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NEGRO
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Dedicatória
Ao meu filho Ricardo.
Ao meu marido Pedro e aos meus irmãos Pedro, Susana e Nuno.
Agradecimentos
À minha colega de turma, Suzanne, por me ter falado deste curso.
À minha família. A todos os professores deste curso por tornarem
a vida mais interessante e estimulante.
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Resumo
O Sabugueiro está no topo de muitas listas de plantas essenciais para uso fitoterá-
pico, sendo considerado uma farmácia completa por si só por muitos. Da Medi-
cina Tradicional à Convencional (aqui sob a forma de extractos e cápsulas) e até
no Floclore, principalmente no Ocidente, é unânime que esta árvore tem muitas
qualidades que devem ser aproveitadas. A espécie Sambucus nigra L. tem uma
longa história etnobotânica como tratamento para infecções virais e é actualmente
uma das plantas medicinais mais utilizadas em todo o mundo. É comum o seu uso
caseiro sob a forma de infusões e extractos.
No entanto, até há muito pouco tempo, não havia pesquisa científica relevante sobre
as suas propriedades antivirais. Enquanto que a extensão dos efeitos antivirais do
Sabugueiro Negro ainda não é bem conhecida, as suas propriedades antivirais e
antimicrobianas estão perfeitamente demonstradas. E, por isto, encontra-se inscrito
na maioria das Farmacopeias Mundiais.
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Índice
1. Identificação
1.1. Nome......................................................................................................................8
1.2. Taxonomia..............................................................................................................8
2. Análise da Planta..........................................................................................................8
2.1. Descrição botânica.................................................................................................8
2.2. Distribuição geográfica e habitat.............................................................................9
2.3. Condições de cultura............................................................................................11
2.4. Partes utilizadas....................................................................................................11
2.5. Colheita, secagem e conservação.........................................................................11
2.6. Histórias e lendas..................................................................................................12
2.7. Adulterantes..........................................................................................................13
2.8. Usos Etnomedicinais.............................................................................................13
2.9. Outros usos...........................................................................................................14
2.10. Composição química/constituintes activos...........................................................15
2.11. Acções farmacológicas........................................................................................16
2.12. Indicações terapêuticas......................................................................................16
2.13. Toxicidade/Efeitos adversos.................................................................................16
2.14. Contraindicações................................................................................................17
2.15. Interacções medicamentosas/alimentares...........................................................17
2.16. Precauções.........................................................................................................17
2.17. Enquadramento Legal..........................................................................................17
2.18. Formas de administração e posologia..................................................................18
2.19. Observações.......................................................................................................18
3. Análise segundo a MTC..............................................................................................19
3.1. Partes utilizadas....................................................................................................19
3.2. Característica.......................................................................................................19
3.3. Indicações............................................................................................................19
3.4. Toxicidade............................................................................................................20
4. Contacto com a planta...............................................................................................20
4.1. Cuidados com a planta..........................................................................................20
4.2. Relação energética com a planta...........................................................................20
4.3. Experiências com a planta: ingestão, aplicação, formas terapêuticas, relação........21
5. Comentário final.........................................................................................................21
6. Referências bibliográficas..........................................................................................22
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1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Nome comum: Sabugueiro
Nome científico: Sambucus nigra L. – Família das Capifoláceas
1.2. Taxonomia
1.2.1. Divisão - Spermatophyta
Classe - Magnoliopsida
Ordem - Dipsacales Familia Adoxaceae
Género - Sambucus
Espécie - Sambucus nigra L
2. ANÁLISE DA PLANTA
2.1. Descrição botânica
De 2 a 5 m de altura, em estado de arbusto, atingindo muito mais em árvore,
por vezes 10m; caule com casca cinzento-acastanhada, verrugosa, ramos fracos
e quebradiços, com medula branca; folhas pecioladas, com 5 a 7 folículos com-
pridos e serrados; flores brancas (Junho), pequenas, em cimeiras corimbifor-
mes planas, com 5 raios principais, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames com anteras
amarelas, 3 carpelos, 3 estigmas sésseis; baga preto-violácea, com 3 sementes.
Cheiro intenso; sabor acídulo (Segredos e virtudes das plantas medicinais, 1983).
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2.2. Distribuição geográfica e habitat
Arbusto nativo da Europa, Ásia Ocidental e Central e Norte de África. Lar-
gamente disseminado no território português. Cresce em bosques e terrenos
incultos. Encontra-se em sebes, margens dos campos e dos cursos de água, em
quase todo o continente europeu; é também cultivado como planta ornamental.
Foi introduzido na América, onde se encontra actualmente espalhada desde o
México, Colômbia, Costa Rica, Argentina até à Amazónia.
