. Cada indivíduo é único e enfrenta a
adolescência de maneira diferente. No entanto, é comum que essa fase seja marcada por
sentimentos contraditórios, como a sensação de estar no topo do mundo e ter o poder de
51

mudá-lo, ao mesmo tempo em que podem se sentir inseguros ou confusos sobre o seu
papel na sociedade. (Soares; Mendes, 2017).
Sendo assim, os autores Martins e Quadros (2013) trazem que o consumo de
bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes podem trazer a graves consequências,
uma vez que, eles ainda não atingiram o nível de desenvolvimento dos adultos, na
maturidade social, na experiência de vida ou no desenvolvimento
neuropsicológico. (Sunde,2019).
O consumo por parte dos adolescentes de álcool e outras drogas pode trazer
inúmeras consequências que são visíveis, tal como: complicação de saúde, baixo
aproveitamento pedagógico, a disseminação da AIDS e outras doença sexualmente
transmissível, com ato sexual desprotegido, o que também pode vir a originar uma
gravidez indesejada; e uma desordem no ambiente escolar e familiar, comportamento
antissocial, perturbador e agressivo, sensíveis para o arranque e/ou o agravamento da
dependência. (Sunde,2019).
5.1.1. O OLHAR DA PSICANALISE
A perspectiva psicanalítica pode oferecer uma explicação sobre o uso de álcool e
outras drogas, em um modelo global do funcionamento da psique. Segundo Freud, o
prazer é um princípio fundamental e a busca pela redução do desprazer ou a obtenção
do prazer pode levar a comportamentos inconscientes, incluindo o uso de substâncias
como o álcool. (Sunde,2019).
Freud conceituou a pulsão como um conceito que abrange tanto aspectos
mentais quanto biológicos. O objeto da pulsão é aquilo que pode satisfazer a pulsão e
proporcionar bem-estar ao sujeito. No caso do alcoolismo, por exemplo, o objeto da
pulsão é o álcool; que pode ser representado tanto como uma substância em si quanto
como uma representação inconsciente ligada a certo conteúdo. (Sunde,2019).
Segundo Rousseau, citado por Sousa, a neurose resulta de um conflito entre o
Ego (instância da personalidade que busca a realidade) e o Id (instância que busca o
prazer imediato e opera no inconsciente). Esse conflito leva o Ego a reprimir o Id,
resultando em sintomas neuróticos. Por outro lado, a psicose é o resultado de um
conflito entre o Ego e o mundo exterior, levando a uma clivagem no Ego e à dissociação
das funções conscientes. (Sunde,2019).
No contexto do alcoolismo, o uso do álcool pode distorcer a percepção da
realidade, levando a avaliações erradas das capacidades físicas e comprometendo os
52

movimentos coordenados. Isso ocorre devido aos efeitos do álcool no sistema nervoso
central, afetando a rapidez dos reflexos cerebrais e a coordenação motora.
(Sunde,2019).
A experiência com o álcool pode inicialmente ter efeitos calmantes e eufóricos,
o que pode ser atrativo para pessoas que buscam evitar o desprazer. Com a evolução do
alcoolismo, o indivíduo pode desenvolver dependência e experimentar desconforto
durante a abstinência, sendo impulsionado pelo desejo de manifestar o Ego perverso
(associado à busca pelo prazer imediato) para evitar esse desprazer. (Sunde,2019).
É importante ressaltar que essa explicação baseada na perspectiva psicanalítica é
apenas uma das muitas abordagens possíveis para compreender o uso do álcool e outras
drogas, e o seu impacto na psique do indivíduo. Existem diversas outras teorias e
modelos explicativos na área da psicologia e da psiquiatria que também podem
contribuir para uma compreensão mais completa do uso de substâncias. (Sunde,2019).
5.2. OBJETIVOS

Durante o período de estagio, foi observada uma alta demanda de menores em


conflito com a lei/ cumprindo medido sócio educativa, e desses, 10 casos eram
relacionados a uso de substancias ilícitas, e para dinamizar as atividades realizadas com
os menores seria formado um grupo terapêutico, possibilitando as profissionais um
maior dinamismo de suas agendas, pois, esses jovens que antes eram atendidos de forma
individual estarão no grupo.

5.3. JUSTIFICATIVA
Constata-se que o uso e o abuso de drogas na adolescência são considerados um
problema de saúde pública significativo. Os índices de usuários de drogas nessa faixa
etária estão aumentando, e a experimentação está ocorrendo cada vez mais cedo. Isso
levanta preocupações sobre o rápido desenvolvimento da dependência, o aumento das
comorbidades associadas ao uso de drogas e o envolvimento em comportamentos
criminosos dos adolescentes. (Andretta; Oliveira, 2011).
Frente a inúmeras acepções sobre drogas, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) que declara que a droga consiste em qualquer substância psicoativa, natural ou
sintética, lícita ou ilícita, que possui algum princípio ativo capaz de alterar ou modificar
o estado psíquico e orgânico daquele que faz uso da mesma. (Andrade; Alves;
Bassani,2018).
53

