Você está na página 1de 84

Tipologias

e gêneros textuais
Diagnóstico da Arte

Examinando obras de arte, o mé-


dico americano Carlos Espinel diag-
o.
lic
púb

nosticou algumas doenças. O que ele


nio

descobriu? Que os nódulos no joelho


Domí

de Michelângelo indicavam acúmulo


de ácido úrico, sintoma de gota, que
o sorriso enigmático de Mona Lisa
era o resultado de paralisia facial
parcial e que o inchaço quase imper-
ceptível na testa de Rembrandt era
sinal de uma artrite, inflamação de
uma artéria.

A
co .
bli

o observar esse quadro “Diagnóstico da arte”,
o
íni
Dom

você deve ter questionado o porquê de os ar-


tistas plásticos criarem essas obras. Afinal, será que
podemos fazer esse diagnóstico?
É claro que esse “Diagnóstico da arte” refere-se
a um diagnóstico médico a partir da análise de obras
de arte. Encontramos esse tipo de texto em jornais,
revistas, livros sobre curiosidades, cadernos de entre-
tenimento etc. O possível leitor interessado é aquele
que gosta de arte, médicos e leitores de revistas e
jornais em geral.

.
Hoje, o costume de encomendar a pintura de pes-
ico soas ainda existe, mas em pequena escala. É muito
bl

mais fácil retratar a pessoa por fotografia.


Domínio

Esse tipo de texto serve para informar os leitores


sobre esse assunto e despertar o interesse de outros.
Para aprendermos as características de diferentes
textos, é preciso conviver com essa diversidade. O en-
tendimento da linguagem depende da interação com
o “outro” e com a “própria linguagem”, seja ela uma
linguagem falada, escrita ou simplesmente desenhada
(ilustrada).
EF2_8A_POR_065
Interações e a construção
do discurso
Você está pronto para reforçar o estudo de nossa língua e aprimorar o contato com seus
semelhantes? Se dominarmos a língua, nossas ideias serão transmitidas com mais clareza e
eficiência. Concorda?
Neste módulo, vamos conhecer alguns gêneros e tipologias textuais. Perceberemos que a
produção e a exploração textual exigem compreensão, isto é, o receptor deve entender perfeita-
mente a mensagem transmitida pelo emissor. Você notará que o leitor e o autor são elementos
importantes na constituição do discurso, e que a escolha do vocabulário, da estrutura e da
apresentação do texto devem possibilitar a efetivação do trabalho interativo, proporcionando
ao leitor o pleno entendimento da mensagem.
Esperamos que você aproveite bastante esses momentos no maravilhoso mundo da co-
municação e expressão.

Tipologias textuais
Os tipos textuais são determinados através de aspectos lexicais, sintáticos, das relações
e do tempo verbal. São eles:
argumentativo;
narrativo;
explicativo;
dialogal;
descritivo;
injuntivo.

Gêneros textuais
Todos os textos que produzimos, orais ou escritos, apresentam um conjunto de caracte-
rísticas relativamente estáveis. Essas características configuram diferentes textos ou gêneros
textuais.
Os gêneros textuais são determinados pela estrutura textual, que é determinada pelo
canal de informação, pelo estilo, pelo conteúdo e pela função social. São gêneros textuais:
telefonema, carta, romance, reportagem, aula, manual, rótulo, horóscopo, conta de luz, debate
político etc.
Leia o texto a seguir, atentamente:
EF2_8A_POR_065

2
Unanimidade

O homem, hoje, vive simultaneamente em todas as partes do mundo. Dói-lhe a terra


inteira como se fosse uma expansão sensível do seu corpo. O rádio, a televisão, o telex
são células nervosas desse imenso organismo a transmitir-lhe impressões sob forma de
notícias.
O jornal é o gráfico dessa vida nervosa complementar, estampando diariamente as
oscilações de nossas tristezas universais, nossas pálidas esperanças ecumênicas, nosso
medo, somando as parcelas do mundo em nossa mente, divide a nossa mal distraída
atenção por todos os continentes.
O homem particular desaparece: somos todos homens públicos. As mesmas vibrações
percorrem os povos de toda a terra; nossa curiosidade e nossos interesses estão em to-
dos os lugares; nosso ativado espírito de justiça não recua diante das fronteiras; já não
vivemos em nossa “urbe” limitada; nossa segurança não depende apenas de nós ou da
polícia da cidade.
Uma atitude tomada a milhares de quilômetros poderá transformar violentamente o
nosso plano de vida para o amanhã. Não tem sentido dizer: não tenho nada com isso,
pois isso ou aquilo, tudo tem a ver conosco. Temos a ver com todas as coisas e todas
as pessoas.
Essa unanimidade consciente é o dado mais estranho de nosso tempo. Temos a ver
com o político que morreu varado de tiros, e é preciso conhecer os motivos desse gesto,
com a pequena comunidade que se tornou independente depois de séculos de servidão,
com a transferência de propriedade de uma grande indústria.
Tudo pode afetar a nossa vida, nossa consciência, nosso sentimento de culpa, nossa
tranquilidade, nossa noite de descanso. Estamos envolvidos por tudo e por todos. Das
experiências termonucleares às pesquisas sobre dor reumática. Das multidões esfomea-
das da Índia à menina brasileira que furtou um pão. Das reviravoltas da política africana
às usinas de alumínio no Canadá.
Da janela do seu quarto, aberta para todos os quadrantes, o homem indaga o mundo,
olha as razões do mundo, fareja os motivos e as consequências dessa ou daquela atitude,
dessa ou daquela omissão, refletindo a vasta massa informe dos acontecimentos, das
situações estacionárias, revolucionárias ou reacionárias das promessas ou das mentiras
universais.
E olhando, indagando, farejando, refletindo, o seu interesse cruza com o de milhões
de outras criaturas que procuram um entendimento universal, uma evolução verdadeira,
uma paz estável para as gerações novas, uma segurança solidária, um mundo, afinal,
mais decente, menos enganado pelos poderosos, menos injustiçado.
Nosso destino é morrer. Mas também é nascer. O resto é aflição ou frivolidade do
espírito.
EF2_8A_POR_065

(CAMPOS, Paulo Mendes. Unanimidade. In: Sales, Herberto. (Org.). Antologia Escolar de Contos.
Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1971.)

3
Agora, discuta com seu professor e colegas as questões a seguir:
O texto “Unanimidade” tem como objetivo principal instruir como proceder
para obter certo resultado ou narrar uma história fictícia?

O texto apresentado é uma narrativa curta, não faz rodeios e nele tudo está
cheio de significado, cada palavra, cada vírgula, cada descrição. A que gênero
textual pertence o texto?

Nesse texto o autor procurou impressionar e emocionar o leitor. O que quer di-
zer a passagem “O rádio, a televisão, o telex são células nervosas desse imenso
organismo a transmitir-lhe impressões sob forma de notícias.”?

1. Identifique o gênero textual e a tipologia textual predominantes:

a)

Primeiro dia de aula

Ana Maria acabava de ingressar em um famoso colégio da


cidade, desses que preparam os alunos para um bom futuro
profissional.
No primeiro dia de aula, entrou na sala ansiosa e assistiu
às três primeiras aulas quieta e atenta, sentada na primeira
carteira.
Quando bateu o sinal do intervalo, olhou para o lado as-
sustada, sem saber o que fazer. Foi por pouco tempo, logo
chegaram duas colegas de sala.
Pouco tempo depois já estava no pátio, alegre e mais se-
gura, pois já encontrara amigas na nova escola.

(Da coautora)

Solução:
EF2_8A_POR_065

Narração – narrativa.

4
b)

Ingredientes: 2 xícaras de conhecimento, 6 colheres de pa-


lavras curtas, 6 colheres de palavras médias, 4 colheres de pa-
lavras longas, 1 pitada de interjeições, 1 xícara de pontuação.
Modo de fazer:
Selecione os conhecimentos e divida-os em uma folha de
papel em branco. A seguir, acrescente a cada folha três pala-
vras curtas, três palavras médias e duas palavras longas. Mis-
ture bem, coloque meia xícara de pontuação e acrescente uma
pitada de interjeição. Deixe descansar por alguns minutos e
sirva aos leitores.
(Da coautora)

Solução:

Receita – explicativo.

c)

Sinal fechado
Paulinho da Viola
“Olá, como vai?
Eu vou indo, e você tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo correndo
pegar meu lugar no futuro. E você?”

Solução:
Letra de música – dialogal.

d)

Leão - 22/7 a 22/8


Marte em Aquário, em conjunção com Netuno, traz compli-
cações aos seus relacionamentos. Em alguns momentos você
pode ser mais agressiva ou andar meio sem rumo. Ótimo perí-
odo para botar uma mochila nas costas e viajar.
Os melhores dias são 20 e 21.
(Capricho, n. 1 014, 8 jul. 2007.)

Solução:
EF2_8A_POR_065

Horóscopo – argumentativo.

5
e)

Divulgação Converse – All Star.


Solução:
Propaganda – argumentativo.

Para o bom desenvolvimento de suas atividades, leia os textos a seguir e resolva as


questões:
Texto 1

É revoltante
Programas exploram a desgraça do cantor Rafael, viciado em drogas pesadas
Ricardo Valladares

Fazer circo com a desgraça alheia é um procedimento comum em alguns programas da


televisão brasileira. A vítima da vez é o cantor Rafael Ilha, de 26 anos. Depois de um su-
cesso relâmpago como vocalista do grupo Polegar nos anos 1990, época em que chegou a
namorar beldades como a atriz Cristiana Oliveira, Rafael mergulhou no inferno das drogas.
Chegou a ser preso por roubar um real para comprar uma pedra de crack. Recentemente,
durante uma crise de abstinência, engoliu três isqueiros, uma caneta e uma pilha.
Rafael, um homem doente, virou presa fácil dos shows de horrores, como o do Ratinho,
no SBT. Na semana passada, Ratinho apelou para o ex-Polegar duas vezes. Na segunda-
-feira, Rafael apareceu no programa contando desgraças. Na terça-feira, o apresentador
promoveu um encontro entre ele e o pai, que nunca conhecera. A produção trouxe da
Bahia o agricultor Jorge Meirelles, de 56 anos. Resultado: comoção geral e salvação para
EF2_8A_POR_065

o programa em franca decadência. O show do Ratinho, que já chegou a dar 30 pontos de


audiência, hoje patina nos 12. Graças a Rafael, o roedor conseguiu um ibope de 20 pontos

6
na segunda e na terça-feira. Foi também na terça, depois da meia-noite, que o cantor
foi exibido no evangélico Fala que Eu te Escuto, da Record. A audiência média dobrou,
passando de dois pontos para quatro pontos.
Muita gente que assiste a programas como Fala que Eu te Escuto e Ratinho acha que
seus apresentadores estão querendo ajudar Rafael. Não há, infelizmente, nenhuma boa
intenção envolvida. É tudo briga rasteira por ibope. Antes de se debulhar em lágrimas com
o drama do rapaz, Ratinho o xingara várias vezes só porque Rafael havia aparecido no pro-
grama de seu rival Gilberto Barros, o Leão. Uma pessoa com dependência química e psico-
lógica de drogas precisa de tratamento, não de exposição pública. Se tivesse quem zelasse
por ele, Rafael estaria interditado judicialmente, sob as asas de um tutor, e proibido de
aparecer na televisão. Mas nem sua mãe, que sobrevive com dificuldade com um salário
de R$700 por mês, e muito menos o pai, que nos últimos dias estava mais preocupado em
dar entrevistas, assumem a responsabilidade. Incrível: até o dono da clínica Maxwell, em
Bragança Paulista, onde o cantor se encontra internado de graça para desintoxicação, o
incentivou a ir à TV. “Ele é um artista e precisa de aplausos”, tenta justificar o psiquiatra
Sabino Farias Neto. Aos entrevistados por Veja, Sabino ameaçou expulsar Rafael de sua
clínica caso saísse algo negativo sobre seu trabalho. Apesar da doença, Rafael tem consci-
ência do que acontece com ele. “As pessoas não querem saber de minha carreira artística,
só me chamam quando estou mal”, queixa-se. No passado, Leão e Gugu já se aproveitaram
da desgraça do ex-Polegar. É revoltante. Do jeito que as coisas vão, a triste história de
Rafael terá um final ainda mais infeliz.
(Veja, n. 1 637, 23 fev. 2000.)

