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PROGRAMA INSTITUCIONAL DE NIVELAMENTO

proin - Matemática Financeira


Evandro Mendes De Aguiar

www.unipar.br
UNIVERSIDADE PARANAENSE
MANTENEDORA
Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC

REITOR
Carlos Eduardo Garcia

Vice-Reitora Executiva
Neiva Pavan Machado Garcia

Vice-Reitor Chanceler
Candido Garcia

Diretorias Executivas de Gestão Diretorias Executivas de Gestão


Administrativa Acadêmica
Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Comunitários Diretora Executiva de Gestão do Ensino Superior
Cássio Eugênio Garcia Maria Regina Celi de Oliveira
Diretora Executiva de Gestão da Cultura e da Divulgação Diretora Executiva de Gestão da Pesquisa e da Pós-
Institucional Graduação
Cláudia Elaine Garcia Custódio Evellyn Cláudia Wietzikoski
Diretora Executiva de Gestão e Auditoria de Bens Materiais Diretor Executivo de Gestão da Extensão
Permanentes e de Consumo Universitária
Rosilamar de Paula Garcia Adriano Augusto Martins
Diretor Executivo de Gestão dos Recursos Financeiros Diretor Executivo de Gestão da Dinâmica
Rui de Souza Martins Universitária
José de Oliveira Filho
Diretora Executiva de Gestão do Planejamento Acadêmico
Sônia Regina da Costa Oliveira
Diretor Executivo de Gestão das Relações Trabalhistas
Jânio Tramontin Paganini
Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Jurídicos
Lino Massayuki Ito
Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância
Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato

Diretorias dos Institutos Superiores das Diretorias das Unidades


Ciências Universitárias
Diretora do Instituto Superior de Ciências Exatas, Diretor da Unidade de Umuarama – Sede
Agrárias, Tecnológicas e Geociências Luiz Romulo Alberton
Giani Andréa Linde Colauto Diretor da Unidade de Toledo
Diretora do Núcleo dos Institutos Superiores de Ciências Roberto Ferreira Niero
Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ciências Sociais Diretora da Unidade de Guaíra
Aplicadas e Educação Juliane Maria Romani
Fernanda Garcia Velásquez Diretor da Unidade de Paranavaí
Diretora do Instituto Superior de Ciências Biológicas, Nílvio Ourives dos Santos
Médicas e da Saúde Diretor da Unidade de Cianorte
Irinéia Paulina Baretta José Aparecido de Souza
Diretor da Unidade de Cascavel
Gelson Luiz Uecker
Diretor da Unidade de Francisco Beltrão
Claudemir José de Souza
DEGEAD – Diretoria executiva de gestão da Educação
a Distância

Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância


Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato

Coordenador dos Cursos Superiores de Licenciatura e de


Graduação Plena (História, Letras, Pedagogia e Filosofia)
Heiji Tanaka

Coordenador dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do


Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Comercial, Logística, Marketing,
Processos Gerenciais e Administração)
Evandro Mendes de Aguiar

Coordenadora dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do


Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Financeira,
Gestão Pública, Recursos Humanos e Ciências Contábeis)
Isabel Cristina Gozer

Coordenador dos Cursos Superiores de Tecnologia do Eixo Tecnológico de


Informação e Comunicação (Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Gestão
da Tecnologia da Informação, Sistemas para Internet), Sistemas de Informação
(bacharelado) e Matemática (licenciatura)
Carlos Marques

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UNIPAR

A282p Aguiar, Evandro Mendes de.


Programa Institucional de Nivelamento PROIN -
Matemática Financeira / Evandro Mendes de Aguiar. -
Umuarama : Unipar, 2017.
149 f.

ISBN: 978-85-8498-290-5

1. Matemática financeira. 2. Ensino a distância -


EAD. I.
Universidade Paranaense. II. Título.
(21 ed.) CDD: 513.93

Assessoria pedagógica
Daniele Silva Marques e Marcia Dias

Diagramação e Capa
Andresa Guilhen Zam, Diego Ricardo Pinaffo, Fernando Truculo Evangelista e Renata Sguissardi
* Material de uso exclusivo da Universidade Paranaense – UNIPAR com todos os direitos da edição a ela reservados.
Sumário
MATEMÁTICA FINANCEIRA

Unidade I...................................................................................................15

Razão e proporção...................................................................................................15

Razão.............................................................................................................................15

Proporção....................................................................................................................16

Regra de três simples e composta....................................................................20

Regra de três composta.........................................................................................28

Estudo da porcentagem........................................................................................31

Correção monetária................................................................................................39

Juros simples..............................................................................................................41

Capitalização simples.............................................................................................43

Equivalência de taxas de juros simples..........................................................44

Cálculo do montante e capital............................................................................47

Desconto simples.....................................................................................................51

Desconto comercial simples (por fora)..........................................................51

Desconto racional simples (por dentro)........................................................54

Desconto simples para série de títulos de mesmo valor.........................56


Prazo médio...............................................................................................................58

Juros compostos.......................................................................................................60

Fluxo de caixa............................................................................................................60

Diagrama de fluxo de caixa..................................................................................61

Juros compostos.......................................................................................................63

Cálculo do montante e capital dos juros compostos.................................65

Equivalência de taxas compostas......................................................................71

Desconto composto.................................................................................................74

Unidade II ................................................................................................83

Séries uniformes de pagamentos .....................................................................83

Fator de acúmulo de capital (FAC)...................................................................83

Fator de formação de capital (FFC)..................................................................89

Fator de valor atual (FVA)....................................................................................94

Fator de recuperação de capital (FRC)...........................................................99

Sistema de Amortização Francês......................................................................103

Sistema de amortização constante (SAC)......................................................123

Aplicações e empréstimos financeiros...........................................................130

Modalidades básicas...............................................................................................130
Taxa de abertura de crédito ................................................................................135

Custo de emissão do contrato.............................................................................136

Impostos sobre operações financeiras...........................................................137

Taxa nominal e taxa efetiva..................................................................................138

Referências...........................................................................................149
Apresentação

Diante dos novos desafios trazidos pelo mundo contemporâneo e o surgimento de um

novo paradigma educacional frente às Tecnologias de Informação e Comunicação dis-

poníveis que favorecem a construção do conhecimento, a revolução educacional está

entre os mais pungentes, levando as universidades a assumirem a sua missão como

instituição formadora, com competência e comprometimento, optando por uma gestão

mais aberta e flexível, democratizando o conhecimento científico e tecnológico, atra-

vés da Educação a Distância.

Sendo assim, a Universidade Paranaense - UNIPAR - atenta a este novo cenário e

buscando formar profissionais cada vez mais preparados, autônomos, criativos, res-

ponsáveis, críticos e comprometidos com a formação de uma sociedade mais demo-

crática, vem oferecer-lhe o Ensino a Distância, como uma opção dinâmica e acessível

estimulando o processo de autoaprendizagem.

Como parte deste processo e dos recursos didático-pedagógicos do programa da

Educação a Distância oferecida por esta universidade, este Guia Didático tem como

objetivo oferecer a você, acadêmico(a), meios para que, através do autoestudo, possa

construir o conhecimento e, ao mesmo tempo, refletir sobre a importância dele em sua

formação profissional.

Seja bem-vindo(a) ao Programa de Educação a Distância da UNIPAR.

Carlos Eduardo Garcia


Reitor
Seja bem-vindo caro(a) acadêmico(a),

Os cursos e/ou programas da UNIPAR, ofertados na modalidade de educação a dis-

tância, são compostos de atividades de autoestudo, atividades de tutoria e atividades

presenciais obrigatórias, os quais individualmente e no conjunto são planejados e or-

ganizados de forma a garantir a interatividade e o alcance dos objetivos pedagógicos

estabelecidos em seus respectivos projetos.

As atividades de autoestudo, de caráter individual, compreendem o cumprimento das

atividades propostas pelo professor e pelo tutor mediador, a partir de métodos e práti-

cas de ensino-aprendizagem que incorporem a mediação de recursos didáticos orga-

nizados em diferentes suportes de informação e comunicação.

As atividades de tutoria, também de caráter individual, compreendem atividades de

comunicação pessoal entre você e o tutor mediador, que está apto a: esclarecer as

dúvidas que, no decorrer deste estudo, venham a surgir; trocar informações sobre as-

suntos concernentes à disciplina; auxiliá-lo na execução das atividades propostas no

material didático, conforme calendário estabelecido, enfim, acompanhá-lo e orientá-lo

no que for necessário.

As atividades presenciais, de âmbito coletivo para toda a turma, destinam-se obriga-

toriamente à realização das avaliações oficiais e outras atividades, conforme dispuser

o plano de ensino da disciplina.

Neste contexto, este Guia Didático foi produzido a partir do esforço coletivo de uma

equipe de profissionais multidisciplinares totalmente integrados que se preocupa

com a construção do seu conhecimento, independente da distância geográfica que

você se encontra.
O Programa de Educação a Distância adotado pela UNIPAR prioriza a interatividade,

e respeita a sua autonomia, assegurando que o conhecimento ora disponibilizado seja

construído e apropriado de forma que, progressivamente, novos comportamentos, no-

vas atitudes e novos valores sejam desenvolvidos por você.

A interatividade será vivenciada principalmente no ambiente virtual de aprendizagem

– AVA, nele serão disponibilizados os materiais de autoestudo e as atividades de tuto-

ria que possibilitarão o desenvolvimento de competências necessárias para que você

se aproprie do conhecimento.

Recomendo que durante a realização de seu curso, você explore os textos sugeridos

e as indicações de leituras, resolva às atividades propostas e participe dos fóruns de

discussão, considerando que estas atividades são fundamentais para o sucesso da

sua aprendizagem.

Bons estudos! e-@braços.

Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato

Diretora Executiva de Gestão da Educação a Distância


Introdução

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao PRO-IN (Programa Institucional de

Nivelamento), da disciplina de Matemática Financeira. Este material foi criado com o

objetivo de auxiliá-lo nos estudos na área de Matemática Financeira. Alguns chamam

esta disciplina de “cálculos financeiros”, mas isso é apenas uma questão de nomen-

clatura, tratam-se dos mesmos estudos.

Minha recomendação é que você não se limite apenas ao estudo deste material, como

todo conteúdo de matemática, você deve se exercitar muito, mas como fazer isso?

Resolvendo o maior número de exercícios que puder, pois cálculos necessitam de

prática, e prática adquirimos com a “mão na massa”.

Resolva os exercícios de forma a apurar seus conhecimentos, pesquise primeiro, sem-

pre, resolva depois! Evite aquela “olhadinha rápida na cola”, é imprescindível saber

até onde seus conhecimentos e habilidades alcançam, não se engane. Dessa forma,

você poderá focar melhor nas dificuldades e obter melhores resultados.

Muitos insistem em dizer que matemática é coisa de outro planeta, mas, garanto, não

é! Seu sucesso depende única e exclusivamente de sua dedicação em estudar, pes-

quisar e resolver os exercícios práticos. Seguindo essas dicas, você não só aprenderá

melhor como também desmistificará todo o suspense e chegará à conclusão de que,

no fundo, não há segredos, apenas uma dedicação necessária.

Então, venha logo, vamos relembrar casos e aprender novos!.

Disciplina: Matemática Financeira (PRO-IN)

Professor: Evandro Mendes De Aguiar


Pós-graduado em Gestão Estratégica de Negócios, pela Universidade Anhanguera-

UNIDERP (2012); graduado em Tecnologia em Gestão Comercial e Rep. Comerciais,

pela Universidade Paranaense (2007); graduado em Ciência da Computação, pela

Universidade Paranaense (2000). Coordenador do Núcleo EAD de Cursos de Ciências

Sociais Aplicadas da Unipar. Professor de Cálculos Financeiros na Universidade

Paranaense, nos cursos de Administração (Bacharelado Presencial), Administração

(Bacharelado EAD), Ciências Contábeis (Bacharelado EAD), Gestão Comercial

(Presencial), Gestão Comercial (EAD), Gestão Financeira (EAD), Logística (EAD) e

Processos Gerenciais (EAD). Sócio consultor da ATTA Consultores Associados Ltda.

Consultor credenciado SEBRAE-PR em Marketing e Vendas.

Evandro Mendes De Aguiar


Unidade I

Objetivos da unidade
Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos dessa unidade, você deverá ser

capaz de:

• Razões e Proporção.
• Regra de três: simples e composta.
• Estudo da porcentagem: variação e participação percentual.
• Correção monetária.
• Juros Simples: capital, juros, montante e taxa de juros equivalentes.
• Desconto simples: racional e comercial.
• Prazo médio de desconto.
• Juros compostos: capital, juros, montante e taxa de juros equivalentes.
• Desconto composto.

Razão e proporção
Razão
Para abrir nosso conteúdo, trataremos, inicialmente, da razão e da proporção, o quão

isso é útil em nosso dia a dia. Você notará que faz uso desse recurso sem mesmo

perceber que o utiliza. Falar de razão e proporção é impossível sem mencionar gran-

dezas, mas o que significa esse termo?

De acordo com o Dicionário Dicio (2016, on-line), grandeza é “tudo o que pode au-

mentar ou diminuir: medida de grandeza”, em outras palavras, pode-se dizer é aquilo

que conseguimos medir; apenas estabelece-se o conceito de grandeza quando se

tem parâmetros para medir.


Você deve se lembrar, por exemplo, de que aprendeu, na escola, algumas classes refe-

rentes à grandeza metro, sendo elas: milímetro, centímetro, decímetro, metro, decâme-

tro, hectômetro, quilômetro e etc. Podemos citar, também, as grandezas de pesos muito

utilizadas no dia a dia, como: miligramas, gramas, quilograma e tonelada (megagrama).

Por isso, muito cuidado ao lidar com razões, pois, em uma razão, existe a comparação

de termos e esses devem pertencer à mesma classe de grandeza, caso contrário, fica-

rá sem sentido. Imagine você tendo que realizar o cálculo de 2kg de carne mais 10km?

Esse cálculo não é possível, por se tratar de grandezas distintas. Reforço, dessa for-

ma, que as grandezas devem ser observadas de modo a não cometermos tal erro.

Esclarecido o conceito de grandeza, veremos, agora, o significado de razão. Não é

difícil explicar ou até mesmo compreender esse conteúdo. Pensemos no exemplo de

uma sala com 16 alunos, na qual 12 são meninas e 4 são meninos. Temos, assim,

uma razão de 12 para 4, em uma leitura direta, é a razão de 12 meninas para 4 me-

ninos. Mas, veja, esse é um exemplo singelo, apenas para compreender o conceito,

aprofundaremos essa definição no estudo da Regra de Três.

A razão entre dois números, representados por a e b, é obtida pela divisão de a por b,

temos, então a : b, ou simplesmente , logo a razão de 12 : 4 é 3.

Em uma razão, seguindo a representação utilizada de a e b, temos que a chama-se

antecedente e b consequente.

Proporção
Uma simples proporção nada mais é que uma igualdade de razões, porém não é sim-

plesmente igualar as razões e já considera-la como uma proporção. Considerar essa

igualdade como uma proporção demanda o respeito a uma regra, chamada de pro-

priedade fundamental da proporção. A propriedade diz que o produto dos meios deve

16 MATEMÁTICA FINANCEIRA
ser igual ao produto dos extremos, se isso for verdade, então, temos uma proporção

verdadeira. Observe o exemplo:

Quando multiplicamos os meios, 8 × 10, e, em seguida, multiplicamos os extremos,

5 × 16, obtemos o mesmo resultado: 80. Ocorrendo a igualdade entre os produtos,

temos a proporção.

Existem cinco propriedades da proporção, porém, ater-nos-emos apenas a duas, que

consideramos as mais importantes para o desempenho dos estudos da matemática

financeira, são elas: a propriedade da soma e a da diferença.

Propriedade da soma
Para uma proporção ser verdadeira, é necessário que a soma dos dois primeiros ter-

mos esteja para o 2º (ou 1º) termo, assim como a soma dos dois últimos termos esteja

para o 4º (ou 3º) (PROPRIEDADES..., 2016, on-line).

Inicialmente, parece complicado, mas é simples de ser aplicado, para isso, utiliza-se

a seguinte expressão matemática:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 17
Vamos para a prática a partir desse simples exemplo de como aplicar a propriedade

da soma em proporções.

Exemplo: Determine x e y na proporção , sabendo que x + y = 84.

Para aplicar a propriedade, temos que ler a expressão apresentada como:

Então, uma vez conhecida a posição de leitura da proporção, realizamos o cálculo:

Note que encontramos o valor de y, mas ainda falta x, que, de certa forma, tornou-se

mais simples agora que conhecemos o valor de y, basta substituir na equação x + y = 84,

apurando:

18 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Propriedade da diferença
Na propriedade da diferença, para termos uma proporção válida, a diferença dos dois

primeiros termos deverá estar para o 2º (ou 1º) termo, bem como a diferença dos dois

últimos esteja para o 4º (ou 3º). (PROPRIEDADES..., 2016, on-line).

A propriedade da diferença é similar à da soma, trocando apenas o sinal da operação.

Deve-se usar a expressão a seguir para apurar resultados:

Devo lembrá-lo de que, na propriedade da diferença, há a similaridade com a proprie-

dade da soma, a forma como lemos a proporção é idêntica, ou seja, consideramos:

Vamos exemplificar: sabendo-se que x – y = 18, determine x e y na proporção .

Resolvendo:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 19
Muito bem, uma vez apurado o valor de y, vamos para x. Realizar a substituição do

valor encontrado na equação conhecida de x – y = 18, dessa forma, tem-se:

Regra de três simples e composta


Uma vez vistos os conceitos básicos de razão e proporção, aprofundar-nos-emos

nesse assunto, o objetivo é relembrar ou, até mesmo, reforçar os conceitos de regra

de três simples e composta.

A regra de três pode ser usada no dia a dia; se você começar a prestar atenção, verá

que a usa com certa frequência e sem perceber. Mas há um erro grave cometido pelas

20 MATEMÁTICA FINANCEIRA
pessoas, o erro de sempre multiplicar cruzado! Volto a reforçar, erro gravíssimo. Mas

não se preocupe, trabalharemos técnicas que previnem o erro.

Apesar de ser cálculos simples, a regra de três se mostra muito útil no dia a dia, pois

seus conceitos podem ser utilizados para cálculos de proporção na distribuição de

determinada porção, para encontrar o que chamamos de “equivalente”. Iniciaremos

com o estudo da regra de três simples.

Regra de três simples


Antes de começarmos o estudo sobre a regra de três simples, vale lembrar que as

proporções estão na relação entre grandezas, ou seja, para um melhor entendimento,

quero lembrá-lo(a) do exemplo que usei no início do conteúdo de “razão”, referente ao

fato de não ser possível operar a soma de uma distância a um peso.

Você precisa entender que deverá trabalhar com grandezas iguais: se trabalhar com

distância, usará unidades de distância de mesma proporção; se for de peso ou massa,

fará a mesma coisa. Se me permite fazer um comentário em linguagem coloquial, diria

que as razões em uma regra de três devem “conversar” na mesma língua, assim não

teremos problemas na solução das proporções.

Importante:

Nunca use grandezas diferentes, chamadas incompatíveis, isso prejudicará seus cál-

culos e comprometerá totalmente o resultado. Procure sempre criar uma relação entre

as proporções para saber se é possível operá-las.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 21
FiQue pOR dentRO
Um pouco de história

O conhecimento e a utilização de conceitos semelhantes à regra de três são muito

antigos, tendo sua provável origem na China antiga, podendo ser observados em

tempos muito distantes. Vários problemas envolvendo manipulações muito próximas

do que hoje conhecemos como regra de três podem ser vistos no Papiro Rhind, do-

cumento confeccionado no Egito há cerca de 3000 anos. Mais recente que o Papiro

Rhind, o livro Liber Abaci, do matemático italiano Leonardo Fibonacci (1175-1250),

revela vários problemas envolvendo a regra de três.

Apesar de sua criação ser tão remota, as aplicações relativas à regra de três são as

mais variadas. Em se tratando da matemática utilitária, podemos dizer que a regra

de três é primordial para nossa vida, pois soluciona questões corriqueiras com muita

simplicidade e economia de tempo.

Fonte: Sá (2016, on-line).

Trabalhando com regra de três, independentemente se é simples ou não, na verdade,

estamos igualando duas, para regra de três simples, ou mais razões, para os casos

de regra de três composta.

Na comparação, será necessário, como primeiro passo, testar a igualdade, pois pode

ser considerada diretamente proporcional ou inversamente proporcional, mas como

identificar? Veja, identificar se é inversamente ou diretamente proporcional é uma ta-

refa fácil, demandando apenas atenção e um pouco de raciocínio lógico.

Assim, uma grandeza diretamente proporcional é aquela em que, quando “aumen-

tamos um lado” da proporção, o outro também aumenta, proporcionalmente. Já uma

22 MATEMÁTICA FINANCEIRA
grandeza inversamente proporcional é aquela que, quando “aumentamos um lado” da

igualdade, o outro tende a reduzir, também proporcionalmente, ou seja, sempre que

a razão “base” é alterada para mais, a outra razão da igualdade reduz. A prática con-

tribuirá para a fixação desses conceitos sem maiores problemas. Falando de prática,

vamos, com um problema, treinar os conceitos vistos.

1. Exemplo: Quatro pedreiros constroem uma pequena casa em 90 dias. Dois

pedreiros construirão a mesma casa em quanto tempo?

