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Número 2
A CULTURA DO CUPUAÇU
(Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.)
Manaus-AM
1999
Embrapa Amazônia Ocidental. Circular Técnica, 2
Exemplares desta publicação podem ser solicitados à:
Embrapa Amazônia Ocidental
Rodovia AM 010, Km 29
Telefone: (92) 3303-7800
Fax: (92) 3303-7820
http://www.cpaa.embrapa.br
Caixa Postal 319, CEP 69010-970, Manaus, AM
2o Tiragem (2005): 300 exemplares
Comitê de Publicações
Presidente
Dorremi Oliveira
Secretário Executivo
Isaac Cohen Antonio
Membros
Francisco Mendes Rodrigues
Maria do Rosário Lobato Rodrigues
Gleise Maria Teles de Oliveira
Eduardo Lleras Pérez
Regina Caetano Quisen
Palmira Costa Novo Sena
Sebastião Eudes Lopes da Silva
Raimundo Nonato Vieira
Suplentes
Marcos Vinícius Bastos Garcia
Revisão Gramatical
Maria Perpétua B. Pereira
Diagramação & Arte
Claudeilson Lima Silva
Fotos: Aparecida das G.C. de Souza
ISSN 1517-2449
1 INTRODUÇÃO.................................................................... 05
2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA ............................................... 06
3 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO ................................................... 06
4 DESCRIÇÃO BOTÂNICA...................................................... 06
5 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E FENOLOGIA .............................. 09
6 PROPAGAÇÃO................................................................... 11
7 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA ............................................. 12
8 TRATOS CULTURAIS.......................................................... 18
9 DOENÇAS E SEU CONTROLE............................................... 23
10 PRAGAS E SEU CONTROLE ............................................... 26
11 PRODUTIVIDADE ............................................................. 29
12 COLHEITA E BENEFICIAMENTO ......................................... 31
13 PRODUTOS DERIVADOS ................................................... 35
14 COMERCIALIZAÇÃO......................................................... 35
15 ORÇAMENTO .................................................................. 37
16 BIBLIOGRAFIA ................................................................. 38
ANEXO ................................................................................ 39
A CULTURA DO CUPUAÇU
(Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.)
1 INTRODUÇÃO
1
Eng.ª Agr.ª, Dra., Embrapa Amazônia Ocidental, Caixa Postal 319, CEP
69011-970, Manaus-AM. claret@cpaa.embrapa.br
2
Eng.º Florestal, M.Sc., Embrapa Amazônia Ocidental.
3
Eng.º Agr.º, M.Sc., Embrapa Amazônia Ocidental.
6
2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
Ordem: Malvales.
Família: Sterculiaceae.
Gênero: Theobroma.
Espécie: Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.
3 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO
4 DESCRIÇÃO BOTÂNICA
Placenta
Sementes 2,5%
15%
Polpa
37,3%
Casca
45,2%
60
50
Produção (%)
40 Ano 1
Ano 2
30
Ano 3
20
10
0
OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET
Meses
FIG. 8. Distribuição da produção do cupuaçuzeiro durante o
ano agrícola.
6 PROPAGAÇÃO
7 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA
7.3 Espaçamento
b
b h
a a
h=6,06m
a b a b
7m x 7m 235 plantas /ha 7m x 7m 204 plantas /ha
7.4 Piqueteamento
7.5 Plantio
solo subsolo
solo +
0,60m
adubo
orgânico e
químico
0,60m
Plantio em trilhas na
capoeira
Esta opção tem a
vantagem de reduzir os
custos de implantação da
cultura, além de manter a
vegetação original. Porém, as
plantas de cupuaçu retardam
o início da frutificação e
produzem poucos frutos,
principalmente se o
sombreamento for excessivo, FIG. 14. Cupuaçuzeiro plantado em
portanto não atrativa trilhas em capoeira.
8 TRATOS CULTURAIS
8.2 Coroamento
8.3 Poda
Análise do solo
Antes da implantação de um pomar de cupuaçu, é importante
realizar a análise de solo. As amostras devem ser retiradas de áreas
homogêneas dentro da propriedade. Amostras de áreas argilosas
devem ser separadas das áreas arenosas, bem como as de locais
planos, das encostas e das baixadas. Dentro de cada área homogênea,
de até 10ha, coletar separadamente na profundidade de 20cm e de
20cm a 40cm, 20 amostras simples, andando em ziguezague, para
formar uma amostra composta. Enviar para análise no laboratório 300g
da amostra composta, devidamente etiquetada com as informações:
nome do município, proprietário, propriedade, uso anterior e uso futuro
da área e data da coleta.
Em locais onde já existe o plantio de cupuaçu, deve ser feita uma
amostragem da área adubada, na projeção da copa e outra nas
entrelinhas, formando duas amostras compostas, para cada
profundidade.
