JOGOS CLÁSSICOS, DIVERSÃO ETERNA

E MUITO
MAIS DA
CULTURA RET RÔ!
TION
IREM CORPORA
CRAZY TAXI
!
DENSHA DE GO
DUKE NUKEM

DINO CRISIS
A CONSPIRAÇÃO, OS AGENTES
SECRETOS E O TERROR POR TRÁS
DO SUCESSO DESTE “RESIDENT
EVIL COM DINOSSAUROS”
 SUMÁRIO
DINO CRISIS 04
DUKE NUKEM 18
ESCOLHAS MORAIS 22
CRAZY TAXI 28
RENATO DEGIOVANI 34
IREM CORPORATION 40
DENSHA DE GO! 46
FLASHBACK 50

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ---------------------------------------------------

PARA EDITORA EUROPA
Rua Alvarenga, 1416. CEP 05509-003. São Paulo/SP.
São Paulo (11) 3038-5050
sac@europanet.com.br / www.europanet.com.br
Diretor executivo: Luiz Siqueira
Diretor editorial: Roberto Araújo
Editor: Humberto Martinez
Editor de arte: Alexandre Dias (Nani)
Textos: Paulo Ferreira
OLD!Gamer : Livro #8: Dino crisis
São Paulo: Editora Europa, 2021
ISBN: 978-65-5884-297-2
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Atendimento ao leitor:
Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br)
Comercial: Paula Hanne (paula@europanet.com.br)
Promoção: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
Impressão e Acabamento: Bueno Gráfica

2
 AO LEITOR

DINOS
ETERNOS
U
ma das maiores definições de um clássico
é o fato de que ele não fica só nas memó-
rias de seus fãs, mas continuam a povoar o
imaginário coletivo anos, décadas depois.
Dino Crisis é um clássico desse nível, tanto
que seus inúmeros fãs não param de pedir para a
Capcom um remake da aventura de Regina. Nesta
edição vamos relembrar como o terror vivido em
p
a mortos-vivos em
uma certa mansão na floresta.
gear
o que
e em
s em
trás.
nha
de controles do simulador de
Go! dor
Renato Degiovani e as origens da
icônica Irem Corporation.

Humberto Martinez
humberto@europanet.com.br
 DOSSIe

RESIDENT EVIL SE MISTURA COM JURASSIC

PARK EM UM JOGO DE SOBREVIVÊNCIA
QUE PROVA QUE OS DINOSSAUROS SÃO
MAIS TERRÍVEIS DO QUE MORTOS VIVOS

E
nquanto Resident Evil fez um grande sucesso e
criou uma legião de fãs entre seu lançamento
original em 1996 e sua continuação em 1998,
o criador da série, Shinji Mikami, não descan-
sou para curtir seu sucesso. Em vez disso, ele
se inspirou nos maiores predadores que já existiram
para criar seu próximo survival horror: dinossauros.
Inspirado nos livros e filmes da franquia Jurassic Park,
Mikami decidiu levar o estilo de seus jogos de sobrevi-
vência por um caminho mais focado na ação. Assim
nasceu Dino Crisis, game que não alcançou o enorme
sucesso de Resident Evil, mas ainda assim conseguiu
conquistar seu próprio nicho de fãs fiéis.

4
 FICHA TÉCNICA
ESTÚDIO / PRODUTORA: CAPCOM
GÊNERO: SURVIVAL HORROR
PLATAFORMA: PLAYSTATION
LANÇAMENTO: 1999

5
 DINO CRISIS
Algum tipo de arma biológica está sendo desenvolvida em uma ilha remota. Coisa boa não é!
Tecnicamente falando, o jogo
foi uma evolução dos moldes de
Resident Evil. Em vez de cenários
pré-renderizados, Dino Crisis foi
desenvolvido com ambientes 3D
para dar suporte a maiores inte-
rações dos personagens e inimi-
gos com o cenário. Isso diminuiu
a quantidade de detalhes nos
fundos, mas foi um custo baixo
para que os dinossauros pudes-
sem atacar a qualquer momen-
to atravessando portas e vidros.
Dessa forma, os cenários foram
mantidos em lugares fechados,
continuando a sensação claustro-
fóbica contida na criação anterior
de Shinji Mikami.
A história do jogo se passa em
2009, quando a organização de
espionagem SORT (Equipe de In-
cursão e Operações Secretas) en-
via um agente para se infiltrar em
uma instalação de pesquisa militar
na ilha fictícia de Ibis. Ele descobre
que o cientista Edward Kirk, dado
como morto há anos, está lideran-
do a pesquisa de algum tipo de
arma secreta. A SORT então envia
uma equipe com quatro agentes
para Ibis para capturar Kirk.
A equipe pula de paraquedas
na ilha para fazer uma infiltração
6
DOSSIe
silenciosa, mas tudo dá errado
desde o início. Um dos agentes,
Cooper, é surpreendido e devo-
rado por um tiranossauro rex ao
pousar na floresta da ilha. Os ou-
tros três agentes sobrevivem e
conseguem chegar na instalação
militar. Nenhum dos agentes usa
Velociraptor seus nomes reais por questões
Os principais
dinossauros de segurança, por isso adotaram
encontrados na os codinomes mais sem graça já
ilha de Ibis, esses vistos no mundo da espionagem:
répteis são rápidos
e atacam quando o hacker Rick, a especialista em
menos se espera – armas Regina e o líder Gail. Toda
seja atravessando essa introdução de morte e fuga
vidraças, cercas ou
portas. Eles podem lembra muito a chegada da equi-
usar suas garras pe Bravo da S.T.A.R.S. na mansão
para rasgar Regina e de Resident Evil.
causar sangramento,
ou simplesmente Ao chegar na área externa da
mordê-la e sacudi-la instalação, os três percebem que
até que ela consiga tem algo muito errado aconte-
se soltar. Não são
um problema muito
cendo, pois encontram cercas ar-
grande sozinhos, rebentadas, cápsulas de munição
já que é possível no chão e muito sangue derra-
esquivar deles, mas
mado. Quando Gail e Regina vão
apresentam um perigo
fatal quando agem reativar a energia do local, eles
em grupos maiores. encontram uma pessoa devorada
Existe um variante no caminho. Fica claro qual tipo de
azul dessa espécie,
encontrado após arma tem sido pesquisada na ilha:
a metade do jogo – dinossauros. Após ativar o gera-
ele é mais violento, dor, Regina é atacada e persegui-
resistente e pode dar
cabeçadas que jogam da por um velociraptor, que pula
a protagonista longe. por cima das cercas para tentar
Assim como os agentes da S.T.A.R.S. foram surpreendidos por cachorros zumbis ao descer de helicóptero
na montanha Arkley em Resident Evil, a equipe SORT de Dino Crisis foi recebida por um furioso T-Rex
em sua incursão na ilha Ibis e teve que fugir desesperadamente para uma instalação militar suspeita

Agentes em perigo e vários ângulos de câmera: os fãs de Resident Evil logo sentem-se em casa

pegá-la, até que a agente finalmente es-
capa para a segurança da instalação.
O mais interessante de notar nessas
cenas é como a decisão de usar rende-
rização em tempo real nos cenários afe-
tou a cinematografia do jogo. Em
vez das câmeras paradas
que eram o padrão de Re-
sident Evil, Dino Crisis abusa
da movimentação nos en-
quadramentos para oferecer
uma sensação de profundidade e
realismo dos ambientes. Infelizmen-
te, Dino Crisis chegou um pouco
atrasado na corrida de melhorias
para o gênero survival horror: me-
ses antes, no começo de 1999,
Silent Hill já havia implementado
o mesmo estilo de câmera. Além disso, ain-
da há situações em que o enquadramen-
to não permite ver os inimigos, o que
significa ser atacado de fora da tela
constantemente – já que os dinossau-
ros são mais rápidos do que zumbis.
HORROR E PÂNICO
Após essa tensa introdução, o jogo real-
mente começa. Assim como em Resident
Evil, o foco é explorar todos os caminhos
possíveis e abrir novas áreas do mapa. A
protagonista, Regina, consegue escalar
para dentro de dutos de manutenção
com o uso de um cabo, o que pos-
sibilita passar por cima dos lasers
que bloqueiam a entrada. Dentro
do prédio, velociraptors estão à

“REGINA” NÃO É O NOME REAL DA PROTAGONISTA,

MAS SIM UM CODINOME ADOTADO PELA AGENTE
7
 DINO CRISIS DOSSIe

espreita em quase toda curva da base, o anestésico com um frasco de anestési-

que significa que é válido tentar fugir deles
para economizar munição da sua única
arma, uma pistola Glock. Essa situação
muda um pouco ao chegar na primei-
ra sala segura, na qual o jogador pode
encontrar uma escopeta Franchi, que
consegue disparar cartuchos normais
ou dardos anestésicos fortes o bastante
para por dinossauros para dormir.
É aí que entra uma ótima mecânica
implementada por Dino Crisis: o sistema
de combinação. Dardos e itens médicos
podem ser misturados com vários tipos de
aditivos para melhorar seus efeitos ou até
mesmo criar novos. Mesclar um dardo
cos aumenta o tempo que os dinossau-
ros ficam desmaiados ao serem atingi-
dos, além de aumentar a quantidade
do item em uma unidade. Já misturar
um frasco de remédio com um kit
médico médio aplica uma melhoria
que faz ele parar hemorragias ao mes-
mo tempo em que cura a protagonista
– evitando que o jogador seja obrigado
a carregar hemostáticos em seu inventá-
rio apenas para estancar sangramentos.
Isso porque o espaço de itens do joga-
dor é limitado a oito espaços para levar
itens de cura e munições. Enquanto esse
limite não dificulta tanto a vida quanto

O AGENTE RICK É O HACKER DA EQUIPE E OFERECE

APOIO DESLIGANDO OS LASERS DE SEGURANÇA

Encontrar pessoas em pedaços ao iniciar uma investigação é a marca de um survival horror

Lidar com dinossauros é dureza! Eles são rápidos, conseguem desviar de disparos e seus ataques
imobilizam e causam sangramento. Regina pode acabar com a raça deles ou usar tranquilizantes

8
O T-Rex é grande demais para invadir a base, então ele aproveita grandes vidraças para atacar
Há bons quebra-cabeças para testar o raciocínio do jogador quando os dinos não estão por perto
em Resident Evil, é sempre bom
passar por uma caixa de depósi-
to para armazenar itens em sua
jornada. Existem três tipos no jogo:
a verde, que conta com itens de
cura e anestésicos; a vermelha,
que contém munição; e a ama-
rela, que tem um pouco de cada
tipo. Só tem problema: para abrir
essas caixas, é necessário usar um
ou mais plugs para destravá-las,
itens raros que podem ser encon-
trados ao explorar o cenário. No
entanto, as caixas podem acessar
outras da mesma cor de forma
remota para facilitar recolher itens
de lugares já visitados. Os itens
chave sempre são levados em um
inventário separado.
ESCOLHAS E SENHAS
Enquanto algumas portas podem
ser abertas com a chave correta,
outras passagens são liberadas
só no momento mais oportuno
pelo jogo – quando o agente Rick
destrava os lasers que bloqueiam
corredores, por exemplo. Outras
portas, no entanto, usam um sis-
tema chamado DDK, ou Chave
Digital em Disco. Para conseguir
Composognathus destrancar uma porta com esse
Esses pequenos tipo de trava é preciso encontrar
dinossauros são mais ou duas partes: o Disco de Entrada
menos do tamanho de uma
galinha e se alimentam das e o Disco de Código. O primeiro
carcaças de dinossauros e insere um grupo de caracteres
de cadáveres de pessoas. desconexos na tela, enquanto
Eles não apresentam uma
grande ameaça direta para o segundo funciona como uma
a protagonista, mas podem chave, mostrando quais devem
ser bastante irritantes ser excluídos do grupo anterior.
ao perseguir e mordiscar
Regina quando ele deixa
Após a exclusão – que deve ser
eles se aproximarem muito. feita no olho pelo jogador – so-
Um único disparo bem bram apenas os caracteres que
dado de pistola pode matá-
los, mas é um desperdício
compõe a senha, que deve ser
de munição: é mais fácil digitada no teclado digital para
ignorá-los e afugentá-los. finalmente destravar a porta.
9
 DINO CRISIS DOSSIe

