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LOGOS E PSYKHÉ

FILOSOFIA
DO
PENSAMENTO
SIMBÓLICO
E
TRANSCENDENTE

ABSOLON MACEDO
APREENSÃO DA REALIDADE
Evidencia-se a necessidade de uma
informação filosófico-epistemológica
ao psicanalista, pelo fato de o problema
enfrentado pelos estudiosos da filosofia da
ciência ser semelhante ao dos psicanalistas:
o “PROBLEMA DO CONHECIMENTO”,
como colocou Cassirer ,
ou da APREENSÃO DA REALIDADE –
Grandes passos na teoria do conhecimento
sempre foram passos “psicológicos”,
a ponto de a história da psicologia
de certa forma se confundir em
seus primórdios com a história da
teoria do conhecimento da realidade
(Sandler, “Apreensão da realidade psíquica”)
Apreensão da Realidade Material

COGNIÇÃO E onde se encontram


as experiências
Conjunto de unidades
Relacionadas
de saber da consciência
com a
que se baseiam
REALIDADE PSÍQUICA
em experiências
e seus
SENSORIAIS,
correlatos
REPRESENTAÇÕES,
PENSAMENTOS
PENSAMENTOS, LEMBRANÇAS
SIMBÓLICOS,
A cognição relaciona-se TRANSCENDENTES,
com o processo mental de METAFÍSICOS,
PERCEPÇÃO, RACIOCÍNIO, e
MÍTICOS?
JUÍZO e MEMÓRIA
Apreensão da Realidade Psíquica

Existe uma A vida tem uma lógica


REALIDADE PSÍQUICA que supera a nossa
que por definição capacidade lógica
é não-sensorialmente apreensível – de apreendê-la...
O mistério é um
FREUD propôs que se distinguisse excesso de sentido
(Viktor Frankl)
REALIDADE PSÍQUICA
de REALIDADE MATERIAL A história humana
é feita tanto de lendas
e com isto ele diz que quanto de realidade,
não há “realidade psíquica” em e não estaríamos
nada que se restrinja ao sensório exagerando ao afirmar
que a lenda é uma
[experiência sensorial ou sensível]
realidade superior
(Paulo Cesar Sandler) (Franz Hellens)
REALIDADE PSÍQUICA

PENSAMENTO
SIMBÓLICO

PENSAMENTO
TRANSCENDENTE

PENSAMENTO
METAFÍSICO

PENSAMENTO MÍTICO
Pensamento Simbólico

A imaginação não é,
como sugere a etimologia,
a faculdade de formar imagens
da realidade - É a faculdade de
formar imagens que ultrapassam
a realidade, que cantam a realidade:
É uma faculdade de
sobre-humanidade
(Gaston Bachelard)
Pensamento Simbólico

Devaneio é um Sentir-se leve é uma


estado de divagação, sensação tão concreta!
quando se deixa levar pela
Tão útil, tão preciosa,
imaginação, imagens, sonhos
tão humanizadora!
ou pensamentos profundos
Por que os psicólogos
DEVANEIO E POESIA não se preocupam em construir
Há horas na vida de um poeta para nós uma pedagogia
em que o devaneio assimila dessa leveza do ser?
o próprio real - O que ele
Portanto, é ao poeta que
percebe é então assimilado
compete o dever de ensinar-nos
O mundo real é absorvido a incorporar as impressões
pelo mundo imaginário: de leveza em nossa vida,
Uma das funções do devaneio a dar corpo a impressões
é libertar-nos dos fardos da vida quase sempre desprezadas
Pensamento Simbólico

“O mapa do mundo
“Os acontecimentos mais ricos
imaginável é traçado
ocorrem em nós muito antes
apenas nos sonhos.
que a alma se aperceba deles.
O universo sensível
E, quando começamos a abrir é um universo
os olhos para o visível, infinitamente pequeno”
há muito que já estávamos
(Charles Nodier)
aderentes ao invisível”
Os devaneios e os sonhos
(D’Annunzio)
são, para certas almas,
a matéria da beleza -
A verdadeira poesia Adão encontrou Eva
é uma função de despertar ao sair de um sonho:
por isso a mulher é tão bela!
Pensamento Simbólico