Análise foliar
O uso da análise foliar como instrumento de diagnose do estado
nutricional das plantas e da fertilidade do solo fornece subsídios para as
recomendações de adubação, principalmente de culturas perenes. No
caso do cupuaçuzeiro, o avanço nas pesquisas quanto às reais
exigências nutricionais da cultura, levando-se em consideração fatores
como material genético, manejo e condições edafoclimáticas,
certamente possibilitará o uso dessa técnica como instrumento de
diagnose e aumento na eficiência das adubações.
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Recomendação de adubação
A recomendação de adubação deverá levar em conta o resultado
da análise do solo. A adubação da cova deve ser realizada um mês antes
do plantio (Tabela 2).
Controle
A prática da poda fitossanitária é o controle mais recomendado
para essa doença. Fazer inspeções periódicas no plantio, retirando os
frutos secos, as vassouras-verdes e secas das plantas, cortando-as
15cm a 20cm abaixo do local do superbrotamento (Figura 16h).
Remover, primeiramente, as vassouras-secas, para evitar a produção
de basidiocarpos e, assim, o aumento da doença na plantação. As
vassouras removidas devem ser retiradas da área do plantio e
queimadas. Durante a poda é recomendável utilizar máscaras e óculos
protetores, pois os pêlos que se soltam facilmente das folhas e ramos
podem causar irritações nos olhos e garganta.
24
a b c
d e f
g h
FIG. 16. Vassoura-de-bruxa: a) produção de basidiocarpos; b) sintomas
da doença em muda; c) vassoura-verde; d) vassoura-seca; e, f,
g) sintomas em frutos; h) poda da vassoura.
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Controle
Como controle preventivo, é recomendado evitar fazer
ferimentos nas plantas ao realizar as práticas de coroamento e capina da
área, e manter as plantas bem nutridas. Em plantas doentes, eliminar as
partes afetadas e pincelar o local do ferimento com a mistura de óleo
vegetal e 600ml de água. Repetir o pincelamento, se necessário, 20 a
30 dias após o tratamento (Lima & Souza, 1998; Lima et al., 1991).
Controle
Pulverizar com benomyl (1 g/litro de água), durante a emissão
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Oviposição no fruto
Larva alimenta-se
da semente
Acasalamento
Apodrecimento da
semente e polpa
a b c
FIG. 18. Broca-do-fruto: a) adulto; b) larva saindo pelo orifício na casca
c) parte interna da casca com orifício e larvas.
Controle
É importante ter conhecimento da existência da broca na área de
plantio e, em caso positivo, tomar medidas simples como não
transportar frutos colhidos em áreas atacadas para áreas sem a praga;
colher todos os frutos e eliminar aqueles com broca, para reduzir os
focos de infestação. Evitar a aplicação de inseticidas, pois até o
momento, não há resultados de pesquisa que confirmem a sua
eficiência. Além disso, a aplicação indiscriminada desses produtos
químicos prejudica os polinizadores e os inimigos naturais (predadores e
parasitóides).
Controle
O controle manual é feito através da coleta das lagartas, quando
as plantas são pequenas e pouco atacadas. Quando o ataque é intenso
no período de lançamento foliar do cupuaçuzeiro, aplicar inseticida de
contato e ingestão. Preferencialmente usar inseticidas biológicos.
c d
FIG. 20. Broca do broto: a) broto normal de muda de cupuaçu; b) broto
danificado pela broca; c) larva; d) adulto.
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Controle
Como prevenção, não deixar mudas velhas dentro do viveiro,
pois geralmente são hospedeiras desses insetos. Fazer periodicamente
vistoria e eliminar gemas atacadas (secas) manualmente, as quais
contêm em seu interior as larvas ou adulto dessa praga. Este
procedimento auxilia na redução do nível de infestação. Em ataques
intensos, o controle é feito com inseticida sistêmico.
Controle
Os formigueiros devem ser combatidos na área do plantio e
também nas áreas vizinhas. O controle químico é o mais recomendado,
podendo ser utilizados formicidas em pó, líquidos termonebulizáveis e
iscas granuladas.
11 PRODUTIVIDADE
MAP8404
70
60
50
Frutos/planta
40
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Safras
12 COLHEITA E BENEFICIAMENTO
Colheita
O fruto de cupuaçu, quando maduro, desprende-se da planta,
sendo colhido manualmente no chão e acondicionados em sacos ou
caixas resistentes. Os sacos facilitam o transporte dentro das linhas,
mas oferecem pouca proteção contra impactos, podendo ocorrer
quebra dos frutos. A colheita deve ser feita diariamente no início da
manhã. Quanto mais tempo o fruto permanecer caído no campo maior é
a perda do peso e a deterioração causada por ataque de fungos. Os
frutos colhidos devem ser reunidos em pontos estratégicos nas laterais
do plantio, para facilitar o transporte até ao local de recepção. O tempo
decorrido entre a colheita, transporte e o processamento deve ser o
mínimo possível. No caso de necessidade de armazenamento antes do
processamento ou da comercialização do fruto natural, os mesmos
devem ser mantidos em local sombreado, arejado, para facilitar a
remoção do calor (não amontoar os frutos), e, de preferência,
refrigerado. Quando deixado em ambiente natural, com temperatura
média de 25,6°C e umidade relativa 86%, o fruto pode perder até
23,4% do seu peso até o décimo dia após a colheita (Figura 22).