AGENTES SECRETOS
OS MEMBROS DA EQUIPE BLACK OPS QUE SALVA O MUNDO EM DINO CRISIS

Os agentes da SORT são

enviados para a ilha Ibis,
um local controlado pelo
exército da fictícia República
Borginiana, para resgatar um
grande cientista que foi dado
como morto anos antes

A Secret Operation Raid Team (Equipe de

Incursão de Operações Secretas, em tradução
livre) é uma organização de espionagem fundada
em 2001 e controlada diretamente pelo governo
dos Estados Unidos. Essa é a equipe que os EUA Por mais que seja um dos melhores
mandam para fora do país em operações de agentes da SORT, o destino de Tom é
morrer em ação em Dino Crisis
sabotagem, resgate e toda sorte de operações
“black ops” (tipo de missões que o governo
vai negar ter qualquer envolvimento caso seus
detalhes tornem-se públicos).
$PLVV¼RQD,OKD,ELVIRLLQLFLDGDFRPDLQÚOWUDÀ¼R
GRDJHQWH7RPQDLQVWDODÀ¼RGRUHDWRUGD7HUFHLUD
(QHUJLD6RERGLVIDUFHGHXPSHVTXLVDGRUHVWUDQJHLUR
RHVSL¼RFRQÚUPRXDSUHVHQÀDGH'U.LUNHRXVRGD
SHVTXLVDSDUDDFULDÀ¼RGHXPDQRYDDUPDGHGHVWUXLÀ¼R
HPPDVVD&RPHVVDLQIRUPDÀ¼RRJRYHUQRDXWRUL]RX
XPDHTXLSHDLQYDGLUDLQVWDODÀ¼RSDUDUHFXSHUDU.LUNHD
SHVTXLVDGD7HUFHLUD(QHUJLD4XDWURDJHQWHVID]HPSDUWH
Cooper morreu tão rápido na abertura
GDRSHUDÀ¼R&RRSHU*DLO5LFNH5HJLQD&RQKHÀDD do jogo que praticamente caiu de
VHJXLUTXHPPDLVID]SDUWHGHVVDHTXLSHGHHOLWH paraquedas na boca do tiranossauro rex

10
 Regina é REGINA3URWDJRQLVWDGRMRJRHÓQLFDSHUVRQDJHP
especialista em MRJºYHO5HJLQDÂDHVSHFLDOLVWDHPDUPDVGDHTXLSH
armas e consegue FRPJUDQGHIRFRHPFRPEDWHHFRQWHQÀ¼RGHGDQRV
melhorar seu
arsenal mesmo 0HVPRVHQGRIULDHPXLWDVYH]HVVDUFºVWLFDDDJHQWH
durante uma VHPSUHGHPRQVWUDFRPSDL[¼RSHORSUÌ[LPR
missão de HSUHRFXSDÀ¼RFRPDLQWHJULGDGHGHVHXV
espionagem
FROHJDVHPFDPSR6XDVKDELOLGDGHVFRP
DUPDVJDUDQWHPTXHHODSRVVDDGDSWDUVHXDUVHQDO
DTXDOTXHUPRPHQWRDRHQFRQWUDUDVSHÀDVDGHTXDGDV
Gail é o líder da PHVPRHPWHUULWÌULRKRVWLO
equipe e o único
que conhece
o real motivo GAIL/ÆGHUGDHTXLSHGHLQFXUV¼R*DLOÂRÓQLFRRSHUDGRU
da missão de TXHVDEHDVUHDLVGLUHWLYDVGDPLVV¼RUHFXSHUDURVGDGRV
invasão e resgate
GRUHDWRUGH7HUFHLUD(QHUJLDSDUDVHUHPXVDGRVFRPRDUPD
SDUDRJRYHUQRGRV(VWDGRV8QLGRVsRVGHPDLVPHPEURV
GDHTXLSHDFKDPTXHDPLVV¼RFRQVLVWHVÌHPUHSDWULDUR
'U(GZDUG.LUN&RPXPDSHUVRQDOLGDGHIULDHIRFRWRWDO
QDPLVV¼R*DLOID]GHWXGRSDUDFRPSOHWDUVHXVREMHWLYRV
PHVPRTXHLVVRVLJQLÚTXHDEDQGRQDUFROHJDVHPSHULJR

RICK(VSHFLDOLVWDHPWHFQRORJLDHVHJXUDQÀD5LFNÂR
KDFNHUGDHTXLSHVHPSUHSURQWRSDUDDMXGDUVXDHTXLSHGH
TXDOTXHUIRUPDSRVVÆYHO(OHÂTXDVHRWRWDORSRVWRGH
*DLOPXLWDVYH]HVGLVSRVWRDVDFULÚFDUDPLVV¼RSDUD
VDOYDUVHXVFRPSDQKHLURV(OHSULRUL]DHYLWDUSHULJRV
GHVQHFHVVºULRVVHPSUHTXHH[LVWDHVVDRSÀ¼RR
TXHVLJQLÚFDTXHHOHSDVVDJUDQGHSDUWHGRWHPSR
QD,OKD,ELVGHVDWLYDQGRVLVWHPDVGHVHJXUDQÀD
SURFXUDQGRSLVWDVQDVJUDYDÀÎHVGDEDVHPLOLWDU
HGHVHQYROYHQGRSODQRV

TOM,QÚOWUDGRQDLQVWDODÀ¼RHP,ELVFRPRXP
FLHQWLVWDDQWHVGDFKHJDGDGRUHVWRGDHTXLSH
7RPÂXPH[FHOHQWHHVSL¼RTXHFRQVHJXLX
HQJDQDUDPDLRUSDUWHGDHTXLSHGR'U.LUNSDUD
UHXQLUGDGRVVREUHDSHVTXLVDDWÂTXHRUHDWRU
H[SORGLXHWURX[HGLQRVVDXURVGRSDVVDGRSDUDR
SUHVHQWH(OHFRQVHJXLXVREUHYLYHUDRLQFLGHQWHPDVQ¼R
LPSRUWDTXDOHVFROKDRMRJDGRUIDÀDHOHDFDEDPRUWRHP
DÀ¼RsHPXPDGDVDOWHUQDWLYDV5LFNFRQVHJXHUHVJDWºOR
PDVDFKHJDGDLQHVSHUDGDGHXPYHORFLUDSWRUID]FRPTXH
7RPVHVDFULÚTXHSDUDVDOYDURFROHJD

COOPER2RSHUDGRUGHUºGLRGDHTXLSHWHYHVHX
SDUDTXHGDVGHVYLDGRSHORYHQWRQRPRPHQWRGDLQÚOWUDÀ¼R
QD,OKD,ELV(OHDFDERXDWHUULVVDQGRQDVHOYDSUÂKLVWÌULFDGR
Rick faz de tudo que ODGRGHIRUDGDLQVWDODÀ¼RHIRLLPHGLDWDPHQWHGHYRUDGRSRU
pode para salvar os XPWLUDQRVVDXURUH[&RPRHOHHUDRÓQLFRFRPHTXLSDPHQWR
companheiros e serve
um pouco como alívio YROWDGRSDUDDFRPXQLFDÀ¼RH[WHUQDGDHTXLSHLVVR
cômico da trama IRUÀRXRVRXWURVLQWHJUDQWHVDEXVFDUHPDOWHUQDWLYDVSDUD
FRQVHJXLUHPFKDPDURKHOLFÌSWHURQRPRPHQWRGDH[WUDÀ¼R

11
 DINO CRISIS DOSSIe

A base militar de Dino Crisis não chega perto do carisma e elegância dos cenários de Resident Evil

Caixas de armazenamento e sistema de combinação de itens são clássicos sistemas da Capcom em

seus games de survival horror, com alguns toques particulares para se diferenciarem em Dino Crisis

Em outra parte, é necessário ter um achar o corpo do funcionário – e torcer para

cartão de acesso para usar o ele-
vador do prédio principal. Como
não existe nenhum na área para
ser usado, é necessário que o
jogador crie o item ele mesmo. Em
primeiro lugar é preciso achar dois itens:
um cartão magnético de um dos funcio-
nários e um leitor biométrico. De posse
deles, é preciso encontrar o compu-
tador que pode alterar cartões e
entrar com dois dados: o número
de registro do funcionário e uma
impressão digital correspondente.
Por sorte, dá para achar a ficha
de aceitação próxima, incluindo
o número do pager, que pode
ser chamado para Regina
que um dino não tenha comido ele inteiro…
Em alguns momentos do jogo, tam-
bém é necessário fazer decisões que
alteram o curso dos personagens
sem afetar os quatro finais alterna-
tivos. As escolhas sempre envolvem
Regina concordar com Gail (normal-
mente focadas na missão e combate)
ou com Rick, que inventa soluções mais
criativas e tem um foco maior no com-
panheirismo. Em uma dessas partes de
decisão, Regina e Gail estão presos
em meio a uma invasão de dinossau-
ros após descobrirem o laboratório
secreto do doutor Kirk. Enquanto
Gail quer escapar brigando, Rick
dá a opção de hackear o com-

GAIL É UM AGENTE BEM ESQUENTADO E SUAS

TÁTICAS ENVOLVEM SAIR ATIRANDO EM TUDO
12
O sistema de segurança DDK faz o jogador se sentir um hacker para destravar certas portas
putador do cientista e fugir por uma
escotilha de emergência. O jogo
pausa para o jogador fazer sua
decisão, então há bastante tempo
para pesar as opções.
CAÇADA SELVAGEM
Outra mecânica interessante de
Dino Crisis é o fato de que os dinos-
sauros não são limitados a ataca-
rem apenas em suas áreas. Tentar
ignorar e fugir deles pode ser uma
boa ideia para economizar muni-
ção, mas o jogador também pode
estar criando uma situação mais
perigosa no futuro, já que os dinos
podem transitar de uma área para
outra para tentar devorar a prota-
gonista – algumas vezes até mesmo
acompanhado de um jumpscare e
de uma trilha sonora de terror para
alertar que um predador escapou
da área anterior para a atual. Isso
serve para manter o clima sempre
tenso, mesmo sem inimigos na sala.
Mesmo com inimigos mais ágeis
e difíceis, o jogo apresenta três for-
mas de preservar seu progresso. O
primeiro e mais tradicional é a pos-
Pteranodon sibilidade de salvar ilimitadamente
Esses répteis voadores ao sair das salas seguras. Há tam-
são a principal bém um sistema de continues, em
ameaça do lado
externo da instalação que é possível reiniciar na sala em
militar. Seus dois que o jogador morreu até cinco
principais ataques vezes durante toda a campanha. O
consistem em uma
investida aérea para
último tipo de salvaguarda são os
derrubar Regina itens Resuscitation que, em caso de
e um agarrão no morte, fazem Regina reaparecer na
qual o bicho levanta
sala anterior e restaura toda a mu-
a protagonista e
voa com ela alguns nição gasta no combate que resul-
segundos, até soltá-la tou em sua morte. Como esse item
para causar dano. não é muito raro, é bom ter sempre
Quase impossível de
acertar com as armas, pelo menos um no inventário.
podem ser derrotados Embora o arsenal de Regina
com disparos certeiros seja limitado a sua pistola inicial,
de pistola, mas é
preferível correr de uma escopeta e o lança-granadas,
forma errática para é possível encontrar peças para
escapar de seus melhorar essas armas. A Glock, por
ataques e entrar em
algum lugar com um exemplo, pode ter seu cano e slide
teto para se proteger. trocados para aceitar munições de
13
 Dino Crisis consegue simular bem a ideia de uma base científica com tecnologias avançadas
Ao invadir o subsolo da base, o T-rex acaba se chocando contra um gerador elétrico e fica
desacordado. No entanto, essa não será a última vez que você encontrará o predador gigante
calibre alto e ser acessoriza-
da com uma mira para ajudar
a acertar os tiros. A escopeta tam-
bém pode ser modificada para se
transformar em uma SPAS-12 e
aumentar o dano do disparos de
cartuchos. Até mesmo o lança-
-granadas pode ser modificado,
ganhando um tambor giratório
para efetuar mais disparos an-
tes de ser necessário recarregar.
Munições alternativas também
podem ajudar, desde cartuchos
de alto impacto para a escopeta
até granadas incendiárias para o
poderoso lança-granadas.
FUGA FINAL
Quando Edward Kirk é finalmen-
te apreendido por Regina e Gail,
a protagonista precisa chamar
o helicóptero para fazer a extra-
ção, mas as coisas são complica-
das pelo retorno do tiranossauro
rex, que derruba o helicóptero,
forçando todos a fugirem de vol-
ta para dentro da instalação mi-
14
litar para buscar uma nova alter-
nativa de fuga, que depende das
escolhas feitas pelo jogador. Após
ativar o gerador de Third Energy
da instalação (a tecnologia cul-
pada pela translocação tempo-
ral dos dinossauros na ilha), Gail
Therizinosaurus é acertado por escombros e Kirk
Com uma pele grossa escapa. A partir desse momento,
e garras curvas
afiadíssimas, esses dinos as decisões definem qual entre os
podem aguentar uma quatro finais será alcançado.
quantidade absurda de O primeiro final ocorre ao se-
dano antes de serem
mortos. Além disso, os
guir o plano de Rick, nocautean-
therizinos contam com do Gail para que ele não arrisque
uma grande variedade mais a vida na missão. Eles aban-
de golpes, com mordidas
donam Kirk e escapam da ilha de
no pescoço e na perna,
golpes de garras e até hovercraft, com Rick detonando
mesmo um golpe com um tanque de combustível com
pulo que mata Regina um foguete e detonando uma
instantaneamente. Pior
de tudo: normalmente grande parte da ilha para matar
esses répteis andam o tiranossauro rex. Caso você de-
em duplas, dificultando cida seguir o plano de Gail, ele e
esquivar deles e fugir.
A melhor solução é Regina perseguem Kirk pela ins-
botar eles para dormir talação para recapturá-lo. Nesse
com dardos anestésicos final é revelado que a missão da
e rezar para que eles
não acordem justamente SORT era recuperar os dados da
quando você passar. pesquisa de Kirk para que o go-
CRISE ENERGÉTICA
A BUSCA POR UMA NOVA FONTE DE ENERGIA DEU TERRIVELMENTE ERRADO

