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Conteúdo

Justificativa........................................................................................................................3
Formulação do problema...................................................................................................4
Hipóteses...........................................................................................................................5
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.........................................................6
Objectivos..........................................................................................................................7
CAPÍTULO II.................................................................................................................8
Educação Moral e Cívica.............................................................................................8
2.1 O conceito de Educação Moral e Cívica.................................................................9
2.2 OBJECTIVOS DA EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA.......................................12
2.4 Conteúdos Fundamentais teóricos da Educação Moral e Cívica...........................13
CAPÍTULO III-O BULLYING.......................................................................................14
3.1 Origem do termo Bullying.....................................................................................15
3.2 Conceito de bullying..............................................................................................16
3.3 Principais características do bullying:...................................................................17
3.4 Não falamos de bullying quando:..........................................................................17
3.5 Tipos de bullying..................................................................................................17
3.5 Participantes do fenómemo bullying.....................................................................19
3.5.1 Vítima.............................................................................................................19
3.5.2 Agressor/a (Bully)...........................................................................................19
3.5.3 Testemunhas...................................................................................................20
3.6 Causas do bullying................................................................................................20
3.7 Consequências do bullying....................................................................................21
3.7.1 Consequências para as vítimas.......................................................................21
3.7.2 Consequências para os agressores..................................................................21
3.7.3 Consequências para as testemunhas...............................................................21
3.8 Alguns factos sobre o bullying..............................................................................21
CAPÍTULO IIII-..............................................................................................................23
A Educação Moral e Cívica como ferramenta de controlo ao bulling no Ensino Primário
.........................................................................................................................................23
4.1 A EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA NAS ESCOLAS........................................25
CONCLUSÃO.................................................................................................................27
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................28
ANEXOS.........................................................................................................................29
Justificativa

Tendo em conta os diversos casos de bullying que se têm verificado no processo de


ensino e aprendizagem, gerando um aumento significativo da propagação da violência
entre os alunos e, apesar de bullying ser considerado um fenómeno universal e já se
terem feito estudos com carácter internacional, deve-se referir que para o caso de
Angola a literatura é escassa, não evidenciando quaisquer estudos desenvolvidos neste
território, urge-nos, como moralistas, abordar esta temática “ A Educação Moral e
Cívica, uma ferramenta de controle ao bullying”, para em contrapartida, apontar
soluções contundentes e exequíveis no ensino primário, em particular, e na sociedade,
em geral.
Por outra, acreditamos que, se se mudar a base curricular, no sentido de inserir uma
disciplina, desde a iniciação, voltada para assuntos relacionados à moral, teremos, então,
uma redução considerável de ocorrência de bullying nas escolas primárias, pois, como
diz o adágio popular, é de pequeno que se torce o pepino.
Em função do período da colonização seguido de guerra, e a globalização, a sociedade
angolana está passando por um período de alienação cultural, perdendo, cada vez mais,
valores morais e culturais. É necessário criar seminários de capacitação de pais e
encarregados de educação para educar, de uma forma espontânea, mas metódica,
informal, mas racional, a criança para que saiba as vantagens e desvantagens de fazer ou
não fazer alguma coisa, pois de papagaios a sociedade angolana anda cheia.
Essa temática torna-se um subsídio para os profissionais da área da educação, pais e
encarregados, pois apresenta uma linguagem simples, mas não vazia, sucinta, mas não
incompleta, de um assunto que diz respeito a toda sociedade.

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Formulação do problema

Apesar do bullying ser considerado um fenómeno universal e já se terem feito estudos


com carácter internacional, deve-se referir que para o caso de Angola a literatura é
escassa, não evidenciando quaisquer estudos desenvolvidos neste território. No entanto,
há alguns sinais de que se trata de um problema relevante, também no contexto
Angolano. O departamento de delinquência Juvenil do Ministério do Interior da
Província da Huíla recebe queixas frequentes de violência escolar, mas só os casos
graves têm merecido atenção, pois são tratados criminalmente.
Como a Educação Moral e Cívica pode ser uma ferramenta de controle ao bulying no
ensino primário?

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Hipóteses

Transmitindo qualidades e valores necessários à convivência social e escolar, tais como:


respeito mútuo, fraternidade, altruísmo.
Mobilizando as escolas para uma campanha regular de respeito às diferenças sociais,
económicas, físicas e psicológicas.
Cultivando, nos encarregados, a necessidade de se transmitir à criança uma educação
conservadora e não liberal.
Identificando as causas que levam o agressor à prática do bulying e , se possível, dar-
lhe apoio moral, psicológico e económico.
Estimulando os alunos a soer a prática de denúncia dos abusos aos professores, pais e
encarregados de educação.

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CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Magistério Secundário Intituto de Ciências religiosas de Angola, ICRA-Matala, é um


instituto pertencente a igreja católica em seu âmbito social, vocacionado a formação de
professores homologados às especialidades de Educação Moral e Cívica, Educadores
Sociais e Lingua Portuguesa.
Localizado no Município da Matala, Província da Huíla, a uma distância aproximada de
180 Km da sede da província (Lubango) sendo considerado o segundo maior em
densidade populacional a seguir ao Lubango, localiza-se a Sul da província. É limitado
a Norte pelo município de Chicomba, a Leste pelos municípios da Jamba e Cuvelai, a
Sul pelos municípios de Ombadja e Cahama, e a Oeste pelos municípios de Chiange,
Quipungo e Caluquembe. Com a população estimada de 262,763 habitantes. A sua
população é maioritariamente composta pelo grupo etnolinguístico Nyaneka, integrando
também outros pequenos grupos de Umbundo, Nganguela, Muhumbi e a raça mista, de
origem portuguesa. Na maioria esta população dedica-se a actividade agropecuária,
existindo entre ela camponeses associados, empresários agropecuários, comerciantes e
funcionários públicos e privados, a presença do Quartel General da Região Sul das FAA
e outros factores populacionais propiciam o incremento da actividade comercial A sede,
Matala, localiza-se sobre as margens da albufeira do Rio Cunene, o que faz da região
um potencial a nível agrícola, pesca continental e turistico.
A Barragem da Matala concluída em 1954, localizada na albufeira do Rio Cunene,
alberga a Unidade Hídrica que abastece de energia eléctrica, os grandes centros urbanos
do Lubango e Moçamedes, esta última na província vizinha do Namibe.
O município da Matala tem uma rede escolar de 105 escolas públicas e quatro privadas,
onde estão matriculados 74 mil e 346 alunos matriculados no presente ano lectivo,
destes 56 mil e 400 são do ensino primário. Conta com um universo de 1341
professores.