Solução: veja que é bem simples e lógico, mas começaremos por práticas diretas para

uma boa assimilação do conteúdo. O primeiro passo é montar as razões e a igualdade

delas, lembrando que é muito importante você identificar as colunas que representam

as razões, de modo a localizar o alvo no exercício, quando digo identificar é, na verda-

de, dar nome a elas, sinalizando de qual informação se trata na coluna. Então, vamos

colocar as mãos na massa.

Pedreiros Dias
4 90
2 x

Segundo passo: após devidamente identificadas as colunas, naquela em que se po-

siciona o da razão, você deverá colocar uma seta apontando para baixo, essa seta

será nosso ponto de apoio às comparações de grandezas direta ou inversamente

proporcionais; funciona como um norteador no processo. Dessa forma, ficamos com:

Pedreiros Dias
4 90
2 x

MATEMÁTICA FINANCEIRA 23
Agora, no terceiro passo, você fará a comparação da razão de “pedreiros”, nossa

razão, com a razão de “dias”, coluna em que se encontra o x; isso vale tanto para a

regra de três simples quanto para a composta, a metodologia é igual, simplesmente

teremos mais colunas que deverão ser comparadas com a coluna de x, mas vamos

deixar a regra de três composta para adiante. A pergunta é: como comparar a coluna?

É fácil! Você deverá fazer uma pergunta e, nesse momento, esqueça dos números

que visualiza nas razões, se ficar olhando para eles, será induzido ao erro. Na ver-

dade, nem precisamos dos números para essa etapa. A pergunta é: se aumentarmos

o número de “dias”, o que vai acontecer com o número de “pedreiros”? Note que em

momento algum citei os valores contidos nas razões.

Concorda comigo que o número de pedreiros reduzirá? Mas como assim? Simples,

veja que, quando aumentamos o prazo de dias para suposta entrega da obra, pode-

remos empregar menos pessoas para trabalhar, uma vez que não necessitaremos de

tantos pedreiros trabalhando para a conclusão do prazo estabelecido.

Entendeu a questão? Bom, com essa resposta, nota-se que sempre que aumenta-

mos o número de dias teremos um número menor de pedreiros necessários para a

obra. Sempre faça a pergunta no sentido de “aumentarmos a coluna de x”, recomen-

da-se que não faça diferente. Então, ao aumentar o número de “dias”, necessitare-

mos de um número menor de “pedreiros”. Você percebe que, aumentando os “dias”,

o número de “pedreiros” reduzirá proporcionalmente? Consideramos que se trata de

uma grandeza inversamente proporcional, isso mesmo, sempre que aumentamos um

lado, o outro reduz.

Desse modo, recomendo que assinale com uma seta apontando para cima, por ser

inversa. É uma lógica: se “dias” aponta para baixo e “pedreiros” é inverso, logo, a seta

deverá ser colocada em sentido contrário. Assim, temos:

24 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Pedreiros Dias
4 90
2 x

Muito bem, essas setas são nossas referências para apuração da proporção, já que

temos uma grandeza inversa, devemos tomar um cuidado com a montagem da pro-

porção, vamos ao nosso próximo passo.

Quarto passo: nesse momento, a montagem da igualdade deve sempre começar pela

coluna que abriga o x; na sequência, colocamos o sinal de igual e a(s) outra(s) ra-

zão(ões). As setas nos auxiliam na leitura, ditando o sentido que devemos ler a razão.

Como “pedreiros” está apontado para cima, deve-se ler que 2 está para 4. Veja a prática:

Agora, basta multiplicar cruzado para realização do cálculo e pronto, encontra-se o

valor de x. Depois que testamos o tipo de grandeza e alinhamos devidamente as ra-

zões, procede-se com o cálculo de multiplicação cruzada. Se não o fizer, fatalmente

comprometerá o exercício. Vamos aos cálculos:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 25
Percebeu como fica simples? Sem segredos, basta observar o sentido de leitura nas

setas para ocorrer a correta leitura da razão. Lembre-se de que: não há relação do

sentido da seta com os números que estão na razão; muitos cometem o erro de achar

que, por estar aumentando de 2 para 4 na coluna “pedreiros”, a seta indica o aumento,

repito: não há relação! Recorda-se que solicitei a você que não olhasse os números?

Fez sentido a você? Espero que tenha ficado claro.

Façamos um segundo exemplo, neste, você verá uma grandeza diretamente pro-

porcional, não muda muita coisa, a metodologia permanece a mesma, há alteração

apenas no sentido da leitura.

2. Exemplo: Um quilo de farinha de trigo é suficiente para fazer 12 pães. De

quanta farinha necessito para fazer 18 pães?

O primeiro passo é montar as razões (colunas), posicionando o x onde desejamos co-

nhecer a resposta e, claro, não podemos esquecer de identificar a informação, temos:

Quilos Pães
1 12
X 18

Simples, não? Agora, posicione a seta na coluna de x, no caso, na razão identificada

como “Kg Farinha”:

Kg Farinha Pães
1 12
X 18

A pergunta “mágica”: se aumentamos a farinha, o que acontece com o número de pães?

Se sua resposta é: temos mais pães, está correto! Percebeu que sempre realizamos

26 MATEMÁTICA FINANCEIRA
a pergunta quando aumentamos? Portanto, a seta da coluna de pães apontará para

baixo, com isso, poderá surgir uma dúvida: mas, se está aumentando o número de

pães, por que devo colocar a seta apontando para baixo?

A resposta é fácil: a seta não diz se está aumentando ou não a coluna de pães, está

representando que possui o aumento proporcional, se comparada a outra razão; no-

vamente, digo que apontam para o mesmo sentido, indicando que, aumentando uma

razão, a outra também sofrerá aumento de forma proporcional.

Não se esqueça, independentemente do que estiver trabalhando em regra de três,

faça, sempre, a pergunta questionando o aumento da coluna em que o x se encontra.

Desse modo, temos uma grandeza diretamente proporcional, posicionando as setas

da seguinte maneira:

Kg Farinha Pães
1 12
X 18

Como nossas setas apontam para o mesmo sentido, não será necessário realizar a

inversão da razão. Vamos aos cálculos:

Notou que não há diferenças? O cuidado a ser tomado é apenas no momento da

construção da proporção, representada pela igualdade de razões.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 27
Importante:

Alguns raros autores usam as setas para referência do tipo de proporção, inversa-

mente ou diretamente proporcionais, de maneira invertida, ou seja, a abordagem

usada no material aponta o uso da seta inicial de referência (coluna de x) com seta

apontada para baixo, fica a ressalva de que alguns autores a utilizam, inicialmente,

para cima, mas há apenas esse detalhe, pois a forma metodológica de descobrir o

tipo da proporção é exatamente a mesma.

Regra de três composta


Temos uma regra de três composta quando trabalhamos com três ou mais grandezas

(as razões), também podendo essas serem direta ou inversamente proporcionais, a

mesma problemática, contudo, não necessariamente apresentará apenas um dos ti-

pos indicados, podendo essa conter as duas situações. 

Na resolução, faz-se como na regra de três simples, sem diferenças, são apenas mais

colunas a serem comparadas à coluna base (coluna ou razão de localização do ).

Exemplificarei para que compreenda o raciocínio.

Exemplo: Se 8 homens levam 12 dias montando 16 máquinas, então, nas mesmas

condições, 15 homens levarão quantos dias para montar 50 máquinas?

Solução: No primeiro passo, montaremos a estrutura das razões, assim como cons-

truído na regra de três simples, identificando devidamente as razões, a diferença aqui

será uma ou mais colunas. Neste exemplo, apenas uma a mais.

28 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Qtde. de homens Dias Número de máquinas
8 12 16
15 x 50

Ótimo, agora, como segundo passo, posicione a seta para comparação das razões,

compare uma a uma com a coluna razão de “dias”, pois nessa coluna encontra-se a

nossa incógnita (x).

Qtde. de homens Dias Número de máquinas


8 12 16
15 x 50

Lembre-se de que a pergunta será sempre: “se aumentarmos o valor” da coluna em

que se localiza o x, o que acontece com a coluna comparada. Essa é a chave de

todo o processo. Logo, aumentando os “dias” de montagem, o que acontece com a

quantidade de homem necessária para o trabalho? Diminuirá, pois se entende que a

existência de um prazo maior demandará menos pessoas para concluir o trabalho, é o

mesmo caso dos pedreiros dados no exemplo da regra de três simples. Temos, então,

uma grandeza inversamente proporcional, a seta é ao contrário da razão de “dias”.

Qtde. de homens Dias Número de máquinas


8 12 16
15 x 50

A próxima pergunta, e sempre tratando as colunas separadas, jamais faça juntas, é:

se aumentarmos o número de “dias”, o que acontece com o “número de máquinas”

montadas, aumentará ou não? Se pensou em mais máquinas, está correto, pois se

aumentarmos a quantidade de “dias”, estaremos aumentando o tempo de montagem,

MATEMÁTICA FINANCEIRA 29
considerando que as outras informações permanecem inalteradas, consequentemen-

te, aumentaremos o resultado, no caso em questão: o “número de máquinas” monta-

das. Logo:

Qtde. de homens Dias Número de máquinas


8 12 16
15 x 50

Temos duas grandezas diferentes no problema, sendo uma diretamente proporcional

(Número de máquinas) e outra inversamente proporcional (Qtde. de homens), as se-

tas ajudarão no sentido de leitura das razões, mas aqui você encontrará uma diferen-

ça em relação à regra de três simples, fato de termos uma igualde em que o lado da

incógnita continua com uma razão apenas, já no outro lado, teremos duas razões e,

dependendo do exercício, mais razões. Nesses casos, como proceder?

Muito simples, faremos uma multiplicação entre as razões, dessa forma, o exercício

montado será:

Como a multiplicação de frações (no caso, as razões) é direta, basta, então, multipli-

car e apurar apenas uma simples razão na igualdade, com isso, poderá prosseguir

com a resolução.

30 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Assim, são necessários 20 dias para conseguir o objetivo de montagem das máquinas.

Estudo da porcentagem
Iniciaremos, neste momento, o estudo da porcentagem, também chamada percentagem,

ambos os termos estão corretos, mas o que significa porcentagem? Segundo Bongio-

vanni et al. (1998), esse símbolo foi criado há, pelo menos, quatro séculos, por comer-

ciantes ingleses, com a finalidade de simplificar a linguagem em transações comerciais.

E graças aos comerciantes ingleses que, ao escrevermos “dez por cento”, usamos a

simbologia “10%”, pois há alguns séculos se escrevia “X per cent”. Então, usamos o

símbolo “%” (por cento) para representar uma grandeza percentual.

Muito bem, mas falando em linguagem prática, o que é a porcentagem? Veja, pode-

mos dizer que se trata de uma porção de cem. Quando lemos, por exemplo: 30% (trin-

ta por cento), estamos dizendo 30 (trinta) unidades de uma porção de cem, sempre

referenciando a uma porção de 100 (cem), por essa razão o nome “por cento”.

Há vários métodos de se calcular uma porcentagem, mas no final possuem a mesma

essência. Vamos praticar um pouco. Por exemplo, vamos calcular 25% de 700, quais

formas podemos proceder?

1ª) Método convencional, considero como método original:

Perceba que o 700 multiplica o 25 e o produto é dividido por 100, esse 100 é oriundo

da porcentagem, a porção de cem que mencionamos anteriormente.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 31
2ª) Já que porcentagem é ser uma porção de cem, 25 dividido por 100 sabe-se que

é 0,25, pode-se, então, receber o nome de “razão centesimal”. Ao multiplicarmos a

quantia de 700 pela razão centesimal, também obtemos a equivalência procurada.

700 . 0,25 = 175

3ª) Nas calculadoras, utilizamos o símbolo de % para execução desse mesmo cál-

culo. O correto para essa procura pela equivalência é sempre usar a operação de

multiplicação. Erroneamente, as pessoas, e essa prática aparece principalmente no

comércio de modo geral, que desejam calcular, por exemplo, um acréscimo de 25%,

institivamente, executam a expressão: “700 + 25%” e pressionam o “=” (igual).

Antes de qualquer linha de pensamento ou opinião, eu lhe pergunto: você consegue

realizar o cálculo proposto em que se deve somar quilos de carne a quilômetros? Ob-

viamente, não, logo, esse cálculo também não é possível, uma vez que se tratam de

grandezas diferentes.

Aí você pode me dizer: “mas a calculadora faz a soma”. Sim, concordo, mas apenas

as calculadoras que, carinhosamente, chamo de “calculadoras de algodão doce” - uso

esse nome dada a sua simplicidade e preço para aquisição, visto que possui recursos

extremamente limitados -, caso tente realizar esse mesmo cálculo em uma científica

de qualidade ou, até mesmo, em uma calculadora financeira, verá que não conse-

guirá. Nestas, a porcentagem funciona por multiplicação ou por intermédio da função

porcentagem. Acredito que a função do cálculo da porcentagem é uma comodidade

criada pelos fabricantes da “calculadora de algodão doce”, mas está, digamos, um

tanto equivocado esse cálculo.

Não quero e nem pretendo ser radical, mas raciocine comigo: a porcentagem não é

uma porção de cem? Então, de posse desse conceito, estabelece-se que:

32 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Se rapidamente analisar a memória de cálculo anterior, notará que se trata de soma

de frações, na qual se deve usar o MMC (Mínimo Múltiplo Comum), bom, aí você já

sabe como proceder. Qual foi o resultado? Muito diferente da realidade ou do que

precisamos. Talvez, você possa pensar que estou sendo radical, mas considere que

temos regras na matemática que devem ser respeitadas.

É com base nessa lógica que fundamento minha justificativa, a calculadora do doce

está errada! Entendo, contudo, que pode ser uma função que ela, a calculadora, tenha

para facilitar nosso dia a dia.

Gostaria de elencar outros exemplos do cálculo:

• em calculadoras científicas, os modelos da Casio necessitam usar a tecla

“Shift” para acessar a porcentagem: “700 x 25% = “.

• na HP-12c®, que é financeira: 700 “Enter” 25 “%”.


• no Excel®, é bem simples: “=700 x 25%”.

Também podemos usar o valor centesimal para acrescentar ou descontar valores

proporcionais de maneira diretamente. Acompanhe o raciocínio: usando o mesmo

MATEMÁTICA FINANCEIRA 33
exemplo dos 25% de 700, acrescentaremos esse percentual ao valor base; vale lem-

brar que a regra para o desconto é a mesma.

Vamos tomar como princípio que todo e qualquer valor chamaremos de base. Sua re-

presentação percentual é o valor de 100%, como estamos trabalhando com o número

700, por definição, posso representa-lo com o valor “100%”, na íntegra, sem qualquer

acréscimo ou desconto. Contudo, desejando acrescentar, prossigo com a representa-

ção inicial (o valor de 100%), mais 25% (valor do acréscimo estipulado no exemplo),

teremos ao final a equivalência de 125% em relação ao valor inicial (os 700). Você

pode dizer que, por várias vezes, mencionei que a operação de soma não existe na

porcentagem. Está correto, mas essa soma que proponho é diferente, primeiro, por-

que estamos trabalhando com grandezas idênticas, segundo, porque é apenas um

ponto de referência da equivalência percentual.

Se dividirmos 125% por 100, transformando em razão centesimal, temos 1,25, ao multipli-

carmos 700 por 1,25, chegamos ao produto de 875, ou seja, o valor já acrescido dos 25%.

Para praticar desconto, não é diferente, só se altera a operação realizada, trocamos

a soma por uma subtração, 100% menos 25% é 75%, que, por sua vez, dividido por

100 é 0,75. Agora, multiplicando 700 por 0,75, obtemos como produto 525, este, por

sua vez, sendo o valor líquido após o desconto dos 25%.

Cálculos com porcentagem


Podemos também usar a técnica da razão centesimal para desfazer um cálculo de

porcentagem, isso mesmo desfazer o cálculo. Construirei um enredo para que com-

preenda as possibilidades que temos.

O senhor Tomas é proprietário de uma pequena loja de eletros, não possui conhe-

cimento de gestão, seu negócio é vender! Para suprir essa necessidade de gestão,

34 MATEMÁTICA FINANCEIRA
ele contrata uma pessoa que cuida da gestão. Um belo dia, senhor Tomas é visitado

por um velho amigo que se interessa por um aparelho de TV de sua loja. Sendo esse

senhor muito amigo do senhor Tomas, este decide vender o aparelho televisor pelo

custo, sem qualquer acréscimo. Mas isso acontece bem no horário de almoço do res-

ponsável pela gestão.

Então, como é do conhecimento do proprietário da loja (Tomas), toda mercadoria é

acrescida de 50% para ser comercializada; essa TV possui um valor de etiqueta esti-

mado em R$ 1.500,00. Parece um cálculo relativamente simples para Tomas, em que

se pega o valor da etiqueta e atribui um desconto de 50%, pois, na sua lógica, a tudo

que é acrescido de 50%, basta retirar a mesma quantidade.

Moral da história: se o aparelho custa R$ 1.500,00 e recebe 50% de desconto, será

entregue por R$ 750,00, concorda? E é aí que se encontra o problema. Tomas não do-

mina o entendimento de cálculos de porcentagem, com isso, provoca um grave erro,

esquece-se de que os 50% em questão possuem bases diferentes quando acrescen-

tado para, posteriormente, ser retirado. Não funciona assim.

Você já deve estar imaginando o tamanho do problema gerado, ele amargará um prejuízo.

Há muitos gestores que cometem esse mesmo erro. Resumirei toda essa história com cál-

culos que farão entender melhor o processo de engenharia reversa da porcentagem. Note,

no texto anteriormente citado, que a toda mercadoria que a loja recebe é acrescentado 50%;

lembre-se que existe uma base dessa porcentagem, são cinquenta por cento de algo, algo

quanto? Essa base, ainda não conhecida, dizemos que é cem por cento, logo, temos:

100% + 50% = 150%

Isso significa que o valor de custo da mercadoria é representado por 100%, que são

acrescidos de 50% a título de margem de lucro bruto, com isso, obtemos uma equiva-

lência de 150% do valor original.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 35
Se transformamos os 150% em razão centesimal, temos:

Na prática, toda mercadoria cujo preço de custo for multiplicado por 1,5 estará com

o preço de venda devidamente ajustado para a comercialização. Mas, se pegarmos

o preço de venda e dividirmos pelo mesmo 1,5, obteremos o valor original antes da

execução do acréscimo de 50%. Então:

Finalmente, define-se como valor original como custo da mercadoria o montante de

R$ 1.000,00. Isso mesmo, Tomas está amargurando prejuízo por um erro simples e

gravíssimo de cálculo com porcentagens.

Essa mesma metodologia vale para valores que foram subtraídos dos 100%, por

exemplo, algo que tenha sofrido um desconto de 10%, por ter sido pago à vista, en-

tendemos que, proporcionalmente, o valor final é equivalente à 90% do original, pois

temos os 100% - 10% = 90%. Ao multiplicarmos os 90% por 100, tem-se 0,9. Isso

significa que, ao dividirmos o valor final por 0,9, voltaremos à monta inicial, ou seja, ao

valor do preço na etiqueta de venda.

Cálculo da participação percentual


Podemos citar, aqui, vários casos em que se é necessário o cálculo da proporção em

termos percentuais, também conhecido como contribuição percentual do todo. Não

36 MATEMÁTICA FINANCEIRA
há segredo para a realização desse cálculo, é extremamente simples, lembrando que

sempre sua base será a soma da composição. Muito bem, mas o que isso significa?

Vamos criar um exemplo hipotético para que compreenda esse conceito. Imagine uma

determinada empresa, na qual a equipe de vendas é composta por três vendedores,

Vendedor A, Vendedor B e Vendedor C. Agora, vamos estipular valores que cada um

vendeu durante determinado período do ano.

Vendedor $ de Vendas
A 100.000,00
B 120.000,00
C 98.000,00

Ótimo, agora que conhecemos o que cada um vendeu nesse determinado período,

devemos somar as vendas para conhecer o faturamento geral da empresa. Somando

os valores, chegamos à monta de $ 318.000,00. Então, nesse momento, surge a per-

gunta: quanto cada vendedor contribuiu com o resultado da empresa?

Algo óbvio é saber quem vendeu mais ou não, mas saber, efetivamente, a participa-

ção de cada um com o resultado final é outra história.

Para conhecer esse valor percentual de participação, basta dividir cada um dos valo-

res individuais de venda pelo total geral e, então, multiplicar por 100. Por que multipli-

camos por 100? Simples, quando dividimos, temos a razão, em formato centesimal,

da venda específica frente ao resultado da empresa, por isso multiplicamos por 100,

para transformar em porcentagem!

Dessa forma, temos, por exemplo:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 37
Vendedor $ de Vendas Participação %
A 100.000,00 31,45%
B 120.000,00 37,74%
C 98.000,00 30,82%
Soma 318.000,00 100,00%

Por meio dos valores das vendas, já conhecíamos o campeão de vendas, mas, agora,

é conhecido também em quanto sua venda total contribuiu com o resultado final da

empresa. Pode-se dizer que o Vendedor B contribuiu com 37,74% do faturamento que

se teve no período analisado.

Variação percentual
Variação percentual é a razão, em termos percentuais, do aumento ou da redução de

um valor qualquer. Pode ser aplicada em várias situações em que se deseja conhecer

a variação de determinado valor em relação ao seu valor inicial.

