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O Ciclo Ininterrupto 1

O CICLO ININTERRUPTO

A RGUMENTO mais sem consistência, próprio de quem não


investiga os fatos, é este que sustenta a rotura do ciclo semanal
através da História. No caso do livro que estamos analisando, o
"argumento" é um plágio de Canright, como consta do Seventh-Day
Adventism Renounced, pág. 184.
Eis objeção totalmente improcedente. Poderíamos citar documentos
firmados por autoridades científicas, atestados de observatórios de
astronomia e de outras testemunhos dos especialistas geográficos em
abono da inalterabilidade do ciclo semanal. Mas vamos demonstrá-lo
preferencialmente dentro da história bíblica, por etapas.

1. Na Antigüidade

Desde a Criação, jamais deixou de haver a sucessão de dias de vinte


e quatro horas. Começaram em Gên. 1:2. E no cap. 8:22 há a promessa
de que dia e noite jamais cessarão, "enquanto durar a Terra". Nunca
deixou de haver noite e dia. Nem o dia "longo de Josué" ou o "dia escuro
de 19 de maio de 1780" prejudicaram a sucessão dos dias e das noites.
Desde a Criação, os dias agrupam-se numa hebdômada, ou ciclo de sete
dias, constituindo uma divisão periódica e regular do tempo. No Éden,
portanto, ocorreu o primeiro ciclo semanal. Sucessivamente se seguiram
as semanas pelo tempo em fora, limitadas pelo marco divino: o sábado.
Logo antes do dilúvio, disse Deus a Noé: ... "passando ainda sete
dias, farei chover sobre a terra"... Gên. 7:4. De Noé se diz mais: "E
esperou ainda sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca." Gên.
8:10. E ainda: "então esperou ainda outros sete dias." Por que esta
insistência na divisão septenal do tempo? Simplesmente porque a
semana era um ciclo inalterável de tempo, uma divisão natural de sete
dias. E a esta altura, se a semana não se perdera, logicamente não se
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perdera também o seu marco, o sábado. Logo, o sábado não se havia
perdido no dilúvio.

2. Na Era dos Patriarcas

A semana também não se perdeu no tempo dos patriarcas. Lemos


em Gên. 29:27 e 28 que Labão dissera a Jacó: "Cumpre a semana
desta"... "E Jacó fez assim, e cumpriu a semana desta." Aí se toma
simbolicamente uma semana de sete dias para representar sete anos. Por
que a base de uma semana? Porque existia o ciclo de sete dias, sem
dúvida. Existindo a semana, necessariamente existia o seu marco, o
sábado. Como se poderia ter perdido?

3. No Cativeiro Egípcio

Ter-se-ia perdido o sábado no Egito? Lemos em Êxo. 16:5 –


imediatamente após a saída dos israelitas, do Egito – que Deus Se refere
à semana, dizendo que no SEXTO DIA, deviam os filhos de Israel colher
o maná em dobro. E no verso 23, Moisés reafirma ao povo que Deus
mesmo dissera: "amanhã é o sábado." Acaso Deus não estava sendo
exato? Podia Deus mentir?? Se afirmara Ele que era "o sábado",
podemos estar certos, certíssimos de que era mesmo o sábado, o sétimo
dia. Aquele "sexto dia" referido, era ou não contado a partir de um
primeiro, num grupo de sete dias? Quem Poderá contestar? Quem poderá
desmentir a Deus? Quem poderá impugnar o relato de Moisés?
Caso se tivesse perdido o sábado, no Egito, Deus não estaria
dizendo a verdade ao designar o sábado, no verso 23. E que era
certamente "o sétimo dia," confirma-o inequivocamente o verso 26. Tão
clara é a Bíblia. Pena é que há homens que a deturpam.
Notemos que tudo isto acontecera antes da entrega solene da lei
escrita no Sinai. Veio depois a lei, ou seja o resumo da lei moral em Dez
Mandamentos. E no quarto mandamento está um imperativo e enfático
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"Lembra-te". Isto é importante. Prova que o povo se esquecera de
guardar o sábado, no Egito, talvez devido à convivência com aquele
povo pagão, mas DEUS NÃO SE ESQUECERA do dia certo, o sétimo
dia da semana. Ora, Deus não iria exigir solenemente que o povo se
"lembrasse" de um dia vago, incerto que se teria perdido... Deus é exato.
É verdadeiro. É onisciente, onipotente, onipresente, imortal. Com tais
atributos jamais deixaria de localizar o Seu santo dia, mesmo que os
homens o tenham perdido de vista!!!
O sábado – sempre acompanhando a semana a que se acha ligado –
jamais se perdeu. Até ao êxodo temos provas de sua permanência. No
deserto, durante os quarenta anos, o maná foi colhido, com a observância
ininterrupta do sétimo dia da semana. Portanto, da Criação à entrada do
povo em Canaã, mais de 2.000 anos se passaram, e o sábado não se
perdera. Quando muito, temporariamente deixou de ser guardado,
devido a apostasia do povo. Mas o dia não se perdeu. Uma instituição
divina vigente não poderia e não deveria perder-se.