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Objectivos

Objectivo geral

 Aresentar a E.M.C como ferramenta de controle ao buliyng em instituições


primárias.
Objectivos específicos:

 Apontar a importância da E.M.C, no ensino primário, para uma boa convivência


no Processo de ensino e aprendizagem.
 Investigar as ocorrências de bulliyng nas instituições primárias, município da
Matala, nomeadamente: ALSSA, Escola Primária n.º 120, Escola Primária n.º
435 1.º de Maio.
 Apontar o bullying como um mal social que deve ser extinguido.
 Apresentar diferentes conceitos de buliyng segundo alguns autores.
 Citar os tipos de bullying.
 Mencionar as causas do bulying.
 Identificar os agentes participantes no fenómeno de bulliyng.
 Argumentar as possíveis soluções do bullying, aplicando a E.M.C.

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Matérias

1. Folhas A4
2. Cadernos
3. Lapiseiras
4. Telefone
5. Computador.

Cronogramas de actividades
Actividades de pesquisa Dez Jan Fev Ma Abri Maio
r l
Escolha e definição do tema. X
Pesquisa bibliográfica X
Implementação do entrevista X X
Recolha de dados X
Redacção final do trabalho X

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CAPÍTULO II

Educação Moral e Cívica

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O conhecimento da Moral e da sua aplicação na vida prática de todo e qualquer ser
humano é urgente e necessário para que tenhamos uma sociedade sadia, capaz de se
orientar o princípio fundamental da respectiva Moral: "Bonum est faciendum et malum
vitandum"(Devemos fazer o bem e evitar sempre o mal)
Para melhor percepção, é necessário decifrar cada termo que compõe a Educação Moral
e Cívica

Educação: processo que visa o desenvolvimento harmónico do ser humano nos seus
aspectos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade.
Moral: conjunto de normas de conduta consideradas mais ou menos absolutas e
universalmente válidas. Conjunto de costumes e opiniões de um indivíduo ou de grupo
social respeitantes a comportamento
Cívica(o):relativo aos cidadãos, como membros da Nação, respeitantes ao bem público;
que diz respeito ao bem comum.

O termo cívica é um adjectivo utilizado para referir-se a várias questões relacionadas


com o civismo ou convivência social dentro de uma comunidade. Normalmente, este
termo é usado para se referir a alguns tipos de pauta (pautas cívicas) de comportamento,
assim como certos tipos de conhecimento que estão dentro de uma disciplina escolar
conhecida como educação cívica ou instrução cívica (embora haja muitas variantes).
Neste sentido, a Educação Moral e Cívica é um tipo de educação centrado no estudo e
compreensão do que é considerado socialmente aceitado; todas essas pautas que
contribuem para a convivência social e que tem a ver com o respeito dos diferentes
direitos humanos, assim como, com o cumprimento das obrigações sociais que cada
cidadão possui.
Embora a educação cívica seja uma das disciplinas escolares mais agredidas e menos
consideradas, na realidade é a que talvez tenha ligação mais directa com a realidade
(característica que pode faltar a muitas outras disciplinas escolares e que são criticadas).
Em educação ou instrução cívica, os alunos devem aprender e conhecer dados de grande
importância, por exemplo, como é composta uma sociedade, quais são os direitos e
obrigações de quem a compõe, o que é a família, o que é um grupo de amigos, que tipos
de vínculos existem dentro de uma sociedade, as diferentes formas de governo e as
formas que cada cidadão tem para participar ativamente não só da política, mastambém
em muitos outros aspectos relacionados à sociedade

2.1 O conceito de Educação Moral e Cívica

A educação é entendida, como uma busca de igualdade para todos os indivíduos, que se
alcança pela aplicação de métodos eficazes para a aprendizagem do saber selecionado
para ser ensinado, e por outra, é a implementação de um sistema educativo de
responsabilidade do estado de qualquer pais que garante a educação para todos,
sustentando a promessa de progresso e acesso a todos os indivíduos (Vergara, 2015).

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Actualmente, fala-se de educação intercultural como uma proposta de ação educativa
teórico-prática em que prevalece o reconhecimento da existência dos outros como
sujeitos possuidores de uma cultura diferente e o conhecimento do que isto significa em
tremos de semelhanças e diferenças com a própria cultura escolar caraterizada por
múltiplas influências.

A educação intercultural se carateriza pelo intercâmbio e a interação e favorece o


desenvolvimento humano para o qual devemos adquirir competências e habilidades
interculturais. Assim, esta educação deve buscar promover nos alunos, o
desenvolvimento de capacidades de pensamento crítico que permite gerar uma
implicância entre os sujeitos na necessidade de construir um projeto social comum. Para
tal, a rotina docente deve estar focalizada em implementar práticas pedagógicas
contextualizadas baseadas em estratégias de ensino aprendizagem, com o diálogo,
reflexão e criatividade, promovem o desenvolvimento do pensamento crítico e a
autonomia do estudante (Beltrán-Véliz et al. 2019).

Segundo os gregos a palavra moral vem do latim moralis, que significa maneira de
viver, já os romanos associam esta origem a palavra ethos, que é entendida como a
maneira de fazer ou adquirir as coisas, costume, hábito. No entanto, moralis diz respeito
aos costumes.

Assim, a noção de moralidade é apontada como sendo complexa em sua concepção


clássica (baseada na razão e no agir corretamente) e da “afeição natural” (predisposição
interna para amar e fazer o bem). A moralidade é uma dimensão humana estreitamente
vinculada aos valores e tem um aspeto psicológico, na medida em que o indivíduo
depende de mecanismos racionais e emotivos. Está condicionada com o
desenvolvimento da personalidade sofrendo a influência de fatores socioculturais.
Porém, o estudo da moralidade tem interessado particularmente a psicologia evolutiva
desde uma perspetiva genética que permite o seguimento graduado acerca do
desenvolvimento moral, podendo identificar-se os fatores determinantes e as relações
entre eles (Raiza & Trina (2010).

Changwoo & Hyemin (2013), consideram a "ética ou filosofia moral" como disciplina
preocupada com o que é moralmente bom e mau, certo e errado. Ele afirmou que o
termo é também aplicado a qualquer sistema ou teoria dos valores morais ou princípios.
Da mesma forma, a ética comummente é considerada como um campo de reflexão
filosófica que orienta o nosso comportamento. A palavra cívica em muitos casos é
associada a educação para cidadania, em outros como formação cívica, todos eles
procurando compreender acerca dos valores humanos que permitem uma boa vivência
em sociedade. Assim, o objetivo da formação cívica é conseguir que o sujeito atue de
acordo com o que é o bem ou aquilo que é considerado bom. A formação cívica deverá
proporcionar ao indivíduo um conjunto de critérios para atuar de forma autónoma e
racional perante situações que apresentem conflitos de valores.
Apesar das diferenças, a base comum em que se apoia a competência social e cívica é
fundamentada exatamente na formação e no exercício da cidadania. Daí a necessidade

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de pensar sempre na responsabilidade moral da escola e em consequência Fernández-
Soria & Mayordomo Pérez (2014) enfatizam o desejo de organizar como uma
comunidade moral que reproduz um processo e condições de vida e considera que seus
procedimentos hão de estar concebidos para insistir mais na construção e a produção
que na observação é a mera aprendizagem. E deixa claro que tanto a formação de
caráter como a preparação da vontade dos hábitos morais têm uma perspetiva ou
finalidade social importante, dado que a ação moral é uma questão não individual, mas
também social, de maneira que a responsabilidade moral da escola e dos que conduzem,
e o sistema educativo que não conhece este fato da responsabilidade moral seria
incompleta. Só podemos saber se nós somos a maioria na verdade pela ação realizada
dentro da própria responsabilidade para os outros e com os outros na comunidade a que
pertencemos.