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2.3. Condições de cultura
Encontra-se normalmente até aos 1000 metros de altitude, podendo, no entan-
to, ser encontrado nos Alpes entre os 2000 m e os 3000 m acima do nível do mar.
Requer solos húmidos, calcários, pedregosos e ricos em nitrogénio. Necessita de
sol para crescer adequadamente.
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2.6. Histórias e lendas
Espécie utilizada para fins medicinais e
para a “prática de magia” desde tempos
remotos. O nome Sambucus tem origem
do grego sambuke que significa “flauta
musical” já que antigamente se fabricavam
os ditos instrumentos com os ramos do
Sabugueiro. A denominação inglesa elder
provém do anglo-saxão aeld que significa
atiçar o fogo, uma alusão aos seus ramos
ocos que eram especialmente adequados
para fazer fogo. Entre as crenças dos países
eslavos e bálticos, o sabugueiro era a morada de Puschkayt, deus da terra, a quem
eram oferecidos alimentos, que eram colocados na base da árvore. O sabugueiro
foi muito venerado, do ponto de vista medicinal, pelos camponeses europeus
especialmente durante os séculos XIII a XVIII. Era conhecida como “a medicina
dos pulmões dos camponeses” devido aos benefícios sobre o trato respiratório
proporcionado pelas suas infusões.
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2.7. Adulterantes
Na prática são muito raros. Antigamente adulterava-se com flores de Sambucus
ebulus L. (Alonso, 2007).
John Evelyn declarou no século XVII “…a toma de um extracto de bagas diá-
rio prolonga a vida.” Outro autor do século XVII, Martins Blokwich editou uma
publicação em que mencionava 70 enfermidades que podiam ser tratadas com
flores e bagas de sabugueiro. Na região da Mata Atlântica, a infusão das folhas é
indicada para febres e constipações, e a infusão das flores é usada contra dores
musculares, gripes fortes e varicela (Alonso, 2007).
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2.9. Outros usos
CULINÁRIO
As flores com o seu aroma adocicado, requintado e almiscarado são ideais para
usar em xaropes, gelados, geleias, compotas e bebidas, bem como fruta em calda.
COSMÉTICA E DERMATOLOGIA
A presença de flavonoides, de ácidos fenólicos e de esteroides explicam a
acção anti-inflamatória e de rejuvenescimento do tecido cutâneo (A. Proença
da Cunha, 2015).
MELÍFERO
É sabido que as abelhas visitam as flores do sabugueiro produzindo com o seu
pólen um mel de alta qualidade e sabor muito agradável.
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2.10. Composição química/constituintes activos
Ramos: contêm glicósidos flavonoides, sais potássicos, lectinas (ricas em
fitohemaglutininas, ácido aspártico, asparagina, valina e leucina), sambucina
(alcaloide), triterpenoides (α-amirenona, α-amirina, betulina, ácido oleánico,
β-sitoesterol) e taninos.
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2.11. Acções farmacológicas
Anticatarral, anti-inflamatória, antiespasmódica, antiviral, descongestionante,
nervina, antioxidante, diaforética e diurética.
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2.14. Contraindicações
No geral, não se encontram efeitos adversos, no entanto, a segurança durante
a gravidez e a lactação não foi suficientemente demonstrada pelo que, em vir-
tude do qual não se recomenda o emprego de extractos de sabugueiro nestas
circunstâncias, até que existam dados concretos de inocuidade (Alonso, 2007).
A planta estimula o sistema imunitário e, por esta razão, pessoas com doenças
autoimunes não a devem usar sem acompanhamento de um profissional de saúde.
2.16. Precauções
As bagas verdes podem causar irritação gastrointestinal. As folhas, ramos,
sementes e raízes contêm glicosídeos indutores de cianeto, e a ingestão destas
três partes da planta em quantidades elevadas pode causar a subida de cianeto
no corpo para níveis tóxicos.
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A Comissão E Alemã (Blumenthal e col., 1998) aprova o seu emprego nas gripes
como diaforético e indutor da secreção brônquica.
FLORES
Dose média diária em infusão, 3 a 5 g por chávena, 2 a 3 vezes por dia. Como
sudorífero no tratamento de doenças febris tomar bem quente.
Em tintura, (1:15): 50 a 100 gotas, 1 a 2 vezes por dia em adultos, 25-50 gotas
em crianças.
BAGAS
Decocção: para 1 chávena usar 10g de bagas secas e tomar várias vezes ao dia.