Dessa forma, sempre faremos a comparação entre um valor inicial e o final, que pode

ser calculada usando o seguinte método:

Como fixação deste tópico, considere que se deseja conhecer a variação percentu-

al do aumento do preço da gasolina em determinado posto de combustível. Assim,

38 MATEMÁTICA FINANCEIRA
tomemos como base que há alguns dias se abastecia o veículo com gasolina comum

ao custo de R$ 3,79 o litro. Passado um período de tempo, volta-se ao posto para

abastecer novamente o veículo e percebe-se que o preço do litro da gasolina está R$

3,99. Quantos por cento a gasolina subiu seu preço?

A partir disso, temos um valor inicial (os R$ 3,79) e um valor final após o aumento do

combustível (R$ 3,99). Depois de reunidos esses, valores pode-se efetuar o cálculo.

Chega-se à conclusão de que o aumento do preço da gasolina foi de 5,28%. Essa me-

todologia pode ser aplicada em vários casos, por exemplo: descobrir quanto foi a va-

riação cambial, quantos por cento determinado vendedor incrementou a sua venda etc.

Correção monetária
Trata-se da atualização ou da correção de determinado valor usando um índice

financeiro. Não demanda fórmulas especiais nem conhecimento profundo em ma-

temática, pois nada mais é que uma simples multiplicação do valor que se deseja

corrigir por um índice.

Castanheira (2010, p.130) descreve a correção monetária como uma “revisão estipula-

da pelas partes de um contrato, ou imposta por lei, que tem como ponto de referência

a desvalorização da moeda”. Nesse raciocínio, concebemos que a correção vem, sim-

plesmente, “corrigir” valores que sofreram desvalorização ao longo do tempo, em que

um índice previamente determinado vem trazer o valor depreciado ao presente, esta-

mos, então, realizando uma atualização do valor para se manter seu poder aquisitivo.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 39
Em uma correção, é necessário conhecer qual o índice para aplicarmos, existem inú-

meros tipos na qual chamamos de indexadores, que comumente são usados para

corrigir valores de aluguel, empréstimos, dívidas etc.

O citado índice pode ser definido a partir de uma lista de opções que podemos encon-

trar no mercado financeiro, por exemplo, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Merca-

do), o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPCA (Índice de Preços ao

Consumidor Amplo) etc.

Como aplicar um índice? Bem, isso é relativamente simples, então, considere que o

reajuste de aluguel firmado em um contrato qualquer seja pelo INPC; no vencimento

do contrato, deverá ser pesquisado o INPC da data em questão e multiplicar o valor

do aluguel pelo índice. Demonstrarei na prática: considere que o IGP-M acumulado

nos últimos 12 meses na presente data é de 7,1374%, então, considere o valor do

aluguel como sendo R$ 1.200,00, dessa forma, na renovação do contrato, aplicando

o IGP-M, temos:

Reajuste do aluguel = 1.200,00 * 7,1374%

Reajuste do aluguel ≅ 85,65

Somando o reajuste ao valor do aluguel:

Novo aluguel = 1.200,00 + 85,65

Novo aluguel = 1.285,65

Está, assim, apurado o valor para reajuste do contrato de aluguel.

A correção monetária também está presente na correção dos valores de boletos atra-

sados, que no momento de sua quitação, o operador de caixa no banco somará ao

40 MATEMÁTICA FINANCEIRA
valor de quitação do boleto. É fácil encontrar essa orientação, basta observar no cam-

po de instruções para pagamento que você encontrará uma multa em casos de atraso

e a correção monetária, que comumente é chamada como juros de mora.

Apesar dos valores de acréscimo e juros de mora estarem em formato monetário (for-

mato de moeda), esses valores originam-se da aplicação de um índice calculado no

momento da emissão do título (boleto).

FiQue pOR dentRO


Você pode consultar mais índices em: <http://www.portalbrasil.net/indices.htm>.

juros simples
Reconhece-se como juros simples o resultado da aplicação de valores percentuais,

chamados de taxa de juros, sobre valores monetários; os juros são responsáveis pela

remuneração de certo capital, em que uma fração dessa taxa deverá fazer a compen-

sação dos valores de modo a obter lucro e correção, evitando a desvalorização da

moeda frente a uma situação inflacionária.

Castanheira (apud CASTANHEIRA; MACEDO, 2010, p.15) coloca alguns motivos

para a existência dos juros:

• Valor pago pelo uso de dinheiro emprestado, ou seja, custo do capital de ter-

ceiros colocados à nossa disposição;

• Remuneração do capital empregado em atividades produtivas;

• Remuneração paga pelas instituições financeiras sobre o capital nelas aplicado;

• Remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de forma sim-

plificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 41
Quando estudamos os juros simples, fazemos o uso da representação nas fórmulas

por meio da letra J, esse termo faz referência a um valor monetário resultado da apli-

cação de uma taxa de juros a um certo capital; os juros não são valores percentuais,

e sim monetários.

A taxa de juros, que, na grande maioria dos casos, é representada pela vogal i, é um

valor percentual. Muito cuidado, no momento do cálculo, os valores de i serão sempre

em razão centesimal, ou seja, a taxa informada será dividida por 100, para, na sequ-

ência, ser usada na fórmula.

O capital será presentando pela letra C, ao qual a taxa de juros é aplicada e, consequen-

temente, gera os juros; é comum encontrar, também, sua representação pela letra P.

Não se assuste, portanto, quando consultar autores diferentes e perceber o uso de ou-

tra letra. Importante saber que isso não influenciará em nada, é apenas uma incógnita.

Quando somados, os juros e o capital, dizemos que constituímos o montante, repre-

sentado pela letra M. Logo, vou lhe apresentar duas fórmulas de juros simples:

1ª) J = C X i

2ª) M = C + J

A primeira fórmula é usada, basicamente, para encontrar o valor dos juros, podendo

ser utilizada para encontrar o valor do Capital (C) ou a Taxa (i). Já a segunda fórmula

é, na verdade, a construção do montante, quando somamos o valor dos juros ao ca-

pital principal. Tenha sempre em mente que o montante se constitui de duas partes,

sendo uma o Capital, também chamado de Principal, e outra os Juros.

Então, para deixar mais claro, vamos a um exemplo: suponha que um empréstimo no

valor de R$ 1.000,00 deverá ser quitado após o acréscimo de 10% a título de juros,

qual será o montante pago? Essa resolução é fácil, bastando aplicar a fórmula:

42 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Explicando os cálculos, note que a taxa foi dividida por 100, pois a fórmula não admite

valores percentuais, você deve lembrar-se sempre de que, em fórmulas, utiliza-se a

taxa em razão centesimal. Na sequência, o valor de juros (R$ 100,00) foi somado ao

capital (R$ 1.000,00), formando o montante (R$ 1.100,00).

Capitalização simples
A capitalização simples é uma expansão nos estudos dos juros simples, a diferença

está no fato de considerarmos o período no qual o capital ficará exposto à taxa de

juros; quando cito período, quero chamar sua atenção para mais uma incógnita que

representa o “tempo”, a letra n.

Dessa forma, considerando o exemplo anterior que utilizamos, cujo empréstimo no

valor de R$ 1.000,00, que deverão ser corrigidos por uma taxa de juros de 10% ao

mês, será quitado após 3 meses, pede-se: calcule o montante.

Percebeu a variável tempo? Isso muda as coisas, principalmente a fórmula dos juros

que poderá ser apresentada como:

J=CXiXn

MATEMÁTICA FINANCEIRA 43
Essa fórmula torna-se muito mais funcional do que a anterior, em que não tínhamos a

relação com o período de tempo.

A formação do montante não mudará em absolutamente nada, apenas, como disse, ha-

verá alteração na fórmula que apura o valor dos juros. Resolvendo o problema, temos:

Mais uma vez, lembrando: utilize a taxa em razão centesimal! Se esquecer, o cálculo

estará errado. A alteração ocorreu apenas na fórmula dos juros, assim, sempre que a

taxa for aplicada a um período determinado, você deverá aplicar essa fórmula.

Equivalência de taxas de juros simples


Como agora temos a exposição da taxa ao tempo (período), será necessário que você

entenda algumas grandezas de tempo comumente empregadas nos cálculos. Há uma

relação entre a taxa e o período de capitalização, ou seja, sempre que nos deparar-

mos com uma taxa com regime de capitalização temporal, esta deve estar direta-

mente relacionada ao prazo. O que isso significa? Significa que, se temos uma taxa

com regime de capitalização mensal, o prazo ou o período de tempo de exposição do

capital deve também estar expresso em meses. Essa regra tanto vale para regimes

de capitalização mensal quanto quinzenal, bimestral, trimestral, semestral, anual etc.

44 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Há algumas abreviações que determinam o regime de capitalização e que facilitarão

o trabalho, logo, existem taxas:

• ao dia = a.d.;
• ao mês = a.m.;
• ao bimestre = a.b.;
• ao trimestre = a.t.;
• ao semestre = a.s.;
• ao ano = a.a.

Não esqueça: no cálculo da capitalização simples e na equivalência de taxas, a gran-

deza de tempo que estipula o período e a taxa devem ser idênticas, caso contrário,

não há equivalências e, se não existir essa equivalência, será necessário converter o

período ou a taxa, fazendo que se equiparem, para, então, serem operados na fórmula.

Para melhor demonstrar, tomo por base uma taxa de 3% a.b. por um período de tempo de

sete meses. Repare que a taxa possui uma capitalização bimestral, mas o período está in-

formado em meses, pergunto: será possível converter os 7 meses em equivalência bimes-

tral, sabendo que um bimestre tem dois meses? Não será possível, porque a capitalização

está pautada em bimestre, então, converter o prazo de tempo resultará em um número

não inteiro, e período com valor “quebrado” (número fracionário) é um tanto perigoso, pois

sempre acabamos por arredondar números para facilidade de cálculos, mas o arredonda-

mento do prazo de tempo poderá esconder valores consideráveis no fim do cálculo. Por

isso, recomendo sempre converter a taxa, caso o período não se torne um número inteiro.

Dessa forma, transformaremos a taxa de 3% a.b., sabendo que o bimestre possui 2

meses, dividiremos a taxa de 3% por 2 (momentaneamente esqueço que a taxa se

trata de uma porcentagem e considero como sendo um número simples qualquer),

assim, a taxa equivalente será de 1,5% a.m.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 45
A taxa com valor quebrado, se arredondado, apresenta riscos menores do que o arre-

dondamento do período; a diferença no final no resultado será menor do que o caso

do arredondamento de período.

Como o maior usuário de taxas é o sistema financeiro de modo geral, ressalto que a

conversão deve ser observada sobre o critério de duas situações, estaremos lidando

com um calendário civil ou com um calendário comercial, também chamado de ban-

cário. Essa diferença está no número de dias contidos em um único mês ou no ano.

Por padrão, um calendário comercial adota uma metodologia em que qualquer que

seja o mês em questão, terá exatos 30 dias, consequentemente, o ano terá 360 dias.

Diferentemente, no calendário civil, há meses com 28, 30 ou 31 dias, existindo, ainda, a

possibilidade de ano bissexto, ou seja, o mês de fevereiro com 29 dias. Logo, o ano civil

possui 365 dias ou 366 para o bissexto. Imagine a confusão que gera para a aplicação

da conversão de taxas, teríamos taxas diferentes em anos bissextos comparados aos

não bissextos? Obviamente, não, pois uma taxa com capitalização mensal independe

do mês em questão, para o regime de capitalização mensal, o mês terá sempre 30 dias.

Considere, então, que a taxa é ao mês e temos uma aplicação que ficou rendendo juros

por um mês, mês esse que, no calendário civil, possui 31 dias, por exemplo, o mês de

agosto, que cálculo usaríamos? Nesse caso, usamos o cálculo “Pró-rata”, mas o que

vem a ser? O cálculo pró-rata é a aplicação da taxa na proporção de dias exatos, sim-

plificando: temos exatos 31 dias, então, faço a equivalência da taxa para um dia, sim-

plesmente dividindo por 30 a minha taxa mensal, na sequência, multiplico por 31. Assim,

resolvo o problema de uma taxa mensal em um mês do ano que possui 31 dias corridos.

46 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Cálculo do montante e capital
Você já pode acompanhar alguns cálculos para apuração dos juros ou até mesmo do

montante usando o conceito de somar o valor dos juros ao principal (capital). Nesse

momento, abordaremos o cálculo do montante e do capital, vou inserir mais uma fór-

mula ao nosso rol de fórmulas dos juros simples.

Nos exemplos anteriormente empregados, o valor dos juros foi calculado separada-

mente, somado, então, ao capital para formar o montante, como já mencionamos.

Existe uma fórmula que facilmente responderá ao valor do montante sem a necessi-

dade de empregar duas fórmulas na solução do problema.

M = P (1+ i x n)

É sabido que a variável M representa o montante, i a taxa em formato centesimal e n

o período, tomando o devido cuidado para taxa e período estarem sempre na mesma

relação de tempo.

A mudança na fórmula se faz no posicionamento no numeral 1 (um), este é a repre-

sentação centesimal do todo, ou seja, o 100% do capital acrescidos de uma taxa que

será, primeiro, multiplicada pelo período (nesse momento, é que a capitalização acon-

tece). Ao aplicar a fórmula no exemplo já batido, temos: empréstimo de R$ 1.000,00,

que deverá ser corrigido por uma taxa de juros de 10% ao mês e será quitado após 3

meses, calcule o montante utilizando essa nova fórmula.

Você, caro(a) aluno(a), poderá, agora, usar apenas uma única fórmula, desse modo,

a resolução será:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 47
Muito mais prático, concorda? Agora, você poderá resolver os problemas de mon-

tante, como também poderá isolar outra variável da fórmula, desde que as demais

variáreis sejam conhecidas.

Farei alguns exemplos para contribuir com a teoria:

1. Um empréstimo de R$ 5.000,00 que será quitado em uma única parcela cinco

meses após, a uma taxa de juros simples de 2%a.m. De quanto será o mon-

tante ao final do quinto mês?

2. Determinar o valor atual de um título cujo valor de resgate é R$ 60.000,00,

sabendo-se que a taxa de juros é de 5% a.m. e que faltam quatro meses

para o vencimento.

48 MATEMÁTICA FINANCEIRA
3. Um empréstimo de $ 40.000,00 deverá ser quitado por $ 80.000,00 no final

de 12 meses. Determinar as taxas mensal e anual cobradas nessa operação.

O resultado está em centesimal, devemos multiplicar por 100 para transformá-lo em

porcentagem, desse modo, temos:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 49
Como sabemos se é a.m.? Simples, usamos a grandeza do período em meses, logo,

a resposta será também em meses; ainda não finalizamos o exercício, é preciso infor-

mar a taxa anual, para isso, multiplicaremos por 12, afinal o ano possui doze meses e

a taxa encontrada é equivalente a um único mês.

A dica de observar a unidade de tempo do período vale de maneira inversa também,

ou seja, se você conhecer uma taxa ao mês e utilizá-la na fórmula para encontrar o

período, ela será em número de meses.

Para ajudar a não esquecer mais essa relação, usarei uma analogia cômica. Pense

em um espremedor de frutas, aquele comum usado para espremer laranjas. Agora que

visualizou o aparelho, pense comigo: se você colocar uma laranja no aparelho, qual

será o suco coletado embaixo? Claro que é de laranja, de melancia é que não será!

Então, é nessa relação do espremedor que você deve fixar o raciocínio da taxa, isto é,

se usar um prazo cuja razão de tempo é mês, então a taxa também será dada em mês.

Lembre-se do que mencionei, o prazo e a taxa possuem uma relação de tempo, dessa for-

ma, sempre que desenvolver os cálculos, observe qual a unidade de tempo utilizada para

qualificar a taxa na resposta final. Não se esqueça do princípio do espremedor de frutas!

50 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Desconto simples
Desconto comercial simples (por fora)
É um tipo de operação muito utilizado por instituições financeiras de um modo geral,

em que se apura por cálculo o valor de antecipação de títulos ou documentos. Sua

base é idêntica aos juros simples, portanto teremos poucas alterações frente ao que

já foi visto.

Vieira Sobrinho (2011, p.47) afirma que uma “operação de desconto normalmente é

realizada quando se conhece o valor futuro de um título (valor nominal, valor de face

ou valor de resgate) e se quer determinar o seu valor atual”.

Para o entendimento do mecanismo de desconto, note que o valor de desconto de um

título nada mais é que a diferença entre o seu valor de resgate e o valor atual, assim,

podemos equacionar:

D=M-P

A incógnita D representa o valor (monetário) do desconto, as demais variáveis não mu-

dam, seguem o padrão dos juros simples. A operação de desconto simples, também é

conhecida por desconto bancário ou desconto comercial simples, sendo chamada por

alguns autores como “desconto por fora”. Muito utilizada, como dito, por instituições

financeiras, geralmente, na prática de antecipação de duplicadas.

Para o cálculo do desconto, utilizamos as variáveis: valor nominal (M), taxa de des-

conto (d) e prazo de vencimento (n) ou resgate, temos, então:

D=MXdXn

MATEMÁTICA FINANCEIRA 51
Na fórmula do desconto, essa que acabo de apresentar, aparece uma nova incógnita,

a letra d, que, por sua vez, representa a taxa de desconto, isso se faz necessário para

não ocasionar confusão entre taxa de juros (i) e taxa de desconto (d), pois são coisas

distintas, mas, no cálculo, passará pelo mesmo processo, a divisão por 100, transfor-

mando os valores percentuais em razão centesimal.

Lembrando que essas fórmulas estudadas podem ser adaptadas para encontrar qual-

quer uma das incógnitas que a compõem, bastando, assim, conhecer as demais.

Veremos, a seguir, alguns exemplos.

Exemplo 1: Calcule o valor de desconto simples de um título, cujo valor de face é R$

2.000,00, seu vencimento é para 90 dias. Considere taxa de desconto de 2,5% a.m.

Solução: nota-se, a princípio, diferenças na grandeza de tempo do vencimento em

relação à taxa, como o prazo é de 90 dias, facilmente poderá ser transformado para

meses, simplesmente dividindo por 30 (mês comercial = 30 dias).

D=MXdXn

D = 2.000 x 0,025 x 3

D = 150

Exemplo 2: Encontre a taxa mensal de desconto, utilizada em uma operação a 120

dias, cujo valor de resgate é R$ 1.000,00, sabendo que seu valor presente é R$ 880,00.

Solução: converter os 120 dias em meses – 4 meses –, veja que não conhecemos

o valor do desconto para usar a fórmula do desconto, montante e prazo, assim faço

uso, como auxiliar, da primeira fórmula do desconto; desse modo, torno conhecido o

desconto e, então, no próximo passo, calcula-se a taxa de desconto.

52 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Como sabemos que a taxa é a.m.? Basta observar a grandeza de tempo no período,

como utilizei um valor em meses, a resposta será também em meses. Observe o prin-

cípio do espremedor de frutas funcionando novamente. Fique atento!

Prosseguindo nosso estudo acerca do desconto simples, vou apresentar uma nova

fórmula, que nos será muito útil. Essa nova fórmula lhe dará a capacidade de calcular

o montante (M), o capital principal (P), a taxa de desconto (d) ou, até mesmo, o perí-

odo (n), sem usar ou conhecer o valor do desconto.

Essa fórmula é muito próxima à equação matemática dos juros simples, mas com al-

gumas adaptações. Como aplicar essa fórmula? Veja o exemplo:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 53
Exemplo 1: Uma operação de desconto gerou um crédito ao cliente no valor de R$

70.190,00 em sua conta corrente. Sabendo-se que esse título tem um prazo de 37

dias até seu vencimento, também é sabido que o Banco cobra, nesse tipo de opera-

ção, uma taxa de desconto de 5,2% a.m., calcule o valor da duplicata.

Solução: o período de 37 dias, apresentado no exercício, não se tornará uma quantia

de mês ou meses inteira e, como já visto, prazos com valores fracionários são peri-

gosos devido ao arredondamento durante o cálculo, por segurança, sempre nesses

casos converta a taxa; como o prazo é dias e a taxa está em mês, dividirei a taxa por

30. Lembrando que 30 representa um mês comercial.

Você poderá dividir a taxa fora ou dentro da fórmula, fica a seu critério se irá, o resul-

tado será o mesmo.

Desconto racional simples (por dentro)


O desconto racional simples ou desconto por dentro usa como base o valor presente, diferen-

te do desconto comercial (por fora) que trabalha com o valor nominal do título (valor futuro).

Esse desconto não é comum no mercado financeiro brasileiro, as instituições não fa-

zem uso dele corriqueiramente. Suas regras em relação à taxa e ao prazo são iguais

ao desconto comercial, porém temos uma mudança na fórmula.

54 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Como disse, o desconto racional simples trabalha com o valor presente (P) e não com

o valor nominal (M), assim esta é a fórmula:

Se achou semelhança com a fórmula da capitalização simples, está correto, de fato,

seu alicerce está no modelo matemático da capitalização. Para não fugir à regra, va-

mos resolver exemplos; a prática nos faz compreender melhor fundamentos teóricos.

Exemplo 1: Uma duplicata no valor de R$ 5.000,00 é descontada à taxa de desconto

racional de 3% a.m. 35 dias antes de seu vencimento. Qual é o valor líquido a receber?

Solução: Como primeiro passo, observamos que o prazo de vencimento está em uma

unidade de tempo diferente da taxa, ou seja, o prazo está em dias e a taxa é mensal.