No entanto, como argumentam Gutiérrez & Lozano (2015), a educação é tida como um
fator chave para o desenvolvimento de capacidades, competências, habilidades e
atitudes que garantem uma boa convivência e salvaguardar os direitos e deveres dos
seres humanos.

Por isso, em função da diversidade é necessário que as instituições escolares sejam


reconhecidas como espaço que contribui para ajudar os integrantes da mesma a viverem
a democracia e os valores que garantam a convivência e respeitando a diferença.

Para Bruno, Jofré & Jover (2009), citados por Fernández & Mayordomo (2014), pensam
sempre que a responsabilidade moral da escola, antes é da sociedade e enfatizam o
desejo de organiza-la como comunidade moral, que reproduz um processo e condições
de vida. E considera que seus procedimentos devem estar relacionados com a
construção e produção em que a observação é o meio de aprendizagem. Considera a
formação de caráter como preparação da vontade ou os hábitos, costumes e têm uma
perspetiva ou finalidade social importante. Dado que a ação moral é uma questão não só
individual como social, o sistema educativo que não reconhece este fato seria
incompleto e caduco.

Portanto, com a contribuição de Gregori & Cervantes (2012), refletiremos acerca de


educar em valores em função da importância que representa. Por isso, incentivam a criar
condições para estimar os valores que permitem o desenvolvimento de conhecimentos,
habilidades e atitudes próprias para a convivência pacífica. Assim, considera que os
valores consagrados nas sociedades plurais e democráticas são o que se denomina
educação moral, aqual pretende aproximar as crianças e jovens a pautarem por uma
conduta e hábitos coerentes com os princípios e normas ou regulamentos.

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2.2 OBJECTIVOS DA EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA.

O objectivo fundamental da Educação Moral e Cívica não é apenas fornecer


informações teóricas. Não basta que as crianças saibam o que é democracia ou por que
as instalações públicas e privadas devem ser respeitadas. Tampouco a Educação Moral e
Cívica se adquire pela imposição de direitos e deveres, por meio de regulamentos. Deve
ser assumida na vida do indivíduo, deve fazer parte da vida, da prática e dos valores
pessoais. Conforme consta do Documento que, dedicado à Educação Moral e Cívica,
publicou o Ministério da Educação da Espanha (1992) e a que nos referimos na
Bibliografia, a Educação Moral pode ser compreendida num campo de reflexão que
ajuda:
1. Detectar e criticar os aspectos injustos da realidade quotidiana e as normas sociais
actuais;
2.- Construir modos de vida mais justos tanto no âmbito pessoal como no colectivo.
3.- Elaborar de forma autônoma, racional e dialógica princípios gerais de valor que
ajudem a julgar criticamente a realidade.
4.- Fazer com que os jovens assumam esse tipo de comportamento coerente com os
princípios e regras que construíram pessoalmente.
5.- Assegurar que também adquiram as normas que a sociedade se deu de forma
democrática e buscando a justiça e o bem-estar colectivo. Em outras palavras, deve
colaborar com os alunos para facilitar o desenvolvimento e o treinamento de todas as
capacidades que intervêm no julgamento e na acção moral, para que sejam capazes de
se orientar de forma racional e autônoma nas situações que surgem para eles. .” Um dos
objectivos mais contundentes Educação Moral, e nisso concordamos com o que Mª
Rosa Buxarrais expõe em seu capítulo da obra de Martínez, M. e Puig, J.M., (1991)
referenciado na Bibliografia, será: " A formação de pessoas autônomas, dialogantes,
dispostas a se comprometer na relação pessoal e na participação social, atendendo ao
uso crítico da razão e à abertura ao outro, respeitando os direitos humanos”.
Supõe optar por uma personalidade moral que terá as seguintes características:
• O desenvolvimento de estruturas universais de julgamento moral que permitam a
adopção de princípios gerais de valor: respeito, justiça, solidariedade, ...
• A formação de capacidades e a aquisição de o conhecimento necessário que permita
dialogar de modo crítico e criativo com a realidade e que contribua para a elaboração de
normas e projectos contextualizados.
• A aquisição das competências necessárias para tornar coerentes o juízo moral e a
acção e, promover a formação de um modo de ser, objecto de uma decisão pessoal.
(Buxarrais, M. R. 1991)
Trata-se, portanto, de desenvolver formas cada vez melhores de pensar as questões
morais e cívicas, mas também de aplicá-las à vida pessoal e colectiva para melhorar
ambas.

2.3 Metodologia de educação moral e cívica


Nesta secção, explicaremos os dois métodos nos quais nos baseamos para ensinar
Educação Moral e Cívica em nossas salas de aula: discussão de dilemas e aprendizado
de habilidades sociais.
Metodologia na educação moral e cívica aprendizagem de competências discussão de
dilemas
Ambos os métodos são completamente diferentes, embora consideremos que não são
exclusivos, mas sim complementares, visto que:

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✒ O método de discussão de dilemas parece mais adequado para a aprendizagem da
Educação Moral, um conceito mais amplo, como indicamos acima, do que o de
Educação Cívica.
✒ O método de aprendizagem de competências sociais parece-nos mais adequado para
a aprendizagem das normas de Educação Cívica (pelo que implicam em competências
sociais necessárias).
✒ Enquanto o método de discussão de dilemas é adequado para o estágio de
desenvolvimento superior dos alunos mais velhos, o método de aprendizagem de
habilidades sociais nos parece ser mais adequado para os alunos jovens com quem
trabalhamos principalmente, e isso ocorre porque os estágios de desenvolvimento moral
em quais os alunos se encontram.

2.4 Conteúdos Fundamentais teóricos da Educação Moral e Cívica

1.- Vida moral e reflexão ética;


2.- Conceitos fundamentais sobre moralidade;
3.- A dignidade da pessoa. Os direitos humanos. Educação moral,
4. Primazia dos valores morais na educação;
5.- Neutralismo e compromisso educacional;
6.- Valores e crenças na convivência cidadã;
7.- A educação do cidadão;
8.- Educar na tolerância;
9.- O problema do aborto
10.- A tirania da beleza, um problema moral e educacional;
11.- Importância da educação moral segundo organismos internacionais.
12-Questões actuais da educação moral: poder político, desobediência civil, tecnologia,
consumismo, discriminação, violência, sexualismo, ambientalismo, globalização,
imigração...
No que diz respeito à Educação Moral e Cívica, e como já dissemos, consideramos que
a escola, juntamente com a família, devem ser as fontes básicas de aprendizagem da
vida social, devem contribuir para a tarefa de lançar as bases e fundamentos para a
convivência na sociedade actual da criança como cidadã.

