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O toque vai para além dos limites da nossa pele. Sentir o toque de outro ser, ativa o nervo
cerebral vago, uma via de comunicação ramificada, que transmite sinais do corpo para o
cérebro, controlando as nossas emoções ou pensamentos, estados de relaxamento ou de
alerta, regulação da frequência cardíaca, ou respiratória. Tocar significa o ato de alcançar
algo ou alguém, assim como a possibilidade de exercermos influência sobre as coisas ou
outros seres. Numa floresta, as plantas, árvores e fungos, também estão ligados no subsolo
por uma rede complexa de raízes, que lhes permite comunicar e trocar vários nutrientes,
numa constante interajuda. Tocar é mais do que uma sensação, é um modo como comu-
nicamos, vivemos em coletivo, experienciamos o mundo e afetamos a natureza ao nosso
redor.
-Ana Martins
PM#105
No texto Ohio, 1949, Barnett Newman relata, a propósito de uma viagem aos montes sepul-
crais Índios de Ohio, uma experiência de “desorientação por uma multiplicidade de sensa-
ções”. Para Newman a paisagem do cume do monte de Miamisburg faltava em comparação
com o espaço no interior deste túmulo. As paredes de lama, desprovidas de qualquer mo-
tivo que pudesse ser apropriado ou fotografado para ser exposto num museu, invocavam
uma sensação singular de espaço. Um espaço, ou obra de arte, que para além de incapaz
de ser vista só conseguiria ser experienciada no local. A experiência de um “aqui… e mais
além” e um “visível… e mais além” (Didi-Huberman, G. p.313) de um espaço que Newman
declarou como uma experiência de “sensação física de tempo”.