1. Qual o gênero textual desse texto?

2. “Chegou a ser preso por roubar um real para comprar uma pedra de crack.” Quais
seriam as causas e as consequências desse tipo de comportamento?

3. Como você vê a atitude dos apresentadores de TV mencionados no texto?


EF2_8A_POR_065

7
4. O que você acha que pode ser feito para ajudar as pessoas que entram nesse caminho?

5. Como você avalia a atitude do médico psiquiatra (dono da clínica que o mantém
internado), ao aconselhar o rapaz a comparecer ao programa de televisão?

6. Como você interpreta a atitude do médico quando ameaça expulsar Rafael de sua
clínica, caso fosse publicado algo negativo sobre seu trabalho?

7. O texto aborda dois aspectos relativos à realidade que nos cerca: a dependência química
e a exploração da desgraça alheia em programas de televisão. “As pessoas não querem
saber de minha carreira artística, só me chamam quando estou mal.” Na sua opinião,
Rafael, nas atuais condições, deve participar de programas de televisão? Por quê?

Comente as questões 8 e 9.

8. A vida de Rafael nos serve de exemplo sob vários aspectos: pessoal, profissional
e social.

9. “É revoltante. Do jeito que as coisas vão, a triste história de Rafael terá um final
ainda mais infeliz.”
EF2_8A_POR_065

8
Após a leitura do texto de Ricardo Valladares, é significativo ler o texto a seguir:

Texto 2

Entenda por que a liberdade de imprensa é importante


Cláudio Fragata

Jornais, revistas e televisão existem para informar as pessoas. Por esses e outros meios
de comunicação ficamos sabendo de quase tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
Pode ser a estreia de um filme, o lançamento de uma nave espacial, a eleição para presidente
de um país, a morte de um menino de rua, o resultado de uma partida de futebol...
Todos têm o direito de opinar, e os meios de comunicação têm o direito e o dever de
transmitir informações corretas.
As notícias sobre determinado assunto nem sempre são divulgadas do mesmo jeito.
Um jornal nem sempre pode ser a favor da situação, e outro contra, por exemplo.
É bom que seja assim, pois ouvir diferentes versões do mesmo fato ou ideia torna
mais fácil desenvolver a própria opinião.
Já reparou no que acontece quando dois de seus amigos brigam? Se somente um
deles contar como foi, você provavelmente vai achar que ele tem toda a razão. Como
cada um deles acha que está certo, para entender o que aconteceu de fato, você tem
de ouvir a história de ambas as partes para tirar suas conclusões.
Em outras palavras, para entender bem um assunto, é melhor colher informações e
opiniões de fontes diferentes.
Assim, quando você se interessar por um assunto que ouvir no rádio, por exemplo,
vale a pena informar-se melhor sobre ele e procurar mais detalhes numa revista, num
jornal ou na TV.

(Recreio, São Paulo, p. 27, out 2004.)

10. Na sua opinião, qual é o direito das pessoas e qual é o direito e o dever dos meios de
comunicação?
EF2_8A_POR_065

9
11. Para você, obter informações diferentes sobre um mesmo assunto é prejudicial ou
benéfico? Explique sua opinião.

12. Observe a linguagem do texto 2.


a) Que variedade linguística foi empregada? A formal ou a informal?

b) Considerando-se o veículo em que foi publicado, pode-se dizer que a escolha


dessa variedade linguística foi adequada? Por quê?

Acentuação gráfica
Os sinais gráficos são colocados na sílaba tônica da palavra, ou seja, na sílaba pronun-
ciada mais fortemente. Embora todas as palavras possuam acento tônico, nem todas possuem
acento gráfico.

13. Leia.

Eu até lavo meus pés


IESDE Brasil S.A.

Leite é ótimo para A pele!


com leite.
que nada! depois eu reapro-
veito o leite!
Que desperdício!
EF2_8A_POR_065

10
Justifique a presença de acento gráfico nas seguintes palavras extraídas da tira:

ÓTIMO ATÉ

Leia a imagem:

IESDE Brasil S.A.

A turma gosta de jogar futebol durante o intervalo das aulas. Um dia, resolveram fazer
um campeonato entre meninos e meninas. Convidaram um professor para ser o juiz.

Conte como foi o primeiro jogo do campeonato. Lembre-se de informar quando e


onde o fato aconteceu. Descreva como estavam os participantes e conte como se deu
o jogo. No final, dê um título interessante para o texto que você criou.
EF2_8A_POR_065

11
12
EF2_8A_POR_065
EF2_8A_POR_065

13
14
EF2_8A_POR_065
ALUNO: TURMA: DATA:

TÍTULO:

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28
EF_POR.113
EF2_8A_POR_065

29

30

15
16
EF2_8A_POR_065
Estudo de gênero:
crônica

e.
uic
lJ
ita
Dig

A Última Crônica

A negrinha agarra finalmente o bolo


com as duas mãos sôfregas e põe-se a
comê-lo. A mulher está olhando para ela
com ternura – ajeita-lhe a fitinha no ca-
belo crespo, limpa o farelo de bolo que
lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo
botequim, satisfeito, como a se conven-
cer intimamente do sucesso da celebra-
ção. Dá comigo de súbito, a observá-
lo, nossos olhos se encontram, ele se
perturba, constrangido – vacila, ameaça
abaixar a cabeça, mas acaba sustentan-
do o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica:
que fosse pura como esse sorriso.

(SABINO, Fernando.
A Companheira de Viagem.
Rio de Janeiro: Record, 1965.)

Ju
ice.
“De notícia e não notícia faz-se a crônica.”
l
ita

(Carlos Drummond de Andrade)


Dig

EF2_8A_POR_070
Crônica
O que é crônica?

Crônica é uma narrativa curta que tem como tema fatos da vida cotidiana, muitas
vezes abordados com humor e simplicidade.

Vamos ler este divertido texto de Fernando Sabino. A seguir, estudaremos algumas das
características que definem esse estilo literário. Boa leitura!

Texto 1

Cara ou coroa

Chegou em casa de madrugada e, para não acordar a mu­lher, resolveu se despir no


banheiro. No que tirou a calça, uma des­sas novas moedas de 50 centavos, que havia re-
colhido de troco não sabia onde, saltou do bolsinho junto ao cinto, descreveu uma pará­
bola no ar, bateu na beirada da pia, outra parábola, e foi cair direto dentro do ralo.
No momento, ele não deu importância, mal percebeu o que acontecera. Acabou de
se despir calmamente e depois abriu a tor­neira, lavou o rosto, escovou os dentes, mirou-
se no espelho fa­zendo caretas, fechou a torneira. Só então viu que a água na pia, com
laivos de espuma de sabão e de pasta de dente, simplesmen­te não descia.
Com a ponta do dedo, verificou que a moeda era exata­mente do mesmo calibre do
ralo da pia, vedando por com­pleto a passagem da água cano abaixo.
Em vão tentou retirá-la com a unha do indicador: não havia o menor espaço entre ela e a
parede do cano. E de tanto mexer com a mão ali dentro, não só acabou machucando a unha,
como fez com que a água en­tornasse sobre as bordas da pia, molhando o chão do banheiro.
Desistiu logo: tinha mais é que ir dormir, na manhã seguinte daria jeito naquilo.
Na manhã seguinte, foi acordado pela mu­lher, quando estava no melhor do sono:
– Vem ver só o que você andou apron­tando esta noite.
Estremunhado, tomou o caminho do banheiro, que a mulher lhe apontava. Entrou pela
água adentro até os tornozelos: o chão estava completamente alagado. Deixara a torneira
mal fechada e a água transbordava da pia por todos os lados, como uma cachoeira.
EF2_8A_POR_070

– Não fui eu – protestou ele.

2
– Então me diga quem foi – a mulher desafiou-o, mãos na cintura.
– Foi a moeda – e ele aproveitou a pia cheia para molhar o rosto, espantando o sono.
– Moeda? Que moeda?
– Uma moeda nova. Dessas de 50 centavos. Pra você ver como o nosso dinheiro anda
desva­lorizado.
Meteu a mão na água e, num gesto delicado de ginecologista, apalpou a moeda com
o dedo.
– Nada a fazer. Não sai de jeito nenhum.
– Deixa comigo – e a mulher o afastou com o braço, ar eficiente. Tirou da cabeça um
grampo, abriu-o e ficou a esgravatar com ele as entranhas da pia. Acabou desistindo:
– Que ideia a sua, jogar essa moeda aí dentro.
– Joguei por querer, é o que você quer dizer.
– Não sai de jeito nenhum.
– Foi o que eu disse. Só virando a pia de cabeça para baixo.
– Podíamos usar um ímã.
– Um ímã? – ele se surpreendeu com a inesperada manifestação de inventiva da mu-
lher. ­E quem é que disse que ímã funciona dentro d’água? Além do mais, o metal dessas
novas moedas é tão ordinário, que ímã nenhum deve exercer atração sobre elas.
– Não custa experimentar.
– Não temos ímã aqui em casa. Só comprando um. E confesso que não tenho a mais
longín­qua ideia de onde é que se compra ímã neste mundo de Deus. Ainda mais um tão
pequeno que caiba no ralo da pia.
– Quem sabe um pouco de cola na ponta de um lápis...
– Cola debaixo d’água? Só você mesmo, mulher.
– A gente tira a água.
– Tirar como, se a pia está entupida? O jeito é chamar o bombeiro.
– Também, que diabo você tinha de voltar tão bêbado para casa, a pon­to de jogar
moeda dentro da pia?
Prudentemente, ele se afastou, indo tomar seu café, sem escovar os den­tes. A mulher
o seguiu. Em pouco tempo, o filho, de sete anos, se acomodava também à mesa, todo
lampeiro, penteado e arrumado para ir à escola.
– Você lavou o rosto? Escovou os dentes? – espantou-se a mãe: ­
– Como é que se arranjou com a pia entupida daquele jeito?
– Eu desentupi.
EF2_8A_POR_070

– Como? – perguntaram os dois a um tempo.


– Com um pedaço de chiclete no cabo da escova.

3
E o menino atirou a moeda para o ar, aparando-a com as duas mãos:
– Cara ou coroa?

(SABINO, Fernando. O Gato Sou Eu. Rio de Janeiro: Record, 1984.)