O cientista está
longe de ser uma
vítima. Quando viu
que sua pesquisa
romperia limites
éticos, fez um
acordo com uma
nação problemática
para levar suas
experiências além
dos limites

A pós a virada do século 21, os combustíveis fósseis

no planeta estavam quase totalmente drenados.
Considerada a “primeira energia”, esses combustíveis
tiveram que ser substituídos por uma segunda opção,
a energia nuclear. No entanto, por conta dos riscos de
acidentes nucleares, cientistas começaram a pesquisar uma
Arte conceitual
terceira opção para suprir as necessidades energéticas do do jovem e
planeta, uma que jamais exaurisse ou produzisse resíduos, genial Dr.
então começou a busca pela Terceira Energia. Edward Kirk
e o logo de
2OÆGHUGDSHVTXLVDGHVVDQRYDHQHUJLDHUDR'U(GZDUG.LUN
sua grande
0HVPRFRPPXLWRÚQDQFLDPHQWRLQLFLDOGRJRYHUQRGRV(VWDGRV invenção,
8QLGRVFLHQWLVWDVHIÆVLFRVFRPHÀDUDPDGXYLGDUGDYLDELOLGDGHGR a Terceira
Energia
SURMHWRFRQVLGHUDQGRDWHFQRORJLDLPSRVVÆYHOGHVHUDOFDQÀDGD
$VFUÆWLFDVHDUHVSRVWDKRVWLOGH'U.LUNDHVVHVTXHVWLRQDPHQWRV
Ú]HUDPRJRYHUQRSHUGHULQWHUHVVHQDSHVTXLVDHSDUDUR
ÚQDQFLDPHQWR1HVVDÂSRFDRJRYHUQRGD5HSÓEOLFD%RUJLQLDQDVH
DSUR[LPRXGH.LUNRIHUHFHQGRÚQDQFLDPHQWRSDUDGHVHQYROYHUD
7HUFHLUD(QHUJLDFRPRXPDDUPD2FLHQWLVWDFRQFRUGRXVDERWDQGR
RUHDWRUFULDGRSRUHOHSDUDFDXVDUXPDH[SORV¼RTXHGHVWUXLXR
ODERUDWÌULRHSHUPLWLXTXHHOHÚQJLVVHVXDPRUWH
8PQRYRUHDWRUGH7HUFHLUD(QHUJLDIRLFRQVWUXÆGRHPXPDGDV
LOKDVGRDUTXLSÂODJRGD5HSÓEOLFD%RUJLQLDQDD,OKD,ELVHP
(VVHUHDWRUWDPEÂPH[SORGLXSRUFRQWDGRDOWRSRGHUGDQRYD
WHFQRORJLD8PQRYRJHUDGRUWHYHVXDFRQVWUXÀ¼RFRQFOXÆGDHP
HFDXVRXXPLQFLGHQWHDLQGDSLRUDH[SORV¼RURPSHXRHVSDÀR
WHPSRHWXGRHPXPUDLRGHPHLRTXLOÍPHWURGRUHDWRUIRLVXEVWLWXÆGR
SRUXPDVHOYDSUÂKLVWÌULFDLQFOXLQGRRVDQLPDLVTXHPRUDYDPQHOD
3RXFRWHPSRDSÌVHVVHLQFLGHQWHXPDHTXLSHPLOLWDUGHVFREULXTXH
'U.LUNHVWDYDYLYRHLQLFLRXXPDPLVV¼RGHLQYDV¼RHUHVJDWHSDUD
DSUHHQGHUDSHVTXLVDHOHYDURYDOLRVRFLHQWLVWDGHYROWDSDUDRV(8$

15
 DINO CRISIS DOSSIe

Roupas extras são habilitadas para motivar o jogador a encarar mais partidas. Terminar uma vez
habilita duas roupas, enquanto a fantasia jurássica é o prêmio por terminar o jogo pela segunda vez

No PlayStation, o modo especial é habilitado ao terminar o game em menos de cinco horas

verno dos Estados Unidos monopolizasse
a tecnologia para transformá-la em arma.
Rick, Kirk e Regina escapam de hover-
craft, mas a protagonista precisa en-
frentar o t-rex uma última vez para que
eles consigam escapar.
Os dois outros finais ocorrem se o
jogador descobrir a passagem secre-
ta para um heliporto na sala de des-
canso de funcionários. Caso Regina
vá até lá e impeça Kirk de fugir, Rick e
Gail vão até o helicóptero e todos fogem
com a aeronave, com Rick jogando uma
bomba no tiranossauro para matá-lo.
Se você trocar a sequência, escolhendo
o plano de Gail e ir ao heliporto depois,
ao encontrar Gail ele não morre de seus fe-
rimentos e todos vão ao helicóptero, esca-
pando após uma última batalha contra
o furiosos t-rex.
Com mais ou menos oito horas de
duração, o jogo salvo Dino Crisis pode
ser continuado após o fim para que os
outros finais possam ser alcançados.
Após zerar o jogo em menos de cinco
horas é liberado o minigame Opera-
tion: Wipeout, um modo em que é pre-
ciso matar todos os dinossauros de uma
área no menor tempo possível, uma atra-
ção tão divertida quanto desafiadora.
Outro bônus são as roupas alternativas
para Regina usar nas próximas tentativas.

EDWARD KIRK FAZ DE TUDO PARA TERMINAR SUAS

PESQUISAS, ISSO INCLUI TENTAR MATAR REGINA
16
O game conta com quatro finais diferentes, regidos pelas escolhas feitas pelo jogador na aventura
OUTRA RODADA
Graças à intensidade da ação, tri-
lha sonora de qualidade e ótimos
gráficos, Dino Crisis foi um sucesso
de crítica e público, eventualmente
alcançando a marca de 2,4 milhões
de cópias vendidas de sua versão
no primeiro PlayStation. As adap-
tações para PC e Dreamcast, no
entanto, não foram tão bem rece-
bidas, com poucas melhorias que
aproveitassem a maior capacidade
de hardware das plataformas.
Sendo tão bem recebido, foi ine-
vitável que o jogo ganhasse uma
continuação. Dino Crisis 2 foi lan-
çado já no ano seguinte, em 2000,
também para PlayStation, conse-
guindo conquistar uma recepção
tão boa quanto o título anterior.
Embora suas vendas não tenham
se equiparado com o primeiro jogo,
uma terceira entrada mandou a
série para o espaço... literalmente.
Dino Crisis 3, lançado apenas para
Xbox em 2003, tentou implemen-
tar ainda mais ação contra dinos-
sauros em uma nave espacial no
futuro e a adição de um jetpack
para locomoção, o que não com-
binou muito bem com as câmeras
fixas. As mudanças não agradaram
muito os fãs e a crítica, e o jogo é
considerado o pior da série.
Mesmo com suas similaridades
Tiranossauro com Resident Evil, Dino Crisis con-
Rex seguiu se distinguir de seu irmão
O maior antagonista
do jogo, esse t-rex mais velho e ser muito mais do que
persegue Regina e o “Resident com dinossauros”. Além
sua equipe durante
todo o jogo, fazendo do maior foco no combate e agili-
sua aparição triunfal dade, o título conseguiu equilibrar
ao enfiar sua cabeça toda a ação com quebra-cabe-
em uma sala quando a
protagonista encontra
ças mais complexos sem tirar a
um cientista ainda diversão do jogo. Suas boas ideias
vivo. Ele persegue até mesmo serviram de influência
Regina em diversas
para Resident Evil 3: Nemesis, como
situações e deve ser
enfrentado várias o mesmo foco em ação e um siste-
vezes, sempre com ma melhorado de criação de mu-
foco em sobreviver nições. Agora só resta torcer para
aos encontros. Ele só
pode ser derrotado que a série ganhe o mesmo trata-
verdadeiramente mento que Resident Evil 2 teve pela
no final do jogo, de Capcom e ganhe um remake de-
formas diferentes
dependendo do cente dos próximos anos – afinal,
desfecho da trama. sonhar não é um crime.
17
PERSONAGEM Muito poucos
personagens tem
tantos elementos
marcantes:
Duke é lembrado
por sua roupa,
óculos, voz rouca,
frases de efeito e
comportamento
brega de machão
A icônica voz de
Duke pertence
ao dublador
Jon St. John, que
assumiu esse
papel do terceiro
jogo para frente

DUKE
NUKEM
DAS ORIGENS 2D AOS TIROTEIOS EM
ALTA RESOLUÇÃO, A VIDA DE BATALHAS
E DE FAMA DO MAIS POLITICAMENTE
INCORRETO EXTERMINADOR DE ALIENS
18
S
oldado de destaque do
Exército dos Estados
Unidos, não demorou
para que Duke fosse
recrutado pela CIA. E
foi no serviço de inteligência que
sua fama decolou, quando recebeu a
missão de salvar a maior cidade da Terra,
a fictícia Shrapnel City. Nos eventos do
primeiro game de Duke Nukem (1991, PC),
a metrópole foi invadida pelos technobots,
exército robótico alienígena liderado pelo
maléfico Dr. Proton. Duke salvou sozinho
a humanidade de ser escravizada e foi
celebrado como o maior herói do planeta.
Após sua grande vitória e fama, Duke
surpreendeu a todos por abrir sua própria
rede de restaurantes, a Duke Burguer.
Além disso, ele foi contratado pela Força
de Defesa Terrestre, uma agência militar
do governo norte-americano criada para
combater as possíveis próximas ameaças
alienígenas. Duke também escreveu o livro
de memórias “Porque Sou
Tão Incrível”. Enquanto curtia
seu sucesso e participava
Nas artes de capa e divulgação dos dois primeiros jogos, o personagem ainda não tinha o suficiente
para se diferenciar de qualquer outro herói fortão genérico de jogos ou filmes de ação dos anos 1990
de um programa de auditório,
porém, ele foi abduzido
por alienígenas.
É aí que começam os
eventos de Duke Nukem II
(1993, PC), quando Duke
chega ao planeta dos rigelatins
para ser dissecado. O objetivo dos aliens
era roubar os padrões cerebrais do
herói e usá-los em um computador para
calcular uma forma de conquistar a Terra.
O que os rigelatins não contavam é que
Duke escaparia e causaria uma enorme
destruição em seu planeta, eliminando todos
os seus líderes e fugindo de volta para casa
em uma nave espacial.
Nesses dois primeiros jogos, Duke ainda
era diferente de como o conhecemos hoje.
Vestido com um colete rosa e sem seus óculos
escuros que viraram parte de suas marcas
registradas, as únicas coisas que remetem
ao estilo mais recente do personagem são
sua vontade de matar alienígenas e seu ego
inflado. Sua imagem chegou
ao seu estilo mais conhecido
em Duke Nukem 3D, com a
19
PERSONAGEM

