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1. Introdução:
Uma das leituras possíveis da obra de Bauman, o Amor Líquido, consiste em
apontar as consequências das transformações que paulatinamente foram liquefazendo
as instituições e os relacionamentos na contemporaneidade. Para o autor, a morte e o
amor são os dois eventos inevitáveis e incontroláveis, que nos geram ansiedade e
medo.
2. Modernidade Sólida.
A modernidade sólida foi caracterizada por uma ordem social de valores e
modelos de vida estáveis, onde o futuro podia ser facilmente determinado em suas
certezas de vida, seja num emprego, onde um sujeito escolhia logo no início da vida
adulta e tinha a certeza de que ficaria nele até sua aposentadoria, seja no casamento,
“até que a morte os separe”, e em tantas outras escolhas que fazem parte da vida em
sociedade.
E isso, de acordo com o Bauman possui uma grande relação com o medo de se
relacionar. Ao mesmo tempo que desejamos a segurança de um amor, o carinho, o
companheirismo, temos medo de sermos sufocados por aquilo que desejamos ter.
Temos medo de poder estar perdendo outras oportunidades. De conhecer novas
pessoas. De não saber se aquela é a pessoa que desejamos compartilhar a vida, até
que a morte os separe.
Nessa busca por oportunidades, confundimos então o amor com desejo. A cada
pessoa que se conhece, cada relacionamento breve ou longo, se chama de amor.
Encontramos todos os dias um amor da nossa vida. Mas nem sempre queremos
compartilhar nossa vida com outro alguém.
E nessa modernidade líquida, apenas duas certezas podemos ter, que um dia
chegará a morte, e que um dia chegará o amor. Mas, assim como diz Bauman:
“Assim, não se pode aprender a amar, tal como não se pode aprender a
morrer. E não se pode aprender a arte ilusória – inexistente, embora
ardentemente desejada – de evitar suas garras e ficar fora de seu
caminho. Chegado o momento, o amor e a morte atacarão – mas não se
tem a mínima ideia de quando isso acontecerá. Quando acontecer, vai
pegar você desprevenido. Em nossas preocupações diárias, o amor e a
morte aparecerão ab nihilo – a partir do nada.” (BAUMAN, 2004, p. 15).
Nossa vida virou totalmente pública, nossos medos e desejos não são mais
privados. Basta você saber gerenciar sua imagem, o que escreve, com quem se
relaciona e as fotos que publica e pronto! Você tem a chave para o “sucesso” das
relações líquidas. Não por acaso que se chamam “redes sociais”. As relações sociais
não são mais estáveis e tocáveis. São apenas redes que se conectam e desconectam
o tempo inteiro, em questões de minutos.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 2004.
Paula Tavares
09 de julho de 2017.