Que importam para nós,


filósofos do sonho, Que relevo na nossa linguagem
os desmentidos do homem é uma imagem poética!
que reencontra, após o sonho,
os objetos e os homens? Se pudéssemos falar
O devaneio foi um estado real, nessa alta linguagem,
em que pesem as ilusões galgar com o poeta
denunciadas depois - E estou certo essa solidão do ser falante
de que fui eu o sonhador - que dá sentido novo
Eu estava lá quando todas essas às palavras da tribo,
coisas lindas estavam presentes estaríamos num reino
no meu devaneio: Essas ilusões onde não entra
foram belas, portanto benéficas - o homem ativo, para quem
A expressão poética adquirida o homem do devaneio
no devaneio aumenta “Não é mais que um sonho”
a riqueza da língua
Pensamento Simbólico

Para entrar nos tempos


Nas grandes realizações
fabulosos, é preciso ser sério
da poesia o problema
como uma criança sonhadora:
permanece inteiro:
A fábula não diverte – Encanta
Como pode um homem,
Perdemos a linguagem
apesar da vida,
do encantamento -
tornar-se poeta?
Para redescobrir a linguagem
Se déssemos ouvidos das fábulas, é necessário
ao psicanalista, participar do existencialismo
definiríamos a poesia do fabuloso, tornar-se corpo
como um majestoso e alma de um ser admirativo,
Lapso da Palavra substituir diante do mundo
(“lapsus linguae”) a percepção pela admiração
Pensamento Simbólico

Um apetite da vida aumenta


Admirar para receber
com o ardor das palavras,
os valores daquilo
O poeta não descreve – Exalta:
que se percebe - É preciso compreendê-lo seguindo
E no próprio passado, o dinamismo de sua exaltação
admirar a lembrança....
Entra-se então
Pois o ser é antes de tudo no mundo admirando-o:
um despertar, e ele desperta O mundo é constituído pelo
na consciência de uma conjunto das nossas admirações -
impressão extraordinária: E sempre vamos reencontrar
O indivíduo não é a soma a máxima da nossa crítica
de suas impressões gerais, admirativa dos poetas:
é a soma de suas Admira primeiro,
impressões singulares depois compreenderás
Pensamento Simbólico

DEVANEIO E SONHO “É uma disposição bizarra


“O homem, não podendo do meu espírito não acreditar
mais sonhar, pensou” em uma coisa senão
(Ernest La Jeunesse) quando a sonhei.

Aliás, por que existir, Acreditar não significa para


já que sonhamos? Onde começa mim apenas ter uma certeza,
a vida, na vida que não sonha mas reter em si de tal sorte
ou na vida que sonha? que o ser fique modificado”
É assim que, para muitos (Julien Green)
escritores e poetas, a liberdade
Que belo texto para uma
do devaneio abre caminho para
filosofia do devaneio,
suas obras: ”Espero. Tudo é
aquele em que se diz que
repouso. És imagem em mim.
o devaneio coordena a vida,
A princípio tudo é sonhado”
prepara crenças na vida!
(Gilbert Trolliet)
Pensamento Simbólico

“Os dias são feitos para que Temos necessidade


repousemos de nossas noites, da aurora para varrer
ou seja, os devaneios as sombras:
do dia lúcido são feitos Devemos, a golpes de
para repousarmos dos psicanálise, desalojar
nossos sonhos noturnos” os visitantes retardatários
(George Sand) e até mesmo desentocar,
do fundo de abismos,
Pois o repouso do sono monstros de
descansa apenas o corpo - uma outra era,
O sono abre em nós um o dragão e a
albergue de fantasmas serpente fabulosa....
Pensamento Simbólico