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CAPÍTULO III-O BULLYING

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Desde a Antiguidade, a violência está implícita no método educacional,
baseado na crença de que "a letra entra com sangue", frase que nasceu na
Idade Média e que traduz a concepção que orientava os processos educativos
naqueles tempos.
Essa concepção sugere que a violência física era necessária para educar a
criança. Por exemplo, em Roma, Horácio refere-se a Orbillo, o badalo, um
professor que usava as chicotadas como forma de educação; os hebreus
açoitaram as crianças e lhes negaram o pão. Na Idade Média, os jesuítas
tinham uma pessoa que chamavam de corrector, encarregado de dar pancadas
nos alunos com comportamento inadequado. Mas a partir da influência de
Jean-Jacques Rousseau, que propõe uma visão diferente do processo ensino
aprendizagem, inicia-se uma nova concepção que culmina na visão de infância como
conceito consolidado, e com o surgimento dos direitos da
criança nos meados do século XX.
A influência das novas teorias psicológicas do início e meados do século XX,
de autores como Jean Piaget e Lev Vygotsky, influenciam os novos
paradigmas educacionais. Assim surge o construtivismo que introduz a ideia
de que o sujeito constrói seu próprio conhecimento e o professor é um
facilitador. Esse método se opõe à ideia tradicional prevalecente na história de
que o professor é uma autoridade inquestionável e o aluno, um simples
receptor do conhecimento.
A inquestionabilidade do saber do professor supunha, em certa medida, um
poder e, ao mesmo tempo, a verticalidade do ensino até o século passado, impondo
limites entre o professor e o aluno.
Porém, nos últimos anos, verificou-se uma nova forma de violência escolar que tem
vindo a ganhar cada vez mais relevância nas escolas, causando preocupações aos
pais, educadores e à sociedade em geral.
Toda a violência é caracterizada pelo abuso de poder de um ou mais indivíduos sobre
um outro ou vários, pelo que a prevenção da violência promovendo a não-violência é
importante e necessária, sobretudo nas escolas (Cardoso, 2009).

3.1 Origem do termo Bullying

Durante muito tempo, comportamentos como o de apelidar e/ou “zoar” de


alguém podem ter sido vistos como inofensivos ou naturais da infância e da
relação entre as crianças e adolescentes na escola. Porém, esse tipo de
conduta passou a ser seriamente considerada em decorrência de situações
dramáticas que têm ocorrido em diversas partes do mundo envolvendo jovens
que invadem escolas e matam pessoas e/ou cometem suicídio; situações que
se apresentaram ligadas a maus-tratos entre pares na escola. O tema da
violência na escola começou a ganhar repercussão e, a partir da década de
1970, estudos sobre agressões entre pares nas escolas vem sendo
desenvolvidos, com o objetivo de conhecer a questão e caracterizar uma forma
de violência entre pares que tem sido chamada Bullying
O bullying começou a ser estudado por Dan Olweus na Suécia e Noruega,
no início dos anos 70. após o Massacre de Columbine, ocorrido nos Estados Unidos no
ano de 1999. Esta investigação foi levada a cabo através de um estudo à escala
nacional que envolveu cerca de 130.000 alunos provenientes de 700 escolas, do 2º ao 9º
ano de escolaridade, utilizando um questionário de comportamentos de
vitimização/agressão.
14
A primeira publicação de Dan Olweus foi em 1978 sob o título de "Agressão
nas Escolas: Bullies e Crianças Agressivas" e aponta três características
básicas: "é intencional, é repetitivo e há um desequilíbrio de poder".
Na língua inglesa, bullying é um substantivo derivado do verbo bully, que significa
"machucar ou ameaçar alguém mais fraco para forçá-lo a fazer algo que não quer" a
partir do gerúndio do verbo inglês to bully (que tem acepção de "tiranizar, oprimir,
ameaçar ou amedrontar") para definir os valentões que, nas escolas, procuram intimidar
os colegas que tratam como inferiores.
Apesar de acontecer no contexto das instituições escolares, o bullying
não pode ser encarado como um problema apenas da escola, mas de toda a sociedade,
uma vez que tem consequências a longo prazo e interfere negativamente no
desenvolvimento socioemocional, quer das vítimas, quer dos agressores (Fante, 2008), é
urgente avançar para a intervenção como forma de prevenir e reduzir o bullying nas
escolas (Pereira, 2002).

3.2 Conceito de bullying

Desde que o problema do bullying começou a ser notado pela primeira vez, uma das
maiores preocupações entre os investigadores tem sido chegar a um consenso
sobre a definição deste fenómeno (Frisén, Holmqvist & Oscarsson, 2008).
Neste sentido, é extremamente difícil obter uma definição unânime que caracterize
maus-tratos entre pares devido às diversas abordagens apresentadas entre todos os
investigadores. Porém, existe uma ideia consensual de que os maus-tratos entre pares
são uma subcategoria do comportamento agressivo (Benitez, & Justicia, 2006).
No seguimento do seu estudo, Olweus afirma que o fenómeno do bullying remete para
um indivíduo que é exposto, ao longo do tempo e repetidamente, a acções negativas
pela parte de um ou mais indivíduos. Uma acção é negativa quando uma pessoa se
impõe ou tenta impor-se intencionalmente, magoando ou criando desconforto a outro.
As acções negativas podem ocorrer através do contacto físico, palavras, ou de outras
formas como expressões faciais e gestos obscenos, ou a intenção de excluir alguém de
um grupo (Olweus, 1994).
De acordo com o relato de uma professora do projecto stop bullying, o bullying é um
ataque à vertente física, psicológica e moral de um indivíduo. É um conjunto de atitudes
premeditadas que visam “massacrar” e afetar psicologicamente, muitas vezes levando
a pessoa ao limite do desespero.
Citando Prudente (2008, cit por., Hammes. & Schwinn, 2014) “o bullying (termo
inglês que significa tiranizar, intimidar) é um fenómeno que pode ocorrer em qualquer
contexto no qual os seres humanos interagem, tais como, nos locais de trabalho, nos
quartéis, no sistema prisional, na igreja, na família, no clube, através da internet
(cyberbullying ou bullying digital) ou do telefone (mobile bullying), enfim, em qualquer
lugar onde existam pessoas em convivência”.
Segundo Roland (1989, cit., por Thayser, 2001), o bullying define-se como um tipo
de violência que perdura ao longo dos tempos. Esta pode ser mental ou física e é
exercida por um grupo ou por um indivíduo contra outro inapto a proteger-se. Para
Freitas (2004) este fenómeno é uma forma de indisciplina agressiva e silenciosa que tem
um impacto em todo o corpo escolar.
Assim, parece existir uma concordância generalizada entre alguns investigadores
académicos de que o bullying integra vários elementos chave: ataque físico, verbal e

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psicológico; intimidação com intenção de causar medo causar aflição ou dano à vítima;
umabuso de poder numa relação assimétrica, onde a criança com mais poder oprime a
mais fraca; ausência geral de provocação pela vítima; e incidentes repetidos entre as
mesmas crianças durante um período prolongado de tempo (Swain, 1998).