4. No Período Anárquica dos Juízes

Na terra prometida, o povo torna-se numeroso, os tribos


estabelecem-se, formam uma nação. O chamado "período anárquico dos
juízes" o foi somente em relação à acefalia periódica do governo da
nação, à falta de moral, à apostasia dos homens e fatores desta ordem.
Nunca poderia importar numa alteração do tempo. Por exemplo, é-nos
dito em Juí. 5:32: "E sossegou a terra quarenta anos". Era ou não era um
lapso definido de tempo? Era. Sem dúvida, esses anos eram subdivididos
em meses e estes em semanas. Existindo a semana, logicamente existia o
seu marco, e não se perdera o sábado, mesmo que, em períodos de
apostasia, o povo não o observasse, a exemplo de muitos ramos da
chamada cristandade em nossos dias. Mas isso não significa que o dia
não existia ou se tenha extraviado.
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Mesmo naqueles tempos anárquicos, há referência a meses exatos,
Juí. 11:38 e 39. Como poderiam existir meses completos, sem as
semanas, ou ciclos de sete dias? Também cap. 19:2 fala de meses
completos. Lemos que as bodas de Sansão duraram exatamente uma
semana (Juí. 14:12), o que indica a base de um período regular de sete
dias. Admitimos que o povo não observava o sábado nesse tempo devido
a sua apostasia. A lei divina era conculcada. Mas o "santo dia" de Deus
não poderia perder-se. O sábado portanto não se perdeu no período dos
juízes.

5. No Cativeiro Babilônico e Tempos Posteriores

Durante oitocentos anos os israelitas tiveram as mais restritas leis e


regulamentos em relação à guarda do sábado. Freqüentemente Deus,
através dos profetas, os advertia quanto a profanação daquele santo dia.
Leiam-se estas passagens: II Reis 4:23; 1 Crôn. 9:12; Isa. 56:2-6; 58:13;
Jer. 17:24-27; Ezeq. 20:10-24; Amós 8:4-6, além de outras. Notemos que
Samuel, Davi, Salomão, Ezequias, reis e profetas viveram neste lapso de
tempo. E o sábado não se perdera. Era observado pelos servos de Deus.
Seiscentos anos antes de Cristo, ocorreu o cativeiro babilônico, que
durou setenta anos. E é interessante sabermos que Deus permitiu esse
cativeiro como castigo ao Seu povo justamente por haver este
transgredido o sábado. Leiam-se cuidadosamente Jer. 17:17-24 e Neem.
13:15-18. É racional perguntar: teria Deus permitido que se perdesse o
sábado, como dia definido, de sorte a não poder o povo guardá-lo? Se
assim fosse, teria malograda o próprio objetivo do cativeiro. Nem seria
justo Deus infligir um castigo ao povo, se a causa desse castigo fosse
objetável, a incerteza do dia de guarda.
Nesse cativeiro viveu Daniel. E ele, segundo o testemunho das
Escrituras, andava em absoluta conformidade com a lei de Deus. Dan.
6:5. Se ele transgredisse o sábado, seria apanhado nessa ocasião. E logo
que os outros retornaram a Jerusalém, solenemente prometeram a Deus
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não mais violarem o sábado. E Neemias relembra-lhes solenemente que,
Por esse pecado, lhes foi infligido o cativeiro. Neem. 10:31; 13:15-18.
Num espaço de 70 anos, não se perdera o sábado.
As crônicas e genealogias dos reis, e do tempo do cativeiro foram
religiosamente preservadas. Posteriormente, no tempo dos Macabeus, o
sábado não se perdera. (Macabeus 2:32-40). Também as referências de
Flávio Josefo abonam a permanência do sábado naquele tempo.
Os judeus eram excessivamente zelosos neste ponto. O testemunho
da nação judaica, quanto à identidade do descanso do sétimo dia, é
argumento absolutamente irrefutável. O sábado jamais se perdeu, e isto
porque a semana sempre foi inalterável.
Outro fato interessante. Nas línguas mais antigas, o último dia da
semana é chamado sábado ou dia de repouso. Assim o consignam o
siríaco, o árabe, o assírio, o hindustani, o armênio, o persa, o turco, o
malaio, o russo, o italiano, o húngaro, o espanhol, o português, o francês,
o boêmio e o prussiano. Isto prova que esse dia, o sétimo, era na
antigüidade reconhecido como o legítimo dia de repouso, e fechava a
semana.
O fato de a Bíblia não mencionar, pelo nome, o sábado, da Criação
ao êxodo, ou de Moisés a Davi, não prova que o dia de repouso não
tenha existido. Também os evangelhos omitem a vida de Cristo dos 12
aos 30 anos, mas isto não prova que Cristo não tenha existido naquele
intervalo de sua mocidade.

6. Nos Dias de Cristo

Cristo mesmo reconheceu que o dia observado pelos judeus, seus


contemporâneos, era o verdadeiro sábado, o sétimo dia da semana.
Quando, por exemplo, disse: "Assim o Filho do homem até do sábado é
Senhor" S. Mar. 2:28, não o poderia fazer se não reconhecesse ser aquele
dia o legítimo sábado da Criação. As mulheres piedosas que foram ungir
o corpo do Mestre, "repousaram no sábado, conforme o mandamento" S.
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Luc. 23:56. Ora, é óbvio que o mandamento do sábado requer a
observância do sétimo dia original, separado na Criação.
Portanto, as mulheres, repousando no sábado conforme o
mandamento, não o estavam fazendo em qualquer outro dia. Tanto mais
que no versículo seguinte se menciona o dia imediato a este sábado
conforme o mandamento, e tal dia imediato era o primeiro dia da
semana.
De modo algum poderia ter-se perdido o ciclo semanal e,
logicamente o sábado, nos dias de Cristo, nos tempos do Novo
Testamento. Cristo teria faltado com a verdade se Ele Se referisse ao
sábado, quando tal dia se havia extraviado. E note-se que àquele tempo
já se operara a mudança do calendário, introduzida por Júlio César,
ocorrida em 46 A. C. e que não afetou o ciclo semanal, não alterando a
ordem dos dias da semana.

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