Ao contrário do
devaneio da noite, Sonha-se antes de contemplar:
o devaneio do dia Antes de ser um
beneficia-se de uma espetáculo consciente,
tranquilidade lúcida – toda paisagem é
Ainda que se tinja uma experiência onírica -
de melancolia, é uma Só olhamos com uma
melancolia repousante, paixão estética
uma melancolia ligante as paisagens que
que dá continuidade vimos antes em sonho
ao nosso repouso
Pensamento Simbólico

“A infância não é uma coisa que


morre em nós e seca uma vez
cumprido o seu ciclo,
DEVANEIO E INFÂNCIA não é uma lembrança -
É o mais vivo dos tesouros,
O que é uma imagem? e continua a nos enriquecer
“E não raro é somente sem que o saibamos...
uma bolha de infância Ai de quem não pode se lembrar
sob os lentiscos de sua infância, reabsorvê-la
da tristeza” em si mesmo, como um corpo
no seu próprio corpo, um sangue
(Jean Rousselot)
novo no sangue velho:
Está morto desde
que ela o deixou”
(Franz Hellens)
Pensamento Simbólico

“Não expulse o homem cedo


demais da cabana onde Nos devaneios ligados
decorreu a sua infância” à infância, a infância aparece,
(Holderlin) na linguagem da psicologia
profunda, como um verdadeiro
Esta súplica de Holderlin não se
arquétipo, o arquétipo
dirigirá ao psicanalista que se crê
da felicidade simples....
no dever de expulsar o homem do
sótão das lembranças onde Por que os devaneios que
ele ia chorar quando criança? nos reportam à infância têm
tal atrativo, tal valor de alma?
A casa natal – perdida, destruída,
demolida – permanece como A razão desse valor é que a
a morada principal dos nossos infância permanece em nós como
devaneios de infância - um princípio de vida profunda,
Os refúgios do passado acolhem de vida sempre relacionada
e protegem os nossos devaneios à possibilidade de recomeçar
Pensamento Simbólico

Toda tomada de consciência


é um crescimento de consciência,
um aumento de luz, um reforço
da coerência psíquica -
Há crescimento de ser
em toda tomada de consciência
A consciência é contemporânea
de um devir psíquico vigoroso,
um devir que propaga seu vigor
por todo o psiquismo:
A consciência, por si só,
é um ato, o ato humano
(Gaston Bachelard)
Pensamento Transcendente

TRANSCENDÊNCIA O relacionamento
com o
“TRANS”
TRANSCENDENTE
(além de)
é imanente
+
“SCANDERE” ao ser humano,
(ascender): uma característica ontológica:

TRANSPOR UM LIMITE Acrescente-se à

TRANSCENDENTE “PSICOLOGIA DO PROFUNDO”


é aquilo que vai além da a
EXPERIÊNCIA “PSICOLOGIA DAS ALTURAS”
SENSORIAL
(Viktor Frankl)
(Experiência Sensível)
Pensamento Metafísico

