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SABUGUEIRO

NEGRO

Trabalho desenvolvido para a cadeira de Introdução à Botânica


do 1º semestre do Curso de Fitoterapia Ocidental e Oriental 2ª Edição
por Sofia Nogueira Duarte
Docente: Prof. Maria Isabel Sousa
Verdelho, Santarém, Janeiro de 2022
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Quando escolheres
um pedaço de terra,
primeiro planta um Sabugueiro,
depois constrói aí a tua casa.
T. Elder Sachs

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Dedicatória
Ao meu filho Ricardo.
Ao meu marido Pedro e aos meus irmãos Pedro, Susana e Nuno.

Agradecimentos
À minha colega de turma, Suzanne, por me ter falado deste curso.
À minha família. A todos os professores deste curso por tornarem
a vida mais interessante e estimulante.

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Resumo

O Sabugueiro está no topo de muitas listas de plantas essenciais para uso fitoterá-
pico, sendo considerado uma farmácia completa por si só por muitos. Da Medi-
cina Tradicional à Convencional (aqui sob a forma de extractos e cápsulas) e até
no Floclore, principalmente no Ocidente, é unânime que esta árvore tem muitas
qualidades que devem ser aproveitadas. A espécie Sambucus nigra L. tem uma
longa história etnobotânica como tratamento para infecções virais e é actualmente
uma das plantas medicinais mais utilizadas em todo o mundo. É comum o seu uso
caseiro sob a forma de infusões e extractos.

No entanto, até há muito pouco tempo, não havia pesquisa científica relevante sobre
as suas propriedades antivirais. Enquanto que a extensão dos efeitos antivirais do
Sabugueiro Negro ainda não é bem conhecida, as suas propriedades antivirais e
antimicrobianas estão perfeitamente demonstradas. E, por isto, encontra-se inscrito
na maioria das Farmacopeias Mundiais.

É um arbusto com características botânicas, composição química e sustâncias ati-


vas, que oferece condições para ser aproveitado com fins medicinais, alimentares,
ornamentais, artesanais e para suplemento animal.

Encontra-se muita informação em publicações que abordam diferentes assuntos


de interesse, mas nenhum documento que contenha informação abrangente sobre
a espécie.

O objetivo deste trabalho é aprofundar o conhecimento sobre as características,


manuseamento e utilizações do sabugueiro, mais especificamente do Sambucus
nigra L.

A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica e na internet. Foi feita também


alguma pesquisa de campo, mas sem grandes resultados devido à época escolhida
(Inverno) não ser a mais favorável para a observação desta planta.

Palavras-chave: Sambucus, nigra, sabugueiro, flores, bagas

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Índice
1. Identificação
1.1. Nome......................................................................................................................8
1.2. Taxonomia..............................................................................................................8
2. Análise da Planta..........................................................................................................8
2.1. Descrição botânica.................................................................................................8
2.2. Distribuição geográfica e habitat.............................................................................9
2.3. Condições de cultura............................................................................................11
2.4. Partes utilizadas....................................................................................................11
2.5. Colheita, secagem e conservação.........................................................................11
2.6. Histórias e lendas..................................................................................................12
2.7. Adulterantes..........................................................................................................13
2.8. Usos Etnomedicinais.............................................................................................13
2.9. Outros usos...........................................................................................................14
2.10. Composição química/constituintes activos...........................................................15
2.11. Acções farmacológicas........................................................................................16
2.12. Indicações terapêuticas......................................................................................16
2.13. Toxicidade/Efeitos adversos.................................................................................16
2.14. Contraindicações................................................................................................17
2.15. Interacções medicamentosas/alimentares...........................................................17
2.16. Precauções.........................................................................................................17
2.17. Enquadramento Legal..........................................................................................17
2.18. Formas de administração e posologia..................................................................18
2.19. Observações.......................................................................................................18
3. Análise segundo a MTC..............................................................................................19
3.1. Partes utilizadas....................................................................................................19
3.2. Característica.......................................................................................................19
3.3. Indicações............................................................................................................19
3.4. Toxicidade............................................................................................................20
4. Contacto com a planta...............................................................................................20
4.1. Cuidados com a planta..........................................................................................20
4.2. Relação energética com a planta...........................................................................20
4.3. Experiências com a planta: ingestão, aplicação, formas terapêuticas, relação........21
5. Comentário final.........................................................................................................21
6. Referências bibliográficas..........................................................................................22

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1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Nome comum: Sabugueiro
Nome científico: Sambucus nigra L. – Família das Capifoláceas