O texto “Cara ou coroa” parte de uma situação que poderia acontecer com qualquer pes-
soa: deixar cair uma moeda na pia do banheiro, entupindo-a. Aliás, quem nunca fez isso com a
tampinha da pasta de dentes?
São de situações corriqueiras como essas, narradas de maneira descontraída, que tratam
as crônicas.
As crônicas costumam ser publicadas em jornais, em espaços reservados para esse fim.
No entanto, muitas delas são depois reunidas em livros.
No Brasil, a produção de crônicas é bastante vasta. Nessa área, destacam-se escritores como
Sérgio Porto, Rubem Braga, Fernando Sabino, Luis Fernando Verissimo, Moacyr Scliar entre outros.
Leia esta crônica de Moacyr Scliar:

O pai sequestrado

Os sequestros estão voltando à moda. É verdade que o último terminou bem, mas um
dos receios que a gente tem é que a coisa possa se generalizar, passando, por exemplo,
da política internacional para a política familiar.
Imagine a seguinte situação. Num sábado à tarde você está em casa, lendo. Sua
mulher saiu. De repente, vem seu filho e pede que você o leve ao cinema, ou ao parque,
ou a qualquer lugar. Você diz que não, que está lendo, e que tem tanto direito à leitura
como ele à diversão. Ele insiste, você finca pé. Ele sai, fechando a porta atrás de si.
Você, ainda que aborrecido, volta à leitura.
Um minuto depois, um discreto ruído chama sua atenção. É a chave girando sua
fechadura. Você dá um pulo, corre até a porta – mas é tarde demais: seu filho acabou de
trancá-lo no quarto. Abre esta porta, você ordena, no tom imperioso que sua autoridade
paterna exige. Não abro, diz o garoto, e estabelece suas condições: só lhe dará a liberda-
de se você levá-lo ao cinema (ou ao parque, ou a qualquer outro lugar). Quer dizer: você
foi sequestrado. Por seu próprio filho, em sua própria casa. Incrível, porém verdadeiro.
E agora? Calma, você diz a si mesmo. A situação é desesperadora, porém não grave.
O que fazer? Há muitas possibilidades, diferentes saídas. Você pode, por exemplo, par-
lamentar com o pequeno terrorista através da porta fechada, explicando que isto não é
jeito de conseguir as coisas, que é melhor ele abrir, se não a represália virá etc. Pouco
provável que dê certo. O garoto tem a faca e o queijo na mão, sem falar na chave, e
assim não tem por que ceder.
EF2_8A_POR_070

(SCLIAR, Moacyr. Um País Chamado Infância. São Paulo: Ática, 1995. p.20.)

4
1. O texto “Cara ou coroa” trata de um fato incomum ou de um fato comum, corriqueiro?

2. Em quais soluções o casal pensou para resgatar a moeda?

3. Ao notar que entupira a pia do banheiro com uma moeda, o personagem tomou que
provi­dência?

4. Qual foi a primeira reação do personagem quando sua mulher lhe mostrou que a água
transbordava da pia do banheiro?

5. Depois de tentar, em vão, resgatar a moeda com um grampo, a mulher faz uma acu-
sação ao marido. Identifique-a.

6. De que forma surpreendente a situação foi resolvida?

7. De que outra forma você resolveria essa si­tuação?


EF2_8A_POR_070

5
Texto 2

Grande Edgar

Já deve ter acontecido com você.


– Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas arma-
zenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra.
– Lembra ou não lembra?
Nesse ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Um, o curto, grosso
e sincero: “não”. Outro caminho, menos honesto, mas igualmente razoável, é o da
dissimulação: “não me diga, você é o...”. E há um terceiro caminho. O menos racional e
recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
– Claro que estou lembrando de você!
Você não quer magoá-lo, é isso. Você não quer que ele pense que passou pela sua
vida sem deixar um vestígio sequer. Você ainda arremata:
– Há quanto tempo!
Agora tudo dependerá da reação dele. Ele pode o desafiar. Não o faz. Você ganhou
tempo para pesquisar melhor a memória. Quem é esse cara, meu Deus? Enquanto resgata
caixotes com fichas no meio da poeira e das teias de aranha do cérebro, o mantém à
distância com jabs verbais.
– Como você tem passado?
– Bem, bem.
– Parece mentira.
– Puxa.
(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu
Deus?)
Ele está falando:
– Pensei que você não fosse me reconhecer...
– O que é isso?!
– Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.
– E eu ia esquecer você? Logo você?
– As pessoas mudam. Sei lá.
– Que ideia!
(É o Ademar! Não, o Ademar já morreu! Rezende! Mas como saber se ele é o Rezende.
EF2_8A_POR_070

Quem é esse cara?)

6
– É incrível como a gente perde contato.
– É mesmo.
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
– Você tem visto alguém da velha turma?
– Só o Pontes.
– Velho Pontes!
(Você não conhece nenhum Pontes. É inútil. Você decide esquecer a cautela e partir
para um lance decisivo. O último, antes de apelar para o enfarte.)
– Rezende...
– Quem?
Não é ele. Pelo menos isso está esclarecido.
Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado.
Ele fala:
– Sabe que a Ritinha casou?
– Não.
– Casou com quem?
– Com o Bituca.
– Velho Bituca...
– Não avisaram nada?!
– É que a gente perdeu contato e...
– É... E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. Vocês é que esqueceram
de mim!
– Desculpe, Edgar. É que...
– Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...
(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com
outro. O melhor é acabar logo com isso.)
– Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?
– Certo, Edgar. E desculpe, heim?
– Certo.
Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer “Grande Edgar”. Mas jura que
é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar “Você está me
reconhecendo?” não dirá nem não. Sairá correndo.
EF2_8A_POR_070

(VERISSIMO, Luis Fernando. As Mentiras que os Homens Contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)

7
1. A crônica quase sempre é um texto curto, com poucas personagens, que se inicia
quando o fato principal da narrativa está por acontecer.
a) Como se inicia a crônica lida?

b) Quais são as personagens envolvidas na história?

c) Onde aconteceu o fato?

d) Qual é, aproximadamente, o tempo de duração do fato narrado?

2. Qual o tipo de narrador nessa crônica?

3. Em que a crônica em estudo difere da crônica anterior deste módulo?

4. O narrador, através da crônica bem-humorada, apresenta um fato real e supõe que o


leitor também tenha vivido algo parecido. Que frase comprova a suposição do autor?
Copie-a.
EF2_8A_POR_070

8
5. O autor apresentou três caminhos para resolver a situação embaraçosa abordada no
texto. Segundo ele, qual é o caminho menos recomendável? Justifique a resposta com
uma passagem do texto.

6. Sabendo-se que o termo jabs vem do inglês e se refere aos golpes rápidos com que
o lutador de boxe tenta manter o adversário à distância e que “verbal” se origina do
latim verbum, cujo significado é “palavra”, faça o que é pedido.
a) Explique o uso da expressão “jabs verbais” no contexto da história.

b) Cite dois “jabs verbais” desferidos pelo “suposto Edgar”.

7. O autor apresenta, no último parágrafo, uma sugestão para evitar constrangimentos


como o narrador no texto. Qual é a sugestão? Você concorda com o autor? Justifique.

8. Observe a linguagem empregada no texto. Que tipo de variedade linguística foi em-
pregada?
EF2_8A_POR_070

9
1. Observe a frase a seguir:

“Você pode, por exemplo, parlamentar com o pequeno terrorista através


da porta fechada, explicando que isto não é jeito de conseguir as coisas, que
é melhor ele abrir, se não a represália virá etc.”

Nessa construção, foi utilizada uma palavra fora de seu sentido habitual.
a) Que palavra é essa?
b) A que, normalmente, ela se refere?
c) Construa uma frase utilizando essa mesma palavra em outro sentido.
Solução:
a) A palavra parlamentar.
b) Normalmente, essa palavra se refere aos políticos, que constituem o Parlamento.
c) Resposta pessoal. Sugestão: “O parlamentar agradeceu a homenagem prestada.”
Observe como as palavras podem “flutuar” sob diferentes contextos. Ao consultar
um dicionário, percebemos isso rapidamente. A leitura de textos variados faz com que
nosso conhecimento sobre o universo das palavras torne-se maior. As crônicas são
textos divertidos, recheados de situações do dia a dia.

1. As crônicas apresentam um título que, na maioria das vezes, revela a ideia prin-
cipal do texto. Os trechos abaixo foram retirados de crônicas. Relacione-os aos
títulos adequados:
1. Daltônicos de todo mundo, uni-vos!
2. Testemunha ocular
3. O protetor da natureza
4. Meu reino por um pente
5. A gravata
EF2_8A_POR_070

6. O contestador

10
( ) Inexplicavelmente, eles desaparecem, pouco a pouco, com certa malícia, um a
um, dois a dois, até chegar o momento dramático no qual, depois de vasculhar
todos os meus esconderijos, fico sem cabelos no meio da sala.
(CAMPOS, Paulo Mendes. Crônicas Escolhidas. São Paulo: Ática, 1981.)

( ) O marido estava na sala, lendo uma revista. A mulher o surpreendeu com o pre-
sente. Ele ficou por algum tempo tentando adivinhar o que havia dentro daquele
pacote. A surpresa foi ainda maior quando ele viu o que era. O que iria fazer com
aquilo, se nem ao menos um terno decente possuía?
(AZEVEDO, Alexandre. O Vendedor de Queijos e Outras Crônicas. São Paulo: Atual, 1991.)

( ) Mas voltemos àquela aula de Geografia onde abruptamente o professor me re-


velou que nem tudo era azul nas costas da Dinamarca. É que eu havia feito
caprichosamente um mapa onde deveria destacar os oceanos do mundo. Com
que carinho eu o fizera! E, no entanto, ali está o professor me devolvendo o
mapa com a nota três, e ainda estou começando a me assustar quando ouço sua
verberação achando que, de molecagem, eu pintara os oceanos de roxo.
(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Porta de Colégio e Outras Crônicas. São Paulo: Ática, 1995. v.16. (Coleção Para Gostar de Ler.)

( ) Um guarda tentava saber o que acontecera, quando um senhor gordo, que pare-
cia ser o dono do bar assaltado, apontou para ele e disse:
– Seu guarda, esse homem viu tudo. Os assaltantes passaram por ele.
O guarda se encaminhou para ele e perguntou:
– O senhor viu quando eles deram os tiros?
(PRETA, Stanislaw Ponte. Dois Amigos e um Chato. São Paulo: Moderna, 1986.)

( ) Mas eu ia dizendo: as borboletas são lindas, não acham? Mas se vocês as


matam, aos bandos, ou pagam a meninos para matá-las, um dia não haverá
mais borboletas, não é verdade?
(BRAGA, Rubem. As Boas Coisas da Vida. Rio de Janeiro: Record, 1991.)

( ) Não come comida em lata nem na extrema fome. Congelados, nem sabe o que é
isso.
Chupa laranja, caju, maracujá, uva e tangerina. Porém suco, só o que ele mesmo
espreme e extrai com suas mãos, que lava em prolongadas abluções.
(DIAFÉRIA, Lourenço. Um Gato na Terra do Tamborim. São Paulo: Ática, 1982.)

Ambiguidade
Muitas vezes, o leitor se vê diante de mais de uma possibilidade de entendimento do que
EF2_8A_POR_070

foi expresso no texto, o que chamamos de ambiguidade.

11
Uma leitura atenta normalmente elimina a maioria dos problemas de ambiguidade,
solucionados pelo deslocamento, mais informações ou substituição de segmentos.

2. Em todas as frases a seguir há ambiguidade. Identifique-as:


a) A demissão do ministro foi surpreendente.

b) O homem levou tempo para tirar a mesa.

c) O jornal criticou a peça teatral exibida com um critério arbitrário.

3. Reescreva as frases, eliminando as ambiguidades:


a) A empregada lá de casa lavou as roupas que encontrou no tanque.

b) Tenho um trabalho para entregar ao professor, que me deixa preocupado.

c) O presidente quer participar da palestra, mas seu assessor não quer.


EF2_8A_POR_070

12
4. Você viu que as crônicas são textos curtos que tratam de uma maneira bastante agra-
dável de fatos do cotidiano.

As crônicas se limitam a narrar fatos do cotidiano ou podem apresentar a visão pes-


soal do cronista sobre o fato narrado? Pesquise uma crônica que justifique a resposta.
Traga-a para a sala de aula e comente com os colegas e professores.

Muitas crônicas são escritas a partir de notícias. Leia a notícia a seguir e tomando-a por
base escreva uma crônica de humor.
Siga as dicas.
No início defina as personagens, o lugar e o fato.
No meio, narre o fato com humor. Procure utilizar o discurso direto. Guarde a surpresa
para o final.
No final apresente uma situação inesperada que faça o leitor achar graça.

Passa bem a brasileira que deu à luz a bordo de um avião no Chile. Está internada
em uma clínica em Santiago, segundo o diário chileno El Mercúrio. A filha nasceu duran-
te o voo da Lan, no trecho entre a Ilha de Páscoa e Santiago. A passageira viajava da
Austrália para o Rio de Janeiro. No ar, começou a se sentir mal e iniciou o trabalho de
parto. Ela contou com o auxílio de uma ginecologista. A jovem mãe não quis falar com
a imprensa e pediu para não ser perturbada. Segundo a companhia aérea, ela embarcou
com sete meses e meio de gestação, dentro do tempo de gravidez permitido.
EF2_8A_POR_070

(Folha de S.Paulo, 16 abr. 2007.)

