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O período compreendido entre 1964 e 1989 no Brasil foi marcado por profundas

transformações políticas, econômicas e sociais. Durante a maior parte desse


período, o país esteve sob um regime militar que impôs uma série de medidas
autoritárias e restritivas às liberdades democráticas. Nesse contexto, as políticas
sociais assumiram um papel importante, seja como forma de legitimação do regime,
seja como meio de atenuar os efeitos das desigualdades sociais crescentes.

Este trabalho tem como objetivo analisar as políticas sociais adotadas pelo governo
brasileiro durante o período de 1964 a 1989, buscando entender como elas foram
utilizadas como instrumento de controle social e quais foram os efeitos dessas
políticas sobre a sociedade brasileira. Serão abordados temas como o
desenvolvimento econômico e a modernização política neoliberal, a desigualdade
social e exclusão econômica, bem como o controle social e a repressão. Também
serão discutidas as mudanças nas políticas públicas que ocorreram durante o
processo de redemocratização a partir dos anos 80.

Através dessa análise, busca-se compreender como as políticas sociais foram


utilizadas durante o regime militar como forma de controle social, e como essas
políticas evoluíram ao longo do tempo, refletindo as mudanças políticas e
econômicas que ocorreram no Brasil. Além disso, será avaliada a efetividade
dessas políticas em reduzir as desigualdades sociais e promover o desenvolvimento
humano no país.

A modernização econômica e política neoliberal adotada pelo regime militar


impactou diretamente as políticas sociais do período, especialmente em relação à
distribuição de renda e ao acesso a serviços básicos de qualidade.

A implementação de políticas neoliberais, como a redução do papel do Estado na


economia, a privatização de empresas estatais e a abertura comercial, foi
acompanhada por um processo de concentração de renda, que gerou uma
crescente exclusão econômica para grande parte da população brasileira.

As políticas sociais adotadas pelo regime militar, como a expansão do sistema


educacional, investimentos em escolas técnicas e universidades, políticas de saúde,
previdência e habitação, foram direcionadas principalmente para os setores mais
privilegiados da sociedade. Ou seja, apesar de alguns avanços, a grande maioria da
população ficou à margem dessas políticas, vivendo em condições precárias e sem
acesso adequado a serviços básicos de qualidade.

Além disso, a modernização econômica e política neoliberal também contribuiu para


o enfraquecimento da participação social na definição e implementação das políticas
públicas. Com o Estado se afastando do papel de provedor de serviços públicos, a
população perdeu espaço para participar ativamente das decisões relacionadas a
políticas sociais.

Por outro lado, as políticas sociais adotadas pelo regime militar também ostentaram
forte componente de controle social, com investimentos em ações de segurança
pública, especialmente a partir da década de 1970. Essas políticas de controle
social foram responsáveis pela repressão aos movimentos sociais e políticos,
legando um histórico de violações dos direitos humanos e enfraquecimento da
democracia que ainda ecoam na atualidade.

Diante disso, é possível afirmar que as políticas públicas adotadas pelo Brasil entre
1964 e 1989 foram marcadas por um contexto de modernização econômica e
política neoliberal que impactou diretamente as políticas sociais. As medidas
adotadas pelo regime militar privilegiaram os setores mais privilegiados da
sociedade e contribuíram para o aumento da desigualdade social e exclusão
econômica. Além disso, a forte presença do Estado no controle social e na
repressão aos movimentos sociais gerou violações dos direitos humanos e
enfraqueceu a democracia.

A desigualdade social e a exclusão econômica foram marcas profundas do período


do regime militar no Brasil, em grande parte devido às políticas públicas adotadas
nesse período e à modernização econômica e política neoliberal.