Nomes populares: Canineiro, galacrista, rosa de bem-fazer, sabugo, sabugueiro-


negro, sabugueiro-preto. No Brasil ainda, sabugueirinho,
sabugueiro-maior (Proença da Cunha, 2011)

1.2. Taxonomia
1.2.1. Divisão - Spermatophyta
Classe - Magnoliopsida
Ordem - Dipsacales Familia Adoxaceae
Género - Sambucus
Espécie - Sambucus nigra L

2. ANÁLISE DA PLANTA
2.1. Descrição botânica
De 2 a 5 m de altura, em estado de arbusto, atingindo muito mais em árvore,
por vezes 10m; caule com casca cinzento-acastanhada, verrugosa, ramos fracos
e quebradiços, com medula branca; folhas pecioladas, com 5 a 7 folículos com-
pridos e serrados; flores brancas (Junho), pequenas, em cimeiras corimbifor-
mes planas, com 5 raios principais, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames com anteras
amarelas, 3 carpelos, 3 estigmas sésseis; baga preto-violácea, com 3 sementes.
Cheiro intenso; sabor acídulo (Segredos e virtudes das plantas medicinais, 1983).

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2.2. Distribuição geográfica e habitat
Arbusto nativo da Europa, Ásia Ocidental e Central e Norte de África. Lar-
gamente disseminado no território português. Cresce em bosques e terrenos
incultos. Encontra-se em sebes, margens dos campos e dos cursos de água, em
quase todo o continente europeu; é também cultivado como planta ornamental.
Foi introduzido na América, onde se encontra actualmente espalhada desde o
México, Colômbia, Costa Rica, Argentina até à Amazónia.

Mapa da distribuição mundial da espécie Sambucus nigra L.

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2.3. Condições de cultura
Encontra-se normalmente até aos 1000 metros de altitude, podendo, no entan-
to, ser encontrado nos Alpes entre os 2000 m e os 3000 m acima do nível do mar.
Requer solos húmidos, calcários, pedregosos e ricos em nitrogénio. Necessita de
sol para crescer adequadamente.

O Sabugueiro pode propagar-se por sementes e por reprodução vegetativa.


Apresenta hermafroditismo sexual e polinização entomófila. A espécie geral-
mente emite propágulos a partir das raízes mais superficiais que possibilitam a
sua multiplicação. A forma de reprodução mais comum é a vegetativa, por mais
rápida e eficiente.

2.4. Partes utilizadas


Flores, bagas (sementes), folhas e, muito raramente os ramos. Na Fitoterapia e
na Medicina Tradicional as flores e as bagas são as mais vulgarmente utilizadas.

2.5. Colheita, secagem e conservação


As flores colhem-se em Junho e as bagas no princípio do Outono: cortar com
uma tesoura toda a inflorescência, que é colocada sobre uma grade de canas
com as flores voltadas para baixo e submetida a uma secagem rápida. Depois
faz-se cair as flores e estas são conservadas em invólucros fechados num local
seco. Pode usar-se um forno ou um desidratador eléctrico.

As bagas colhem-no no Outono quando estão bem maduras (pretas) pois no


seu estado imaturo são tóxicas: separam-se dos pezinhos e limpam-se colocan-
do-as num pote com água e deixando os detritos flutuarem. Retirar os detritos e
escorrer as bagas. Deixar secar no escorredor por 2 horas e colocar num tabuleiro
de secagem à sombra em local arejado por uns dias. Pode usar-se um forno ou
um desidratador eléctrico.

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2.6. Histórias e lendas
Espécie utilizada para fins medicinais e
para a “prática de magia” desde tempos
remotos. O nome Sambucus tem origem
do grego sambuke que significa “flauta
musical” já que antigamente se fabricavam
os ditos instrumentos com os ramos do
Sabugueiro. A denominação inglesa elder
provém do anglo-saxão aeld que significa
atiçar o fogo, uma alusão aos seus ramos
ocos que eram especialmente adequados
para fazer fogo. Entre as crenças dos países
eslavos e bálticos, o sabugueiro era a morada de Puschkayt, deus da terra, a quem
eram oferecidos alimentos, que eram colocados na base da árvore. O sabugueiro
foi muito venerado, do ponto de vista medicinal, pelos camponeses europeus
especialmente durante os séculos XIII a XVIII. Era conhecida como “a medicina
dos pulmões dos camponeses” devido aos benefícios sobre o trato respiratório
proporcionado pelas suas infusões.