Desde Duke Nukem 3D (imagem à esquerda), o personagem foi abraçando cada vez mais o
humor e todos seus exageros até se tornar o dono de cassino em Duke Nukem Forever (direita)

regata vermelha, bandoleira por cima,
calça jeans e os óculos escuros.
O jogo começa na sequência da
aventura anterior, com a nave de Duke
sendo derrubada por outros invasores
alienígenas ao sobrevoar Los Angeles. Essa
nova raça começou a sequestrar todas
ua
r mesmo ano foi lançado Zero Hour para
em seu exército – é nesse ponto
da série que começa uma obsessão
por mulheres nas aventuras de Duke,
um estereótipo de “machão”. O herói
precisa então derrotar as legiões
de inimigos, incluindo o Imperador
Cycloid e a Rainha Alien. Limpando
novamente a Terra de invasores,
Duke se torna ainda mais famoso.
Após esse último ato heroico,
Duke viveu outras aventuras. Em
Duke Nukem: Time to Kill (1998, PlayStation)
o protagonista está indo para seu clube
de striptease favorito quando é atacado
por porcos policiais. Ele então sai em uma
jornada pelo tempo para restaurar a linha
temporal que está sendo alterada pela
raça alienígena drak. Ele passa pelo Velho
Oeste, Idade Média e Roma Antiga. No
Nintendo 64 seguindo uma premissa
similar: aliens bagunçando a linha do
tempo, mas nesse caso em busca dos
ancestrais de Duke para eliminá-los. O
herói também passa pelo Velho Oeste
dos EUA nessa aventura, assim como
pela era Vitoriana da Inglaterra.
Depois dos acontecimentos de Time
to Kill, Duke volta a relaxar no clube
de strip quando uma mulher sai de
um portal e entrega um par de óculos

DUKE TENTOU SE TORNAR O 69 O PRESIDENTE DOS EUA,

MAS ACABOU SEQUESTRADO PELO DOUTOR PROTON
20

Os exageros do personagem não são por
homenagem, mas uma sátira de toda uma
era de brutamontes patriotas e mulherengos
escuros antes de ser morta por porcos policiais.
Duke entra no portal e acaba no futuro, onde
os aliens conseguiram exterminar todos os
homens no planeta. As únicas sobreviventes
formaram a resistência humana composta só
por mulheres – premissa que dá nome ao jogo,
Land of the Babes (2000, PlayStation).
A aventura seguinte, Manhattan Project
(2002, X360/PC), remete aos jogos originais,
com gameplay em duas dimensões – mesmo
que seja jogado em perspectiva isométrica
dessa vez. Sem muita inovação, o objetivo do
jogo é derrotar os alienígenas e salvar uma
mulher sequestrada por eles a cada fase.
Após vários anos de guerra contra
alienígenas, a Terra finalmente aproveitou
um período de paz. Usando sua fama, Duke
se tornou multimilionário administrando
sua rede de restaurantes e abriu seu próprio
cassino em Las Vegas. O período de calmaria
foi encerrado quando os alies retornaram à
Terra sob o pretexto de firmar um acordo de
paz com a humanidade. Obviamente, eles se
tornaram violentos logo em seguida, o que
levou aos eventos de Duke Nukem Forever
DUKE NUKEM
HERÓI AMERICANO
A ssim como a voz de Duke imita o
estilo rouco do ator Clint Eastwood,
sua personalidade também é baseada
em astros de ação da década de 1980 e
1990, como Arnold Schwarzenegger, Bruce
:LOOLVH.XUW5XVVHO(VVDVLQÛXÃQFLDVV¼R
percebidas em suas frases de efeito mais
conhecidas, como “It’s time to kick ass
and chew bubble gum... and I’m all outta
gum” (Roddy Piper, Eles Vivem, 1988),
“Hail to the king, baby” (Bruce Campbell,
Uma Noite Alucinante 3, 1993) e “You’re
the disease, and I’m the cure” (Sylvester
Stallone, Cobra, 1986).
(2011, PS3/X360 /PC). Duke então começa uma
batalha contra os invasores, saindo vitorioso
no final. No entanto, mesmo com todos os
seus esforços, ele não consegue salvar o
presidente dos Estados Unidos. Oportunista,
Duke decide se candidatar à presidência.
A última aparição canônica de Duke foi
no mesmo ano na expansão The Doctor Who
Cloned Me, que traz o vilão Doutor Proton de
volta. Ele sequestra Duke, prende-o na Área 51
e o clona, usando as cópias para difamá-lo e
arruinar sua reputação. Esse plano também
falhou, com o maior herói da Terra escapando,
eliminando Proton e viajando para uma base
escondida na Lua, onde derrotou a Imperatriz
Alien e reafirmou sua dominância sobre os
alienígenas, ganhando o afeto de várias
mulheres sequestradas no processo.
Embora a qualidade duvidosa de Duke
Nukem Forever tenha feito esse ser o último
jogo da franquia até hoje, Duke reapareceu
para mais uma aventura no improvável DLC
de Bulletstorm: Full Clip Edition. Lançada em
2017, a versão completa do FPS traz a opção
de substituir o protagonista do jogo por Duke,
que não faz ideia de como foi parar nesse
universo. Mesmo assim, ele decide chutar
bundas alienígenas e agir como se estivesse
entendendo o que os outros personagens
falam. Essa foi a última vez que Duke foi visto
nos videogames – e ele vai ter que melhorar
muito sua conduta com as mulheres para
conseguir ganhar um novo jogo.
21
EVOLUCAO

A relação paterna
entre Lee Everet e a
pequena Clementine
culminou em uma
decisão que destruiu
o coração dos
jogadores em The
Walking Dead

ESCOLHAS
MORAIS
CADA VEZ MAIS NO CONTROLE DOS
ACONTECIMENTOS NAS AVENTURAS
VIRTUAIS, O JOGADOR PASSOU A
INFLUENCIAR O RUMO DAS HISTÓRIAS
22
 ESCOLHAS MORAIS

P
ular em plataformas ou atirar em
tudo que aparece pela frente são
experiências válidas e divertidas
(em videogames, que fique claro).
No entanto, às vezes queremos um
pouco mais de profundidade e tramas com
mais camadas. Alguns títulos oferecem isso
criando vários caminhos a serem seguidos ou
tratando de temas mais sérios, enquanto
outro apelam para um tipo de mecânica
ainda mais complexa: escolhas morais.
Jogos que colocam a responsabilidade de
escolhas e suas consequências nas mãos dos
jogadores não são tão recentes assim. Em 1982,
um dos primeiros títulos lançados pela Koei já
usava essa mecânica narrativa: Danchi Tsuma
no Yuwaku ("Sedução de Esposas de Condomínio",
em tradução livre), um RPG com temas adultos
para computadores pessoais da época. Nele,
o protagonista é um vendedor de porta em
porta que deve oferecer seus produtos para
as mulheres que vivem lá. De acordo com
Em Danchii Tsuma no Yuwaku, o protagonista
as escolhas de diálogos feitas pelo jogador, é um vendedor de preservativos que pode
o protagonista pode receber punições ou fazer uso do próprio produto
incentivos em suas estatísticas, conseguindo
até ter relações sexuais com suas clientes. MORDE E ASSOPRA
O título seguinte a usar a mecânica foi O conceito casou bem com esses tipos de jogos
Portopia Renzoku Satsujin Jiken (algo como narrativos, e começou a aparecer em outros
"O Caso do Assassino em Série de Portopia"), gêneros. É o caso do jogo de tiro em animação
lançado em 1983 pela Enix, também para Badlands, publicado pela Konami em 1984. Ro-
computadores pessoais. Nele, o jogador dando em laser disc (assim como Dragon’s Lair),
investiga diversas cenas de crime para o game desafia o jogador a disparar nos adver-
descobrir a identidade de um assassino, sários por meio de QTEs em sua jornada para se
com vários finais alternativos que dependem vingar da morte de sua família. É possível atirar
de quem o jogador apontar como culpado nos inocentes que aparecem e, mesmo com
e de se a acusação está certa ou errada. uma leve punição, o jogo continua – foi a primei-
Portopia se tornou um jogo influente para o ra vez que um shooter permitiu que o jogador
futuro gênero de visual novels, além de servir continuasse a jornada mesmo após escolhas
como uma das inspirações para a carreira eticamente questionáveis.
de Hideo Kojima, principalmente em seus
primeiros jogos, Snacher e Policenauts.

EM APENAS UMA
DÉCADA, AS ESCOLHAS
NOS JOGOS EVOLUÍRAM
DE OPÇÕES BINÁRIAS
PARA DECISÕES COM
Brando com o Game Over, Badlands permitia
MUITO MAIS NUANCES que o jogador eliminasse inocentes no tiroteio

23
EVOLUCAO
Decisões morais são feitas pelo jogador tanto em JRPGs como Romancing SaGa
(imagem da esquerda) quanto em simuladores de civilização como Sim Isle (direita)

Em Resident Evil, os caminhos escolhidos pelo jogador influenciam os acontecimentos e

definem qual dos quatro finais será obtido. Isso tornou-se um padrão em survival horror

Não demorou muito para os jogos de
aponte e clique usarem a mecânica, como
Uninvited, de 1986. Nessa aventura, o prota-
gonista sofre um acidente de carro próxi-
mo a uma mansão e deve explorá-la para
conseguir encontrar sua irmã antes que um
vilão a sacrifique. O jogo é não-linear, com
escolhas levam a caminhos e finais alterna-
tivos – como eliminar fantasmas pacíficos
ou colocar animais em gaiolas para serem
devorados. Por conta do limite de tempo, é
preciso aprender o caminho correto para
chegar a um dos finais. Em 1988, foi a vez dos
RPGs norte-americanos entrarem na onda
com o lançamento de Wasteland. O pre-
cursor da série Fallout brincava com conse-
quências derivadas das ações do jogador,
como na missão em que é possível matar
um cachorro para salvar uma criança, mas
isso faz outra criança na cidade ver o pro-
tagonista como um assassino de animais,
revelando-se uma situação nada binária.
Em 1992, o RPG Romancing SaGa trouxe
as histórias de oito personagens interliga-
dos de uma forma que, ao jogar com um
deles, suas escolhas afetariam os aconteci-
mentos no cenário do próximo. Da mesma
forma, o personagem não ganhava níveis
de experiência geral, mas níveis de habili-
dade de acordo com a forma que lutou.
Escolhas morais davam um nível extra
até para jogos de simulação, sendo um dos
primeiros exemplos SimIsle: Mission in the
Rainforest, lançado em 1995 para compu-
tadores. O jogador assume o papel de líder
de uma organização que deve administrar
um arquipélago. Cabe ao jogador decidir o
destino das ilhas, seja com foco em preser-

ALGUNS JOGOS MOSTRAM SUAS ESCOLHAS DE

FORMAS ÓBVIAS, OUTROS AS ESCONDEM ESSAS
DECISÕES PARA SURPREENDER O JOGADOR
24
 ESCOLHAS MORAIS

As escolhas no adventure de horror Corpse Party definem quais personagens sobreviverão

Enquanto Strife usa gameplay com visão em primeira pessoa, ilustrações dos personagens
são exibidas durante os diálogos para destacar melhor o momento das escolhas

var o meio ambiente, explorar os recursos por
lucro, investir em turismo ou até permitir a pro-
dução de drogas ilícitas. Todas essas escolhas
geram reações imediatas ou futuras, desde
destruição ambiental irreversível até a entrada
de cartéis no território para lucrar com drogas.
Em 1996, dois jogos de survival horror brin-
caram com o conceito de escolhas. O primeiro
foi Resident Evil, em que seguir os objetivos em
várias ordens e a exploração da mansão po-
dem levar a salvação ou a morte de seus co-
legas de equipe, alterando o final alcançado.
De forma semelhante, as decisões feitas em
Corpse Party podem afetar a sobrevivência
dos estudantes e levar a um dos diversos finais
ruins – muitos envolvendo mortes horríveis.
No mesmo ano, Strife resolveu unir tiro em
primeira pessoa com elementos de RPG, incluin-
do interações com personagens e exploração
em mundo aberto do hub do jogo. O merce-
nário que serve como avatar do jogador nes-
se mundo tem o objetivo de destruir A Ordem,
uma organização opressora que governa esse
universo. Dependendo das ações do jogador,
até três finais podem ser alcançados, incluindo
um em que o jogador é derrotado pela Entida-
de que controla a organização.
ESCOLHAS CONTEMPORÂNEAS
Após a virada da década, muitos jogos conti-
nuaram usando sistemas de moralidade para
reger a forma que os jogadores são tratados
no jogo por conta de suas ações. Curiosamen-
te, um dos jogos de tiro mais infames da história
conta com escolhas morais: Postal 2. Ao contrá-
rio de como o jogo lançado em 2003 sempre é
mostrado, parte das situações em que o prota-
gonista é colocado podem ser resolvidas de for-
ma pacífica ou não letais. Evitar a agressão das
facções até garantem que elas não atacarão o
Postal Dude à primeira vista e é possível terminar
o jogo sem matar nenhuma pessoa.