As políticas públicas implementadas durante o regime militar foram direcionadas,


em grande parte, para os setores mais privilegiados da sociedade, especialmente
no que diz respeito à educação e à saúde. Os investimentos em educação técnica e
universitária, por exemplo, foram voltados principalmente para as classes média e
alta, enquanto a maior parte da população não teve acesso a um ensino de
qualidade. Da mesma forma, as políticas de saúde e previdência social privilegiaram
os trabalhadores formais e seus dependentes, excluindo a grande maioria da
população que trabalhava na informalidade.

Ao mesmo tempo, a modernização econômica e política neoliberal adotada pelo


regime militar teve como consequência o aumento da desigualdade social e da
exclusão econômica. As medidas de liberalização econômica, como a abertura
comercial e a redução do papel do Estado na economia, geraram uma concentração
de renda que beneficiou os setores mais ricos da sociedade, enquanto a maior parte
da população ficou à margem desses benefícios.

Outro fator que contribuiu para a exclusão econômica durante o regime militar foi a
crescente informalização do mercado de trabalho. Com a redução da presença do
Estado na economia, houve uma diminuição dos investimentos em empregos
formais e uma maior precarização do trabalho, o que ampliou ainda mais as
desigualdades sociais e econômicas.
É importante ressaltar que essas políticas públicas e econômicas adotadas durante
o regime militar foram fundamentais para a construção de um cenário de
desigualdade social e exclusão econômica que ainda persiste no Brasil. As
desigualdades na distribuição de renda e de acesso a serviços básicos de qualidade
são problemas estruturais que afetam o país até os dias atuais e demandam
políticas públicas e ações afirmativas para serem combatidas.

As políticas sociais implementadas durante o período do governo militar no Brasil


foram marcadas pela seletividade e pelo direcionamento para os setores mais
privilegiados da sociedade. Em grande parte, elas foram voltadas para a
modernização da infraestrutura do país e para a expansão da capacidade produtiva,
em detrimento da redução da pobreza e das desigualdades sociais.

Entre as políticas sociais adotadas durante o governo militar, destaca-se o


Programa de Integração Nacional (PIN), que buscava promover o desenvolvimento
das regiões Norte e Nordeste do país. No entanto, o programa foi criticado por sua
seletividade, uma vez que privilegiava os grandes proprietários de terras em
detrimento das populações mais pobres dessas regiões.

Outra política social importante do período militar foi a criação do Fundo Nacional de
Desenvolvimento (FND), que tinha como objetivo financiar projetos de
desenvolvimento econômico e social em todo o país. No entanto, o fundo foi
utilizado principalmente para financiar grandes projetos de infraestrutura e para
beneficiar os setores mais poderosos da sociedade.

Ainda no campo das políticas sociais, destaca-se a criação do Banco Nacional de


Habitação (BNH), que buscava promover a construção de habitações populares. No
entanto, a maior parte dos recursos do banco foi destinada a projetos para a classe
média, em detrimento dos segmentos mais pobres da população.

Além disso, o governo militar também implementou políticas de "modernização" do


sistema educacional, com investimentos em educação técnica e universitária, mas
que, como mencionado anteriormente, foram voltados principalmente para as
classes média e alta.

Em suma, as políticas sociais do governo militar foram marcadas pela seletividade e


pelo direcionamento para os setores mais privilegiados da sociedade, em detrimento
da redução das desigualdades sociais e da pobreza. Tais políticas foram essenciais
para o processo de modernização econômica do país, mas também foram
responsáveis pela criação de uma série de problemas sociais que persistem até os
dias atuais.
Durante o período do governo militar, o controle social e a repressão foram
utilizados como instrumentos para manter a ordem e garantir a estabilidade política
do regime. Isso afetou diretamente as políticas sociais implementadas, uma vez que
a repressão e o controle social serviram para limitar a participação da sociedade
civil na formulação e implementação dessas políticas.

A censura e a perseguição a intelectuais, artistas e líderes políticos foram comuns


durante o regime militar, o que limitou o debate público sobre políticas sociais e a
possibilidade de participação popular na sua formulação e implementação. Além
disso, o governo militar também criou órgãos de vigilância e repressão, como o
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que tinham como objetivo
reprimir a oposição política e controlar a sociedade civil.