Na Alemanha faziam-se os caixões com a madeira do Sabugueiro, sendo comum


juntar cruzes de madeira em cima dos mesmos. Tanto no norte de Inglaterra
como na região do Tirol, os ramos de Sabugueiro eram cortados em forma de
cruzes que plantavam nos túmulos novos.

Na Irlanda e na Inglaterra o Sabugueiro era considerado como “a árvore das


bruxas”, já que se acreditava que as varinhas com as quais praticavam bruxa-
ria eram feitas com a sua madeira (Alonso, 2007). Cultivado perto de casa, traz
prosperidade para os residentes. É usado nos casamentos para trazer boa sorte
ao casal, e as grávidas beijam a árvore para dar boa sorte ao futuro bebé. Andar
sempre com sabugueiro protege contra a tentação de cometer adultério. Muitos
acreditam que queimar a madeira de Sabugueiro é perigoso, e alguns Ciganos
proibiram completamente de a usar como lenha para fogo. No entanto, muitos
“feiticeiros” têm usado a sua madeira para fabricar varinhas “mágicas” desde há
muitos séculos (Cunningham, 2008).

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2.7. Adulterantes
Na prática são muito raros. Antigamente adulterava-se com flores de Sambucus
ebulus L. (Alonso, 2007).

2.8. Usos Etnomedicinais


O Sabugueiro negro, amarelo e vermelho cresce em muitas zonas do território
russo e têm sido utilizados na medicina caseira desde tempos ancestrais. No
entanto, consideram a espécie do Sabugueiro Branco Norte-Americano superior.
Na Idade Média era considerada uma árvore sagrada, capaz de restaurar e manter
a boa saúde e também um auxiliar da longevidade (Hutchens, 1991).

Os nativos norte-americanos recomendavam-no para tratar diferentes doenças,


desde respiratórias a dermatológicas. Os Índios Iroqueses empregavam as flores
brancas como febrífugo, os Cherokee usavam o sumo das bagas em casos de reu-
matismo e infecções, e os Delaware aconselhavam-no como depurativo hepático.

John Evelyn declarou no século XVII “…a toma de um extracto de bagas diá-
rio prolonga a vida.” Outro autor do século XVII, Martins Blokwich editou uma
publicação em que mencionava 70 enfermidades que podiam ser tratadas com
flores e bagas de sabugueiro. Na região da Mata Atlântica, a infusão das folhas é
indicada para febres e constipações, e a infusão das flores é usada contra dores
musculares, gripes fortes e varicela (Alonso, 2007).

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2.9. Outros usos
CULINÁRIO
As flores com o seu aroma adocicado, requintado e almiscarado são ideais para
usar em xaropes, gelados, geleias, compotas e bebidas, bem como fruta em calda.

As bagas podem ser usadas em compotas, geleias e chutneys.

Os compostos fenólicos mais abundantes nas bagas, as antiocianinas, têm tam-


bém um elevado poder corante que, ao ser introduzido em alimentos permite a
substituição dos corantes sintéticos por naturais, o que representa um aumento
da segurança para o consumidor.

COSMÉTICA E DERMATOLOGIA
A presença de flavonoides, de ácidos fenólicos e de esteroides explicam a
acção anti-inflamatória e de rejuvenescimento do tecido cutâneo (A. Proença
da Cunha, 2015).

MELÍFERO
É sabido que as abelhas visitam as flores do sabugueiro produzindo com o seu
pólen um mel de alta qualidade e sabor muito agradável.

ALIMENTO PARA ANIMAIS


Os melros bebés e o Gaio-comum
alimentam-se das bagas. As folhas
são usadas, ocasionalmente, como
forragens para animais.

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2.10. Composição química/constituintes activos
Ramos: contêm glicósidos flavonoides, sais potássicos, lectinas (ricas em
fitohemaglutininas, ácido aspártico, asparagina, valina e leucina), sambucina
(alcaloide), triterpenoides (α-amirenona, α-amirina, betulina, ácido oleánico,
β-sitoesterol) e taninos.

Flores: Contêm um óleo essencial (0,025-0,15%) rico em linalol, geraniol,


nerol; flavonoides (rutina, isoquercitrina, hiperósido, kaempferol e astragalina),
mucílagos, álcoois e ácidos triterpénicos (α e β-amirina, ácido ursólico e ácido
oleánico), vestígios de sambunigrina (glucósido cianogenético), taninos, ácido
clorogénico (3%), plastocinina (proteína), pectina e glicósidos do ácido cafeico
e ferúlico. Para a Farmacopeia Suíça a quantidade de flavonoides nas flores não
deve ser inferior a 0,7%, enquanto que para as Farmacopeias Alemã e Europeia
(3ª Ed.) não deve ser menos de 0,8%. Em todos os casos são calculados como
isoquercitrina.