3.3 Principais características do bullying:

• A intencionalidade do comportamento: o comportamento tem o objetivo específico de


provocar mal estar e ganhar controlo sobre a outra pessoa;
• O comportamento é repetido ao longo do tempo: o comportamento não ocorre
ocasionalmente ou isoladamente, mas torna-se regular (dias, meses, anos);
• existe um desequilíbrio de poder no centro da dinâmica do bullying: quando um ou
uma estudante (ou vários) mais velho ou mais forte, demonstra comportamentos
desagradáveis para com outro colega, normalmente mais novo e/ou física e
emocionalmente considerado mais fraco.

3.4 Não falamos de bullying quando:

• Dois alunos/as da mesma idade ou tamanho se envolvem numa discussão ou briga


ocasional.
• Quando dois alunos/as simplesmente não gostam um/uma do outro/a.
• Quando dois alunos gozam e brincam entre eles, mesmo que seja com alguma
agressividade.
roubo: pegar as coisas de outra pessoa uma vez é roubo, mas não
necessariamente bullying

3.5 Tipos de bullying

O conceito de bullying compreende uma série de acções negativas, perpetradas numa


relação desigual de poder entre o agressor e a vítima. Por norma, a provocação,
perseguição ou agressão a que a vítima é sujeita pode assumir diferentes formas, por
vezes sem justificação aparente, mas que revelam sempre um grau de agressividade
prejudicial para a vítima, principalmente a nível psicológico. De um modo geral, e
apesar de diferentes autores categorizarem este fenómeno de forma mais particular,
quando falamos de bullying referimo-nos a formas distintas mas complementares de
agressão ou coação ao longo de um determinado período de tempo, que podem ser mais
ou menos directas ou indirectas, definidas entre as seguintes tipologias:

Físico : Esse tipo de bullying pode ser classificado em actos de contacto físico, como
bater, empurrar, chutar, espancar, etc., e actos que não exigem contacto físico, como
roubar, chutar ou danificar seus pertences .
Psicológico: Encontra-se em todas as formas de maltrato e, geralmente os maus-tratos
psicológicos acabam em maus-tratos físicos. Criam-se acções com intenção de
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deteriorar a autoestima do indivíduo e fomentar a sua sensação de insegurança e medo.
Neste contexto, o agressor manipula a vítima emocionalmente, fazendo-se passar por
seu amigo, chantageando-a, tirando partido das suas fraquezas, dizendo-lhe que se não
fizer que o ele deseja contará algo que lhe tenha sido confidenciado. Este bullying
psicológico consegue que a vítima fique sempre dependente, emocionalmente, do
agressor, destruindo a sua autoestima e fomentando a sua sensação de medo.
Geralmente, a violência psicológica é mais frequente entre raparigas do que entre
rapazes. Em muitos casos, é usada para obrigar a vítima a fazer o trabalho do agressor,
exigir-lhe presentes, extorquir-lhe dinheiro ou fazê-la sentir-se culpada no momento em
que agressor precise. É um tipo de comportamento indirecto.
Moral: difamar, caluniar, disseminar rumores.
Social: deseja afastar a vítima do resto do grupo e dos colegas. Trata-se, geralmente,
de uma acção efectuada através de comentários, de abuso verbal, de insultos, de
ameaças, de agressões, de ignorar a vítima e de segui-la depois da escola até sua casa,
de tratá-la como escrava, etc. Pode ser uma violência racial, religiosa ou até sexista.
Por exemplo, em jogos ou actividades masculinas, as raparigas são afastadas na hora
de participarem. É também um comportamento indirecto.
Sexual : engloba os contactos físicos, nas raparigas ou rapazes sem o seu
consentimento, gestos obscenos, pedidos de favores sexuais, excessos de
relacionamento com um companheiro se este não quiser, demonstração de intenção ou
mensagens sexuais dando a entender que a vítima agiu com intenção de seduzir,
faltando-lhe ao respeito. É um tipo de comportamento que pode ser directo ou indirecto,
manifestamente de abuso de poder.
Verbal : está relacionado a insultos , humilhações , apelidos aviltantes , criação de
fofocas que prejudicam a reputação e promovem rejeição social. Da mesma forma, a
provocação por sua condição ou traço físico também é característica .
Cyberbullying: sms, mms, vídeos, fotos, mail, chats, redes (…)
o cyberbullying é uma forma relactivamente recente de humilhação e difamação social,
que é realizada pelo agressor ou agressora através de suportes digitais de comunicação e
dispositivos eletrónicos, como a internet ou os telemóveis.
Através destas tecnologias de informação e comunicação, e utilizando como plataforma
de difusão as redes sociais (mail, chat, facebook, youtube, etc.) o agressor consegue
influenciar um número maior de pessoas (espetadores/as virtuais), prejudicando a
reputação e as amizades da vítima, através do envio de mensagens caluniosas ou da
colocação online de imagens e vídeos ofensivos e humilhantes, com rápido efeito
multiplicador.
Esta forma de bullying, não sendo física, tem revelado um impacto extremamente
prejudicial a nível emocional e psicológico nas vítimas, que tem levado muitos e muitas
jovens a sucessivas tentativas de suicídio e, em demasiados casos, à morte.
Para além desta classificação, como já se procurou demonstrar, podem distinguir-se dois
tipos de bullying: a) o bullying directo, sob a forma de ataques directos à vítima, de tipo
físico, verbal ou sexual; e b) o bullying indirecto, sob a forma de isolamento social,
rumores pejorativos e de exclusão deliberada de um grupo.

17
3.5 Participantes do fenómemo bullying

Os episódios de bullying estão associados a um processo que envolve diferentes


intervenientes, sendo os mais relevantes: a vítima, o agressor e o grupo de conveniência
ou as testemunhas. Qualquer um destes intervenientes desempenha um papel mais
activo ou passivo em cada episódio de bullying, que de uma forma mais directa ou
indirecta, prejudica os seus pares e/ou prejudica cada jovem participante pessoalmente
em diferentes níveis (social, emocional, físico, etc.). É importante identificar cada um
destes intervenientes quando se analisa um relato de bullying em contexto escolar, para
se perceber se estamos perante um acto isolado ou de grupo. É igualmente relevante
analisar se existem testemunhas que têm a capacidade de falar sobre os episódios e os
respecctivos agressores, ou se o nível de intimidação é tão elevado que estes se sentem
ameaçados e inibidos de comunicar as situações agressivas que presenciaram.

3.5.1 Vítima

As vítimas de bullying são normalmente consideradas fisicamente mais frágeis pelo


agressor, tímidas e com uma personalidade ansiosa. Têm muitas vezes uma visão
negativa de si, com baixa autoestima agravada pelas críticas a que são sujeitas pelos
seus pares ou por adultos. As vítimas não têm muitas vezes a noção do que devem fazer
quando estão a ser humilhadas, pois podem não vivenciar este tipo de situações com
frequência tornando-se por isso “presas” fáceis. Geralmente, mantêm-se em silêncio
face ao sofrimento, essencialmente por vergonha dos outros, por se sentirem culpadas
ou por medo do ou da agressora.