13
14
EF2_8A_POR_070
ALUNO: TURMA: DATA:

TÍTULO:

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28
EF_POR.113
EF2_8A_POR_070

29

30

15
16
EF2_8A_POR_070
Estudo de gênero:
biografia
es.
Getty Imag

O uvimos e lemos algumas vezes histórias de vida


das pessoas de conhecimento público e mesmo
de nossos familiares. Há vidas narradas com as mais
diversas finalidades: explicar determinada sociedade,
justificar o porquê de a pessoa estar na mídia, explicar
a cultura etc.
Baseado nisso, neste módulo falaremos sobre biogra-
fia.
ice.
Digital Ju

y Images.
Gett

EF2_8A_POR_081
Relatos de uma vida
Leitores do mundo inteiro gostam de ler biografias. Os meios de comunicação de massa,
especialmente jornais e revistas, apresentam biografias quase sempre reduzidas na introdução
de entrevistas. Esse gênero atrai muitos e diferentes leitores, talvez porque eles queiram saber
um pouco mais sobre a vida das pessoas que admiram ou porque queiram descobrir na vida do
outro o segredo para superar dificuldades e ser feliz.
Você sabe o que é uma biografia?
Biografia é um tipo de texto narrativo que conta a história da vida de uma pessoa.
Nesse gênero textual, o biógrafo, pessoa que relata a história, pode ser observador (es-
creve em terceira pessoa), que tenta compreender seu personagem para contar uma história ir-
resistível. Também pode ser a própria pessoa (nesse caso teríamos a autobiografia): o narrador
fala da sua própria vida, escrevendo em primeira pessoa.
Quanto à estrutura do texto biográfico, ela é variável. Mas no geral é dividida em partes. A
primeira parte refere-se à apresentação, é a história de vida do sujeito, sua trajetória, seu destino.
A segunda é o modo como essa trajetória se deu, o que fez. A terceira envolve a visão de mundo
da época em que o indivíduo biografado viveu e como o mesmo se portava diante da sociedade.
Na quarta e última parte, a mais profunda delas, apresenta-se as facetas do biografado.

Leia o texto a seguir:

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais,


1902. Após estudos em sua terra natal e Belo Horizonte, foi interno
no Colégio Anchieta, em Friburgo, em 1918. No ano seguinte, foi ex-
pulso devido a um incidente com o professor de português. Em Ita-
bira, apesar de formado em Farmácia, vivia das aulas de português
e geografia. Tornou-se funcionário público em 1929, e, em 1934, o
cargo no Ministério da Educação transferiu-o para o Rio de Janeiro.
Em 1945, foi coeditor do jornal comunista Tribuna Popular a convite de Luís Carlos
Prestes. A partir da década de 1950, dedicou-se apenas à literatura, escrevendo novos
livros de poesias e contos.
Além de intensificar a produção de crônicas, fez também traduções. Carlos Drum-
mond morreu no Rio de Janeiro em 1987.
(Disponível em: <www.casadobruxo.com.br/poesia/c/cda_esp5.htm>.
EF2_8A_POR_081

Acesso em: 21 set. 2007.)

2
1. O texto biográfico que você leu narra a vida de Carlos Drummond de Andrade. Por que
a vida do autor desperta interesse do público?
Solução:
Porque, em muitos aspectos, a vida dele foi diferente da de outras pessoas de seu
tempo. Ele tornou-se um dos maiores poetas brasileiros.
2. As biografias podem ser mais extensas do que a que você leu. Em sua opinião, por
que essa é bem mais sucinta?
Solução:
Porque seu objetivo é transmitir informações básicas sobre o biografado para um site
da internet.
3. Em que pessoa do discurso os fatos foram narrados? Por quê?
Solução:
Os fatos foram narrados em terceira pessoa, por tratar-se de um texto biográfico em
que o biógrafo se coloca como observador.

O texto a seguir apresenta informações sobre o ator Will Smith. Leia para resolver as
questões:

Biografia
Will Smith é o segundo de quatro filhos de Caroline e
Willard Smith, dono de uma empresa de refrigeração. Ele cres-
ceu numa família de classe média, onde obteve a alcunha de
“Prince” devido à maneira como conseguia escapar dos sari-
lhos.
Perseguindo o mundo da música, Will conheceu Jeff Tow-
nes numa festa, formando-se assim uma dupla que logo entrou
em ação, se apresentando como DJ Jazzy Jef and the Fresh
Prince. Quando a popularidade da dupla começou a subir, Smith ganhou e gastou muito
dinheiro comprando uma casa, carros e joias. No entanto, ele estava à procura de algo
diferente e novo quando, em 1989, conheceu Benny Medina, que teve a ideia de produzir
uma sitcom baseada na sua vida em Beverly Hills. Smith adorou a ideia assim como a
NBC, emissora televisiva americana que, em 1990, colocou no ar a ideia de Medina com
o nome de The Fresh Prince of Bel-Air. O roteiro era simples – Will apenas fazia o papel
dele próprio: um rapaz esperto e rebelde da Filadélfia que se muda para a casa dos tios
em Beverly Hills. A série durou seis anos, tempo durante o qual se aventurou em filmes
EF2_8A_POR_081

e se fez notar pela crítica, como em Six Degress of Separation, em 1993.

3
Após o sucesso que veio do filme de ação Bad Boys, de 1995, a carreira de Will Smith
estava assegurada. Um ano depois participou do grande êxito Independence Day, onde
desempenhou o papel de Steven Hiller, um oficial dos fuzileiros (marines) que luta con-
tra a invasão extraterrestre.
Ele é uma das poucas pessoas que desfrutam sucesso nas três maiores mídias de en-
tretenimento nos Estados Unidos: cinema, televisão e a indústria discográfica.
Will Smith é ganhador de quatro prêmios Grammy e já lançou onze álbuns, sendo os
seis primeiros ainda como The Fresh Prince, com o DJ Jazzy Jeff, e os cinco últimos, solos.
Participou de 21 filmes, seja como dublador (O Espanta Tubarões), narrador (A Closer Walk)
ou produtor.
No total, Will Smith recebeu cerca de 135 milhões de dólares por suas atuações em
filmes. O ator foi indicado em 2007 ao Oscar de melhor ator pelo filme À Procura da
Felicidade.
Will Smith é atualmente casado com a atriz e cantora Jada Pinkett Smith, sendo que
eles têm dois filhos: um menino chamado Jaden Christopher e uma menina chamada
Willow Camille.
(Disponível em: <http//pt.wikipedia.org/wiki/Will_Smith>.
Acesso em: 21 set. 2007.)

1. O texto lido é a biografia de Will Smith. Com que objetivos lemos biografias?

2. No que difere a vida do biografado das pessoas comuns que justifique uma biografia?
EF2_8A_POR_081

4
3. No texto, predominam informações pessoais ou profissionais da pessoa biografada?

4. Os fatos foram narrados por alguém ou pelo próprio biografado? Comprove com um
trecho do texto.

5. Que característica de Will Smith é ressaltada no texto? Comprove com um trecho.

6. Assinale a(s) afirmativa(s) correta(s) com relação ao texto lido:


a. É um texto autobiográfico, pois o ator narra a própria vida.
b. Apresenta informações em ordem cronológica.
c. As informações são baseadas em lembranças pessoais, numa linguagem expres-
siva.
d. As informações apresentam-se em uma linguagem objetiva e estão baseadas em
registros da vida do ator.
EF2_8A_POR_081

e. Apresenta apenas dados da vida profissional do ator.

5
7. Ao ler a narrativa, que fato da vida do ator mais lhe chamou a atenção? Justifique.

8. Observe as cenas abaixo. Você sabe dizer a que filme citado no texto cada uma delas
pertence? Divulgação Columbia Pictures.

Divulgação Don Simpson.


9. A quais filmes de Will Smith você assistiu? Comente aquele de que mais gostou e por
quê?

10. Segundo o biógrafo, “Quando a popularidade da dupla começou a subir, Smith ga-
nhou e gastou muito dinheiro comprando uma casa, carros e joias.” Você concorda
com esse tipo de comportamento? Escreva um comentário a esse respeito.
EF2_8A_POR_081

6
Ex-analfabeto ganha dinheiro com livros
Dono de editora aprendeu a ler quando começou a vender clássicos em domicílio

IESDE Brasil S.A.


Um pesquisador austríaco, Richard Bamberger, defende a tese de que o hábito da
leitura deve ser adquirido na infância. Depois, fica muito mais difícil. Com certeza, Bam-
berger se espantaria com o alagoano Leonídio.
Em 1953, quando saiu de Arapiraca, região produtora de fumo em Alagoas, Leonídio
Balbino da Silva tinha 17 anos e arrumou um emprego de faxineiro numa pensão, em São
Paulo. Um dos hóspedes o convenceu a ser vendedor. O único problema é que o alagoano
não sabia ler e, em sua terra natal, nunca tinha visto um livro.
Mas tudo bem: ele só ia precisar decorar algumas informações sobre as coleções que
iria oferecer de porta em porta.
E aprender a pronunciar nomes como Dante Alighieri e William Shakespeare.
Silva acabou topando. No começo, se deu muito mal. O alagoano até que vendia bem,
mas não sabia preencher os pedidos, o que o obrigava a desfazer as vendas. Até que teve
uma grande ideia: ao fechar um negócio, dizia ao cliente que era a sua primeira venda.
“Por isso, faço questão que o senhor preencha o pedido para mim”, arrematava. Muitos
compradores tiveram essa “honra” até que Silva se alfabetizasse e abrisse a Editora Lisa
S. A., hoje com trinta anos de mercado, 2 mil títulos publicados e dez funcionários.
Os seis filhos do alagoano estão formados, exceto a caçula,
* Atualmente o 2.º
Leda, que ainda cursa o 2.ºgrau*, mas, para orgulho do pai, vem
grau denomina-se
EF2_8A_POR_081

demonstrando pendores literários. “Só a leitura salva este país”,


Ensino Médio.
repete com insistência o ex-analfabeto, hoje leitor de, em média,

7
quarenta livros por ano, atualmente “atravessando” a obra autobiográfica de Roberto
Campos, Lanterna na Popa, de 1 371 páginas.
A leitura realmente salvou Leonídio Balbino, hoje com 59 anos. O empresário não
quis informar quanto sua editora fatura, mas disse que tem colocado no mercado cerca
de 500 mil livros por ano, dos quais 60% são relançamentos. O grande sucesso da Lisa
é a coleção Biblioteca de Matemática Moderna, obra de cinco volumes e 2 mil páginas,
escrita por Antônio Marmo de Oliveira e Agostinho da Silva, e que já tirou 1 milhão de
exemplares.
A editora, fundada em 1965, está instalada numa casa centenária, restaurada, em
Higienópolis, um dos bairros nobres de São Paulo.
Quando começou a se dar bem com as vendas de livros, Silva resolveu que precisava
se alfabetizar. Mas preferiu aprender sozinho. Até hoje ele se lembra do luminoso que
dizia “Use Brilhante”, no vale do Anhangabaú. “Eu ficava soletrando, até conseguir ler”,
recorda. Fazia o mesmo com a marca “Ferrante”, impressa no apoio para os pés em ca-
deiras de barbeiros.
E, claro, não podia esquecer o primeiro livro, chamado Lei do Triunfo, do filósofo ameri-
cano Napoleon Hill, em quatro volumes. É uma obra que ensina como vencer na vida.

(TREVISAN JR., Paulo. Suplemento por conta própria, Gazeta Mercantil, 14 nov. 1995.)