Frutos: flavonoides (rutina, isoquercitrina, isorramnetina-3-glucósido, 3-rutinó-


sido), antocianidinas (heterósidos de cianidina, crisantemina, sambucina e
sambucianina), vestígios de heterósidos cianogénicos nas sementes (holocalina,
prunasina, sambunigrina e zierina), ácidos orgânicos (cítrico, tartárico e máli-
co), provitamina A, vitamina C (0,03%), açúcares (7,5%, principalmente glucose
e frutose), pectina, taninos (3%) e vestígios de óleo essencial (0,01%) rico em
ésteres de ácidos gordos (ácidos linoleico, linolénico e palmítico) e mais de 30
compostos adicionais.

Folhas: heterósidos cianogénicos tais como sambunigrina (0,042%), prunasina,


zierina e holocalina; colina, flavonoides (rutina, quercetina), sambucina (alca-
loide), fitoesteroides, triterpenos, alcanos, ácidos gordos, taninos, etc. (Alonso,
2007).

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2.11. Acções farmacológicas
Anticatarral, anti-inflamatória, antiespasmódica, antiviral, descongestionante,
nervina, antioxidante, diaforética e diurética.

2.12. Indicações terapêuticas


USO INTERNO: Tosse, bronquite, catarro, resfriados, febre, suporte do sistema
imunitário, síndromes gripais, gota, doenças das articulações e reumatismo.

EXTERNO: Aplicado sob a forma de cremes e loções contendo extractos gli-


cólicos em peles inflamadas e gretadas; em infusão de flores a 5% actua como
condicionador no cabelo; banho cosmético: usar bolsa de pano com 100g de
flores em 10 litros de água tépida para limpar e rejuvenescer a pele. (A. Proença
da Cunha A. P., 2015)

Estudos a decorrer: efeito do Sambucus nigra L. contra os vírus do HIV, Influenza


e Coronavirus; possível efeito antidepressivo; possível regulador da função hepática.

2.13. Toxicidade/Efeitos adversos


Em doses adequadas o sabugueiro pode ser muito bem tolerado. Há descrição
de casos de toxicidade pela ingestão de doses elevadas de extracto de sabugueiro,
mais frequentemente pelo consumo de sumo dos frutos (bagas) verdes, onde se
concentra uma maior quantidade de sambunigrina, causando náuseas, vómitos
e diarreia. Os frutos cozidos perdem toxicidade. Outros quadros tóxicos foram
observados com o elevado consumo de infusões elaboradas com as folhas atri-
buídos aos glucósidos cianogenéticos presentes nas mesmas. A administração
de lectinas a ratos fêmea grávidas induz teratogenicidade. Para ser considerada
perigosa em humanos deveriam tomar-se grandes quantidades, o que é altamente
improvável. O consumo de extractos de flores e frutos em doses habituais, assim
como a aplicação externa de extratos de sabugueiro não mostraram evidências
de toxicidade. Quanto ao efeito diurético, o mesmo pode gerar hipocalemia, o
que se terá de ter em conta antes da sua prescrição (Alonso, 2007).

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2.14. Contraindicações
No geral, não se encontram efeitos adversos, no entanto, a segurança durante
a gravidez e a lactação não foi suficientemente demonstrada pelo que, em vir-
tude do qual não se recomenda o emprego de extractos de sabugueiro nestas
circunstâncias, até que existam dados concretos de inocuidade (Alonso, 2007).

2.15. Interacções medicamentosas/alimentares


Os extractos de Sabugueiro podem interagir com medicamentos imunossu-
pressores.

A planta estimula o sistema imunitário e, por esta razão, pessoas com doenças
autoimunes não a devem usar sem acompanhamento de um profissional de saúde.

2.16. Precauções
As bagas verdes podem causar irritação gastrointestinal. As folhas, ramos,
sementes e raízes contêm glicosídeos indutores de cianeto, e a ingestão destas
três partes da planta em quantidades elevadas pode causar a subida de cianeto
no corpo para níveis tóxicos.