25
23,4
20 B25-10 A13-11
Perda de peso (%)
18,8
16,6
15
12,7 12,9 12,2
11 11,7
10
8,1 7,8 8,1 8,3
7,3
5
2,9
0 0
.1 .2 .3 .5 .6 .7 .8 .10
Dias
FIG. 22. Perda do peso do fruto em dois materiais genéticos dez dias
após a colheita, em ambiente natural.
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Seleção de frutos
Selecionar somente frutos maduros, sadios, eliminando aqueles
com sinais de ataque de pragas ou doenças, como a broca e a vassoura-
de-bruxa, ou outra enfermidade, bem como os deteriorados
("passados").
Despolpamento
O despolpamento
pode ser manual (Figura
24), quando a polpa é
separada das sementes e
placenta (fibras), com o
auxilio de tesouras, ou
mecânico, quando se utiliza
despolpadeira (Figura 25).
O despolpamento manual
FIG. 24. Despolpamento manual.
destina-se mais para
consumo próprio, mas deve ter todos os cuidados com a higiene. Não é
recomendável comercialmente, pois do ponto de vista sanitário, a
qualidade da matéria-prima fica comprometida devido a maior facilidade
de contaminação do material. Para o despolpamento mecânico, retirar a
placenta antes de colocar a massa de polpa na despolpadeira. A
placenta é indesejável sob o ponto de vista de qualidade de polpa. Por
ser fibrosa, ao ser misturada à polpa, afeta a aparência da mesma,
depreciando o seu valor. No beneficiamento mecânico, a presença da
placenta dificulta o despolpamento, por obstruir a passagem da polpa
através da peneira.
Pasteurização
O tratamento térmico tem por objetivo reduzir a carga
microbiológica e inativar as enzimas presentes, que podem causar
alterações físicas e bioquímicas na polpa. A polpa de cupuaçu
encontrada nos mercados normalmente não são pasteurizadas, são
comercializadas congeladas.
Envase
A polpa é colocada em uma dosadora, regulada para encher a
embalagem em quantidades previamente definidas. No rótulo da
embalagem deverá constar, além dos dados exigidos pelas leis, a
denominação "polpa de cupuaçu", a data de fabricação e por prazo de
validade. Existem, no mercado, várias opções de dosadores e
embalagens, e a escolha dependerá do mercado consumidor que se
pretende atingir e do fluxo de produção.
Congelamento
Para manter as características da polpa de cupuaçu, o
congelamento deve ser realizado no menor espaço de tempo possível.
Utilizar equipamentos como túneis ou câmaras de congelamento
rápido. O tempo de congelamento em freezeres é muito longo, podendo
comprometer a qualidade, principalmente quando se tem grande
quantidade de polpa para congelar.
Armazenamento
A safra do cupuaçu não é contínua durante o ano, e a região
Norte fica distante do mercado consumidor que está fora das fronteiras
regionais. Portanto, o armazenamento pode ser utilizado para regular o
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13 PRODUTOS DERIVADOS
Adubo
Casca orgânico e
artesanato
Suco Bala
Sorvete Néctar
Fruto de Doce em pasta Pizza
cupuaçu Polpa Creme Bolo
Licor Biscoito
Pudim Torta
Iogurte Compota
Geléia Outros
Muda
Sementes Cupulate
Cosmético
Fârmacos
Outros
14 COMERCIALIZAÇÃO
Ambiente Agroindústria1
Agroindústria 2
Institucional & (Polpa congelada)
(Polpa transformada)
Organizacional Produtor 1 Fruto
Produtor 3
Varejista 1 e 2
Assistência Produtor 3
Técnica Consumidor
Produtor 2 Fruto /
relação aos produtos similares.
Serviços e
Sistemaprodutivo
insumos Agregação devalores &Comercialização
de divulgação, da distribuição dos produtos e dos preços praticados em
capacidade de inserção dos produtos de cupuaçu em outros mercados é
estão sendo testados pelos consumidores. Acresce-se ainda que a
No mercado externo, a distribuição ainda é restrita, os produtos
15 ORÇAMENTO
16 BIBLIOGRAFIA
ANEXO
PADRÕES DE IDENTIDADE E QUALIDADE PARA POLPA DE
CUPUAÇU*
1 DEFINIÇÃO
2 COMPOSIÇÃO
Min. Máx.
Sólidos em ºBrix, a 20ºC 9,00 -
PH 2,60 -
Acidez total expressa em ácido cítrico (g/100g) 1,50 -
Ácido ascórbico (mg/100g) 18,00 -
Açúcares totais naturais do cupuaçu (g/100g) 6,00 -
Sólidos totais (g/100g) 12,00 -