11. Esse texto narra a história de uma pessoa. Ele pode ser considerado biográfico?

12. Com base na linguagem, na localização precisa dos fatos e no local onde o texto foi
originalmente publicado podemos afirmar que o texto lido é:
EF2_8A_POR_081

( ) literário
( ) jornalístico

8
13. Qual a finalidade desse texto?

14. As informações são apresentadas de forma objetiva ou subjetiva?

15. Justifique a utilização da tese de Bamberger como introdução do texto.

16. Releia: “Por isso, faço questão que o senhor preencha o pedido para mim”. A justifi-
cativa para o uso das aspas nesse trecho é:
( ) indicar que é citação de outro texto que não o de Silva.
( ) indicar o discurso direto – fala da personagem.
( ) dar realce à informação.

17. “... Leda, que ainda cursa o 2º grau [atual Ensino Médio]... vem demonstrando pen-
dores literários”.
O que significa a expressão destacada?
EF2_8A_POR_081

9
18. Transcreva o trecho do texto que evidencia a importância do primeiro livro lido por
Silva após ter-se alfabetizado.

19. Que relação quanto ao estilo de vida é possível estabelecer entre o ator Will Smith,
personagem do texto da atividade anterior, e Leonídio Balbino da Silva?

20. A seu ver, qual o exemplo de vida dado por Leonídio Balbino da Silva?

21. Que realidade social está presente no título “Ex-analfabeto ganha dinheiro com li-
vros”? Essa realidade mudou?
EF2_8A_POR_081

10
A escolha inadequada do vocabulário pode trazer muitos problemas a um texto, tornan-
do passagens incompreensíveis ou mesmo permitindo interpretações errôneas. Um fator que
leva à escolha inadequada das palavras é a existência de palavras homônimas e parônimas
em nossa língua.
Homônimas: palavras que têm pronúncia ou escrita igual, mas sentidos diferentes.
Os maiores problemas estão nas palavras em que a pronúncia é igual e a escrita é dife-
rente (homônimas homófonas).
Parônimas: palavras que, embora com significados diferentes, assemelham-se na forma.

22. Complete as frases, usando palavras do quadro abaixo:

cumprimento – comprimento – conserto – concerto – acento – assento – cavaleiro –


cavalheiro – cesta – sexta – despensa – dispensa – tráfego – tráfico – hesito – êxito.

a) Receba os meus _______________ pela sua participação no debate.


b) Não adianta! Esse brinquedo não tem mais _______________.
c) A cobra tinha mais de dois metros de _______________.
d) Ele é um verdadeiro _______________: gentil e educado.
e) Esta é a _______________ vez que tenho que assistir a um _______________ no
teatro municipal.
f) O personagem principal da novela tem o apelido de _______________ Negro, pois
anda sempre vestido de preto, cavalgando em um maravilhoso corcel.
g) Seu disco teve _______________ retumbante.
h) Essa palavra tem _______________.
i) Nunca mais deixarei a _______________ tão vazia.
j) Todos os _______________ do trem foram rasgados e queimados.
k) Fiquei de comprar uma _______________ de frutas, mas achei o preço muito
alto.
l) O _______________ de drogas continua preocupando a polícia e a sociedade.
m) Hoje pedirei _______________ do trabalho e voltarei mais cedo para casa.
n) O _______________ está terrível: os motoristas parecem querer voar.
EF2_8A_POR_081

o) Sempre _______________ quanto à grafia correta dessas palavras.

11
23. Como você percebeu, o personagem é o mais importante elemento da narrativa biográ-
fica. Descubra quem é o personagem desta breve biografia:

Fã de Narizinho

Ela publicou seu primeiro livro infantil “Bento que Bento é o Frade” aos 33
anos de idade, mas já vivia cercada de histórias desde pequena. Nascida em
1941, no Rio de Janeiro, aprendeu a ler sozinha aos cinco anos. Cresceu na
cidade grande, mas passava longas férias com seus avós em Manguinhos,
ouvindo e contando um montão de “causos”. Aos doze anos, teve seu texto
“Arrastão” publicado numa revista sobre folclore. Muito depois, no início
dos anos 1970, outra revista (Recreio) deu o impulso que faltava para ela
virar escritora de vez: convidou-a para escrever histórias para crianças.
Nunca mais parou de escrever e de escrever como autora para crianças,
jovens e adultos. Nessa trajetória de aprendizado e sucesso, sempre foi
acompanhada de perto por uma grande amiga, também brilhante escrito-
ra. Quem? Ruth Rocha, que entrou em sua vida como cunhada.

(MACHADO, Ana Maria. Obra Isso Ninguém Me Tira. 9. ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.)

Procure folhear um álbum de fotografias suas, procure conversar com seus pais ou res-
ponsáveis sobre fatos de sua infância de que não se lembre: como coisas engraçadas que fez, a
primeira viagem, o primeiro dia de escola. Reúna as informações.
Queremos que você elabore um texto que possibilite aos leitores conhecer um pouco
sobre sua vida e algumas de suas experiências pessoais. Com base nas informações obtidas,
produza uma autobiografia, relatando as lembranças, as experiências pessoais e apresentando
aquilo que você acredita que seja importante para ser feliz.
Lembre-se de que estará escrevendo sobre você mesmo, portanto, utilize a 1.ª pessoa.
Alguns textos biográficos trazem a foto da pessoa biografada. Ilustre o texto com uma
foto sua, se assim desejar.
EF2_8A_POR_081

12
EF2_8A_POR_081

13
14
EF2_8A_POR_081
ALUNO: TURMA: DATA:

TÍTULO:

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28
EF_POR.113
EF2_8A_POR_081

29

30

15
16
EF2_8A_POR_081
Estudo de gênero:
reportagem
.A.
sil. S
Bra
DE
IES

D iariamente nos deparamos com uma variedade


de reportagens publicadas em jornais, revistas,
internet... É importante lembrar que o repórter goza de
boa margem de liberdade para criar. De sua capacidade
depende o êxito do produto final. Toda a articulação
e exposição do tema precisam assentar-se em bases
reais.
IESDE Brasil. S.A.

.
.A
S
sil.
IESDE Bra

EF2_8A_POR_084
Vários textos reunidos em
torno de um assunto principal
(opiniões, tabelas, mapas)
chegam até nós
Ao produzir um texto, seja escrito ou falado, as escolhas que fazemos quanto ao registro
dependerão do contexto da situação, enquanto as escolhas em relação ao gênero dependerão
do contexto de cultura.
Existem diversos gêneros textuais jornalísticos. A definição desses gêneros prende-se à na-
tureza dos acontecimentos, ao grau da pesquisa efetuada e ao tratamento dado à informação.
Dentre os diversos textos jornalísticos, a reportagem, um gênero cuja intenção é relatar
para interpretar e aprofundar conhecimentos sobre um dado fato, oferece um rico material para
o ensino e a oportunidade de desenvolver a habilidade de leitura e produção de textos, além de
desenvolver a capacidade de analisar e se posicionar ante a realidade.

O que é reportagem?
Reportagem é um relato de fatos de interesse do público, com acréscimo de entrevistas
e comentários, dando uma visão mais aprofundada do assunto tratado. Nesse gênero, podem
ocorrer interpretações e opiniões acerca do fato relatado, baseadas em estatísticas, depoimen-
tos e comparações com acontecimentos relacionados ao assunto. No jornal, a reportagem é um
gênero central, livre, autônomo.
A reportagem está vinculada à atividade jornalística, por isso apresenta o propósito de:
interpretar um fato, investigando diferentes fontes; daí sua base tipológica ser o ato de rela-
tar, porém segundo um ângulo escolhido pelo jornalista. Assim, enquanto a notícia relata para
noticiar, a reportagem relata para interpretar.
As reportagens variam de acordo com o suporte.
Reportagem de TV – conta uma história, portanto a edição precisa de uma sequência
lógica que, pelas características do meio, exige a combinação de imagens e sons. Em alguns
casos são necessárias duas ou mais horas para editar uma matéria de um minuto e meio.
Reportagem de capa – reportagem central do número de uma revista ocupando duas a
quatro páginas, com entrevistas, depoimentos e outros dados que comprovem as informações.
No jornal, a reportagem aparece nos cadernos temáticos e possui até duas páginas.
Reportagem on-line – reproduz a reportagem da revista ou do jornal, porém apresenta
novo estilo, adaptando-se ao suporte e ao leitor.
EF2_8A_POR_084

Características da reportagem quanto à forma:

2
estilo direto, tempo presente;
referência a episódios concretos, imagens, pormenores e expressões próprias das fontes;
boa abertura, atraente ao leitor – o “ataque”;
boa administração das vozes no texto (fontes);
alternância de planos (geral e primeiro) e de tipos (relatar e descrever).

A dor de nunca saber o bastante


Cristiana Baptista
O excesso de informação provoca a angústia típica dos tempos atuais e leva à conclu-
são de que, às vezes, saber demais é um problema.
O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desconhecido começa a tomar
uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale
mais que qualquer outra coisa. As pessoas hoje parecem
estar sofrendo porque não conseguem assimilar tudo o
que é produzido para aplacar a sede da humanidade por
mais conhecimento. Alguns exemplos dessa síndrome:

Uma edição de um jornal como o New York


Times contém mais informação do que uma
pessoa comum poderia receber durante toda a
vida na Inglaterra no século XVII.
Todos os anos é produzido 1,5 bilhão de gigabytes em informação impressa,
filme ou arquivos magnéticos. Isso dá uma média de 250 megabytes de infor-
mação para cada homem, mulher e criança do planeta. Seriam necessários dez
computadores pessoais para cada pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia
desse arsenal de conteúdo.
Atualmente existem mais de 2 bilhões de páginas disponíveis na internet. Até o
fim do ano esse número estará beirando os 3 bilhões.
Até o início dos anos 1990, a televisão brasileira tinha menos de dez canais. Hoje há
mais de 100 emissoras no ar, em diversas línguas, com especialidades diferentes.
Os americanos compram uma quantidade superior a um bilhão de livros por
ano. Mais de 43% dos americanos que declaram ser consumidores vorazes de
literatura leem cinco deles por ano. De acordo com a mesma pesquisa, 7% dos
compradores dizem ler mais de 50 livros por ano.
EF2_8A_POR_084

3
Por trás desses elementos, há um fenômeno mais geral. Países, empresas, escolas,
famílias estão se rearticulando em outros modelos numa velocidade nunca vista. Mudar é
um inferno para a maioria das pessoas. Mais infernal ainda é a sensação de que o mundo
está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos. “O mal-estar de nosso tem-
po é a inadequação, o sentimento opressivo de que as outras pessoas estão fazendo as
coisas certas, lendo os livros que contam e usando os computadores e programas mais
modernos enquanto nós estamos ficando para trás na carreira e nos relacionamentos”,
diz o americano Wayne Luke, autor de um livro que compara o ambiente de excesso de
informação que já existe hoje a uma “areia movediça”. Luke observa que nas sociedades
ocidentais as pessoas se sentem pisando num chão não muito firme, por não conseguir
metabolizar a carga de informações disponíveis em livros, na imprensa, na televisão e na
internet. “Quanto mais sabemos, menos seguros nos sentimos”, escreveu Luke. [...]

(Veja, ano 34, n. 35, 5 set. 2001, p. 62.)

1. O texto apresentado é um texto jornalístico, mais especificamente uma reportagem.


Esse texto tem como principal objetivo transmitir uma informação atual para um
grande número de pessoas, por isso é publicado, originalmente, em jornais e revistas.
Que outras marcas (características) presentes na estrutura do texto são próprias da
reportagem?
a) ( ) A presença de um subtítulo (gravata) que traz um “resumo” do que será tra-
tado na notícia.
b) ( ) A presença de informações de outras fontes jornalísticas para tornar a infor-
mação mais verdadeira.
c) ( ) A obrigatoriedade de expor apenas os fatos, sem maiores detalhamentos.