METAFÍSICA Andrônico de Rodes (séc. I a.C.),


na primeira sistematização de
Ciência das causas últimas, Aristóteles, arrumou um conjunto
dos princípios supremos de escritos sobre o estudo do ser
em geral depois dos oito livros que
(Aristóteles)
tratavam da “Física”, e se referia
a eles como “Tá Metá Tá Physiká”
METAFÍSICA relaciona-se (“Os que estão depois da Física),
com questões que que compuseram 14 livros
transcendem a ordem
do espaço e do tempo Em vez de usar o termo
“Metafísica”, Aristóteles usava
e, portanto,
“Filosofia Primeira” ou “Teologia”
do mundo físico e histórico
por contraste com o que chamava
(Mondin) de “Filosofia Segunda” ou “Física”
O MITO DA CAVERNA - PLATÃO
MITO-LOGIA
A filosofia nasceu como
libertação do “Lógos”
A filosofia platônica pode
em relação ao “Mýthos”
ser configurada como
dos pré-socráticos
“FÉ RACIONALIZADA”:
(“assombro fantástico”) -
Ao chegar a razão
Para Platão, mais do que
aos limites extremos
expressão de fantasia,
de suas possibilidades,
o MITO é expressão de
PLATÃO confia à força do
crença, através de seus
MITO a tarefa de superar
poderes alusivos e intuitivos:
intuitivamente esse limite,
O MITO vem para elevando o espírito a uma
a explicação da vida, VISÃO TRANSCENDENTE
que o LOGOS não tinha
condições de captar
A Metafísica pela “Segunda Navegação”
Os filósofos da “PHÝSIS” Platão tenta a libertação
tentaram explicar os fenômenos radical dos sentidos
recorrendo a causas de caráter e do “SENSÍVEL”
físico, (explicar o “sensível” e o deslocamento
através do próprio “sensível”): decidido para
Na visão de Platão, o plano do
estas seriam “con-causas” “RACIOCÍNIO PURO”
a serviço de causas ulteriores - e do que é captável
pelo “INTELECTO”:
Pela “Segunda Navegação”,
Platão descobre uma realidade Qualquer coisa física
SUPRASSENSÍVEL, supõe uma causa
dimensão SUPRAFÍSICA do ser: suprema e última que é
“Por que certa coisa é bela?” de caráter “METAFÍSICO”
A Metafísica pela “Segunda Navegação”
METAFÍSICA A fundação da METAFÍSICA
Ciência que tem por Platão nos permitiu
falar do “IMATERIAL”,
como pergunta-chave:
“SUPRASSENSÍVEL”,
QUAL É A NATUREZA “METAEMPÍRICO”,
FUNDAMENTAL DA “SUPRAFÍSICO”
REALIDADE?
O “Kósmos” não aparece
A “Segunda Navegação” mais como a totalidade
leva ao reconhecimento das coisas que existem,
de dois planos do ser: mas apenas como a totalidade
das coisas que aparecem -
1) Fenomênico e Visível
O “verdadeiro ser”
2) Metafenomênico é constituído pela
(puramente “inteligível”) “REALIDADE INTELIGÍVEL”
O Hiperurânio e o Mundo das Ideias
AS IDEIAS DE PLATÃO
HIPERURÂNIO
(Eídos)
(“Tópos Noetós”)
Não são representações
mentais, mas aquilo que o Conjunto das “IDEIAS”
pensamento pensa quando que são captadas
liberto do “SENSÍVEL” - apenas pela parte
mais elevada da alma,
As “Ideias” platônicas são isto é, pela INTELIGÊNCIA
“entidades”, “substâncias”, e apenas por ela:
ESSÊNCIAS das coisas,
o que faz com que Lugar Supraceleste,
cada coisa seja o que é Planície da Verdade,
Mundo da
PARÁDEIGMA
REALIDADE INTELIGÍVEL
As “Ideias” são “o modelo
(do Ser Suprafísico)
permanente de cada coisa”
A Interpretação da “Caverna de Platão”

O mito da caverna traduz O muro representa a linha


os diversos graus em que divisória entre as
ontologicamente se divide a COISAS SENSÍVEIS e
realidade, isto é, os gêneros as SUPRASSENSÍVEIS -
do SER SENSÍVEL
As coisas verdadeiras
e SUPRASSENSÍVEL
situadas do outro lado
com suas subdivisões:
do muro constituem os seres
As sombras da caverna verdadeiros (“IDEIAS” )
simbolizam as APARÊNCIAS e o sol simboliza
das COISAS SENSÍVEIS, a Ideia do “BEM”
sendo as ESTÁTUAS as
próprias coisas sensíveis
A Interpretação da “Caverna de Platão”

A passagem da
Em segundo lugar,
visão das estátuas
o mito simboliza os graus
para a visão dos objetos
do conhecimento nas
verdadeiros e para a visão
duas espécies em que ele se
do sol, antes de forma
realiza e nos dois graus
mediata e posteriormente
em que se dividem:
de forma imediata,
a visão das sombras simboliza simboliza a dialética
a “EIKASÍA” ou imaginação em seus vários graus
e a visão das estátuas e a “NOÉSIS”
representa a “PÍSTIS” ou inteleção pura
ou crença
A Interpretação da “Caverna de Platão”