Então, podemos converter a taxa para dia ou, simplesmente, converter o prazo dentro

da fórmula para não perdermos nada. Demonstrarei, a seguir, a memória de cálculo

que soluciona o problema.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 55
Note que fiz um pequeno arredondamento após a divisão dos 35 dias por 30 dias de

um mês comercial, recomendo que faça essa divisão aproveitando todas as casas

decimais da calculadora, de preferência, use uma calculadora científica ou uma finan-

ceira. Na calculadora de “doce”, o risco é maior.

Desconto simples para série de títulos de mesmo valor


Imagine uma situação em que você venda um automóvel usado em dez parcelas

iguais, com vencimentos mensais. Você precisará, no entanto, do dinheiro para aqui-

sição do novo veículo, então, para comprar o novo automóvel, precisará do recurso

financeiro que se encontra em forma de títulos que estão a vencer, logo, não poderá

contar com esses valores.

Você procura o banco, conversa com o gerente de conta e decide fazer a troca dos

cheques. Sabemos que o banco cobrará uma taxa de desconto para a operação. Se

desejar simular a operação para ter conhecimento do valor que o banco pagará líqui-

do pelos seus títulos, deverá realizar os cálculos de desconto um a um? Calcular um a

um funciona, mas temos uma maneira mais eficiente de encontrar o valor líquido final,

a fórmula responsável por esse cálculo é:

Sendo:

DT: valor de desconto total;

M: valor do montante ou valor de resgate;

N: número de títulos;

56 MATEMÁTICA FINANCEIRA
d: taxa de desconto, em razão centesimal;

t1: tempo do primeiro vencimento a ocorrer;

tn: tempo do último vencimento a ocorrer.

Não se esqueça de que essa fórmula se aplica apenas a títulos de mesmo valor e com

a mesma periodicidade de vencimentos, que também sejam sucessivos, do contrário,

o cálculo deverá ser feito um a um.

Quando se trata de vários títulos para o cálculo do valor principal, também necessita-

remos de uma fórmula para o cálculo do valor líquido final a ser creditado:

PT = M X N - DT

Sendo:

DT: valor de desconto total;

M: valor do montante ou valor de resgate;

N: número de títulos;

PT: valor líquido total.

Demonstrarei o funcionamento das fórmulas a seguir.

Exemplo 1: Calcule o valor líquido correspondente a uma operação bancária de des-

conto, sabendo que são 12 títulos, no valor de R$ 1.680,00 cada um, vencíveis de 30

a 360 dias, respectivamente, sabendo que a taxa cobrada pelo Banco é 2,5%a.m.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 57
Solução: a taxa e o vencimento estão em uma razão de “tempo” diferente, logo, con-

verterei o prazo de vencimento, sendo 30 dias = 1 mês e 360 dias = 12 meses, agora,

conduzindo o cálculo:

Se analisar, verá que a primeira fórmula apenas apurou o valor do desconto total, mas

ainda não é a resposta que precisamos, sendo necessária a utilização do segundo

modelo matemático para conhecer o valor líquido total creditado na conta do cliente

dessa operação. Desse modo, chegamos à resposta de R$ 16.884,00 líquidos a se-

rem creditados para o cliente. Agora, imagine se tivesse que calcular cada um dos

títulos com o respectivo prazo de vencimento? Seria um árduo trabalho, mas chegaria

também a essa mesma resposta final, comprovando a eficiência dessa fórmula.

Prazo médio
Acabamos de calcular o valor de desconto para série de título com valor e prazo de

vencimento uniformes, agora, imagine o cenário: você está com posse de três títulos,

sendo o primeiro no valor de R$ 5.000,00, com vencimento para 4 meses; o segundo

58 MATEMÁTICA FINANCEIRA
no valor de R$ 2.000,00 e vencimento daqui 5 meses; o último título de R$ 8.000,00

e vencendo em 3 meses.

Diante do exposto, questiono: qual seria o prazo médio de vencimento? Veja, você

não poderá simplesmente somar o prazo e dividir por três, que seria uma média arit-

mética. Isso seria incorreto, pois, para a apuração do prazo médio de vencimento dos

tais títulos, demanda-se o cálculo da média ponderada. E como seria possível a exe-

cução deste cálculo? Faço a apresentação a seguir da fórmula que se encarregará de

nos levar a uma solução.

Em que:

= prazo médio ponderado;

Sh= valor nominal do título;

nh= prazo de vencimento.

Não se assuste com a fórmula, é simples de ser aplicada, vamos trabalhar com os da-

dos do exemplo que coloquei como cenário dos supostos títulos que estamos de posse.

Na parte superior da fórmula, faz-se a multiplicação de todos os títulos pelos seus res-

pectivos prazos e, então, soma-os; já no lado inferior, simplesmente, somam-se os tí-

tulos; por fim, executa-se a divisão. Observe que, no lado superior, devemos, primeiro,

multiplicar e, então, somar os produtos finais. Se somar antes, estará completamente

errado! Vamos para a prática.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 59
Se tivéssemos feito a média aritmética simples, encontraríamos o valor de 4 meses,

mas está errado! O prazo médio deve considerar sensivelmente o valor dos títulos

que há em mãos para projetar o resultado final, por isso, usamos a média ponderada,

dessa forma, encontramos o prazo médio de 3,6 meses.

Juros compostos
Fluxo de caixa
Fluxo de caixa é um termo que simboliza uma sequência de entradas e saídas, poden-

do, também, ser uma única situação desta, de valores (dinheiro, títulos etc.), ao longo

de um período em uma linha de tempo.

Vieira Sobrinho (2011, p. 64) descreve que o fluxo de caixa “pode ser entendido como

uma sucessão de recebimentos ou de pagamentos, em dinheiro, previstos para deter-

minado período de tempo”.

Estou abordando o assunto apenas para você compreender o posicionamento de par-

celas (valores de entrada ou saída), pois sua compreensão (do fluxo de caixa) ajudará

60 MATEMÁTICA FINANCEIRA
no entendimento de questões relacionadas ao estudo de séries de pagamentos. Veja-

mos um exemplo básico de operação do caixa: uma operadora financeira concede a

determinado cliente um empréstimo no valor de R$ 40.000,00, que deverá ser quitado

em 6 prestações iguais de R$ 9.000,00.

Tem-se uma saída de R$ 40.000,00, a título de empréstimo que determinada instituição

está concedendo; na sequência, visualizam-se as entradas referentes às prestações no

valor de R$ 9.000,00, dessa forma, denota-se a entrada do dinheiro no caixa, isso tudo com

a visão de que “somos” a instituição financeira, se “fôssemos” o cliente, o processo seria

invertido. Desse modo, teríamos uma entrada de R$ 40.000,00 e saídas de R$ 9.000,00.

Você pode se perguntar: é apenas isso? Sim, simples assim, não é nosso objetivo

estudar temas aprofundados na análise de fluxo de caixa, apenas saber o que é e,

basicamente, como funciona. A seguir, demonstrarei a representação gráfica de fluxo

de caixa, que corrobora um melhor entendimento do processo.

Diagrama de fluxo de caixa


O diagrama de fluxo de caixa é a representação gráfica das operações concorrentes,

as entradas e saídas, usando os valores para moldar a interpretação visual.

Confeccionar o diagrama é tarefa simples, usamos setas verticais (as entradas e sa-

ídas) ao logo de uma reta horizontal (linha de tempo) para demonstrar as operações.

Para as entradas (lembre-se de que precisa definir quem você será no processo, se

o agente financeiro ou o cliente), dizemos que estamos realizando uma operação de

crédito, as setas verticais apontarão “para cima”. Já as operações de saída, os débi-

tos, são representadas por setas verticais apontando “para baixo”.

Então é simples, setas no lado superior da reta representam os créditos, setas no lado

inferior da reta horizontal demonstram os débitos. Agora, usando o mesmo exemplo

MATEMÁTICA FINANCEIRA 61
abordado no início do assunto, farei a demonstração do diagrama sob o ponto de vista

da instituição financeira, “seremos” o Banco.

Os números de 0 a 6 representam o período de tempo, em que 0 é o tempo presente

no exato momento da tomada do empréstimo; números de 1 a 6 representam as par-

celas que ocorrem em intervalos de tempo iguais. A seta no lado inferior apresenta

a saída do caixa, a visão do banco, no valor de R$ 40.000,00. Da mesma forma, as

setas no lado superior demonstram as entradas, que, por consequência desse em-

préstimo, geraram créditos no valor de R$ 9.000,00.

O ponto de vista que apresentei foi do banco, para o ponto de vista do cliente, é fácil,

basta inverter o cenário: uma entrada de R$ 40.000,00 usando a seta pelo lado supe-

rior e, ao longo do período, setas no lado inferior sinalizando as saídas (débitos) de

dinheiro do caixa (bolso) do cliente.

Também, podemos encontrar situações reais em que temos setas superiores e in-

feriores mescladas na linha de tempo (Figura 1), provendo um espectro de visão de

entradas e de saídas ao mesmo tempo; isso é comum quando estudamos o caixa de

uma empresa qualquer. Simplesmente, teremos um maior número de setas indicati-

vas para representação do caixa.

62 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Figura 1 - Exemplo de setas mesclando o período

Fonte: Rigoni (2012, on-line).

Interessante evidenciar o terceiro período, em que se visualiza entrada e saída ocor-

rendo ao mesmo tempo, que é comum em fluxos de caixa com movimentações finan-

ceiras diárias, por exemplo.

Juros compostos
Ótimo, chegamos aos Juros Compostos! Para melhor explicar seu mecanismo de

funcionamento, quero que lembre, nesse momento, dos conceitos dos juros simples,

note que, nos juros simples, o juro sempre incide sobre o capital inicial (principal),

independente de qual seja o prazo, sempre aplicamos a taxa sobre o capital inicial.

Esse é um princípio do mecanismo de juros simples.

Já nos juros compostos, a taxa incidirá sempre sobre o capital “atualizado”, se falarmos de

apenas dois meses de aplicação em regime de juros compostos, no primeiro mês, temos

a taxa incidindo diretamente sobre o capital principal, porém, no segundo mês, a taxa in-

cidirá sobre o capital inicial corrigido pelos juros do mês anterior (juros do primeiro mês).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 63
Essa metodologia é o modelo básico de funcionamento das cadernetas de poupança

e de muitos outros tipos de aplicações financeiras; a correção sempre incide sobre o

saldo corrigido. Assim, a fórmula dos juros compostos sofre uma alteração considerá-

vel se comparada ao modelo dos juros simples.

Os juros compostos são também reconhecidos como “juros exponenciais” ou “juros

sobre juros”, isso gera grande debate no que tange aos processos judiciais que ar-

rolam nos tribunais para rever juros cobrados ou não pagos. Uma verdadeira guerra

travada entre instituições financeiras e clientes.

Figura 2 - Comparação de Juros Compostos e Juros Simples

Fonte: o autor.

Na Figura 2, é possível notar a diferença entre os sistemas de capitalização, ambos

partem do mesmo ponto, o capital principal, mas, ao longo do período, o valor dos

juros compostos se distância do eixo, isso devido a serem calculados sempre sobre o

valor atualizado (último valor calculado), ocorrendo o fenômeno dos juros sobre juros;

64 MATEMÁTICA FINANCEIRA
enquanto, na capitalização simples, os juros incidentes sempre são calculados sobre

o capital inicial.

Assim como nos juros simples, a formação do montante continua constituída pelo prin-

cipal (I) acrescido dos juros (J), mas com a diferença de que, aqui, os juros incidem

sobre juros também. Para facilitar o trabalho e o aprendizado, conservarei o máximo

possível as incógnitas já utilizadas, evitando confusões e uma “salada” de incógnitas.

As mudanças serão vistas apenas nas equações.

Cálculo do montante e capital dos juros compostos


Para calcular o montante e o capital usando juros compostos, torna-se um pouco mais

complexo, em comparação ao regime de juros simples, pelo fato de os juros serem

exponenciais (juros sobre juros). É necessário que fique bem claro que esse modelo

é para um único pagamento; o modelo para múltiplos pagamentos será abordado em

outra oportunidade.

Para o cálculo manual, apresento a fórmula dos juros compostos:

M = P (1+i)n

As incógnitas são as mesmas, mas a variável de período/tempo (n) não está mais

na condição de multiplicar a taxa (i), e sim na posição de exponencial, uma potência.

Busque conhecer melhor as propriedades da potência e das equações exponenciais.

Isso o(a) ajudará bastante.

O cálculo dos juros compostos não demanda inúmeras fórmulas, tornando sua reso-

lução mais direta, porém, quando falamos em múltiplas parcelas, você verá fórmulas

para cada situação ocorrente, como veremos adiante. Para melhor compreensão do

funcionamento, quero exemplificar o uso da fórmula dos juros compostos.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 65
Exemplo 1: Ao final de dois anos, o Sr. Manoel deverá efetuar um pagamento de R$

200.000,00, referentes ao valor de um empréstimo contraído hoje, mais os juros devi-

dos, correspondentes a uma taxa de 4% ao mês. Pergunta-se: qual o valor emprestado?

Solução:

• M = 200.000,00
• n = 2 anos, convertendo em meses, temos 24 meses
• i = 4% a.m.
• A pergunta é: qual o valor do principal (P)?

Solução no Excel®: em uma célula qualquer, digite a função: =VP(4%;24;0;200000;0).

Observe que, no Microsoft Excel®, a taxa é informada em porcentagem, e não como

razão centesimal usado em fórmulas manuais; nada impede de usar, no lugar dos

valores, referências de células, deixando, assim, mais dinâmico e tornando a fórmula

automática para qualquer valor.

Caso execute no Excel, talvez possa questionar o motivo de a resposta ser valor

negativo. Isso se deve ao fato de o software trabalhar com vista a um fluxo de caixa,

logo, é compreensivo que, para se ter um “recebimento” de R$ 200.000,00, terá que

“pagar” o valor atual de R$ 78.024,29.

66 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Exemplo 2: Em que prazo um empréstimo de R$ 30.000,00 pode ser quitado em um

único pagamento de R$ 51.310,18, sabendo-se que a taxa contratada é de 5%a.m.?

Solução:

• M = 51.310,18
• P = 30.000,00
• i = 5%a.m.
• n = Qual o prazo?

Nesse ponto, não conseguimos aplicar o expoente, por esse ser uma incógnita, o que

não permite multiplicar pelo que está fora dos parênteses (os 30.000,00), assim, nos-

so passo será passar os 30.000,00 dividindo no outro lado da igualdade.

Novamente, o problema da incógnita na potência nos assombra, para resolver isso, usa-

rei um artifício matemático, o logaritmo. Nos logaritmos, existe uma propriedade (cha-

mada de propriedade do “tombo”) que transformará o expoente em uma multiplicação.

Então, transformamos nossa última linha de cálculo em um logaritmo e prosseguimos:

log 1,71034 = log( 1,05)n

MATEMÁTICA FINANCEIRA 67
Uma vez transformado tudo em logaritmo, aplica-se a “propriedade do tombo”, em que

o expoente do logaritmando (o valor de 1,05) passa a multiplicar o logaritmo, veja:

Mas de onde vieram os valores 0,53669 e 0,04879? Bem, isso é o valor do logaritmo

dos números anteriores, 1,71034 e 1,05, respectivamente. Recomendo usar uma cal-

culadora científica para apurar esses valores, também é possível usar o Google®, é

só digitar na linha de pesquisa “ln(1,71034)”, sem as aspas, e acionar a pesquisa. É

importante ressaltar que o logaritmo calculado nesse cálculo é o logaritmo neperiano,

representado por “ln”; se usar a representação “log”, indicará o uso de um logaritmo

decimal! Os valores serão diferentes, mas o resultado final, o mesmo. Atenção: se

definir o uso do “ln”, use-o no cálculo inteiro, não utilize “ln” e “log”, que são diferentes,

no mesmo cálculo. O resultado não baterá.

Solução no Excel®: em uma célula qualquer da planilha, digite “=NPER(5%;;-

30000;51310,18;)”, sem as aspas, não esqueça que o valor do principal está negativo,

caso contrário, o Excel® não apontará o resultado. Após o valor de 5%, existem dois

“;” (ponto vírgula), está correto. Da mesma forma que o exemplo anterior, essa função

pode ser utilizada com referências de células, deixando mais dinâmico.

68 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Exemplo 3: A loja “Móveis e Eletros” financia a venda de uma mercadoria no valor de

R$ 16.000,00, sem entrada, para pagamento em uma única parcela de R$ 22.753,61,

no final de 8 meses. Qual a taxa mensal cobrada nessa operação?

Solução:

• M = 22.753,61
• P = 16.000,00
• n = 8 meses
• i = Qual a taxa cobrada?

Nesse exemplo, nosso movimento matemático se deu em uma incógnita dentro do

parêntese, desse modo, não podemos elevar ao expoente, pois não sabemos quanto

a incógnita vale. Como, então, podemos resolver o expoente 8? Usaremos a técnica

de isolar a incógnita, assim, o expoente passará para o outro lado da igualdade, logo,

o contrário de uma potência será uma raiz com índice 8.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 69
Para resolver uma raiz de índice 8, é preciso uma calculadora científica, calculadoras

convencionais resolvem, no máximo, uma raiz quadrada; há uma tecla com símbolo

de raiz, mas com uma incógnita ou um pequeno quadrado no lugar do índice da raiz.

Solução no Excel®: digite, em uma célula qualquer, lembrando que deve ser digitado

sem as aspas e com símbolo “;” repetido: “=TAXA(8;;-16000;22753,61;;)”.

Exemplo 4: Determine o montante correspondente a uma aplicação de R$ 10.000,00,

no prazo de 7 meses a uma taxa de 3,387%a.m.

Solução:

• P = 10.000,00
• n = 7 meses
• i = 3,387%a.m.
• M = Qual será o montante?

Solução no Excel®: como de costume, em qualquer célula, digite sem as aspas:

“=VF(3,387%;7;;10000;)”. Note que, em todos os exemplos, apenas uma única fór-

mula foi utilizada, o que confirma a fundamentação anterior sobre o cálculo dos juros

compostos de única parcela ou valor.

70 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Equivalência de taxas compostas
Avançando em nosso conteúdo, apresentaremos como resolver o problema das equi-

valências de taxas compostas. Nos juros simples, a conversão de taxa é relativamen-

te básica, fazemos cálculos elementares de multiplicação ou divisão. Porém, nos juros

compostos, a regra é diferente.

A capitalização composta necessita de um modelo matemático para realização da

conversão, isso significa que demanda uma fórmula específica. Por exemplo, uma

taxa de 1%a.m. não poderá ter uma simples conversão e dizer que sua equivalência

anual é de 12%a.a., não funciona dessa forma devido à exponenciação da taxa pelo

período de tempo. Portanto, para a conversão, usa-se a seguinte fórmula:

Sendo:

• iq = “taxa que quero”


• it = “taxa que tenho”
• q = “tempo que quero”
• t = “tempo que tenho”

Aproveitando o exemplo dado, a taxa de 1%a.m., querendo conhecer sua equivalente

anual, deverá proceder da seguinte forma:

Solução:

• it = 1%a.m.
• q = 12 meses (quantidade de meses equivalentes a um ano)

MATEMÁTICA FINANCEIRA 71
• t = 1 (como a taxa é ao mês, perceba que é singular, logo, nossa taxa é equi-
valente a um mês)

• iq = taxa ao ano equivalente que será calculada.

Utilize uma calculadora científica para a conversão, você encontrará uma tecla com o

símbolo “ ” ou “ ”, dependerá do modelo e fabricante de sua calculadora. Também,

pode utilizar o Excel®, digitando sem aspas: “=((1+0,01)^(12/1)-1)*100”. O acento cir-

cunflexo simboliza potência no software, usei vários parênteses para que as opera-

ções sejam realizadas na ordem correta, afinal, os operadores matemáticos (soma,

subtração, multiplicação e divisão) exigem uma ordem de resolução.

Engana-se quem diz, segundo o regime de capitalização composta, que uma taxa de

1%a.m. é equivalente a uma taxa de 12%a.a., é muito comum as pessoas cometerem

esse erro. Você pôde acompanhar e também notou um valor maior que os 12%a.a.,

isso se dá graças ao modelo de exponenciação da taxa pelo período de tempo em-

pregado nos juros compostos.

Outro exemplo: agora a situação inversa, temos 12%a.a. em regime de juros compos-

tos, qual seria sua taxa mensal equivalente? Ótimo, vamos aos cálculos.

72 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Solução:

• it = 12%a.a.
• q = 1 mês (queremos a taxa ao mês, lembre-se do singular)
• t = 12 (nossa equivalência em meses referente a um ano)
• iq = taxa ao ano equivalente que será calculada.

Viu a diferença? Apesar do número estar muito próximo, não é 1%. Então, tome cuida-

do com taxas em mecanismos de capitalização composta. Faça a correta conversão

com a fórmula, caso contrário, seus cálculos ficarão incorretos.

Acredite que mesmo o valor estando muito próximo, o resultado final será razoável.

Principalmente se o período de tempo for grande, teremos uma diferença no resultado

ainda maior, assim como os juros, o erro será exponencial!

MATEMÁTICA FINANCEIRA 73
Desconto composto
O desconto composto não é muito comum, raramente utilizado em instituições finan-

ceiras ou no comércio em geral, porém é importante abordarmos para seu conheci-

mento. A metodologia trabalha de forma que a taxa de desconto incidirá sempre sobre

o valor deduzido dos descontos, referente ao período anterior.

