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1) O termo "periferia" surgiu durante os debates econômicos na década de 1950 e

1960, referindo-se aos países periféricos do capitalismo em relação às economias


centrais. Em São Paulo, passou a caracterizar áreas geográficas com características
como pobreza, distância do centro e precariedade. Originalmente, a palavra
carregava preconceito e era pouco utilizada pelos moradores, mas ganhou
visibilidade a partir da década de 1990, com a publicização do termo pelo movimento
hip-hop e a ressignificação promovida pela periferia.

2) O percurso da palavra "periferia" pode ser dividido em três pilares principais: a


academia, que tendia a abandonar o termo, relativizando seu poder explicativo; a
indústria do entretenimento, que se apropriou de uma estética impulsionada pelo rap
e depois a abandonou gradualmente; e, por fim, os próprios moradores da periferia,
que contribuíram para a ressignificação da palavra.

3) "Da ponte pra cá, muita coisa mudou Meu pensamento que era pouco, hoje é avião
Onde eu moro tá difícil pra quem é cidadão Muitos irmãos já se foram, outros estão
na prisão" - Trecho da música "Da Ponte Pra Cá" dos Racionais MC's. Essa música
aborda a realidade da periferia e a desigualdade social presente nesses ambientes.

4) Durante a década de 90, a cultura hip hop emergiu como uma expressão artística e
política nas periferias das grandes cidades brasileiras. Essa nova definição da
periferia como um símbolo de resistência e luta surgiu a partir desse movimento
cultural. Assim, o conceito de periferia foi ressignificado como forma de denunciar as
desigualdades sociais e econômicas que se concentravam nessas regiões. Os
moradores das periferias passaram a utilizar o termo como um elemento de
identidade, união e mobilização, buscando transformar as condições de vida e exigir
mais investimentos e políticas públicas. Dessa forma, a periferia deixou de ser vista
apenas como um espaço marginalizado e passou a ser um símbolo de resistência e
luta contra as desigualdades sociais.

5) Os subúrbios e as periferias diferem principalmente no planejamento e


desenvolvimento pelo Estado. Enquanto os subúrbios são áreas afastadas do centro
com mais recursos e infraestrutura, as periferias são negligenciadas e
marginalizadas, apresentando maior vulnerabilidade social.

6) De acordo com as ideias de Tiaraju D'Andrea, algumas das características dos


indivíduos periféricos incluem: 1) Viver em contextos sociais precários, onde há falta
de recursos e problemas sociais; 2) Experienciar invisibilidade social, sendo vistos
apenas como estatísticas e marginalizados; 3) Dificuldade de acesso à educação de
qualidade devido à falta de infraestrutura e professores mal remunerados; 4) Baixa
representatividade nos espaços políticos, o que diminui sua voz e poder; 5) Falta de
visibilidade na mídia e nos espaços culturais, limitando sua expressão artística e
cultural.

7) Tiaraju D'Andrea conceitua como trajetórias interrompidas as experiências dos


jovens periféricos nas universidades, uma vez que muitos deles enfrentam barreiras
e desafios diversos que os impedem de concluir o ensino superior. Essas trajetórias
são interrompidas por fatores como: carência financeira e de recursos para estudar,
necessidade de trabalhar para sustentar a família, falta de apoio emocional e
pedagógico, preconceito e discriminação, dificuldade em conciliar trabalho e
estudos, falta de suporte acadêmico e discriminação socioeconômica e racial no
ambiente universitário. Essas trajetórias quebradas reduzem as possibilidades de
melhoria social desses jovens, mantendo a desigualdade e a falta de oportunidades
no país. Segundo o autor, é fundamental a implementação de políticas públicas que
promovam a equidade educacional e a inclusão dos jovens periféricos nas
universidades, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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