Em terceiro lugar, O voltar-se do SENSÍVEL


o mito da caverna para o INTELIGÍVEL
simboliza o aspecto ascético, é expressamente
místico e teológico representado com a
do platonismo: “libertação das algemas”,
A vida na dimensão como conversão,
dos sentidos (SENSÍVEL) enquanto a visão suprema
é a vida na caverna, do SOL é a visão do BEM
assim como a vida na pureza e a contemplação
e plenitude da luz é a vida do DIVINO
na dimensão do ESPÍRITO
Pensamento Mítico

A Consciência Mítica é não


somente uma necessidade básica
do espírito humano, mas também
um modo caracteristicamente
humano de pensamento, como a
Imaginação, Memória e Razão:

A Consciência Mítica possibilita


a pessoa apreender formas
inteiras, discernir a coerência
de suas partes constituintes
e captar a totalidade
de seus propósitos
(Louise Cowan)
A Mitologia da Crença

O QUE NOS LEVA A O MITO DOS FATOS


DESENVOLVER CRENÇAS? OU OS FATOS DO MITO?
Os FATOS que percebemos
CRENÇAS são elementos
e metabolizamos
fundamentais para dar senso
são selecionados na
de coerência às nossas vidas dependência de sustentarem ou
CRENÇAS são míticas por negarem nossas CRENÇAS
natureza e dão conformidade É assim que, em larga escala,
à nossa identidade MITOS são elaborados
CRENÇAS estruturam o script e adicionalmente a nossa
da nossa história-guia VISÃO DE MUNDO
(MITO PESSOAL) (Weltanschauung)
TUDO É REAL PORQUE TUDO É INVENTADO (Guimarães Rosa)

POR QUE NADA É O QUE É (Fernando Pessoa)


A Mitologia da Crença

VER PARA ACREDITAR OU


“A própria existência
ACREDITAR PARA VER?
de uma CRENÇA
CRENÇAS, enquanto tem em si a realidade
necessárias, podem embaçar de um fato psíquico...
nossa perspectiva de realidade A psicologia não dispõe
e obstruir todas as outras de um “ponto de apoio
CRENÇAS que desafiam nossas arquimédico” do lado de fora
certezas sagradas: desde que toda percepção
Com o tempo, nossas é de natureza psíquica, e,
CRENÇAS podem calcificar daquilo que não é psíquico,
e tornar-se IDEOLOGIAS nós só temos
conhecimento indireto”
O MUNDO É MINHA
(Jung)
REPRESENTAÇÃO
A Mitologia da Crença

Tomando-se uma realidade Aqui se encontra o ponto


psíquica e transformando-a crucial da confusão
numa história com contemporânea:
verdade literal, Um desentendimento geral
desconsidera-se baseado na literalização do
a constatação de que IMAGINÁRIO, METAFÓRICO,
a realidade psíquica pode MÍTICO, METAFÍSICO,
certamente ser verdadeira, TRANSCENDENTE,
mas isso não a torna tornando essas crenças
uma verdade literal em IDEOLOGIAS

A concepção de MITO como sinônimo de FALSIDADE


foi um mito desenvolvido no período do ILUMINISMO
A Mitologia da Crença

Viver um MITO
MITOS são narrativas
é conectar-se com atitudes
que atuam como
da esfera do imaginário
“veículos transportadores”,
e da psique autônoma –
termo que
A Realidade Psíquica subjaz
JOSEPH CAMPBELL
as histórias que nos
usa para sugerir que
contamos como verdadeiras
os MITOS nos transportam
para uma terra A maioria das pessoas
tão distante não acreditam na realidade
e ao mesmo tempo do inconsciente, que delineia
tão perto de nós: nossa visão de realidade
mesmo que não estejamos
O interior da nossa alma
conscientes disso
A Mitologia da Crença

A FILOSOFIA DO “COMO SE”