É o mesmo entendimento dos juros compostos, mas não estão acrescentando, e sim

descontando do valor corrigido pelo último desconto executado, nunca sobre o valor

inicial da operação.

Continuarei utilizando a definição vista no desconto simples, que o valor líquido é

resultante da diferença entre o valor de face do título (M) e o valor do desconto (D),

usando a fórmula:

D=M-P

Já na fórmula do desconto composto, temos algumas mudanças, é calculado o valor

líquido diretamente já com o desconto. Dessa maneira, temos que:

P = M(1 - d)n

Assim, a fórmula que fornece o valor do desconto total (D) será utilizada apenas quan-

do estiver procurando especificamente o “valor descontado” ou, até mesmo, quando

estiver de posse das variáveis, buscando integrá-la à fórmula principal do desconto

composto.

Apresentarei, também, outra fórmula que tem a capacidade de calcular diretamente o

valor do desconto total (D). Posso dizer que é a união das duas fórmulas demonstra-

das anteriormente; a combinação pode ser representada por:

D = M[ 1 - ( 1- d)n ]

74 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Podemos, desse modo, calcular diretamente o valor total do desconto composto (D),

sem a necessidade de apurar o valor líquido ( ); em um segundo mo-

mento, executarmos a fórmula do desconto total ( ).

Agora, com as fórmulas devidamente apresentadas, vamos aos exemplos para fixa-

ção do conteúdo.

Exemplo 1: Um título comercial no valor de R$ 28.800, com 120 dias para o seu

vencimento, é negociado em uma operação de desconto a uma taxa de 2,5% a.m.,

segundo o regime de desconto composto. Pede-se: calcular o valor líquido creditado

na conta do cliente e o valor do desconto praticado.

Solução:

• M = 28.800,00
• n = 120 dias (convertendo para meses, temos 4 meses)
• d = 2,5% a.m.
• P = Qual valor líquido creditado na conta do cliente?
• D = Qual o valor do desconto praticado?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 75
Não há uma fórmula no Excel®, logo, você deverá usá-lo como algébrico, ou seja,

digite sem as aspas: “=28800-(28800*(1-0,025)^4)”. Note que estamos executando

as duas fórmulas ao mesmo tempo, logo encontraremos o valor do desconto total de

forma direta na expressão usada.

Exemplo 2: Antônio realizou uma operação de desconto junto ao banco da empresa,

o valor do título é R$ 67.300,00, com 51 dias de prazo, após a operação, recebeu um

crédito em conta no valor de R$ 61.680,12. Calcule a taxa mensal de desconto cobra-

da pelo Banco da empresa.

Solução:

• M = 67.300,00
• P = 61.680,12
• n = 51 dias (obrigatoriamente, devemos converter para mês: ≈ 1,7 meses)
• d = Qual a taxa mensal cobrada?

76 MATEMÁTICA FINANCEIRA
No Excel®, sem aspas, digite: “=(1-(61680,12/67300)^(30/51))*100”. Veja que foi pelo

método algébrico, como já havíamos discutido anteriormente, não há função especí-

fica no programa. Mas se prestar bastante atenção verá que usei na potência os nú-

meros invertidos em relação à memória de cálculo apresentada. Por quê? É simples,

se eu passar a potência para o outro lado da igualdade, sabemos que se transformará

em uma potência. Aí que está o “pulo do gato”, pois, quando fazemos isso, devemos

também inverter a fração que está localizada no expoente.

Nesse exemplo, fomos obrigados a converter o prazo e não a taxa, pois, em desconto

composto, não convertemos a taxa, mas o período sempre! Caso deseje, você pode,

no lugar do “1,7” (localizado no expoente), usar uma fração ( , isso é perfeitamente

possível, até para seus cálculos futuros não ficarem muito distantes dos resultados re-

ais, isso devido ao arredondamento de valores usados no período de tempo calculado.

Exemplo 3: A empresa L & L Ltda. apresenta para desconto um título com 90 dias para

vencer, à taxa de 3% a.m., produzindo um desconto no valor de R$ 1.379,77. Calcule

o valor nominal do título.

Solução:

• D = 1.379,77
• d = 3% a.m.
• n = 90 dias (convertendo para meses, temos 3 meses completos)
• M = qual o valor nominal do título?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 77
Para o nosso “salva-vidas”, o Excel®, digite: “=1379,77/(1-(1-0,03)^3)”, usando, é cla-

ro, o velho e bom método algébrico de resolver equações. Lembrando que é sempre

sem as aspas.

Veja que, no desconto composto, não há segredos, qualquer coisa que adicionás-

semos, estaríamos “enfeitando a roda” e, convenhamos, isso em matemática não é

nada bom!

livROs ReCOmendadOs
Para que você se aprofunde mais no assunto referente ao Micro-

soft Excel®, recomendo esta leitura:

McFEDRIES, Paul. Fórmulas e funções com Microsoft Office:

Excel 2007. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

Você poderá encontrar essa obra disponível na biblioteca virtual

do AVA. Não perca tempo, aprimore seus conhecimentos.

78 MATEMÁTICA FINANCEIRA
atividades paRa COmpReensãO dO COnteÚdO

Juros e Desconto Simples:

1) Um banco concede ao cliente um empréstimo de R$ 40.000,00, para pagamento

em 6 prestações iguais de R$ 9.000,00. Represente, graficamente, o fluxo de cai-

xa sob o ponto de vista do banco.

2) Determine quanto renderá um capital de R$ 60.000,00 aplicado à taxa de 24%

a.a., durante sete meses.

3) Um capital de R$ 28.000,00, aplicado durante 8 meses, rendeu juros de R$

11.200,00. Determine a taxa anual.

4) Qual o valor dos juros contidos no montante de R$ 100.000,00, resultante da apli-

cação de certo capital à taxa de 42% a.a., durante 13 meses?

5) Um capital de R$ 50.000,00 foi aplicado no dia 19/06/2011 e resgatado em

20/01/2012. Sabendo-se que a taxa de juros da aplicação foi de 56% a.a., calcule

o valor dos juros, considerando o número de dias efetivo entre as duas datas.

6) Determine o capital necessário para produzir um montante de R$ 798.000,00 no

final de um ano e meio, aplicado a uma taxa de 15% ao trimestre.

7) Em quanto tempo um capital aplicado a 48% a.a. dobra o seu valor?

8) Uma duplicata de R$ 70.000,00, com 90 dias a decorrer até o seu vencimento, foi

descontada por um banco à taxa de 2,7% a.m. Calcule o valor líquido entregue

creditado ao cliente.

9) Calcule o valor do desconto de um título de R$ 100.000,00, com 115 dias a vencer,

sabendo-se que a taxa de desconto é de 3% ao mês.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 79
10) Sabendo-se que o desconto de uma duplicata no valor de R$ 25.000,00, com 150

dias a vencer, gerou um crédito de R$ 22.075,06 na conta do cliente, determine a

taxa mensal de desconto.

11) Determine o valor nominal ou de face de um título, com 144 dias para o seu ven-

cimento, que, descontado à taxa de 48% a.a., proporcionou um valor atual de R$

38.784,00.

Juros e Desconto Composto:

12) Determine o montante, no final de 10 meses, resultante da aplicação de um capital

de R$ 100.000,00, à taxa de 3,75% a.m.

13) Uma pessoa empresta R$ 80.000,00 hoje para receber R$ 507.294,46 no final de

dois anos. Calcule as taxas mensal e anual desse empréstimo.

14) Quanto devo aplicar hoje, à taxa de 51,107% a.a., para ter R$ 1.000.000,00 no

final de 19 meses?

15) Qual é mais vantajoso: aplicar R$ 10.000,00 por 3 anos, a juros compostos de 3%

a.m., ou aplicar esse mesmo valor, pelo mesmo prazo, a juros simples de 5% a.m.?

16) Certa aplicação rende 0,225% a.d. Em que prazo um investidor poderá receber o

dobro da sua aplicação?

17) A aplicação de R$ 380.000,00 proporcionou um rendimento de R$ 240.000,00 no

final de 208 dias. Determine as taxas diária, mensal, trimestral e anual de juros.

18) Qual o valor do capital que, aplicado à taxa de 18% a.t., durante 181 dias, produziu

um montante de R$ 5.000,00?

80 MATEMÁTICA FINANCEIRA
19) Calcule o valor atual de um título de valor de resgate igual a R$ 90.000,00, com 4

meses a vencer, sabendo-se que a taxa de desconto é 3,25% a.m.

20) Calcule a que taxa mensal de um título de R$ 100.000,00, com 75 dias a vencer,

que gera um desconto no valor de R$ 11.106,31.

21) Calcule o valor do desconto concedido em um Certificado de Depósito Bancário,

de valor de resgate igual a R$ 200.000,00, sabendo que faltam 90 dias para o seu

vencimento e que a taxa de desconto é 3,8% a.m.

22) Sabendo que o valor líquido do creditado na conta de um cliente foi de R$

57.170,24, correspondente ao desconto de um título de R$ 66.000,00, à taxa de

5% a.m., determine o prazo a decorrer até o vencimento desse título.

23) Calcule a taxa equivalente mensal a 87,04% a.s.

a) 0,05.

b) 0,07.

c) 0,09.

d) 0,11.

e) 0,13.

24) Qual a taxa mensal de juros compostos à qual devo aplicar $11.000,00, de modo

a aumentá-lo em 19,61% após um ano e meio?

a) 0,01.

b) 0,02.

c) 0,03.

d) 0,04.

e) 0,05.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 81
25) Um título tem valor nominal de $108.160,00 e vencimento para 180 dias. Se ne-

gociado 60 dias antes do vencimento à mesma taxa de 4% ao mês, mediante

capitalização composta, terá valor de:

a) $90.000,00.

b) $80.000,00.

c) $60.000,00.

d) $40.000,00.

e) $100.000,00.

82 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Unidade II

Objetivos da unidade
Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos dessa unidade, você deverá ser

capaz de:

• Séries Uniformes de Pagamentos.


• Sistemas de amortização: Sistema francês de amortização (Price) e Sistema
de amortização constante (SAC).

• Aplicações e Empréstimos financeiros: tipos e características.


• TAC, Custo de emissão do contrato.
• Impostos: IOF.
• Taxa nominal e efetiva.

Séries uniformes de pagamentos


Fator de acúmulo de capital (FAC)
FAC ou Fator de Acúmulo de Capital é aplicado na situação em que sabemos quanto

será depositado em uma aplicação, por quantas vezes de maneira uniforme isso se

repetirá e conhecendo a taxa de aplicação; assim, será possível apurar o valor (mon-

tante) que iremos sacar no futuro.

Vieira Sobrinho (2011, p. 71) enfatiza que o FAC (Fator de Acúmulo de Capital) “repre-

senta o montante oriundo da aplicação de n parcelas de uma unidade de capital [...],

em determinado intervalo de tempo [...] e a uma determina taxa de juros”.

Será possível responder, por exemplo, qual o valor do saque futuro de depósitos men-

sais de R$ 300,00, realizados por 20 meses, a uma taxa de juros de 0,6% a.m. O

modelo matemático que permite esse estudo é dado por:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 83
Em que temos:

• S = nosso montante, o mesmo apresentado pela incógnita M, utilizarei outra


letra para não confundir com as outras fórmulas que estudamos, mas nada

impede de usá-la. Há, inclusive, vários autores que fazem uso da letra “M” em

todas as fórmulas que envolvam o montante.

• R = valor da parcela (depósito) constante.


• i = taxa de juros da aplicação/rendimento.
• n = número de parcelas aplicadas, que, em teoria, é igual ao tempo.

Na linha de raciocínio do exemplo apresentado anteriormente, deseja-se conhecer o

valor no que seria o saque futuro (S). Para isso, a solução é:

• R = 300,00
• i = 0,6% a.m.
• n = 20 parcelas/meses
• S = Quanto iremos sacar no futuro?

84 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Solução Excel®: o velho hábito de escolher uma célula qualquer e digitar: “=VF(0,6%;20;-

300;;0)”. Note que estou utilizando a função Valor Futuro do Excel®, mas não estou

informando valor presente, e sim o valor de “pagamento”, no caso, o valor do depósito

que está sendo realizado.

Deixamos em branco o lugar do valor presente, mas, se informado um valor, prefe-

rencialmente no mesmo sinal do pagamento (negativo), esse será considerado como

saldo inicial da aplicação acrescido de depósitos. Explicando melhor: é como se você

já estivesse de posse de um determinado valor na poupança e resolvesse aplicar

mensalmente uma certa quantia.

Caso opte por realizar manualmente o cálculo, simplesmente aplique o valor já depo-

sitado na poupança na fórmula dos juros compostos ( ). Após calcular,

some o valor obtido com o resultado do FAC. Terá o mesmo resultado que obteria no

Excel® pela função que apresentei, mas, claro, de um modo um pouco mais trabalhoso.

Você deve estar pensando: por que ver todos esses cálculos manuais se o software

faz tudo de maneira muito mais prática? É necessário entender como as coisas fun-

cionam para compreender melhor a ferramenta; também, dessa forma, damos mais

valor à ferramenta.

Exemplo 2: quanto terá, no final de 4 anos, uma pessoa que aplicar R$ 500,00 por

mês e um “fundo de renda fixa”, à taxa de 3% ao mês?

Solução:

• R = 500,00
• n = 4 anos (logo temos 48 prestações: )

• i = 3% a.m.
• S = Quanto terá a pessoa?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 85
Solução Excel®: “=VF(3%;48;-500;;0)” – use sem aspas.

Quando procuramos o valor futuro (S), no caso, o montante, a aplicação da fórmula é trivial,

apesar de o conhecimento de matemática básica ser essencial. Se formos, no entanto,

aplicar as fórmulas na tentativa de encontrar a taxa (i), teremos um problema de verdade!

Tanto essa fórmula apresentada quanto as demais que ainda veremos demandam o

uso de uma tabela financeira para auxiliar na resolução do cálculo. Tal tabela é com-

posta de índices (taxas) padrões, que estão pré-resolvidos e, por sua vez, servem

para a consulta.

Quando observamos uma tabela financeira, identificam-se colunas (a taxa), com li-

nhas (número de parcelas). Uma vez localizado o índice procurado, calculamos a taxa

final por valores de aproximação, será por método de “tentativa e erro” a identificação

da taxa real.

Estamos utilizando um software poderoso, o Excel®, mas nada impede você de usar

outras ferramentas, como o “Calc”, incluso no suíte de aplicativos OpenOffice®. Além

de gratuito, também é poderosíssimo. Obviamente, se usar uma calculadora financei-

ra, como a famosa HP-12c, suas preocupações podem ser menores ainda.

86 MATEMÁTICA FINANCEIRA
O uso da HP-12c não necessita da tabela de índices, pois possui a capacidade de

calcular qualquer uma das variáveis, desde que as demais sejam informadas. Isso, no

entanto, é assunto para outra disciplina. Recomendo que pesquise mais sobre essa

calculadora, é uma das melhores.

Para demonstração, utilizaremos como base o exemplo 2, sendo assim, considere

que certa pessoa terá, após aplicar R$ 500,00 por mês ao longo de 4 anos, a quantia

de R$ 52.204,20; pede-se: calcule a taxa mensal. Solução:

• S = 52.204,20;
• R = 500,00
• n = 4 anos (48 parcelas);
• i = qual a taxa?

É aqui que encontramos problemas, nada impossível de resolver. Existem algumas

técnicas bem específicas para solucionar o problema, mas queremos ser práticos,

concorda? Estamos diante de um “impasse” matemático, pois como iremos resolver

o problema da incógnita que está em dois lugares? É por este motivo que usamos a

tabela com índices prontos; multiplicando o índice encontrado na tabela pelo valor da

parcela (R), chegamos ao valor futuro já conhecido e, claro, não acertaremos logo na

primeira, faremos muitas tentativas e erros até chegarmos ao valor ou muito próximo

MATEMÁTICA FINANCEIRA 87
dele! É a verdadeira tentativa e erro, como já havia dito. Como temos um software

excepcional em mãos, colocaremos para funcionar imediatamente.

A solução no Excel® seria: “=TAXA(48;-500;;52204,20;0)”.

Chegaríamos, então, ao resultado final de 3% a.m. O software possui a capacidade de si-

mular esses cálculos complexos na memória e apresentar a resposta correta em instantes.

Se tiver a curiosidade de conhecer o funcionamento da calculadora financeira HP-12c,

recomendo um site com um ótimo simulador para experimentar, o endereço é <www.

epx.com.br>, clique em “Calculadoras”, na sequência a opção “Web HP-12C emu-

lator”. Pronto, chegamos ao simulador e, agora, peço que digite exatamente o que

coloquei a seguir:

Solução usando o simulador da HP-12c:

• “f” “CLx”
• “52204,20” “FV”;
• “500” “CHS” “PMT”;
• “48” “n”;
• “i” (ao pressionarmos a tecla “i” temos a resposta à nossa questão, os 3% a.m.).

Assim como o software de planilha eletrônica, em um instante teremos a resposta de-

sejada. É importante dizer que também é possível instalar o emulador em seu celular,

penso ser válido, visto que a ferramenta também é poderosíssima.

88 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Fator de formação de capital (FFC)
O fator de formação de capital, ou “FFC”, nos dá o retorno para o seguinte questio-

namento: quanto temos que poupar, depositando mensalmente, em uma aplicação

qualquer, para conquistarmos a quantia de R$ 40.000,00 em 5 anos, considerando a

taxa de juros de 0,6% a.m.

Nesse exemplo, conhecemos: a taxa, o período de tempo, que, no caso, é o número

de parcelas a serem depositadas e, finalmente, aonde queremos chegar (o montante

de R$ 40.000,00).

Para responder, necessitaremos de uma nova fórmula:

O significado das incógnitas segue o mesmo descrito anteriormente, até porque per-

manecemos com a mesma legenda de variáveis apresentada no cálculo do Fator de

Acúmulo de Capital. Então, seguiremos com as variáveis já conhecidas para encontrar-

mos o valor de parcela a ser depositada mensalmente na citada aplicação financeira.

Solução:

• S = 40.000,00;
• i = 0,6% a.m.;
• n = 5 anos (multiplicados por 12 meses do ano, temos 60 meses);
• R = quanto devemos depositar mensalmente na aplicação?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 89
Solução no Excel®: “=PGTO(0,6%;60;;40000;0)”.

Esta é uma nova função, chamada “Pagamento”, obviamente, entendemos como um

crédito o valor de $ 40.000,00 inserido como positivo, pois esperamos sacar esse

valor no futuro. Desse modo, o resultado da função é negativo, se esperamos por um

crédito no futuro (R$ 40.000,00), então, devemos considerar o desembolso mensal,

por esse motivo, o valor de resposta é um débito em nosso caixa (valor negativo sim-

bolizando uma saída).

Buscando enriquecer o conteúdo, também apresento a solução usando a calculadora

financeira, a solução na HP-12c seria:

• “f” “CLx”
• “40000” “FV”;
• “0,6” “i”;
• “60” “n”;
• Pressione “PMT” para obter a resposta, pronto!

Perceba que a calculadora também apresenta o resultado negativo, do mesmo

modo que a planilha, ela não está errada; a lógica desse cálculo deve-se ao fato de

90 MATEMÁTICA FINANCEIRA
considerarmos que queremos receber R$ 40.000,00, logo, é um crédito que está no

futuro e, para obtermos esse crédito, teremos um débito mensal ao longo de 60 me-

ses, no caso, a parcela de R$ 555,83 mensais.

Essas informações vêm ao encontro do que já mencionei: tanto a calculadora finan-

ceira quanto a planilha eletrônica (Excel®) trabalham nos mesmos moldes. Saliento

que, assim como o FAC ou no FFC, quando estamos procurando a taxa, é necessária

a tabela financeira para a execução do cálculo manualmente.

Note que, no nosso exemplo, o desenrolar matemático não é complexo, porém neces-

sita de atenção para que não fiquem para trás números centesimais ou, até mesmo,

operações não concluídas até o final. Demonstrarei mais uma memória de cálculo

como exemplo de situações que podem ocorrer.

Exemplo 2: quantas prestações trimestrais no valor de R$ 4.000,00 são necessárias

aplicar a uma taxa de 7% a.t., para acumular um montante de R$ 100.516,08? Encon-

tre o prazo da aplicação (número de depósitos a serem aplicados).

Solução:

• R = 4.000,00;
• i = 7% a.t. (ao trimestre);
• S = 100.516,08;
• n = Qual número de prestações e prazo da aplicação?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 91
Nesse ponto, tem-se uma situação em que a potência precisa ser resolvida, mas apre-

senta-se como uma incógnita. Proponho usar os logaritmos para resolver o problema

no expoente (n), transformando toda expressão em logaritmo e utilizando a proprie-

dade do “tombo”:

92 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Observe que são dois questionamentos no mesmo exercício, o primeiro diz respeito a

quantas prestações e o segundo ao prazo de duração.

Se são 15 prestações trimestrais, um trimestre é composto por 3 meses, então, multi-

plicamos 15 por 3, assim essa aplicação tem 45 meses de duração.

Resolvendo no Excel®: “=NPER(7%;-4000;;100516,08;)” e, na resposta da segunda eta-

pa: “=NPER(7%;-4000;;100516,08;)*3”, em que o asterisco faz o papel da multiplicação.