3.5.2 Agressor/a (Bully)

O agressor ou agressora (bully) pode ser uma criança ou jovem que vive em contextos
sociais agressivos e carenciados e, como tal, reproduz os modelos retratados no seu
quotidiano. no entanto, o agressor pode igualmente ser um jovem ou uma jovem de
estatuto social e económico elevado, que poderá sentir que se encontra num patamar de
superioridade em relação aos seus pares em contexto escolar, legitimado pela sua
condição financeira, que lhe permite aceder a determinados bens que outros jovens não
conseguem (ex.: roupa, calçado desportivo, telemóveis). em todos os casos quando
falamos de agressores normalmente referimo-nos a jovens inseguros, que se apresentam
como pessoas muito seguras, mas que têm pouca resistência às frustrações e têm
dificuldades em adaptarem-se às normas sociais. não se identificam com a escola,
normalmente são populares e podem-se envolver numa série de atividades antissociais,
combinadas com força física e/ou moral. Revelam pouca empatia pelas vítimas. têm a
perfeita noção do mal que causam aos jovens que provocam ou agridem, sabem que
estão a fazê-lo para humilhar e maltratar, e que o fazem apenas para se sentirem
superiores.

18
3.5.3 Testemunhas

Os apoiantes, seguidores ou espectadores (testemunhas7) normalmente são crianças ou


jovens que assistem aos episódios de provocação ou agressão e tomam diferentes
atitudes mediante os seus medos, aspirações ou frustrações. Por norma, são jovens
inseguros, com pouca capacidade de emancipação. Podemos falar de jovens que vivem
em ambientes familiares superprotegidos, onde desenvolvem poucas competências para
resolverem os seus próprios conflitos, como podemos falar também de jovens que
vivem em contextos sociais em que são pouco considerados ou valorizados, procurando
assim protagonismo junto do líder (o bully) ou do grupo, que o passam a valorizar. estes
grupos e subgrupos de jovens encontram-se regularmente envolvidos nos casos de
bullying, o que vem reforçar a influência social deste fenómeno nos espaços escolares e
extra escolares.

3.6 Causas do bullying

Segundo alguns investigadores, identificar as causas do bullying é um trabalho


complexo. Não há uma lista de causas que se possam aplicar numa investigação, pois
cada caso é singular e as suas causas serão específicas. Para além disso, seria errado
atribuir apenas uma causa a uma situação de bullying, pois vários factores poderão ter
tido influência no caso. Desta forma, pode apenas apontar-se alguns exemplos que as
investigações têm demonstrado serem causas frequentes de bullying.
Os factores psicológicos parecem ser relevantes. As vítimas e os agressores manifestam
baixa autoestima e uma péssima influência nas relações interpessoais com os pares. As
vítimas geralmente não têm amigos, apresentam uma aparência física frágil em relação
aos pares, são usualmente muito protegidas pelos pais, em especial pelas mães. De um
modo geral, os pais dos agressores e das vítimas não estão ao corrente da situação,
tornando-a ainda mais ambígua.
A violência escolar associada a grupos organizados ou gangs parece estar associada a
factores económicos, sociais e étnicos, como famílias desestruturadas, racismo, pobreza
e outros tipos de descriminação sistemática. E ainda os modelos sociais violentos
propagados através da comunicação social. É certo que, por si só, a exposição à
violência nos meios de comunicação não conduzirá à violência escolar. Contudo, se a
este factor estiverem associados outros, como a pertença a uma família desestruturada,
onde ocorrem episódios violentos e carente de afectos, bem como a pertença a um grupo
ou gang onde todos partilham características semelhantes, podem ser um conjunto forte
de causas para a origem do comportamento agressivo.
Alguns investigadores têm afirmado ainda que a cultura, estrutura e dinâmica interna da
escola têm influência na redução ou aumento da violência. De facto, a escola pode
alhear-se destas situações violentas ou resolve-las de forma errada ou, pelo contrário,
trabalhar sobre elas de modo a melhorar o ambiente escolar. Aliás, não é errado afirmar-
se que o fenómeno da violência escolar, isolada ou repetida, pode ter um efeito, ou seja,
o número de agressões aumenta o número de vítimas, que por sua vez se podem tornar
também agressores e aumentar o número de casos. Pelo contrário, a redução do número
de casos conduziria ao efeito “bola de neve” contrário.

19
3.7 Consequências do bullying

3.7.1 Consequências para as vítimas

As situações de bullying que ocorrem durante a adolescência, se não forem


atempadamente tratadas com recurso a serviços de apoio psicológico ou de
pedopsiquiatria, poderão dar origem a patologias extremamente gravosas para os jovens
durante a vida adulta. Se a criança ou jovem não tiver a oportunidade de verbalizar ou
exteriorizar os seus medos, frustrações, obsessões ou pensamentos desestruturados,
muito provavelmente tornear-se-á um adulto com poucas ligações sociais e afectivas;
poderá tornar-se agressivo e revoltado, especialmente, perante situações que possam
espoletar na sua memória episódios traumáticos e depressivos.

3.7.2 Consequências para os agressores

As crianças e jovens que cresceram sendo provocadores e agressores revelam um maior


risco de se tornarem adultos com um perfil social desenquadrado, com problemas
psicopatológicos, elevado grau de violência e envolvência em situações de
criminalidade regulares. Normalmente recorrem à força como forma de resolução de
problemas. A grande percentagem de adultos que são julgados em vários países, como
os Estados Unidos, referem que, durante o seu percurso escolar, foram provocadores ou
agressores sistemáticos, muitas vezes recorrendo à violência apenas como mecanismo
para extravasarem as suas frustrações pessoais, familiares ou sociais.

3.7.3 Consequências para as testemunhas

Para as testemunhas, as consequências dependem da intervenção (ou da falta dela) por


parte de cada um dos espectadores. Da parte do observador, normalmente gera-se um
certo sentimento de culpa e vergonha, que mais tarde podem evoluir para um estado de
isolamento e de depressão, evitando a todo o custo a observação de situações que gerem
agressão ou humilhação e que na vida adulta faz com que evitem situações de conflito.
nos seguidores e apoiantes o sentimento de culpa normalmente não é tão notório,
havendo, no entanto, casos de jovens que se arrependem dos actos agressivos que
apoiaram, tanto a nível físico como a nível moral.

3.8 Alguns factos sobre o bullying

• O bullying normalmente ocorre em espaços escolares e extra escolares sem supervisão


de adultos (recreios, balneários, internet), sendo que cerca de 78% das situações
relatadas ocorre no recreio.
• O tipo de bullying mais frequente nas escolas do 1º Ciclo é o físico (empurrar,
pontapear, esmurrar,…) e no 2º Ciclo é o bullying verbal (chamar nomes, difamar, …).
• Os rapazes normalmente estão mais associados aos casos de bullying físico, enquanto
as raparigas estão mais associadas aos episódios de bullying social.
• A maioria das crianças identifica os agressores como sendo colegas da mesma sala,
que normalmente são mais velhos.