As drogas são utilizadas para alterar o funcionamento do cérebro, causando


consequentemente, modificações no estado mental. Sendo elas chamadas de drogas
psicotrópicas ou substâncias psicoativas e, na maior parte dos casos, têm a capacidade
de provocar dependência do usurário. (Sunde,2019).
Pode ser classificar as drogas de diferentes formas, uma delas é do ponto de vista
legal, que são as lícitas, de comércio livre ou controlado. E outra, são as ilícitas. Ainda
assim também é possível classificá-las do ponto de vista médico, de acordo com as
ações aparentes sobre o sistema nervoso central, desta forma há as depressoras, os
estimulantes e as perturbadoras (Sunde,2019).
A droga é constantemente vinculada a criminalidade e a exclusão social, e é
possível constatar múltiplos discursos que se desenrolam na problemática do
adolescente em conflito com a lei nos meios de comunicação com matérias que trazem
o adolescente que comete infração e o quanto é insustentável andar nas ruas sem ser
coagido por um deles. Ainda assim, pouco se faz em termos de cuidado ou propostas
interventivas com usuário de droga, ainda mais é aquele que, somado ao uso de drogas,
comete uma infração (Andrade; Alves; Bassani,2018).
Entretanto, a adolescência consiste em uma etapa muito complexa no
desenvolvimento humano, precisando de um acompanhamento cuidadoso dos pais ou
responsáveis, dos professores e outras pessoas que fazem parte na vida desse
adolescente, por ser uma fase na qual facilmente desviasse por este ou aquele motivo.
Os adolescentes viciados de hoje e os principiantes são nossos filhos, irmãos, vizinhos e
amigos dos nossos filhos ou de alguém conhecido, que precisam de um urgente apoio,
uma orientação e aconselhamento para se integrar ao meio social e continuar com a vida
saudável. (Sunde,2019).
5.4. METODOLOGIA

Grupos mensais de duas horas, cada encontro, onde ira ser trabalhada com eles
as atividades que antes eram trabalhadas de forma individual, como a entrevista com
quatro adultos, e trazer a discussão para o grupo, dando a possibilidade dos outros
adolescentes refletirem perante a realidade dos que ai estão.

Os encontros seriam realizados na sala da assistente social, pois ela possui um


maior espaço para acomodar todos, seria realizado apenas com adolescentes que estão
cumprindo medida sócio educativa por estarem em porte de substancias ilícitas.
54

Todo encontro teria 10 minutos para que os jovens pudessem estreitar lações
com dinâmicas curtas ou momentos de conversação, assistido pela assistente social e a
psicóloga, posterior pedir para que eles falem um pouco sobre a atividade que foi
enviada para que fosse feita com seus responsáveis, posterior as profissionais devem
incentivar a todos aqueles que fizeram a atividade explanar o que foi parecido e o que
foi diferente e discutir sobre essas visões. Nesses grupos também pode ser trabalhado
sobre família e suas relações, evasão escolar (também muito comum em casos de
adolescentes em conflito com a lei), fazer atividades que os auxilie a desenvolver
autoconhecimento e autocritica.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio obrigatório no curso de Psicologia desempenha um papel fundamental


na formação profissional, fornecendo habilidades e conhecimentos necessários para a
execução do trabalho na área. Oferece oportunidades de reflexão e aprendizado sobre a
atuação do psicólogo em suas diversas áreas de atuação, com ênfase nos setores
públicos.

A observação contribui significativamente para a formação acadêmica,


permitindo ao estagiário, identificar, analisar e opinar sobre diversas temáticas e
demandas do serviço social. Por meio dessa experiência, foi possível obter suporte para
compreender a prática profissional, proporcionando um espaço de aprendizado contínuo
sobre a realidade do trabalho do psicólogo na assistência social.

Como resultado desse estágio, foi possível adquirir uma qualificação técnica,
emocional e, sobretudo, social. O desenvolvimento da capacidade de trabalhar em
equipe, respeitando a diferença e promovendo a interação com outros profissionais e
usuários dos serviços. Essa experiência também aprendeu uma compreensão mais
aprofundada das necessidades e desafios enfrentados pelos indivíduos e comunidades
atendidas pelo CREAS.

Em conclusão, o Estágio Básico I desempenha um papel essencial na


qualificação, oferecendo oportunidades de aprendizado prático e promovendo o
desenvolvimento de competências técnicas e interpessoais. Contribui para uma
formação integral do psicólogo, preparando-o para atuar de forma ética e eficaz no
55

exercício da profissão, em prol da promoção da justiça social e do bem-estar da


população atendida.

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. DA S. A. Entrevista motivacional em adolescentes


usuários de droga que cometeram ato infracional. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.
24, n. 2, p. 218–226, 2011.

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Sociais sobre as Drogas: um Estudo com Adolescentes em Conflito com a Lei.
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SUNDE, R. M. Consumo de Drogas pelos Adolescentes nas Escolas Moçambicanas:


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SOARES, G. R.; MENDES, D. F. A Atuação do Psicólogo com Adolescentes


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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. SUICÍDIO: UMA QUESTÃO DE


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57

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58

ANEXOS
59

1. FOTO 1: CARTA DE APRSENTAÇÃO


60

2. FOTO 2: TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO


OBRIGATÓRIO
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62

3. FOTO 3: REGISTRO DE ATIVIDADES REALIZADAS PELO ESTAGIÁRIO

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