25
EVOLUCAO

Os ermos de Fallout 3 são repletos de escolhas regidas pelas pontuações de habilidades

do personagem e pelo carma gerado por decisões anteriores

Lançado em 2007, Mass Effect foi um
dos jogos mais populares a usarem um sis-
tema de alinhamento moral. A regra era
simples: ações boas contam para o estilo
Paragon, ações ruins levam ao lado Renega-
de. Tecnicamente Shepard continua sendo
um herói, mas ele pode usar métodos me-
nos ortodoxos dependendo das opções
do jogador. Os capítulos seguintes adi-
cionaram mais nuances às duas linhas de
atuação, permitindo até que o jogador sa-
casse uma arma e atirasse no interlocutor
no meio de um diálogo. Infelizmente, o final
não era afetado pelas escolhas.
Fallout 3, de 2008, apresentou o Kar-
ma System: o jogo contabiliza as ações
eticamente morais contra as atitudes ile-
gais cometidas por seu personagem. Isso
significa que dar água para um morador
de rua com sede ou resgatar alguém em
perigo dá pontos positivos para seu carma,
enquanto arrombar uma porta ou comer
carne humana diminui essa pontuação.
Positivo, negativo ou neutro, o carma pode
ajudar ou atrapalhar nas interações com
personagens, dependendo do alinhamento
moral deles, de forma que o jogador não é
punido por ações, sejam elas boas ou ruins.
Lançado no PlayStation 3 em 2009, inFa-
mous baseava toda sua história nas escolhas
do protagonista Cole McGrath que, após um
acidente, ganhou poderes elétricos. Boas
ações não afetavam só o caminho e o final
do jogo, mas os tipos de poderes e as melho-
rias desbloqueadas. O disparo elétrico básico,
por exemplo, pode ser melhorado para res-

O alinhamento moral do protagonista de inFamous define quais poderes ficam disponíveis

em sua árvore de habilidades: maldade leva a poderes mais destrutivos, enquanto a
bondade garante poderes de cura e ataques menos caóticos. Até o visual do próprio
Cole McGrath fica mais sombrio ou mais suavae de acordo com a sua linha de decisões

26
Grande parte do charme da novela espacial Mass Effect gira em torno de fazer muitas escolhas:
o jogador determina o gênero do(a) protagonista e orienta seus diálogos e relacionamentos

Indies como Cultist Simulator e Disco Elysium envolvem centenas de escolhas bem complexas

taurar um pouco de energia para o personagem
e se espalhar entre alvos caso Cole seja um bom
super-herói. No caso de ele estar no caminho de
se tornar um supervilão, o golpe elétrico fica mais
potente e difícil de controlar, o que aumenta as
chances de ferir inocentes nas ruas.
Em 2012, Dishonored usou um sistema moral
semelhante que, além de moldar as opções de
poderes possíveis para serem desbloqueados
pelo jogador, também afeta o mundo ao redor
do protagonista. Enquanto matar alvos e ad-
versários possibilita pegar poderes como uma
técnica de assassinato que faz o corpo desapa-
recer, tentar ser o menos letal possível diminui o
estado de caos do mundo, o que também causa
uma diminuição da população de ratos da cida-
de do jogo, Dunwall, já que menos corpos signifi-
ca menos alimento para os roedores.
Esse ano também viu a repopularização dos
jogos de aponte e clique com o lançamento da
série The Walking Dead, da Telltale. Os cinco epi-
sódios da série inicial – assim como todos os su-
cessos seguintes da desenvolvedora, como The
Wolf Among Us e Game of Thrones – utilizavam
escolhas e diálogos que devem ser decididos
pelo jogador em questão de segundos e podem
mudar radicalmente a direção dos eventos, in-
cluindo até a presença de personagens – como
é o caso da escolha entre Doug e Carley no
final do primeiro episódio, em que um dos per-
sonagens morre e o outro sobrevive, alterando
interações nos episódios seguintes. Além disso,
opções moralmente questionáveis podem ser
tomadas com resultados bem inesperados.
Assim como no amudurecimento de uma pes-
soa, a crescimento dos videogames vem junto de
cada vez mais escolhas em suas rotinas virtuais.
Nos últimos anos, essa mecânica foi muito usa-
da em títulos indies como Cultist Simulator, Call of
Cthulhu e o premiado Disco Elysium, mostrando
que forçar o jogador a pensar em suas decisões
não vai sair de moda tão cedo.

27
 ESPECIAL

CRAZY
TAXIUMA CORRIDA CONTRA O
TEMPO PARA SE TORNAR O MELHOR
(E MAIS INSANO) MOTORISTA
DE TÁXI DA CIDADE

S
e houve um período de ouro para a Sega nos
arcades, definitivamente foi a década de 1990.
Daytona USA, Virtua Fighter, The House of the
Dead, Samba de Amigo… A empresa empla-
cou sucessos de todas as categorias ano após
ano, tudo graças à grande qualidade de seus jogos e a
quantidade de diversão que era possível extrair de
cada um deles. Um dos principais estúdios da Sega na
época, o AM3, foi um dos responsáveis por vários desses
sucessos, incluindo Sega Rally e Top Skater. Kenji Kanno,
o diretor de Top Skater, ficou satisfeito com o sucesso do
jogo, o que levou a criação de uma continuação espiri-
tual que fez muito mais sucesso: Crazy Taxi.

28
 DEPOIS DE FAZER
MUITA GENTE PIRAR
FICHA TÉCNICA
DESENVOLVIMENTO:
NOS FLIPERAMAS,
SEGA AM3 O GAME VIROU
PRODUTORA: SEGA
GÊNERO: CORRIDA UM ÍCONE DO
PLATAFORMA: ARCADE
LANÇAMENTO: 1999 DREAMCAST

29
 ESPECIAL
GUS
AXEL
Crazy Taxi começou com quatro pilotos. O segundo jogo ganhou mais quatro e o terceiro mais quatro.
Ninguém bate a versão mobile Gazillionaire: são 45 pilotos inéditos, além dos quatro originais
Pode parecer loucura revelar que uma corri-
da arcade é sequência de um jogo de skate, mas
esses dois projetos de Kanno têm muitas similari-
dades: a câmera em terceira pessoa, as exten-
sões de tempo em certos pontos (checkpoints), a
manobrabilidade casual do veículo e, principal-
mente, a trilha sonora viciante. Crazy Taxi tem a
vantagem de ter recebido uma enorme evolu-
ção de mecânicas se comparado com o jogo
anterior da AM3 e de Kanno.
O foco do diretor era criar uma experiência
que pudesse ser jogada por curtos períodos
– que podiam ser expandidos conforme a ha-
bilidade do usuário aumentasse. Dessa forma,
Kanno imaginou a exploração da rotina de um
motorista de táxi, adicionando uma tonelada
de emoção (e nada de regras de trânsito) para
apimentar as coisas. O conceito inicial evoluiu
para o jogo lançado em 1999 nos arcades, ba-
seado na plataforma NAOMI da Sega.
Antes mesmo de colocar a ficha na máqui-
na, Crazy Taxi recepcionava os possíveis joga-
dores com cenas malucas de táxis pegando
passageiros, batendo em tudo que passa pela
frente e brilhando em pulos gigantescos pelas
rampas de uma cidade fictícia inspirada nas
ladeiras de San Francisco, Califórnia. Para com-
OS TRÊS JOGOS CENTRAIS CRIARAM MAPAS INSPIRADOS
EM SAN FRANCISCO, NOVA YORK E LAS VEGAS
30
CRAZY TAXI
GENA
B. D. JOE
pletar essa vibe de loucura e ritmo acelerado, a
música ‘All I Want’ da banda The Offspring toca-
va alto, abafando o som das batidas de carro e
qualquer trilha de outra máquina das casas de
fliperama. Até quem não jogava saia do recinto
com o grito “Ya ya ya ya ya!” da canção gruda-
do na mente pelo resto da semana.
No banco do motorista
Ao colocar uma ficha na máquina, era possível
escolher entre quatro personagens e seus res-
pectivos táxis: Axel e seu carro equilibrado; B.D.
Joe com o veículo mais rápido, porém com pior
controle; Gena e seu táxi com melhor acelera-
ção e frenagem; e, por fim, Gus, com seu bólido
pesado, perfeito para sair da pista e arrastar
todo o tráfego em sua frente.
O gameplay é simples: vá com seu táxi até
um cliente – NPCs com um símbolo de cifrão
acima da cabeça – e pare o mais próximo
possível para que ele embarque. Uma peque-
na imagem do destino com seu nome apare-
ce no canto esquerdo da tela, alertando para
o local de desembarque. Uma enorme seta
verde no topo da tela indica o caminho mais
direto até o objetivo. A partir daí, basta levar
o passageiro ao seu destino velozmente para
Vale lembrar que GTA III e a revolução dos mundos abertos vieram só em 2001, o que explica
o espanto causado pela liberdade de pilotar em uma cidade tridimensional em Crazy Taxi
conseguir um bônus no seu pagamento e um
pouco mais de tempo para conseguir chegar
até o próximo cliente.
A meta é repetir esse ciclo de levar passa-
geiros e pegar outros o mais rápido possível.
Para isso, é essencial tentar decorar as ruas da
cidade para conseguir encurtar os trajetos e
estar sempre pronto para evitar o tráfego nas
ruas – bater diminui a velocidade do veículo e,
com certeza, vai prejudicar suas pontuações.
No entanto, pulos, manobras e situações de não
bater por um triz ajudam nos bônus de gorjetas
entregues pelos passageiros que, aparente-
mente, adoram um rolê emocionante.
Uma viagem pode ter quatro classificações
finais: “Speedy”, quando o passageiro é entre-
gue o mais rápido possível, o que dá um bônus
em dinheiro; “Normal”, que é a viagem no tem-
po adequado; e “Slow”, em que o cliente fica
irritado por ter chegado ao destino de forma
lenta e reclama com o motorista. Caso o joga-
dor não consiga entregar o passageiro dentro
do tempo limite, a classificação “Bad” leva o
passageiro a pular para fora do táxi mesmo se
o carro estiver em movimento. Não existe pe-
nalidade por isso, mas o tempo desperdiçado
provavelmente fará o jogo acabar mais cedo.
Entrega em domicílio
A versão original do jogo se tornou o maior su-
cesso do AM3 nos arcades, sendo listado na
revista japonesa Game Machine como a se-
gunda máquina mais bem-sucedida do mês
de abril do ano de lançamento. Não demorou
muito para que o sucesso fizesse a Sega enco-
mendar um port do jogo para seu console mais
recente, o Dreamcast, ao AM3 – estúdio que
mudou de nome para Hitmaker na época.
Essa nova versão de Crazy Taxi, lançada em
2000, inclui o estilo de jogo padrão e adicionou
opções com tempo limitado em três, cinco e
dez minutos. O título para Dreamcast apresen-
ta três modos: Arcade, com o jogo exatamente
como ele era nas máquinas; Original, que trazia
um mapa maior para simular a sensação de fi-
car perdido na cidade; e Crazy Box, uma série
de minigames variados que desafiam a habi-
lidade do jogador em tarefas como executar
pulos enormes ou usar o carro como bola em
um boliche com pinos gigantes.
Como a arquitetura do Dreamcast era muito
parecida com os arcades NAOMI da Sega, hou-
ve pouca dificuldade para adaptar Crazy Taxi
– com exceção da memória mais limitada do
console. A versão doméstica do jogo também
preservou a trilha sonora original, que incluía
diversas músicas de punk rock das bandas The
Offspring e Bad Religion. Essa é considerada a
melhor versão do jogo pela crítica e também
pelos fãs, graças a sua fidelidade à versão ori-
ginal e com todas essas adições que expandi-
ram e deixaram o jogo ainda mais divertido.
31
 ESPECIAL
Bem antes do Uber Pool criar a tendência, Crazy Taxi 2 veio com a ideia de múltiplos passageiros
Sem descanso
Não demorou muito após o lançamento do
jogo no Dreamcast para que ele ganhasse uma
continuação no mesmo console. Crazy Taxy 2
replica o estilo do título original, mas com algu-
mas diferenças. O novo cenário é uma cidade
inspirada em Nova York e, dessa vez, é possível
pegar mais de um passageiro por vez. Também
é possível usar novas habilidades com o táxi,
como um curto pulo conhecido como Crazy
Hop, e uma espécie de esquiva, o Crazy Dash,
técnicas ótimas para escapar do tráfego. A tri-
lha sonora conta com o retorno da banda The
Offspring para manter o pop rock bombando
nos alto-falantes, com uma pitada de rap metal
por conta da banda Methods of Mayhem.
Em 2002, Crazy Taxi 3: High Roller chegou
no Xbox original trazendo remakes dos ma-
pas dos dois primeiros jogos, assim como uma
cidade original baseada em Las Vegas. Essa
continuação também adicionou mais quatro
motoristas e seus respectivos táxis, assim como
outros veículos malucos, como uma carruagem
oriental e até um carrinho de bebê gigante. Esse
jogo fez o caminho inverso do primeiro título da
franquia, saindo no Xbox para só depois ga-
nhar uma versão em máquina de arcade.
Duas versões dos jogos para consoles por-
32
CRAZY TAXI
PUBLICIDADE
DE QUALIDADE
A nunciar produtos em videogame é algo
TXHVÌÚFRXFRPXPDSDUWLUGRVDQRV
2000, após a febre de jogos licenciados de
empresas como o cereal Chex ou o fast-food
McDonalds. Um dos títulos que fez melhor
uso disso na época e acabou por popularizar
o product placement em jogos foi Crazy
Taxy, que colocou vários destinos dos
passageiros em locais como restaurantes e
lojas reais. Dessa forma, os clientes virtuais
podiam pedir para levá-los em fast-foods
como KFC e Pizza Hut, para comprar roupas
na Levi’s ou Fila, ou até mesmo para
visitar a gravadora Tower Records. Essas
marcas acabaram agregando um nível de
UHDOLVPRPDLRU¹FLGDGHÚFWÆFLDGHCrazy
Taxi, em um exemplo raro e criativo de
propaganda que agradou os jogadores. Esse
tipo de publicidade fez escola, de forma
que jogos como Burnout Paradise e Alan
Wake utilizaram estratégias semelhantes: a
cidade da corrida da Criterion era cheia de
outdoors com publicidades reais, enquanto
o jogo de terror da Remedy trazia veículos e
até pilhas alcalinas de uma marca famosa.
No topo, as duas adaptações de Crazy taxi para portáteis: Catch a Ride, para GBA (esquerda),
e Fare Wars, para PSP (direita). Na linha inferior, City Rush (esquerda) e Gazillionaire (direita)
adaptam o mundo das corridas de taxi para estilos de jogos que combinam melhor com celulares