A função “NPER” significa Número de Períodos, nosso “n”; ela soluciona a questão de

tempo e de número de parcelas, lembrando que o “n” atende às duas demandas. Isso

não ocorreu nesse problema, porque as palestras são trimestrais; poderíamos até res-

ponder que a aplicação durará 15 trimestres, mas não é usual. Por isso, respondemos

em meses, multiplicando o resultado por 3.

Para não fugir da linha de trabalho, proponho a resolução na HP-12c:

• “4000” “CHS” “PMT”;


• “7” “i”;
• “100516,08” “FV”;
• Então, pressionamos “n” para obter o número de prestações;

Assim que a calculadora apresentar o resultado, o número de prestações, multiplica-

remos por 3 para conhecer o tempo de duração, digitando: “3” “×”.

Não se assuste, a ordem está correta, a calculadora funciona em uma lógica diferente

da que estamos acostumados; calculadoras convencionais trabalham no modelo al-

gébrico, já a HP-12c trabalha no sistema RPN (Notação Reversa Polonesa).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 93
Fator de valor atual (FVA)
O FVA, ou função do Fator de Valor Atual, traz ao valor presente (valores que estão no

futuro e, quando trazidos ao presente, sofrem correções) parcelas que vencerão ao

longo do tempo, considerando-se determinado número de parcelas e a taxa de juros

para atualização/correção.

Considere, por exemplo, parcelas de R$ 300,00 ao longo de 12 meses, sendo a pri-

meira daqui a 30 dias, a segunda daqui 60 dias e assim por diante. Perceba que o

valor da parcela é de R$ 300,00 dentro de 30 dias, então, temos a segunda parcela

somente daqui a 60 dias com o mesmo valor, porém, quando trazemos esses valores

para o dia de hoje, eles são menores.

De modo a facilitar seu entendimento, empregarei um exemplo de uma venda qual-

quer feita por você, em que vendeu algo a alguém em 12 parcelas de R$ 300,00 cada;

imediatamente, você deseja comprar outro produto novo, mas não possui o dinheiro

para pagar. Então, você pega esses títulos que estão para vencer (que, por exemplo,

poderiam ser cheques) e negocia por um dinheiro à vista (presente). Quando se faz

essa operação, o montante final torna-se menor, devido à antecipação dos valores

das parcelas. Estamos trazendo um valor que está no futuro para o presente e, nesse

processo, ocorre um tipo de “desconto” sobre a monta.

Não é o FVA que o comércio utiliza, este, normalmente, usa o desconto simples. Coloco

esse exemplo apenas para sua compreensão, o FVA é usado para o cálculo de adian-

tamento de parcelas no caso de financiamentos pelo sistema Francês de amortização.

Agora, usarei um exemplo mais interessante. Recupere o cálculo realizado para

o FFC, em que seriam necessárias 60 parcelas de R$ 555,83, devidamente apli-

cadas uma a uma mensalmente em uma aplicação que paga 0,6% a.m.; com isso

obter-se-á o montante no valor de R$ 40.000,00. Ótimo, o problema está exposto

94 MATEMÁTICA FINANCEIRA
e vamos confabular a hipótese de esse indivíduo realizar um único depósito que

substitua todas as 60 parcelas, mas que venha a atingir o propósito de obter o

montante de R$ 40.000,00.

A pergunta que não se cala: qual o valor desse depósito único? Aqui, realmente é ne-

cessário que o FVA entre em ação. Paremos aqui com a teoria, vamos à prática, para

este tópico, precisaremos de uma nova fórmula:

As incógnitas continuam conhecidas, não possuímos nada novo, a variável do valor pre-

sente (P) já foi vista desde o estudo dos juros simples, representando o valor presente.

Solucionando o problema apresentado do único depósito, temos:

• n = 60 parcelas;
• R = 555,83 cada;
• i = 0,6% a.m.;
• P = qual o valor do depósito único (que substituirá todas as 60 parcelas)?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 95
Resolvendo no Excel®: “=VP(0,6%;60;-555,83;;)”. Muito bem, obteremos o mesmo

resultado, note que utilizei a função VP (Valor Presente) do Excel®, porém não infor-

mamos o valor futuro (os R$ 40.000,00) na função, pois a planilha faria o confronto

entre os valores ao longo do tempo e, praticamente, zeraria o resultado final, o que

serial totalmente equivocado.

Na calculadora HP-12c, deverá digitar:

• “f” “CLx”
• “555,83” “CHS” “PMT”
• “60” “n”
• “0,6” “i”
• “PV”, ao pressionar essa tecla, terá o resultado na tela.

Chegamos à conclusão de que, se depositar R$ 27.937,20 na aplicação, esse valor

substituirá as parcelas mensais e atingiremos o alvo, o montante de R$ 40.000,00.

Vou demonstrar usando mais um exemplo do FVA.

Exemplo 2: calcule o valor atual de uma dívida com uma série de 24 prestações, men-

sais, iguais e consecutivas, de R$ 3.500,00 cada, considerando uma taxa de 5% ao mês.

Solução:

• n = 24 prestações;
• R = 3.500,00 cada;
• i = 5% a.m.;
• P = qual o valor atual da dívida?

96 MATEMÁTICA FINANCEIRA
A dívida de 24 parcelas de R$ 3.500,00, que, ao término somariam R$ 84.000,00 (24

x R$ 3.500,00), em valor presente, representa R$ 48.295,24.

Vamos resolver o mesmo problema no Excel®: “=VP(5%;24;-3500;;)”. Uma solução alter-

nativa fornece um modelo de resolução utilizando a calculadora financeira HP-12c, faça:

• “f” “CLx”;
• “24” “n”;
• “3500” “CHS” “PMT”;
• “5” “i”;
• “PV”.

Uma vez pressionada a tecla “PV”, teremos o mesmo resultado encontrado nas pro-

postas anteriores. Talvez, possa encontrar diferença de um centavo em relação aos

cálculos manuais para a calculadora ou no Excel®. O motivo é simples: arredonda-

mento; dessa forma, é comum essas variações mínimas, arredonde o mínimo possí-

vel, será melhor e não ficará tão distante do valor ideal ou atingirá em cheio a resposta.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 97
Mais um exemplo (nosso Exemplo 3): qual valor atual que, financiado à taxa de 4%

a.m., pode ser pago em 5 vezes de R$ 100,00, parcelas essas que são mensais,

iguais e sucessivas?

Solução:

• i = 4% a.m.;
• n = 5 parcelas;
• R = 100,00;
• P = qual o valor atual da dívida?

98 MATEMÁTICA FINANCEIRA
Resolvendo no Excel®: “=VP(4%;5;-100;;0)”. Na sequência, apresento a solução HP-12c:

• “f” “CLx”;
• “4” “i”;
• “5” “n”;
• “100” “CHS” “PMT”;
• “PV”.

Esse valor de FVA encontrado (R$ 445,18), na verdade, é o valor que foi financiado pelo

suporte cliente. O processo do Fator de Valor Atual traz para o tempo presente o valor

das parcelas de um financiamento realizado pelo Sistema Francês de Amortização,

conhecido como Tabela Price. Desse modo, identifica-se qual foi o valor financiado.

Mas atenção: esse valor encontrado trata do capital financiado quando o número de

parcelas for integral, ou seja, todas as parcelas, seu número exato. Não cometa o erro

de colocar apenas uma parte das parcelas e acabar como o valor financiando, pois

não será! Trata-se, nessa situação, de um valor parcial.

Fator de recuperação de capital (FRC)


Ao iniciarmos o estudo do FRC ou Fator de Recuperação de Capital, estamos nos

preparando com uma base para o Sistema de Amortização Francês, que estudaremos

à frente, e é justamente essa fórmula que é responsável por calcular o valor das par-

celas de um financiamento por esse sistema.

A aplicação desse modelo é empregada quando temos determinada situação de um

valor presente que será financiado pelo sistema Price, a determinada taxa e certo nú-

mero de parcelas. Aqui, buscamos o valor da parcela, muito diferente das condições

anteriores, estamos conduzindo um valor que está no presente para parcelas futuras,

MATEMÁTICA FINANCEIRA 99
considerando um número específico de parcelas, uma taxa de juros e a amortização

que ocorrerá ao longo do tempo.

Uma amortização nada mais é que o pagamento gradual de uma dívida. Esse modelo

matemático considera tais fatos para que o valor de parcela encontrado leve em conta

esse pagamento.

Faço a você a apresentação do FRC usando a fórmula:

Percebeu que a fórmula é muito parecida com o FVA? É isso mesmo, na realidade,

uma é o inverso da outra; ambas compartilham dos mesmos elementos (incógnitas).

Demonstrando o funcionamento do método, temos: certo cliente solicita um finan-

ciamento de R$ 30.000,00 em seu banco, o empréstimo é simulado nas seguintes

condições: em 12 parcelas, iguais, mensais e consecutivas, a uma taxa de 3,5% a.m.;

calcule o valor da parcela.

Solução de forma manual, utilizando a fórmula:

• P = 30.000,00;
• n = 12 parcelas;
• i = 3,5% a.m.;
• R = qual o valor da parcela?

100 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Assim, o cliente deverá fazer o pagamento de 12 parcelas, iguais, mensais e conse-

cutivas de R$ 3.104,52.

Solução usando uma calculadora financeira HP-12c:

• “f” “CLx”;
• “30000” “PV”;
• “12” “n”;
• “3,5” “i”;
• “PMT”.

Prático, não? É verdade, ela auxilia muito nessas questões. No momento que pres-

sionar a tecla “PMT”, que significa “Pagamento”, a calculadora iniciará a função e

apresentará o resultado.

O uso da calculadora facilita as condições em que temos e procuramos:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 101


• Temos i, n e P, procurando R.
• Temos i, n e R, procurando P.
• Temos n, R e P, procurando i.
• Temos R, P e i, procurando n.

Muito prática, mas a nossa poderosa ferramenta baseada em planilha eletrônica, o

Excel®, não perde em nada. Munido das informações do exemplo, apresento a so-

lução usando o software: “=PGTO(3,5%;12;30000;;)”. Usamos, então, a função do

Excel® chamada “PGTO”, significando “Pagamento”; digamos que ela faz o mesmo

que a tecla “PMT” da calculadora.

Em relação ao texto apresentado anteriormente, em que relata a capacidade que a

calculadora tem de nos ajudar em cálculos desse tipo, é válido ressaltar que essas

regras valem para os outros fatores que estudamos. Também, cabe lembrar que os

fatores apresentados são baseados nos juros compostos, logo, se a taxa fornecida

não estiver condizente com o prazo estabelecido, você deverá fazer a conversão, ten-

te primeiro o prazo, caso não seja possível, vá para a taxa.

No processo de conversão da taxa, use o modelo de conversão das taxas composta

equivalentes. Chamo apenas a atenção para que tenha um cuidado especial quando

for mexer no prazo, pois se lembre de que o prazo e o número de parcelas significam

a mesma coisa. Assim, se você converter o prazo, tenha em mente que está mudando

o número de parcelas, então, tome cuidado!

Simularemos, agora, uma situação comum e interessante: usar apenas a metodologia

do Excel®. É comum conhecermos o valor financiado, o número e o valor das presta-

ções. Mas será que a taxa de juros no contrato de financiamento foi seguida? Infeliz-

mente, deparamo-nos com uma indesejável situação de descobrir que lhe informaram

uma coisa, mas cobraram outra. Vamos apurar usando um exemplo.

102 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Exemplo 2: encontre a taxa mensal de juros que foi contratada em uma operação de

empréstimo, cujo valor financiado foi R$ 100.000,00, para ser liquidado em 18 presta-

ções iguais, mensais e consecutivas de R$ 7.270,87 cada uma.

Solucionando com o software: “=TAXA(18;-7270,87;100000;;)”.

Vou também aproveitar e demonstrar na HP-12c:

• “f” “CLx”;
• “100000” “PV” (nosso P);
• “18” “n” (o número de parcelas, sendo n);
• “7270,87” “CHS” “PMT” (o valor de nossa parcela, R);
• Agora, pressione “i” para conhecer a resposta.

Uma vez executada qualquer uma das metodologias, teremos como resposta uma

taxa de 3% a.m., e é nesse momento que temos condições de questionarmos se hou-

ve algum desacordo com a taxa encontrada no contrato.

Muito bom, agora já estamos de posse de ferramentas suficientes para avançarmos

mais um pouco.

Sistema de Amortização Francês


O Sistema de Amortização Francês, ou simplesmente tabela Price, como já mencio-

namos anteriormente, recebeu o apelido de tabela Price devido ao seu criador, mate-

mático, filósofo e teólogo inglês Richard Price, que viveu no século XVIII. Mas se ele

era inglês, por que o sistema é francês? Porque o sistema foi desenvolvido efetiva-

mente na França, a pedido de um rei chamado Felipe.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 103


Uma das características do sistema Price é que suas parcelas são constantes, iguais

e sucessivas, não necessariamente mensais, pois podemos ter prestações bimes-

trais, trimestrais, semestrais ou até anuais.

A parcela desse sistema de cálculo é concebida por: uma parte chamada juros e uma

outra que recebe o nome de amortização do saldo devedor, também conhecida como

parcela de amortização do capital. Farei, na sequência, toda a demonstração mate-

mática da tabela.

Como já dito antes, os passos para calcularmos a parcela do sistema Price são idên-

ticos ao método de apuração da parcela do FRC (Fator de Recuperação de Capital),

para reforçar, demonstro novamente a fórmula:

Ressalta-se apenas uma pequena mudança dessa fórmula que é quando o cálculo

envolver o que chamamos de carência no pagamento, assunto que será abordado

mais adiante.

Para solucionarmos a tabela, será necessária a utilização de mais três pequenas fór-

mulas, sendo elas:

104 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Em que:

• J = representa o valor dos juros;


• i = a taxa de juros;
• P = valor do capital financiado ou saldo devedor (o que falta ser pago);
• A = valor da amortização de capital;
• R = valor da prestação/parcela;
• Sd = valor do saldo devedor calculado;
• Sa = valor do saldo anterior (sempre buscado na tabela).

Agora que conhece todas as variáveis necessárias, partiremos para a apuração

dos valores e solução da tabela. A seguir, um exemplo utilizando as situações abor-

dadas anteriormente.

Exemplo 1: calcular o valor das parcelas, de amortização e dos juros, segundo o sistema

Francês de Amortização, para um empréstimo de R$ 10.000,00 a serem pagos em 10

parcelas mensais, iguais e sucessivas, considerando uma taxa de juros de 1,99% a.m.

Solução convencional:

• P = 10.000,00;
• n = 10 parcelas;
• i = 1,99% a.m.;
• Calcular a parcela (R), a amortização (A) e o valor dos juros (J).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 105


Ótimo, já sabemos que a parcela é constante, logo, tem-se dez parcelas de R$

1.112,68, essa informação é muito importante na tabela que resolveremos a seguir;

os valores de juros, amortização e saldo devedor serão encontrados na metodologia

utilizada na memória de cálculo após a Tabela 1.

Tabela 1: Plano de pagamento sistema Price

Saldo
n Amortização Juros Prestação
Devedor
0 10.000,00 0,00 0,00 0,00
1 9.086,32 913,68 199,00 1.112,68
2 8.154,46 831,86 180,82 1.112,68
3 7.204,05 950,41 162,27 1.112,68
4 6.234,72 969,33 143,36 1.112,68
5 5.246,11 988,61 124,07 1.112,68
6 4.237,83 1.008,28 104,40 1.112,68
7 3.209,48 1.028,35 84,33 1.112,68
8 2.160,67 1.048,81 63,87 1.112,68
9 1.090,92 1.069,68 43,00 1.112,68
10 -0,05 1.090,97 21,71 1.112,68

Fonte: o autor.

106 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Memória de cálculo

Linha 1:

Linha 2:

Linha 3:

Linha 4:

Linha 5:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 107


Linha 6:

Linha 7:

Linha 8:

Linha 9:

Linha 10:

108 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Observando a Tabela 1, note que o saldo devedor encerrou em R$ -0,05 (devedor),

isso significa que, por questões de arredondamento na execução do cálculo, acaba-

mos por cobrar R$ 0,05 a mais do cliente nesse contrato de financiamento.

Pela característica que se faz presente ao longo do processo, percebe que os juros

estão diminuindo linha a linha, enquanto a amortização aumenta? Isso faz que o sal-

do devedor seja amortizado mais rapidamente à medida que evoluímos na segunda

metade do financiamento.

Observando a memória de cálculo e a tabela resolvida, é possível identificar os cálcu-

los da linha e relacioná-los à linha da tabela em que você estiver trabalhando. Utilize

como base sempre o saldo da linha imediatamente superior, por esse motivo, chama-

se “saldo anterior”, construindo, dessa forma, o “saldo devedor atualizado”.

Demanda certo trabalho construir essas tabelas manualmente, mas tanto o Excel®

quanto a calculadora HP-12c possuem a capacidade de resolver toda a tabela.

Primeiramente, observe a demonstração dos procedimentos na calculadora financeira:

1º) “f” “CLx”;

2º) “10000” “PV”;

3º) “1,99” “i”;

4º) “10” “n”;

5º) “PMT” (encontramos o valor da parcela);

6º) “1” “f” “AMORT” (informa na tela os juros da parcela);

7º) “x>< y” (informa na tela o valor de amortização);


8º) “RCL” “PV” (apura o saldo devedor atualizado);

9º) Retorne ao 6º passo (você deverá repetir os passos 6º ao 9º até atingirmos o

número de parcelas previstos na tabela).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 109


Apesar da repetição dos passos 6º ao 9º, exige-se menos de nós, pois toda a parte

“pesada” dos cálculos é concebida pela calculadora. Muito bem, para encerrarmos o

exemplo, faremos, agora, no Excel®.

1º passo: construa uma tabela no Excel®, conforme o modelo a seguir:

2º passo: preencha a tabela com as informações iniciais (saldo devedor inicial, amor-

tização, juros e prestação):

3º passo: localize a célula “E3”, digite a função “=PGTO(1,99%;10;-10000;;)”, sem

aspas, e pressione “enter” no teclado para sair da célula.

110 MATEMÁTICA FINANCEIRA


4º passo: o valor da parcela está calculado, nas demais células da coluna “E”, preen-

cha com a fórmula “=E3”, sem aspas, uma a uma, para que o valor da prestação fique

preenchido para todas as células.

5º passo: agora que já apuramos o valor da prestação em todas as células, resolvere-

mos linha a linha as demais informações, a começar pelos juros. Digite na célula “D3”

o cálculo: “=B2*1,99%”, sem as aspas, e pressione “enter”.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 111


6º passo: devemos, agora, calcular o valor da amortização, dessa forma, na célula C3,

digite: “=E3-D3”, sem as aspas, e pressione “enter”.

7º passo: acabamos de calcular a amortização, prosseguimos, agora, para o saldo

devedor, digite: “=B2-C3”, sem aspas, e dê “enter” na célula.

8º passo: já temos nossa linha base construída e, como utilizamos endereço de refe-

rência para as células no cálculo, podemos usar um recurso chamado “autocomple-

tar”. Para usar esse recurso, marque as células de B3 até D3 clicando e arrastando

o mouse. Após selecionado, posicione o mouse no canto inferior direito da seleção,

notará que o mouse mudará seu cursor.

112 MATEMÁTICA FINANCEIRA


9º passo: assim que o mouse mudar o cursor, na área circulada de vermelho, aperte o

botão do mouse, mantenha pressionado e arraste o mouse para baixo até a linha da

última parcela.

Assim, finalizamos a resolução da tabela utilizando uma planilha eletrônica para auxi-

liar nos cálculos e a construção.

Nesse exemplo, consideramos que o cliente pagará a parcela após, exatamente, 30

dias da contratação desse financiamento. E se o cliente solicitar o pagamento depois

MATEMÁTICA FINANCEIRA 113


de 90 dias, ou seja, 3 meses após a tomada do empréstimo? Quando essa solicitação

acontecer, chamaremos de “carência”, comum nas operações de financiamento, o

contratante começa a pagar as parcelas somente após esse período de “carências”

sem parcelas. É claro que isso influenciará no valor das parcelas, pois temos 3 meses

em que não houve qualquer tipo de amortização do saldo devedor, com isso, mais

juros serão gerados!

Só para documentar, existem planos de carência em que o contratante não pagará o

valor das parcelas, apenas os juros, assim, o valor da parcela não será acrescentado

por um prazo sem qualquer tipo de amortização.

Voltando ao estudo de caso, esses juros, mencionados anteriormente, corrigem o

saldo devedor, para cálculo da parcela será acrescentada uma seção na fórmula que

corrigirá o saldo, para, então, gerar o parcelamento final.

O que se deve levar em consideração é que a fórmula da parcela já considera uma

carência exata de 30 dias, um mês comercial; se o cliente tiver uma carência de 3

meses, preocupar-nos-emos com apenas 2 meses, já que o primeiro mês está devi-

damente considerado na fórmula.

Calcular a carência é fácil; seguindo o exemplo de empréstimo que realizamos, sendo

os R$ 10.000,00, à taxa de 1,99% a.m. e 10 parcelas mensais, iguais e sucessivas,

mas agora com uma carência de 3 meses para iniciar os pagamentos, teríamos esta

proposta de solução:

• P = 10.000,00;
• i = 1,99% a.m.;
• n = 10 parcelas;
• Carência de 3 meses.