Minha ficção pode se tornar
meu método de entendimento
MITOS são formados pela
da realidade e constituir
construção de ficções
o alicerce do meu
“COMO SE”,
MITO PESSOAL
e essas ficções podem ser
praticamente úteis na vida:
As metáforas das quais
Podemos acreditar, assumir,
vivemos nos ajudam
conjecturar, ficcionalizar algo
a construir
que é teoricamente errado,
REALIDADES “COMO SE”
mas a partir de uma
perspectiva prática pode ser que nos possibilitam
útil nos resultados que gera metabolizar aquilo
que compreendemos
(Hans Vaihinger)
A Mitologia da Crença

Vivemos uma boa parte A alma é o que


do dia numa nos permite
REALIDADE “COMO SE” transformar eventos
e nossos sonhos noturnos em experiências –
constituem outro MITOS são construídos
REINO “COMO SE”, dessa maneira,
o qual possibilita através de um sistema
o inconsciente falar conosco “COMO SE”
para promover coerência
Nossas CRENÇAS filtram
(James Hillman)
as perspectivas da realidade
para se coadunar com nosso Crenças constituem as mais
MITO PESSOAL, poderosas forças que delineiam
transformando eventos da vida nossa realidade:
em experiências coerentes ASSIM É SE ASSIM LHE PARECE!
A Mitologia da Crença

Não conseguimos metabolizar,


selecionar, integrar tudo o que
A formação de
vivenciamos num dia qualquer –
CRENÇAS “COMO SE”
Nem pensamentos, memórias,
se dá de forma seletiva:
afetos e analogias associados:
A partir de uma variedade
Nós desenvolvemos metodologia
de complexidades
para selecionar os eventos que
em nossa experiência,
transformamos em experiências
ignoramos uma série
a fim de dar coerência à vida:
de perspectivas que
não dão sustentação Aqui podemos escolher
à nossa realidade assumida a conclusão que vamos assumir
como CRENÇA ou como
PRESSUPOSTO PROVISÓRIO
A Mitologia da Crença

Pressupostos são “CERTEZAS” O critério para os


escondidas abaixo do assoalho PRESSUPOSTOS
da consciência que ficam PROVISÓRIOS
operando vigorosamente deve ser sua UTILIDADE
até serem questionadas e não sua VERDADE:
através de reflexões profundas,
devendo ser consideradas como ATÉ QUE PONTO
OU SOB QUE CONDIÇÕES
PRESSUPOSTOS PROVISÓRIOS
ESSAS SUPOSIÇÕES
Quando temos consciência SE TORNAM NOCIVAS
que essas suposições estão OU INSTIGAM
deliberadamente substituindo PENSAMENTOS
os fatos e as causas completas E COMPORTAMENTOS
por uma fração da REALIDADE QUE SÃO DESTRUTIVOS?
A Mitologia da Crença

MITO é um conjunto
estruturante de CRENÇAS Muita coragem é necessária
que auxiliam o indivíduo para se atuar na parte
encontrar que ordem moral, de um MITO que
que elenco de valores não está mais fornecendo
deve escolher para aderir uma condição saudável de
e defender na sua vida coerência na vida da pessoa,
(Campbell)
que não é mais operativa
MITO que alimenta e suporta e cujo prazo de validade
nosso senso de PROPÓSITO já expirou há muito tempo,
e SIGNIFICADO fornece devendo ser revisada
uma condição saudável de ou deletada
coerência na vida da pessoa
A Mitologia da Crença

REALIDADE é o que se
Como parte de nossa estrutura
configura depois que
mítica, as CRENÇAS a que
filtramos, arrumamos
nos apegamos devem realçar,
e priorizamos os fatos
e não violar, nossa vida:
e os temperamos com
Nossos padrões de nossos valores e tradições:
pensamentos e sentimentos A REALIDADE É PESSOAL
devem ser questionados (Brooke Gladstone)
periodicamente para aferir
Nossas CRENÇAS são
o que ainda se encontra
iniciadas com o pressuposto
operativo e orgânico neles
de que o que acreditamos
e o que congelou em
faz parte de um senso
paralisia sufocante para o
comum compartilhado
significado da nossa vida
do que é a REALIDADE
A Mitologia da Crença