táteis também foram criadas: Crazy Taxi: Catch
a Ride para Game Boy Advance adaptou as
cidades dos dois primeiros jogos em 2003,
tentando manter o estilo em três dimensões
com o uso de sprites por conta das limitações
do console; Crazy Taxi: Fare Wars, lançado em
2007 para o PlayStation Portable, fez a mesma
coisa de uma forma mais fiel, mas sem as trilhas
sonoras originais – alternativamente, o jogador
podia colocar suas próprias playlists no jogo
usando o player de música dentro dele.
A franquia ganhou mais dois títulos exclu-
sivos para dispositivos móveis. Em 2014 foi lan-
çado Crazy Taxi City Rush, um jogo de corrida
nos moldes de Temple Run e Subway Surfers,
em que o jogador controla apenas a posi-
ção do veículo na tela. Já em 2017, Crazy Taxi
Gazillionaire (que mudou de nome para Crazy
Taxi Tycoon depois) apareceu nas lojas digitais,
deixando de lado a direção de táxis para apos-
tar em um clicker e simulador de gerenciamento
– os jogadores devem derrotar uma megacor-
poração de caronas monetizadas.
Mesmo que a franquia tenha ido por diver-
sos caminhos diferentes com o passar dos anos,
o jogo original ainda é o clássico mais brilhante
da marca. Ao abandonar o mercado de con-
soles após o Dreamcast, a Sega continuou re-
lançando o primeiro Crazy Taxi em várias pla-
taformas, como PS2 e GameCube (2001), PC
(2002), PS3 e X360 (2010). Essas adaptações
são baseadas na versão de Dreamcast, que in-
cluía todos os modos, mas sem a presença da
icônica trilha sonora original. Apenas em 2012,
com o lançamento para dispositivos móveis, é
que as músicas das primeiras versões voltaram.
Crazy Taxi conseguiu se tornar um marco
apostando na simplicidade de partidas curtas,
boa música e muita diversão sem se levar a sé-
rio. Enquanto nenhuma de suas continuações
conseguiu replicar a mágica do jogo original,
seu espírito maluco continuou forte em inspira-
ções por aí, seja nas missões de táxi presentes
em qualquer Grand Theft Auto da era 3D quanto
em jogos independentes como Roundabout
(2014) e Death Taxi 3000 (2020).

A VERSÃO DO GAME DE DREAMCAST É CONSIDERADA

A DEFINITIVA E APARECEU EM VÁRIAS PLATAFORMAS
33
 ESPECIAL

DESBRAVANDO
A AMAZÔNIA
UM DOS PRIMEIROS DESIGNERS BRASILEIROS
DE JOGOS, RENATO DEGIOVANI AJUDOU A
POPULARIZAR A CRIAÇÃO DE GAMES NACIONAIS

N
a mesma época que o grande crash dos vi-
deogames quase destruiu a indústria de ga-
mes, em 1983 os computadores pessoais es-
tavam ganhando cada vez mais espaço no
mundo inteiro. Enquanto o Apple II era um
dos microcomputadores mais vendidos na época, no-
vas plataformas surgiram e trouxeram mais acessibili-
dade para o público, como o ZX80 da britânica Sinclair
e os MSX de diversas fabricantes japonesas. Várias em-
presas copiaram a arquitetura do aparelho da Sinclair,
o que significou a chegada de vários clones do micro-
computador no mundo inteiro, incluindo no Brasil. Por
aqui, uma das pessoas a colocar as mãos em um desses
clones foi Renato Degiovani, e assim começou a aventura
de um dos pioneiros na criação de jogos brasileiros.

34
ANTES DE CRIAR O ADVENTURE DE TEXTO AVENTURAS
NA SELVA, DEGIOVANI CRIOU SUA ENGINE DO ZERO
Em 1980, Degiovani cursava desenho in-
dustrial na PUC do Rio de Janeiro e tinha uma
grande paixão por eletrônica e informática. Ao
ver um anúncio na extinta revista Nova Eletrô-
nica, o rapaz de 24 anos decidiu comprar um
NEZ80, um clone do Sinclair ZX80, por meio de
reembolso postal. Ele começou a aprender pro-
gramação na linguagem BASIC, uma das mais
comuns e usadas na época. Sem muito material
em português, Degiovani frequentava a Livra-
ria Ciência Moderna, também no Rio, para ter
acesso a livros de informática estrangeiros. Um
dos raros locais no Brasil com um amplo catálo-
go de livros de informática, o lugar virou ponto
de encontro para adeptos do assunto.
Três pilares formaram a iniciação de Renato
Degiovani no mundo dos videogames. Seu pri-
meiro contato foi o clássico Pong, a primeira
vez que ele viu um jogo totalmente eletrônico
sendo executado. Em segundo lugar, um jogo
de damas feito totalmente em linguagem de
máquina o incentivou a desvendar os segredos
da programação. O incentivo definitivo foi City
of Alzan (1981), um adventure em texto que o
fez perceber que, além de movimentos e sons,
palavras também poderiam se transformar em
um jogo. Esse título possuía uma engine própria,
o que deu a ideia para o programador inician-
te de criar seus próprios sistemas para produzir
seus jogos. “City of Alzan tinha um sistema inte-
ressante, mas que consumia muito espaço na
memória, então pensei que poderia escrever
uma engine mais enxuta”, explica Degiovani.
Pioneiros brasileiros
Na mesma época, o empreendedor Aldenor
Campos notou o potencial que a informática
tinha no país e resolveu abrir uma loja no ramo,
então mandou sua filha Alda Campos para os
Estados Unidos para estudar esse campo de
35
 ESPECIAL RENATO DEGIOVANI

A charmosa tela de título e o cenário inicial de Aventuras na Selva no Sinclair ZX81

O talento de Degiovani com programação ao colaborar com a revista Micro Sistemas foi vital
para o sucesso da periódica. Após publicar jogos nela, ele tornou-se o diretor técnico da revista

negócios (bem mais avançado lá). Ela retornou
e montou uma loja que ficou conhecida como
“Computique – a boutique de computadores”.
Mesmo assim, o retorno ainda não estava al-
cançando as expectativas de Campos, que
encarregou a filha de resolver esse problema.
Alda, então, criou a revista Micro Sistemas, que
visava desmistificar os computadores e a in-
formática para construir um público assíduo.
A primeira edição da revista foi lançada em
outubro de 1981.
Em meados de 1982, Renato Degiovani ha-
via finalmente finalizado sua engine para ad-
ventures e criou seu primeiro título: Aventuras
na Selva. Criado para ser distribuído comer-
cialmente para ZX81, o jogo vinha acompa-
nhado de um livreto com o código fonte da
engine e instruções de como ela funcionava,
permitindo que qualquer pessoa pudesse criar
suas próprias histórias dentro do sistema. O
adventure era totalmente em texto: o avião do
protagonista cai no coração da floresta ama-
zônica e o jogador deve descobrir uma forma
de sobreviver a todas as situações perigosas
que encontrará pelo caminho.
Degiovani era leitor da revista Micro Siste-

36
Esse é o mapa completo de áreas em Amazônia. Para navegar por ele, assim como nos jogos de
texto da época, é necessário digitar comandos reconhecidos pelo programa. Norte, sul, leste e
oeste são as palavras-chave para escolher uma direção, e existem diversos verbos que ditam
a interação com o ambiente e os itens encontrados. É como uma versão digital mais simplificada
de um RPG de mesa, mas o mestre aqui é o parser, sistema que lê e interpreta a ação do jogador

mas, e sempre enviava cartas com sugestões
e críticas. Após um tempo, ele foi convidado
a colaborar com a publicação, incluindo na
criação de códigos de programação. O pri-
meiro jogo que ele publicou na revista foi
Aeroporto, que fez a edição de julho de 1983 da
Micro Sistemas esgotar nas bancas. Com esse
sucesso absoluto, a edição seguinte da revis-
ta foi publicada com o código de Aventuras
na Selva, tornando o título o primeiro jogo
brasileiro a ser comercializado e também o
primeiro programa de código aberto do país
– além da lista de códigos, Degiovani explicou
todos os módulos da aplicação na revista.
Aventuras na Selva não parou de evoluir
durante esse tempo. Novas versões foram pro-

OS PROGRAMAS DE DEGIOVANI CHAMARAM MUITA

ATENÇÃO AO SEREM PUBLICADOS NA MICRO SISTEMAS

A versão em cores de Amazônia foi lançada para o MSX e, mais tarde, para PCs com DOS

37
 ESPECIAL RENATO DEGIOVANI

Renato Degiovani continua bem ativo na comunidade de criação de jogos, sempre

participando de lives sobre histórias interativas e o mercado de videogames brasileiro