114 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Com relação aos cálculos, farei um misto entre desenvolvimento manual e Excel®,

posteriormente, darei alguns passos na calculadora HP-12c, para que você tenha uma

noção ampla das várias formas de resolver o problema manual, não se preocupe com

a memória de cálculo, simplesmente iniciaremos os cálculos de juros e amortização

após passada a carência e essa é a única diferença para o modelo resolvido antes.

Para calcular com carência, apresento o modelo matemático para a apuração da prestação:

A seção acrescentada ((1+i)m), fará a correção do parcelamento em função da carên-

cia concedida, a taxa, nesse novo módulo, será a mesma do exercício, já a incógnita

m representa o tempo de carência. Mas é válido lembrar que devemos interpretar,

como dito anteriormente, pois a fórmula já possui 30 dias “automáticos”, se o cliente

solicitar 90 dias de prazo para começar a pagar, então, apuraremos apenas 60 dias

de juros na correção do saldo devedor.

Sem contar que ainda existem contratos de empréstimos que a primeira parcela é

paga no momento da assinatura do contrato, assim, nem mesmo os 30 dias deverão

existir dentro da planilha, isso se chama “série antecipada”.

Retornando ao cálculo, peço que considere para m:

• Carência superior a 30 dias: faça sempre m = carência -1;


• Carência de 30 dias: considere m = 0 ou, simplesmente, use a fórmula original;
• Pagamento imediato, ou seja, a primeira parcela é no ato de assinatura do
contrato (série antecipada): considere m = -1.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 115


Sendo assim, temos:

m = carência - 1

m=3-1

m=2

Calculando:

Não se esqueça de que, nessa memória de cálculo, a carência é de 3 meses, mas,

como a fórmula já possui um mês embutido, devemos apenas nos preocupar com a

diferença, por isso, usamos “m = 2”.

Quando a série for antecipada, ou seja, a primeira parcela no ato de assinatura do con-

trato de empréstimo, o “m” será igual a “– 1”. Quando isso acontece, a utilização do “m”

negativo faz que os 30 dias (um mês) que estão dentro da fórmula deixem de existir.

116 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Assim, nossa tabela fica:

Tabela 2: Evolução dos pagamentos com carência

Saldo
n Amortização Juros Prestação
Devedor

0 10.000,00      

1 10.199,00      

2 10.401,96      

3/1 9.451,55 950,41 207,00 1.157,41

2 8.482,22 969,32 188,09 1.157,41

3 7.493,61 988,61 168,80 1.157,41

4 6.485,32 1.008,29 149,12 1.157,41

5 5.456,97 1.028,35 129,06 1.157,41

6 4.408,16 1.048,82 108,59 1.157,41

7 3.338,47 1.069,69 87,72 1.157,41

8 2.247,49 1.090,97 66,44 1.157,41

9 1.134,81 1.112,68 44,73 1.157,41

10 - 0,02 1.134,83 22,58 1.157,41

Fonte: o autor.

Observando a Tabela 2, é notório que as 3 primeiras linhas não possuem valores

lançados, pois tratam da carência de 90 dias combinada com o cliente para início das

parcelas, a única evolução que ocorre nessas linhas é dos juros que corrigem o saldo

devedor, na linha “3/1” é exatamente onde termina a carência de tempo para paga-

mento e inicia o parcelamento; o cálculo é realizado exatamente da mesma forma que

na tabela anterior (sem a carência).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 117


Na calculadora HP-12c, o procedimento segue a mesma simplicidade, devendo pre-

parar primeiro o valor financiado para seguir, ficando:

1º) “f” “CLx”;

2º) “10000” “PV”;

3º) “1,99” “i”;

4º) “2” “n” (realizando carência – 1, nosso “m”);

5º) “FV” (aqui temos o saldo corrigido pela carência);

6º) “CHS” (faz que o resultado volte a ser positivo);

7º) “f” “FIN” (limpamos apenas a memória financeira para não perdermos o valor

registrado na tela);

8º) “PV” (aproveitamos o valor que está no visor);

9º) “1,99” “i” (devemos inserir novamente a taxa, pois limpamos a memória!);

10º)“10” “n” (quantidade de parcelas);

11º) “PMT” (resultado do valor da parcela);

12º) “1” “f” “AMORT” (os juros da parcela estarão no visor);

13º) “x>< y” (apresenta o valor de amortização);


14º) “RCL” “PV” (visualiza o saldo devedor atualizado);

15º) Retorne ao 12º passo (você deverá repetir os passos de 12 a 15 até o térmi-

no das parcelas contidas na tabela).

Nesse procedimento, resolvemos nossa tabela sem qualquer problema, somente serão

exigidas atenção e concentração para não pular passos e comprometer o resultado final.

Para solucionar no Excel®, poderá proceder da seguinte forma: numa célula fora

da tabela, use “=VF(1,99%;2;;-10000;)” e, na célula para a parcela, preencha com

a função “=PGTO(1,99%;10;10401,96;;)”, lembrando que é sem aspas; também,

poderá usar o modelo de tabela anterior. Se preferir, é possível realizar uma única

118 MATEMÁTICA FINANCEIRA


função, integrando as duas funções em uma, então, na célula da parcela, faça: “=PG-

TO(1,99%;10;VF(1,99%;2;;-10000;);;)”.

O Excel® é muito dinâmico, podendo unir funções e tirar o máximo de proveito de

seus recursos, veja que simplesmente usei a função “VF” (Valor Futuro), devidamente

preenchida com os dados para o cálculo da carência, dentro da função “PGTO” (Pa-

gamento) e, claro, complementando com o restante dos dados.

Mencionei anteriormente a situação em que o cliente pode optar por pagar a primeira

parcela no ato de assinatura do contrato, não é comum! Mas existe e é importante

estudar o caso.

Ao procedimento em que se é liquidada a parcela apenas 30 dias após, ou em casos

de carência, um tempo maior para começar os pagamentos, chamamos de séries

“postecipadas”; tudo que vimos até agora, em se tratando de parcelas, é postecipado.

Ao caso de clientes que pagam a primeira parcela no ato, damos o nome de séries

antecipadas, que caracterizam-se por amortizar primeiro, calcular juros depois. Para

ficar ainda mais fácil de você compreender essa situação, raciocine o seguinte: se

estou pagando uma parcela no exato momento que o empréstimo é tomado, não há

motivos para pagar juros se não estamos tendo prazo algum! Obviamente, refiro-me

à primeira parcela à vista, as demais parcelas são normais.

Pelo fato de a primeira parcela não possuir qualquer prazo de pagamento é que a

amortização se dá com seu valor integral contra o saldo devedor.

Usando o já batido exemplo, vamos considerar o pagamento de uma série antecipa-

da. Assim, temos:

m = -1

MATEMÁTICA FINANCEIRA 119


Calculando manualmente:

Lembrete!

Note que, em expoentes negativos, segundo a propriedade da potência, invertemos,

formando uma fração. A propriedade da potência é dada por .

Construindo a tabela com uma série antecipada:


Tabela 3: Evolução dos pagamentos com parcela imediata

Saldo
n Amortização Juros Prestação
Devedor
0 10.000,00 1.090,97   1.090,97
1 8.909,03 913,68 177,29 1.090,97
2 7.995,35 931,86 159,11 1.090,97
3 7.063,49 950,41 140,56 1.090,97

120 MATEMÁTICA FINANCEIRA


4 6.113,08 969,32 121,65 1.090,97
5 5.143,76 988,61 102,36 1.090,97
6 4.155,15 1.008,28 82,69 1.090,97
7 3.146,87 1.028,35 62,62 1.090,97
8 2.118,52 1.048,81 42,16 1.090,97
9 1.069,71 1.069,68 21,29 1.090,97
10 0,03 1.090,97 0,00 1.090,97

Fonte: o autor.

Procedimento usando a calculadora HP-12c:

1º) “f” “CLx”;

2º) “10000” “PV”;

3º) “1,99” “i”;

4º) “10” “n”;

5º) “g” “BEG” (ativa o modo série antecipadas)

6º) “PMT” (encontramos o valor da parcela);

7º) “1” “f” “AMORT” (coletamos os juros da parcela);

8º) “x>< y” (coletamos o valor de amortização);

9º) “RCL” “PV” (recuperamos o saldo devedor atualizado);

10º) Retorne ao 1º passo (você deverá repetir os passos de 7 a 10, até o término

da tabela).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 121


Importante!

No 5º passo, houve a ativação do mecanismo de antecipação das parcelas na cal-

culadora. Imediatamente após encerrar o cálculo, você deverá desativar esse proce-

dimento, pois, estando o recurso ativado, influenciará todos os seus cálculos futuros

que envolvam juros compostos.

Para desativar, faça o procedimento pressionando: “g” “8”.

Como saber em que modo estou trabalhando? A calculadora sinaliza de forma bem visível.

Observe o visor, se a palavra “BEGIN” está sendo exibida, o modo antecipação está ativa-

do, do contrário, quando nada é apresentado, temos o modo postecipado como padrão.

No Microsoft® Excel®, também é possível considerar o modo antecipado ou posteci-

pado, algo simples e discreto, em todas as funções que envolvem juros compostos na

planilha, no final, é possível especificar o tipo. As opções disponíveis são “0” (zero),

para fim do período, e “1”, que sinaliza início do período.

Solucionando no software, você simplesmente poderá proceder da seguin-

te forma: assim como antes, escolha uma célula qualquer fora da tabela e digite:

“=PGTO(1,99%;10;10000;;1)”, você também poderá usar o modelo que usamos para

a Tabela 3. No que tange ao restante da tabela, nada a acrescentar, são as mesmas

fórmulas da série postecipada. A única atenção que se deve ter é que, observando

a tabela anterior preenchida, você perceberá que a parcela inicia imediatamente na

linha “0” (zero).

A amortização da parcela é integral contra o saldo devedor, apenas a partir da linha

“1” (um) que ocorrerá incidência de juros.

122 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Dica importante!

Vale lembrar que, no Brasil, os contratos de financiamento, em um tipo de operação

financeira, são tributados por um imposto chamado IOF (Imposto sobre Operações

Financeiras); sobre financiamentos simples, o imposto é de 0,38% sobre o valor finan-

ciado. Claro que há percentuais diferentes, não é nosso objetivo estudar tributações,

mas, em uma negociação, informe-se das condições. Você conseguirá calcular a taxa

real que está sendo cobrada, tenha controle da negociação.

O IOF comumente é somado ao valor a ser financiado e cobrado junto ao parcelamen-

to; destaco: você financia um certo montante ou bem e o imposto é acrescido no VP

(Valor Presente).

Sistema de amortização constante (SAC)


O sistema de amortização constante, também conhecido como sistema SAC, diferen-

temente da tabela Price, não possui parcelas iguais, à medida que conduzimos os pa-

gamentos e amortizações, o valor da parcela acompanha, diminuindo o valor ao longo

do tempo. A calculadora HP-12c não realiza esse tipo de tarefa automaticamente,

portanto, devemos realizá-lo todo manual. Mas o Excel®, sendo um incrível software

de planilha eletrônica, pode nos ajudar muito. Afinal, temos que apenas construir as

fórmulas básicas usando as referências relativas (endereçamento) de células e, final-

mente, usar o recurso autocompletar para arrematar o trabalho.

Como o nome já diz: “Sistema de Amortização Constante”, a amortização é constante

do início ao fim, porém a parcela começa maior e finaliza menor. Essa metodologia

é comumente utilizada em financiamentos de casa própria ou FINAMES (esses são

contratos de financiamento, na grande maioria, de máquinas agrícolas ou caminhões).

MATEMÁTICA FINANCEIRA 123


saiba mais

Quer saber mais sobre FINAME?

Acesse: <https://www.creditooudebito.com.br/finame-que-como-funciona/>.

Acesse também:

<http://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/finame/!ut/p/

z1/04_iUlDg4tKPAFJABpSA0fpReYllmemJJZn5eYk5-hH6kVFm8T6W3q4eJv-

4GPu5mfk4Gji6Wlh7ezkaGBi5m-l76UfgVFGQHKgIAWRAQKw!!/>.

Assim como no Price, o SAC também poderá sofrer influência da carência para início

do pagamento das parcelas, a correção do saldo devedor na carência dependerá

daquilo que é firmado em contrato, tais documentos descrevem a metodologia do cál-

culo, ou seja, como foram ou como poderiam ser apurados os juros da carência. Não

é comum conter cálculos em contratos, mas sim apenas as regras que se aplicam a

ele; cabe aos envolvidos e aos interessados interpretarem os procedimentos para a

apuração de valores.

Para a apuração de carência no SAC, observe o que está especificado no contrato do

financiamento, podendo haver várias formas de corrigir esse valor financiado, até que

se iniciem os pagamentos. As técnicas podem ser tanto a de valor futuro, dos juros

compostos, quanto a do montante no mecanismo de capitalização simples. A apura-

ção dos cálculos de amortização, juros de parcelamento e valor das parcelas se dá ao

término da carência.

No cálculo do SAC, precisaremos de algumas fórmulas, demonstradas a seguir:

124 MATEMÁTICA FINANCEIRA


A primeira (J) e a última (Sd) fórmulas são comuns em ambos os sistemas de amorti-

zação (Price e SAC), havendo alterações nas demais.

Já pôde perceber, caro(a) aluno(a), que as fórmulas do SAC exigem bem menos em

relação ao Sistema Francês, sendo mais básicas, se assim podemos dizer. Os signifi-

cados das incógnitas não mudam, havendo o mesmo entendimento padronizado que

venho trabalhando; você poderá encontrar variáveis diferentes em livros ou artigos

que pesquisar, mas a essência é a mesma, usar muitos autores pode confundir, então,

compare as equações para não ter problemas.

Demonstrando o funcionamento do SAC, usaremos os mesmos dados dos exercícios

já solucionados pelo sistema Price, assim, você poderá ter uma noção ou um “hori-

zonte” para comparar os sistemas e, consequentemente, tirar suas conclusões.

Portanto, temos um empréstimo de R$ 10.000,00, a ser pago em 10 parcelas pelo

sistema SAC, considerando uma taxa de juros de 1,99% a.m., calcularemos toda a

construção da tabela.

Bem, o primeiro passo é apurar o valor da amortização:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 125


Muito bom, agora que sabemos o valor de amortização, sendo R$ 1.000,00 por parce-

la, podemos construir a tabela SAC com os valores de amortização:

Tabela 4: Construção da tabela SAC

Saldo
n Amortização Juros Prestação
Devedor
0 10.000,00      
1   1.000,00    
2   1.000,00    
3   1.000,00    
4   1.000,00    
5   1.000,00    
6   1.000,00    
7   1.000,00    
8   1.000,00    
9   1.000,00    
10   1.000,00    

Fonte: o autor.

Realizei apenas o lançamento do valor financiado na linha 0 (zero), esta que represen-

ta o tempo presente, em seguida, lancei todos os valores de amortização constante.

Os próximos passos são calcularmos os juros, apurarmos a prestação e, finalmente,

atualizarmos o saldo devedor:

126 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Linha 1:

Linha 2:

Linha 3:

Linha 4:

Linha 5:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 127


Linha 6:

Linha 7:

Linha 8:

Linha 9:

Linha 10:

128 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Os cálculos que envolvem a metodologia do SAC são mais “leves” se comparados

ao sistema Price, analisando mais friamente, gosto de dizer que fazemos uso apenas

de 4 operações básicas, sendo elas a soma, a subtração, a multiplicação e a divisão.

Note as fórmulas e comprove.

Não há uma função na HP-12c para o cálculo do SAC, assim, sua resolução se dá

por cálculos algébricos comuns, sem a necessidade de funções especiais, apenas

operações básicas. Logo, qualquer calculadora nesse momento poderá nos ajudar a

construir a tabela.

Colocando a “mão na massa” e trazendo a existência nossa tabela com os valores

que acabamos de apurar, temos:

Tabela 5: Apresentação dos valores usando SAC

Saldo
n Amortização Juros Prestação
Devedor
0 10.000,00      
1 9.000,00 1.000,00 199,00 1.199,00
2 8.000,00 1.000,00 179,10 1.179,10
3 7.000,00 1.000,00 159,20 1.159,20
4 6.000,00 1.000,00 139,30 1.139,30
5 5.000,00 1.000,00 119,40 1.119,40
6 4.000,00 1.000,00 99,50 1.099,50
7 3.000,00 1.000,00 79,60 1.079,60
8 2.000,00 1.000,00 59,70 1.059,70
9 1.000,00 1.000,00 39,80 1.039,80
10 - 1.000,00 19,90 1.019,90

Fonte: o autor.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 129


Percebeu que não há segredos? Outro ponto importante: compare o valor das parce-

las, aqui, são decrescentes, muito diferente do Sistema Francês de Amortização, em

que a parcela é constante.

Algumas instituições financeiras realizam a correção do Saldo Devedor anualmente,

usando algum tipo de indexador que venha fazer a compensação, por exemplo, da

inflação. Elas simplesmente colhem o valor do Saldo Devedor e aplicam o indexador,

após a correção, recalculam o valor de Amortização, Juros e Parcela. Claro, sempre

usando a metodologia.

Aplicações e empréstimos financeiros


Modalidades básicas
Sem cálculos e com conceitos teóricos, apresento, a seguir, modalidades básicas das

operações financeiras para seu conhecimento, em que se destaca:

• As aplicações financeiras.
• Os empréstimos bancários.
• As operações com duplicatas (por exemplo: boletos).
• O factoring.

Farei a abordagem de cada um desses elementos, de maneira sucinta, com foco

apenas em municiá-lo(a) com conhecimentos acerca de tais termos comuns ao nosso

sistema financeiro nacional.

130 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Aplicações financeiras
As aplicações financeiras se dividem em dois grupos, as que possuem liquidez ime-

diata e as que não são imediatas. Aplicações com liquidez não imediata ainda se divi-

dem em prefixadas e pós-fixadas.

Mas o que significa liquidez? É um tempo fácil de compreender, liquidez nada mais é que

a capacidade de resgate da aplicação, ou seja, caso precise do dinheiro antes do prazo de

término da aplicação, ele estará disponível. Podemos dizer que se trata da velocidade com

que você tem acesso ao dinheiro aplicado, quanto maior a velocidade, maior a liquidez.

Aplicações de liquidez imediata


Agora que já sabe o significado de liquidez em uma aplicação, vamos citar alguns

exemplos de tipo que se enquadram nessa categoria. Geralmente, são as compras de

títulos do governo, como letras e bônus. É também exemplo de aplicação de liquidez

imediata, inclusive sendo considerada como opção para os mais conservadores, a

caderneta de poupança.

Aplicações com rendimentos prefixados


Esse modelo de aplicação leva o cliente a conhecer qual será sua taxa de retorno no

momento em que está contratando o produto bancário. Sua liquidez, porém, pode não

ser imediata, quanto maior for a taxa de retorno, maior será a necessidade de tempo

em que o dinheiro deverá ficar “recolhido” na instituição financeira.

Não há muito o que dizer sobre essa modalidade, simplesmente, como o próprio

nome diz, é prefixada. O cliente toma conhecimento do retorno no exato momento de

contratação.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 131


Aplicações com rendimentos Pós-Fixados
Ao contrário da anterior, não há como saber qual será a taxa de rendimento, sendo

apenas revelada no momento do resgate da aplicação. Também relaciona sua capaci-

dade de retorno ao tempo em que deixamos o dinheiro aplicado, assim, quanto mais

tempo, melhor!

Então, para esse tipo de aplicação, o cliente somente fica conhecendo o quanto ga-

nhou quando for executar seu resgate, válido também lembrar que é nesse momento

que incidem os tributos sobre a aplicação, como o imposto de renda.

Empréstimos bancários
Empréstimo bancário nada mais é que a concessão de certo valor monetário a um

cliente, exigindo ou não garantias para proteção ao financiamento. Vale aquela máxi-

ma de que, se não pagar, a instituição financeira executa o contrato transferindo para

si um bem do cliente para futuro leilão.

Empréstimos com Correção Monetária Prefixada


Particularmente, diria que esse é o melhor tipo de empréstimo, você sabe o que exata-

mente pagará. A taxa de juros é estabelecida no momento da contratação do produto,

desse modo, permite-se o conhecimento acerca do que será pago.

Isso não somente a respeito das taxas de juros mas também dos encargos referentes à ope-

ração, correção monetária e outros valores acessórios cobrados nesse tipo de empréstimo.

132 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Empréstimos com correção monetária pós-fixada
Esse tipo pode, aparentemente, ser atrativo em certas condições, mas não se engane,

pode ser muito perigoso. Afinal, o cliente não sabe exatamente qual será sua taxa de

juros. Mesmo que estabelecido um indexador, não há como prever o comportamento

desse mecanismo ao longo do tempo.

Chamo a atenção, principalmente, para contratos com duração extensa, que pode ar-

ruinar totalmente seu fluxo de caixa, caso o indexador suba “nas alturas”. Os valores

a serem pagos são conhecidos apenas no vencimento da parcela, como disse, em

uma opinião pessoal, não me agrada ficar sem saber o que exatamente devo pagar.

Operações com duplicatas


Cobrança simples de duplicatas
Esse modelo de operação consiste em serviços de cobrança executados por bancos,

funcionando da seguinte forma: um cliente qualquer realiza determinada compra, o

estabelecimento comercial, de certa forma, financia a compra parcelando em boleto

bancário. Claro que esse tipo de operação é comum entre fornecedores e clientes de

caráter jurídico.