Todo homem tem como AEstereotipando o mundo


referência para os limites com minhas certezas me faz
acreditar que o conheço bem,
do mundo os limites do seu
incluindo as suas fronteiras –
próprio campo de visão
Assim um estereótipo é criado
(Schopenhauer)
como um sistema de crenças,
Esse pensamento pressupõe: uma maneira de ver e de
conhecer cujas limitações
“Onde meu entendimento
são por mim desconhecidas:
termina, o mundo termina
também; O mundo é do Nossa visão de mundo permanece
rigidamente fundada num alicerce
tamanho de minha capacidade
de estereótipos, não somente
de imaginá-lo; Não há
sobre pessoas, mas também
distinção entre o UNIVERSO sobre como as coisas funcionam
e o MEU universo” (Gladstone)
A Mitologia da Crença

O pensamento estereotipado Se nos apegamos a


focaliza o que é FAMILIAR estereótipos para formar
e o que é EXÓTICO, nossa visão de mundo,
exagerando ambos: nosso mito se exacerba
O LEVEMENTE familiar é visto numa IDEOLOGIA,
como MUITO conhecido e o construindo nossa realidade
algo EXÓTICO é visto como com o mínimo de
DEVERAS estranho desconfortos e contradições:
(Walter Lippmann: “estereótipo”) A pessoa então promove
Estereótipos filtram o que ajustes e distorções em si
percebemos, estreitando nosso mesmo para se encaixar
campo de visão através nos requisitos absolutos dos
de “pontos cegos” ESTEREÓTIPOS
A Mitologia da Crença

Aquilo que definimos como Somente quando um MITO


sendo REAL e VERDADEIRO, está morrendo é que
torna-se a nossa versão enxergamos verdadeiramente
oficial da REALIDADE as suas características
Tal presunção da imaginação Analogia com o peixe que
bloqueia todo tipo de só vê a água, que é o meio
possibilidades alternativas através do qual ele vê,
das nossas certezas, quando esta se encontra
fazendo com que a pessoa poluída e ele não consegue
fique aprisionada numa vida mais ver o que tenta ver:
dedicada a combater visões Ele vê a água poluída –
diferentes de realidade O MITO se encontra VISÍVEL
A Mitologia da Crença

PENSE NUMA
O QUE É SABEDORIA? CRENÇA FUNDAMENTAL
Sabedoria é a habilidade POR VOCÊ PRESERVADA
de discernir em nosso MITO AO LONGO
o que não está mais operando DA
a nosso favor, e ter a coragem MAIOR PARTE
de nos livrarmos dele, DE SUA VIDA
bem como a habilidade E QUE AGORA
de discernir em nosso MITO NÃO É
o que ainda é orgânico e MAIS SAUDÁVEL
nos supre energia e propósito, E euCONTINUAR
vivi sem saber
e que merece ser cultivado COMO
que vivia PARTEfábula
a minha
(Marion Woodman)
DO(Jean Rousselot)
SEU MITO PESSOAL?
A Certeza da Dúvida

Quando uma certeza é propagada com muita veemência


esta geralmente constitui uma compensação
para uma dúvida inconsciente.
A ansiedade nos faz agarrar nossas certezas.
As certezas nos levam aos dogmas.
Os dogmas nos levam à rigidez.
A rigidez nos leva à idolatria.
A idolatria nos leva ao cerceamento do espírito.
Suportar a ansiedade da dúvida nos leva à abertura.
A abertura nos leva à revelação.
A revelação nos leva à descoberta.
A descoberta nos leva ao crescimento do espírito
(Hollis)
Referências Bibliográficas

 A Apreensão da Realidade Psíquica, Vol. 1 (Paulo Cesar Sandler)

 A Poética do Devaneio (Gaston Bachelard)

 Explorando a Caverna de Platão - Notas de Aula

 Riting Myth, Mythic Writing (Dennis Slattery)

 A Filosofia do “Como Se” (Hans Vaihinger)

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