2.17. Enquadramento Legal


O sambucus nigra L. encontra-se registado pelas principais farmacopeias de
todo o mundo. Figura entre as monografias da Agência Europeia de medica-
mentos (EMA, 2008) e da Organização Mundial de Saúde (OMS, tomo II). O
Council of Europe catalogou-o como produto natural alimentar ou flavorizante
nas categorias N1 e N2. A categoria N1 indica que não existem restrições sobre
o uso do fruto. A categoria N2 faz menção a limitações quanto à concentração
de ácido hidrociânico, que deve ser no máximo 1 mg/kg para bebidas, 5 mg/Kg
em sucos de fruta e 50g/kg em marzipãs (Alonso, 2007).

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A Comissão E Alemã (Blumenthal e col., 1998) aprova o seu emprego nas gripes
como diaforético e indutor da secreção brônquica.

A Food and Drug Administration dos Estados Unidos da América do Norte


aprovaram o seu uso e consideram a planta segura de forma geral (Randall S.
Porter, 2017).

2.18. Formas de administração e posologia

FLORES
Dose média diária em infusão, 3 a 5 g por chávena, 2 a 3 vezes por dia. Como
sudorífero no tratamento de doenças febris tomar bem quente.

Em tintura, (1:15): 50 a 100 gotas, 1 a 2 vezes por dia em adultos, 25-50 gotas
em crianças.

BAGAS
Decocção: para 1 chávena usar 10g de bagas secas e tomar várias vezes ao dia.

Xarope: uso intensivo em adultos, 2 colheres de chá, 4 vezes ao dia; em crian-


ças, 1 colher de chá, 4 vezes ao dia; para manutenção em adultos, 2 colheres de
chá por dia; em crianças, 1 colher de chá por dia.

Sumo: 1 copo (200g de bagas frescas bem maduras), 2 vezes por dia nos adultos;

2.19. Observações
O Sabugueiro é uma das plantas medicinais mais utilizadas no mundo, a pro-
cura por esta espécie é muito elevada o que pode pôr em risco a sua sobrevi-
vência. Se se extinguir, para além dos seus benefícios medicinais não poderem
ser usados, causará um desequilíbrio no ecossistema, pois serve de alimento a
muitos animais.

Para preservar a espécie é importante não poluir, não só os solos como também
os rios. O sabugueiro é utilizado para inúmeros fins, por isso, cabe-nos preservá-lo.

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3. ANÁLISE SEGUNDO A MTC
A espécie Sambucus nigra L. é cultivada na China apenas de forma ocasional,
sendo o seu nome chinês Hu Gu Xiao.

Nesta região encontram-se outas 4 subespécies: Sambucus adnata Wall. (xue


man cao); Sambucus javanica Blume (jie gu cao); Sambucus williamsii Hance
(jie gu um) e Sambucus sibirica Nakai (xi bo li ya jie gu um).

3.1. Partes utilizadas


Flores, bagas e raiz.

3.2. Características
Planta fria que retira calor do Xue (sangue).

É uma erva com característica do elemento água, tanto yin, como yang.

Temperatura: fresca
Sabor: amargo e acre
Tropismo: pulmão
Ações: clarifica o Vento-Calor e clarifica as Mucosidades do Pulmão.

3.3. Indicações
Elimina fogo do Fígado e do Pulmão, elimina vento e humidade, move o sangue
e reduz fleuma (muco). Utilizada em tratamentos de síndrome Bi. Move a estag-
nação do Qi do Rim e do Fígado. É uma erva que promove a micção e drenagem.
Tem acção nos canais do Pulmão, Bexiga, Rins e Fígado.

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3.4. Toxicidade
O uso prolongado aquece muito, o que faz com que surja a deficiência do yin
e, consequentemente, plenitude-calor.

Em caso de diarreias, deficiência do yin ou plenitude-calor, esta não deve ser


usada.

4. CONTACTO COM A PLANTA


4.1. Cuidados com a planta
É uma planta bastante resistente e tolerante com solos pobres, pedregosos,
calcários, húmidos e ricos em nitrogénio. Pode ser propagada cortando ramos
pequenos no princípio do Verão ou ramos maiores (30cm) no fim do Outono.
Deve ser plantada no exterior no princípio do Outono ou na Primavera. Cresce
melhor exposta ao sol ou com sombra parcial.

Necessita de ser regada durante o tempo seco até estar bem implementada.
Pode usar-se fertilizante na Primavera. Não necessita de ser podado a menos
que seja para fins ornamentais.

As flores devem ser colhidas no Verão e as bagas no Outono, quando estiverem


bem maduras e de coloração púrpura-negra ou negra.