Esse contexto de repressão e controle social também afetou a forma como as


políticas sociais foram implementadas. Por exemplo, o governo militar criou uma
série de programas sociais que eram controlados por agências governamentais,
sem a participação da sociedade civil na sua gestão. Isso contribuiu para uma
implementação seletiva dessas políticas, favorecendo os setores mais privilegiados
da sociedade.

Por outro lado, também é importante destacar que, mesmo com as limitações
impostas pelo controle social e pela repressão, houve avanços importantes em
algumas áreas das políticas sociais durante o período militar. Por exemplo, foram
criados programas de assistência médica e previdenciária, além de investimentos
em infraestrutura e educação técnica e universitária.

No entanto, é necessário reconhecer que essas políticas sociais foram


implementadas em um contexto de restrição das liberdades civis e da participação
popular na gestão pública. Como resultado, as políticas sociais foram limitadas e
seletivas, favorecendo os setores mais privilegiados da sociedade e não
conseguindo reduzir significativamente as desigualdades sociais e econômicas no
país.

O processo de redemocratização do Brasil a partir dos anos 80 trouxe mudanças


significativas nas políticas públicas em relação ao período do regime militar. Uma
das principais mudanças foi a abertura política e o fortalecimento da sociedade civil,
que passou a ter maior participação na formulação e implementação das políticas
públicas.

Uma das áreas em que houve avanços significativos durante a redemocratização foi
a política social. O governo brasileiro passou a adotar políticas de inclusão social e
redução das desigualdades, com a criação de programas de transferência de renda,
como o Bolsa Família, e a implementação de políticas de acesso à saúde e à
educação. Além disso, houve uma maior preocupação com os direitos humanos e a
proteção das minorias, com a criação de leis que garantiram direitos civis, políticos e
sociais para todos os cidadãos.

Em relação às políticas econômicas, também houve mudanças significativas na


redemocratização. O modelo neoliberal que predominou durante o regime militar,
baseado na abertura da economia e na privatização de empresas estatais, foi
questionado. O governo brasileiro passou a adotar uma política de desenvolvimento
com inclusão social, que buscava conciliar o crescimento econômico com a
distribuição de renda e a redução das desigualdades sociais.

No entanto, é importante destacar que a redemocratização não eliminou totalmente


os problemas estruturais da sociedade brasileira. A desigualdade social e a
exclusão econômica ainda são desafios enfrentados pelo país, e as políticas
públicas adotadas durante a redemocratização não foram capazes de solucionar
completamente esses problemas.

Além disso, também há críticas em relação à efetividade das políticas públicas


adotadas durante a redemocratização. Alguns argumentam que muitas dessas
políticas foram implementadas de forma insuficiente, e que não conseguiram
alcançar de forma efetiva os setores mais vulneráveis da sociedade.

Em síntese, a redemocratização trouxe mudanças significativas nas políticas


públicas do Brasil em relação ao período do regime militar. Houve uma maior
participação da sociedade civil na formulação e implementação dessas políticas,
com um enfoque maior na inclusão social e na redução das desigualdades. No
entanto, ainda há desafios a serem enfrentados para que as políticas públicas
possam efetivamente solucionar os problemas estruturais da sociedade brasileira.

referências:

Ivo Marcos Theis e Cristiane Kerches da Silva Leite. "Ajuste neoliberal e


políticas sociais no Brasil: implicações para o Serviço Social". Serviço Social
& Sociedade, n. 112, p. 235-251, 2012.

Pedro Paulo Zahluth Bastos. "Políticas sociais no Brasil: a crise dos anos 80".
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Pedro Cezar Dutra Fonseca. "A política social brasileira em perspectiva


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Lena Lavinas. "The state and social policy in Brazil, 1930-1990". Latin
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Edmar Bacha. "Economia e política no Brasil, 1964-1984: desempenho e


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