Voltando ao exemplo, a empresa, após realizar a venda parcelada em boletos, emite

ao banco uma ordem de cobrança. O banco, por sua vez, como um terceiro nessa

operação, recebe a posse dos títulos de cobrança desse cliente, o qual receberá os

títulos de cobrança posteriormente.

Importante ressaltar que a propriedade dos títulos é da empresa vendedora, apenas

a posse se dá ao banco. Quando o boleto for liquidado (pago) pelo cliente, a empresa

receberá em sua conta-corrente o valor descontado de uma taxa referente à operação.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 133


Desconto de duplicatas
Depois de toda a operação realizada na Cobrança Simples, em que apenas a posse

está para o banco e a propriedade sendo da empresa, as coisas mudam no Desconto

de Duplicatas, pois a empresa que emitiu a ordem de cobrança, agora, realiza uma

transferência dos títulos ao banco, mediante um endosso. Passa ao banco, então, o

direito de receber o título; dessa forma, o valor é repassado à vista para a empresa,

claro que descontado de uma taxa de operação, e isso você já estudou, o desconto

simples. Porém, caso o cliente não pague o boleto até seu vencimento, o valor é des-

contado da conta-correte da empresa.

A taxa de desconto é negociada entre a empresa e o banco e variará em função do

número de dias que faltam para o vencimento do título. Há casos em que o banco

poderá comprar da empresa sua carteira de recebimentos, obviamente, a taxa será

diferente da opção de desconto de títulos, mas a responsabilidade de receber ou não

do cliente final passa a ser do banco.

Caução de duplicatas
Trata-se de uma operação de empréstimo entre uma empresa e uma instituição fi-

nanceira (banco), na qual o banco exige que o cliente beneficiário lhe entregue títulos

como uma garantia do empréstimo. Fato relevante de ser mencionado é que o valor

dos títulos dados como garantia (caução) é sempre maior que o valor liberado.

134 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Factoring
Ao contrário do que muitos pensam, Factoring é pessoa jurídica de fomento comercial,

e não uma ação. São empresas geralmente de assessoria creditícia e mercadológica,

administração de contas a receber e a pagar, gestão de crédito, seleção e riscos.

Também são empresas especializadas na compra de direitos creditórios, aqueles bo-

letos resultantes da venda de bens de forma parcelada. O processo é simples, em que

a titularidade dos boletos é transferida para a factoring, que, por sua vez, paga pelos

títulos adquiridos a um valor menor que seu valor de face.

O valor descontado depende diretamente do prazo de vencimento dos títulos, não é

diferente das operações de desconto simples.

Você pode se perguntar, mas qual a diferença entre o factoring e o desconto bancário

de título? Bem, o factoring, como dito, é a compra do título, mas sem o direito de re-

gresso, o que normalmente eleva sua taxa de operação.

Taxa de abertura de crédito


A Taxa de Abertura de Crédito, ou TAC, como é conhecida, nada mais é que uma taxa

bancária cobrada de clientes na concessão do crédito de financiamento. A princípio, a

TAC é proibida, uma vez que seu valor é acrescido junto ao valor do bem a ser finan-

ciado. Dessa forma, o valor da taxa incrementa o saldo devedor e, consequentemen-

te, juros nas parcelas. Mas sua proibição é válida? Sim, inclusive prevista pelo CDC

(Código de Defesa do Consumidor), no artigo 6º, inciso V, que especifica o direito do

consumidor de revisão contratual nos casos de prestações de contas desproporcio-

nais oferecidas pelas instituições financeiras.

Como “nem tudo são flores”, existe um projeto de lei que tenta regulamentar a valida-

de da TAC, ou seja, se aprovado, ela será totalmente válida e permitida. O projeto de

lei é o PL-632/2007.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 135


saiba mais

Quer saber mais sobre a PL-632/2007, então, acesse:

<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=346979>.

Lembra de nosso exemplo, em que o cliente financia R$ 10.000,00? Muito bem, se a

TAC cobrada pela instituição que está concedendo o crédito é no valor de R$ 900,00,

você deverá calcular não apenas os R$ 10.000,00 do bem ou crédito adquirido, mas

sim R$ 10.900,00.

Elevando, dessa forma, o custo do empréstimo, isso mesmo, torna-o mais caro.

Custo de emissão do contrato


Trata-se da cobrança de todas as despesas operacionais e de todos os gastos com

custos gerados pela operação financeira. Quando se assina um contrato com uma

instituição financeira qualquer para financiar um bem ou simples crédito, é cobrada

uma tarifa de registro de contrato de financiamento, além, é claro, dos insumos opera-

cionais citados no parágrafo anterior. Várias instituições financeiras fazem tal cobran-

ça, algumas não incluem tarifa alguma, fato esse justificado em alguns casos que o

solicitante do crédito já é cliente na instituição.

A questão é que consumidores ficam em dúvida acerca de essa cobrança ser legal

e permitida. Vamos por partes, os custos administrativos e operacionais da operação

de crédito são permitidos e legais sim. A análise de crédito, o gasto com a emissão

de boleto bancário e o registro de contrato são considerados custos administrativos,

parte integrante da administração financeira.

136 MATEMÁTICA FINANCEIRA


As taxas como a de registro do contrato, TAC (Taxa de Abertura de Crédito) e a TEC

(Taxa de Emissão de Cobrança), no entanto, não são permitidas. As instituições mu-

dam os nomes desses tipos de tarifas para não despertar a atenção do consumidor,

porém, em uma investigação profunda, descobre-se a cobrança indevida.

A taxa de emissão do contrato poderá ser cobrada de várias formas, sendo elas: in-

clusa já na taxa de juros; cobrada à vista no momento da assinatura de concessão

do crédito; inclusa no valor a ser financiado, igualmente, incluem a TAC, somando ao

saldo devedor; também, cobrada na liberação do crédito, o valor liberado é deduzido

desses valores – o cliente pagará o financiamento de R$ 10.000,00, porém receberá

um valor líquido menor em sua conta corrente.

Impostos sobre operações financeiras


Também chamado como IOF, é um imposto sobre as operações financeiras, cobrado

em concessões de crédito (financiamentos), seguros, aquisição de moeda estrangei-

ra, compras no cartão de crédito realizadas no exterior, no parcelamento da fatura do

cartão, operações de crédito entre instituições etc.

saiba mais
Se quer saber mais sobre o IOF, acesse: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-ra-

pido/tributos/IOF>.

O valor do IOF pode variar. Em empréstimos comuns feitos com um banco, a cobran-

ça é por volta de 0,38% sobre o valor da operação. Já compras no exterior feitas com

cartão de crédito geram um IOF de 6,38%.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 137


Então pode variar de acordo com a operação que esteja se submetendo, no caso de

financiamentos, o valor do IOF é calculado, como dito, sobre o valor financiado. Logo,

os mesmos R$ 10.000,00, que exaustivamente calculamos nos sistemas de amortiza-

ções, seriam acrescidos do imposto para ser financiado, dessa forma, o valor financia-

do seria o capital acrescido de 0,38%, ou seja, um total de R$ 10.038,00.

Quando a instituição cobra TAC, simulando um valor de R$ 900,00, temos o seguinte cálculo:

Valor solicitado = $ 10.000,00

TAC = $ 900,00

Subtotal = $ 10.900,00

(+) IOF de 0,38% sobre o Subtotal = $ 41,42

Valor total a ser financiado = $ 10.941,42

Notou que são quase R$ 1.000,00 a mais do solicitado? Agora, com esse valor, simule o

financiamento acrescentando juros e veja o quanto custará! É realmente desmotivante.

Taxa nominal e taxa efetiva


Como último tópico a ser abordado, trataremos das taxas de juros nominal e taxa efeti-

va. É claro que voltaremos, agora, aos cálculos, com fórmulas e tudo mais. Mas o que

caracteriza essas taxas? Muito bem, faremos a abordagem gradual dos conceitos.

138 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Taxa efetiva
Para Hoji (2016, p. 63) “a taxa efetiva tem a finalidade de medir o juro efetivo produ-

zido por um capital, enquanto a taxa equivalente tem a finalidade de comparar duas

taxas”. Na mesma obra, elaborada pelo autor, Assaf Neto (2012, p. 23, apud HOJI,

2016, p. 62) descreve a taxa efetiva como “[...] taxa dos juros apurada durante todo

o prazo n, sendo formada exponencialmente através dos períodos de capitalização”.

O que isso tudo significa? Bem, vamos relembrar que, quando estudamos os meca-

nismos de capitalização, vimos que uma taxa pode ser informada em um período de

tempo divergente ao da capitalização.

Quando se deparado, porém, com um prazo de capitalização idêntico ao prazo de

uma taxa, então, dizemos que essa taxa é efetiva. Por exemplo, uma aplicação que

paga juros de 1% a.m. e o capital investido ficará por 6 meses aplicado. Note que

tanto a taxa quanto o prazo de capitalização convergem, portanto, essa taxa é efetiva.

Agora, se temos uma taxa de juros de 12% a.a. para um capital investido por 6 meses,

essa taxa não é efetiva. Tomemos como base o valor de R$ 1.000,00, aplicado a uma

taxa de juros de 1% a.m. por 6 meses, teremos:

M = P(1+i)n

M = 1.000 ( 1+ 0,01)6

M = 1.061,52

Veja que tivemos um total de R$ 61,52 a título de juros nessa aplicação. Apurando

para confrontar a taxa com o capital investido, temos:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 139


Agora, faremos a proporção da taxa de juros efetiva apenas:

Percebe que chegamos ao mesmo resultado? Isso se dá ao fato de realmente estar-

mos trabalhando com uma taxa de juros efetiva, em que o tempo da taxa é igual ao

prazo de capitalização a que o investimento fica submetido.

Taxa nominal
Segundo Hoji (2016, p. 63), uma taxa nominal “[...] é a taxa de juro contratada em uma

operação financeira e é expressa geralmente em período de tempo que não coincide

com o período em que ela é referida”.

Desse modo, se procurarmos um agente financeiro, questionando acerca da taxa de

juros paga na aplicação de um capital que ficará por 12 meses investido, a respos-

ta será uma taxa de juros de 12% ao ano! Essa taxa é, então, nominal, pois o juro

140 MATEMÁTICA FINANCEIRA


produzido por ela no regime de capitalização composto é diferente do informado; ob-

viamente, podemos realizar conversão da taxa para apurar a taxa efetiva.

Diferentemente da taxa efetiva, a nominal é tratada de outra forma. Veja que o gerente da

instituição financeira nos forneceu a informação de que a taxa de juros para aplicações é

de 12% ao ano. Quando nosso investimento for submetido à aplicação, a taxa simples-

mente será dividida por 12, porque um ano tem doze meses. Logo, nossa taxa mensal

será de 1% ao mês, encontrada pela divisão simples de 12% ao ano por 12 meses.

Submetendo o capital a uma aplicação à taxa de juros de 1% ao mês capitalizados

mensamente, pelo prazo também de 12 meses, teremos:

Apurando, nota-se a presença de R$ 126,83 de juros acumulados ao longo dos doze

meses. Encontrando a taxa total, temos:

Muito diferente dos 12% ao ano, dessa forma, dizemos que a taxa contratada é nomi-

nal e os percentuais encontrados de 12,6825% foi efetivo ao longo do tempo, referen-

te à taxa contratada. Desse modo, é possível estabelecermos uma conversão de taxa

nominal para efetiva, utilizando a expressão:

MATEMÁTICA FINANCEIRA 141


Em que:

• ief = Taxa efetiva;


• inom = Taxa nominal;
• n = Prazo ou tempo.

Lembrando que, no final, a taxa encontrada estará em razão centesimal, sendo ne-

cessário multiplicarmos por 100 para informar em porcentagem.

Aplicando a fórmula, pode-se responder: qual a taxa efetiva referente a uma aplicação

contratada com taxa nominal de 26,82% ao ano? Acompanhe a solução:

• inom = de 26,82% ao ano;


• n = 12 meses, porque nossa taxa é ao ano;
• ief = qual a taxa efetiva?

142 MATEMÁTICA FINANCEIRA


A taxa nominal de 26,82% ao ano produz uma taxa efetiva de 30,3753% ao ano. Isso

se deve ao fato de, relembrando, o tempo de nossa taxa informada não ser conver-

gente com o período de capitalização mensal ao qual o capital ficou exposto.

Taxas nominal e efetiva com presença de despesas


Avançando para nosso último tópico, farei a demonstração de uma situação comum

nos ambientes financeiros. Nosso próximo passo é apurar tanto a taxa nominal quanto

a efetiva, para o caso da existência de uma despesa ou custo qualquer cobrado na

emissão do contrato.

Vale ressaltar que teremos um sensível aumento da taxa efetiva, caso exista a pre-

sença de outros valores, além do valor financiado, para compor o processo de cálculo.

Desse modo, suponha que uma pessoa toma emprestados R$ 3.000,00, no final do

período, apura que ocorreu o pagamento total de R$ 3.300,00. Essa pessoa, cliente

de determinada instituição financeira, pagou, no ato da operação, o custo referente à

liberação do contrato, no valor de R$ 30,00. Deve-se determinar qual a taxa nominal

e efetiva desse contrato.

Como primeiro passo, a sugestão é encontrar a taxa nominal, que é tarefa fácil. Se-

guimos para a resolução:

• M = $ 3.300,00;
• P = $ 3.000,00;
• n = como o exemplo não cita o prazo, considere período único (igual a 1);
• i = qual a taxa nominal, segundo o regime de capitalização composta?

MATEMÁTICA FINANCEIRA 143


Façamos uma pausa para rápida explicação, como temos um expoente 1 (um), este

não pode ser considerado uma potência, logo podemos simplesmente eliminar o pa-

rêntese. Vamos prosseguir:

Muito bem, encontramos a taxa nominal de 10% no período, agora, devemos apurar a

taxa efetiva. Para isso, deve-se considerar os custos que foram gerados pelo contrato,

nesse caso, em especial, o valor é de R$ 30,00. Como o enunciado destaca que tal

custo foi pago no ato da operação, é necessário, então, subtrair do valor presente os

custos do contrato. Assim, recalculando, teremos:

• M = $ 3.300,00;
• P = $ 3.000,00 – $ 30,00 = $ 2.970,00;
• n = considere período único (igual a 1);
• i = qual a taxa efetiva, segundo o regime de capitalização composta?

144 MATEMÁTICA FINANCEIRA


Da mesma forma anterior, o 1 (um) localizado no expoente da taxa não é uma potên-

cia, eliminamos, assim, o parêntese.

Excelente, conclui-se que a taxa efetiva desse contrato foi de 11,11% no período em

questão. A diferença está no fato de o cliente ter pagado as custas do contrato no ato

da negociação. Veja que a taxa efetiva é maior, porque o valor pago foi R$ 3.300,00,

mas o valor líquido tomado no empréstimo, na verdade, foi apenas R$ 2.970,00, des-

contando custas de emissão e liberação.

Caso se depare com essa situação no futuro, lembre-se de subtrair o valor, seja de

custos de emissão ou de despesas do contrato, indiferentemente, deve ser abatido o

valor para o cálculo da taxa efetiva.

Chegamos ao fim de nossa unidade, espero que tenha sido uma leitura agradável,

com enriquecimento do conhecimento. Lembre-se de praticar os exercícios para fixa-

ção do conteúdo. Até a próxima, sucesso e abraços!

MATEMÁTICA FINANCEIRA 145


atividades paRa COmpReensãO dO COnteÚdO

FAC:

1) Quanto uma pessoa terá de aplicar mensalmente em um “Fundo de Renda Fixa”,

durante 5 anos, sendo o primeiro depósito no final do primeiro período, para que

possa resgatar $ 200.000,00 no final de 60 meses, sabendo que o fundo propor-

ciona um rendimento de 2% ao mês?

2) (VIEIRA SOBRINHO, 2011, p.157) No final de quantos meses terei o montante de

$ 124.892,78, aplicando R$ 400,00 por mês, a uma taxa mensal de 2%?

3) (STIELER, sd.) A que taxa devo aplicar $ 15.036,28 por ano para que eu tenha um

montante de $ 500.000,00 no final de 10 anos?

FFC:

4) (COUTO, 2004) Quanto terei de aplicar mensalmente, a partir de hoje, para acu-

mular, no final de 36 meses, um montante de $ 300.000,00, sabendo que o rendi-

mento firmado é de 34,489% ao ano e que as prestações são iguais e consecuti-

vas e em número de 36?

5) (SÓ ENSINO) Quantas aplicações mensais de $ 1.000,00 são necessárias para

se obter um montante de $ 33.426,47, sabendo-se que a taxa é de 3% ao mês,

que a primeira aplicação é feita no ato da assinatura do contrato e a última 30 dias

antes do resgate daquele valor?

6) (SIQUEIRA, 2014) Um “Fundo de Renda Fixa” assegura, a quem aplicar 60 par-

celas iguais e mensais de $ 500,00, o resgate de um montante de $ 58.166,29 no

final do 60º mês. Sabendo-se que a primeira aplicação é feita na data do contrato,

calcule a taxa de rendimento proporcionada pelo Fundo.

146 MATEMÁTICA FINANCEIRA


7) (STIELER, sd.) Calcular o montante, no final do 8º mês, resultante da aplicação de 8

parcelas mensais e consecutivas, à taxa de 2,25% ao mês, sendo as 4 primeiras de

$ 12.000,00 cada uma e as 4 restantes de $ 18.000,00 cada uma, sabendo-se que

se trata de uma série de pagamentos com termos antecipados (renda antecipada).

8) (SÓ ENSINO) Quanto um aplicador poderá resgatar, no final de 2 anos, se adquirir

trimestralmente, no início dos 5 primeiros trimestres, $ 10.000,00 sabendo-se que

o rendimento é de 9% ao trimestre e que a primeira aplicação é feita “hoje”?

FRC:

9) (STIELER, sd.) Um empréstimo de $ 30.000,00 é concedido por uma instituição

financeira para ser liquidado em 12 prestações iguais, mensais e consecutivas.

Sabendo-se que a taxa de juros é 3,5% ao mês, calcule o valor da prestação.

10) (SÓ ENSINO) Calcule o número de prestações semestrais de $ 15.000,00 cada uma,

capaz de liquidar um financiamento de $ 49.882,65, à taxa de 20% ao semestre.

11) (SIQUEIRA, 2014) Determine a que taxa anual foi firmada uma operação de em-

préstimo de $ 100.000,00, para ser liquidada em 18 prestações mensais, iguais e

consecutivas, de $ 7.270,87 cada uma.

FAV:

12) (LESSA, 2012) Qual o valor atual de uma renda de 15 termos mensais de R$ 700,

com 3 meses de carência, à taxa de 1,5% ao mês?

13) (SÓ ENSINO) Calcule o valor atual de uma dívida que pode ser amortizada com

dez prestações mensais de $500,00, sendo de 2% ao mês a taxa de juros e de-

vendo a primeira prestação ser paga no 3º mês.

MATEMÁTICA FINANCEIRA 147


14) (SÓ ENSINO) A propaganda de uma grande loja de eletrodoméstico anuncia:

“Compre o que quiser e pague em 10 vezes. Leve o produto hoje e só comece

a pagar daqui a 3 meses”. Se a taxa de financiamento é de 3% ao mês, qual é o

valor da prestação de uma geladeira cujo preço à vista é $2.800,00?

Price e SAC

15) O financiamento de um equipamento no valor de $ 60.000,00 é feito em 6 meses,

à taxa de 10% a.m., sendo os juros capitalizados no financiamento. Como fica a

planilha de financiamento Tabela Price e SAC com a primeira prestação vencendo

daqui a um mês?

16) (3D CONCURSOS, 2016) Um automóvel no valor de $ 40.000,00 foi financiado

segundo um sistema de prestações. Sabendo que serão pagas cinco parcelas

sem entrada e que a taxa de juros vigente na operação foi igual a 5% ao mês,

componha, para cada período, o valor pago a título de juros e a título de amortiza-

ção (Price e SAC).

17) Uma máquina industrial é vendida com um financiamento em 12 prestações men-

sais e iguais. O fornecedor do equipamento exige 20% sobre o preço à vista como

entrada. A taxa de juros compostos da loja é igual a 2% ao mês, com prestações

constantes. A primeira prestação, no valor de $ 3.500,00, vence um mês após a

compra. Qual o valor do equipamento à vista?

18) (CASTANHEIRA, 2010) Qual é a taxa efetiva correspondente à taxa nominal de

18% a.a. capitalizada mensalmente a juros compostos?

19) (CASTANHEIRA, 2010) Transforme a taxa efetiva de 21,55% a.a. capitalizada tri-

mestralmente a juros compostos em taxa nominal anual.

148 MATEMÁTICA FINANCEIRA


20) (CASTANHEIRA, 2010) No caso de uma pessoa que tomou emprestado R$

24.850,00 e pagou, no final do período, R$ 28.149,00, determine a taxa nominal.

21) (CASTANHEIRA, 2010) Foi feito um empréstimo no valor de R$ 10.000,00 e os

juros pagos no final da operação foi de R$ 1.244,55. Sabendo que o banco cobrou,

no ato da operação, R$ 25,00 para cobrir despesas e mais R$ 38,00 de cadastra-

mento, calcule (dê a resposta com quatro casas após a vírgula):

a) qual foi a taxa nominal oferecida pelo banco?

b) qual foi a taxa efetiva paga pelo cliente?

ReFeRênCias
BONGIOVANNI, V. et al. Matemática:: volume único. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998.

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