Sumo: 1 copo (200g de bagas frescas bem maduras), 2 vezes por dia nos adultos;
2.19. Observações
O Sabugueiro é uma das plantas medicinais mais utilizadas no mundo, a pro-
cura por esta espécie é muito elevada o que pode pôr em risco a sua sobrevi-
vência. Se se extinguir, para além dos seus benefícios medicinais não poderem
ser usados, causará um desequilíbrio no ecossistema, pois serve de alimento a
muitos animais.
Para preservar a espécie é importante não poluir, não só os solos como também
os rios. O sabugueiro é utilizado para inúmeros fins, por isso, cabe-nos preservá-lo.
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3. ANÁLISE SEGUNDO A MTC
A espécie Sambucus nigra L. é cultivada na China apenas de forma ocasional,
sendo o seu nome chinês Hu Gu Xiao.
3.2. Características
Planta fria que retira calor do Xue (sangue).
É uma erva com característica do elemento água, tanto yin, como yang.
Temperatura: fresca
Sabor: amargo e acre
Tropismo: pulmão
Ações: clarifica o Vento-Calor e clarifica as Mucosidades do Pulmão.
3.3. Indicações
Elimina fogo do Fígado e do Pulmão, elimina vento e humidade, move o sangue
e reduz fleuma (muco). Utilizada em tratamentos de síndrome Bi. Move a estag-
nação do Qi do Rim e do Fígado. É uma erva que promove a micção e drenagem.
Tem acção nos canais do Pulmão, Bexiga, Rins e Fígado.
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3.4. Toxicidade
O uso prolongado aquece muito, o que faz com que surja a deficiência do yin
e, consequentemente, plenitude-calor.
Necessita de ser regada durante o tempo seco até estar bem implementada.
Pode usar-se fertilizante na Primavera. Não necessita de ser podado a menos
que seja para fins ornamentais.
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4.3. Experiências com a planta
Consumo de Sabugueiro sob várias formas, por vezes, a infusão das flores,
pelo sabor e pelas propriedades (para sintomas gripais e dores nos ossos) sendo
particularmente agradável a geleia feita das suas bagas.
Existem alguns espécimes perto da zona onde vivo actualmente, perto de San-
tarém, mais especificamente perto de nascentes existentes no Parque Natural
das Serras de Aire e Candeeiros. Não consegui ir a tempo de colher as suas flores
ou bagas, mas tirei uns ramos pequenos que plantei no meu quintal, para futura
observação e manuseamento.
5. COMENTÁRIO FINAL
O valor fitoterápico do Sambucus nigra L. é universalmente reconhecido e, per-
feitamente demonstrado em inúmeros estudos clínicos. É também indiscutível que
a sua utilização milenar demonstra o conhecimento profundo que os povos antigos
tinham desta planta. Foi fácil perder muitas vezes o foco ao pesquisar informação,
dada a grande quantidade e variedade que existe disponível em todos os formatos.
Fiquei “com água na boca” com as histórias e lendas à volta do Sabugueiro, mas
também com a curiosidade muito aguçada em relação às pesquisas que estão a
ser feitas em ambiente laboratorial relacionadas com o Coronavírus, a prevenção
do cancro, o HIV, a depressão e muito mais.
Gostaria de acrescentar que, a título pessoal, este trabalho foi um desafio muito
interessante e estimulante, que me fez ter vontade de continuar a fazer pesquisa.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• A . Proença da Cunha, A. P. (2015). Plantas e Produtos Vegetais em Cosmética e Der-
matologia (4ª ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
• A. Proença da Cunha, O. R. (2011). Plantas Medicianais da Farmacopeia Portuguesa,
Constituintes, Controlo, Farmacologia e Utilização (2ª ed.). Lisboa, Portugal: Fun-
dação Calouste Gulbenkian.
• Alonso, J. (s.d.). Tratado de Fitofármacos y Nutracéuticos (1º Reimpresión corregida
y renovada ed.). Argentina, Rosario.: Corpus Editorial y Distribuidora, 2007.
• Cunningham, S. (2008). Cunningham’s Encyclopedia of Magical Herbs (2nd ed.).
Woodbury, Minnesota: Llewellyn Publications.
• Hutchens, A. R. (1991). Indian Herbalogy of North America. Boston & London:
Shambala.
• J., H., & J., A. (1974). Human poisoning (2ª ed.). North Carolina.
• M., M., C., H., & Goldberg, U. R. (1977). Botanical Safety Handbook. EUA: CRC Press.
• Randall S. Porter, R. F. (15 de 02 de 2017). https://onlinelibrary.wiley.com/doi/
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wiley.com/doi/full/10.1002/ptr.5782
• Salgueiro, J. (2013). Ervas, Usos e Saberes - Plantas Medicinais no Alentejo e Outros
Produtos Naturais (5ª ed.). Lisboa: Edições Colibri e Marca.
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