4.2. Relação energética com a planta


Em todas as culturas de todas as regiões do mundo onde se encontra o Sambu-
cus nigra L. ou outras subespécies, mas principalmente por toda a Europa, existe
muita mitologia associada ao Sabugueiro, sendo em todas elas considerada uma
árvore sagrada. Na mitologia Celta, por exemplo, é considerado a “Árvore Mãe”
e está associado a rituais fúnebres (sendo a morte sinónimo de renascimento), a
bruxas, fadas, premonições e exorcismos, mas também a vida próspera e saúde
para quem nasce perto da planta (por baixo). Noutras mitologias existem todo o
tipo de crenças à volta do Sabugueiro: como o poder de proteger e de causar danos.

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4.3. Experiências com a planta
Consumo de Sabugueiro sob várias formas, por vezes, a infusão das flores,
pelo sabor e pelas propriedades (para sintomas gripais e dores nos ossos) sendo
particularmente agradável a geleia feita das suas bagas.

Existem alguns espécimes perto da zona onde vivo actualmente, perto de San-
tarém, mais especificamente perto de nascentes existentes no Parque Natural
das Serras de Aire e Candeeiros. Não consegui ir a tempo de colher as suas flores
ou bagas, mas tirei uns ramos pequenos que plantei no meu quintal, para futura
observação e manuseamento.

5. COMENTÁRIO FINAL
O valor fitoterápico do Sambucus nigra L. é universalmente reconhecido e, per-
feitamente demonstrado em inúmeros estudos clínicos. É também indiscutível que
a sua utilização milenar demonstra o conhecimento profundo que os povos antigos
tinham desta planta. Foi fácil perder muitas vezes o foco ao pesquisar informação,
dada a grande quantidade e variedade que existe disponível em todos os formatos.
Fiquei “com água na boca” com as histórias e lendas à volta do Sabugueiro, mas
também com a curiosidade muito aguçada em relação às pesquisas que estão a
ser feitas em ambiente laboratorial relacionadas com o Coronavírus, a prevenção
do cancro, o HIV, a depressão e muito mais.

No fundo, dados os poucos conhecimentos que possuo na área da química e da


biologia celular, não me foi possível compreender todo o potencial e alcance de
actuação da “Árvore Mãe”, pelo que o trabalho aqui apresentado foi a compilação
de muita informação diferente e, por vezes, contraditória. A maioria das publica-
ções refere que não existem efeitos adversos conhecidos no uso desta planta, no
entanto, como se verificou, isso não é verdade.

No que diz respeito à Medicina Tradicional Chinesa a informação que encontrei é


pouca e mal fundamentada. Ficou por esclarecer se é uma planta pouco valorizada
na China ou se, simplesmente, não existem suficientes publicações traduzidas.

Gostaria de acrescentar que, a título pessoal, este trabalho foi um desafio muito
interessante e estimulante, que me fez ter vontade de continuar a fazer pesquisa.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• A . Proença da Cunha, A. P. (2015). Plantas e Produtos Vegetais em Cosmética e Der-
matologia (4ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
• A. Proença da Cunha, O. R. (2011). Plantas Medicianais da Farmacopeia Portuguesa,
Constituintes, Controlo, Farmacologia e Utilização (2ª ed.). Lisboa, Portugal: Fun-
dação Calouste Gulbenkian.
• Alonso, J. (s.d.). Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos (1º Reimpresión corregida
y renovada ed.). Argentina, Rosario.: Corpus Editorial y Distribuidora, 2007.
• Cunningham, S. (2008). Cunningham’s Encyclopedia of Magical Herbs (2nd ed.).
Woodbury, Minnesota: Llewellyn Publications.
• Hutchens, A. R. (1991). Indian Herbalogy of North America. Boston & London:
Shambala.
• J., H., & J., A. (1974). Human poisoning (2ª ed.). North Carolina.
• M., M., C., H., & Goldberg, U. R. (1977). Botanical Safety Handbook. EUA: CRC Press.
• Randall S. Porter, R. F. (15 de 02 de 2017). https://onlinelibrary.wiley.com/doi/
full/10.1002/ptr.5782. Obtido de www.onlinelibrary.wiley.com: https://onlinelibrary.
wiley.com/doi/full/10.1002/ptr.5782
• Salgueiro, J. (2013). Ervas, Usos e Saberes - Plantas Medicinais no Alentejo e Outros
Produtos Naturais (5ª ed.). Lisboa: Edições Colibri e Marca.

• Segredos e virtudes das plantas medicinais. (1983). Selecções do Reader’s Digest.

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