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Universidade Federal de Goiás - Faculdade de Ciências Sociais

Laboratório de Processos Educativos (Ed. Não Formal)

João Pedro Vieira Bites Leão

Análise do currículo referência do Estado de Goiás

É evidente a quantidade de objetos de aprendizagem específicos das ciências sociais, já nos


indicando a necessidade dum profissional específico dessa ciência para lecionar o ensino. Se percebe
também a mescla dos diferentes segmentos das ciências humanas - geografia, história, filosofia e
sociologia - intercalados entre si nas mesmas habilidades. Os objetos de conhecimento do
Documento Curricular de Goiás muitas vezes ignoram o texto das habilidades determinadas pela
BNCC, principalmente quando o texto da BNCC se refere às desigualdades sociais. Os temas
relacionados as desigualdades sociais, principalmente as desigualdades de gênero, não se
encontram como objeto de estudo especificados, apenas como passagens secundárias nos objetivos
de aprendizagem.

A interdisciplinaridade apesar de positiva, fica perceptível a dificuldade de concretizá-la


quando se pensa a relação entre os professores que ministrarão os conteúdos, além de desvalorizar
o profissional especifico de uma matéria - por exemplo, formação em Sociologia - no momento em
que um profissional de formação especifica em outra matéria - por exemplo, formação História -
possa também ministrar todas as matérias que compõem a grande área em especifico - por
exemplo, a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Ou seja, não garante que cada profissional
trabalhe com suas matérias, ficando a cargo das escolas decidirem a distribuição dos professores.

Diante disto, os problemas encontrados são muitos, o principal sendo a não capacidade de
abordar com qualidade todas as habilidades, objetivos e objetos de estudo e aprendizagem
propostos tanto pela BNCC e pelo DCGOEM. Além da ignorância tanto da BNCC e do DCGOEM
quanto a formação e debate sobre gênero que deve sim perpassar nas escolas. A articulação da
coordenação do currículo de Goiás, a partir do DCGOEM, com as habilidades determinadas pela
BNCC, sistematizados bimestralmente, necessitam de profissionais específicos de cada tema para se
trabalhar com qualidade cada um. A articulação não pode ser somente ao nível de documentação.
Ou seja, um formado em Ciências Sociais deve ser o professor de sua área, assim possibilitando que
se articule bem cada objeto de aprendizado, com debates sérios e atuais sobre cada tema.

Além, ainda temos os problemas estruturais que a BNCC e o DCGOEM simplesmente


ignoram. Este currículo tendo de ser cumprido de forma integral, impossibilita de estudar alunos que
necessitam trabalhar para sobreviver. Ou se estuda ou se trabalha. Mesmo que consiga se
desenvolver com qualidade as habilidades, os objetivos e objetos de estudo e aprendizagem, com os
professores formados em cada área trazendo o debate atual e sério, não se vê a contrapartida de
resolução dos problemas estruturais para permitir os jovens a frequentarem a escola. Fica a
necessidade do Estado, que impõe tal currículo, de dar as condições materiais para os jovens
estudarem com qualidade.

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