Solução: A, B

2. Qual o assunto (fato) tratado na reportagem?

Solução:
A angústia típica dos tempos atuais é provocada pelo excesso de informação a que o
homem moderno está submetido.

3. Leia atentamente o primeiro período do texto e resolva a questão proposta:

“O eterno sentimento humano de ansiedade diante do desconhecido começa a to-


mar uma forma óbvia nestes tempos em que a informação vale mais que qualquer
outra coisa”.

Segundo o autor, a ansiedade do homem diante do desconhecido é realmente eterna?


Em que o jornalista fundamenta sua afirmação?
EF2_8A_POR_084

4
Solução:
Sim, é. O jornalista fundamenta sua opinião na história da humanidade. Segundo ele,
sempre houve preocupação do ser humano diante do desconhecido. Ele justifica citan-
do exemplos do que é produzido para aplacar essas necessidades.
4. Em reportagens como a que você leu, é comum os autores inserirem a palavra de es-
pecialistas no assunto, a qual contribui para a credibilidade daquilo que está sendo
dito pelo jornalista. É o que acontece nesse texto.
a. Quem é o especialista consultado?
Solução:
O especialista consultado é o americano Wayne Luke.
b. Qual o fato que lhe concede autoridade para comentar o assunto da notícia?
Solução:

Ele é um escritor e pesquisador.

Você precisa de rótulos?


Em qualquer dia da semana, especialmente às sextas-feiras, os andares vazados da
Galeria do Rock, no centro de São Paulo, se enchem de meninas vestidas cada qual com
seu estilo próprio.
Segundo resultado da enquete realizada no site da Capricho, 87% das meninas odeiam
ser rotuladas. Apesar disso, eu pedi um rótulo a uma das meninas que encontrei na Galeria
do Rock e num piscar de seus cílios curvados ela tinha um rótulo para mim. Também não
gostei de ser resumido em um estereótipo, mas, fazendo esta matéria, aprendi que a culpa
era tanto minha quanto dela — coisa que só um terço das participantes admitem.
Rotular é tão antigo quanto a humanidade. Antigamente, quando a gente ainda vivia
por aí em tribos, saber classificar o outro pelo visual era uma questão de sobrevivência.
Um índio tupinambá que não saísse correndo ao ver um cocar de penas coloridas e colar
de búzios (traje típico de uma tribo vizinha e não muito amistosa, os tupiniquins) prova-
velmente acabaria num jantar de canibais — e como prato principal.
EF2_8A_POR_084

5
Hoje, você não corre tanto risco, mas saber onde está pisando quando conhece al-
guém ainda é uma questão de sobrevivência. Só que de sobrevivência social. É por isso
que, nos primeiros dias em uma escola nova, você automaticamente separa os colegas
em grupos e decide de quais é mais seguro se aproximar. Eles, é claro, estão fazendo a
mesma coisa com você.

Afinal, por que rotulamos?


Existem 6,62 bilhões de motivos. É justamente por ter tanta gente espalhada por aí
— e tanta gente diferente — que precisamos encaixá-las em fôrmas. Parece contraditório,
mas é isso mesmo. Marcos Emanoel Pereira, psicólogo da UFBA, explica que não há neu-
rônio que aguente analisar tudo nos mínimos detalhes o tempo inteiro. “Para evitar que
o cérebro entre em pane, criamos rotinas mentais, regras para agir sem precisar pensar
muito. Rótulos são exatamente isso. Resumimos uma pessoa a uma palavra e seguimos
nossa vida”– afirma Marcos E. Pereira.
Mas organizar o mundo não é o único motivo pelo qual a gente distribui estereótipos
por aí. Rotular também é uma estratégia importante de construção da nossa identidade.
Primeiro, queremos deixar claro a quais grupos não pertencemos. É por isso que,
se você não curte tatuagens, tende a tachar de maloqueiros aqueles que estamparam o
corpo com desenhos. Se não gosta de usar só preto, vai olhar para alguém que curta a
ideologia gótica e rotulá-lo como bizarro. A ideia é encontrar as diferenças e, por isso,
você vai apontar para as características que o incomodam.
O segundo caminho é encontrar pessoas que se pareçam com você. E, para mostrar
ao resto do mundo a que turma você pertence, a tendência é usar códigos visuais que
identifique imediatamente. Ou seja, no fundo, o que você quer é ajudar os outros a ro-
tularem você, mas usando um rótulo com o qual você se sinta confortável. O lado ruim
é que, para quem vê de fora, você pode parecer só “mais um” na turma. O que era para
ser sua identidade própria se transforma justamente no contrário.

(Revista Nova Capricho, n. 994, 11 jun. 2006.)

1. Qual o assunto abordado nessa reportagem?


EF2_8A_POR_084

6
2. Qual é a intenção do repórter ao abordar este assunto?

3. As matérias jornalísticas apresentam, de modo geral, uma linguagem impessoal. En-


tretanto, em certas situações, os jornalistas deixam transparecer suas opiniões sobre
o assunto tratado. Identifique na reportagem em estudo marca da pessoalidade.

4. Leia:

“Se não gosta de usar só preto, vai olhar para alguém que curta a ideologia gótica e
rotulá-lo como bizarro. A ideia é encontrar as diferenças e, por isso, você vai apontar
para as características que o incomodam.”

Qual o significado do termo bizarro?

5. O título principal do texto é uma pergunta. Com isso o autor do texto nos fornece
pistas sobre seu objetivo. Com base na afirmativa resolva as questões.
a) Qual é o objetivo de um texto como esse? Assinale a alternativa que corresponde
à resposta correta:
( ) Apenas ilustrar uma matéria jornalística.
( ) Expor opinião e explicar determinados pontos sobre o assunto.
EF2_8A_POR_084

( ) Somente relatar um acontecimento.

7
b) Considerando que o título do texto é uma pergunta (“Você precisa de rótulos?”)
e a forma como vivemos em sociedade hoje, atente ao que é solicitado em cada
comando a seguir. Qual seria a sua resposta de imediato, ou seja, sem a leitura
atenta do texto? Apresente argumentos para sustentar sua opinião:

6. Um dos recursos da linguagem para tornar um texto mais expressivo é escrever uma
palavra para significar outra. Na afirmação abaixo, o autor emprega a palavra motivo
no lugar de outra.

“Existem 6,62 bilhões de motivos para se rotular as pessoas...”

Assinale a alternativa que indique a que a palavra motivo se refere e o que ela sig-
nifica no contexto:
( ) pessoas – habitantes do planeta
( ) pessoas – somente os participantes das entrevistas
( ) pessoas – classe jovem do planeta

7. Leia:
a) O que na realidade o autor quis dizer com a expressão: “... e num piscar de seus
cílios curvados...”?
EF2_8A_POR_084

8
b) Há muitos provérbios e frases feitas fazendo parte do cotidiano. São textos da cul-
tura oral, transmitidos boca a boca, de geração a geração. A que expressão popular
faz referência “num piscar de seus cílios curvados...” criada pelo autor do texto?

8. Segundo o autor, rotulamos as pessoas por questão de sobrevivência. Então, para ele,
no que difere o rotular de hoje com o de antigamente?

9. Observe a linguagem empregada na reportagem. Que tipo de variante linguística foi


adotada?

10. Na reportagem também costuma haver citação do discurso de pessoas envolvidas no


assunto em questão.
a) Com que finalidade se emprega o discurso citado ?
EF2_8A_POR_084

9
b) Retire do texto um trecho de citação.

c) Como está citado esse trecho?

Leia o texto a seguir e resolva a questão proposta:

Rótulos
Maria de Fátima Olivares (psicóloga)
O rótulo serve para indicar, dar nome e informações sobre o produto que se encon-
tra dentro daquela embalagem. Necessitamos dar nomes às coisas para que possamos
entendê-las. Eu tenho um nome, mas além do nome é comum colocarmos rótulos nos
outros. E aqui começa o problema.
A pessoa passa a ser somente aquilo ali. Ninguém vê mais nada, só o que o rótulo
mostra. Ninguém quer conhecer o que tem por detrás dessa visão tão pequena. Sabemos
EF2_8A_POR_084

que tanto rotulamos as pessoas pelas profissões que têm, quanto pelas crenças reli-
giosas, opções, estado civil, modo de vestir, e por aí vai.

10
Depois de rotular, o próximo passo é “preconceituar”. Se a pessoa tem um rótulo
diferente do que você aceita, é vista como diferente e não importa que possua outras
qualidades e virtudes, pois estas não serão vistas. A pessoa é o rótulo e mais nada.
(Disponível em: <www.jperegrino.com.br/Psicologia/rotulos.htm>.
Acesso em: 1 out. 2007.)

1. Comparando o texto “Você precisa de rótulos?” e o texto “Rótulos”, é possível esta-


belecer diferenças e semelhanças. Com base na afirmativa, preencha o quadro:

Ponto de vista do autor


Assunto e Tema
(Favorável ou não? Por quê)

Texto “Você precisa


de rótulos?”

Texto “Rótulos”

Leia o texto principal da reportagem e resolva as questões de 2 a 7:

Raridades no pé
Com a criação de edições limitadas, tênis viram objeto de desejo e atraem cada vez
mais jovens colecionadores
Gláucio Sabino

Desde a década de 1990, o uniforme dos jovens descolados é composto, além de


jeans e camiseta, por um bom par de tênis.
Mas não basta um par qualquer. Uma mania bastante difundida no exterior tem ga-
nhado adeptos no Brasil: a cultura sneaker (tênis, em inglês).
EF2_8A_POR_084

11
Baseada na paixão por modelos exclusivos, raros ou com uma história curiosa, essa
cultura movimenta um mercado de edições limitadas e parcerias de marcas com persona-
lidades das artes plásticas, do design, da música e dos esportes.
O estudante de medicina Marcus, 21, é um dos adeptos. Ele começou a colecionar em
2003 e já tem mais de 50 versões diferentes do mesmo modelo de tênis, o Nike Dunk.
Ele prefere nem saber quanto já gastou comprando tênis, mas explica que, para conse-
guir dinheiro para as novas aquisições, vende modelos que são encontrados somente no
Brasil para colecionadores estrangeiros.
Apesar do investimento, ele exibe as peças de sua coleção raramente. Os tênis saem
do armário apenas em ocasiões especiais. ”Tem colecionador que compra para deixar na
parede. Mas uma vez ou outra eu até uso o tênis. Só revezo para não estragar. Uso um
só e só vou repeti-lo depois de um bom tempo”, diz o estudante, que não quis revelar
o seu sobrenome.
Quanto mais exclusivo, mais caro o tênis. É o caso do Nike Dunk e-bay, feito em ho-
menagem ao site de leilões. “Foram produzidos dois pares: um para exibição e outro no
tamanho do pé do vencedor do leilão, que pagou a bagatela de US$30 mil”, diz Ricardo
Nunes, editor do primeiro site brasileiro de cultura sneaker, o www.sneakersbr.com.br.
Para fugir dos preços altos, uma alternativa é a customização de modelos simples
por ilustradores nacionais.
A artista plástica Sara Mello resolveu levar suas criações para os tênis há quatro anos.
”É uma forma de você valorizar uma peça sem graça”, defende. Um trabalho dela leva cerca
de uma semana para ficar pronto e sai por R$120,00 quando o cliente fornece o tênis.
A loja Tua, em São Paulo, tem três artistas plásticos de prontidão para fazer o que o
cliente pedir. Com tintas, sprays e lixas, eles mudam a cara dos calçados em 30 minutos.
Evento
Hoje, acontece em São Paulo o primeiro evento de cultura sneaker do Brasil. Fechado
para convidados, o SneakersBR Live! vai expor tênis históricos, raros e cobiçados, além
de uma exposição fotográfica e a exibição do documentário Just For Kicks, de Thibaut de
Longeville e Lisa Leone. O filme mostra o surgimento do fenômeno e traça um panorama
desse mercado, que chega a movimentar US$26 bilhões por ano.

Como tudo começou?