BATE-PAPO COM O CRIADOR

(DE GRANDES CLÁSSICOS)
CONVERSAMOS COM RENATO DEGIOVANI SOBRE Q¼RGDYDPPXLWDDWHQÀ¼RSDUDRVPLFURVPDLVVLPSOHV
SUA CARREIRA E O MERCADO DE GAMES BRASILEIRO.
OLD!4XDLVIRUDPRVMRJRVTXHPDLVLQÛXHQFLDUDPR
início de sua carreira como designer de games?
RD (PSULPHLUROXJDUPongQRVDQRV$WÂDTXHOH
PRPHQWRQ¼RWLQKDYLVWRDLQGDXPMRJRWRWDOPHQWH
HOHWUÍQLFRVHQGRH[HFXWDGRHPXPPRQLWRUGHWHOHYLV¼R
$TXLORPXGRXFRPSOHWDPHQWHRPHXPRGRGHSHQVDU
HPWHUPRVGHÛLSHUDPD'HSRLVGHOHPHDVVRPEUHLFRP
XPMRJRGHGDPDVIHLWRHPOLQJXDJHPGHPºTXLQD
$TXLORPHIH]TXHUHUGHVYHQGDUWRGRVRVVHJUHGRV
GDSURJUDPDÀ¼RGHMRJRV(PWHUFHLUROXJDURCity of
AlzanXPSHTXHQRDGYHQWXUHGHWH[WRSDUDRVPLFURV
FRPSDWÆYHLVFRPR6LQFODLU=;sDWÂDTXHOHPRPHQWR
Q¼RWLQKDSHUFHELGRTXHDOÂPGHPRYLPHQWRVHVRQVDV
SDODYUDVHWH[WRVSRGLDPVHWUDQVIRUPDUHPJDPHV
OLD! Como se deu a evolução de Aventuras na Selva
para Amazônia?
RD O Aventuras na SelvaIRLIHLWRHP%DVLFHRAmazônia
PDLVEDUDWRVHDVOLVWDJHQVTXDVHVHPSUHFRQWLQKDP
HUURV0HFKDPDUDPSDUDFRQYHUVDUHGDLHPGLDQWH
SDVVHLDVHUFRODERUDGRU'HSRLVYLUHLDVVHVVRUWÂFQLFRH
ÚQDOPHQWHPHFRQYLGDUDPSDUDVHURGLUHWRUWÂFQLFR
OLD! 4XDOIRLRSULPHLURMRJRTXHYRFÃ
SURGX]LXQR06;"+RXYHPXLWDGLÚFXOGDGH
em programar para uma nova plataforma?
RD 7RGDSODWDIRUPDQRYDLPSÎHXPWHPSRGH
DSUHQGL]DGRLQLFLDO1RFDVRGR06;Q¼RIRLJUDQGH
SRUTXHRPLFURHUDEDVHDGRQRSURFHVVDGRU=HHXMº
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YHUV¼RGRAmazôniaTXHIDULDSDUWHGRODQÀDPHQWRGH
XPSDFRWHGHYHUVÎHVGRMRJR
OLD! Sendo um dos criadores pioneiros de
YLGHRJDPHVQR%UDVLORTXHYRFÃVHQWHYHQGR
a evolução do mercado brasileiro de jogos e
de sua visibilidade fora do país?
HP$VVHPEOHURXOLQJXDJHPGHPºTXLQD6ÌLVVRMº RD 6RXXPFUÆWLFRIHUYRURVRGRGHVHQYROYLPHQWRGH
JDUDQWLXDRAmazôniaPXLWRPDLVORFDLVPDLVSUREOHPDV MRJRVSRUDTXLSRUTXHYHMRTXDVHVHPSUHMRJRVIRFDQGR
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GHFRPDQGRVEHPPDLVHÚFLHQWHHWH[WRVPDLV
HODERUDGRV0DVQRIXQGRDLQGDHUDRPHVPRMRJR
OLD! Como foram suas primeiras contribuições para
DUHYLVWD0LFUR6LVWHPDV"(FRPRYRFÃFKHJRXDXP
cargo de liderança na revista?
RD (XHQYLHLXPDFDUWDFULWLFDQGRRIDWRGHTXHHOHV
38
DVHUHPPDLVGRPHVPR'HVVDIRUPDDLQGDTXHR
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UHODÀ¼RDRTXHRUHVWRGRPXQGRHVWºID]HQGR
duzidas para ZX Spectrum e TRS-80, ambos
da Sinclair, em linguagem Assembler. O jogo
recebeu cenas mais bem descritas e novos
cenários para o jogador explorar, sendo relan-
çado como Amazônia.
Um dos pontos fortes de Degiovani é seu
foco no design visual dos jogos que produ-
zia, como a hierarquização de informações
na tela em Amazônia. “Embora os micros da
primeira geração fossem monocromáticos
e com uma resolução baixa, a forma como
as informações eram mostradas ao usuário
eram meio caóticas. O design gráfico me aju-
dou a criar interfaces bem mais amigáveis do
que aquelas que existiam na época”, comen-
tou o programador.
Continuando sua contribuição para a Mi-
cro Sistemas, o programador criou um jogo
de corrida para a revista de jogos: Fórmula 1,
que usava o sistema gráfico simples do ZX80
e seus clones para criar a ilusão de movimento.
Degiovani também coordenou a criação de
um pacote de aplicativos para ZX81 com o
intuito de ajudar na programação e desen-
volvimento de programas e jogos para a pla-
taforma. Intitulado Micro-Bug, esse pacote foi
publicado na revista Micro Sistemas e, mais tar-
de, comercializado em fitas cassete. A partir de
1988, o designer assumiu a editoria e direção
técnica da revista, permanecendo no cargo As aventuras interativas de Degiovani estão
disponíveis no site do desenvolvedor, o Tilt.net
até a edição #154, em 1995.
Com a entrada do MSX no mercado brasi-
leiro no final de 1985 – representado por mo- tanto para placas de vídeo monocromáticas
delos da Gradiente e Sharp –, Degiovani se e como VGA, que adicionava cores aos ele-
dedicou a nova plataforma, cuja arquitetura mentos gráficos do jogo. Em 1997, uma versão
mais moderna dava suporte para uma qua- exclusiva para assinantes do site de Degiovani,
lidade gráfica maior. Uma nova versão de o TILT (http://tilt.net), foi lançada. No final de
Amazônia foi lançada para o sistema, com 2012, uma edição do jogo em HTML foi libe-
a apresentação dos cenários com gráficos rada, adaptada para ser controlada com o
em vez de usar apenas texto. No começo da mouse e toque em dispositivos atuais.
década de 1990, uma versão de Amazônia Sempre ativo na cena de videogames
para PC do jogo também foi desenvolvida, brasileira, Degiovani nunca parou de produ-
zir jogo. “Sempre estou com vários jogos em
AS CONTRIBUIÇÕES DE aberto, então fica até difícil dizer qual é o mais
recente deles. De tempos em tempos eu reto-
DEGIOVANI NA MICRO mo algum projeto mais antigo e levo-o adiante
SISTEMAS O LEVARAM mais um pouco.” Todos os seus trabalhos es-
tão disponíveis em seu site oficial, incluindo a
AO CARGO DE DIRETOR versão mais recente de Amazônia e sua con-
TÉCNICO DA REVISTA tinuação, Amazônia: O Resgate. Ele também
participa de lives sobre criação de games e de
POR DIVERSOS ANOS histórias interativas.

39
 ?
in

IREM
CORPORATION
DE UMA CONFEITARIA ATÉ A CRIAÇÃO DE JOGOS,
A HISTÓRIA DA EMPRESA DE VIDEOGAMES JAPONESA
QUE CRIOU OS ICÔNICOS R-TYPE E KUNG-FU MASTER

40

A
IPM Invader, clone de Space Invaders, foi feito no formato de mesa para cafés de arcades
indústria japonesa de games
foi construida por grandes
visionários que ajudaram
a levar ideias e tecnologias
sempre um passo mais longe.
Em comum, a maioria deles foi guiada
por inspirações de diversas áreas,
às vezes de fora do mundo dos games.
Um deles foi Kenzo Tsujimoto, japonês
que ajudou a criar as bases da Irem
Corporation, empresa amada por
seus clássicos jogos de nave.
Empreendedor, Tsujimoto falhou
em alguns negócios antes de abrir
uma confeitaria em Osaka, em 1969.
Na época, ele notou o fascínio das
crianças com a máquina de algodão-
doce que ficava em um canto da loja
– não por conta do doce em si, mas
Moon Patrol foi o primeiro jogo da Irem a conquistar também o mercado de consoles
IREM CORPORATION
pelo processo de criá-lo, daquela
engenhosidade com movimentos
hipnotizantes. Essa foi sua primeira
inspiração para migrar para o
ramo do entretenimento.
Tsujimoto começou a investir
em máquinas de pachinko no início
da década de 1970 e alcançou
um enorme sucesso. Vendendo em
torno de mil unidades por modelo, o
empresário percebeu que o mercado
de videogames também tinha tudo
para crescer. Em 1974, ele fundou
a International Playing Machine, a
IPM. Inicialmente, a empresa era
focada na montagem e instalação
de máquinas de videogame em
pequenas lojas do Japão. Em parceria
com a empresa Nanao Corporation,
41
 ?
d
in n
O jogo Spartan X é um beat’em up baseado em um filme do lendário Jackie Chan
que fabricava os monitores de CRT
usados nas máquinas, a IPM fabricava
principalmente arcades com um clone
de Breakout, um sucesso na época.
Em 1978, a empresa criou seu
primeiro jogo, o IPM Invader, clone
do Space Invaders da Taito. Junto ao
clone de Breakout, as máquinas de
arcade venderam o suficiente para
chamar a atenção da IBM, gigante
norte-americana da informática que
enviou uma carta pedindo que a
empresa mudasse o nome por conta
da semelhança. Por conta disso, a IPM
trocou seu nome para Irem, abreviação
de International Rental Electronics
Machines (“Aluguel Internacional de
Máquinas Eletrônicas”, em tradução
livre). No início da década de 1980,
a Nanao Corporation se tornou a
acionista majoritária da Irem.
R-Type se tornou um sucesso instantâneo e até hoje possui uma legião de fãs
42
Nessa mesma época, Kenzo
Tsujimoto estabeleceu uma outra
empresa de videogames, a IRM
Corporation. Tsukimoto trabalhou nas
duas empresas por um bom tempo,
até que ele foi culpado pelo declínio
de vendas dos títulos produzidos pela
Irem e foi demitido da empresa que
havia fundado, sendo substituído
pelo presidente da sócia majoritária.
O empresário continuou a investir
na IRM que, algum tempo depois,
viria a ser conhecida como Capcom.
Ainda assim, a década de 1980 foi
o período de ouro da Irem. Em 1982, a
empresa lançou Moon Patrol, em que o
jogador controla um buggy para fazer a
patrulha de uma populosa cidade lunar
evitando minas, ataques aéreos e vários
inimigos. Desenvolvido por Takashi
Nishiyama, o jogo foi um sucesso, o

In The Hunt também é conhecido por alguns fãs como “o Metal Slug de submarino”
R-Type Delta evoluiu a série de sprites em duas dimensões para gráficos em 3D
que se traduziu em adaptações para
consoles e computadores domésticos,
além do licenciamento do arcade
para produção nos Estados Unidos
pela Williams Electronics.
Em 1984 chegou Spartan X, um
dos pioneiros do gênero beat ‘em up.
Também desenvolvido por Nishiyama,
ele é baseado no filme homônimo com
Jackie Chan – chamado Detonando em
Barcelona, no Brasil. A ideia funcionou e
o jogo ficou dois meses no topo da lista
dos mais jogados nos arcades. O jogo
foi distribuído pela Data East nos Estados
Unidos sem a licença do filme, por isso
foi rebatizado como Kung-Fu Master.
APÓS R-TYPE TOMAR O MERCADO JAPONÊS,
A NINTENDO LEVOU O JOGO PARA OS EUA
IREM CORPORATION
Foi em maio de 1987 que o maior
sucesso da Irem apareceu nos arcades.
R-Type, um jogo de tiro com progressão
lateral, tomou os arcades japoneses
como um furacão. O título unia todo
o necessário para se tornar um
sucesso: gameplay difícil e viciante
para comer as fichas dos jogadores
e um gráfico belíssimo. Inspirado em
um shooter semelhante da Konami,
Gradius, e no estilo visual do filme Aliens:
O Resgate, o jogo tornou-se o arcade
mais rentável do ano no Japão. Não
demorou para a Nintendo licenciar o
jogo e lançar as máquinas no mercado
norte-americano. O jogo recebeu uma
43
 ?
d
in n
R-TYPE GANHOU UMA REMASTERIZAÇÃO DOS
DOIS PRIMEIROS JOGOS NO PLAYSTATION
adaptação para o TurboGrafx-16 que,
embora tivesse uma qualidade gráfica
menor e problemas de performance,
tentava traduzir a experiência dos
arcades de R-Type em uma versão
doméstica, mas só trazia a primeira
parte do jogo para ser jogada.
Não demorou muitos para que a
Irem tentasse replicar esse sucesso
com R-Type II em 1988. Enquanto
o número de níveis diminuiu, a
quantidade de inimigos aumentou,
assim como o volume de projéteis
disparados e os padrões de
movimentos deles, elevando ainda
mais a dificuldade em comparação
ao jogo anterior. Enquanto nenhuma
adaptação foi lançada no mesmo
ano, uma conversão de R-Type II
desenvolvida pela Arc Developments
finalmente encontrou seu caminho
até o Amiga em 1991, sendo bem fiel ao
material original mesmo com gráficos
mais simples. Uma versão para o Atari
ST também foi lançada no mesmo ano,
com a mesma fidelidade de gameplay,
porém menos elementos gráficos.
YoYo’s Puzzle Park no Ocidente, Gussun Paradise é um jogo com mais de 130 fases
44
Com o declínio dos arcades no meio
da década de 1990, a Irem começou
a focar mais no desenvolvimento de
títulos para consoles. Com a chegada
do PlayStation da Sony e do Saturn
da Sega, a empresa lançou In the
Hunt em 1995, um jogo de tiro com
progressão lateral semelhante a
R-Type – no entanto o jogador controla
um submarino em vez de uma nave.
Percebendo o declínio antecipado do
Saturn, a Irem focou no PlayStation
e lançou dois jogos da série R-Type
apenas nele: R-Types, um ótimo port
dos dois jogos originais de arcade, e
R-Type Delta, uma continuação inédita.
No final de 1996, Gussun Paradise
foi o último jogo lançado pela Irem
original. No ano seguinte, a Nanao
estabeleceu a Irem Software
Engineering e deixou para trás a
montagem de máquinas de arcades
para focar na criação de jogos. Essa
repartição acabou por absorver
a Irem Corporation, incluindo seu
departamento de desenvolvimento.
Dessa forma, a parte de montagem