20
• A frequência de episódios de bullying diminui com o aumento dos anos de
escolaridade e com o aumento da idade.
• Se os colegas que estão a assistir a uma situação de bullying intervêm nos primeiros
segundos, em 57% dos casos a situação de agressão ou humilhação termina.

21
CAPÍTULO IIII-

A Educação Moral e Cívica como ferramenta de controlo ao bulling no


Ensino Primário

22
A E.M.C é o meio de promoção da paz, justiça, solidariedade e harmonia social. Já o
bulling trata-se de um comportamento altamente perigoso que traz consigo
consequências devastadoras, que afectam não apenas a vítima, mas também o agressor
ou grupo deles. Segundo as nossas pesquisas, a E.M.C fornece possíveis soluções e
iniciativas anti-bullying no ensino primário que devem ser levadas em consideração.
Apesar dos grandes e variados esforços, a luta contra o bullying escolar tem sido uma
luta complexa, pois sofre a influência de diversos factores que afectam a violência
escolar. Conscientizar, divulgar e trazer soluções para prevenir o bullying é uma tarefa
da E.M.C e que não pode ser adiada se quisermos um mundo menos violento.
Em que ambiente ocorre o bullying? O bullying escolar se manifesta dentro dos
estabelecimentos de ensino, ou seja, é um comportamento desenvolvido dentro das
escolas. Portanto, são os alunos que geram tal comportamento em relação aos seus
colegas, situação que traz consigo infinitas consequências negativas. No entanto, não
podemos dizer que isso seja gerado apenas em estabelecimentos de ensino ou na escola
primária. Hoje, com o acesso à tecnologia, as redes sociais e o uso da internet, o
bullying se espalhou para a esfera digital criando um novo tipo de assédio conhecido
como cyberbullying ou cyberbullying. A convivência escolar, sem dúvida, foi afectada
desde o início com esses comportamentos prejudiciais. Embora nem sempre tenha sido
visto como um problema real, hoje as reais consequências desse abuso podem ser
apreciadas, pois existem inúmeros estudos que o confirmam.
É urgente implementar estratégias contra o bullying evitar e erradicar completamente o
bullying implica um trabalho árduo, onde devem ser aplicados diferentes métodos e
cujo objetcivo é educar tanto os pais e professores como os alunos. Entre as principais
soluções para prevenir o bullying, que segundo estudos têm dado bons resultados,
encontramos: Fornecer ferramentas preventivas às escolas e professores É de vital
importância, conseguir uma prevenção eficaz do bullying, consciencializar e educar
todos os membros do ensino primário. Só através da prevenção atempada é
possível identificar atempadamente situações irregulares e aplicar medidas
correctivas, ou soluções para prevenir o bullying. O grupo de professores deve ter
as ferramentas necessárias e conhecimentos adequados à convivência social, para
poder corrigir comportamentos agressivos a tempo. Por outro lado, cabe aos
gestores instruir os professores sobre a importância de evitar esses
comportamentos e as consequências negativas que podem causar. Fortalecer a
educação emocional e a educação com valores. Uma das soluções mais eficazes
para prevenir o bullying é ensinar às crianças, adolescentes e jovens a importância
de valores como tolerância, respeito e empatia. O objectivo deste ensino é que eles
possam compreender o valor humano presente em cada um de seus colegas. Além
disso, devem ser fornecidos conteúdos sobre educação emocional. Com isso, o
objectivo é fortalecer permanentemente sua auto-estima, para que possam
enfrentar qualquer tipo de abuso de forma tranquila e inteligente.
As turmas são o contexto em que esse tipo de agressão se manifesta
principalmente. É por isso que você deve trabalhar com toda a turma para que
todos saibam a importância de evitar o bullying e aprendam a lidar com a situação

23
caso se tornem vítimas de bullying. A participação é de grande importância para a
implementação dessas acções, uma vez que vítimas e agressores são difíceis de
recrutar para essas iniciativas. Perante este problema, é necessária a intervenção
de absolutamente todos, só assim poderão ser implementadas medidas de sucesso.
Buscar maior comunicação e participação das famílias A família tem sido definida
como a célula fundamental da sociedade. Assim, estes desempenham um papel
determinante para a detecção e prevenção do bullying. Por isso, é de suma
importância que haja uma comunicação fluida e permanente entre a instituição de
ensino e os familiares de cada aluno. Da mesma forma, deve-se dar
aconselhamento e oferecer os conhecimentos necessários para que os familiares
saibam adotar soluções para evitar o bullying, juntamente com outras medidas que
lhes permitam melhorar a situação a partir de casa.

4.1 A EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA NAS ESCOLAS

Ao lado da tarefa de ensinar em si, a escola tem a função de integrar a criança à


sociedade, tornando-a um membro responsável e consciente de sua comunidade.
Os alunos do ensino primário não devem conhecer apenas o conteúdo científico. A
escola não serve apenas para instruir (pelo professor) e aprender (pelo aluno);
significa ensinar a criança a reconhecer as normas de sua sociedade, os deveres
que tem e sua forma de colaborar com o bem social. A Educação Moral e Cívica tem
precisamente esta função na escola. Um dos grandes erros que os sistemas
educacionais anteriores ao actual vêm sofrendo foi considerar a escola como
transmissora de conhecimento e preparação para o próximo nível educacional,
esquecendo a formação dos alunos como cidadãos. É hora de quebrar os esquemas
e buscar a educação integral da pessoa combinando a aquisição de conhecimentos
e normas sociais. As escolas primárias, com os meios de que dispõe, podem colaborar
na consecução de objectivos estruturados em torno dos valores vigentes na sociedade
em que vivem os sujeitos em formação. Estes objectivos, uma vez internalizados e
aceites, são os que permitem pôr em movimento os processos internos ou externos de
auto-avaliação e auto-reforço e que controlam a auto-regulação do comportamento do
indivíduo reduzindo, assim, os casos de bulling entre os alunos. As estratégias de
auto-regulação do comportamento visam ajudar o aluno que faz bulling a se
comportar de acordo com seus próprios critérios e ajudar a equilibrar possíveis
falhas em seu próprio comportamento. Também através da Educação Moral e
Cívica oferece técnicas de auto-regulação que visa formar ou auto-treinar o aluno
do ensino primário para que seja capaz de agir de acordo com um mundo de
valores sociais objectivamente válidos, e para que tenha uma atitude crítica em
relação a certas formas de vida em o mundo dos adultos graças ao seu
autocontrolo.
Para controlar os casos de bulling, a E.M.C fornece o seguinte cálculo matemático:

Utilização de técnicas de autorregulação por meio de modelagem. + Reforço e uso


correcto das técnicas. + A redução progressiva da vigilância externa. + O treinamento