De onde vem a paixão por tênis? Pode se dizer que tudo começou em 1923, quando
a Converse lançou o modelo All Star Chuck Taylor, fruto da parceria com o jogador de
basquete americano.
O modelo vendeu mais de 1 bilhão de pares em 144 países, desde seu lançamento.
Muito tempo depois, em 1985, esse sucesso foi seguido pela Nike com o Air Jordan 1,
pontapé inicial na parceria da marca com o rei do basquete, Michael Jordan.
EF2_8A_POR_084

Já na década de 1990, os jovens europeus entraram de cabeça em uma onda retrô, e


modelos das décadas de 1960 e 1970 viraram verdadeiras preciosidades.

12
A partir daí, surgiam a cada dia novos admiradores e colecionadores de tênis, que
passaram a cultuá-los como uma importante parte do visual e até como um objeto re-
presentativo da arte nas ruas.
As gigantes do mercado perceberam o filão e passaram a reeditar seus clássicos e a
turbiná-los com inúmeras parcerias.
As quantidades produzidas ficaram cada vez mais limitadas, o que aumentou o desejo
dos consumidores pelos novos lançamentos.
Apesar de haver alguns colecionadores isolados há bastante tempo, a cultura sneaker
ganhou força no Brasil em setembro do ano passado, com o lançamento da Custom Series
Brasil pela Nike.
A coleção trazia versões do clássico modelo Dunk assinadas por quatro personalida-
des do skate nacional.
(Folha de S.Paulo, Folhateen, 16 abr. 2007.)

2. A reportagem é um gênero jornalístico que se ocupa tanto da informação quanto do


comentário do assunto em questão.
a) Qual é o objetivo dessa reportagem?

b) Em que veículos de comunicação são transmitidas as reportagens?

c) Qual o assunto da reportagem “Raridades no pé”?


EF2_8A_POR_084

13
d) Normalmente, uma reportagem surge em função de uma notícia, de um fato que
aconteceu ou está para acontecer. Que fato deu origem a essa reportagem?

3. O texto cita trechos de entrevistas feitas com pessoas envolvidas com o assunto.

O estudante de medicina Marcus, adepto da cultura sneaker, comenta a respeito. O


que ele informa quanto ao destino dos tênis que adquiriu?

4. Observe a linguagem empregada no texto lido.


a) Quais características ela apresenta?
( ) subjetiva e com o emprego de palavras de uso não corrente na língua.
( ) clara, objetiva, direta e acessível à maioria dos leitores.
b) Que variante linguística ela adota?

5. A reportagem cita uma solução para quem gosta de tênis exclusivo e não quer pagar
um preço alto.
a) Que solução é essa?
EF2_8A_POR_084

14
b) Identifique, no texto, a frase em que o repórter afirma haver outro meio de adquirir
tênis exclusivo sem gastar muito. Copie-a.

6. Sobre a cultura sneaker, de acordo com o texto, responda:


a) No que consiste essa cultura?

b) É correto afirmar que a cultura sneaker envolve também a parceria de marcas com
diversas pessoas de outros ramos de atividades que não da produção de tênis?
Justifique.

7. Você gastaria valores tão altos para adquirir um tênis personalizado? Justifique.
EF2_8A_POR_084

15
Com que verbos usamos S e com que verbos usamos Z?

Verbos querer, pôr: são escritos com S.


Verbos dizer, fazer, trazer: são escritos com Z.

8. Complete com os verbos pedidos entre parênteses, usando s ou z adequadamente:


a) Se Pedro não _________________________ o trabalho, não teria comparecido à entrevista.
(querer: pretérito imperfeito do subjuntivo)

b) Nós ____________________________________ os livros na estante, mas nossos filhos não


_________________________ verificar do que tratavam.
(pôr, querer: pretérito perfeito do indicativo)

c) Embora cansado, não _________________________ sair da sala de reuniões e aos presentes


_________________________ estar bem.
(querer: pretérito perfeito do indicativo; dizer: pretérito imperfeito do indicativo)

d) Eu sairei daqui quando eu _________________________ ou quando você ________________________


uma solicitação educada.
(fazer, querer: futuro do subjuntivo)

e) Joana sempre _________________________ o material necessário para o trabalho e


_________________________ as atividades, assim como eu sempre ________________________ .
(trazer, fazer, fazer: presente do indicativo)

Uma nova cultura chegou ao Brasil: a cultura sneaker. Ela está diretamente associada ao
consumo.
Leia os textos a seguir a fim de ampliar seu conhecimento sobre o assunto:
EF2_8A_POR_084

16
Texto I

Fanáticos por tênis


Colecionadores chegam a juntar mais de 100 pares. Eles são os sneakers
Daniela Mendes
Você pagaria US$30 mil por um tênis? Pois alguém desembolsou essa quantia por
um modelo único no mundo, o Nike Dunk e-bay – fabricado em homenagem ao famoso
site de leilões. Depois que o comprador recebeu seu par, o exemplar de demonstração foi
destruído e os retalhos exibidos, para que o produto comprado seja exclusivo. O que faz
alguém ser capaz de pagar uma fortuna por um calçado? “É uma relação sentimental”,
diz o empresário Pérsio Tagawa, fã de tênis desde a adolescência e dono de uma coleção
de 80 pares. [...]
Esse tipo de apego gerou uma cultura sneaker (tênis em inglês), com representantes
espalhados pelo mundo. Aqui, a cultura sneaker começou a ganhar fôlego há dois anos.
Em 2006, a Nike lançou uma linha só para o Brasil, a SB Custom Series, inspirada no
universo do skate. Foram disponibilizados 480 pares. Hoje eles valem US$600 no e-bay.
Além disso, o lançamento do site sneakersbr, em março, deu ao movimento um espaço
próprio no Brasil.
(Disponível em: <www.terra.com.br/istoe/edicoes>.
Acesso em: 1 out. 2007)

Texto II

“O Brasil não é um país pobre, mas um país extremamente injusto e desigual, com
muitos pobres”, é o que diz o estudo “A estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza
no Brasil” do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

E você, já pensou a respeito dessa nova cultura nacional? Pense e escreva um texto dissertativo
respondendo a questão: Você pagaria US$30 mil por um tênis? Sustente seu ponto de vista com
argumentos sólidos e convincentes. Respeite o limite de 12 a 20 linhas.
EF2_8A_POR_084

17
18
EF2_8A_POR_084
ALUNO: TURMA: DATA:

TÍTULO:

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28
EF_POR.113
EF2_8A_POR_084

29

30

19
20
EF2_8A_POR_084
Estudo de gênero textual:
catálogos, bulas, regras de
jogos, manuais
de instrução
to.
Istock Pho

D
.
tock Complete

iariamente temos contato com os mais diversos


textos instrucionais. Eles realmente fazem parte
cada vez mais do nosso cotidiano. Mas você sabe o que é
Coms

um texto instrucional? Para que ele serve?


iter Images.
Júp

EF2_8A_POR_096
Textos que circulam
entre nós e nos orientam:
textos instrucionais
Os textos instrucionais são aqueles que diariamente circulam entre nós, que nos instruem,
orientam sobre determinado assunto. São bulas de medicamentos, que trazem informações, indi-
cações e contraindicações de uso, as regras dos jogos, que delimitam o que pode e não pode ser
feito pelos participantes, os manuais, que informam sobre o produto e o modo de uso do mesmo,
as receitas dos mais variados pratos, enfim, uma modalidade textual bastante utilizada.
A linguagem normalmente é clara e objetiva. Alguns apresentam uma estrutura mais ou
menos padronizada, como as receitas, as bulas de remédios; os demais empregam a forma que
for mais conveniente para atingir sua principal finalidade: a de instruir o leitor.

Instrucional – adj. relativo à instrução, ao ensino.


(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa)

Vamos ver alguns gêneros dessa modalidade:

Receitas
A receita é um tipo de texto usado em mais de uma área do conhecimento humano. Na
medicina, por exemplo, pode ser uma fórmula para a preparação de um medicamento ou a indi-
cação por escrito de remédios que o paciente deve tomar. Na culinária, indica minuciosamente
a quantidade de ingredientes e ensina, passo a passo, como preparar um prato.

Pão de batata doce

1 quilo de batata doce cozida e espremida


1 ½ copo (grande) de leite morno
100g de fermento para pão
2 xícaras de açúcar
1 pitada de sal
4 ovos
2 colheres (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de banha
EF2_8A_POR_096

2
Bater no liquidificador o leite, o fermento, os ovos, o açúcar e a manteiga. Juntar essa
mistura à batata e misturar bem até que fique bem uniforme. Vá colocando a farinha de
trigo até soltar das mãos. Sove bem. Deixe a massa descansar por 5 minutos. Faça os pães,
coloque no tabuleiro e deixe crescer até quase dobrar de tamanho. Leve ao forno quente.

Regras de jogos
Regra de jogo é um tipo de texto que apresenta instruções de jogo. Nem todos os jogos
têm instruções comuns, por isso a estrutura desse gênero é variável. Mas em linhas gerais apre-
sentam o objetivo, a idade apropriada para o jogo, o número de participantes, como se joga e
quem é o vencedor.

Regras do Jogo de Damas 64 casas

Início
O tabuleiro coloca-se de forma que a casa escura do canto do tabuleiro fique à es-
querda do jogador.
No início da partida, as pedras são colocadas nas casas escuras, nas primeiras tra-
vessas do lado de cada jogador.
Movimento
A pedra anda só para frente, em diagonal, uma casa de cada vez. A dama desloca-se
para frente e para trás quantas casas quiser nas diagonais onde estiver.
Tomada
A tomada é obrigatória.
A pedra toma tanto para frente quanto para trás.
A tomada denomina-se simples, se toma apenas uma peça, e em cadeia, se captura
mais de uma peça no mesmo lance.
Se no mesmo lance existir mais de uma forma de tomar, é obrigatório obedecer à “Lei
da Maioria”, ou seja, fazer o lance que tome o maior número de peças. Numa tomada
em cadeia, a peça pode passar mais de uma vez pela mesma casa vazia, mas é proibido
tomar a mesma peça mais de uma vez. A pedra e a dama têm o mesmo valor para tomar
ou ser tomada.
Coroação
A pedra que chegar à última travessa será coroada dama. A coroação é assinalada
colocando-se sobre a pedra coroada outra pedra da mesma cor. Não será coroada a pedra
que, numa tomada, apenas passe pela travessa de coroação.
EF2_8A_POR_096

3
Vitória
Ganha a partida o jogador que capturar todas as peças adversárias ou as deixar sem
movimento possível.
A partida é considerada ganha quando o adversário abandona ou se recusa a cumprir
o regulamento.
Empate
Ocorrerá o empate se tiverem sido jogados 20 lances sucessivos só de damas sem que
haja tomada ou movimento de pedra.

Manual de instrução
O manual de instrução é um tipo de texto que determinados produtos apresentam para
orientar o consumidor quanto ao uso/operação. Ele contém itens essenciais para a venda de
produtos baseados em tecnologias não triviais. Mais do que o atendimento à legislação, bons
manuais trazem vantagens competitivas para a empresa, uma vez que permitem que o cliente
extraia o máximo do seu produto.

Usando a sua cafeteira


Condições de instalação:
A cafeteira Brastemp foi desenvolvida exclusivamente para uso doméstico.
Coloque a cafeteira sobre uma superfície firme e plana, longe de correntes de ar
que possam prejudicar seu funcionamento.
Não coloque a cafeteira sobre o fogão ou outros aparelhos, nem próxima ao forno,
para evitar acidentes.
Verifique se a voltagem de alimentação da rede elétrica corresponde à da etiqueta
de identificação da cafeteira (127 V).
Antes de ligar, verifique se a cafeteira não está em contato com algum objeto.
Alguma partes da cafeteira se aquecem e podem provocar acidentes.
Conecte o plugue da cafeteira em uma tomada exclusiva e que esteja em
perfeito estado.
Atenção:
Não use extensão ou benjamim para evitar mau contato e/ou sobrecarga na rede
elétrica.
Para evitar acidentes, a cafeteira Brastemp não deve ser usada por crianças ou
pessoas não capacitadas para operá-la corretamente.
EF2_8A_POR_096

4
Mantenha as crianças afastadas da cafeteira quando ela estiver funcionando. A
placa térmica fica aquecida e pode provocar queimaduras.