Focada em desastres naturais em áreas
urbanas, a série Disaster Report faz
sucesso no Japão por seu público ter
empatia com o assunto. Foram lançados
quatro jogos, sendo que o mais atual é
de 2018, lançado para PC, PS4 e Switch
de arcades da Irem original foi
vendida pela Nanao para a Yubis
Corp., sendo renomeada como
Apies e vendida para a Atlus em 1999,
tornando-se independente em 2001.
Atualmente, a Apies fabrica máquinas
de venda e de previsão do futuro
– sim, iguais a máquina daquele filme
com Tom Hanks, Quero Ser Grande.
Nos anos 2000, a Irem Software
continuou responsável pelos direitos
de todos os jogos da empresa original.
Ela criou alguns clássicos cults no
PlayStation 2, como Disaster Report,
em que o jogador deve sobreviver ao
colapso de uma cidade em uma ilha
artificial enquanto investiga as razões
desse desastre. Lançado em 2002, o
No PSP, R-Type se tornou um jogo de estratégia com o controle de frotas inteiras
IREM CORPORATION
título teve uma continuação quatro anos
depois, Raw Danger!, em que o jogador
controla diversas pessoas para tentar
fazê-los sobreviver a um novo incidente.
A série R-Type reapareceu algumas
vezes nas mãos da Irem Software.
Em 2007, R-Type Tactics trocou seu
tiroteio 2D por um estilo estratégico,
em que o jogador controla várias
unidades em um combate de turnos
contra invasores alienígenas – o jogo
ganhou uma continuação em 2009,
ambas lançadas exclusivamente para
PSP. Houve também um remake com
gráficos em três dimensões dos dois
jogos originais: R-Type Dimensions, que
apareceu no Xbox 360 em 2009 e foi
relançado para PC, Switch e PS4 em
2018 – além dos remakes, as versões
originais dos jogos estavam presentes.
A Irem ainda está ativa até os dias
atuais, mas parece bem difícil que eles
algum dia voltem a lançar jogos para
plataformas domésticas, já que o foco
atual da empresa é a produção de
softwares para máquinas de pachinko
digitais. Atualmente, a empresa está
baseada em Tóquio e continua sendo
uma subsidiária da Nanao – que, por
sua vez, hoje em dia responde pelo
nome Eizo Corporation.
45
 Os primeiros controles de Densha de
Go! para consoles foram lançados para
PlayStation, Saturn e Nintendo 64

CONTROLE
DENSHA
DE GO!
O GRANDE SONHO DE ENTUSIASTAS
DE TRENS É UM DOS CONTROLES DE
SIMULAÇÃO MAIS RAROS NO OCIDENTE

46

O simulador é focado na pontualidade do sistema de transporte público japonês. O jogador deve
ser o mais preciso possível, aperfeiçoando frenagens e acelerações para gastar apenas o tempo
necessário nas paradas. A versão simplificada do controle para PlayStation já ajuda nessa missão
V
ideogames e simuladores são antigos
parceiros. Enquanto as aplicações
de aprendizado e as facilitações dos
simuladores são inegáveis, existe
muita gente que se diverte quando a
experiência é a mais realista e difícil possível.
Enquanto simuladores de automobilismo são
os mais populares, há muito mais ofertas de
jogos de trens do que você pode imaginar
– pode visitar qualquer plataforma digital
moderna de jogos e você vai achar várias
opções e muitos DLCs. A mais clássica delas
é a franquia Densha de Go!, que traz trajetos
reais de trens no Japão. O jogador assume o
papel do condutor para pilotar trens em um
cronograma estrito. Há uma certa magia
em ser o responsável por parar os vagões
na estação da forma mais perfeita possível
para o embarque dos passageiros.
A primeira versão do jogo foi lançada nos
arcades em 1997 pela Taito. A máquina tinha
controles específicos que se assemelhavam ao
painel de controle de um trem, com alavancas
e mostradores de velocidade. O simulador
foi adaptado para consoles domésticos e
os controles personalizados precisaram ser
CONTROLE DENSHA DE GO!
levados para a casa dos jogadores, nascendo
aí uma linha completa de controles exclusivos.
Os controles parecem estranhos e confusos,
mas bastam alguns segundos de familiarização
para entendê-los facilmente. A alavanca
graduada da esquerda aplica a aceleração
ao trem, indo de zero a cinco – basta puxá-la
para baixo para aumentar a velocidade. Do
lado direito, a alavanca circular serve para
aplicar os freios aos carros – quanto mais giro,
maior a força dos breques. Há também alguns
botões que podem ser usados para buzinar
e para o freio de emergência, duas funções
que devem ser bem pouco utilizadas se você
quiser ser um bom condutor.
O SIMULADOR FOI
EXCLUSIVO DE ARCADES
POR UM TEMPO, ONDE
OS JOGADORES PODIAM
ATÉ MESMO USAR A
ROUPA DE CONDUTOR
47
 Existiam três tipos de controles para o PlayStation original. Um gamepad (ver na página
anterior); um segundo modelo com uma alavanca de aceleração e outra de controle de
freios (esquerda); e o modelo mais novo, com uma só alavanca para as duas funções

A versão do controle para PS2 trazia todas as funções para que o jogador pudesse usar
os jogos do PlayStation original no novo console, assim como os títulos mais recentes

A primeira versão, lançada para o
PlayStation original, traz um cinza mais
próximo à cor do console para os botões,
mas emprega um tom acima para o resto
da carcaça. Essa versão é semelhante a
lançada simultaneamente para Nintendo 64,
tanto no padrão de cores quanto na
disposição das alavancas e botões. Ela
serviu como base para as adaptações do
jogo lançadas no Saturn e na continuação,
lançada também para Dreamcast.
Versões diferentes de controles para
Densha de Go! foram lançados para o
PlayStation, incluindo acessórios originais
criados pela própria Taito. Um controle
simplificado com apenas uma alavanca
central apareceu nas lojas, assim como
uma versão semelhante a um gamepad
padrão em forma, porém, ao olhar mais
de perto, é possível observar que as setas
direcionais foram trocadas por uma única
alavanca vertical e os botões da face
foram substituídos por um único botão
circundado por um disco de controle
dos freios – opção simples e funcional.
Mesmo sem o lançamento do jogo no
ocidente, Densha De Go! continuou sendo
um grande sucesso no Japão, ganhando
diversas sequências e adaptações.
Quando Densha de Go! Shinkansen Sanyō
Shinkansen-hen foi lançado para PS2 em
2001, ele também incluía as linhas de alta

ENQUANTO OS TRENS COMUNS PRECISAM DE DUAS

ALAVANCAS, OS TRENS-BALA USAM APENAS UMA
48

A versão mais atual do controle foi lançada pela Zuiki em 2020, com todos os botões dos
Joy-Cons do Switch em sua face e uma alavanca de controle com resistência mecânica
velocidade do Japão – os famosos trem-bala.
Assim, foi natural que a Taito lançasse um novo
modelo de controle, o Shinkansen. Com duas
alavancas verticais, direcionais e botões, essa
versão do controle trazia um mostrador digital
para que o jogador pudesse ler informações
importantes facilmente, como a velocidade
do trem, força dos freios e posição na estação.
Essa versão também foi lançada para Wii
quando o jogo saiu no console em 2007.
Mesmo após a Taito ser adquirida pela
Square Enix em 2005, vários jogos novos
foram lançados para franquia famosa
no mercado oriental. Um deles, Densha
de Go!! Hashirou Yamanote Sen, saiu para
PlayStation 4 e Nintendo Switch em 2020.
Enquanto a versão para PS4 possui até
integração com os óculos de realidade virtual
do console da Sony, a versão lançada para
Switch ganhou um controle personalizado
CONTROLE DENSHA DE GO!
A versão do controle
para Nintendo Wii é a
mais completa. Além
de duas alavancas
de controle, ele ainda
oferece um painel que
revela informações de
aceleração e velocidade
em tempo real durante o
trabalho do condutor
para pilotar trens em grandes estilo.
O controle fabricado pela Zuiki tem
apenas uma alavanca de controle de
velocidade, semelhante aos controles
dos modelos de trens atuais. Na parte da
direita há uma pequena alça para segurar
e manter a posição fixa do jogador nos
controles, além de todos os botões presentes
nos controles padrões do Nintendo Switch
– com exceção dos analógicos.
Sem parecer perder nenhuma aceleração
com os anos, Densha De Go! continua sendo
um paraíso para os entusiastas de trem e fãs
de simulação, principalmente com um desses
controles à mão para aumentar o realismo.
Para ficar mais completo, apenas arranjando
um uniforme de condutor japonês – o que
não é impossível, já que alguns dos arcades
na época do primeiro jogo emprestavam a
roupa para os mais aficcionados.
49
 Q
Todos os movimentos do
protagonista Conrad Hartt são
uando foi lançado em extremamente detalhadoss e
1992, Flashback estava rames
com uma quantidade de frames
entre os poucos jogos que de animação muito maior do
que a de personagens da época.
começaram a tendência
de utilizar rotoscopia
para a captura de movimentos
de seus personagens, pouco
tempo depois da estratégia ser
usada por Jordan Mechner em
Prince of Persia. No entanto,
Flashback também contava com
ambientes detalhados desenha-
dos à mão, o que rendeu um be-
líssimo jogo em quesitos gráficos
que, graças ao seu estilo artísti-
co, é totalmente atemporal.

SPRITES
A BUSCA POR IDENTIDADE EM UMA
AVENTURA DE FICÇÃO CIENTÍFICA
O
E LINDOS CENÁRIOS FUTURÍSTICOS
Não é só a movimentação normal, mas
também as animações para as paradas
abruptas e trocas de direção rápidas
que recebem um tratamento especial.

Pulos são alternados entre parados

no mesmo local para agarrar bordas
e saltos à distância para conseguir
passar por cima de buracos.

50
Conrad também tem diversas
animações de queda referentes
a cada tipo de golpe sofrido, seja
atingido por disparos ou apenas
após ser derrubado por robôs.

Além de muitos frames

reservados apenas para
mirar sua arma (seja de
pé ou abaixado), Conrad
também pode usá-la
para dar coronhadas
quando a munição acaba.

Assim como Conrad, os

policiais também conseguem
mudar de postura para
disparar suas armas laser.

Alguns desses inimigos usam

mochilas a jato para se locomover
facilmente entre as plataformas e
alcançar o jogador mais facilmente.

Esses robozinhos são chatos de

acertar por obrigarem o jogador a
se abaixar a cada disparo, então é
mais fácil tentar apenas ignorá-los.

51
 HISTÓRIAS E PESQUISAS INTERESSANTES
SOBRE JOGOS, PERSONAGENS E ESTÚDIOS RETRÔ

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