24
do indivíduo sem presença externa, para que o controle externo seja gradualmente
internalizado até se tornar um controle interno do mesmo comportamento. Por fim, é
importante destacar que a proposta de Educação Moral e Cívica formulada por uma
escola deve ser coerente com o restante de suas abordagens institucionais e
organizacionais: da organização de seus espaços à de suas actividades ou dinâmicas de
trabalho, elas devem responder a alguns critérios uniformes com o que se deseja incutir
nos alunos em um nível moral e cívico.
Durante os primeiros anos, e até a adolescência, a autorregulação e o autocontrole do
comportamento estão em formação, uma vez que não podem ocorrer
independentemente do controle externo do adulto.
O professor deve ajudar os indivíduos a se autorregularem e, não é tarefa fácil,
pois cada um apresenta circunstâncias pessoais, familiares e sociais e
possibilidades específicas que determinam um tipo diferente de auto-observação,
auto-avaliação e auto-reforço. De modo geral, pode-se dizer que o papel do
educador é ajudar o aluno no processo de ensino/aprendizagem a passar
progressivamente do heterocontrole para a autorregulação de seu próprio
comportamento. Os principais aspectos em que os professores podem colaborar são:
➣ Fornecer directrizes e critérios que permitam ao aluno conhecer seu comportamento
violento e modificá-lo.
➣ Apresentar modelos de comportamento e competências que permitam ao aluno
atingir os objectivos definidos.
➣ Motivar e orientar a mudança comportamental fornecendo informações correctivas .
➣Autoavaliar. Em relação à forma de actuação do professor, não é o mais adequado
expor, directamente, quais são seus próprios valores, normas ou critérios. De qualquer
forma, isso é relativo, depende sobretudo da idade dos alunos. Se, regra geral, os
princípios morais são melhor descobertos e assimilados através da análise e discussão,
crianças estudantes (e este é o nosso caso particular), é necessário um certo grau de
transmissão que não exclua análises e discussões posteriores. A escola e a sociedade.
Uma atuação efetiva da escola não pode se limitar apenas ao ambiente escolar. A escola
sozinha não pode criar um estilo de vida, pois a criança também vive em uma família e
em uma comunidade de cidadãos próximos a ela. É por isso que a escola, a família, a
comunidade em geral, têm que garantir que as condições necessárias sejam criadas e
vividas para atingir os objetivos pretendidos. A Educação Cívica, então, é um projecto
social e, portanto, todos os cidadãos e suas instituições devem participar dele.

25
CONCLUSÃO

Em suma, muitas vezes, ou pelo menos assim tem sido feito na prática ao longo da
nossa história, a Educação Moral e Cívica tem sido associada à aprendizagem e
reprodução de valores e normas que se impõem de fora da pessoa. Essa concepcão
carrega conotações negativas, pois sugere, em sua base, um conceito de imposição: a
norma pela norma, a obediência pela obediência, o respeito da criança ao adulto pelo
medo... Aspectos que respondem a um tipo de sociedade que tem que transmitir valores
de submissão. Em uma posição totalmente diferente, quis-se, ao contrário, significar que
os valores, as normas, são algo tão altamente subjectivo que dependem única e
exclusivamente da construção pessoal, para a qual praticamente não há lugar para
ensinar nada. A partir de uma posição mais condizente com nossas abordagens, afirma-
se que a Educação Moral não é uma prática que reproduz e inculca valores, nem é
individualista ou subjectiva. Ao contrário, é algo que exige uma compreensão
colectiva, é um lugar de diálogo e discussão entre pessoas e grupos, e, desse ponto
de vista, a escola pode ser o lugar certo para sua aprendizagem, englobando-a no
conceito universal diríamos, e perseguido por todas as escolas, que é o da
"educação integral". A Educação Moral deve ajudar a analisar criticamente a realidade
cotidiana e as normas morais vigentes, para que ajude a formar ideias mais justas e
adequadas de convivência, respeito e solidariedade. Em um mundo como o actual, em
que as sociedades são abertas e plurais, é necessário ajudar as pessoas a construir seus
próprios critérios morais, fundamentados e solidários que as ajudem, que dêem sentido e
direcção às suas próprias vidas.
Dentro do conceito mais amplo de Educação Moral a que nos referimos anteriormente, a
Educação Cívica pode ser definida, como faz Pagès, J. (1984) na obra referenciada na
Bibliografia: 8O conjunto de regras, princípios, hábitos, comportamentos, convicções,
diretrizes... que determinam e tornam possível a convivência social entre as pessoas”.
(Pagès, J. et al., 1984)
A Educação Cívica supõe, então, a regulação da vida social, mas as normas da vida
social não são inactas à pessoa. Eles são adquiridos e, por isso, em cada etapa ou época
da história da humanidade, estabelecem-se diferentes normas de convivência e,
consequentemente, a vida social e o regime da sociedade mudam. As normas da vida em
sociedade são convencionais e o resultado do acordo dos seres humanos para resolver as
questões que lhes dizem respeito. Precisamente também porque não são inactas à
pessoa, é necessário incutir essas regras, princípios e comportamentos nos homens, e
que os aprendam. Dependendo de como eles os aceitam e respeitam, a força e o vigor da
convivência social estabelecida dependerá disso. Para que essas normas tenham força
moral, devem ser aceitas pela grande maioria. Dessa forma, se forem aceitos pela
maioria, os cidadãos estarão dispostos a defendê-los e mantê-los.
A principal tarefa da Educação Cívica consiste, então, em inculcar essas normas e
doptá-las de força moral. Isso significa ajudar a todos a respeitá-los, para que o
domínio da convivência e da harmonia seja possível, eliminando, assim, a prática
do bullyiing nas escolas.

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BIBLIOGRAFIA

 É necessário estudar ética e moral nos dias de hoje-Pe. Soquia


 Resgate dos valores morais cívicos e culturais
 Educacion morales y civica,pdf
 Manual-_ stop-bullying-al-Portugal
 A Violência em Contexto Escolar “Bullying” e A Importância da Animação
Socioeducativa na Mediação de Conflitos e Apoio ao Aluno-Maria Irene C.
Cerqueira Pereira Aguiar Monteiro-PDF
 Prevenção do bullying em contexto escolar-A Sala de Aula sem bullying-
Adriana Filipa Paulico Custódio-PDF
 Bullying-A violência entre adolescentes em contexto escolar:
uma meta-análise-dissertação de mestrado-Liliana Leandra Gonçalves Martins-
PDF
 Bullying-Aos olhos das crianças-Tatiana Prist-PDF

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ANEXOS
QUESTIONÁRIO DA ENTREVISTA

1. Já alguma vez sofreste de algum abuso? se sim, porquê?


2. Conheces alguém que já sofreu abusos, na sua escola?
3. Como se sentiu depois de sofrer abusos na escola?
4. Quantas vezes já sofreu abusos na escola?
5. Na sua opinião, O que se deve fazer para minimizar os abusos na sua escola?
6. Que tratamento se deve dar aos alunos que já sofreram abusos na escola?

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