(Disponível em: <http://www.brastemp.com.br/portal/control/bs/br/s1/BuscaCommand>.


Acesso em: 11 nov. 2007.)

1. Leia:

I. Modo de fazer
Bata os ovos com o sal e a pimenta e deixe repousar. Corte as batatas em rodelas,
lave, enxugue e depois frite em pouco óleo.
Depois de fritas (não fritar demais), acrescente ovos mexidos. Em fogo baixo, abafe
e depois vire a fritada, até atingir o cozimento para servir.

(BRUNO, Nicette; GOULART, Paulo. Grandes Pratos e Pequenas Histórias de Amor. São Paulo: FDT, 1998.)

II. Manual
1. Leia todas as instruções.
2. Guarde-as para futuras consultas.
3. Siga as indicações de segurança e as instruções indicadas no produto.
4. Desligue o aparelho da tomada elétrica antes de limpá-lo. Não use detergen-
tes líquidos ou pulverizados. Use pano seco para a limpeza.
5. Não use este produto próximo à água.
6. Não coloque este aparelho em carrinhos, estantes ou mesas instáveis. Ele
poderá cair sofrendo sérios danos.

(Manual do usuário do intellifax – Brother.)

a) O que esses textos têm em comum? Como se apresentam as ações verbais nos textos?
Solução:
EF2_8A_POR_096

Ambos são instruções; os verbos apresentados estão no imperativo.

5
Leia o texto abaixo:

Dominó: a explicação

O dominó é um jogo formado por 28 peças, como as da figura:

Nelas aparecem todas as combinações possíveis dos números de 0 a 6, dois a dois,


inclusive com repetição. Cada número aparece 8 vezes.
Regras do jogo
7 pedras para cada participante, se houver menos de 4 jogadores sobrarão
pedras para serem “compradas”.
Inicialmente quem tiver o “gabão” de sena (6 com 6) começa, se ninguém
tiver será o gabão de 5, 4, 3 até alguém ter, se ainda assim não houver, a
maior soma dos números na pedra.
Rodando para a direita o próximo jogador coloca uma pedra que tenha o
mesmo número da pedra que está na ponta. Se não tiver e houver pedras a
comprar, compra uma, se servir joga, senão, passa a vez (caso não tenha para
comprar também).
Ganha a mão quem conseguir acabar primeiro com as pedras.
Ganha o jogo quem completar 7 ou mais pontos.
Pontuação:
Se a última pedra serviu em uma das pontas = 1 ponto
Se a pedra serviu nas duas pontas = 2 pontos
Se serviu nas duas e é um “gabão” = 4 pontos

(Disponível em: <http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061007121116AA80miH>.


Acesso em: 11 nov. 2007.)

1. O texto lido é um manual de instrução de jogo. Onde esse tipo de texto costuma ser
veiculado?
EF2_8A_POR_096

6
2. O texto apresenta regras do jogo dominó. No entanto, certas instruções são comuns
a todos os textos desse tipo.
a) Quais são elas?

b) Entre as instruções, algumas são específicas desse jogo. Dê exemplos.

3. Que tipo de variedade linguística foi empregada no texto? Qual o resultado disso?

4. Considerando a linguagem e o tipo de jogo, pessoas de que faixa etária você acredita
que podem jogá-lo?

Leia o texto abaixo:

Bolo de banana fácil

Tipo de Culinária: Culinária Popular


Categoria: Café da manhã/lanches/festas
Subcategorias: Bolos simples (sem glacê)
Rendimento: 10 porções
4 unidades de banana nanica média
1 xícara (chá) de óleo de milho
2 xícaras (chá) de farinha de rosca
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colher (sopa) de fermento químico em pó
EF2_8A_POR_096

3 unidades de ovo grande

7
1 colher (café) de sal
quanto baste de canela-da-china em pó
quanto baste de noz-moscada em pó
Bata no liquidificador as bananas, o óleo e os ovos, até obter um creme uniforme.
À parte, misture numa tigela os ingredientes secos. Junte o creme e misture até formar
uma massa homogênea. Unte com margarina e enfarinhe assadeira média com furo no
meio. Asse em forno médio até que espetando um palito, este saia limpo. Polvilhe com
açúcar e canela.
Dica: se quiser, use farinha de rosca de pão italiano que fica mais gostoso.

(Disponível em: http://cybercook.uol.com.br/mostra_receita.php?codigo=7352>.)

5. O texto é uma receita.


a) A que área do conhecimento diz respeito a receita “ Bolo de banana fácil” ?

b) Qual é a finalidade dessa receita?

6. Observe a estrutura textual da receita lida.


a) Ela apresenta título? Qual a importância do título nesse gênero textual?

b) O corpo da receita apresenta quantas partes bem definidas? Quais são elas?

c) Que informações diferenciadas essa receita traz?

7. Observe a linguagem da receita no modo de preparo.


a) O que os verbos expressam? Qual o modo verbal dos mesmos?
EF2_8A_POR_096

8
b) Por que na receita os verbos empregados expressam isso?

8. Quais são as características de uma receita culinária?

Leia atentamente o texto e responda às questões de 1 a 7:

O branco açúcar que adoçará meu café


nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim.

Este açúcar veio


da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
EF2_8A_POR_096

dono da mercearia.

9
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital


nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

(GULLAR, Ferreira. Os Melhores Poemas de Ferreira Gullar. 6. ed.


São Paulo: Global Editora, 2000. Seleção de Alfredo Bosi.)

1. Analisando as duas primeiras estrofes, podemos dizer que, do ponto de vista de quem
o consome, o açúcar lembra o quê?

2. Faça um levantamento, nas duas primeiras estrofes, das palavras ou expressões que,
para você, melhor justificam a resposta que você deu à questão anterior.
EF2_8A_POR_096

10
3. Podemos notar algum sentimento do eu poético que fala no texto diante de “O branco
açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema”?

4. Do ponto de vista do trabalhador que planta a cana, o açúcar lembra o quê, de acordo
com o texto? Cite os versos que justificam sua resposta.

5. “[...] e morrem de fome / aos 27 anos”. Como podemos interpretar esse trecho?

6. E do ponto de vista do trabalhador que trabalha na usina, o açúcar lembra o quê, de


acordo com o texto? Cite os versos que justificam sua resposta.

7. Observe os dois adjetivos destacados nos três últimos versos do poema:

“[...] produziram este açúcar branco e puro


EF2_8A_POR_096

com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.“

11
Extraia dos versos iniciais da última estrofe os três adjetivos que podem formar um
contraste com os dois adjetivos destacados acima.

O texto abaixo é uma linha do tempo de acontecimentos importantes da humanidade:

850 – Os chineses produzem as primeiras armas de fogo.


1346 – Arqueiros ingleses vencem a cavalaria francesa na batalha de Crécy, prenun-
ciando o fim do cavaleiro feudal.
1480 – Maomé II ocupa a fortaleza de Otranto, no sul da Itália (recapturada no ano
seguinte), mas não consegue tomar Rodes em três meses de sítio.
1498 – Colombo, em sua terceira viagem, chega pela primeira vez ao continente
americano, perto da foz do Rio Orenoco.
1682 – Luís XVI estabelece seu centro administrativo no recém-construído palácio de
Versalhes, nas proximidades de Paris.
1990 – A Cidade do México torna-se a cidade mais populosa do mundo, com 20 mi-
lhões de habitantes.

8. No que se diferenciam os textos I e II?

9. Observe que no texto II os verbos estão no presente, apesar de os fatos já terem


ocorrido e terminado. Como você justifica esse uso?

10. Escolha dois trechos da linha do tempo e reescreva-os, colocando os verbos no pre-
térito perfeito.
EF2_8A_POR_096

12
Palavras de sentido vago

Há certas palavras na língua portuguesa que apresentam sentido inespecífico, vago. Pa-
lavras essas que empobrecem o texto. É preciso conhecê-las para evitar o uso.

11. Leia:

Você tem toda a razão, com anos de conhecimento, nunca vi uma coisa dessas.

a) Que coisa nunca foi vista?

b) Que palavra de significado mais específico poderia substituir o termo destacado?

12. Substitua as palavras destacadas nas frases a seguir por outras de sentido específico,
fazendo as adaptações necessárias:
a) O negócio é o seguinte: precisamos fazer algo pela natureza.

b) Isto aconteceu há coisa de poucos minutos.

c) Quando vi aquela cena horrível, senti um troço.

d) Desligue esse treco, pois o barulho é chato e você não pode ficar assistindo a isso.
EF2_8A_POR_096

13
e) Roubar é uma coisa moralmente reprovável.

13. Todas as pessoas no convívio social devem seguir certas regras do “jogo social” para
uma boa convivência. Por exemplo, enquanto cidadãos conscientes, não devemos
riscar ou rasgar bancos de ônibus, jogar papéis na rua, estragar telefones públicos,
transgredir regras de trânsito etc. A seguir, apresentamos alguns supostos títulos de
“jogos sociais”:

Colega de classe

Vizinhos

Bicicleta no trânsito

Celular no cinema

Pais e filhos

Escolha um dos títulos ou invente outro. A seguir invente as regras do jogo de convi-
vência. Siga as normas específicas do gênero. Apresente ao professor e à turma.

EF2_8A_POR_096

14
Para que servem os objetos?

O homem é um ser que está em constante ação, transformando a natureza, seu meio so-
cial e cultural. Para expressar com palavras as ações do homem sobre as coisas e os seres que
estão à sua volta, fazemos uso dos objetos direto e indireto: arar a terra, pescar o peixe, amar
uma pessoa, gostar de amigos etc., são exemplos de como o mundo se transforma por desejo e
ação do homem. Com os professores de Matemática e Português, converse com seus colegas e
listem juntos algumas coisas (ou objetos) que poderiam ser transformadas com a ação dessas
disciplinas em seu meio social e cultural. Realize também a prática dessas ações com o grupo
que você convive.

STANLEY e Íris. Direção de Martin Ritt. EUA. 104 minutos.


Após assistir ao filme, discuta com seus colegas sobre a importância da leitura.

Em conversas do dia a dia, na televisão, no rádio, costuma-se trocar receita. No


entanto, a receita falada tem características diferentes das observadas na linguagem padrão
das receitas escritas.
Releia o texto a seguir, ele é a reprodução de uma receita falada. Depois, reescreva essa
receita, transformando-a em receita escrita. Para isso, escreva o título, os subtítulos, agrupe os
ingredientes, indique as medidas exatas e explique o modo de fazer relacionando as ações em
sequência e empregando os verbos no imperativo.
EF2_8A_POR_096

15
Eu faço numa panela de pressão, sem usar a pressão, pois o fundo é mais grosso
e evita pegar no fundo da panela. Fica bem melhor de dar o ponto. Eu ponho no fogo
pra derreter duas colheres de manteiga, não muito cheias e misturo duas latas de leite
condensado. Ah! Eu dissolvo oito colheres de chocolate em uma medida de leite de vaca.
A mesma medida da lata de leite condensado e com uma colher de pau vou mexendo
sempre até dar o ponto do doce. Importante o fogo deve ser brando. Quando estiver sol-
tando a massa do fundo da panela deixo mais um pouquinho até soltar toda. Está pronta
a massa. Retiro do fogo e jogo num prato largo untando com manteiga e deixo esfriar.
No dia seguinte, faço as bolinhas e passo no granulado. Fica melhor fazer o docinho no
outro dia, pois a massa está mais consistente. Dá uns 150 docinhos pequenos.
(Maria Gizele Ribas, professora)

EF2_8A_POR_096

16

Você também pode gostar